1. VII Congresso Nacional de
Criminologia 2012
Porto, Portugal | 24 Maio
Violência Online em idade escolar
Teresa Castro, António Osório
Institute of Education, University of Minho
This work is funded by POPH – QREN – Type 4.1 – Advanced
Training, by European Social Fund and national funds of MCTES
through FCT - Foundation for Science and Technology, under
Research Grant with ReferenceSFRH/BD/68288/2010.
2. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
1 Enquadramento/Motivações
2 O que é a violência online?
3 Um estudo exploratório
3. “ – Podes dizer-me, por favor, como hei-de sair daqui?
– Isso depende muito do sítio para onde quiseres ir – respondeu o Gato.
– Não me interessa muito para onde… – disse Alice.
– Nesse caso, podes ir por um lado qualquer – respondeu o Gato.
– Desde que vá ter a qualquer lado – acrescentou Alice, em jeito de explicação.
– Oh, para que isso aconteça, tens de caminhar muito – disse o Gato.”
Lewis Carrol, Alice no País da Maravilhas
http://portalcinema.blogspot.pt/2010/11/tim-burton-nao-vai-realizar-alice-in.html
4. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Quando as teclas falam, as palavras calam…
2011
• A sólida e precoce presença e importância que as TIC assumem no quotidiano
2010/11
juvenil e para a manutenção dos laços sociais;
• número de contatos que têm nos serviços de conversação instantânea (em média
2009/11
52 contactos);
• Cerca de 20% dos jovens inquiridos (em particular os rapazes) conversam em chats
com pessoas que conheceram na Internet;
• Mais de 40% bloqueiam um contacto, quando não gostam da atitude dessa pessoa;
• [sobre o uso do telemóvel e do Messenger] 42,5% no caso do telemóvel e e 47,9%
no caso do Messenger referiu ‘nunca’ ter sentido o controlo parental.
5. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
“SimSafety – Flight Simulator for Internet Safety”
Simulação do Real
Aprendizagem
cooperativa
Uso responsável
O SimSafety ensinou os alunos não
só a estar mais alerta e identificar
potenciais riscos, como também a
denunciar e a utilizar a Internet de
forma segura e responsável.
6. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Sessões nas escolas
7. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
As crianças iniciam-se na Internet cada vez mais jovens
8. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
http://www.nytimes.com/2011/05/01/fashion/01FAMILY.html?_r=1
O Acesso é cada vez mais diversificado: anytime, anywhere
9. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Na maior parte dos casos, os pais desconhecem que
os seus filhos se colocam em situação de risco na Internet
10. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Aquilo que os adultos consideram ‘risco’,
as crianças consideram ‘oportunidade’
11. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
http://www.thesitsgirls.com/ask-the-expert/internet-safety/
Experiências positivas > experiências negativas
12. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
http://matthewrlee.wordpress.com/2008/08/13/anything-you-post-online-anyone-can-see-
think-before-you-post/
Fronteira entre oportunidades e riscos esbate-se
13. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Número de episódios de violência online
menos expressivo = menos significativo?
14. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
“as pessoas agem de forma diferente na Internet porque nada as impede de poder alterar o seu
código moral, o que pode refletir-se de forma potencialmente mais complexa nos processos de
interação nos jovens, porque ainda estão a desenvolver as suas competências sociais e a sua
capacidade de avaliação crítica sobre como se comportar online.”
(Brown, 2008)
Violência Online
Atos de agressão de caráter
físico, verbal, psicológico ou
emocional, perpetrados por intermédio das
tecnologias digitais e da Internet, que sendo
repetidos podem levar a danos físicos ou
psicológicos graves dirigidos a outro ser humano
ou a si próprio.
15. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Do ponto de vista do agressor
a violência ganha contornos mais
intensos, intensivos e desumanos
porque não há um contacto físico entre agressor e
vítima, há uma maior desinibição para dizer ou fazer o
que não seria possível no contacto face-a-face.
