O documento descreve o Programa de Desenvolvimento de Variedades de Cana-de-Açúcar do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), um dos programas de melhoramento de cana mais antigos do mundo em funcionamento desde 1933. O programa criou uma rede experimental com mais de 500 ensaios para testar o desempenho de variedades em diferentes ambientes e épocas de colheita, gerando informações valiosas para os produtores. Essa rede levou ao desenvolvimento da Matriz de Ambientes, uma ferramenta que recomenda a variedade mais adequada

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2. Capa
Marcos Landell, Carla Rodrigues ganizar esforço comum em forma com três níveis cada um. Assim
diretor do de rede, multiplicando sobrema- organizamos o fator “ambiente”
O
Centro de Cana Programa de desen- neira a capacidade de observação em ambientes superiores, médios
e pesquisador do volvimento de varie- experimental em diferentes solos e inferiores, e o fator “época de
IAC (Instituto
dades de cana-de-açú- e regiões, gerando informações colheita”, em colheita de início,
Agronômico),
de Campinas, car do IAC (Instituto sobre o desempenho de inúmeros meio e final de safra, que eu cha-
da Secretaria Agronômico), de Campinas, é o clones e variedades nesta multi- mo de outono, inverno e prima-
de Agricultura e projeto de melhoramento de ca- plicidade ambiental. vera”, disse Landell.
Abastecimento na-de-açúcar em atividade mais Em 1995 já somavam 16 em- Esta interação entre três níveis
do Estado de antigo do país, desde 1933, e pode presas na rede Procana, que foi se de solos ou de ambientes de pro-
São Paulo. ser considerado um dos mais an- aprimorando e originando uma dução e três épocas de colheita,
tigos do mundo. rede de experimentação de qua- gerou uma matriz de nove “ca-
As primeiras variedades foram se 500 ensaios no Centro Sul do selas”, causando um impacto na
lançadas a partir de 1959 e foram Brasil, tornando uma das maiores produtividade da cana, na varie-
importantes para viabilizar a im- redes de experimentação para de- dade, e com isso o IAC passou a
plantação do Proalcool, pois foi senvolvimento varietal e estudos interpretar toda a produção de
neste momento que a cana-de- de estabilidade no Brasil. informações desta grande rede
-açúcar saiu de solos antes ocupa- De acordo com o diretor do para cada um dos materiais em
dos pela cultura do café e migrou Centro de Cana e pesquisador do desenvolvimento.
para áreas consideradas naquele IAC, de Campinas, da Secretaria “Nós passamos a gerar uma rese-
momento como marginais, ou de Agricultura e Abastecimento nha dentro dessa matriz, como se
seja, áreas com solos de baixa fer- do Estado de São Paulo, Marcos fosse uma bula para utilização de
tilidade e com carências de infor- Landell, esta rede gerou diversas um medicamento. Isso foi conside-
mações. Por sorte, as variedades informações e modelos, inclusi- rado uma inovação, uma das prin-
do IAC estavam, na ocasião, den- ve na parte de manejo varietal, cipais inovações tecnológicas na
tre as que mais se adaptaram nes- como a Matriz de Ambientes, área de variedades porque não é só
tes solos. que é uma das tecnologias gera- a variedade que está sendo lançada
Foi a partir de 1994 que o Pro- das nos últimos anos. “A partir e sim a variedade com a maneira
grama Cana IAC, se organizou desta rede conseguimos identi- como ela deve ser utilizada. Isso
com um pouco mais de recursos e ficar e organizar as informações tem produzido resultados muito
parceiros, ampliando sua rede ex- dentro de uma matriz compos- importantes em empresas que apli-
perimental. Foi criado o projeto ta por dois fatores, ambiente de cam este método de uma maneira
Procana IAC, que procurava or- produção e época de colheita, disciplinada”, explicou o diretor.
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3. Durante entrevista exclusiva à ga processar esta biomassa e, que
Canavieiros, Landell falou tam- a partir do processamento gere
bém sobre os mais novos proje- novos caminhos como o da pró-
tos do Centro Cana IAC, como o pria bioenergia/cogeração ou da
Bioen, que a Fapesp (Fundação de produção de bactérias que atuem
Amparo à Pesquisa do Estado de sobre a produção de etanol de se-
São Paulo) criou para apoiar a área gunda geração, aí sim teremos a
de bionenergia, promovendo a indústria do futuro, mas se o me-
pesquisa em várias universidades, lhoramento não começar agora,
instituições, grupos e também na quando esta indústria chegar, não temos hoje, que é pouco eficiente Sala de cultura
área industrial. teremos esta matéria-prima, fa- em nossa concepção”, explicou em vitro
O projeto Bioen foi responsá- zendo com que ela aproveite o que Landell.
