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VINHOS DOS
AÇORES
Rui Cruz
SOLO E CLIMA
• O arquipélago dos Açores, descoberto em 1427 por Diogo Alves, é constituído por nove ilhas, situando-se
em pleno oceano Atlântico.
• O clima é ameno e muito húmido durante todo o ano, com mudanças repentinas.
• As nove ilhas que constituem o arquipélago dos Açores, em pleno oceano são, a Ocidente as ilhas do
Corvo e das Flores. Faial, Graciosa, Pico, São Jorge e Terceira compõem o Grupo Central e Santa Maria e
São Miguel o Grupo Oriental. A diversidade de paisagens e culturas é uma das riquezas do arquipélago. A
vegetação muito verde, o mar e lagoas, fazem contraste com os negros solos de origem vulcânica.
• A natureza dos solos vulcânicos e o clima marítimo imprimem aos vinhos dos Açores uma identidade
única e exclusiva, que não se encontra em mais nenhum local. As vinhas açorianas são resistentes à
salinidade, ventos, ausência de solo, à grande proximidade do mar e à água salobra.
UM POUCO DE HISTÓRIA
A história do vinho nos Açores remonta ao século XV, quando as ilhas começaram a ser colonizadas
pelos portugueses. A produção de vinho foi introduzida nas ilhas pelos primeiros colonos e as
videiras foram plantadas nas encostas vulcânicas férteis.
Em 1850, devido a doenças como o fungo Oídio e a Filoxera, a produção de uva sofreu um embate
brutal e muitos agricultores não conseguiram subsistir. A consequência foi uma diminuição drástica
do património vitivinícola.
Na tentativa de recuperar parte do património vitícola que a ilha foi perdendo ao longo dos anos, de
tornar a produção mais rentável e de encontrar novos canais de distribuição, incluindo internacionais,
nasceu, em 1949, a Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico.
O percurso da produção de vinhos açorianos tem sido irregular, estando em queda desde 2020. É um
produto escasso mas muito procurado, esgotando muitas vezes.
VINHA
Para conhecer melhor os vinhos açorianos, é
preciso ter em conta alguns fatores, que estão na
origem de uma produção vinícola única e
excecional:
• Os solos vulcânicos são benéficos para o
cultivo das videiras, por serem ricos em
minerais e nutrientes.
• O clima de temperaturas amenas com pequena
amplitude térmica, pluviosidade elevada e
humidade acentuada, proporciona boas
condições ao desenvolvimento da produção
vinícola.
• Os currais de pedra.
CURRAIS
• O vinho dos Açores tem uma longa
tradição (terão sido os primeiros colonos,
no séc. XV, a implantá-la) e a sua produção
tem várias particularidades, a começar na
plantação. As vinhas são cultivadas nos
chamados currais, que as resguardam de
ventos marítimos e que com as suas
paredes de pedra vulcânica libertam o calor
acumulado durante o dia, ajudando as
vinhas a aquecer à noite.
• A invulgaridade desta paisagem levou a
UNESCO a classificar a vinha da Ilha do
Pico como Património Mundial.
DENOMINAÇÃO DE
ORIGEM PROTEGIDA
• Os Açores têm três Denominações de
Origem:
Pico, Graciosa e Biscoitos (na Ilha
Terceira).
CASTAS
As castas com maior expressão são o
Verdelho, o Terrantez do Pico, e o Arinto
dos Açores.
• O verdelho é a casta tradicional dos
Açores considerada a mais antiga e mais
típica do encepamento, igual ao Verdelho
da Madeira. Alguns estudos desta casta
comprovaram que é diferente da casta
Verdicchio italiana, do Verdejo casta
espanhola e da Gouveio portuguesa que
também é designada de Verdelho no
continente.
O Arinto dos Açores é uma casta única no mundo,
exclusiva, desconhecendo-se a sua origem. É a casta
mais resistente às dificuldades climáticas do
arquipélago.
