Edith Piaf teve uma infância difícil, criada por avós em casas de prostituição. Tornou-se uma cantora de sucesso apesar das dificuldades e viveu uma vida tumultuosa marcada por dependência de drogas. Aos 46 anos, casou-se com o jovem Théo Sarapo, 20 anos mais novo, provocando surpresa. Após a morte prematura de Piaf, Sarapo pagou todas as dívidas deixadas e suicidou-se sete anos depois, demonstrando seu amor eterno.
2. Nasceu com o nome de Edith Giovanna Gassion, filha de
uma cantora ambulante e de um acrobata de circo que a
abandonou antes de ela nascer. A sua mãe, a ponto de dar à
luz, não conseguiu chegar à maternidade e Edith nasceu
em plena rua, debaixo de um candeeiro, frente ao número
72 da Rue de Belleville, em Paris, a 19 de Dezembro de
1915.
3. A mulher era demasiado pobre para a criar e entregou-a ao
cuidado da sua avó materna, que em vez de biberão a
alimentava com vinho, com a desculpa de que assim se
eliminavam os micróbios. Depois, entrega-a ao seu pai, que está
a ponto de partir para a Frente, na Primeira Guerra Mundial, o
que o leva a deixar a menina com a sua avó paterna (dona de
uma casa de prostituição em Bernay, Normandia), sendo Edith
criada pelas prostitutas da casa.
4. Quando tinha apenas quatro anos, uma meningite deixou-a
cega, mas pouco depois recuperou a vista graças, segundo
explicou a sua avó, à devota peregrinação à Igreja de Santa
Teresinha do Menino Jesus, em Lisieux, que a mulher fez
com a sua neta.
Edith Piaf
Lisieux é uma cidade francesa, situada no departamento
de Calvados, na região da Baixa Normandia.
5. Se os primeiros anos da vida de Edith
foram difíceis, os da sua adolescência
foram piores. Quando apenas tinha dez
anos, o seu pai adoeceu gravemente e a
pequena começou a cantar pelas ruas,
recolhendo as moedas que os transeuntes
lhe atiravam. Naquelas primeiras
actuações, Edith só cantava a Marselhesa,
o hino nacional francês, porque essa era a
única canção que conhecia.
Edith Piaf enfant
6. Ao finalizar a Primeira Guerra Mundial, o seu pai volta da
Frente e leva-a consigo a viver a vida dos artistas dos
pequenos circos itinerantes, portanto a de artista ambulante,
independente e miserável. Edith revela o seu talento e a sua
excepcional voz nas canções populares que canta nas ruas
com o seu pai, tal como a sua mãe havia feito.
7. Em 1933, aos 17 anos, tem uma
filha com o seu amante Louis
Dupont, chamada Marcelle, que
morre de meningite aos dois anos
de idade, em 1935.
A sua autobiografia intitula-se
Au bal de la chance
8. Bem, mas falamos de Lições de Amor
e assim, pois, entremos na sua vida sentimental.
Edith, apesar de não ser
precisamente uma mulher bonita
e de ter apenas 1,53 m de estatura,
era uma dessas femmes fatales que
emanam um encanto especial, o que
fazia com que os homens caíssem
rendidos a seus pés.
9. Pela sua vida passaram, desde os
seus inícios, pequenos rufias,
artistas de rua e, depois, até
homens famosos como Marlon
Brando, Yves Montand, Charles
Aznavour, ou Georges Moustaki.
Fazia por deslumbrar,
conquistava-os e abandonava-os.
Também sucumbiram aos seus
encantos o famoso campeão de
boxe Marcel Cerdan e actores
como John Garfield.
Edith e Marcel Cerdan
12. Edith Piaf e Marlene Dietrich Marlene Dietrich
Inclusive a famosíssima Marlene Dietrich, que lhe ofereceu um
diamante de um quarto de carat por uma apaixonada noite de amor.
13. Edith seguia vivendo “La vie en rose”, apesar de um
terrível acidente automobilístico, no qual sofreu várias
fracturas. Os médicos prescreveram-lhe morfina, de que
rapidamente se tornou dependente.
“Durante quatro anos vivi quase como um animal ou uma
louca: nada existia para mim além do momento em que me era
aplicada a minha injecção e sentia por fim o efeito da droga.”
14.
15. Piaf injectava-se, através da roupa e
das meias, momentos antes de subir
ao palco. A única vez que actuou
sem morfina foi um desastre, e
saiu apupada pelo seu público.