> O anonimato/multiplicidade de personagens
> 24/7
> A diversidade de meios e formatos
> Escalabilidade e imprevisibilidade
http://purabrincadeira.bloguepessoal.com/304043/Todas-nos-temos-ou-tivemos-uma-
crianca-dificil-Leiam-este-testemunho/
16. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Do ponto de vista da vítima
a dificuldade em identificar o agressor
estimula a impunidade do agressor
a dificuldade em pedir ajuda
sentimento de culpa e o medo de ser
castigado(a)
http://sexoforte.net/mulher/artigos.php?id=248&w=criancas-o-risco-de-se-perderem-em-ferias
17. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
alertar e informar
pais, educadores e crianças
denunciar situações
‘brincadeiras de criança’
mobilizar
debates e ações
questões sociais, educacionais e legais
criar
mecanismos de suporte
consequências
intervir
agentes educação formal e informal
18. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
As várias faces da mesma
moeda: a criança-vítima, a
criança-agressora e a criança-
espectadora.
http://www.agenciars.com.br/blog/criancas-brasileiras-sao-as-que-entram-mais-cedo-nas-
redes-sociais/
19. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
Conteúdos perigosos
3 C’s Condutas de risco
Contacto com terceiros
20. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
estudar episódios de violência online que decorrem destes três tipos de riscos
associados à utilização das tecnologias digitais e da Internet
i) fenómenos de violência online decorrentes de conteúdos nocivos facilmente
acessíveis na internet;
ii) fenómenos de violência online resultantes de contato com
desconhecidos, intimidação ou perseguição;
i) fenómenos de violência online de conduta exercidos sobre outrem, como por
exemplo, intimidar, criar e divulgar material pornográfico, ou difundir material
nocivo.
21. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Classificação de riscos (EU KIDS ONLINE)
Conteúdo: A criança Contacto: A criança Conduta:
como receptor como participante A criança como actor
Agressividade Conteúdo Ser intimidado, Intimidar ou molestar
violento/discriminató molestado ou outros
rio perseguido
Sexuais Conteúdo Contacto com Criar/inserir material
pornográfico/sexual desconhecidos, ser pornográfico
mente malicioso aliciado
Valores negativos Informação/aconselh Auto-mutilação, Difundir conselhos,
amento racista, persuasão indesejada por ex. Suicídio/pro-
tendenciosa (por ex. anorexia
drogas)
22. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
>Weblogues pró-anorexia e pró-bulimia na Web
Dois terços dos jovens entre os 13 e os 19 anos utilizam a internet para realizar pesquisas sobre
saúde (como perder peso; distúrbios alimentares; 13% dedicam-se à práticas
bulímicas/anoréxicas) (Wilson et al., 2006)
É na adolescência que o número de sítios Pró-ana e Pró-mia ganha expressão (Wilson et al.,
2006)
Estes Websites representam uma potencial ameaça em particular para os mais jovens (Wold el
al., 2009)
Pró-ana/Pró-mia
São espaços que promovem e encorajam a anorexia como estilo de vida
por meio de práticas agressivas autoinfligidas e são um dos exemplos de
conteúdos impróprios mais disseminados na internet (Bell, 2007).
23. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
>De movimento solitário a movimento solidário
Segundo Brotsky & Giles (2007), atualmente, a Internet oferece diversos espaços
onde os utilizadores podem partilhar anonimamente (Williams, 2009) as suas
experiências com os seus pares, criando um sentido de comunidade.
- oferecem um espaço neutro (Brotsky & Giles, 2007);
- os usuários podem expressar livremente os seus sentimentos (Wold et al., 2009);
- partilha de pensamentos e comportamentos socialmente inaceitáveis (Williams,
2009);
- livre de julgamentos (Dias, 2003; Brotsky & Giles, 2007; Williams, 2009);
- oferecerem apoio a quem padece de um distúrbio alimentar (Dias, 2003);
- permitem que indivíduos socialmente isolados ou estigmatizadas compartilhem
experiências em relativo anonimato, num aparente paraíso seguro (Giles, 2006).
24. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Amostra
25. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Características dos discursos pró-anoréticos
caráter altamente emocional, íntimo e intimista
“Sou uma fraca. Não aguento... Quero desaparecer.. Ninguém percebe a minha dor... ” (B9)
“Sei que estou me matando mas continuar gorda é bem pior do que morrer” (B3)
“Pena ter um corpo horrível. Cada momento que passa vejo que estou a engordar mais...
apenas vejo gordura... e mais gordura... não aguento a tortura de me sentir cheia e a abarrotar.
Sinto nojo de mim.” (B9)
“A minha mãe está de baixa e vai ser um controlo em cima de mim... lá se foi os meus nf’s e
lf’s...” (B6)
26. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Características dos discursos pró-anoréticos
apoio emocional, incentivo, conselhos
“Linda, não fique assim...”