vel pela aquisição de importantes
fotos: Rafael Mermejo
equipamentos dos laboratórios do
Centro, pelo núcleo de produção
de mudas, a área de infraestrtura, Para saber um pouco mais sobre
veículos, caminhão-balança, etc. as novidades em inovação que o
Segundo Landell, este projeto che- Instituto apresenta, a Canavieiros
gou num momento muito impor- conversou com os pesquisadores
tante para que o IAC se destacasse responsáveis por cada área de atu-
no setor. Em contrapartida, o Ins- ação dentro do instituto.
tituto se propôs a tentar desen- A pesquisadora do IAC, de
volver uma cana com perfil mais Campinas, da Secretaria de agri-
bioenergético, fazendo com que cultura e Abastecimento do Esta-
promovesse uma série de esforços do de São Paulo que atua na área
importantes nos últimos anos. de biotecnologia, Luciana Rossini,
“Primeiro estudamos a nossa falou sobre os trabalhos que vêm
população para ver se havia va- sendo realizados por ela e pelos
riabilidade entre os genótipos do pesquisadores desta área, Silva-
nosso banco de germoplasma no na Creste e Luciana Souza, para
que se refere a teor de fibra e perfil contribuir com o estudo de novas
bioenergético, ou seja, produtivi- tecnologias disponíveis para favo- de Cana já era sentida há mui- Luciana
dade de biomassa - e chegamos à recer o setor sucroenergético tos anos. Porém, efetivamente, o Rossini,
conclusão que a nossa coleção era Para entender, a biotecnologia Laboratório de Biotecnologia do pesquisadora
muito restrita. Então começamos a é a utilização de organismos vi- Centro de Cana do IAC, surgiu em do IAC, de
fazer várias ações para tentar mon- Campinas, da
vos para a produção de produtos 2005 após a contratação de novos
tar uma coleção mais completa, Secretaria de
ou de determinadas substâncias pesquisadores na área de melho- Agricultura e
importando genótipos de coleções de interesse para o homem. Por ramento genético da cana-de-açú- Abastecimento
americanas e australianas, introdu- exemplo, na antiguidade o homem car, dos quais duas, Silvana Creste do Estado de
zindo no quarentenário IAC. Desta já aplicava a biotecnologia através e Luciana Rossini, apresentavam São Paulo .
forma, demos início ao projeto de da utilização de microrganismos formação em melhoramento gené-
biomassa”, completou. para produção do pão e também tico com ênfase em Biotecnologia.
As canas que fazem parte des- do vinho. Hoje, a biotecnologia As pesquisas na área de bio-
te projeto não são teoricamente moderna utiliza-se de ferramentas tecnologia são desenvolvidas de
uma cana-de-açúcar porque con- moleculares para o benefício do forma integrada ao Programa de
tém pouco açúcar, mas possuem homem na produção de hormô- Melhoramento de Cana-de-açúcar
muita fibra e biomassa, com pro- nios e vacinas, e também em ter- do IAC, visando contribuir para o
dutividades que chegam a 500 to- mos de agricultura no desenvolvi- desenvolvimento de cultivares de
neladas por hectare. Este material mento de plantas mais resistentes cana-de-açúcar que atendam as
não será moído pelas indústrias aos estresses bióticos e abióticos demandas do setor.
que se têm hoje e sim, pela indús- através da transgenia. O trabalho consiste em desen-
tria do futuro. “Quando tivermos A necessidade de ter um labora- volver Projetos de Pesquisa Cien-
outra indústria anexa que consi- tório de biotecnologia no Centro tífica com fomento de agências de
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4. nuição da disseminação de doen-
ças importantes nos canaviais, da
mesma forma, que a produção in
vitro de cana-de-açúcar (micro-
propagação)”, explicou Rossini.
A biotecnologia também pode
ser parceira da sustentabilidade,
um exemplo disso são os biocom-
“O Laboratório pesquisa Fapesp e CNPq - Conse- bustíveis, principalmente, o etanol
de Biotecnologia, lho Nacional de Desenvolvimento combustível produzido a partir da
surgiu em Científico e Tecnológico) focados cana-de-açúcar, a qual representa
2005 após a em temas importantes e de im- uma fonte de energia renovável e de
contratação
pacto para a cultura da cana-de- alta sustentabilidade. Outro exem-
de novos
pesquisadores -açúcar, muitos dos quais em par- plo é o desenvolvimento de plan-
na área de cerias com as Universidades. Em tas tolerantes a seca, plantas que
melhoramento paralelo com o desenvolvimento demandam pouca água para o seu
genético da da pesquisa científica, o trabalho desenvolvimento (uso eficiente de
cana-de- desenvolvido pelo IAC dentro água), plantas que apresentam re-
açúcar...” da área da biotecnologia abrange sistência a pragas e doenças e que,
também a prestação de serviço ao portanto, reduzem ou eliminam a
setor. Atualmente, o laboratório aplicação de defensivos agrícolas,
presta serviço de diagnóstico mo- diminuindo o impacto ambiental.
