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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT)
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA E EXTENSÃO RURAL
APOSTILA
PISCICULTURA
PROF. NICOLAU ELIAS NETO
CUIABÁ/MT
2008
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ÍNDICE
CAPÍTULO 1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PEIXES
1.  Características gerais ......................................................................................... ............. ..4
CAPÍTULO 2 - ASPECTOS DE ENGENHARIA
1. Construção de benfeitoriasem piscicultura ....................................................................... ..7
2. Detalhes de construção dos viveiros e tanques .................................................................. 12
3. Classificações das instalações segundo sua finalidade ...................................................... 14
4. Infra-estrutura da piscigranja ............................................................................................. 15
5. Alteração biológica da água............................................................................................... 16
6. Tipos de cultivos ................................................................................................................ 17
7. Tipos de exploração ........................................................................................................... 18
8. Consorciamento.................................................................................................................. 19
CAPÍTULO 3 - REPRODUÇÃO DE PEIXES
1. Introdução........................................................................................................................... 22
2. Definições básicas.............................................................................................................. 22
3. Reprodução: um evento cíclico.......................................................................................... 22
4. Reprodução induzida.......................................................................................................... 23
5. Origem do plantel de reprodutores..................................................................................... 23
6. Biologia reprodutiva dos peixes......................................................................................... 24
7. Mecanismo endócrino da reprodução ................................................................................ 24
8. Idade para reprodução........................................................................................................ 24
9. Época de reprodução.......................................................................................................... 25
10. Hipofisação....................................................................................................................... 25
11. Administração do hormônio............................................................................................. 26
12. Hora-grau ......................................................................................................................... 26
13. Extrusão e fecundação...................................................................................................... 27
14. Coleta e produção das hipófises....................................................................................... 27
15. Incubação dos ovos .......................................................................................................... 31
16. Transportedas pós-larvas para os viveiros ...................................................................... 31
17. Alimentação das pós-larvas.............................................................................................. 32
18. Esquemade laboratórioe incubadora .............................................................................. 33
CAPÍTULO 4 - QUALIDADE DE ÁGUA E MANEJO EM PISCICULTURA
1. Oxigênio dissolvido............................................................................................................ 35
2. Constituintes da água dos viveiros..................................................................................... 38
3. Variações hidrológicas....................................................................................................... 38
4. Comunidades planctônicas................................................................................................. 43
5. Preparação do viveiro......................................................................................................... 46
6. Algumas observações importantes..................................................................................... 49
7. Cuidados com a fertilização química e orgânica................................................................ 50
CAPÍTULO 5- SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA PISCICULTURA
1. Seleção de espécies para piscicultura................................................................................. 52
2. Principais espécies nativas de peixes cultivadas no Brasil ................................................ 52
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3. Outras espécies nativas de importância econômica........................................................... 61
4. Espécies exóticas para piscicultura.................................................................................... 62
CAPÍTULO 6 - A DESPESCA E PRINCIPAIS DOENÇAS EM PISCICULTURA
1. A despesca.......................................................................................................................... 66
2. Doenças não-infecciosas .................................................................................................... 67
3. As principais doenças......................................................................................................... 68
CAPÍTULO 7 - O CULTIVO DE PEIXES EM TANQUES-REDE
1. Introdução........................................................................................................................... 71
2. O sistema de produção ....................................................................................................... 71
3. Tanques-rede e gaiolas....................................................................................................... 72
4. Fatores que afetam a produtividade em tanques-rede (TR) .............................................. 72
5. Aspectos construtivos dos tanques- rede e gaiolas............................................................. 77
6. O planejamento da produção em tanques-rede .................................................................. 83
7. Capacidade de suporte de pequenas represas e açudes com tanques-rede......................... 84
ANEXO ........................................................................................................................................86  
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CAPÍTULO 1
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PEIXES
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1. CARACTERÍSTICAS GERAIS
São vertebrados aquáticos de respiração branquial e incapazes de regular a temperatura
corporal (pecilotérmicos). São anatômica e fisiologicamente mais simples que os vertebrados
superiores, são muito mais especializados e diversificados, apresentando inúmeras adaptações
reprodutivas, alimentares e morfológicas que os capacitam a ocupar todos os nichos ecológicos
que o meio aquático apresenta.
Pela facilidade de realizarem trocas gasosas com o meio, os peixes apresentam
aproveitamento ótimo da energia consumida como alimento. Também pelo fato de não
despenderem energia para regular a temperatura corporal (homeostase térmica) e pouca energia
para se locomoverem, sua conversão alimentar é altamente eficiente.
Seu formato afilado e fusiforme é uma característica presente maioria das espécies. Isto se
deve às limitações impostas pelo meio em que vive, pois a água é cerca de 800 vezes mais densa
do que o ar. O corpo apresenta simetria bilateral, é recoberto por escamas e por uma camada de
muco recobrindo todo o corpo. A pele é contínua até mesmo sobre os olhos e tem função
protetora e apresenta vários órgãos anexos: as escamas; os cromatóforos ou células pigmentosas;
os fotóforos ou órgãos luminescentes e várias glândulas secretoras de muco ou de substâncias
irritantes de função defensiva.
A linha lateral funciona como órgão tátil dos peixes e é por ela que os peixes percebem as
mudanças de temperatura, salinidade, sons, etc. As nadadeiras são os apêndices locomotores dos
peixes. O meio onde vivem facilita a sua locomoção pela força de empuxo da água, que mesmo
reduzindo a velocidade de locomoção, facilita a natação e a flutuação, diminuindo o dispêndio de
energia e facilitando a locomoção por movimentos ondulatórios corporais e agitação das
nadadeiras. As nadadeiras dividem-se em pares: (ventrais e peitorais) e ímpares (anal, caudal,
dorsal e adiposa) (Figura 1).
A respiração é propiciada pela água que entra pela boca, passa pelas guelras, onde são
feitas as trocas gasosas - retirada do oxigênio e excreção do gás carbônico que sai pelas fendas
atrás dos opérculos. A absorção do oxigênio é difícil porque sua concentração na água é muito
menor que no ar. Entretanto podem utilizar até 60% do oxigênio absorvido, em contraste com os
mamíferos que utilizam apenas 20%. As guelras também têm a função de retirar sais minerais da
água e expelir a amônia.
O sistema circulatório dos peixes é simples, o fluxo sanguíneo é unidirecional. O coração
tem cavidades simples que conduzem apenas sangue venoso, que ao passar pelas brânquias se
torna arterial. Os peixes também apresentam orifícios, sendo os orifícios do trato digestivo: boca,
fendas branquiais e ânus; e os orifícios relacionados com os órgãos dos sentidos: as fossas
oculares, as narinas e os poros da linha lateral.
O trato digestivo apresenta boca, esôfago, estômago, intestino anterior, intestino médio,
intestino posterior ou grosso e ânus. O sistema excretor é simplificado com apenas um rim,
disposto longitudinalmente no corpo, abaixo da coluna vertebral. Esse rim comunica-se com o
poro uro-genital por onde é eliminada a urina, que é praticamente isenta de metabólitos
nitrogenados, possibilitando, assim, aos peixes grande economia de energia. É através do poro
uro-genital que os peixes eliminam os ovos e espermatozóides nas épocas de reprodução das
espécies.
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Figura 1: Parâmetros morfométricos (A) e figuras anátomo-morfológicas externas (B) do corpo
dos peixes.
A
B
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CAPÍTULO 2
ASPECTOS DE ENGENHARIA
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1. CONSTRUÇÃO DE BENFEITORIAS EM PISCICULTURA
A piscicultura é uma parte da aqüicultura e pode ser praticada em tanques, viveiros,
açudes, gaiolas ou tanques redes e balsas, no sistema “raceways”, em canais, aquários, etc.
A construção adequada de tanques e viveiros é de vital importância para o manejo dos
peixes e, conseqüentemente, para o aumento da produtividade. Para iniciar um projeto de
piscicultura e ter sucesso na atividade é necessário estar atento às condições de implantação, as
quais dependem fundamentalmente dos seguintes fatores:
•  Topografia do terreno
•  Tipo de solo
•  Avaliação da qualidade e quantidade da água.
•  Proximidade de mercado consumidor com capacidade de absorver a produção
•  Facilidade de acesso ao local
•  Dados meteorológicos
• 
Condições climáticas ideais para o cultivo das espécies
•  Manejo a ser adotado
•  Infra-estrutura básica.
Todos estes dados irão influenciar no processo construtivo, no tamanho da exploração e
nos custos de implantação.
1.1. Topografia do terreno
Como as modernas técnicas de engenharia permitem a construção em quase todos os tipos
de terrenos, devemos dar preferência aos terrenos planos ou com declividade suave (5%) que
permitam a construção de tanques com a mínima movimentação de terra, assim como, o
abastecimento e escoamento por gravidade, que irá baratear os custos de construção e
operacionalização do projeto.
É a topografia que determinará o volume de terra a ser movimentada. Quanto maior o
declive do terreno, maior será a movimentação de terra e mais alto será o custo de construção dos
viveiros, mas será menor a superfície de terra a ser inundada.
Deve-se observar a distância da tomada de água e a cota mais elevada da área dos
tanques, de modo a permitir o abastecimento d’água através da gravidade.
Assim, antes da tomada de decisão, deve-se efetuar o planejamento de todas as etapas a
cumprir. Portanto, deveremos ter em mãos:
•  declividade do terreno;
•  diferença de nível existente nos diversos pontos do viveiro;
•  curvas de nível do terreno, marcadas metro a metro;
•
  linhas e ângulos de contorno da área;
Estes fatores determinarão a disposição, número de tanques e forma dos viveiros. Nunca
devemos esquecer que a maior dimensão dos tanques (comprimento, nos tanques retangulares)
seja paralela às curvas de nível do terreno para propiciar uma maior economia no trabalho de
terraplanagem.
1.2. Tipo de solo 
Os melhores solos para piscicultura são os semipermeáveis (intermediários entre o
arenoso e o argiloso). Os solos arenosos e turfosos são permeáveis, não sendo indicados quando
se dispõem de pouca quantidade de água. Os solos muito argilosos racham quando esses são
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completamente esgotados, devido às características de expansibilidade das argilas quando perdem
água.
Quanto aos aspectos de fertilidade, é recomendável a escolha dos solos com fertilidade
moderada, principalmente quanto aos teores de N e P, que são os nutrientes necessários à
produção primária, ou seja, formação do plâncton. Os solos de estrutura mediana, também
favorecem no trabalho de escavação e compactação das paredes e do fundo dos tanques, evitando
assim a infiltração excessiva de água.
É recomendável uma sondagem do subsolo, a fim de evitar a construção de tanques em
solos arenosos, pedregosos ou turfosos ou sob grandes formigueiros, sendo esses solos pouco
produtivos e muito permeáveis. Em termos gerais, os solos apropriados para projetos de
piscicultura deverão ter o teor de argila acima de 30% e o de areia abaixo de 50%. Valores fora
desses limites tendem a tornar o projeto inviável.
Obs. Um solo é considerado impermeável quando tiver níveis de infiltração entre 6 a 7
mm de água/dia.
1.3. Quantidade e qualidade de água
A piscicultura demanda água de qualidade e de quantidade abundante. As melhores
águas são a de poços profundos (artesianos), pois apresentam pouca variação em relação às
épocas do ano, são isentas de predadores, patógenos, peixes invasores, agrotóxicos e poluentes.
Sua grande desvantagem é o custo da construção, perfuração, bombeamento e da vazão que na
maioria das vezes são insuficientes. Além disso, estas águas profundas possuem oxigênio muito
baixo e gás carbônico e nitrogênio a níveis muito elevados. Por isso essas águas devem receber
um tratamento especial quando forem utilizadas em piscicultura, principalmente no que se refere
à sua oxigenação, devendo a mesma ser armazenada antes de ir aos tanques ou viveiros em
depósitos com grande superfície de área onde receberão oxigênio naturalmente ou com o auxílio
de aeradores. Também devem ser abastecidas aos tanques a uma altura que favoreça a sua
oxigenação pela queda brusca da água. Por outro lado devido à sua facilidade de obtenção, baixo
custo e manejo mais simples, as águas superficiais de fontes, como rios e riachos são as mais
utilizadas, desde que sejam limpas, perenes e sem contaminantes.
Se possível as águas de abastecimento dos viveiros devem ter a sua nascente dentro da
propriedade, por permitir o completo acompanhamento de suas características naturais. Caso isso
não seja possível devemos evitar as águas que margeiam lavouras que usam constantemente
produtos químicos, bem como as águas que recebem dejetos industriais ou residenciais, cujos
contaminantes podem levar ao fracasso qualquer sucesso esperado em piscicultura.
Os teores de oxigênio disponível (OD) devem estar em torno de 6,0 mg/l ou mais. O pH
deve estar de neutro a alcalino, ideal para o crescimento das comunidades planctônicas como para
as necessidades das espécies a serem cultivadas. As águas alcalinas são as mais produtivas. A
água ou o solo do viveiro com pH abaixo de 6,0 deverão ser necessariamente corrigidos.
A quantidade de água deverá ser o suficiente para permitir a reposição das perdas por
evaporação, infiltração e renovação dos tanques. Os levantamentos da capacidade de
abastecimento deverão ser feitas nas épocas mais críticas do ano, ou seja, no período seco.
Em piscicultura semi-intensiva, recomenda-se que além de repor as perdas diárias, a
vazão necessária seja suficiente para renovar de 10 a 15% do volume dos tanques por dia. Para a
piscicultura intensiva é necessário que a água alcance um fluxo de 1,0 l/min/ kg de peixe em
estoque. Já para a piscicultura extensiva recomenda-se que a vazão da água reponha as perdas
diárias de evaporação e infiltração. A vazão mínima necessária deverá ser em torno de 10
litros/s/ha de lâmina d’água.
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Em nossas condições de clima tropical as perdas de água por evaporação e infiltração
chegam ser de 2 a 3 cm/dia de lâmina d’água, perdas essas a serem consideradas para efeitos de
cálculo da vazão necessária.
O volume de água necessário é calculado em função da área e da profundidade do
viveiro, nunca se esquecendo de acrescentar as perdas por evaporação, infiltração e renovação.
1.4. Proximidade do mercado consumidor 
Sabemos que a carne de peixe apresenta perdas do seu valor protéico e deterioração
bastante acelerada. Assim, centros consumidores próximos às granjas piscícolas são interessantes,
pelo fato de fornecerem um produto de qualidade ao consumidor, que geralmente tem preferência
pelo peixe fresco. Longas distâncias e vias de acesso ruins são empecilhos graves a serem
vencidos pelo criador e que às vezes impede o sucesso da criação. Além desses fatores há de se
correlacionar a capacidade de consumo de pescado na região.
1.5. Dados meteorológicos
É de suma importância conhecer os fatores climáticos que influenciarão diretamente o
criatório, para se tomar medidas preventivas, tanto de manejo como de construção das
benfeitorias em piscicultura.
Registros anteriores de precipitação, temperaturas médias, insolação, ventos dominantes,
etc. devem ser levantados por um período longo de tempo (em torno de 50 anos), principalmente
dados de enchentes e estiagens prolongadas. Consultas às estações meteorológicas locais e com
moradores mais velhos da região são recomendados neste processo.
As medidas de vazão dos cursos d’água a serem utilizadas para abastecimento deverão
ser feitas, nos períodos mais secos do ano, para não se incorrer em erros futuros e vir a ter
problemas de abastecimento dos tanques, e aí tendo que se lançar mão de outros artifícios como
bombeamento, que é bastante oneroso e a venda dos peixes fora do tamanho e peso ideal, caso a
vir a ter problemas com a falta de água.
As condições climáticas correlacionadas com as espécies a serem criadas, também serão
analisadas. A temperatura da água influencia em todos os aspectos da vida dos peixes
(crescimento, desova, alimentação, respiração, etc.) na quantidade de oxigênio dissolvido no
meio e na ação tóxica de certos compostos. Em nossas condições tropicais, temos grandes
quantidades de espécies nativas, adaptadas ao clima, que também é favorável à atividade em
questão.
São consideradas frias as águas cujo limite de temperatura está em torno de 20ºC.
Espécies como a truta e os salmões se adaptam muito bem às essas faixas térmicas. Já as águas
quentes seriam aquelas cujas temperaturas ótimas para o crescimento dos peixes está em torno de
25 a 32ºC. Importante lembrar que quanto menor for a variação da temperatura durante o dia,
melhor será o ambiente para os peixes.
1.6. Manejo a ser adotado
Está diretamente ligado à escolha da espécie a ser cultivada, sendo que este fator deve
interagir com os demais, como a quantidade e qualidade de água, oxigênio disponível,
temperatura, mercado consumidor, condições topográficas, para se chegar a um resultado
comum. Sabemos que o potencial de número de espécies a ser trabalhado é grande, mas, a
pesquisa em piscicultura é recente e a opção de escolha sempre tem recaído com o que se tem
disponível em termos de tecnologia de produção, cujo processo é dominado pelos órgãos de
pesquisa e por criadores mais tecnificados.
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1.7. Infra-estrutura
A infra-estrutura básica deve ser favorável no processo de levantamento de dados
preliminares para elaboração do projeto de piscicultura. Deve ser observada a disponibilidade de
energia elétrica e se essa energia é constante ou não (geralmente é inconstante no meio rural),
devendo neste sentido providenciar a instalação de um grupo gerador de reserva com capacidade
para suportar as necessidades mais urgentes como: aeradores, freezers, incubadoras, iluminação
de emergência, etc. As condições de estradas, pontes, fornecedores de insumos, alevinos,
assistência técnica, equipamentos, oficina, também deverão ser diagnosticadas.
1.8. Construção de tanques, viveiros e açudes
São construções diferenciadas sendo:
VIVEIROS- são reservatórios construídos em terreno natural dotados de sistemas de
abastecimento e de drenagem. Estruturalmente são divididos em viveiros de barragem (açudes),
viveiros de derivação e viveiros sem derivação de cursos d’água.
a) Açudes - são construídos a partir de um dique ou barragem, capaz de interceptar um
curso de água. Também poderão ser feitas represas maiores com a finalidade de acumular água
para abastecimento dos viveiros e tanques.
A barragem contará com alguns cuidados para poder cumprir sua finalidade. Deverá ter a
forma de um trapézio, com a crista horizontal, medindo, no mínimo, 3,0 m de largura. Sua base
deve ter, para cada metro de altura do dique acima de 1,0 m, mais 0,30 m na largura da crista.
Essa altura está correlacionada com o volume de água a ser estocado. As paredes externas e
internas da barragem, chamadas taludes devem ser chanfradas, sendo o talude interno com
inclinação menor 1:1,5 e o talude externo com inclinação de 1:2,5 em relação à altura do dique.
Os dois modelos de cálculo são aceitos existindo variantes quanto ás dimensões externas e
internas dos taludes, havendo controvérsias, alguns autores recomendam o talude interno com
inclinação maior que o externo, ou com a mesma inclinação. Para solos pouco argilosos e de
infiltração um pouco acentuada é recomendado a construção de um núcleo central de argila, com
1,0 metro de largura e até 60,0 cm abaixo do nível do solo, com forma de um canal. A barragem é
construída com sucessivas camadas de 10 a 20 cm de solo muito bem compactado.