“Tudo de bom para você. Qualquer coisa é só chamar.”
“Não desanime amigo”
“Que bom que você está voltando”
“Passo para deixar o meu apoio”
“Tou a seguir-te”
“Ao ver este post fiquei muito triste...”
“Por favor não se corte...”
27. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Características dos discursos pró-anoréticos
automutilação, punição ou tentativa de suicídio
“Estou com vontade de me voltar a cortar (...) Sempre que penso no alívio q proporciona um
corte...” (B9)
“Tendo andado com depressões e magoo-me” (B8)
“(...) cortar para me sentir mais tranquila” (B5)
“Cortei-me ontem por estar a comer demasiado (...)” (B1)
28. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Características dos discursos pró-anoréticos
Síndrome de Peter Pan
29. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Conteúdos dos Weblogues Pró-anorexia
30. VII Congresso Nacional de Criminologia Porto | 24 Maio 2012
> Violência Online em idade escolar
> Primeiras constatações
Acesso fácil a informação e comunicação potencialmente perigosa
“por entre delírios contra a comida, a gordura (real ou percebida), ou
obstáculos à prática de Ana, encontram-se autênticos manuais de incentivo à restrição
alimentar, truques para enganar os pais e técnicos de saúde, e um receituário
“dietético” e farmacológico assustador” (Gradim, 2009: 2387).
apoio [a maior parte dos indivíduos tem pouco suporte offline]
Os profissionais de saúde que estão mais preocupados com a questão da alimentação
e a família e os amigos, muitas vezes, são excessivamente críticos (Brotsky & Giles,
2007) e pouco compreensivos com o seu sofrimento.
função mais social do que informativa
Um verdadeiro santuário (Dias, 2003; Giles, 2006; Ward, 2007; Williams, 2009) à
margem de uma sociedade que vê este movimento como pernicioso e perigoso.
31. VII Congresso Nacional de
Criminologia 2012
Porto, Portugal | 24 Maio
Muito obrigada!
Teresa Castro, António Osório
Institute of Education, University of Minho
This work is funded by POPH – QREN – Type 4.1 – Advanced
Training, by European Social Fund and national funds of MCTES
through FCT - Foundation for Science and Technology, under
Research Grant with ReferenceSFRH/BD/68288/2010.
Notas do Editor
AgradeceràOrganização do CongressoNacional de Criminologia o convitedirigido a mim e ao Prof. Osório, meuorientadorsaudaroscolegas de painel e a audiência
Estacomunicaçãoestádivididaem 3 momentos
Tal como Alice, por vezes temos momentos de não saber muito bem por onde vamos... Mas queremos ir...No que toca a este tema de doutoramento houve algumas circunstâncias que foram dando pistas para chegar a este tema de investigação
Mestrado foi um desses momentosQTFPC é o título da minha dissertação de Mestrado, concluída em 2008 e que se debruça sobre usos privados das tic, mais concretamente sobre a utilização do telemóvel e do Messenger por crianças do 5º e 6º ano do distrito de BragaE que deixou algumas pistas que levaram a este tema no doutoramentoinfluência que as tecnologias de informação e comunicação exercem no quotidiano juvenil e que resultaram numa mudança de paradigmas comunicacionais e relacionais ainda pouco evidentes para nós adultos. O número de contatos que porventura estará relacionado com o facto de conhecerem pessoas na netSabem se defender (o número indicia-nos que é algo q estão habituados a fazer)Controlo parental > reforçado por outros estudos (que acham q sabem, mas n sabem...)