lecular do raquitismo da soqueira, A pesquisadora também explica
e identificação de cultivares pela que o Brasil tem se destacado em
análise comparativa do perfil mo- termos de biotecnologia em diver-
lecular (fingerprinting varietal). sas áreas de pesquisa, tais como
Há também a produção de mudas a área médica (desenvolvimento
de cana-de-açúcar por cultura de de pesquisas com células tronco),
tecidos coordenados pela pesqui- produção de fármacos, na área de
sadora do IAC, Silvana Creste. biocombustíveis entre outros. Já
De acordo com a pesquisadora é considerada a ciência do futuro
Luciana Rossini, os benefícios des- e vem ganhando cada vez mais
ta ferramenta de tecnologia podem importância dentro do país. Em
ser voltados tanto para o produtor termos do desenvolvimento de
quanto para a própria cana-de- pesquisas na área de bioenergia, as
-açúcar. “Estes benefícios podem Instituições de Pesquisa e Ensino dos incentivos acima citados, o
ser associados ao aumento dos do Estado de São Paulo têm con- desenvolvimento de pesquisas na
lucros, ganhos em produtividade, tado com apoio financeiro da Fa- área de biotecnologia ainda tem
O laboratório já que cultivares mais resistentes a pesp, através do Programa Bioen um custo elevado para os pes-
presta serviço pragas e doenças, por exemplo, di- (Bioenergy Program) como tam- quisadores brasileiros. “A maio-
que trazem minuem os custos com defensivos, bém do INCT (Instituto Nacional ria dos reagentes e os chamados
benefícios tanto
fungicidas etc. Além disso, o diag- de Ciência e Tecnologia). ‘kits de biologia molecular’, em
para o produtor
quanto para a nóstico molecular para detecção O investimento na formação e geral, são importados e repassa-
própria cana- de patógenos tem colaborado para capacitação de recursos huma- dos a valores bem elevados, o que
de-açúcar. o plantio de mudas sadias e dimi- nos (estudantes de graduação, encarece a pesquisa e contribui
pós-graduação e pesquisadores) para um dos gargalos no desen-
também tem aumentado em Cen- volvimento da Biotecnologia no
tros de Pesquisa de excelência no Brasil. A contratação de técnicos
exterior através de Programas de para dar suporte ao andamento
Capacitação financiados pela Fa- das pesquisas nas instituições
pesp, CNPq e recentemente pelo públicas também é um ponto im-
Programa Ciência sem frontei- portante a ser considerado”, dis-
ras. Mas, para Luciana, apesar se a pesquisadora.
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5. O Centro de Cana do IAC tem formações de onde variam as pro-
vários projetos dentro do Progra- dutividades, onde variam as cores
ma Procana, que é coordenado de solos e onde variam o teor de
pelo Dr. Marcos Landell. Um des- argila. Com esta informação, os
tes projetos é o Ambicana, coor- pesquisadores fazem o treinamen-
denado pelo pesquisador do IAC, to intensivo em classificação dos
Hélio do Prado, que tem como solos, coletando amostras de solo
meta qualificar os ambientes de na camada arável e principalmen- máticas tradicionais da região. Se Hélio do Prado,
produção de cana-de-açúcar das te abaixo dela porque mostra as for feito o manejo avançado com pesquisador
empresas parceiras. condições químicas naturais dos a aplicação de vinhaça, torta de do IAC e
filtro, adubação verde e irrigação, coordenador
Os objetivos do Ambicana são: solos. Tal treinamento ocorre nos
do projeto
socializar os conhecimentos em locais indicados pela empresa, com certamente o ambiente de produ-
Ambicana.
classificação dos solos e enquadra- acompanhamento mensal até que ção original deslocará para muito
mento destes solos nos ambientes todos técnicos se sintam seguros mais favorável.
de produção para técnicos das em- em fazer este trabalho. De acordo com Prado, cada vez
presas parceiras, permitindo a iden- O ambiente de produção original mais os empresários dependem do
tificação do potencial produtivo dos mede o potencial de produtividade conhecimento do clima e dos so-
mesmos para estabelecimento de na média de cinco cortes conside- los para ter sucesso em suas ativi-
manejos mais específicos. Este pro- rando o manejo básico correto em dades econômicas. A importância
jeto é fundamental, por exemplo, relação ao preparo do solo, con- deste conhecimento é de grande
para otimizar o manejo varietal. trole de ervas daninhas, calagem, relevância, desde a compra e ar-
Para isso, a equipe do projeto adubação, épocas de plantio e de rendamento de terras, do preparo
Ambicana, solicita a empresa in- colheita, além das condições cli- e conservação do solo, da época do
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6. Capa
plantio e colheita até a alocação de
variedades em função dos ambien-
tes de produção.
“O que torna estes conhecimen-
tos tão importantes é justamente
saber antecipadamente quais são
as decisões da empresa. Caso esse
estudo não seja feito antes, corre-
-se o risco de comprar ou arren-
dar terras que não têm o valor de
mercado, de manejar o solo incor-
retamente, prejudicando a produ-
tividade prevista na tabela IAC de
ambientes de produção e de alocar
erradamente a variedade de cana-
-de-açúcar”, explicou o coordena-
dor do projeto, Hélio do Prado.