A altura da barragem deve ultrapassar cerca de 80 cm acima da altura da lâmina d’água
da represa e do ladrão, como medida de segurança em épocas de chuvas. O ladrão ou
sangradouro poderá ser de vários materiais, PVC, cimento, ferro ou mesmo manilhas de barro
queimado. Deverá ser colocado à altura do nível da água que se quer manter na represa ou açude.
O sangradouro deve ter capacidade para escoar o volume de água igual ao da maior precipitação
ocorrida nos últimos cinqüenta anos. Na construção de açudes deve-se inicialmente retirar as
árvores, arbustos, pedras, troncos, de modo a dar condições da despesca com redes de arrasto e
tarrafas. O nivelamento do fundo permite uma melhor despesca com a rede de arrasto e evita a
formação de poças d’água quando da drenagem do mesmo. Vantagens dos açudes: baixo custo de
construção por aproveitar os pequenos vales para a sua alocação. Desvantagens: não se tem um
controle efetivo da qualidade da água; risco constante de rompimento na ocorrência de chuvas
muito fortes; dificuldade de manejo (adubação, alimentação artificial e principalmente das
despescas); às vezes pode restringir só ao cultivo de espécies pouco exigentes em oxigênio,
devido à pequena taxa de renovação de água.
b) Viveiros de derivação - são construídos em terrenos que apresentam grande
declividade ao longo do curso de água (declive longitudinal), e em pontos onde é fraco o declive
transversal do terreno. Tanto o abastecimento quanto a drenagem são feitos por canais ou
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tubulações. Os taludes devem ser construídos com inclinação de 45º. As principais vantagens são:
facilidade no manejo e o controle de entrada e saída do fluxo de água. Desvantagens: custo mais
alto de construção.
c) Viveiros sem derivação do curso de água: são construídos com barragens sucessivas
no curso d’água. O custo é relativamente baixo, mas tem o inconveniente de não se controlar a
água que passa de um viveiro para outro e o esvaziamento de um dependerá do esvaziamento do
outro. Recomenda-se que a água de um viveiro passe ao outro de sua parte mais superficial
possível, possibilitando menos sujeiras e maior oxigenação. Vantagens: baixo custo de
construção. Desvantagens: não renova completamente a água, limita à peixes resistentes a
baixos teores de oxigênio disponível, difícil esvaziamento dos viveiros.
TANQUES - são benfeitorias cuja característica básica reside no fato de serem
revestidos (alvenaria, pedra, tijolos ou concreto). Esse revestimento pode ser total ou parcial
(apenas as paredes laterais). São recomendados para terrenos arenosos, pedregosos ou para a
larvicultura, incluindo o cultivo do microrganismo alimento. São de custo mais alto, mas,
apresentam alta produtividade. Suas paredes podem ser verticais ou podem apresentar uma
inclinação entre 30 a 40º. Também são de baixa manutenção e grande durabilidade.
1.8.1. Diferenças e comparações entre tanques e viveiros 
Os viveiros são reservatórios naturais, cujos detalhes de construção diferenciam-no dos
tanques. Os viveiros se aproximam mais com as condições naturais, são menos onerosos na sua
construção, mas, os cuidados com a sua manutenção são redobrados, principalmente contra os
desmoronamentos e inclinação das paredes externas e internas.
O tamanho dessas construções são variáveis, dependem da topografia do terreno,
finalidade da construção (engorda, alevinagem), biologia da espécie e aspectos econômicos da
construção. Tanques ou viveiros pequenos apresentam vantagens de serem de fácil manejo,
enchimento e escoamento mais rápido, tratamento de doenças, eliminação de parasitas e
predadores, fácil manutenção e finalmente, as possíveis perdas no tanque ou viveiro pode não
representar grandes prejuízos.
Os viveiros de maior tamanho, também apresenta vantagens, pois permitem uma melhor
ocupação do espaço disponível na propriedade, além de serem mais econômicos sua construção
por unidade de área. Adicionalmente, tais viveiros possibilitam uma melhor estabilidade dos
parâmetros de qualidade da água.
A profundidade dos viveiros não deve ser muito grande. Para o nosso clima, a média de
1,20 a 1,50 metros é a mais recomendada, pois garante a penetração de luz até o fundo,
aumentando a produção primária e, também, reduzindo o volume necessário e as práticas de
manejo da água.
Quanto ao formato dos tanques, as plantas quadradas exigem menor movimentação de
terra na construção dos diques e na escavação, se comparados com os tanques retangulares, ovais,
circulares ou de formato irregular. Entretanto, os mais utilizados são os tanques retangulares com
proporção de 1x4 (largura x comprimento). Essa configuração retangular vem a proporcionar
uma hidrodinâmica favorável á oxigenação.
O fundo dos tanques e dos viveiros deverá ter uma declividade variando de 0,5 a 2,0%,
partindo da extremidade de entrada de água para o escoamento. Este desnível propicia o arrasto
das substâncias depositadas no fundo em direção à saída de água. Este desnível também favorece
a despesca, pois os peixes irão se acumular na parte mais funda dos tanques, onde deverá ser
instalada a caixa de coleta. Esta caixa deverá ter 0,2% de toda a área do viveiro, com 30 a 50 cm
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de profundidade, revestida lateralmente de tijolos ou toda de concreto, já que fica junto ao
monge. O seu formato deverá ser retangular. Existe variante deste sistema de refúgio dos peixes,
principalmente para tanques muito grandes onde a caixa de coleta não suportaria a carga de
peixes presentes ali. Desse modo é comum a construção de uma valeta estreita ao longo do eixo
central do tanque com profundidade em torno de 40 cm e uma largura de 2,0 a 3,0 metros. Um
leve declínio transversal favorecerá o escorregamento dos peixes para este canal.
2. DETALHES DE CONSTRUÇÃO DOS VIVEIROS E TANQUES
2.1. Limpeza da área 
É uma operação idêntica à realizada para os açudes, com a retirada de árvores, arbustos,
raízes, etc. Tem a finalidade de favorecer o ambiente no viveiro e facilitar o trabalho das
máquinas na escavação.
2.2. Tubulações de entrada e saída de água 
Necessárias para o controle do nível da água no tanque e o esvaziamento total num prazo
ao redor de 5 dias. A tubulação de entrada de água aporta de canais de abastecimento que são
geralmente abertos e revestidos de concreto. Sua inclinação deverá ser de 1,0 a 4,0%º, garantindo
menor velocidade da água e uma distribuição mais uniforme. Estes canais são de fácil
manutenção e permitem a oxigenação da água desde sua tomada no reservatório até seu aporte no
tanque. A tomada de água no reservatório deve ser feita pouco abaixo da superfície,
proporcionando água mais limpa e oxigenada. A entrada de água nos tanques deverá ser feita por
tubos de PVC ou calhas de modo que avancem sobre a margem dos tanques com uma altura em
torno de 0,5 metros, para permitir melhor oxigenação pela queda e borbulhamento. Deve-se
sempre ter filtros e telas nas captações de água do reservatório como na tubulação que vai aos
tanques. A entrada desta água deverá ser oposta á saída da mesma dos tanques.
O sistema de escoamento em vasos comunicantes (monge) é o mais indicado para
tanques de piscicultura. Os monges podem ser construídos externa ou internamente aos tanques.
Os dois sistemas devem ser construídos quando da determinação da base da barragem, onde se
assentam as tubulações (PVC, ferro ou concreto). A canalização deverá prolongar-se 1,0 metro
antes e depois da base da barragem para evitar entupimentos por erosão e propiciar a construção
da base do monge. O declive deste cano deverá ser de 1,0%.
Outro sistema é o escoamento na forma de sifão, usando tubos de PVC em forma de cachimbo,
onde se regula a altura da água em movimentos pendulares do mesmo. Qualquer que seja o caso
deve-se proteger a saída d’água para evitar o escape de peixes e entupimento dos drenos.
2.3. Canalização de abastecimento ou alimentação. 
Este canal pode ter forma retangular ou trapezoidal, com paredes revestidas de cimento
ou tábuas ou mesmo canais escavados no solo. Seu tamanho será variável e dependerá da
quantidade de água necessária para abastecimento (Tabela 1).
Tabela 1: Dimensões para tomada de água.
Canal de alimentação Vazão menor 20 l/s Vazão entre 20 e 30 l/s 
Largura do fundo (cm) 25 a 30 50
Profundidade (cm) 25 a 40 60 a 80
Declividade do fundo Zero 1/1000
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2.4. Tomada de água para abastecimento. 
É o local de onde provém a água para abastecer os tanques ou viveiros. Geralmente são
derivações do curso de água ou provenientes de grandes represas para abastecimento dos tanques.
A tomada de água é conseguida com uma obstrução do leito do rio ou córrego, total ou
parcialmente, de forma a elevar este nível de água e derivá-lo para os canais de alimentação.
Poderá ser feita por pequenas represas ou mesmo obstrução com madeiras, pedras, argila ou
concreto.
2.5. Canal de escoamento
Deve-se obedecer as regras de construção dos canais de abastecimento, com declividade
de 1% ou mais, se as condições do terreno permitir.
2.6. Filtros e telas de proteção
São utilizados para impedir a entrada de outros peixes e predadores, bem como a saída de
peixes do cultivo do tanque. Exigem manutenção periódica e podem ser colocados em vários
locais entre elas citam-se:
•  Entrada da canalização de alimentação principal;
•  Entrada ou saída das canalizações ou tubos de alimentação dos tanques;
•  Saída das canalizações de escoamento (monge ou sifão), para impedir fuga de
peixes;
•  Entrada das canalizações de escoamento para evitar entupimentos.
2.7. Impermeabilidade do fundo 
Necessária para diminuir a infiltração de água, com a compactação do solo ainda um
pouco úmido. Esta compactação poderá ser acompanhada de calcário, esterco e adubos químicos.
Neste sentido favorecerá a formação do lodo e decantação de partículas que obstruirá os poros e
pequenas aberturas no fundo dos viveiros.
2.8. Aeração
São utilizados mecanismos artificiais para melhorar as quantidades de oxigênio disponível
nos tanques, principalmente nas horas mais críticas (primeiras horas do dia). Os meios mais
utilizados são:
•  Tubos perfurados de forma oblíqua ao fluxo, obrigando a entrada de ar no sistema
pela própria sucção procedida pela rápida e contínua passagem da água. São
utilizadas quando não é possível o uso de canaletas de abastecimento a céu
aberto.
•  Tubos ou canaletas dispostos em cima do tanque, para permitir a queda
prolongada, borbulhamento e oxigenação da água.
•  Aerador mecânico, com pás de movimentação rápida e vigorosa, podendo ser
acionado por tratores, geradores a diesel ou energia elétrica.
2.9. Entorno
São as áreas em volta dos tanques. Deve-se observar nesse sentido um plano para facilitar
o manejo, como movimentação de máquinas, caminhões, distribuidores de rações, etc.
2.10. Distância a ser guardada entre viveiros
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Pelo menos em três de seus lados deverá ter uma distância de 3,0 metros. Os tanques ou
viveiros poderão ser construídos aos pares, separados por uma simples parede, suficiente para não
permitir a mistura de água entre eles.
2.11. Gramados
Os gramados visam dar sustentação ao terreno, prevenindo desabamentos (preferência por
gramíneas de raízes estoloníferas) Brachiaria decumbens, capim rhodes, quicuio, etc. O plantio
de árvores e arbustos deve ser estudado com critério, pois o sistema radicular destas podem
causar danos graves aos tanques.
3. CLASSIFICAÇÕES DAS INSTALAÇÕES SEGUNDO SUA FINALIDADE
3.1. Viveiros de reprodutores
São construídos com profundidade variando de 1,7 a 2,0 metros. Sua área deve ser de 200
a 1000 m2
. A densidade utilizada gira em torno de 5,0 m2
para cada Kg de peso vivo do
reprodutor ou matriz.
3.2. Tanques de reprodução
São destinados ao manejo reprodutivo dos peixes que se reproduzem em cativeiro. Devem
ter o fundo de terra e sua área em torno de 50 a 100 m2
.
3.3. Tanques de larvicultura
São aqueles que recebem as pós-larvas e que irão sofrer uma triagem e serão recriados até
a 1ª alevinagem, sendo transferidos quando começam a se alimentar. Poderão ser transferidos
para tanques berçários flutuantes feitos com tela de nylon com malha de 0,3 mm; para tanques de
alevinagem ou mesmo no viveiro adubado recentemente.
3.4. Viveiro de alevinos
São construídos em terreno natural, com área de 100 a 200 m2
, com profundidade de 1,2
a 1,5 m. Suas paredes devem ter inclinação de 2:1 (dois metros de largura para cada metro de
altura). Devem possuir sistemas de abastecimento e drenagem. A densidade varia com a espécie
que se vai trabalhar, geralmente está em torno de 50 a 500 alevinos por m2
.
3.5. Viveiros de crescimento, recria ou engorda
Sua área é muito variável, podendo ir de 1000 até 5000 m2
. As represas ou açudes podem
ser transformadas ou adaptadas em viveiros de engorda. Para tanto, devem ser totalmente
drenadas, a fim de eliminar as espécies indesejáveis e permitir a coleta total dos peixes estocados.
Sua densidade varia com o manejo alimentar e o fluxo de abastecimento de água e da tecnologia
utilizada, podendo ir de 1,0 peixe para cada 10 m2
ou até 2,0 peixes/m2
.
3.6. Viveiros de produção de plâncton
São aqueles extremamente adubados, eutrofizados para alta produtividade de plâncton.
3.7. Tanques de depuração
São tanques de alvenaria, abastecidos com água limpa, onde os peixes ficam em torno de
um a quatro dias para retirada de eventual sabor desagradável que possam apresentar, logo após a
sua colheita. São tanques pequenos com tamanho médio de 50m2
.
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3.8. Tanques de quarentena
São destinados a estocagem de reprodutores ou alevinos de outras procedências por um
período de tempo em torno de um mês. Sua localização deverá ser a mais jusante possível dos
viveiros, de modo a evitar a transmissão de eventuais doenças infecto-contagiosas.
4. INFRA-ESTRUTURA DA PISCIGRANJA
São as construções necessárias à operacionalização de todo o processo produtivo. As
ilustrações dos principais equipamentos e instalações utilizados na infra-estrutura de uma
piscigranja encontram-se em anexo no final desta apostila.
4.1. Barracão para preparo e estocagem de ração
Local apropriado para o preparo de ração podendo conter em seu interior:
•  misturador de ingredientes (tipo betoneira)
•  triturador de grãos
•  balança tipo plataforma
4.2. Barracão para guarda dos equipamentos utilizados no trabalho cotidiano com os peixes
(redes , tarrafas, enxadas, baldes, puçás, carrinho -de- mão, etc.).
4.3. Laboratórios
a) Móvel - são utilizados equipamentos portáteis para monitoramento das condições da
água e da biometria dos peixes. Seus principais equipamentos são: oxímetro (determinação do
oxigênio disponível), pHmetro (determinação do pH da água), salinômetro (sais), condutivímetro
(condutividade elétrica, mede a quantidade de partículas em suspensão na água pela corrente
elétrica que transmitem), ictiômetro (medidas de comprimento e largura), balança e o disco de
Secchi que medirá a turbidez da água.
b) Estático - é a instalação geralmente destinada para trabalhos de reprodução artificial
dos peixes. Nela estão os equipamentos como balanças analíticas, incubadoras tipo funil, tanques
de espera para reprodutores, etc.
4.4. Equipamentos de limpeza
São os materiais ou equipamentos necessários para a manutenção dos viveiros e da área
em volta dos mesmos. Entre eles citam-se: equipamentos de capina, poda e varredura (enxadas,
foices, alicates de poda, vassouras, ancinhos, etc.).
4.5. Equipamentos de captura
Compõem-se de todos os apetrechos para captura dos peixes, entre eles citam-se:
a) Rede de plâncton- para coleta do material sobrenadante, destinados à análise dos
integrantes do fito e zooplâncton presentes na água e também para abastecimento de plâncton aos
viveiros. Apresenta-se com rede de malha milimétrica, formato cônico com abertura da boca
medindo 30,0 cm de diâmetro.
b) Tarrafa- utilizada para capturar peixes com o tanque cheio, geralmente utilizada para
amostragens e determinação do tamanho e peso dos peixes. É constituída de rede cônica com
chumbadas na borda para rápido afundamento e captura dos peixes.
c) Picaré - É uma estrutura de redes fixadas com madeiras nas extremidades e utilizadas
para cercar e conter os peixes nos cantos dos tanques.
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d) Rede de arrasto- Utilizada em tanques onde o esgotamento da água não pode ser total
na despesca. Exige no mínimo três pessoas para manuseio. Apresenta chumbadas na parte
inferior e bóias na parte superior. Tamanhos de até 15,0 x 2,0 metros são ideais para arrasto,
facilitando o trabalho.
4.6. Equipamentos de seleção
São as redes de malhas calibradas, facilita a triagem dos animais quanto ao tamanho. Ao
passá-la pelo tanque seleciona os peixes de acordo com o tamanho da malha.
4.7. Baldes para contagem
São baldes com o fundo e as laterais perfurados, muito utilizados quando se processa a
venda de alevinos. A contagem sempre é feita por amostragens. Pode ser utilizado para o mesmo
trabalho pequenas peneiras plásticas.
4.8. Puçás ou passaguás
São pequenas redes armadas com aros metálicos, utilizados para selecionar peixes já
capturados (para pesagens, reprodução induzida, etc.). Também são utilizados para retirada de
lixo sobrenadante como folhas, madeira, papel, etc.
5. ALTERAÇÃO BIOLÓGICA DA ÁGUA
São as alterações causadas por diversos tipos de poluentes.
5.1. Poluição doméstica
São os resíduos residenciais jogados diretamente nos rios, que causam problemas de
contaminação na água e também nos peixes. Geralmente causam distúrbios por modificarem o
ambiente onde vivem. Diminuem o oxigênio disponível pela maior eutrofização do ambiente
aquático e causam também maior acidez ou alcalinidade, deixando a água menos favorável ao
desenvolvimento dos peixes. Os principais resíduos ambientais domésticos que trazem problemas
aos peixes são: vidros, latas e plásticos; restos de alimentos; dejetos de esgotos sem tratamento.
5.2. Poluição agrícola
São os poluentes mais danosos que afetam a qualidade biológica da água, devido a grande
persistência e alta mortalidade que causam aos peixes. Os inseticidas e pesticidas do grupo dos
DDT e organoclorados em especial Dieldrim, Endrim, BHC e Heptacloro, foram os pesticidas
mais encontrados em amostras realizadas. Por serem de baixa solubilidade são persistentes e
cumulativos, fixando-se ao longo das cadeias alimentares, desde os organismos integrantes do
plâncton até atingir o ser humano como elo final dessa cadeia alimentar. Há de se destacar
também na poluição agrícola as erosões que causam assoreamento nos leitos dos rios.
5.3. Poluição Industrial
Atualmente é o poluente que degrada as águas dos rios em maior escala devido ao grande
desenvolvimento industrial das ultimas décadas. Sua gama de produtos químicos, físicos e
biológicos jogados na água é imensa. Afetam a temperatura da água, o pH, o oxigênio, a
salinidade e ainda introduz os metais pesados no ambiente, de alta toxidez, radioatividade e
persistência. Causam doenças degenerativas em toda a flora e fauna aquática, bem como a
extinção de muitas espécies.