Tb o Projeto Europeu sobre segurança na Internet, “SimSafety – FlightSimulator for Internet Safety”, cofinanciado pela União Europeia teve o seu contributo.Tendo por base que crianças adoptam comportamentos arriscados na Internet; a Internet se popularizou e alastrou a faixas etárias cada vez mais jovens; o tempo que passam a “surfar” é diretamente proporcional aos riscos a que se expõem; uma equipa de especialistas desenvolveu um simulador no SecondLife que permitia a interação entre participantes (adultos e crianças) e a exposição “controlada” à simulação de perigos na Internet. O SimSafetyera direcionado para pais, professores e alunos, e tinha como foco principal a utilização segura da Internet, usando uma abordagem de colaboração intergeracional, na qual adultos e crianças trocavam entre si experiências, conhecimentos para lidar com os riscos na Internet e ao mesmo tempo promover uma utilização segura e responsável da Internet.A. Coop. (interação, igualdade)
A convite de algumas pessoas que conheciam o meu trabalho, foram surgindo oportunidades para dinamizar sessões com pais e/ou crianças no sentido de lhes falar sobre redes sociais, segurança e bem-estar na rede. Através deste contato, senti a confiança das pessoas quando me procuravam para desabafar as suas angústias ou para partilhar relatos de histórias mais ou menos tristes ou perversos relacionados com a Internet, os quais me foram preocupando e inquietando.Históriasna 3ªpessoaJovemquedesapareceu (contacto no MSN)Roubo de identidadeMedos (in)confessados dos pais
Para alémdisto, tendoemcontaque…Já se apontaparaos 2—3 anos de idade o 1º contacto com a internet
The most common location of internet use is at home,followed by school.But internet access is diversifying.(segundo o ultimo relatório do EU KIDS ONLINE) 67% use it in their bedroom and via a mobile phone or handheld device.
Most of the times, parents are not aware that theirs children are in situations of risk…Although, they think they are…
espaço socializante e dinâmico da Web tem-nos demonstrado que as fronteiras esbatidas entre oportunidades e riscos potenciam a ocorrência de fenómenos de violência online protagonizados por crianças em idade escolar. A par das oportunidades surgem os potencias riscos...Tal como uma caixa de Pandora, a rápida e diversificada evolução da tecnologia abriu portas a um universo de reais oportunidades e potenciais riscos. E embora, no ciberespaço sejam mais os casos de experiências positivas do que de experiências negativas, tal como acontece no mundo físico, o mundo virtual também conta com anjos e demónios que sob o véu do anonimato podem trocar de papéis a seu bel-prazer.
E embora, no ciberespaço sejam mais os casos de experiências positivas do que de experiências negativas, tal como acontece no mundo físico, o mundo virtual também conta com anjos e demónios que sob o véu do anonimato podem trocar de papéis a seu bel-prazer.
Neste contexto, surge o interesse e a motivação para estudar em profundidade o lado mais complexo da Internet e das tecnologias digitais, e em particular o fenómeno da violência online envolvendo crianças em idade escolar”.Segundo Tania Brown....A respeito desta investigação, é importante ressalvar que não é nossa intenção sugerir que os possíveis riscos oprimem os possíveis benefícios que o uso da Internet pode ter na vida dos mais jovens. Pelo contrário, pretendemos, sim, estudar os fenómenos de violência online, no sentido de apoiar a comunidade (crianças, pais, professores...) a compreender que estes riscos, presentes na Internet, numa dimensão holística, realista e proactiva, promovendo a participação de todos numa perspectiva de promover uma cultura de utilização saudável e responsável da Internet.
Osatos de agressãoou de violênciaporintermédio das tecnologiasdigitais e da internet trazemmaisvantagenspara o agressor do quepara a vítima.Se antes da internet as crianças se sentiammaissegurasqdoacabavam a escola e iampara casa (podiamesconder-se)Before the Internet, children could fear most for their physical integrity, but despite all, children felt safer... Because they could hide and feel safe in the quiet of their room… but with the communication technologies… no one can hide ... In the offline world, the aggressor needs to be stronger to maintain the power and control over the victim… Online, the aggressor succeeds if he has ICT skills and masters to uncover his identity…Online, the aggressor can act anonymous or he can use several identities…this makes it difficult to identify and punish the aggressor.The several media possibilities also gives advantage to the predator…Online violence it’s a 24/7 pursuit that can happen anywhere, everywhere and anytime. Violence on the network can get dangerously intense, intensive and inhumane. Some researchers suggest that this happen, because maybe for the aggressor turns out easier to hurt someone when he does not see the hurt and harm that he’s doing…
Antes da Internetas crianças no sossego do seu quarto podiam sentir-se seguras...24hestimula a impunidade do agressor e dificulta a vida à vítima, já que o agressor pode mentir, esconder, duplicar ou mascarar a sua identidade, abrindo um leque de possibilidades para a prática de violência online.No contexto das novas tecnologias, pais/adultos são imigrantes digitais, menos familiarizados com as novidades tecnológicas, “andthereforeprobablyunawareoftheirchildengagingincyberbullyingorbeingcyberbullied.” (Dehue, Bolman, andVollink, 2008:217). Por esse motivo em situações que se prendem com a (in)segurança online, as crianças, apesar de terem conhecimento de que devem procurar um adulto para denunciar riscos, não o fazem. Regra geral, procuram os pares para tentarem resolver os problemas.