Na região de Ribeirão Preto os
solos predominantes classificam-
-se como Latossolos Vermelhos
com enorme diferença da condi- Os cruzamentos de cana
ção química natural na profun- geralmente são realizados
didade de 80-100 cm. O manejo no Nordeste, onde a condi-
centenário de adubação e calagem ção de temperatura e umi-
em quase nada influiu nessas con- dade é adequada, mas não
dições químicas profundas de 80- são em todos os países que
100 cm que é aquela que regula a essa condição existe, como
longevidade e a queda de produti- por exemplo, na Austrália.
vidade a partir do terceiro corte. Sendo assim, a Câmara de
“Se nessa profundidade, a ferti- Fotoperíodo começou a ser
lidade natural é alta, as raízes ex- implantada nestes países
ploram maior volume de solo, au- com o objetivo de simular
mentando o vigor da planta, caso a temperatura ideal para
contrário, as raízes ficam mais su- que ocorra uma indução
perficiais com menor disponibili- Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do
artificial da cana. Apesar
IAC e responsável pela Câmara de Fotoperíodo
dade hídrica, ou seja, o ambiente de o Brasil ser um país com
fica muito mais restritivo. Com solo e clima favoráveis para O trabalho realizado com uma
relação a mecanização, a pequena a indução natural da planta, na re- variedade até ela ser liberada co-
declividade da paisagem da nossa gião de Ribeirão Preto isto é depen- mercialmente é muito longo, po-
região favorece a mecanização”, dente das condições de temperatu- dendo durar até 12 anos. “Este
disse Prado. ra e umidade no período indutivo. tipo de trabalho tem que ser muito
Atualmente a principal pesqui- Para tanto foi construída uma bem feito hoje para que você tenha
sa continua sendo a disponibili- câmara no Centro de Cana IAC a chance de selecionar um mate-
dade de água no solo com ênfase - pioneira no país e instalada em rial que vá atender as necessidades
aos aspectos práticos e não teóri- 2010 - para fazer sincronismo de dos produtores em 2025”, destacou
cos. Em relação a isso, sem nada floração e também para fazer a in- o pesquisador do IAC, de Campi-
modificar na linha de pesquisa, trogressão, ou seja, cruzar cultiva- nas, da Secretaria de Agricultura e
há uma década o projeto Ambica- res que estão no mercado com ma- Abastecimento do Estado de São
na do IAC foi reconhecido como teriais nobres a fim de aumentar Paulo e responsável pela Câmara
o primeiro do Brasil a considerar a variabilidade genética. Isso só é de Fotoperíodo, Maximiliano Sal-
que a disponibilidade hídrica do possível através da Câmara de Fo- les Scarpari.
solo é muito mais importante do toperíodo que permite controlar a Em todo caso, hoje o IAC já está
que a fertilidade do solo. temperatura e o comprimento dia. olhando esta ferramenta de duas
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7. maneiras – o trabalho de melho-
ramento clássico, que é o trabalho
visando o açúcar e também com a
Câmara, é possível apontar para
trabalho que desenvolvam a cana
energia, que é uma cana com mais
fibra e maior potencial produtivo. A necessidade do desenvolvi-
Para o pesquisador, o problema mento de métodos de multiplicação
do melhoramento brasileiro está rápida, os quais viabilizem a ado-
em ser fundamentado na seleção ção de novas tecnologias varietais
de materiais ricos em açúcar. “Se associados ao resgate da aplicação
você tem uma característica que dos protocolos de produção de
ficou para trás em termos de fibra, muda sadia, roguing, termoterapia
tolerância a doença e a seca, esse e diagnósticos de doenças motiva-
gene não está mais disponível para ram a equipe do Programa Cana
a seleção. Então você faz um cru- IAC a desenvolverem o sistema
zamento com um material nobre, MPB (Mudas Pré-Brotadas). Neste
você tenta buscar esse gene nova- sentido, o método possibilita que
mente para colocá-lo na bandeja novas variedades possam ganhar
da seleção, aumentando a base ge- áreas expressivas num curto espa-
nética e sua variabilidade”. ço de tempo. A taxa de multiplica-
foto: assessoria IAC
ção pode chegar a 1:7000 no perío-
Funcionamento do de 18 meses. A mudança básica Para ilustrar este método, o pes- Pesquisador
Na Câmara, o tratamento fotope- implícita no método é conceitual, quisador o subdividiu em diferen- do IAC, Mauro
riódico mantém as condições ideais ou seja, não mais se utiliza o col- tes estágios: Alexandre
de temperatura e luz para o flores- mo semente diretamente no sulco Xavier atua na