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6. TIPOS DE CULTIVOS
De acordo com a escolha do tipo de cultivo, determina-se a produtividade e os custos. É
lógico que muitas vezes o ambiente e as condições do piscicultor e a disponibilidade da água é
que determinarão qual o cultivo que mais se enquadra na exploração da propriedade agrícola. Os
tipos de cultivo mais comuns são: o cultivo extensivo, o semi-intensivo, o intensivo e o super-
intensivo; o monocultivo e o policultivo, consórcios de peixes com a criação de outros animais.
6.1. Cultivo Extensivo
É a exploração onde se promove uma modificação mínima ao ambiente natural, ocorre
nos açudes, lagoas, represas e outros mananciais. O fundo dos viveiros é irregular e inexiste
controle sobre a entrada e saída da água e também dos predadores naturais. A quantidade de
peixes também não é controlada. A coleta dos peixes é difícil e incompleta e a alimentação é feita
com sobras da propriedade, mandioca, frutas, esterco de aves, bovinos e suínos.
A produção de peixes num sistema extensivo depende muito da capacidade alimentícia da
água, ou seja, da produtividade natural da água, dos nutrientes que ela contém. Deve-se escolher
espécies adequadas que suportariam presença de predadores ou que os utilizassem como
alimento. A taxa de estocagem geralmente empregada nesse sistema é de um peixe para cada 10
m2
, ficando difícil estimar a real produção dessas criações, pois, na maioria das vezes, sequer
tem-se controle do volume de água dessas represas, considerando-se como produção apenas
aquilo que se conseguiu coletar por diferentes métodos de pesca. Alguns sistemas conseguem
produções de 100 a 1500 Kg/ha. A utilização de alevinos de maior porte (10 a 15 cm) é
praticamente necessária devido a presença constante de predadores nos criatórios. Uma
estocagem inicial de 50 a 2000 alevinos por ha é recomendada. 
6.2. Cultivo Semi-Intensivo
Neste sistema ocorre a contribuição do homem na melhoria da produtividade do
ecossistema aquático. São feitas, pelo menos, calagens e adubações e são fornecidos vários tipos
de alimentos, como resíduos da agroindústria, restos de abatedouros dentre outros. Pratica-se
também uma suplementação alimentar aos peixes, tais como grãos: milho e sorgo; farelos: milho,
sorgo, trigo e soja; tortas: mamona e algodão e farinhas: carne, peixes e ossos.
A densidade de estocagem é maior chegando em média a trabalhar com três a cinco
peixes a cada 10 m2
de área do viveiro. Já existe neste sistema um melhor controle da renovação
da água, bem como as condições de construção dos tanques são melhores ao facilitar o manejo
dos peixes. Produtividades em torno de 1000 a 2000 kg/ha são facilmente alcançados nesse
sistema. Aqui também é comum o consorciamento com outras espécies animais como patos,
marrecos de pequim e suínos.
6.3. Cultivo Intensivo
É o tipo de piscicultura atualmente mais utilizada em nossa região, onde os criatórios são
construídos objetivando apenas essa finalidade. Os tanques/viveiros são construídos com técnicas
modernas de engenharia apresentando vários detalhes como: controle de entrada e saída da água,
declividade do fundo e das paredes do tanque, caixas de coleta, filtros e telas de proteção. Na
alimentação são utilizadas rações balanceadas (peletizadas e extrusadas), adubações químicas e
orgânica, calagens do solo e da água, bem como o acompanhamento total das condições da água
e do crescimento da biomassa dos peixes. A densidade de cultivo neste sistema varia entre um a
dois peixes por m2
ou mesmo um peixe a cada 2m2
. A produtividade esperada neste sistema está
em torno de 4000 a 5000 kg/ha. Neste sistema é comum o uso de aeradores artificiais.
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6.4. Cultivo Super-Intensivo
É o tipo de cultivo mais tecnificado que trabalha com espécies de alto valor comercial,
sempre em monocultivo, a densidade de estocagem é alta com vinte a oitenta peixes por m3 de
água. Como a piscicultura super intensiva implica total dependência dos peixes aos alimentos
que o criador lhes oferece, para o empreendimento ser economicamente viável, o alimento deve
proporcionar elevada conversão alimentar para promover um rápido crescimento, e o peixe, por
sua vez, deve alcançar alto valor no mercado para que a atividade seja lucrativa.
O aumento de densidade de estocagem é dependente de dois fatores primordiais que são
os teores de oxigênio e de amônia na água. Para se resolver esse problema, ou se eleva o fluxo de
água que renova o suprimento de oxigênio que arrasta a amônia, ou se promove a filtração e a
aeração artificial da água por processos mecânicos.
Os peixes recebem alimentação peletizada ou extrusada e, a adubação orgânica para
provimento de plâncton não é utilizada. São exemplos desse tipo de cultivo a criação de peixes
em “TANQUES-REDE” ou gaiolas e os sistemas de fluxo contínuo de água chamados de
“RACEWAYS”.
•  TANQUE REDE - São viveiros de tela de material resistente, com formato
redondo, hexagonal ou retangular, com altura que varia de 1,5 a 3,0m e são
montados em grandes reservatórios de água e, também, nas enseadas das orlas
litorâneas, em profundidades médias de 4 a 10m., amarradas em postes de
concretos ou madeira ou âncoras chamadas poitas. Essa técnica originária do
Japão é utilizada no Brasil onde encontra grande potencial de crescimento devido
aos mais de cinco milhões de hectares de águas represadas pelas Usinas
Hidroelétricas, sendo que o nosso País possui o maior potencial do mundo em
água doce represada.
•
  RACEWAYS - ou canais com fluxo contínuo de água. É um sistema mais
sofisticado e mais caro, consistindo em uma série de tanques de alvenaria ou
concreto, paralelos, e interligados com largura de 1,5 a 4,5m., e comprimento
variável, que permite a criação de peixes em altas densidades de estocagem em
função do elevado fluxo de abastecimento dos tanques, promovendo a troca de
oxigênio e a remoção de amônia e de sobras de alimentos. Como esta vazão é
muito alta, muita destas criações estão acopladas a sistemas de reciclagem da
água já utilizada, com recalque para um depósito em nível mais elevado e retorno
da mesma água aos viveiros, após biofiltração que reduz a amônia que é
altamente tóxica. A produtividade neste sistema varia muito com a densidade
utilizada, obtendo índices que variam de 70 a 100 kg de peixes por m3
.
Analisando todos esses sistemas de exploração em piscicultura, devemos ficar atentos que
antes de se adotar qualquer regime de criação, é necessário pesquisar com cuidado todas as
variáveis de produção, principalmente a economia da tecnologia a ser empregada e se a mesma é
viável no local onde será aplicada. Deve ficar claro também, que todo o incremento de tecnologia
utilizado reflete em ganho de produtividade, mas do mesmo modo exige maiores cuidados na
operacionalização, bem como nos riscos do empreendimento.
7. TIPOS DE EXPLORAÇÃO
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•  MONOCULTIVO - nesse sistema, opta-se por uma única espécie a ser criadas no
viveiro, sendo mais comuns nos sistemas extensivos e semi-intensivos e quase
que obrigatórios nos super-intensivos. Comparativamente é menos recomendado
do que o policultivo devido a subutilização dos alimentos naturais não
consumidos pela espécie principal bem como das sobras de rações que vão ao
fundo do tanque.
•  POLICULTIVO - consiste na criação de espécies diferentes e de hábitos
alimentares diferentes para que possam aproveitar melhor o alimento disponível
no tanque, bem como o espaço físico na água. Nesse sistema, são cultivadas duas
ou mais espécies de peixes, explorando melhor a cadeia alimentar formada com
adubação orgânica.
Deve-se estabelecer a densidade de estocagem dos viveiros e a proporção relativa ideais
das espécies a serem criadas, buscando sempre a otimização da produtividade. Vantagens:
aumento do oxigênio das águas dos tanques pelo consumo do excesso de algas e do lodo do
fundo; reciclagem rápida e completa dos excrementos de uma das espécies, já que a outra pode-se
alimentar de dejetos; decréscimo da população de espécies indesejáveis pela competição natural
no viveiro. Desvantagens: pode estabelecer competição entre as espécies cultivadas se houver
desbalanço na densidade; maior mão de obra na separação das espécies quando da despesca, que
encarece a produção; taxa de crescimento diferentes que ocasionará coletas parciais ou em épocas
diferentes nos viveiros.
8. CONSORCIAMENTO
8.1. Consórcio peixes-suínos
É um tipo de consórcio onde há o aproveitamento contínuo do esterco fresco, onde as
fezes e urina são escoados diretamente para dentro do viveiro. Os suínos são criados em galpões
próximos ou sobre os viveiros. As fezes frescas contêm cerca de 20% de alimentos mal digeridos,
sendo o restante utilizado como adubo orgânico, estimulando a produção de plâncton que
também serão consumidos. Recomenda-se uma relação de 60 suínos adultos para cada hectare de
tanque ou em condições de melhor renovação da água até 200 suínos por ha, poderá ser
recomendado.
Alguns cuidados essenciais devem ser tomados principalmente para não concentrar a
alimentação num só local do tanque, e também cuidados com o uso de produtos químicos na
criação dos suínos que poderiam contaminar os peixes. Pode-se obter produções em torno de 2 a
3 toneladas por hectare neste sistema de consórcio.
8.2. Consórcio peixes-aves
O mais comum desses consórcios com aves é a criação de peixes juntamente com patos
ou marrecos de pequim, que atingem 2,4 a 2,6 kg de peso (tamanho ideal para abate e a
comercialização destes animais) em um curto período de 50 a 60 dias. A relação de marrecos para
um hectare de tanque é de 300 a 500 marrecos, por terem crescimento rápido os marrecos
precisam ser alimentados com ração contendo de 15 a 18% de proteína bruta. O excedente da
ração acaba indo para a água, pois os comedouros das aves devem ficar próximos a esta, ou
mesmo acima em ilhas construídas com ripados de madeira. Também são importantes para
alimentação dos peixes os excrementos que os marrecos liberam, os quais servirão diretamente
como alimento aos peixes, ou indiretamente, através da adubação da água dos viveiros.
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Uma das vantagens desse consórcio é a oxigenação promovida pelos marrecos devido a
sua intensa movimentação na água e também a erradicação da vegetação aquática, da qual os
marrecos se servem como alimento. A grande desvantagem deste sistema é o estrago que os
marrecos causam aos taludes, também o fato de serem de difícil comercialização, além do que
são parasitos dos mesmos vermes comuns aos peixes. A produção de peixes nesse sistema está
em torno de duas toneladas por hectare.
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CAPITULO 3
REPRODUÇÃO DE PEIXES
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1. INTRODUÇÃO
O sucesso da piscicultura depende da capacidade de perpetuação da espécie, onde são
produzidas larvas a serem utilizadas na criação, visando a terminação ou a manutenção do plantel
de reprodutores.
Na reprodução natural, vários mecanismos reprodutivos ocorrem como a partenogênese, a
bissexualidade e o hermafroditismo.
A bissexualidade ocorre com os peixes apresentando os sexos separados, machos e
fêmeas, com a fecundação e o desenvolvimento externo (ovuliparidade). Ex. dourado, pacu,
pintado, tambaqui, matrinxã, curimbatá, etc.
2. DEFINIÇÕES BÁSICAS
Dimorfismo sexual: é a diferenciação sexual nos peixes, sendo que a maioria das espécies
não apresentam tal característica fora do período reprodutivo. Algumas apresentam alguns sinais
indicativos:
•
  Tucunaré- apresenta uma protuberância entre a cabeça e a nadadeira dorsal;
•  Curimbatá- emite sons durante a piracema;
•  Pirarucu- apresenta uma coloração avermelhada na borda das escamas dos peixes
machos;
•  Dourado- aparece algumas espículas (espinhos) na nadadeira anal;
•  Tilápias machos são maiores que as fêmeas, e no caso das trutas e salmões as
fêmeas é que são maiores que os machos.
Na época de reprodução as fêmeas da maioria das espécies apresentam o ventre abaulado
e macio, com a abertura urogenital intumescida, saliente e avermelhada. Já os machos, sob leve
pressão no abdômen no sentido encéfalo-caudal, liberam o sêmen.
Cuidado parental: é o cuidado que os pais dispensam à prole, para garantir a
sobrevivência da espécie.
Espermatogênese: são as várias divisões mitóticas das células germinativas até formarem
os espermatozóides.
Ovulogênese: é o processo de formação dos óvulos, através das várias divisões mitóticas
no organismo das fêmeas.
3. REPRODUÇÃO: UM EVENTO CÍCLICO
Os peixes apresentam uma periodicidade no seu processo reprodutivo, geralmente
desovando a cada ano, podendo ocorrer a desova mais de uma vez ao ano em algumas espécies
de tilápias. Todo esse processo é sincronizado com fatores ambientais que garantirão a
sobrevivência da prole.
O ciclo anual pode ser dividido em três fases:
•  Fase 1- pós desova: neste período as gônadas se encontram de tamanho reduzido,
encontrando-se em repouso;
•  Fase 2- pré desova: aqui as gônadas iniciam a produção de gametas
(gametogênese) e ocorre a produção e incorporação do vitelo nos ovócitos
(vitelogênese) e é acompanhado por um aumento gradual no tamanho das gônadas;
•  Fase 3- ovulação: é a maturação final dos gametas, culminando com a desova, a
liberação dos gametas e a fertilização dos ovos.
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4. REPRODUÇÃO INDUZIDA
Todo o processo de indução começou com Rodolpho Von Ihering, que iniciou os
trabalhos de cultivo de peixes na Região Nordeste em 1932. Havia o interesse de expandir a
piscicultura, mas, a dificuldade de obtenção de alevinos era grande, haja vista a impossibilidade
de reprodução natural das várias espécies de peixes em cativeiro.
Alguns grupos de peixes reproduzem-se naturalmente em águas lênticas (lagoas ou
represas), como os lambaris, traíras e tucunarés. Outros grupos de peixes, que abrange a maior
parte de nossas espécies nativas, necessitam realizar a piracema (migrações) rumo às cabeceiras
dos rios para a reprodução, são os chamados peixes REOFÍLICOS, como o pacu, tambaqui,
curimbatá, dourado, pintado, piavuçú, piraputanga, piracanjuba, etc. Peixes estes de grande
interesse para a piscicultura. Para estas espécies, que em cativeiro não se reproduzem
naturalmente, pressupõe-se o processo de reprodução induzida a fim de que seja possível a
obtenção de larvas para posterior cultivo.
A reprodução induzida consiste da utilização de hormônios naturais ou sintéticos a fim de
que seja possível induzir a ovulação e espermiação de algumas espécies de peixes com potencial
para ser utilizadas em piscicultura. Assim, justifica-se a reprodução induzida, para obtenção de
uma produção em massa de larvas, com alta taxa de sobrevivência para o abastecimento dos
sistemas de criação de espécies reofílicas.
5. ORIGEM DO PLANTEL DE REPRODUTORES
Os reprodutores utilizados para indução hormonal podem ser obtidos dos rios, sendo
estocados em tanques, recebendo alimentação e outros manejos de acordo com a espécie, idade
do animal, etc.
Os animais também podem ser obtidos de outras piscigranjas, estações de piscicultura,
etc. Embora possam ser estocados em viveiros maiores, a manutenção desses animais em viveiros
menores, com 1500 a 3000 metros quadrados, facilita o acompanhamento do seu
desenvolvimento, alimentação e observação das mortalidades, além de facilitar a captura para
utilização na reprodução, sendo a densidade mantida na proporção de 5 a 10 m2
por reprodutor.
A alimentação destes reprodutores deve suplementar suas exigências para manutenção e
desenvolvimento gonadal, sendo que para os animais em crescimento é necessário que a ração
supra as suas exigências de mantença, crescimento e também aquela porção que será destinada à
reprodução.
No caso de reprodutores de hábito alimentar carnívoro, como o pintado e a piraputanga,
pode-se utilizar de outras espécies para melhorar o desempenho reprodutivo e também reduzir os
custos com a alimentação.
Para as espécies que aceitam bem dietas artificiais, uma taxa de arraçoamento entre 1 a
2% tem trazido bons resultados sobre o desempenho, sendo que peixes carnívoros exigem níveis
protéicos mais elevados.
As dietas deverão ser reduzidas nas épocas mais frias, e de acordo com a condição
corporal do animal.
Os peixes apresentam elevada fecundidade. Para se ter uma idéia, uma fêmea de tambaqui
de 3,0 kg desova cerca de 500 mil óvulos, já uma fêmea de dourado de 7,0 a 8,0 kg chega a
desovar mais de um milhão de óvulos.
Hipofisação: é a aplicação do hormônio gonadotrófico extraído da hipófise de peixes doadores,
os quais devem ser adultos e estarem maduros sexualmente ou em fase de maturação gonadal
avançada.
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6. BIOLOGIA REPRODUTIVA DOS PEIXES
Os peixes no ambiente natural se preparam para a reprodução, geralmente na mesma
época, estando maduros produzem gametas com óvulos e espermatozóides viáveis. As espécies
de piracema realizam migrações anuais cíclicas que coincidem com o período das chuvas e
aumento da temperatura e do fotoperíodo. Nessa migração procuram lugares adequados que são
os trechos dos rios passíveis de inundações, onde formam as lagoas marginais, que são os
berçários onde vão parar os ovos depois de fecundados e hidratados em pleno leito do rio. Em
menos de 24 h ocorrem a eclosão das larvas.
Quando estão maduras sexualmente as gônadas (ovários e testículos) apresentam-se como
uma massa volumosa, de coloração variável, dentro da cavidade abdominal, paralelo à bexiga
natatória.
7. MECANISMO ENDÓCRINO DA REPRODUÇÃO
Existe uma glândula chamada hipotálamo, que através das influências climáticas inicia a
secreção do GnRH (hormônio gonadotrópico), que intensifica a formação da gonadotrofina pela
hipófise ou glândula pituitária. Esta gonadotrofina cai na corrente sanguínea e chega aos tecidos
das gônadas, estimulando a produção e secreção dos hormônios sexuais (andrógenos e
estrógenos). A hipófise ainda sintetiza o hormônio tirotrópico (TSH) que atuará na maturação
final dos óvulos (Figura 1).
Figura 1: Produção de hormônios e sua atuação nas diferentes estruturas reprodutivas de peixes
8. IDADE PARA REPRODUÇÃO 
A primeira maturação é variável com a espécie, sexo, tamanho, bem como dos fatores
externos como alimentação e condições climáticas. Alguns exemplos de idade de maturação
podem ser observados abaixo:
•  Pirapitinga (fêmea): 3,5 anos; Pirapitinga (macho): 2,5 anos
•  Pacu/tambaqui (fêmea): 4,5 anos; Pacu/tambaqui (macho): 3,5 anos
•  Matrinxã (fêmea): 3,0 anos; Matrinxã (macho): 2,0 anos
No clima temperado este tempo poderá ser maior para o início da maturação sexual.
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9. ÉPOCA DE REPRODUÇÃO 
Cada espécie apresenta uma época mais favorável à reprodução induzida. A maioria
apresenta sazonalidade sincronizada com fatores ambientais, períodos chuvosos, altas
temperaturas com os dias mais longos (Tabela 1).