Também começou a beber sem
controlo e os seus amigos tentaram
que deixasse esse hábito, chegando
inclusive a esconder-lhe as garrafas
de álcool, mas nem isso resultou.
De qualquer forma, o seu público
adorava-a, pois ela era o ícone da
França do pós-guerra, uma diva
consagrada.
16. Sem dúvida, esta vida
desenfreada que não a
preenchia nem a fazia feliz, era
a única que tinha e desfrutava-a,
assumia-a como parte da sua
essência; por isso é que, de cada
vez que cantava a viva voz a
famosa canção - que a
identificava perfeitamente - "
Non, Je Ne Regrette Rien"
(Não, não me arrependo de
nada), se lhe enchiam os olhos
de lágrimas.
17. Théo Sarapo
Chegou aos seus 46 anos intensamente vividos e, sem
saber como, encontrou de repente o grande amor da sua
vida. Envolveu-se numa relação que surpreendeu o
mundo. Enamorou-se loucamente por Théo Sarapo,
um jovem grego 20 anos mais novo do que ela.
18. Edith assegurava que este
era o definitivo e maior
amor da sua vida. Casou
com ele e toda a gente
pensou que se tratava de um
“gigolô” que queria
aproveitar-se da sua fortuna.
Para todas as pessoas foi
difícil acreditar no amor de
uma mulher adulta e famosa
por um jovem Adónis
grego, mas Edith gritou aos
quatro ventos que Théo era
Théo y Edith o único homem que tinha
amado.
22. Um ano depois de casar com o jovem grego, em 1963,
Edith Piaf morreu na sua casa do Boulevard Lannes,
com a idade de 47 anos, vítima de uma cirrose avançada
e com as suas funções deterioradas devido à morfina. O
grande amor da sua vida durou-lhe apenas um ano.
24. Edith com Théo Sarapo Fotografia tirada pouco antes de morrer
25. Théo Sarapo foi o único herdeiro
de Edith Piaf. Os direitos
discográficos, de autor e
cinematográficos foram parar à sua
conta bancária. Isso confirmava as
suspeitas de toda a gente.
26. A imagem de “gigolô”, inescrupuloso e oportunista,
estendeu-se por todo o mundo, enquanto que o silêncio do
grego confirmava todas essas suspeitas. Contudo, sete anos
depois, Théo Sarapo voltou a ser notícia de primeira página
nos periódicos. Tinha-se suicidado.
Sobreviveu até esgotar a “fabulosa” herança recebida de
sua mulher, quer dizer, uma lista interminável de
dívidas.
27. A enfermidade e a dependência de Edith Piaf tinham-na
deixado na bancarrota e com dívidas até ao pescoço. Théo
Sarapo, em silêncio, foi-as pagando como pode, uma atrás de
outra, até deixar totalmente limpo o sagrado nome da sua
amada. Quando acabou de pagar o último centavo, terminou
com a sua existência. Para que a queria, se não podia
compartilhá-la com o único amor da sua vida?
28. Na sua mesa de cabeceira encontraram um bilhete que
dizia: "Pour toi, Edith, mon amour".
Théo Sarapo ensinou ao mundo e aos seus detractores
outra maravilhosa Lição de Amor. Durante os sete anos
que demorou a pagar as dívidas da sua amada Edith,
jamais se o viu com outra mulher.
Foi enterrado junto dela. No fim estariam juntos outra
vez, para cantar a duo desde o além:
29.
30.
31. N ão! não m e arrep end o d e nad a. N em d o b em que m e
fizeram , N em d o m al, Tud o isso m e é igual! N ão! não
m e arrep end o d e nad a. Tud o está p ago, varrid o,
olvid ad o... N ão m e im p orta o p assad o! Com as m inhas
record ações, Acend i o fogo, as m inhas p enas, os m eus
p razeres… J não necessito d eles! V arri tod os os
á
am ores e tod os os seus trem ores, V arri-os p ara sem p re,
V olto a com eçar d o zero. N ão! não m e arrep end o d e
nad a. Porque a m inha vid a, Porque as m inhas alegrias,
H oj com eçam contigo...
e
32.
33.
34. Por tudo isto hoje quis contar-vos esta história. Porque a gente
sempre julga com facilidade, porque os preconceitos e a
suspeita encobrem muitas vezes o verdadeiro amor e as boas
intenções. Também porque Edith nos demonstrou que não se
necessita de toda uma vida para amar e ser feliz, porque nos
ensinou que um ano é suficiente para passar “o resto da tua
vida" com essa pessoa especial.
Por isso, também lhe chamo Lições de Amor.