cimento da planta. A partir da flor, área de MPB
de plantio. De acordo com o pes- Estágio 1 – Retirada dos col-
serão feitos cruzamentos genéticos quisador do IAC, de Campinas, da mos, corte e preparo dos mini-
que resultarão, ao final, em novas Secretaria de Agricultura e Abas- rebolos
variedades de cana-de-açúcar. Siste- tecimento do Estado de São Paulo, Essas etapas deverão ser reali-
ma computadorizado controla três que atua na área de MPB, Mauro zadas a partir de viveiros básicos
suportes que comportam 70 vasos Alexandre Xavier, neste sistema a com idade fisiológica de seis a dez
de plantas cada um. Automatica- planta é produzida em ambiente meses, o que permite maior apro-
mente, esses apoios se movimentam controlado num núcleo de produ- veitamento das gemas ao longo do
para a área externa do prédio onde ção. Posteriormente é realizado colmo. Nesta etapa são utilizados
está instalada a Câmara para expor o plantio a campo, o que implica instrumentos de corte tipo “po-
as plantas ao sol. No instante em que em uma série de desdobramentos dão”, os quais deverão ser previa-
a temperatura passa do programa- e facilitadores do manejo ao longo mente desinfetados com produtos
do, os suportes são automaticamen- do ciclo de produção da cana-de- a base de amônia quaternária. Re-
te recolhidos para a área interna, -açúcar. “Como exemplo, citamos
onde a temperatura é ideal. o melhor aproveitamento espacial
O ganho de tempo e eficiência (13332 plantas/hectare) e manejo
nas pesquisas requer investimen- de herbicidas em pré-plantio. O
tos constantes em infraestrutura e método é simples podendo ser pra-
recursos humanos. No Centro de ticado tanto pelo grande, quanto
Cana do IAC, o próximo passo es- pequeno produtor, o que de certa
perado pela equipe é a instalação forma socializa o conhecimento in-
de uma sala de cruzamentos com distintamente. O mesmo apresenta Os instrumentos
temperatura e umidade controla- potencial de redução direto de cus- de corte devem
das para a obtenção de sementes tos de implantação via maximiza- ser previamente
de qualidade. Novos projetos se- ção da utilização de mudas, o que desinfestados
rão apresentados junto a agências com produtos a
pode ser agregado em forma de re-
de fomento com essa finalidade. base de amônia
ceita ao produtor”, explicou Xavier
quaternária
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8. Capa
comenda-se efetuar a despalha em
fotos: Rafael Mermejo
Estágio 3 – Brotação
local isolado do núcleo de produ-
ção de mudas, evitando o eventual
transporte de pragas, atividade,
que preferencialmente deverá ser
realizada manualmente, o que re- de vegetação por um período de 21
duz danos às gemas. Para o corte e dias. Nos primeiros sete dias utili-
preparação dos minirebolos (gema za-se uma proteção na parte supe-
individualizada), sugere-se a utili- rior da casa de vegetação com tela
zação de um sistema de guilhotina de sombrite a 50%, a qual no decor-
com lâmina dupla devidamente rer da etapa vai sendo retirada. Este
desinfestado. O espaçamento en- procedimento associado à manu-
tre as lâminas determina o tama- tenção de elevada umidade relativa
nho do minirebolo, o que para do ar no ambiente, tem como obje-
esse modelo de multiplicação é tivo minimizar os efeitos negativos
sugerido 3 cm, viabilizando a uti- de altas temperaturas. As lâminas
lização da gema individualizada e turnos de irrigação são definidos
no tubete. Esta etapa do processo ocor- de acordo com o desenvolvimento
Nesta etapa permite-se a reali- re em substrato e para tanto são das plantas. Ao final dessa etapa há
zação de uma seleção das melho- utilizadas caixas plásticas dimen- uma primeira poda foliar realizada
res gemas. Essa seleção elimina do sionadas para conter 80 minire- com tesouras devidamente desin-
processo os minirebolos com sinto- bolos. Os minirebolos deverão ser fetadas, ou mesmo manualmente.
mas de Diatraea saccharalis e even- distribuídos nas caixas cobertos Esse manejo estimula o desenvol-
tuais danos mecânicos das gemas, com substrato e mantidos à 32 ºC vimento radicular e minimiza as
maximizando etapas posteriores. em câmara ou casa de vegetação perdas de água.
climatizada. Nesta fase, o molha-
Estágio 2 – Tratamento das gemas mento deve ser suficiente para ga- Estágio 6 – Aclimatação fase 2
rantir a manutenção do processo
de pré-brotação. A duração desse
período é variável, sete a dez dias,
sendo função da variedade e idade
fisiológica da gema a ser utilizada.