Tabela 1: Épocas de reprodução de algumas espécies de peixes de água doce
Espécie Meses do ano
Piracanjuba (Brycon orbignyanus) D-J
Curimbatá (Prochilodus lineatus) D-J-F
Dourado (Salminus maxillosus) O-N-D-J
Lambari (
 Astianax bimaculatus) A-S-O-N-D-J-F-M
Mandí (Pimelodus maculatus) O-N-D-J-F-M
Trairão (
 Hoplias Lacerda) S-O-N-D-J-F
Piapara (
 Leporinus elongatus) D-J
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) N-D
Pacu (Piaractus mesopotamicus) D-J-F-M
Tambaqui (Collossoma macropomum) D-J-F-
10. HIPOFISAÇÃO 
A hipofisação começa com a determinação da quantidade de hormônio a ser aplicado e
com as técnicas utilizadas. O extrato bruto de hipófise é utilizado na proporção de 4,5 a 5,5
mg/kg de peso vivo das fêmeas que se pretende induzir. Nos machos são aplicadas doses menores
(0,5- 1,0- 2,5 mg/kg) (Tabela 2).
Calculada a quantidade de hipófises, elas são colocadas em um cadinho e perfeitamente
trituradas com o auxílio de um pistilo. Para se ter uma dispersão mais fina usa-se algumas gotas
de glicerina (não mais que 0,5 ml) e continua-se triturando até obter uma pasta fina, adiciona-se o
soro fisiológico calculado, mexendo bem a solução. Despreza-se a parte sólida e utiliza o
sobrenadante.
Exemplos das dosagens utilizadas para pacu/tambaqui:
•  Fêmeas
Dose preparativa - 0,5 mg de hipófise/kg de peixe
Dose final - 4,5 a 5,0 mg de hipófise/kg de peixe
Intervalo entre doses - 14 a 22 horas
Soro fisiológico - 0,5 ml/kg de peixe.
• 
Machos
Dose única- 2,5 mg de hipófise/kg de peixe
Tempo- logo após a segunda dose das fêmeas
Soro fisiológico- 0,5 ml/kg de peixe.
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Tabela 2: Doses hormonais utilizadas para machos e fêmeas de algumas espécies de peixes
empregadas na reprodução induzida.
ESPÉCIE DOSE (mg/Kg de peso vivo) FONTES
Pacu (Piaractus mesopotamicus) Fêmea
1ª dose: 0,2
2ª dose: 20,0
Macho
1ª dose: 0,2
2ª dose: 14,0
CASTAGNOLLI
E DONALDSON
(1980)
Pacu (Piaractus mesopotamicus) Fêmea
1ª dose: 0,5
2ª dose: 5,0
Macho
1ª dose: 1,5
AYROSA et al.
(1994)
Dourado (Salminus maxillosus) Fêmea
1ª dose: 5,0
2ª dose: 20,0
Macho
1ª dose: 5,0
2ª dose: 10,0
PINTO
GUGLIEMONI
(1986)
Matrinxã (
 Brycon amazonicus) Fêmea
1ª dose: 0,4
2ª dose: 4,0
Macho
1ª dose: 1,5
BERNARDINO
et al. (1993)
Piracanjuba ( Brycon orbignyanus) Fêmea
1ª dose: 0,5
2ª dose: 5,0
Macho
1ª dose: 1,0
MENDONÇA
(1996)
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) Fêmea
1ª dose: 1,0
2ª dose: 5,0
Macho
1ª dose: 2,0
GOMES et al.
(1990)
11. ADMINISTRAÇÃO DO HORMÔNIO 
O hormônio deve ser administrado por via intramuscular ou intraperitonealmente. O local
mais utilizado é a base da nadadeira peitoral (musculatura vermelha).
A injeção da solução hipofisária é realizada após a retirada dos reprodutores dos tanques
de hipofisação, sendo os mesmos colocados em uma espuma para evitar lesões e cobrir sua
cabeça com pano úmido para facilitar a injeção hormonal.
Quando o peixe é difícil de ser manejado, como o dourado e a matrinxã, antes da
pesagem, os reprodutores devem ser anestesiados com xilocaína (1,0 g/10,0 kg) que ajuda a
reduzir o estresse; ou a quinaldina colocada na água (caixas de cimento amianto ou mesmo isopor
na proporção de 0,5 ml/100 litros de água). Antes da dose final para evitar perdas de ovos, pode-
se suturar a dobra que protege a abertura sexual das fêmeas.
12. HORA-GRAU
Após aplicação da dose final, a fêmea é devolvida ao tanque. Inicia-se então a leitura da
temperatura da água em intervalos de uma em uma hora, sendo anotada em ficha própria, a fim
de calcular o tempo de ovulação (hora-grau). A hora-grau para o tambaqui varia de 260-280 para
temperatura entre 26 a 29ºC.
O conhecimento do valor de horas-graus é importante para se saber aproximadamente
quanto esperar para a ovulação após a última injeção. Esse valor varia de acordo com a espécie e
com o tipo de tratamento utilizado (Tabela 3).
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Tabela 3: Espaço de tempo entre a segunda injeção e o momento da extrusão
Horas-grau
Hipofisação LHRH
18-22°C 23-26°C 27-29°C 23-26°C 27-29°C
Carpa Comum 1
260 250-260 230-240 420-440 -
Carpa capim 1
225 210-220 - - -
Carpa prateada 1
225 210-220 - - -
Carpa cabeçuda 1
240 220-230 - - -
Tambaqui 2
180
Pacu 5
- 182 - - 380-390
Matrinxã 1
- 190-200 - 340-380 -
Piracanjuba 4
170
Dourado 1
- 250-260 - 340-360 -
Bagre africano
3
221,3
1
WOYNAROVICH E HORVÁTH (1983); 2
CACHO e CHELAPPA (1992); 3
MOURA e CHELAPPA (1992); 4
MENDONÇA (1996); 5
FANG (1996).
13. EXTRUSÃO E FECUNDAÇÃO 
O peixe é envolvido em toalhas e levado para a mesa com colchão de espuma. Se houver
pontos, eles são removidos e a extrusão é feita pressionando a região do abdômen por detrás da
nadadeira peitoral. Os ovos são expelidos em jatos e separados em pequenas bacias de plástico
bem secas. Muitas vezes, por ter o abdômen muito musculoso, não se consegue extrair de uma só
vez todos os ovos e, por esse motivo, pode-se providenciar uma nova sutura do orifício sexual e
após uma hora repete-se a operação.
Os machos são espermiados diretamente sobre os ovos já coletados das fêmeas e
misturados com o auxílio de uma pena.
A mistura precisa ser feita de maneira rápida e de modo cuidadoso, com movimentos
suaves e seguros, não ferindo os ovos.
Após realizada a mistura adiciona-se água pura em pequenas quantidades, mexendo
imediatamente. Colocar cerca de 15% de água sobre o peso total dos óvulos, realizando uma nova
homogeneização.
O volume de água não deve ser muito elevado para evitar a diluição da mistura,
dificultando a fertilização pela dificuldade de penetração na micrópila, que é uma abertura
localizada na zona pelúcida dos ovócitos dos peixes, através da qual o espermatozóide atinge a
superfície ovocitária durante a fertilização.
Os espermatozóides no líquido de esperma seco são imóveis e iniciam seu movimento
agilmente quando em contato com a água. O movimento dos espermatozóides também não dura
mais que um minuto, por isso a fertilização precisa ser feita rapidamente.
14. COLETA E PRODUÇÃO DAS HIPÓFISES 
A condição da produção e coleta de hipófises divide-se em etapas distintas, e para cada
uma delas algumas considerações devem ser feitas.
•  OBTENÇÃO DE DOADORES 
Inúmeros peixes podem ser utilizados como doadores, entre eles citam-se a carpa,
curimbatá, piavuçu, salmão, trairão e tucunaré. A principal característica que o peixe deve ter
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para ser considerado como doador é apresentar maturidade sexual, ou seja, peixes nos quais se
podem observar ovários ou testículos já desenvolvidos.
•
  TAMANHO DO PEIXE DOADOR 
A principal característica para o peixe ser considerado doador é o grau de maturidade
sexual. Esta característica não está ligada diretamente com o tamanho do peixe, pois estudos
mostram que a atividade gonatrópica é a mesma, seja o hormônio obtido de hipófises de peixes
grandes (> 1 kg) ou pequenos (< 0,3 kg), desde que estejam sexualmente maduros. As hipófises
de peixes grandes possuem maior quantidade de gonadotropinas do que as dos peixes pequenos.
•  LOCALIZAÇÃO DA HIPÓFISE 
A hipófise ou glândula pituitária localiza-se na base do crânio, numa pequena depressão
conhecida como célula túrcica, logo abaixo do hipotálamo. O hipotálamo é facilmente
reconhecido, pois se apresenta como uma região dilatada da parte inferior do cérebro. Quando se
retira o cérebro do peixe, algumas vezes a hipófise permanece ligada a ele, mas de maneira geral
ela se desprende do cérebro, ficando aderida na célula túrcica (Figura 2).
Figura 2: Localização da hipófise em peixe
•  COLETA DAS HIPÓFISES 
- Tempo para retirada da hipófise: a atividade gonadotrópica é a mesma quando se
coletam as hipófises de peixes recém sacrificados ou até 24 horas após a morte,
desde que neste caso se resfriem os peixes ou suas cabeças imediatamente após a
morte a uma temperatura de 4ºC.
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- Época da coleta das hipófises: a concentração de hormônios gonadotrópicos se
altera durante o ano, mudança esta relacionada com o ciclo reprodutivo dos peixes.
Sua concentração é máxima durante a pré-desova, mas estudos mostram que
hipófises coletadas durante o ano todo se mostraram viáveis à indução hormonal
em peixes de tamanho grande.
•  MÉTODOS DE EXTRAÇÃO 
Existem os mais variados métodos de extração das hipófises. A escolha pode estar em
função dos equipamentos disponíveis para extração ou de fatores mercadológicos, como, por
exemplo, se a retirada das cabeças causará depreciação do pescado. A hipófise pode ser retirada
com a remoção da parte superior da cabeça (ossos frontal e occipital), de modo a aparecer o
cérebro do peixe. O cérebro deve ser removido cuidadosamente com uma pinça, aparecendo
então a hipófise. Também pode ser retirada com furadeira elétrica adaptada com serra-copo para
a extração da hipófise. Os doadores devem de preferência ser transplantados vivos até o momento
da retida das glândulas, quando serão sacrificados por meio de uma incisão profunda a partir da
base da nadadeira peitoral (Figura 3).
Figura 3: Extração da hipófise em peixes.
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•  PRESERVAÇÃO DAS HIPÓFISES
À medida que as hipófises vão sendo coletadas, colocá-las imediatamente em acetona.
Quando terminada a coleta, utilizando-se de agulhas, estiletes, etc., procede-se uma limpeza
preliminar, eliminando tecidos estranhos que tenham sido coletadas simultaneamente, e substitui-
se a acetona, adicionando-se um volume mínimo de 20 vezes o volume de hipófises. Após 8
horas substituí-se novamente a acetona. Após outras 24 horas retira-se toda a acetona e colocam-
se as glândulas sobre um papel filtro e deixa-se secar a temperatura ambiente e em local seco.
Terminada a secagem procede-se à limpeza final para retirar tecidos remanescentes, e separam-se
as hipófises inteiras das fragmentadas (estas podem ser utilizadas para a indução hormonal dos
machos).
Figura 4: Preservação das hipófises.
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•  ARMAZENAMENTO DAS HIPÓFISES 
As hipófises assim produzidas podem ser armazenadas por vários anos, desde que sejam
mantidas livres de umidade. Para isto adotam-se os procedimentos ilustrados na figura 5.
Figura 5: Armazenamento das hipófises.
15. INCUBAÇÃO DOS OVOS 
Logo após o período de fertilização, os ovos são levados às incubadoras de 60 litros, na
quantidade de 100 gramas de ovos, adicionados em água corrente de boa qualidade. Alguns
cuidados na incubação quanto a quantidade de ovos:
•
  de 130 a 200 mil ovos para incubadoras de 60 litros
•  de 250 a 400 mil ovos para incubadoras de 200 litros
Quanto à vazão de água na incubadora:
•  de 4 - 5 litros/minuto para incubadora de 60 litros
•  de 7 - 10 litros/minuto para incubadoras de 200 litros
Estas precauções são necessárias para que ocorra o revolvimento dos ovos com suavidade
evitando o seu rompimento.
A eclosão destes ovos demora cerca de 16 -19 horas, estando, ligado diretamente este
tempo com a variação da temperatura. Os ovos podem ficar na incubadora de 60 litros ou serem
transferidos para as incubadoras de 200 litros, após decorridos 24 horas. Devem permanecer neste
ambiente até a fase de pós-larva quando ocorre a absorção do saco vitelínico e desenvolvimento
das nadadeiras, neste período a boca já esta formada e já recolhe a comida do ambiente.
Decorrido este período vão aos viveiros, que já deverão estar preparados com antecedência de 3 a
4 dias, favorecendo o crescimento do fito e zooplâncton que fornecerá a alimentação neste
estágio de desenvolvimento. O preparo deste viveiro de alevinagem deverá ser feito com 200-300
kg de esterco bovino para cada 1.000 m3
, após a adição de 15 a 20 kg de calcário.
16. TRANSPORTE DAS PÓS-LARVAS PARA OS VIVEIROS
Alguns cuidados deverão ser observados nesta etapa:
•  O transporte sempre nas primeiras horas da manhã;
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•  Recolhimento das pós-larvas das incubadoras por aspiração com tubulação
apropriada, a qual é denominada sifonagem;
•  A temperatura da incubadora deverá estar o mais próximo possível a da água do
viveiro, para não ocorrer o choque térmico;
•  A densidade recomendada de 150 mil pós-larvas para cada 1000 m2
de viveiro;
•  O nível da água do viveiro deverá estar entre 40 a 50 cm, somente completando
com o nível máximo após 48 horas do transporte inicial.
17. ALIMENTAÇÃO DAS PÓS-LARVAS
A alimentação deverá ser fornecida em duas parcelas/dia durante os sete primeiros dias,
com distribuição uniforme pelo viveiro. A quantidade de ração a ser fornecida é calculada de
acordo com o número de pós-larvas (Tabela 4).
Tabela 4: Quantidade de ração para cem mil pós-larvas.
SEMANA DA PÓS-LARVA QUANTIDADE (g) GRANULOMETRIA
1ª 200 Pó
2ª 500 Pó
3ª 1000 Muito Fina
4ª 1500 Fina (Granulada)
5ª 2000 Fina (Granulada)
Após quatro a cinco semanas, os alevinos terão de 3 a 5 cm e poderão ser levadas aos
viveiros de engorda ou vendidos para açudes ou represas (15 a 20 cm).
A tabela 5 apresenta os principais componentes de rações para pós-larvas e alevinos.
Tabela 5: Formulação e Componentes de Rações para Pós-Larvas e Alevinos.
COMPONENTE FASE ALIMENTAR
INICIAL (%) ALEVINOS (%)
ARROZ (PÒ) 25 -
MILHO - 25
FARINHA SOJA 25 25
FARINHA PEIXE 25 25
FARINHA CARNE 25 25
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18. ESQUEMA DE LABORATÓRIO E INCUBADORA
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CAPÍTULO 4
QUALIDADE DE ÁGUA E MANEJO EM PISCICULTURA 
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1. OXIGÊNIO DISSOLVIDO
Quando falamos em qualidade da água para piscicultura, o primeiro e mais importante dos
componentes que deve vir à mente é o Oxigênio Disponível (OD). É o componente mais
limitante em piscicultura. Sua solubilidade é baixa e ainda é reduzida com o aumento da
temperatura, com o decréscimo da pressão atmosférica e com o aumento da salinidade da água.
Sua taxa de difusão também é muito lenta, ou seja, a transferência de oxigênio do ar para a água.
Isto torna as algas fotossintetizantes a principal fonte de OD nos ecossistemas aquáticos.
Sabemos que na água existem os produtores e os consumidores de oxigênio, sendo que o
fitoplâncton inverte seu papel de produtor de oxigênio durante o dia para consumidor do mesmo
no período noturno (fotossíntese e respiração). Havendo nutrientes na água em abundância para a
fotossíntese e conseqüente produção de oxigênio, a luz solar passará a ser o fator limitante,
podendo ocorrer morte de peixes em períodos longos de dias nublados.
Existe um valor adequado de plâncton no tanque (que deve ser monitorado com o disco de
Secchi). Se este plâncton for demasiado no tanque, a luz solar chegará muito atenuada na parte
mais profunda do mesmo, diminuindo a fotossíntese e a produção de oxigênio.
Concomitantemente durante a noite o número elevado de algas consumirá este oxigênio
disponível, podendo ocorrer variações na concentração de OD de 20 mg/l no período da tarde
para até menos de 2,0 mg/l nas primeiras horas da madrugada. A maioria dos peixes de água
quentes suportam concentrações inferiores a 1,0 mg/litro de oxigênio, mas preferem
concentrações superiores a 3,0 mg/litro e crescem muito bem quando as concentrações estiverem
acima de 5,0 mg/litro. Então, conclui-se que a variação do oxigênio nos tanques está em função
da quantidade de plantas, da profundidade, da temperatura e da incidência de luz
1.1. Causas da diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido em viveiros
•  Morte rápida de grandes quantidades de fitoplâncton existente no viveiro, com a
decomposição da matéria orgânica, consome-se grandes quantidades de oxigênio
disponível na água (Figura 1 e 2).
•  Céu aberto com dias sem vento ou longo período chuvoso, havendo excesso de
fitoplâncton nos viveiros. Nesse caso o fitoplâncton passa apenas a consumir o
oxigênio, competindo com os peixes pelo mesmo O2.
•  Chuvas ou ventos fortes causarão a suspensão da matéria orgânica depositada no
fundo dos viveiros, assim parte do oxigênio seria gasto nesta mineralização.
•  Superpopulação de peixes nos viveiros, a maior quantidade de peixes, consumirá o
O2 de forma mais rápida, podendo ocorrer problemas principalmente no final da
madrugada, quando não há produção de oxigênio pelo fitoplâncton.
•  Falhas nos equipamentos de aeração.
•  Excesso de alimento ou de fertilizantes orgânicos.
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Figura 1: Variação superficial diária do OD em tanques com diferentes densidades de plâncton.
Figura 2: Concentração de OD média em tanques com diferentes densidades de plâncton.
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1.2. Sintomas da queda do oxigênio nos viveiros (Figura 3) 
•  Peixes param de se alimentar; 
•  Mudança na coloração da água, que passa de verde para marrom;
•  Peixes abrindo e fechando a boca na superfície;
•  Peixes concentrados próximos à entrada de água do viveiro;
•  Morte dos peixes maiores.
Figura 3: Efeito da concentração de OD nos peixes.
1.3. Algumas medidas a serem tomadas na falta de OD 
•  Diminuir gradativamente, ou mesmo parar a adubação orgânica e/ou
arraçoamento;
•  Encher o viveiro com o máximo de água limpa possível e por queda brusca;
•  Evitar agitar a água do fundo, não passando rede de arrasto ou mesmo entrar no
tanque;
•  Remover plantas que provoquem sombra na água e impeçam a fotossíntese;
•  Utilizar aeração mecânica;
•  Aplicação de cal hidratada, pois a mesma reduz a quantidade de CO2 na água e faz
com que haja mais O2 disponível para os peixes.