Surge espaço para episódios de violência no ou a partir do ciberespaço têm dado origem a matérias alarmistas e falaciosas nos media, destacando, apenas, um lado mais complexo e obscuro intermediado pelas tecnologias digitais e a internet que, contudo, existe e que não podemos ignorar. A mediatização de casos de Cyberbullying, sexting, cyberstalking, roubo de identidade ou a presença de conteúdos de risco na Web têm, por outro lado, contribuído para: i) alertar os pais, os educadores e as crianças para a importância de denunciar situações que à primeira vista seriam classificadas como ‘brincadeiras de criança’; ii) mobilizar pessoas para debates e ações em torno deste problema e das questões sociais, educacionais e legais que lhe são intrínsecas; iii) despertar o interesse da comunidade científica. Assim, um pouco por todo o mundo ocidental, ocorrências de violência online, por conteúdo ou contacto ou conduta, têm levantado questões inquietantes e lançado reptos pertinentes no que toca a: i) identificar, classificar e medir estes fenómenos; ii) criar mecanismos de suporte que ajudem a lidar com as consequências decorrentes; iii) definir o papel e os níveis de ação e intervenção dos agentes envolvidos na educação formal e informal da criança; iv) mediar, informar, sensibilizar.
EXEMPLO FARELOAssim, neste contexto, temos a criança-vítima, a criança-agressora e a criança-espectadora. inversão dos papéis – agressor, vítima ou espectador escudando-se numa personagem fictícia, o agressor online pode ser a vítima ou espectador no mundo real e mover-se no mundo virtual por vingança, ou revolta, por exemplo (VandeboschandCleemput, 2008).
Conteúdos perigosos, condutas de risco ou o contacto com terceiros na Internet podem desencadear experiências com proporções e desfechos mais ou menos imprevisíveis.
a classificação dos riscos associados ao uso da internet considera diferentes posições das crianças na internet: receptores de conteúdos distribuídos em massa; participantes em contactos iniciados por outros, da mesma idade ou mais velhos; e agentes de condutas”.
Sendo a recepção de conteúdos indesejáveis uma grande preocupação para os pais e tendo em conta que “as crianças podem ter um papel ativo na procura, produção e disseminação de conteúdos nocivos” dentro do contexto desta investigação surgiu a necessidade de estudar um tipo específico de conteúdos põe em perigo o bem-estar e a integridade física, psicológica, emocional e moral da criança e que pode desencadear em situações graves, trágicas e/ou fatais. No caso particular dos Weblogues pró-anorexia, existe uma violência aparentemente passiva e autodirigida, que, em primeira instância, atinge os indivíduos que mantêm e utilizam estes sítios e que se magoam a eles próprios de uma forma que pode ser fatal e que, em última instância, têm consequências que recaem sobre as suas famílias, amigos e os utilizadores que influenciam.
Antes da Internet um indivíduo que sofresse de um transtorno alimentar tinha muito poucas hipóteses de partilhar as suas experiências com pessoas na mesma condição. atualmente, a Internet oferece diversos espaços onde os utilizadores podem partilhar anonimamente as suas experiências com os seus pares, criando um sentido de comunidade.
Rapaz > outros bloguesArapariga de 19 anos (pq)
O que encontramos nestes blogues
expõem as suas fragilidades e pedem apoio emocional, conselhos ou pareceres sobre situações como relacionamentos, assuntos relacionados com transtornos alimentares ou outras situações/assuntos e preocupações correntes do quotidiano Os leitores respondem em massa com mensagens de apoio, solidariedade, amizade e encorajamento.