Estágio 4 – Individualização
ou “repicagem”
A indiviualização ou “repica-
gem” ocorre imediatamente após
A duração o período de pré-brotação. Nesta
desse período fase são utilizados tubetes, supor-
é variável, tes e substrato. Ao substrato são
sete a dez dias adicionados fertilizantes com di- A etapa final do processo ocor-
O sistema de proteção dos mi- ferentes dinâmicas de liberação. re em bancadas a pleno sol. Nesta
nirebolos é realizado com pro- Este manejo contribui para o ade- etapa o objetivo principal é adaptar
dutos a base de Azoxistrobina ou quado desenvolvimento da nova a muda às condições de plantio no
Pyraclostrobin a 0,1% na solução. planta. Destaca-se que nesta etapa campo. Basicamente há um contro-
O método utilizado para o con- há um segundo processo de sele- le de irrigação com quatro turnos
trole é a imersão em solução por ção, onde as gemas que não brota- de rega totalizando 4 mm/dia. O
três minutos. Outros tratamentos ram são descartadas. manejo de podas foliares é inten-
complementares como, por exem- sificado, com três podas ao longo
plo, promotores de enraizamento, Estágio 5 – Aclimatação fase 1 de 21 dias. Ao final dessa etapa, a
poderão ser utilizados com o obje- Após a individualização, os tu- muda apresenta-se em condições
tivo de ampliar a sanidade e vigor betes com gemas brotadas perma- de ser retirada do tubete, embalada
inicial das mudas. necerão em aclimatação em casa e transportada para o plantio
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9. Leila Luci
Dinardo-
A pesquisadora do IAC, de Cam- sequentemente uma amostragem Miranda,
pinas, da Secretaria de Agricultu- desta área para saber onde tem pesquisadora do
IAC e diretora
ra e Abastecimento do Estado de a praga e qual é sua população.
do Núcleo de
São Paulo e diretora do Núcleo de “Para cada praga e situação o mé- Pesquisa e
Pesquisa e Desenvolvimento, Leila todo de amostragem é diferente”, Desenvolvimento
Luci Dinardo-Miranda, contou à explicou Dinardo-Miranda.
Canavieiros sobre o trabalho que Outra informação importante é
realiza na área de pragas na cultu- sobre os danos que a praga causa
ra canavieira. em cada variedade/situação para
De acordo com ela, seu trabalho tentar definir quando justificaria
é fundamentado na tentativa de fazer o seu controle. O produtor
montar um programa de mane- tem que saber se a população en-
jo integrado das principais pra- contrada vai causar um dano que
gas que atacam a cana-de-açúcar, justifique economicamente adotar
Luciana Souza,
entre elas a broca da cana, a ci- uma medida de controle. “Em en- pesquisadora
garrinha das raízes, os besouros tomologia, esses parâmetros são do IAC.
Sphenophorus levis e Migdolus conhecidos como nível de dano
fryanuss. Além de trabalhar com econômico e nível de controle, e
estas pragas, o IAC também atua são específicos para cada praga,
na área de nematóides, princi- tipo de solo, variedade, etc.”, expli-
palmente em relação às espécies cou Dinardo-Miranda.
mais importantes para o Brasil e A outra parte dos trabalhos en-
o mundo, que são Meloidogyne volve a definição de eficiência das
javanica, Meloidogyne incognita, medidas de controle, tais como
Pratylenchus zeae e Pratylenchus inseticidas químicos e biológicos,
brachyurus. rotação de culturas, destruição de
Para isso, o IAC desenvolve mé- soqueiras infestadas, etc. “É im-
todos de estudos sobre a distribui- portante a realização deste traba-
ção espacial e temporal destas pra- lho, pois só com essas informações
gas e nematóides a fim de definir poderemos informar aos produ- dos de intervenção para combater
planos de amostragem. Quando tores quais serão os possíveis mé- os danos, entre eles o controle bio-
o agricultor tem algum problema todos de controle que ele poderá lógico e controle químico.
com pragas ou nematóides, é ne- usar em suas áreas”, justificou a De uma forma geral, a maioria
cessário fazer um manejo e, con- pesquisadora. das pessoas opta pelo controle bio-
Ainda na área de pragas, a pes- lógico inicialmente porque pro-
quisadora do IAC, Luciana Souza, voca menos impacto ambiental e
explica que existem vários méto- é mais barato, e só quando a situ-
ação está grave é que eles partem
Besouros para o controle químico. No caso
Sphenophorus levis
da broca da cana (Diatraea sac-
charalis), que é uma mariposa que
deposita os ovos na folha da cana,
existem alguns inimigos naturais,
como as vespinhas tricogama aga-
cotesia flavipes loi e a cotesia flavipes, introduzida
depositando seus ovos no Brasil na década de 70.
na lagarta da broca Segundo Souza, esta vespinha
é multiplicada nos laboratórios
onde é feito o cálculo da quanti-
dade necessária de vespinhas para
realizar o controle do canavial, de
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10. portações de matrizes nativas. “É
como se fosse o melhoramento ge-
nético das vespinhas. Assim como
com a cana-de-açúcar, teremos
que refazer todo o histórico dela
para entendermos a sua diversida-
de e aplicar a estratégia ideal para
melhorar a sua atuação”.