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2. CONSTITUÍNTES DA ÁGUA DOS VIVEIROS
As águas naturais contêm gases, íons inorgânicos e substâncias em solução ou substâncias
particuladas em suspensão (inorgânicas ou orgânicas). Os gases nitrogênio, oxigênio e gás
carbônico são os mais abundantes. A matéria orgânica particulada é constituída de fungos,
bactérias, fitoplâncton (algas) e zooplâncton (animais microscópicos). A matéria inorgânica
particulada é constituída de finas partículas, entre elas citam-se: sal, os íons cloreto, sulfato,
magnésio, cálcio, potássio e bicarbonatos.
A água muda em função da composição dos minerais do solo, como resultado de reações
químicas. Em viveiros de piscicultura é importante observar os sedimentos orgânicos que se
depositam no fundo.
3. VARIAÇÕES HIDROLÓGICAS
São as modificações sofridas pelos corpos d’água devido a vários fatores como as
condições ambientes ou mesmo de manejo.
3.1. Luz e temperatura
Uma parte desta energia é refletida e outra é absorvida sob a forma de calor e causam na
água diferentes intensidades de calor, chamadas de estratificação térmica com a formação de três
zonas térmicas.
3.2. Estratificação térmica: efeito da temperatura e luz na água dos viveiros 
A velocidade de reações químicas é duas vezes menor ou maior a cada 10ºC de flutuação
da temperatura. Assim, a taxa de degradação da matéria orgânica, da dissolução de nutrientes e
fertilizantes, da degradação de produtos químicos é maior em águas quentes que em águas frias.
A luz e o calor propagam-se na coluna d’água. Como a densidade da água varia com a
temperatura ocorre a chamada Estratificação Térmica dos corpos d’água. As águas superficiais
são mais leves e quentes e não se misturam facilmente com as águas mais profundas (mais
pesadas e frias). Surge desta forma uma estratificação térmica da água (Figura 4):
•  Epilímnion: é a camada mais superficial e mais quente, também chamada de zona
fótica;
•  Metalímnion ou termoclina: é a camada intermediária onde a temperatura cai
bruscamente, ou seja, muda com a profundidade;
•  Hipolímnion: é a camada mais profunda e mais fria.
Em tanques rasos de até 1,5 m não ocorre a formação da 3ª camada. À noite o perfil
térmico tende a se homogeneizar, misturando as camadas bruscamente. Os peixes não suportam
mudanças bruscas de temperatura, e tendem a buscar sua zona de conforto térmico dentro dessas
camadas. Desse modo, mudanças na temperatura da água podem induzir o desequilíbrio
fisiológico (estresse) e mesmo matar os peixes em um viveiro. Variações bruscas de 5º C pode
ser letal para certas espécies de peixes, principalmente quando são transferidos da água mais fria
para águas mais quentes.
A estratificação térmica de um tanque também pode ser quebrada pela ação dos ventos, da
chuva ou pelo frio. Pode ocorrer uma mistura completa das águas superficiais com as águas
profundas, ocasionando uma depleção (queda) na concentração de OD no tanque e
conseqüentemente morte dos peixes. Espécies de peixes de hábitos mais profundos estão menos
sujeitos a tais variações.
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Figura 4: A estratificação térmica de um corpo d’água pouco profundo.
Assim, são necessárias medidas corretas no manuseio de peixes em épocas onde a
variação térmica é mais acentuada (final do outono, inverno e início da primavera). No transporte
de peixes de regiões de maior para menor altitude; de águas frias para águas quentes, etc. O
manuseio dos peixes deve ser feito nos horários onde a temperatura ambiente e da água estejam
mais próximas entre si e da faixa de conforto térmico da espécie cultivada.
3.3. Turbidez da água
Interfere na penetração de luz na água (transparência da água). É medida através do disco
de Secchi, que é a profundidade na qual um disco de 20 cm de diâmetro, alternado com
quadrantes brancos e pretos desaparece de vista.
A turbidez está em função direta da quantidade de partículas em suspensão na água,
conferindo à mesma colorações diferenciadas. O plâncton produz turbidez desejável na água até
os limites de 30 a 50 cm de transparência do disco de Secchi, correlacionando-se com boa
produtividade de peixes e com sombreamento adequado para controle do crescimento de
macrófitas aquáticas. Se o disco de Secchi só é visto acima dos 30 cm, ocorrerá certamente falta
de oxigênio no período noturno, pelo excesso de algas. A temperatura também é maior em
viveiros túrbidos, comparado com os viveiros onde a água é clara, devido à grande absorção de
calor pelo material particulado.
3.4. O pH da água
O pH é o potencial hidrogeniônico. Mede a concentração de íons hidrogênio na água
(H+). Sua escala vai de 0 a 14 ( ácido a básico), sendo 7,0 o ponto de neutralidade. O pH da água
sofre influência de vários fatores, entre eles amônia, enxofre e nitritos, mas, o principal é o gás
carbônico. O CO2 assim como o OD sofre influência pelo seu consumo durante o dia pelas algas
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e a sua liberação à noite. O gás carbônico tem o poder de acidificar a água, ocorrendo então
baixos valores de pH no período noturno, bem como valores mais altos durante o dia.
A faixa ótima de pH para os peixes está entre 6,5 a 7,5. Valores de pH que pode ser
prejudicial são aqueles abaixo de 4,0 e acima de 11,0. Valores entre 4,0 e 6,5 ou entre 9,0 e 10,0
os peixes sobrevivem, mas com baixo desempenho (Figura 5).
Se a água de um viveiro é mais ácida do que o pH 6,0 ou mais alcalina do que o pH 9,5,
por longo período de tempo, a reprodução e o crescimento diminuirão. A respiração, fotossíntese,
adubação, calagem e poluição são os únicos fatores que causam mudança de pH na água (Figura
6).
Figura 5: Efeitos do pH para os peixes cultivados.
Figura 6: Flutuações diárias do pH em um tanque.
3.5. Efeito da fotossíntese e respiração no pH 
Durante o dia, as plantas aquáticas removem o CO2 da água para o uso na fotossíntese.
Plantas e animais estão continuamente liberando CO2 na água pela respiração, entretanto, durante
o dia as algas e plantas aquáticas em geral removem o CO2 da água mais rapidamente do que é
reposto através da respiração.
De madrugada ocorre o pH mais baixo no período de 24 horas, pois não ocorre a
fotossíntese que consome o CO2 e libera O2 no meio. Com a luz do sol, a fotossíntese recomeça e
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o CO2 é utilizado pelos organismos autotróficos da comunidade aquática, voltando a aumentar o
valor do pH na água.
3.6. Efeitos da localização na mudança do pH na água
Águas de viveiros localizadas próximas a áreas agrícolas tendem a aumentar o pH, devido
à erosão, que transporta nutrientes e calcários. Aqueles viveiros próximos a áreas industriais
possuem pH baixo, devido às chuvas ácidas.
A acidificação pode diminuir a produção primária, limitar o crescimento de espécies
zooplanctônicas e pode também ser responsável pelo desaparecimento de diversas espécies de
peixes, poderá influenciar também negativamente na reprodução dos peixes.
3.7. Alcalinidade total
A alcalinidade total é a expressão das bases existentes na água que são os íons
bicarbonatos (HCO3
-
) e carbonatos (CO3
-
). Podem reagir para neutralizar íons hidrogênio (H+
),
atuando como bases, e, portanto, contribuindo para elevar o teor de alcalinidade da água. Em
viveiros de piscicultura são desejáveis valores acima de 20 mg/l de CaCO3 (carbonato de cálcio),
sendo que valores de alcalinidade entre 200-300 mg/l podem proporcionar grande sucesso no
cultivo de peixes.
As mais altas produções não resultam diretamente de altas concentrações de alcalinidade,
mas de altos níveis de fósforo e outros elementos essenciais, cuja disponibilidade aumenta
 juntamente com o aumento do teor da alcalinidade. Geralmente, este teor depende da textura do
solo:
•  solos de areia apresentam baixa alcalinidade;
•  solos de argila apresentam alta alcalinidade;
•  solos de regiões áridas apresentam alcalinidade excessiva pela grande evaporação
e concentração de íons.
3.8. Dureza total
A dureza total mede a concentração dos cátions divalentes livres na água, principalmente
íons de cálcio e magnésio. O teor de cálcio na água pode determinar o seu grau de dureza. Tanto
a alcalinidade quanto a dureza total são expressas em mg de CaCO3
 /l . Valores acima de 20,0 mg
de CaCO3
 /l indicam que haverá pouca variação do pH durante a noite/dia, ficando o pH em torno
de 7,5 a 8,5. Valores abaixo de 20,0 mg de CaCO3
 /l indicarão uma variação de 6,0 a 6,5 no
amanhecer e 9,5 a 10,0 no final da tarde.
A alta alcalinidade está relacionada com as águas duras, pois alcalinidade e dureza são de
concentrações similares em muitas águas. Assim, as águas podem ser classificadas da seguinte
forma:
•  Água mole: de 0 a 75 mg de CaCO3;
•  Água moderadamente dura: de 75 a 150 mg de CaCO3;
•  Água dura: de 150 a 300 mg de CaCO3;
•  Água muito dura: acima de 300 mg de CaCO3.
Estes valores poderão ser utilizados para observações da qualidade da água a ser escolhida
em piscicultura.
3.9. Condutividade elétrica 
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É uma forma de se avaliar a quantidade de nutrientes disponíveis nos corpos d’água. A
medida é feita através de um aparelho chamado de condutivímetro, que mede a quantidade de
eletricidade que pode ser conduzida pela água. Quanto maior a quantidade de sais dissolvidos na
água, maior será a sua condutividade.
Quando uma água apresenta alta condutividade, certamente ela deverá ter alta
concentração de nutrientes dissolvidos, assim, em águas muito duras ou alcalinas também
apresenta elevada condutividade.
Os valores médios de viveiros de piscicultura estão em torno de 23 a 71 uS/cm (micro
Siemens/cm).
3.10. Salinidade
É a medida da quantidade de sais presentes na água. Para sua determinação poderá ser
utilizados aparelhos como refratômetros e ou salinômetros, ou mesmo a equação de Swingle
(1969): Salinidade (mg/l) = 0,03 + (1,805). Cl(mg/l)
As exigências em sais na água depende das espécies, podendo variar de valores próximos
a zero até 24,0 ppm para peixes de água doce. Como não se tem um estudo aprofundado das
exigências ou limites de salinidade para os peixes cultivados, baseia-se como parâmetro os
valores médios das águas do seu local de origem. Ex: Tambaqui (Colossoma macropomum)-
Bacia Amazônica (0,05 a 3,4 ppm); Pacu (Piaractus mesopotamicus)-Bacia Paraná/Uruguai ( 3,0
a 14,0 ppm).
3.11. Amônia
Aparece nas duas formas químicas: gás amônia (NH3) e íon amônio (NH4
+
). Ambas
ocorrem ao mesmo tempo na água, conforme a seguinte reação química: H+
+ NH3  NH4
+
. Para
cada unidade de aumento no pH, o íon amônio aumenta 10 vezes.
Fonte de amônia em cultivos: decomposição de restos de ração, morte do fitoplâncton, excreção
dos peixes, fertilização dos viveiros (sulfato de amônio ou uréia) (Tabela 1).
Tabela 1: Fontes e quantidades de amônia produzidas em um cultivo semi-intensivo
Origem da amônia Quantidade produzida (kg/ha)
Excreção dos peixes 1.000-1.200
Fertilização química 200
Renovação de água 50
O que a amônia causa aos peixes: alterações fisiológicas na corrente sangüínea, enzimas e
membranas biológicas (brânquias).
Sintomas de toxicidade: peixes nadando erraticamente; ao serem capturados tremem e não
conseguem saltar.
Níveis de amônia: de 0 a 0,15mg/l de NH3 (ideal); de 0,15 a 1,0mg/l de NH3 (diminuição no
crescimento e estresse); > que 1,0mg/l de NH3 (letal).
Tratamentos: renovação de água, aeração, redução do pH, suspensão da fertilização, suspensão
do arraçoamento.
3.12. Nitrito
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Parte da amônia é transformada em nitrito (bactérias  Nitrosomonas). A amônia é dez
vezes mais tóxica que o nitrito.
Níveis de nitrito: de 0 a 0,5mg/l de NO2 (ideal); de 0,5 a 5,0mg/l de NO2 (diminuição no
crescimento); > que 5,0mg/l de NO2 (morte por asfixia).
Sintomas de toxidez por nitrito: sangue e brânquias com coloração vermelha intensa ou marrom;
peixes nadam de lado e/ou ficam parados na superfície da água; peixes boquejando (mesmo
quando os níveis de oxigênio encontram-se ideais); altas taxas de mortalidade.
Tratamento e prevenção: o tratamento mais eficiente é a colocação de sal na água. Para o cálculo
utiliza-se a seguinte proporção “concentração de nitrito x 6 partes de cloro”. Exemplo: nitrito na
água = 7,0 mg/l x 6 = 42mg/l de cloro. A quantidade de cloro no sal é de 60%. Logo, 42/0,6=
70mg de sal/litro de água.
A tabela 2 ilustra os principais parâmetros de qualidade de água e periodicidade ideal de
monitoramento em uma piscicultura.
Tabela 2: Periodicidade ideal de monitoramento.
Parâmetro Periodicidade Período mais crítico do dia
Temperatura 2 vezes ao dia Madrugada e meio da tarde
Oxigênio 2 vezes ao dia Madrugada e final de tarde
pH 3 vezes por semana Madrugada e final de tarde
Amônia Semanal Final de tarde
Nitrito Semanal Final de tarde
Gás carbônico Semanal Amanhecer
Alcalinidade Mensal Amanhecer
4. COMUNIDADES PLÂNCTONICAS
O tanque ou viveiro de piscicultura abriga uma comunidade biótica (viva) composta de
produtores primários (fitoplâncton, perifíton e macrófitas aquáticas), heterótrofos (peixes,
zooplâncton, vermes, larvas de insetos, anfíbios, etc), decompositores (bactérias e fungos) que
colonizam o ambiente à medida que vai se desenvolvendo o cultivo (Figura 7). Estes organismos
dependem da qualidade da água, indicada pelas variáveis físicas, químicas e biológicas que são
de grande importância para a produção de peixes. Sua distribuição, em grande parte, deve-se ao
seu hábito alimentar, que também depende da penetração de luz no sistema.
Os produtores são capazes de sintetizar matéria orgânica a partir da água, gás carbônico e
luz solar, produzindo uma biomassa que constitui a fonte de energia para as cadeias alimentares
de todo o ecossistema.
Os consumidores podem ser herbívoros, que obtêm sua energia direta ou indiretamente a
partir da matéria orgânica sintetizada pelos produtores primários; podem ser carnívoros, que
obtêm sua energia a partir de outros consumidores; e por último os detritívoros, que se alimentam
de restos de plantas e animais. Localizam-se principalmente no sedimento, formando as
comunidades bentônicas.
Todos os organismos pertencem a determinados níveis tróficos (produtores, consumidores
primários, consumidores secundários, etc.) que em seqüências possuem relacionamento
alimentar, e constituem a cadeia alimentar. Em todos os ecossistemas aquáticos não existem
cadeias alimentares simplificadas, mas sim todo um inter-relacionamento e entrelaçamento de
cadeias, constituindo a chamada rede ou teia alimentar.
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Apostila piscicultura - prof. nicolau elias neto - famev (2008)

  • 1. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 1/86     UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT) FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA E EXTENSÃO RURAL APOSTILA PISCICULTURA PROF. NICOLAU ELIAS NETO CUIABÁ/MT 2008
  • 2. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 2/86   1 ÍNDICE CAPÍTULO 1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PEIXES 1.  Características gerais ......................................................................................... ............. ..4 CAPÍTULO 2 - ASPECTOS DE ENGENHARIA 1. Construção de benfeitoriasem piscicultura ....................................................................... ..7 2. Detalhes de construção dos viveiros e tanques .................................................................. 12 3. Classificações das instalações segundo sua finalidade ...................................................... 14 4. Infra-estrutura da piscigranja ............................................................................................. 15 5. Alteração biológica da água............................................................................................... 16 6. Tipos de cultivos ................................................................................................................ 17 7. Tipos de exploração ........................................................................................................... 18 8. Consorciamento.................................................................................................................. 19 CAPÍTULO 3 - REPRODUÇÃO DE PEIXES 1. Introdução........................................................................................................................... 22 2. Definições básicas.............................................................................................................. 22 3. Reprodução: um evento cíclico.......................................................................................... 22 4. Reprodução induzida.......................................................................................................... 23 5. Origem do plantel de reprodutores..................................................................................... 23 6. Biologia reprodutiva dos peixes......................................................................................... 24 7. Mecanismo endócrino da reprodução ................................................................................ 24 8. Idade para reprodução........................................................................................................ 24 9. Época de reprodução.......................................................................................................... 25 10. Hipofisação....................................................................................................................... 25 11. Administração do hormônio............................................................................................. 26 12. Hora-grau ......................................................................................................................... 26 13. Extrusão e fecundação...................................................................................................... 27 14. Coleta e produção das hipófises....................................................................................... 27 15. Incubação dos ovos .......................................................................................................... 31 16. Transportedas pós-larvas para os viveiros ...................................................................... 31 17. Alimentação das pós-larvas.............................................................................................. 32 18. Esquemade laboratórioe incubadora .............................................................................. 33 CAPÍTULO 4 - QUALIDADE DE ÁGUA E MANEJO EM PISCICULTURA 1. Oxigênio dissolvido............................................................................................................ 35 2. Constituintes da água dos viveiros..................................................................................... 38 3. Variações hidrológicas....................................................................................................... 38 4. Comunidades planctônicas................................................................................................. 43 5. Preparação do viveiro......................................................................................................... 46 6. Algumas observações importantes..................................................................................... 49 7. Cuidados com a fertilização química e orgânica................................................................ 50 CAPÍTULO 5- SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA PISCICULTURA 1. Seleção de espécies para piscicultura................................................................................. 52 2. Principais espécies nativas de peixes cultivadas no Brasil ................................................ 52
  • 3. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 3/86   2 3. Outras espécies nativas de importância econômica........................................................... 61 4. Espécies exóticas para piscicultura.................................................................................... 62 CAPÍTULO 6 - A DESPESCA E PRINCIPAIS DOENÇAS EM PISCICULTURA 1. A despesca.......................................................................................................................... 66 2. Doenças não-infecciosas .................................................................................................... 67 3. As principais doenças......................................................................................................... 68 CAPÍTULO 7 - O CULTIVO DE PEIXES EM TANQUES-REDE 1. Introdução........................................................................................................................... 71 2. O sistema de produção ....................................................................................................... 71 3. Tanques-rede e gaiolas....................................................................................................... 72 4. Fatores que afetam a produtividade em tanques-rede (TR) .............................................. 72 5. Aspectos construtivos dos tanques- rede e gaiolas............................................................. 77 6. O planejamento da produção em tanques-rede .................................................................. 83 7. Capacidade de suporte de pequenas represas e açudes com tanques-rede......................... 84 ANEXO ........................................................................................................................................86  
  • 4. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 4/86   3 CAPÍTULO 1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PEIXES
  • 5. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 5/86   4 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS São vertebrados aquáticos de respiração branquial e incapazes de regular a temperatura corporal (pecilotérmicos). São anatômica e fisiologicamente mais simples que os vertebrados superiores, são muito mais especializados e diversificados, apresentando inúmeras adaptações reprodutivas, alimentares e morfológicas que os capacitam a ocupar todos os nichos ecológicos que o meio aquático apresenta. Pela facilidade de realizarem trocas gasosas com o meio, os peixes apresentam aproveitamento ótimo da energia consumida como alimento. Também pelo fato de não despenderem energia para regular a temperatura corporal (homeostase térmica) e pouca energia para se locomoverem, sua conversão alimentar é altamente eficiente. Seu formato afilado e fusiforme é uma característica presente maioria das espécies. Isto se deve às limitações impostas pelo meio em que vive, pois a água é cerca de 800 vezes mais densa do que o ar. O corpo apresenta simetria bilateral, é recoberto por escamas e por uma camada de muco recobrindo todo o corpo. A pele é contínua até mesmo sobre os olhos e tem função protetora e apresenta vários órgãos anexos: as escamas; os cromatóforos ou células pigmentosas; os fotóforos ou órgãos luminescentes e várias glândulas secretoras de muco ou de substâncias irritantes de função defensiva. A linha lateral funciona como órgão tátil dos peixes e é por ela que os peixes percebem as mudanças de temperatura, salinidade, sons, etc. As nadadeiras são os apêndices locomotores dos peixes. O meio onde vivem facilita a sua locomoção pela força de empuxo da água, que mesmo reduzindo a velocidade de locomoção, facilita a natação e a flutuação, diminuindo o dispêndio de energia e facilitando a locomoção por movimentos ondulatórios corporais e agitação das nadadeiras. As nadadeiras dividem-se em pares: (ventrais e peitorais) e ímpares (anal, caudal, dorsal e adiposa) (Figura 1). A respiração é propiciada pela água que entra pela boca, passa pelas guelras, onde são feitas as trocas gasosas - retirada do oxigênio e excreção do gás carbônico que sai pelas fendas atrás dos opérculos. A absorção do oxigênio é difícil porque sua concentração na água é muito menor que no ar. Entretanto podem utilizar até 60% do oxigênio absorvido, em contraste com os mamíferos que utilizam apenas 20%. As guelras também têm a função de retirar sais minerais da água e expelir a amônia. O sistema circulatório dos peixes é simples, o fluxo sanguíneo é unidirecional. O coração tem cavidades simples que conduzem apenas sangue venoso, que ao passar pelas brânquias se torna arterial. Os peixes também apresentam orifícios, sendo os orifícios do trato digestivo: boca, fendas branquiais e ânus; e os orifícios relacionados com os órgãos dos sentidos: as fossas oculares, as narinas e os poros da linha lateral. O trato digestivo apresenta boca, esôfago, estômago, intestino anterior, intestino médio, intestino posterior ou grosso e ânus. O sistema excretor é simplificado com apenas um rim, disposto longitudinalmente no corpo, abaixo da coluna vertebral. Esse rim comunica-se com o poro uro-genital por onde é eliminada a urina, que é praticamente isenta de metabólitos nitrogenados, possibilitando, assim, aos peixes grande economia de energia. É através do poro uro-genital que os peixes eliminam os ovos e espermatozóides nas épocas de reprodução das espécies.