O Terrantez do Pico é, também, uma das três castas
exclusivas dos Açores, sendo a casta que representa
uma maior área cultivada. É única no mundo e já
esteve praticamente em extinção. A designação
geográfica aliada ao nome é para não ser confundida
com o Terrantez plantado na ilha da Madeira e o
Terrantez do Continente, uma vez que são castas
distintas.
VINHOS E SUAS
CARATERÍSTICAS
• Os vinhos brancos dos Açores são muito
frescos, salinos, normalmente identificados
como minerais e iodados. Normalmente
apresentam-se em monocasta de Verdelho,
Terrantez do Pico ou Arinto dos Açores.
• Os vinhos tintos dos Açores são produzidos
a partir de castas como o Saborinho,
Agronômica, Aragonez, Castelão, Rufete,
Touriga Nacional e outras. São vinhos de
perfil fresco, com notas aromáticas
complexas, por vezes de musgo e
cogumelos.
• Na boca são persistentes e tensos.
VINHOS E SUAS CARATERÍSTICAS (continuação)
• Vinhos de cheiro, elaborados a partir de uvas da casta americana
Isabelle, chamado noutras regiões por americano ou morangueiro.
Nas terras açorianas e em alguns locais da europa persiste a tradição
de vinificar as uvas resultantes de híbridos americanos: cruzamentos
entre espécies americanas com vitis vinífera (parreira).
As castas que originam o vinho de cheiro são um património cultural
importante e que importa preservar. Apesar da proibição da
comercialização deste vinho, é uma tradição que se mantém viva entre
os produtores de vinho dos Açores.
• Da Ilha do Pico, também são famosos os vinhos licorosos, muito
antigos na sua história, aguardamentados e doces e com um grande
potencial de envelhecimento derivado da acidez das castas que estão
na sua base.Tem um tom dourado, com aromas a amêndoas, mel
com notas iodadas, com bom equilíbrio entre doçura e acidez.
ONDE COMPRAR VINHO
AÇORIANO
• Os vinhos açorianos são um produto de
nicho, devido às pequenas quantidades
produzidas. Ainda assim, podem ser
encontrados em garrafeiras
especializadas, fora do arquipélago.
• São conhecidos pela sua qualidade,
sendo especialmente apreciados na
Inglaterra, Rússia e Brasil e exportados
para diversos países.

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  • 2. SOLO E CLIMA • O arquipélago dos Açores, descoberto em 1427 por Diogo Alves, é constituído por nove ilhas, situando-se em pleno oceano Atlântico. • O clima é ameno e muito húmido durante todo o ano, com mudanças repentinas. • As nove ilhas que constituem o arquipélago dos Açores, em pleno oceano são, a Ocidente as ilhas do Corvo e das Flores. Faial, Graciosa, Pico, São Jorge e Terceira compõem o Grupo Central e Santa Maria e São Miguel o Grupo Oriental. A diversidade de paisagens e culturas é uma das riquezas do arquipélago. A vegetação muito verde, o mar e lagoas, fazem contraste com os negros solos de origem vulcânica. • A natureza dos solos vulcânicos e o clima marítimo imprimem aos vinhos dos Açores uma identidade única e exclusiva, que não se encontra em mais nenhum local. As vinhas açorianas são resistentes à salinidade, ventos, ausência de solo, à grande proximidade do mar e à água salobra.
  • 3. UM POUCO DE HISTÓRIA A história do vinho nos Açores remonta ao século XV, quando as ilhas começaram a ser colonizadas pelos portugueses. A produção de vinho foi introduzida nas ilhas pelos primeiros colonos e as videiras foram plantadas nas encostas vulcânicas férteis. Em 1850, devido a doenças como o fungo Oídio e a Filoxera, a produção de uva sofreu um embate brutal e muitos agricultores não conseguiram subsistir. A consequência foi uma diminuição drástica do património vitivinícola. Na tentativa de recuperar parte do património vitícola que a ilha foi perdendo ao longo dos anos, de tornar a produção mais rentável e de encontrar novos canais de distribuição, incluindo internacionais, nasceu, em 1949, a Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico. O percurso da produção de vinhos açorianos tem sido irregular, estando em queda desde 2020. É um produto escasso mas muito procurado, esgotando muitas vezes.