“...o trabalho acordo com o grau de infestação Matologia
com pragas da broca. “Eles pegam os copinhos O estudo das plantas daninhas
no IAC é com as vespinhas e vão espalhan- na cultura canavieira é realizado
fundamentado do no canavial de acordo com a através da matologia. Na cana,
na tentativa
necessidade. Esta vespa é chamada assim como em qualquer outra
de montar um
programa de de parasitóide, então ela encontra cultura, há a presença de infesta-
manejo integrado a lagarta da broca, deposita nela ção de mato, que podem se tor-
das principais os seus ovos, eles se desenvolvem nar agressivas, absorvendo mais
pragas que dentro dela e acabam matando-a”. luz, nutrientes e água do solo,
atacam a cana- A pesquisadora comenta que deixando a cultura em desvan- Dr. Carlos Alberto Mathias
de-açúcar...” Azania, professor e pesquisador
uma das coisas que está chamando tagem. Por exemplo, na região
do IAC, responsável pela área
a atenção dos produtores é que eles de Ribeirão Preto é comum en- de matologia do Instituto
estão tendo a impressão de que di- contrar corda de viola, capim-
minuiu sua eficiência, de que an- -colonião, capim-braquiarias e pé da cana-de-açúcar, o imple-
tes a cotésia (vespinha), conseguia capim-carrapichos. mento não tem como tirar, então é
predar mais e voar mais longe. A cana-de-açúcar sofre com esta necessário algo mais sofisticado e
“Nós levantamos a hipótese de interferência, e com isso ela vai é por isso que as pessoas utilizam-
que talvez por ela (cotésia) não ser crescer menos, vai fazer menos se do herbicida.
nativa, a sua diversidade genética fotossíntese e acumulará menos Os herbicidas são substâncias
esteja baixa, e é aí que meu trabalho sacarose. Para que isso não ocorra químicas que servem para contro-
entra em ação. Estamos coletando é preciso que o produtor aja com lar o mato, sendo considerado o
uma série da cotésia da broca em meios e ferramentas que possibili- meio mais eficiente para esta ativi-
todos os laboratórios para fazer- tem o controle deste mato, ou seja, dade. Hoje a área de cana é mui-
mos uma série de análises molecu- destas plantas daninhas que estão to vasta no Estado de São Paulo e
lares, avaliando a diversidade gené- no meio do canavial. as unidades não têm tempo hábil
tica. Dependendo destes valores é Existem várias ferramentas que para cuidarem deste mato somen-
que vamos começar a descobrir o podem ser utilizadas, mas que não te na época primavera-verão, e sim
que está acontecendo com esta ves- são viáveis nos dias de hoje, como o ano todo, então por isso que há a
pinha”, explicou Souza. arrancar o mato através do traba- necessidade de se usar o herbicida
Uma das hipóteses levantada lho braçal. Porém, há equipamen- inclusive em períodos de estiagem
pela pesquisadora é a diferença da tos que podem ser adaptados aos (outono-inverno).
diversidade genética nos laborató- tratores, mas com alguns efeitos “A aplicação do herbicida é muito
rios, por exemplo, em um labora- colaterais, como desestabilização importante, mas às vezes há tam-
tório a diversidade é muito baixa e do solo, erosão e prejuízo à con- bém a necessidade de ser usado
em outro é mais alta. Desta manei- servação do solo. junto do herbicida, o tratamento
ra, é possível para os laboratórios Segundo o pesquisador do IAC, mecânico, que seria o trator e seus
trocarem as matrizes entre si para de Campinas, da Secretaria de implementos. Isso é o que chama-
aumentar esta diversidade. Agricultura e Abastecimento do mos de manejo integrado de planta
Outro ponto é que elas foram Estado de São Paulo, que atua na daninha, que é quando é usado mais
introduzidas uma vez no Brasil na área de matologia do Instituto, de um método de controle. O herbi-
década de 70, sendo assim, é im- Carlos Alberto Mathias Azania, cida é o que ocupa 80% dos casos,
portante que esta informação seja o trator vai controlar muito bem mas ele tem que ser também traba-
passada documentalmente para o a entrelinha do canavial, mas as lhado com outras técnicas para ser
governo, a fim de liberar novas im- plantas que se desenvolveram no mais eficaz”, explicou Azania.