  • 6. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 6/86   5 Figura 1: Parâmetros morfométricos (A) e figuras anátomo-morfológicas externas (B) do corpo dos peixes. A B
  • 7. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 7/86   6 CAPÍTULO 2 ASPECTOS DE ENGENHARIA
  • 8. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 8/86   7 1. CONSTRUÇÃO DE BENFEITORIAS EM PISCICULTURA A piscicultura é uma parte da aqüicultura e pode ser praticada em tanques, viveiros, açudes, gaiolas ou tanques redes e balsas, no sistema “raceways”, em canais, aquários, etc. A construção adequada de tanques e viveiros é de vital importância para o manejo dos peixes e, conseqüentemente, para o aumento da produtividade. Para iniciar um projeto de piscicultura e ter sucesso na atividade é necessário estar atento às condições de implantação, as quais dependem fundamentalmente dos seguintes fatores: •  Topografia do terreno •  Tipo de solo •  Avaliação da qualidade e quantidade da água. •  Proximidade de mercado consumidor com capacidade de absorver a produção •  Facilidade de acesso ao local •  Dados meteorológicos •  Condições climáticas ideais para o cultivo das espécies •  Manejo a ser adotado •  Infra-estrutura básica. Todos estes dados irão influenciar no processo construtivo, no tamanho da exploração e nos custos de implantação. 1.1. Topografia do terreno Como as modernas técnicas de engenharia permitem a construção em quase todos os tipos de terrenos, devemos dar preferência aos terrenos planos ou com declividade suave (5%) que permitam a construção de tanques com a mínima movimentação de terra, assim como, o abastecimento e escoamento por gravidade, que irá baratear os custos de construção e operacionalização do projeto. É a topografia que determinará o volume de terra a ser movimentada. Quanto maior o declive do terreno, maior será a movimentação de terra e mais alto será o custo de construção dos viveiros, mas será menor a superfície de terra a ser inundada. Deve-se observar a distância da tomada de água e a cota mais elevada da área dos tanques, de modo a permitir o abastecimento d’água através da gravidade. Assim, antes da tomada de decisão, deve-se efetuar o planejamento de todas as etapas a cumprir. Portanto, deveremos ter em mãos: •  declividade do terreno; •  diferença de nível existente nos diversos pontos do viveiro; •  curvas de nível do terreno, marcadas metro a metro; •   linhas e ângulos de contorno da área; Estes fatores determinarão a disposição, número de tanques e forma dos viveiros. Nunca devemos esquecer que a maior dimensão dos tanques (comprimento, nos tanques retangulares) seja paralela às curvas de nível do terreno para propiciar uma maior economia no trabalho de terraplanagem. 1.2. Tipo de solo  Os melhores solos para piscicultura são os semipermeáveis (intermediários entre o arenoso e o argiloso). Os solos arenosos e turfosos são permeáveis, não sendo indicados quando se dispõem de pouca quantidade de água. Os solos muito argilosos racham quando esses são
  • 9. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 9/86   8 completamente esgotados, devido às características de expansibilidade das argilas quando perdem água. Quanto aos aspectos de fertilidade, é recomendável a escolha dos solos com fertilidade moderada, principalmente quanto aos teores de N e P, que são os nutrientes necessários à produção primária, ou seja, formação do plâncton. Os solos de estrutura mediana, também favorecem no trabalho de escavação e compactação das paredes e do fundo dos tanques, evitando assim a infiltração excessiva de água. É recomendável uma sondagem do subsolo, a fim de evitar a construção de tanques em solos arenosos, pedregosos ou turfosos ou sob grandes formigueiros, sendo esses solos pouco produtivos e muito permeáveis. Em termos gerais, os solos apropriados para projetos de piscicultura deverão ter o teor de argila acima de 30% e o de areia abaixo de 50%. Valores fora desses limites tendem a tornar o projeto inviável. Obs. Um solo é considerado impermeável quando tiver níveis de infiltração entre 6 a 7 mm de água/dia. 1.3. Quantidade e qualidade de água A piscicultura demanda água de qualidade e de quantidade abundante. As melhores águas são a de poços profundos (artesianos), pois apresentam pouca variação em relação às épocas do ano, são isentas de predadores, patógenos, peixes invasores, agrotóxicos e poluentes. Sua grande desvantagem é o custo da construção, perfuração, bombeamento e da vazão que na maioria das vezes são insuficientes. Além disso, estas águas profundas possuem oxigênio muito baixo e gás carbônico e nitrogênio a níveis muito elevados. Por isso essas águas devem receber um tratamento especial quando forem utilizadas em piscicultura, principalmente no que se refere à sua oxigenação, devendo a mesma ser armazenada antes de ir aos tanques ou viveiros em depósitos com grande superfície de área onde receberão oxigênio naturalmente ou com o auxílio de aeradores. Também devem ser abastecidas aos tanques a uma altura que favoreça a sua oxigenação pela queda brusca da água. Por outro lado devido à sua facilidade de obtenção, baixo custo e manejo mais simples, as águas superficiais de fontes, como rios e riachos são as mais utilizadas, desde que sejam limpas, perenes e sem contaminantes. Se possível as águas de abastecimento dos viveiros devem ter a sua nascente dentro da propriedade, por permitir o completo acompanhamento de suas características naturais. Caso isso não seja possível devemos evitar as águas que margeiam lavouras que usam constantemente produtos químicos, bem como as águas que recebem dejetos industriais ou residenciais, cujos contaminantes podem levar ao fracasso qualquer sucesso esperado em piscicultura. Os teores de oxigênio disponível (OD) devem estar em torno de 6,0 mg/l ou mais. O pH deve estar de neutro a alcalino, ideal para o crescimento das comunidades planctônicas como para as necessidades das espécies a serem cultivadas. As águas alcalinas são as mais produtivas. A água ou o solo do viveiro com pH abaixo de 6,0 deverão ser necessariamente corrigidos. A quantidade de água deverá ser o suficiente para permitir a reposição das perdas por evaporação, infiltração e renovação dos tanques. Os levantamentos da capacidade de abastecimento deverão ser feitas nas épocas mais críticas do ano, ou seja, no período seco. Em piscicultura semi-intensiva, recomenda-se que além de repor as perdas diárias, a vazão necessária seja suficiente para renovar de 10 a 15% do volume dos tanques por dia. Para a piscicultura intensiva é necessário que a água alcance um fluxo de 1,0 l/min/ kg de peixe em estoque. Já para a piscicultura extensiva recomenda-se que a vazão da água reponha as perdas diárias de evaporação e infiltração. A vazão mínima necessária deverá ser em torno de 10 litros/s/ha de lâmina d’água.
  • 10. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 10/86   9 Em nossas condições de clima tropical as perdas de água por evaporação e infiltração chegam ser de 2 a 3 cm/dia de lâmina d’água, perdas essas a serem consideradas para efeitos de cálculo da vazão necessária. O volume de água necessário é calculado em função da área e da profundidade do viveiro, nunca se esquecendo de acrescentar as perdas por evaporação, infiltração e renovação. 1.4. Proximidade do mercado consumidor  Sabemos que a carne de peixe apresenta perdas do seu valor protéico e deterioração bastante acelerada. Assim, centros consumidores próximos às granjas piscícolas são interessantes, pelo fato de fornecerem um produto de qualidade ao consumidor, que geralmente tem preferência pelo peixe fresco. Longas distâncias e vias de acesso ruins são empecilhos graves a serem vencidos pelo criador e que às vezes impede o sucesso da criação. Além desses fatores há de se correlacionar a capacidade de consumo de pescado na região. 1.5. Dados meteorológicos É de suma importância conhecer os fatores climáticos que influenciarão diretamente o criatório, para se tomar medidas preventivas, tanto de manejo como de construção das benfeitorias em piscicultura. Registros anteriores de precipitação, temperaturas médias, insolação, ventos dominantes, etc. devem ser levantados por um período longo de tempo (em torno de 50 anos), principalmente dados de enchentes e estiagens prolongadas. Consultas às estações meteorológicas locais e com moradores mais velhos da região são recomendados neste processo. As medidas de vazão dos cursos d’água a serem utilizadas para abastecimento deverão ser feitas, nos períodos mais secos do ano, para não se incorrer em erros futuros e vir a ter problemas de abastecimento dos tanques, e aí tendo que se lançar mão de outros artifícios como bombeamento, que é bastante oneroso e a venda dos peixes fora do tamanho e peso ideal, caso a vir a ter problemas com a falta de água. As condições climáticas correlacionadas com as espécies a serem criadas, também serão analisadas. A temperatura da água influencia em todos os aspectos da vida dos peixes (crescimento, desova, alimentação, respiração, etc.) na quantidade de oxigênio dissolvido no meio e na ação tóxica de certos compostos. Em nossas condições tropicais, temos grandes quantidades de espécies nativas, adaptadas ao clima, que também é favorável à atividade em questão. São consideradas frias as águas cujo limite de temperatura está em torno de 20ºC. Espécies como a truta e os salmões se adaptam muito bem às essas faixas térmicas. Já as águas quentes seriam aquelas cujas temperaturas ótimas para o crescimento dos peixes está em torno de 25 a 32ºC. Importante lembrar que quanto menor for a variação da temperatura durante o dia, melhor será o ambiente para os peixes. 1.6. Manejo a ser adotado Está diretamente ligado à escolha da espécie a ser cultivada, sendo que este fator deve interagir com os demais, como a quantidade e qualidade de água, oxigênio disponível, temperatura, mercado consumidor, condições topográficas, para se chegar a um resultado comum. Sabemos que o potencial de número de espécies a ser trabalhado é grande, mas, a pesquisa em piscicultura é recente e a opção de escolha sempre tem recaído com o que se tem disponível em termos de tecnologia de produção, cujo processo é dominado pelos órgãos de pesquisa e por criadores mais tecnificados.
  • 11. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 11/86   10 1.7. Infra-estrutura A infra-estrutura básica deve ser favorável no processo de levantamento de dados preliminares para elaboração do projeto de piscicultura. Deve ser observada a disponibilidade de energia elétrica e se essa energia é constante ou não (geralmente é inconstante no meio rural), devendo neste sentido providenciar a instalação de um grupo gerador de reserva com capacidade para suportar as necessidades mais urgentes como: aeradores, freezers, incubadoras, iluminação de emergência, etc. As condições de estradas, pontes, fornecedores de insumos, alevinos, assistência técnica, equipamentos, oficina, também deverão ser diagnosticadas. 1.8. Construção de tanques, viveiros e açudes São construções diferenciadas sendo: VIVEIROS- são reservatórios construídos em terreno natural dotados de sistemas de abastecimento e de drenagem. Estruturalmente são divididos em viveiros de barragem (açudes), viveiros de derivação e viveiros sem derivação de cursos d’água. a) Açudes - são construídos a partir de um dique ou barragem, capaz de interceptar um curso de água. Também poderão ser feitas represas maiores com a finalidade de acumular água para abastecimento dos viveiros e tanques. A barragem contará com alguns cuidados para poder cumprir sua finalidade. Deverá ter a forma de um trapézio, com a crista horizontal, medindo, no mínimo, 3,0 m de largura. Sua base deve ter, para cada metro de altura do dique acima de 1,0 m, mais 0,30 m na largura da crista. Essa altura está correlacionada com o volume de água a ser estocado. As paredes externas e internas da barragem, chamadas taludes devem ser chanfradas, sendo o talude interno com inclinação menor 1:1,5 e o talude externo com inclinação de 1:2,5 em relação à altura do dique. Os dois modelos de cálculo são aceitos existindo variantes quanto ás dimensões externas e internas dos taludes, havendo controvérsias, alguns autores recomendam o talude interno com inclinação maior que o externo, ou com a mesma inclinação. Para solos pouco argilosos e de infiltração um pouco acentuada é recomendado a construção de um núcleo central de argila, com 1,0 metro de largura e até 60,0 cm abaixo do nível do solo, com forma de um canal. A barragem é construída com sucessivas camadas de 10 a 20 cm de solo muito bem compactado. A altura da barragem deve ultrapassar cerca de 80 cm acima da altura da lâmina d’água da represa e do ladrão, como medida de segurança em épocas de chuvas. O ladrão ou sangradouro poderá ser de vários materiais, PVC, cimento, ferro ou mesmo manilhas de barro queimado. Deverá ser colocado à altura do nível da água que se quer manter na represa ou açude. O sangradouro deve ter capacidade para escoar o volume de água igual ao da maior precipitação ocorrida nos últimos cinqüenta anos. Na construção de açudes deve-se inicialmente retirar as árvores, arbustos, pedras, troncos, de modo a dar condições da despesca com redes de arrasto e tarrafas. O nivelamento do fundo permite uma melhor despesca com a rede de arrasto e evita a formação de poças d’água quando da drenagem do mesmo. Vantagens dos açudes: baixo custo de construção por aproveitar os pequenos vales para a sua alocação. Desvantagens: não se tem um controle efetivo da qualidade da água; risco constante de rompimento na ocorrência de chuvas muito fortes; dificuldade de manejo (adubação, alimentação artificial e principalmente das despescas); às vezes pode restringir só ao cultivo de espécies pouco exigentes em oxigênio, devido à pequena taxa de renovação de água. b) Viveiros de derivação - são construídos em terrenos que apresentam grande declividade ao longo do curso de água (declive longitudinal), e em pontos onde é fraco o declive transversal do terreno. Tanto o abastecimento quanto a drenagem são feitos por canais ou
  • 12. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 12/86   11 tubulações. Os taludes devem ser construídos com inclinação de 45º. As principais vantagens são: facilidade no manejo e o controle de entrada e saída do fluxo de água. Desvantagens: custo mais alto de construção. c) Viveiros sem derivação do curso de água: são construídos com barragens sucessivas no curso d’água. O custo é relativamente baixo, mas tem o inconveniente de não se controlar a água que passa de um viveiro para outro e o esvaziamento de um dependerá do esvaziamento do outro. Recomenda-se que a água de um viveiro passe ao outro de sua parte mais superficial possível, possibilitando menos sujeiras e maior oxigenação. Vantagens: baixo custo de construção. Desvantagens: não renova completamente a água, limita à peixes resistentes a baixos teores de oxigênio disponível, difícil esvaziamento dos viveiros. TANQUES - são benfeitorias cuja característica básica reside no fato de serem revestidos (alvenaria, pedra, tijolos ou concreto). Esse revestimento pode ser total ou parcial (apenas as paredes laterais). São recomendados para terrenos arenosos, pedregosos ou para a larvicultura, incluindo o cultivo do microrganismo alimento. São de custo mais alto, mas, apresentam alta produtividade. Suas paredes podem ser verticais ou podem apresentar uma inclinação entre 30 a 40º. Também são de baixa manutenção e grande durabilidade. 1.8.1. Diferenças e comparações entre tanques e viveiros  Os viveiros são reservatórios naturais, cujos detalhes de construção diferenciam-no dos tanques. Os viveiros se aproximam mais com as condições naturais, são menos onerosos na sua construção, mas, os cuidados com a sua manutenção são redobrados, principalmente contra os desmoronamentos e inclinação das paredes externas e internas. O tamanho dessas construções são variáveis, dependem da topografia do terreno, finalidade da construção (engorda, alevinagem), biologia da espécie e aspectos econômicos da construção. Tanques ou viveiros pequenos apresentam vantagens de serem de fácil manejo, enchimento e escoamento mais rápido, tratamento de doenças, eliminação de parasitas e predadores, fácil manutenção e finalmente, as possíveis perdas no tanque ou viveiro pode não representar grandes prejuízos. Os viveiros de maior tamanho, também apresenta vantagens, pois permitem uma melhor ocupação do espaço disponível na propriedade, além de serem mais econômicos sua construção por unidade de área. Adicionalmente, tais viveiros possibilitam uma melhor estabilidade dos parâmetros de qualidade da água. A profundidade dos viveiros não deve ser muito grande. Para o nosso clima, a média de 1,20 a 1,50 metros é a mais recomendada, pois garante a penetração de luz até o fundo, aumentando a produção primária e, também, reduzindo o volume necessário e as práticas de manejo da água. Quanto ao formato dos tanques, as plantas quadradas exigem menor movimentação de terra na construção dos diques e na escavação, se comparados com os tanques retangulares, ovais, circulares ou de formato irregular. Entretanto, os mais utilizados são os tanques retangulares com proporção de 1x4 (largura x comprimento). Essa configuração retangular vem a proporcionar uma hidrodinâmica favorável á oxigenação. O fundo dos tanques e dos viveiros deverá ter uma declividade variando de 0,5 a 2,0%, partindo da extremidade de entrada de água para o escoamento. Este desnível propicia o arrasto das substâncias depositadas no fundo em direção à saída de água. Este desnível também favorece a despesca, pois os peixes irão se acumular na parte mais funda dos tanques, onde deverá ser instalada a caixa de coleta. Esta caixa deverá ter 0,2% de toda a área do viveiro, com 30 a 50 cm