Episódios recorrentemente narrados nestes blogues: como se cortam; quantas vezes se cortam; fotografias que testemunhas as marcas dos cortes; os pensamentos suicidas; as tentativas de suicídio com comprimidos. pedidos de ajuda que traduzem dores emocionais insuportáveis. há relatos regulares de auto-mutilação em nove dos onze weblogues. Destes onze, seis descrevem tentativas de suicídio e dois pensaram no assunto. ato de se = sentimento de alívio e tranquilidade para as dores emocionais sentidas. Este é um ato que é compreendido pelos outros membros, mas não apoiado. Os cortes são feitos em partes do corpo fáceis de esconder com vestuário ou pulseiras, como é o caso das pernas, barriga, tornozelos e pulsos. Um destes indivíduos recorre à autopunição, privando-se de coisas que gosta. E dois dos indivíduos que praticam automutilação fazem também autopunição que pode ser persistir em exercícios físicos que provoquem dor física ou, abster-se de coisas que gostam, por exemplo, ver televisão.
desenho faz a ponte entre o passado, o presente e, um futuro imaginário que na conceção desta jovem é inverosímil, porque representa a perfeição inalcançável (‘nunca’). O desenho denota uma fricção entre o passado e o presente que a perturba e incomoda e, por isso, tem maior destaque no desenho. O passado representa o lugar seguro, o ponto onde ela deseja voltar, a nostalgia. O presente transparece um conflito interno, uma imagem distorcida e negativa de si mesma. Verificámos que nos blogues de indivíduos mais jovens era comem esta rejeição do crescimento e do corpo adulto. O que nos leva a crer que talvez este sentimento seja comum em casos cujos transtornos alimentares se manifestam em idades muito jovens. O desenho revela uma agressividade psicológica, expressa por um vocabulário insultuoso, contra o presente e o corpo que não deseja e não aceita, porque é um crescimento com o qual não se identifica. Neste caso, poderá haver uma tensão entre o ser saudável e o ser mulher que, de acordo com Whitehead (2010), resulta numa rejeição do corpo e das caraterísticas femininas (seios, ancas e coxas).A adolescência é esta fase complexa no desenvolvimento humano que manifesta mais problemas internos, mais comportamentos antissociais (agressividade reativa, a assunção do risco e de novas sensações) e, por outro lado, uma maior necessidade de aceitação e reconhecimento pelos pares.
termo thinspiration tem origem nos grupos pró-ana que existem online (Ward, 2007). O material thinspiration pode incluir o uso de poesia, letras de músicas (Brotsky & Giles, 2007), mantras (Overbeke, 2008), fotos, músicas, curtas-metragens e tem como objetivo inspirar, incentivar, apoiar estes jovens a manter um comportamento anorético/transtorno alimentar da anorexia (Fox etal., 2005; Ward, 2007; Juarascioetal. 2010).“Desafio” é uma espécie de concurso organizado pelos blogueiros. Este “desafio” consiste em estabelecer uma dieta para um período de tempo, que pode ser por alguns dias como algumas semanas. Por vezes, os desafios surgem antes de uma data importante ou uma época festiva como por exemplo, o Natal, as férias, um aniversário... Esta é uma atividade que cimenta o compromisso com a prática da anorexia e que incentiva o grupo a não desistir dos seus propósitos. É ainda, uma forma de socializarem e criarem amigos Ana, e, assim, aumentar a legião de seguidores.
A Internet tornou-se popular entre a comunidade pró-ana, porque proporciona informação e comunicação sem constrangimentos e sem preconceitos. Estes sítios têm uma função mais social do que informativa, que mais do que promover a anorexia, permitem a partilha de pontos de vista que não podem ser expressos noutro ambiente (Giles, 2006). Um verdadeirosantuário (Dias, 2003; Giles, 2006; Ward, 2007; Williams, 2009) àmargem de umasociedadequevêestemovimentocomopernicioso e perigoso.Não é surpreendente que o apoio seja uma preocupação fundamental para os usuários dos Websites pró-ana, já que a maior parte dos indivíduos tem pouco suporte offline. Os profissionais de saúde que estão mais preocupados com a questão da alimentação e a família e os amigos, muitas vezes, são excessivamente críticos (Brotsky & Giles, 2007) e pouco compreensivos com o seu sofrimento.A Internet é esta caixinha de Pandora que abre aos jovens um universo de oportunidades e abre oportunidades a um universo de riscos. Neste caso concreto, em que abordamos os riscos de conteúdo relacionados com comportamentos alimentares de risco, designados de pró-anorexia e pró-bulimia nos quais “por entre delírios contra a comida, a gordura (real ou percebida), ou obstáculos à prática de Ana, encontram-se autênticos manuais de incentivo à restrição alimentar, truques para enganar os pais e técnicos de saúde, e um receituário “dietético” e farmacológico assustador” (Gradim, 2009: 2387).