  • 4.
  • 5. VINHA Para conhecer melhor os vinhos açorianos, é preciso ter em conta alguns fatores, que estão na origem de uma produção vinícola única e excecional: • Os solos vulcânicos são benéficos para o cultivo das videiras, por serem ricos em minerais e nutrientes. • O clima de temperaturas amenas com pequena amplitude térmica, pluviosidade elevada e humidade acentuada, proporciona boas condições ao desenvolvimento da produção vinícola. • Os currais de pedra.
  • 6. CURRAIS • O vinho dos Açores tem uma longa tradição (terão sido os primeiros colonos, no séc. XV, a implantá-la) e a sua produção tem várias particularidades, a começar na plantação. As vinhas são cultivadas nos chamados currais, que as resguardam de ventos marítimos e que com as suas paredes de pedra vulcânica libertam o calor acumulado durante o dia, ajudando as vinhas a aquecer à noite. • A invulgaridade desta paisagem levou a UNESCO a classificar a vinha da Ilha do Pico como Património Mundial.
  • 7. DENOMINAÇÃO DE ORIGEM PROTEGIDA • Os Açores têm três Denominações de Origem: Pico, Graciosa e Biscoitos (na Ilha Terceira).
  • 8. CASTAS As castas com maior expressão são o Verdelho, o Terrantez do Pico, e o Arinto dos Açores. • O verdelho é a casta tradicional dos Açores considerada a mais antiga e mais típica do encepamento, igual ao Verdelho da Madeira. Alguns estudos desta casta comprovaram que é diferente da casta Verdicchio italiana, do Verdejo casta espanhola e da Gouveio portuguesa que também é designada de Verdelho no continente. O Arinto dos Açores é uma casta única no mundo, exclusiva, desconhecendo-se a sua origem. É a casta mais resistente às dificuldades climáticas do arquipélago. O Terrantez do Pico é, também, uma das três castas exclusivas dos Açores, sendo a casta que representa uma maior área cultivada. É única no mundo e já esteve praticamente em extinção. A designação geográfica aliada ao nome é para não ser confundida com o Terrantez plantado na ilha da Madeira e o Terrantez do Continente, uma vez que são castas distintas.
  • 9. VINHOS E SUAS CARATERÍSTICAS • Os vinhos brancos dos Açores são muito frescos, salinos, normalmente identificados como minerais e iodados. Normalmente apresentam-se em monocasta de Verdelho, Terrantez do Pico ou Arinto dos Açores. • Os vinhos tintos dos Açores são produzidos a partir de castas como o Saborinho, Agronômica, Aragonez, Castelão, Rufete, Touriga Nacional e outras. São vinhos de perfil fresco, com notas aromáticas complexas, por vezes de musgo e cogumelos. • Na boca são persistentes e tensos.
  • 10. VINHOS E SUAS CARATERÍSTICAS (continuação) • Vinhos de cheiro, elaborados a partir de uvas da casta americana Isabelle, chamado noutras regiões por americano ou morangueiro. Nas terras açorianas e em alguns locais da europa persiste a tradição de vinificar as uvas resultantes de híbridos americanos: cruzamentos entre espécies americanas com vitis vinífera (parreira). As castas que originam o vinho de cheiro são um património cultural importante e que importa preservar. Apesar da proibição da comercialização deste vinho, é uma tradição que se mantém viva entre os produtores de vinho dos Açores. • Da Ilha do Pico, também são famosos os vinhos licorosos, muito antigos na sua história, aguardamentados e doces e com um grande potencial de envelhecimento derivado da acidez das castas que estão na sua base.Tem um tom dourado, com aromas a amêndoas, mel com notas iodadas, com bom equilíbrio entre doçura e acidez.
  • 11. ONDE COMPRAR VINHO AÇORIANO • Os vinhos açorianos são um produto de nicho, devido às pequenas quantidades produzidas. Ainda assim, podem ser encontrados em garrafeiras especializadas, fora do arquipélago. • São conhecidos pela sua qualidade, sendo especialmente apreciados na Inglaterra, Rússia e Brasil e exportados para diversos países.