  • 13. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 13/86   12 de profundidade, revestida lateralmente de tijolos ou toda de concreto, já que fica junto ao monge. O seu formato deverá ser retangular. Existe variante deste sistema de refúgio dos peixes, principalmente para tanques muito grandes onde a caixa de coleta não suportaria a carga de peixes presentes ali. Desse modo é comum a construção de uma valeta estreita ao longo do eixo central do tanque com profundidade em torno de 40 cm e uma largura de 2,0 a 3,0 metros. Um leve declínio transversal favorecerá o escorregamento dos peixes para este canal. 2. DETALHES DE CONSTRUÇÃO DOS VIVEIROS E TANQUES 2.1. Limpeza da área  É uma operação idêntica à realizada para os açudes, com a retirada de árvores, arbustos, raízes, etc. Tem a finalidade de favorecer o ambiente no viveiro e facilitar o trabalho das máquinas na escavação. 2.2. Tubulações de entrada e saída de água  Necessárias para o controle do nível da água no tanque e o esvaziamento total num prazo ao redor de 5 dias. A tubulação de entrada de água aporta de canais de abastecimento que são geralmente abertos e revestidos de concreto. Sua inclinação deverá ser de 1,0 a 4,0%º, garantindo menor velocidade da água e uma distribuição mais uniforme. Estes canais são de fácil manutenção e permitem a oxigenação da água desde sua tomada no reservatório até seu aporte no tanque. A tomada de água no reservatório deve ser feita pouco abaixo da superfície, proporcionando água mais limpa e oxigenada. A entrada de água nos tanques deverá ser feita por tubos de PVC ou calhas de modo que avancem sobre a margem dos tanques com uma altura em torno de 0,5 metros, para permitir melhor oxigenação pela queda e borbulhamento. Deve-se sempre ter filtros e telas nas captações de água do reservatório como na tubulação que vai aos tanques. A entrada desta água deverá ser oposta á saída da mesma dos tanques. O sistema de escoamento em vasos comunicantes (monge) é o mais indicado para tanques de piscicultura. Os monges podem ser construídos externa ou internamente aos tanques. Os dois sistemas devem ser construídos quando da determinação da base da barragem, onde se assentam as tubulações (PVC, ferro ou concreto). A canalização deverá prolongar-se 1,0 metro antes e depois da base da barragem para evitar entupimentos por erosão e propiciar a construção da base do monge. O declive deste cano deverá ser de 1,0%. Outro sistema é o escoamento na forma de sifão, usando tubos de PVC em forma de cachimbo, onde se regula a altura da água em movimentos pendulares do mesmo. Qualquer que seja o caso deve-se proteger a saída d’água para evitar o escape de peixes e entupimento dos drenos. 2.3. Canalização de abastecimento ou alimentação.  Este canal pode ter forma retangular ou trapezoidal, com paredes revestidas de cimento ou tábuas ou mesmo canais escavados no solo. Seu tamanho será variável e dependerá da quantidade de água necessária para abastecimento (Tabela 1). Tabela 1: Dimensões para tomada de água. Canal de alimentação Vazão menor 20 l/s Vazão entre 20 e 30 l/s  Largura do fundo (cm) 25 a 30 50 Profundidade (cm) 25 a 40 60 a 80 Declividade do fundo Zero 1/1000
  • 14. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 14/86   13 2.4. Tomada de água para abastecimento.  É o local de onde provém a água para abastecer os tanques ou viveiros. Geralmente são derivações do curso de água ou provenientes de grandes represas para abastecimento dos tanques. A tomada de água é conseguida com uma obstrução do leito do rio ou córrego, total ou parcialmente, de forma a elevar este nível de água e derivá-lo para os canais de alimentação. Poderá ser feita por pequenas represas ou mesmo obstrução com madeiras, pedras, argila ou concreto. 2.5. Canal de escoamento Deve-se obedecer as regras de construção dos canais de abastecimento, com declividade de 1% ou mais, se as condições do terreno permitir. 2.6. Filtros e telas de proteção São utilizados para impedir a entrada de outros peixes e predadores, bem como a saída de peixes do cultivo do tanque. Exigem manutenção periódica e podem ser colocados em vários locais entre elas citam-se: •  Entrada da canalização de alimentação principal; •  Entrada ou saída das canalizações ou tubos de alimentação dos tanques; •  Saída das canalizações de escoamento (monge ou sifão), para impedir fuga de peixes; •  Entrada das canalizações de escoamento para evitar entupimentos. 2.7. Impermeabilidade do fundo  Necessária para diminuir a infiltração de água, com a compactação do solo ainda um pouco úmido. Esta compactação poderá ser acompanhada de calcário, esterco e adubos químicos. Neste sentido favorecerá a formação do lodo e decantação de partículas que obstruirá os poros e pequenas aberturas no fundo dos viveiros. 2.8. Aeração São utilizados mecanismos artificiais para melhorar as quantidades de oxigênio disponível nos tanques, principalmente nas horas mais críticas (primeiras horas do dia). Os meios mais utilizados são: •  Tubos perfurados de forma oblíqua ao fluxo, obrigando a entrada de ar no sistema pela própria sucção procedida pela rápida e contínua passagem da água. São utilizadas quando não é possível o uso de canaletas de abastecimento a céu aberto. •  Tubos ou canaletas dispostos em cima do tanque, para permitir a queda prolongada, borbulhamento e oxigenação da água. •  Aerador mecânico, com pás de movimentação rápida e vigorosa, podendo ser acionado por tratores, geradores a diesel ou energia elétrica. 2.9. Entorno São as áreas em volta dos tanques. Deve-se observar nesse sentido um plano para facilitar o manejo, como movimentação de máquinas, caminhões, distribuidores de rações, etc. 2.10. Distância a ser guardada entre viveiros
  • 15. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 15/86   14 Pelo menos em três de seus lados deverá ter uma distância de 3,0 metros. Os tanques ou viveiros poderão ser construídos aos pares, separados por uma simples parede, suficiente para não permitir a mistura de água entre eles. 2.11. Gramados Os gramados visam dar sustentação ao terreno, prevenindo desabamentos (preferência por gramíneas de raízes estoloníferas) Brachiaria decumbens, capim rhodes, quicuio, etc. O plantio de árvores e arbustos deve ser estudado com critério, pois o sistema radicular destas podem causar danos graves aos tanques. 3. CLASSIFICAÇÕES DAS INSTALAÇÕES SEGUNDO SUA FINALIDADE 3.1. Viveiros de reprodutores São construídos com profundidade variando de 1,7 a 2,0 metros. Sua área deve ser de 200 a 1000 m2 . A densidade utilizada gira em torno de 5,0 m2 para cada Kg de peso vivo do reprodutor ou matriz. 3.2. Tanques de reprodução São destinados ao manejo reprodutivo dos peixes que se reproduzem em cativeiro. Devem ter o fundo de terra e sua área em torno de 50 a 100 m2 . 3.3. Tanques de larvicultura São aqueles que recebem as pós-larvas e que irão sofrer uma triagem e serão recriados até a 1ª alevinagem, sendo transferidos quando começam a se alimentar. Poderão ser transferidos para tanques berçários flutuantes feitos com tela de nylon com malha de 0,3 mm; para tanques de alevinagem ou mesmo no viveiro adubado recentemente. 3.4. Viveiro de alevinos São construídos em terreno natural, com área de 100 a 200 m2 , com profundidade de 1,2 a 1,5 m. Suas paredes devem ter inclinação de 2:1 (dois metros de largura para cada metro de altura). Devem possuir sistemas de abastecimento e drenagem. A densidade varia com a espécie que se vai trabalhar, geralmente está em torno de 50 a 500 alevinos por m2 . 3.5. Viveiros de crescimento, recria ou engorda Sua área é muito variável, podendo ir de 1000 até 5000 m2 . As represas ou açudes podem ser transformadas ou adaptadas em viveiros de engorda. Para tanto, devem ser totalmente drenadas, a fim de eliminar as espécies indesejáveis e permitir a coleta total dos peixes estocados. Sua densidade varia com o manejo alimentar e o fluxo de abastecimento de água e da tecnologia utilizada, podendo ir de 1,0 peixe para cada 10 m2 ou até 2,0 peixes/m2 . 3.6. Viveiros de produção de plâncton São aqueles extremamente adubados, eutrofizados para alta produtividade de plâncton. 3.7. Tanques de depuração São tanques de alvenaria, abastecidos com água limpa, onde os peixes ficam em torno de um a quatro dias para retirada de eventual sabor desagradável que possam apresentar, logo após a sua colheita. São tanques pequenos com tamanho médio de 50m2 .
  • 16. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 16/86   15 3.8. Tanques de quarentena São destinados a estocagem de reprodutores ou alevinos de outras procedências por um período de tempo em torno de um mês. Sua localização deverá ser a mais jusante possível dos viveiros, de modo a evitar a transmissão de eventuais doenças infecto-contagiosas. 4. INFRA-ESTRUTURA DA PISCIGRANJA São as construções necessárias à operacionalização de todo o processo produtivo. As ilustrações dos principais equipamentos e instalações utilizados na infra-estrutura de uma piscigranja encontram-se em anexo no final desta apostila. 4.1. Barracão para preparo e estocagem de ração Local apropriado para o preparo de ração podendo conter em seu interior: •  misturador de ingredientes (tipo betoneira) •  triturador de grãos •  balança tipo plataforma 4.2. Barracão para guarda dos equipamentos utilizados no trabalho cotidiano com os peixes (redes , tarrafas, enxadas, baldes, puçás, carrinho -de- mão, etc.). 4.3. Laboratórios a) Móvel - são utilizados equipamentos portáteis para monitoramento das condições da água e da biometria dos peixes. Seus principais equipamentos são: oxímetro (determinação do oxigênio disponível), pHmetro (determinação do pH da água), salinômetro (sais), condutivímetro (condutividade elétrica, mede a quantidade de partículas em suspensão na água pela corrente elétrica que transmitem), ictiômetro (medidas de comprimento e largura), balança e o disco de Secchi que medirá a turbidez da água. b) Estático - é a instalação geralmente destinada para trabalhos de reprodução artificial dos peixes. Nela estão os equipamentos como balanças analíticas, incubadoras tipo funil, tanques de espera para reprodutores, etc. 4.4. Equipamentos de limpeza São os materiais ou equipamentos necessários para a manutenção dos viveiros e da área em volta dos mesmos. Entre eles citam-se: equipamentos de capina, poda e varredura (enxadas, foices, alicates de poda, vassouras, ancinhos, etc.). 4.5. Equipamentos de captura Compõem-se de todos os apetrechos para captura dos peixes, entre eles citam-se: a) Rede de plâncton- para coleta do material sobrenadante, destinados à análise dos integrantes do fito e zooplâncton presentes na água e também para abastecimento de plâncton aos viveiros. Apresenta-se com rede de malha milimétrica, formato cônico com abertura da boca medindo 30,0 cm de diâmetro. b) Tarrafa- utilizada para capturar peixes com o tanque cheio, geralmente utilizada para amostragens e determinação do tamanho e peso dos peixes. É constituída de rede cônica com chumbadas na borda para rápido afundamento e captura dos peixes. c) Picaré - É uma estrutura de redes fixadas com madeiras nas extremidades e utilizadas para cercar e conter os peixes nos cantos dos tanques.
  • 17. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 17/86   16 d) Rede de arrasto- Utilizada em tanques onde o esgotamento da água não pode ser total na despesca. Exige no mínimo três pessoas para manuseio. Apresenta chumbadas na parte inferior e bóias na parte superior. Tamanhos de até 15,0 x 2,0 metros são ideais para arrasto, facilitando o trabalho. 4.6. Equipamentos de seleção São as redes de malhas calibradas, facilita a triagem dos animais quanto ao tamanho. Ao passá-la pelo tanque seleciona os peixes de acordo com o tamanho da malha. 4.7. Baldes para contagem São baldes com o fundo e as laterais perfurados, muito utilizados quando se processa a venda de alevinos. A contagem sempre é feita por amostragens. Pode ser utilizado para o mesmo trabalho pequenas peneiras plásticas. 4.8. Puçás ou passaguás São pequenas redes armadas com aros metálicos, utilizados para selecionar peixes já capturados (para pesagens, reprodução induzida, etc.). Também são utilizados para retirada de lixo sobrenadante como folhas, madeira, papel, etc. 5. ALTERAÇÃO BIOLÓGICA DA ÁGUA São as alterações causadas por diversos tipos de poluentes. 5.1. Poluição doméstica São os resíduos residenciais jogados diretamente nos rios, que causam problemas de contaminação na água e também nos peixes. Geralmente causam distúrbios por modificarem o ambiente onde vivem. Diminuem o oxigênio disponível pela maior eutrofização do ambiente aquático e causam também maior acidez ou alcalinidade, deixando a água menos favorável ao desenvolvimento dos peixes. Os principais resíduos ambientais domésticos que trazem problemas aos peixes são: vidros, latas e plásticos; restos de alimentos; dejetos de esgotos sem tratamento. 5.2. Poluição agrícola São os poluentes mais danosos que afetam a qualidade biológica da água, devido a grande persistência e alta mortalidade que causam aos peixes. Os inseticidas e pesticidas do grupo dos DDT e organoclorados em especial Dieldrim, Endrim, BHC e Heptacloro, foram os pesticidas mais encontrados em amostras realizadas. Por serem de baixa solubilidade são persistentes e cumulativos, fixando-se ao longo das cadeias alimentares, desde os organismos integrantes do plâncton até atingir o ser humano como elo final dessa cadeia alimentar. Há de se destacar também na poluição agrícola as erosões que causam assoreamento nos leitos dos rios. 5.3. Poluição Industrial Atualmente é o poluente que degrada as águas dos rios em maior escala devido ao grande desenvolvimento industrial das ultimas décadas. Sua gama de produtos químicos, físicos e biológicos jogados na água é imensa. Afetam a temperatura da água, o pH, o oxigênio, a salinidade e ainda introduz os metais pesados no ambiente, de alta toxidez, radioatividade e persistência. Causam doenças degenerativas em toda a flora e fauna aquática, bem como a extinção de muitas espécies.
  • 18. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 18/86   17 6. TIPOS DE CULTIVOS De acordo com a escolha do tipo de cultivo, determina-se a produtividade e os custos. É lógico que muitas vezes o ambiente e as condições do piscicultor e a disponibilidade da água é que determinarão qual o cultivo que mais se enquadra na exploração da propriedade agrícola. Os tipos de cultivo mais comuns são: o cultivo extensivo, o semi-intensivo, o intensivo e o super- intensivo; o monocultivo e o policultivo, consórcios de peixes com a criação de outros animais. 6.1. Cultivo Extensivo É a exploração onde se promove uma modificação mínima ao ambiente natural, ocorre nos açudes, lagoas, represas e outros mananciais. O fundo dos viveiros é irregular e inexiste controle sobre a entrada e saída da água e também dos predadores naturais. A quantidade de peixes também não é controlada. A coleta dos peixes é difícil e incompleta e a alimentação é feita com sobras da propriedade, mandioca, frutas, esterco de aves, bovinos e suínos. A produção de peixes num sistema extensivo depende muito da capacidade alimentícia da água, ou seja, da produtividade natural da água, dos nutrientes que ela contém. Deve-se escolher espécies adequadas que suportariam presença de predadores ou que os utilizassem como alimento. A taxa de estocagem geralmente empregada nesse sistema é de um peixe para cada 10 m2 , ficando difícil estimar a real produção dessas criações, pois, na maioria das vezes, sequer tem-se controle do volume de água dessas represas, considerando-se como produção apenas aquilo que se conseguiu coletar por diferentes métodos de pesca. Alguns sistemas conseguem produções de 100 a 1500 Kg/ha. A utilização de alevinos de maior porte (10 a 15 cm) é praticamente necessária devido a presença constante de predadores nos criatórios. Uma estocagem inicial de 50 a 2000 alevinos por ha é recomendada.  6.2. Cultivo Semi-Intensivo Neste sistema ocorre a contribuição do homem na melhoria da produtividade do ecossistema aquático. São feitas, pelo menos, calagens e adubações e são fornecidos vários tipos de alimentos, como resíduos da agroindústria, restos de abatedouros dentre outros. Pratica-se também uma suplementação alimentar aos peixes, tais como grãos: milho e sorgo; farelos: milho, sorgo, trigo e soja; tortas: mamona e algodão e farinhas: carne, peixes e ossos. A densidade de estocagem é maior chegando em média a trabalhar com três a cinco peixes a cada 10 m2 de área do viveiro. Já existe neste sistema um melhor controle da renovação da água, bem como as condições de construção dos tanques são melhores ao facilitar o manejo dos peixes. Produtividades em torno de 1000 a 2000 kg/ha são facilmente alcançados nesse sistema. Aqui também é comum o consorciamento com outras espécies animais como patos, marrecos de pequim e suínos. 6.3. Cultivo Intensivo É o tipo de piscicultura atualmente mais utilizada em nossa região, onde os criatórios são construídos objetivando apenas essa finalidade. Os tanques/viveiros são construídos com técnicas modernas de engenharia apresentando vários detalhes como: controle de entrada e saída da água, declividade do fundo e das paredes do tanque, caixas de coleta, filtros e telas de proteção. Na alimentação são utilizadas rações balanceadas (peletizadas e extrusadas), adubações químicas e orgânica, calagens do solo e da água, bem como o acompanhamento total das condições da água e do crescimento da biomassa dos peixes. A densidade de cultivo neste sistema varia entre um a dois peixes por m2 ou mesmo um peixe a cada 2m2 . A produtividade esperada neste sistema está em torno de 4000 a 5000 kg/ha. Neste sistema é comum o uso de aeradores artificiais.
