O documento discute a necessidade de repensar a educação e a escola diante das rápidas mudanças nas sociedades modernas, como a revolução digital, globalização e mudanças climáticas. A crise de refugiados de 2015 e ataques terroristas em Paris destacaram a importância de formar novas gerações com valores democráticos. Propostas educacionais apontam para três cenários: retorno a formas passadas, manutenção do status quo ou transformação educativa para construir um futuro desejado. A comunicação propõe uma educação para
1. Educar para um Mundo em Mudança,
Educar para Mudar o Mundo
Maria Emília Brederode Santos
Sente-se a necessidade de repensar a educação – e a escola – face às mudanças rápidas
que se têm vindo a verificar nas últimas décadas e cuja constante aceleração se prevê.
A “revolução digital”, as alterações demográficas, a globalização e as deslocações
populacionais e empresariais, as mudanças climatéricas e a tomada de consciência das
necessidades de sustentabilidade ecológica e social, o desenvolvimento científico,
designadamente das neurociências, o crescimento exponencial da informação e da
comunicação – tudo isto tem sido apontado como factores de mudança com
consequências pouco previsíveis excepto quanto à continuação da sua aceleração e dos
seus efeitos na precariedade das relações e na incerteza do futuro. “Tempos líquidos”
lhes chamou, com propriedade, Zygmut Bauman.
Por outro lado, de vez em quando há acontecimentos que, pelo choque que provocam,
levam as sociedades a interrogar-se sobre si mesmas e muitas vezes a interpelar a escola
e a educação em geral. Estes acontecimentos tornam-se como que marcos simbólicos a
partir dos quais as coisas deixam de poder continuar a ser como eram. 2015 parece ter
sido um desses anos-charneira. A chamada “crise dos refugiados” e os ataques
terroristas em Paris em Janeiro e Novembro vieram interpelar a velha Europa, fazendo
regressar a problemática dos valores que defendemos e em que pretendemos formar as
novas gerações bem como do papel de formação e integração da escola .
A maioria das propostas educativas recentes (inclusive da OCDE) aponta para três
cenários alternativos no que se refere à evolução da escola:
- o recuo para formas de escolarização do passado, com a ênfase nos conteúdos, no
papel transmissor da escola e nos exames como motor de aprendizagem e controlo dos
actores educativos;
- a continuação do status quo, numa navegação à vista com adaptações várias,
designadamente no número e variedade de línguas estrangeiras a aprender ou na
modernização tecnológica do equipamento escolar;
- a transformação educativa e da organização escolar em função de finalidades que não
são unívocas nem consensuais, mas que é importante conhecer e confrontar para que
não nos limitemos a “sofrer” as mudanças, adaptando-nos mais ou menos a elas como a
um futuro a que estaríamos condenados e sim para que possamos participar da
construção de um futuro desejado.
A presente comunicação visa ser um contributo para mudar a educação e a escola
através de uma proposta organizacional e curricular de Educação para a Cidadania.