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11. fotos: Murilo Sicchieri
moléculas no mundo que serão
lançadas nos próximos anos. A
molécula mais nova que será lan-
çada futuramente é a indaziflan,
que agirá na planta inibindo a
síntese de celulose. Para o pesqui-
sador, mesmo as moléculas que
estão registradas hoje são consi-
deradas eficazes. “Em termo de
inovação acredito que estamos
bem supridos na área da matolo- podem erradicar a cana-de-açúcar
gia, principalmente para a cultura mecanicamente, mas os efeitos co-
da cana. O que falta é os produ- laterais provocados são grandes
tores se conscientizarem mais e devido ao revolvimento do solo.
utilizar-se do conhecimento das “Solo revolvido quando chega a
plantas daninhas do canavial, das chuva gera problemas de erosão e
características físicas e químicas de assoreamento de rios e nascen-
dos produtos, da condição climá- tes. Com a aplicação do glifosato,
tica e do solo no momento da apli- este impacto ambiental é menor.
cação para ele alocar o herbicida Não sou defensor de glifosato, mas
correto no local correto”, disse. eu vejo que cana geneticamente
Outra questão na matologia que modificada para resistência a gli-
vai trazer uma inovação nos pró- fosato pode não ser uma opção
ximos anos bastante grande é a muito interessante no momento
tecnologia dos transgênicos – or- da erradicação”.
ganismos geneticamente modifi- Azania diz que a cana geneti-
Atualmente existem muitos her- cados em cana-de-açúcar. camente modificada seria muito
bicidas disponíveis e cada vez mais, Por exemplo, a cana é uma cul- interessante, por exemplo, se resis-
novos produtos são lançados no tura resistente a glifosato e isto tente ao produto 2,4D, que pode ser
mercado. Para indicar um herbicida não é tão interessante porque o usado durante todo período. Ele é
é necessário ter alguns conhecimen- glifosato é uma molécula utilizada um herbicida hormonal, podendo
tos, como o tipo de solo, condição exatamente para erradicar a cana ser utilizado na cana antes dela for-
climática, as características física e quando a produção do canavial mar o colmo, depois deste período
química do herbicida e as principais diminui e é necessário renová-lo. não pode mais utilizá-lo porque
espécies de mato que infestam aque- Então, se a cana for transgênica vai provoca efeitos colaterais muito
le canavial. Somente sabendo estes matá-la com o que? sérios para o crescimento da cana.
quatro itens é possível saber qual O pesquisador explica que para Produtos residuais e usados apenas
herbicida usar. isto pode-se perder a molécula de em pré-emergência da cultura tam-
Para conseguir uma molécu- glifosato e não ter necessariamen- bém podem ser interessantes para
la nova de herbicida não é uma te outra para suprí-la. Hoje exis- a tecnologia transgênica. O mes-
tarefa fácil. São poucas as novas tem equipamentos e tratores que mo também se aplica a herbicidas
Área de testes do IAC como MSMA e paraquat que não
são seletivos a cultura.
“Eu vejo com bons olhos a tec-
nologia geneticamente modificada
para cana, para alguns produtos,
para outros não. E desta maneira,
através de pesquisas e relaciona-
mentos com toda a cadeia do setor,
nós sabemos que algo está sendo
desenvolvido neste sentido nos
próximos anos”, comentou o pro-
fessor e pesquisador.
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12. Fernanda Clariano
O
s programas de melhoramentos da cana-de-açúcar são realizados para desenvolver variedades mais
produtivas e com maior tolerância ao estresse hídrico, maior resistência às pragas e doenças e me-
lhor adaptação ao plantio e a colheita mecanizada. Os órgãos de pesquisas que desenvolvem estes
programas, utilizam conhecimentos das áreas de biotecnologia, ciências do solo, nutrição de plantas,
climatologia, fisiologia, fitopatologia, entomologia, economia e outras.
Atualmente, existem quatro programas ativos de melhoramento genético em cana-de-açúcar no Brasil: o IAC
(Instituto Agronômico de Campinas), a Ridesa (Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor Sucro-
alcooleiro), o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), e a Canavialis.
Jardim
Varietal
no IAC -
Ribeirão O Programa Cana IAC vem tivares que contemplem esta ampla
Preto adotando desde o início da déca- diversidade ambiental, e isto se dá
da de noventa, um aspecto básico estabelecendo estratégias, não ape-
que é a regionalização da seleção nas de seleção local, mas também
para o desenvolvimento de novos de eleição de parentais com aptidão
cultivares de cana-de-açúcar. No regional que através de inúmeras
Brasil, tínhamos aproximadamen- combinações venham a constituir
te 5 milhões de hectares cultivados famílias mais adaptadas.
com cana-de-açúcar, o Estado de “Hoje as variedades consagradas
São Paulo tinha aproximadamen- na região mais tradicional de São
te 3 milhões de hectares com esta Paulo, não necessariamente, tem
cultura. A grande expansão que bom desempenho em Goiás, por
se deu entre 2003 a 2008 pratica- exemplo. Nestas outras regiões,
mente dobrou esta área, ocupando um novo grupo varietal tem sur-
solos de baixa fertilidade e regiões gido com performance agroindus-
de acentuado déficit hídrico, como trial mais destacada.
é o caso do Oeste paulista ou do Outro aspecto de destaque em
Centro-Oeste brasileiro. nosso programa é o biótipo va-
Portanto, tornou-se ainda mais rietal que buscamos, com carac-
Coordenador do Programa de Cana IAC e
relevante o desenvolvimento de cul- terísticas mais adaptadas ao con-
pesquisador científico, Dr. Marcos Landell.
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