Biolixiviação desconhecida traz benefícios à mineração
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minesustentabilidade
RIQUEZAS A SEREM
CATALISADAS
Por Ricardo
Gonçalves
Amplamente utilizada na mineração em outros
países, como Austrália, África do Sul e Canadá, a
biolixiviação é uma tecnologia que utiliza rotas
biotecnológicas para a recuperação de metais
presentes em minérios oxidados e sulfetados, na
fase de solubilização, ou para o pré-tratamento
de minérios e concentrados. De acordo com o
MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts),
a biolixiviação é utilizada em mais de 20% das
minerações de cobre de todo o planeta. No
Chile, estima-se que 30% do volume total de
cobre minerado no Chile passa pelo processo
biotecnológico. Na China, a Eldorado Gold con-
segue uma recuperação de 93 a 94% de ouro na
planta de Guizhou.
No Brasil, ainda prevalecem métodos tradicionais
e falta um trabalho consistente de P&D no país.
“Além disso, as indús-
trias e as universidades
possuem uma relação
relativamente distante, o
que dificulta a comuni-
cação entre elas”, afirma
Rafael Ferreira, CEO da
Itatijuca Biotech. Criada
oficialmente em 2014, a
empresa tenta reverter
esse quadro. Conta com
uma equipe de seis pro-
fissionais, 50% deles com doutorado, e consulto-
res renomados, como Denise Belaviqua, doutora
em Biotecnologia pela Univer-sidade Estadual
Paulista (UNESP) e viúva de Oswaldo Garcia Jr,
considerado o “pai” da biolixiviação na América
Latina – pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB),
Garcia foi o primeiro especialista do mundo a pro-
duzir urânio utilizando o processo biotecnológico.
Hoje, a empresa é a única a realizar o trabalho
com biolixiviação no país. No caso, o produto se
chama BioMIDAS. Sem contar a Vale que recente-
mente, desenvolveu, em paralelo, uma pesquisa
sobre a biolixiviação na extração de cobre conti-
do em minérios não processados na mina do
Sossego, em Canaã dos Carajás (PA).
Métodos de Aplicação – Há duas formas para a
aplicação da biolixiviação na mineração. Uma
delas se dá com custos muito mais baixos, no
comissionamento de uma planta, partindo do
zero. Dessa forma, não há necessidade de uma
planta de ácido sulfúrico para o processamento
mineral, pois as próprias bactérias utilizadas pro-
duzem o ácido. São as chamadas Acidithiobacillus
ferrooxidans e Acidithiobacillus thiooxidans, ino-
fensivas aos humanos. Esse método otimiza toda
a operação, reduzindo gastos para a mineradora e
possibilitando um licenciamento ambiental mais
simples. Além disso, o processo ainda consome
CO2.
A outra forma de aplicação se dá numa planta já
em operação. Neste caso, um módulo de biolixi-
viação é instalado. É um projeto de engenharia
muito menos complexo. Uma parceria foi fechada
recentemente com a Pöyry, pensando na experti-
se da empresa no planejamento, comissionamen-
to e gerenciamento de plantas, no start-up. “A
Pöyry será o braço de engenharia da Itatijuca e,
certamente, iremos cooperar na prospecção de
novas oportunidades”, relata Marcelo Xavier, dire-
tor de Mineração da Pöyry.
A estratégia da Itatijuca Biotech tem sido marcar
reuniões com CEOs e diretores das mineradoras
para conseguir apresentar seus benefícios e de que
forma as empresas podem otimizar suas opera-
ções. “Buscamos companhias de qualquer porte.
Em outros casos, são elas que nos procuram.
Somos especialistas em soluções com enxofre e
dominamos o processo de separação na metalur-
gia”, detalha Ferreira. “É importante ressaltar que
todos os metais sofrem lixiviação. exceto o ouro,
no qual a biolixiviação remove os interferentes
(enxofre, cianicidas e matéria carbonácea) expon-
do o ocluso, permitindo que seja recuperado com
menor custo por meio de cianetação".
Biolixiviação, desconhecida por muitas mineradoras no Brasil, traz benefícios na
recuperação de metais ou no pré-tratamento de minérios e concentrados
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