  • 19. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 19/86   18 6.4. Cultivo Super-Intensivo É o tipo de cultivo mais tecnificado que trabalha com espécies de alto valor comercial, sempre em monocultivo, a densidade de estocagem é alta com vinte a oitenta peixes por m3 de água. Como a piscicultura super intensiva implica total dependência dos peixes aos alimentos que o criador lhes oferece, para o empreendimento ser economicamente viável, o alimento deve proporcionar elevada conversão alimentar para promover um rápido crescimento, e o peixe, por sua vez, deve alcançar alto valor no mercado para que a atividade seja lucrativa. O aumento de densidade de estocagem é dependente de dois fatores primordiais que são os teores de oxigênio e de amônia na água. Para se resolver esse problema, ou se eleva o fluxo de água que renova o suprimento de oxigênio que arrasta a amônia, ou se promove a filtração e a aeração artificial da água por processos mecânicos. Os peixes recebem alimentação peletizada ou extrusada e, a adubação orgânica para provimento de plâncton não é utilizada. São exemplos desse tipo de cultivo a criação de peixes em “TANQUES-REDE” ou gaiolas e os sistemas de fluxo contínuo de água chamados de “RACEWAYS”. •  TANQUE REDE - São viveiros de tela de material resistente, com formato redondo, hexagonal ou retangular, com altura que varia de 1,5 a 3,0m e são montados em grandes reservatórios de água e, também, nas enseadas das orlas litorâneas, em profundidades médias de 4 a 10m., amarradas em postes de concretos ou madeira ou âncoras chamadas poitas. Essa técnica originária do Japão é utilizada no Brasil onde encontra grande potencial de crescimento devido aos mais de cinco milhões de hectares de águas represadas pelas Usinas Hidroelétricas, sendo que o nosso País possui o maior potencial do mundo em água doce represada. •   RACEWAYS - ou canais com fluxo contínuo de água. É um sistema mais sofisticado e mais caro, consistindo em uma série de tanques de alvenaria ou concreto, paralelos, e interligados com largura de 1,5 a 4,5m., e comprimento variável, que permite a criação de peixes em altas densidades de estocagem em função do elevado fluxo de abastecimento dos tanques, promovendo a troca de oxigênio e a remoção de amônia e de sobras de alimentos. Como esta vazão é muito alta, muita destas criações estão acopladas a sistemas de reciclagem da água já utilizada, com recalque para um depósito em nível mais elevado e retorno da mesma água aos viveiros, após biofiltração que reduz a amônia que é altamente tóxica. A produtividade neste sistema varia muito com a densidade utilizada, obtendo índices que variam de 70 a 100 kg de peixes por m3 . Analisando todos esses sistemas de exploração em piscicultura, devemos ficar atentos que antes de se adotar qualquer regime de criação, é necessário pesquisar com cuidado todas as variáveis de produção, principalmente a economia da tecnologia a ser empregada e se a mesma é viável no local onde será aplicada. Deve ficar claro também, que todo o incremento de tecnologia utilizado reflete em ganho de produtividade, mas do mesmo modo exige maiores cuidados na operacionalização, bem como nos riscos do empreendimento. 7. TIPOS DE EXPLORAÇÃO
  • 20. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 20/86   19 •  MONOCULTIVO - nesse sistema, opta-se por uma única espécie a ser criadas no viveiro, sendo mais comuns nos sistemas extensivos e semi-intensivos e quase que obrigatórios nos super-intensivos. Comparativamente é menos recomendado do que o policultivo devido a subutilização dos alimentos naturais não consumidos pela espécie principal bem como das sobras de rações que vão ao fundo do tanque. •  POLICULTIVO - consiste na criação de espécies diferentes e de hábitos alimentares diferentes para que possam aproveitar melhor o alimento disponível no tanque, bem como o espaço físico na água. Nesse sistema, são cultivadas duas ou mais espécies de peixes, explorando melhor a cadeia alimentar formada com adubação orgânica. Deve-se estabelecer a densidade de estocagem dos viveiros e a proporção relativa ideais das espécies a serem criadas, buscando sempre a otimização da produtividade. Vantagens: aumento do oxigênio das águas dos tanques pelo consumo do excesso de algas e do lodo do fundo; reciclagem rápida e completa dos excrementos de uma das espécies, já que a outra pode-se alimentar de dejetos; decréscimo da população de espécies indesejáveis pela competição natural no viveiro. Desvantagens: pode estabelecer competição entre as espécies cultivadas se houver desbalanço na densidade; maior mão de obra na separação das espécies quando da despesca, que encarece a produção; taxa de crescimento diferentes que ocasionará coletas parciais ou em épocas diferentes nos viveiros. 8. CONSORCIAMENTO 8.1. Consórcio peixes-suínos É um tipo de consórcio onde há o aproveitamento contínuo do esterco fresco, onde as fezes e urina são escoados diretamente para dentro do viveiro. Os suínos são criados em galpões próximos ou sobre os viveiros. As fezes frescas contêm cerca de 20% de alimentos mal digeridos, sendo o restante utilizado como adubo orgânico, estimulando a produção de plâncton que também serão consumidos. Recomenda-se uma relação de 60 suínos adultos para cada hectare de tanque ou em condições de melhor renovação da água até 200 suínos por ha, poderá ser recomendado. Alguns cuidados essenciais devem ser tomados principalmente para não concentrar a alimentação num só local do tanque, e também cuidados com o uso de produtos químicos na criação dos suínos que poderiam contaminar os peixes. Pode-se obter produções em torno de 2 a 3 toneladas por hectare neste sistema de consórcio. 8.2. Consórcio peixes-aves O mais comum desses consórcios com aves é a criação de peixes juntamente com patos ou marrecos de pequim, que atingem 2,4 a 2,6 kg de peso (tamanho ideal para abate e a comercialização destes animais) em um curto período de 50 a 60 dias. A relação de marrecos para um hectare de tanque é de 300 a 500 marrecos, por terem crescimento rápido os marrecos precisam ser alimentados com ração contendo de 15 a 18% de proteína bruta. O excedente da ração acaba indo para a água, pois os comedouros das aves devem ficar próximos a esta, ou mesmo acima em ilhas construídas com ripados de madeira. Também são importantes para alimentação dos peixes os excrementos que os marrecos liberam, os quais servirão diretamente como alimento aos peixes, ou indiretamente, através da adubação da água dos viveiros.
  • 21. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 21/86   20 Uma das vantagens desse consórcio é a oxigenação promovida pelos marrecos devido a sua intensa movimentação na água e também a erradicação da vegetação aquática, da qual os marrecos se servem como alimento. A grande desvantagem deste sistema é o estrago que os marrecos causam aos taludes, também o fato de serem de difícil comercialização, além do que são parasitos dos mesmos vermes comuns aos peixes. A produção de peixes nesse sistema está em torno de duas toneladas por hectare.
  • 22. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 22/86   21 CAPITULO 3 REPRODUÇÃO DE PEIXES
  • 23. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 23/86   22 1. INTRODUÇÃO O sucesso da piscicultura depende da capacidade de perpetuação da espécie, onde são produzidas larvas a serem utilizadas na criação, visando a terminação ou a manutenção do plantel de reprodutores. Na reprodução natural, vários mecanismos reprodutivos ocorrem como a partenogênese, a bissexualidade e o hermafroditismo. A bissexualidade ocorre com os peixes apresentando os sexos separados, machos e fêmeas, com a fecundação e o desenvolvimento externo (ovuliparidade). Ex. dourado, pacu, pintado, tambaqui, matrinxã, curimbatá, etc. 2. DEFINIÇÕES BÁSICAS Dimorfismo sexual: é a diferenciação sexual nos peixes, sendo que a maioria das espécies não apresentam tal característica fora do período reprodutivo. Algumas apresentam alguns sinais indicativos: •   Tucunaré- apresenta uma protuberância entre a cabeça e a nadadeira dorsal; •  Curimbatá- emite sons durante a piracema; •  Pirarucu- apresenta uma coloração avermelhada na borda das escamas dos peixes machos; •  Dourado- aparece algumas espículas (espinhos) na nadadeira anal; •  Tilápias machos são maiores que as fêmeas, e no caso das trutas e salmões as fêmeas é que são maiores que os machos. Na época de reprodução as fêmeas da maioria das espécies apresentam o ventre abaulado e macio, com a abertura urogenital intumescida, saliente e avermelhada. Já os machos, sob leve pressão no abdômen no sentido encéfalo-caudal, liberam o sêmen. Cuidado parental: é o cuidado que os pais dispensam à prole, para garantir a sobrevivência da espécie. Espermatogênese: são as várias divisões mitóticas das células germinativas até formarem os espermatozóides. Ovulogênese: é o processo de formação dos óvulos, através das várias divisões mitóticas no organismo das fêmeas. 3. REPRODUÇÃO: UM EVENTO CÍCLICO Os peixes apresentam uma periodicidade no seu processo reprodutivo, geralmente desovando a cada ano, podendo ocorrer a desova mais de uma vez ao ano em algumas espécies de tilápias. Todo esse processo é sincronizado com fatores ambientais que garantirão a sobrevivência da prole. O ciclo anual pode ser dividido em três fases: •  Fase 1- pós desova: neste período as gônadas se encontram de tamanho reduzido, encontrando-se em repouso; •  Fase 2- pré desova: aqui as gônadas iniciam a produção de gametas (gametogênese) e ocorre a produção e incorporação do vitelo nos ovócitos (vitelogênese) e é acompanhado por um aumento gradual no tamanho das gônadas; •  Fase 3- ovulação: é a maturação final dos gametas, culminando com a desova, a liberação dos gametas e a fertilização dos ovos.
  • 24. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 24/86   23 4. REPRODUÇÃO INDUZIDA Todo o processo de indução começou com Rodolpho Von Ihering, que iniciou os trabalhos de cultivo de peixes na Região Nordeste em 1932. Havia o interesse de expandir a piscicultura, mas, a dificuldade de obtenção de alevinos era grande, haja vista a impossibilidade de reprodução natural das várias espécies de peixes em cativeiro. Alguns grupos de peixes reproduzem-se naturalmente em águas lênticas (lagoas ou represas), como os lambaris, traíras e tucunarés. Outros grupos de peixes, que abrange a maior parte de nossas espécies nativas, necessitam realizar a piracema (migrações) rumo às cabeceiras dos rios para a reprodução, são os chamados peixes REOFÍLICOS, como o pacu, tambaqui, curimbatá, dourado, pintado, piavuçú, piraputanga, piracanjuba, etc. Peixes estes de grande interesse para a piscicultura. Para estas espécies, que em cativeiro não se reproduzem naturalmente, pressupõe-se o processo de reprodução induzida a fim de que seja possível a obtenção de larvas para posterior cultivo. A reprodução induzida consiste da utilização de hormônios naturais ou sintéticos a fim de que seja possível induzir a ovulação e espermiação de algumas espécies de peixes com potencial para ser utilizadas em piscicultura. Assim, justifica-se a reprodução induzida, para obtenção de uma produção em massa de larvas, com alta taxa de sobrevivência para o abastecimento dos sistemas de criação de espécies reofílicas. 5. ORIGEM DO PLANTEL DE REPRODUTORES Os reprodutores utilizados para indução hormonal podem ser obtidos dos rios, sendo estocados em tanques, recebendo alimentação e outros manejos de acordo com a espécie, idade do animal, etc. Os animais também podem ser obtidos de outras piscigranjas, estações de piscicultura, etc. Embora possam ser estocados em viveiros maiores, a manutenção desses animais em viveiros menores, com 1500 a 3000 metros quadrados, facilita o acompanhamento do seu desenvolvimento, alimentação e observação das mortalidades, além de facilitar a captura para utilização na reprodução, sendo a densidade mantida na proporção de 5 a 10 m2 por reprodutor. A alimentação destes reprodutores deve suplementar suas exigências para manutenção e desenvolvimento gonadal, sendo que para os animais em crescimento é necessário que a ração supra as suas exigências de mantença, crescimento e também aquela porção que será destinada à reprodução. No caso de reprodutores de hábito alimentar carnívoro, como o pintado e a piraputanga, pode-se utilizar de outras espécies para melhorar o desempenho reprodutivo e também reduzir os custos com a alimentação. Para as espécies que aceitam bem dietas artificiais, uma taxa de arraçoamento entre 1 a 2% tem trazido bons resultados sobre o desempenho, sendo que peixes carnívoros exigem níveis protéicos mais elevados. As dietas deverão ser reduzidas nas épocas mais frias, e de acordo com a condição corporal do animal. Os peixes apresentam elevada fecundidade. Para se ter uma idéia, uma fêmea de tambaqui de 3,0 kg desova cerca de 500 mil óvulos, já uma fêmea de dourado de 7,0 a 8,0 kg chega a desovar mais de um milhão de óvulos. Hipofisação: é a aplicação do hormônio gonadotrófico extraído da hipófise de peixes doadores, os quais devem ser adultos e estarem maduros sexualmente ou em fase de maturação gonadal avançada.
  • 25. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 25/86   24 6. BIOLOGIA REPRODUTIVA DOS PEIXES Os peixes no ambiente natural se preparam para a reprodução, geralmente na mesma época, estando maduros produzem gametas com óvulos e espermatozóides viáveis. As espécies de piracema realizam migrações anuais cíclicas que coincidem com o período das chuvas e aumento da temperatura e do fotoperíodo. Nessa migração procuram lugares adequados que são os trechos dos rios passíveis de inundações, onde formam as lagoas marginais, que são os berçários onde vão parar os ovos depois de fecundados e hidratados em pleno leito do rio. Em menos de 24 h ocorrem a eclosão das larvas. Quando estão maduras sexualmente as gônadas (ovários e testículos) apresentam-se como uma massa volumosa, de coloração variável, dentro da cavidade abdominal, paralelo à bexiga natatória. 7. MECANISMO ENDÓCRINO DA REPRODUÇÃO Existe uma glândula chamada hipotálamo, que através das influências climáticas inicia a secreção do GnRH (hormônio gonadotrópico), que intensifica a formação da gonadotrofina pela hipófise ou glândula pituitária. Esta gonadotrofina cai na corrente sanguínea e chega aos tecidos das gônadas, estimulando a produção e secreção dos hormônios sexuais (andrógenos e estrógenos). A hipófise ainda sintetiza o hormônio tirotrópico (TSH) que atuará na maturação final dos óvulos (Figura 1). Figura 1: Produção de hormônios e sua atuação nas diferentes estruturas reprodutivas de peixes 8. IDADE PARA REPRODUÇÃO  A primeira maturação é variável com a espécie, sexo, tamanho, bem como dos fatores externos como alimentação e condições climáticas. Alguns exemplos de idade de maturação podem ser observados abaixo: •  Pirapitinga (fêmea): 3,5 anos; Pirapitinga (macho): 2,5 anos •  Pacu/tambaqui (fêmea): 4,5 anos; Pacu/tambaqui (macho): 3,5 anos •  Matrinxã (fêmea): 3,0 anos; Matrinxã (macho): 2,0 anos No clima temperado este tempo poderá ser maior para o início da maturação sexual.
  • 26. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 26/86   25 9. ÉPOCA DE REPRODUÇÃO  Cada espécie apresenta uma época mais favorável à reprodução induzida. A maioria apresenta sazonalidade sincronizada com fatores ambientais, períodos chuvosos, altas temperaturas com os dias mais longos (Tabela 1). Tabela 1: Épocas de reprodução de algumas espécies de peixes de água doce Espécie Meses do ano Piracanjuba (Brycon orbignyanus) D-J Curimbatá (Prochilodus lineatus) D-J-F Dourado (Salminus maxillosus) O-N-D-J Lambari (  Astianax bimaculatus) A-S-O-N-D-J-F-M Mandí (Pimelodus maculatus) O-N-D-J-F-M Trairão (  Hoplias Lacerda) S-O-N-D-J-F Piapara (  Leporinus elongatus) D-J Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) N-D Pacu (Piaractus mesopotamicus) D-J-F-M Tambaqui (Collossoma macropomum) D-J-F- 10. HIPOFISAÇÃO  A hipofisação começa com a determinação da quantidade de hormônio a ser aplicado e com as técnicas utilizadas. O extrato bruto de hipófise é utilizado na proporção de 4,5 a 5,5 mg/kg de peso vivo das fêmeas que se pretende induzir. Nos machos são aplicadas doses menores (0,5- 1,0- 2,5 mg/kg) (Tabela 2). Calculada a quantidade de hipófises, elas são colocadas em um cadinho e perfeitamente trituradas com o auxílio de um pistilo. Para se ter uma dispersão mais fina usa-se algumas gotas de glicerina (não mais que 0,5 ml) e continua-se triturando até obter uma pasta fina, adiciona-se o soro fisiológico calculado, mexendo bem a solução. Despreza-se a parte sólida e utiliza o sobrenadante. Exemplos das dosagens utilizadas para pacu/tambaqui: •  Fêmeas Dose preparativa - 0,5 mg de hipófise/kg de peixe Dose final - 4,5 a 5,0 mg de hipófise/kg de peixe Intervalo entre doses - 14 a 22 horas Soro fisiológico - 0,5 ml/kg de peixe. •  Machos Dose única- 2,5 mg de hipófise/kg de peixe Tempo- logo após a segunda dose das fêmeas Soro fisiológico- 0,5 ml/kg de peixe.
  • 27. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 27/86   26 Tabela 2: Doses hormonais utilizadas para machos e fêmeas de algumas espécies de peixes empregadas na reprodução induzida. ESPÉCIE DOSE (mg/Kg de peso vivo) FONTES Pacu (Piaractus mesopotamicus) Fêmea 1ª dose: 0,2 2ª dose: 20,0 Macho 1ª dose: 0,2 2ª dose: 14,0 CASTAGNOLLI E DONALDSON (1980) Pacu (Piaractus mesopotamicus) Fêmea 1ª dose: 0,5 2ª dose: 5,0 Macho 1ª dose: 1,5 AYROSA et al. (1994) Dourado (Salminus maxillosus) Fêmea 1ª dose: 5,0 2ª dose: 20,0 Macho 1ª dose: 5,0 2ª dose: 10,0 PINTO GUGLIEMONI (1986) Matrinxã (  Brycon amazonicus) Fêmea 1ª dose: 0,4 2ª dose: 4,0 Macho 1ª dose: 1,5 BERNARDINO et al. (1993) Piracanjuba ( Brycon orbignyanus) Fêmea 1ª dose: 0,5 2ª dose: 5,0 Macho 1ª dose: 1,0 MENDONÇA (1996) Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) Fêmea 1ª dose: 1,0 2ª dose: 5,0 Macho 1ª dose: 2,0 GOMES et al. (1990) 11. ADMINISTRAÇÃO DO HORMÔNIO  O hormônio deve ser administrado por via intramuscular ou intraperitonealmente. O local mais utilizado é a base da nadadeira peitoral (musculatura vermelha). A injeção da solução hipofisária é realizada após a retirada dos reprodutores dos tanques de hipofisação, sendo os mesmos colocados em uma espuma para evitar lesões e cobrir sua cabeça com pano úmido para facilitar a injeção hormonal. Quando o peixe é difícil de ser manejado, como o dourado e a matrinxã, antes da pesagem, os reprodutores devem ser anestesiados com xilocaína (1,0 g/10,0 kg) que ajuda a reduzir o estresse; ou a quinaldina colocada na água (caixas de cimento amianto ou mesmo isopor na proporção de 0,5 ml/100 litros de água). Antes da dose final para evitar perdas de ovos, pode- se suturar a dobra que protege a abertura sexual das fêmeas. 12. HORA-GRAU Após aplicação da dose final, a fêmea é devolvida ao tanque. Inicia-se então a leitura da temperatura da água em intervalos de uma em uma hora, sendo anotada em ficha própria, a fim de calcular o tempo de ovulação (hora-grau). A hora-grau para o tambaqui varia de 260-280 para temperatura entre 26 a 29ºC. O conhecimento do valor de horas-graus é importante para se saber aproximadamente quanto esperar para a ovulação após a última injeção. Esse valor varia de acordo com a espécie e com o tipo de tratamento utilizado (Tabela 3).
  • 28. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 28/86   27 Tabela 3: Espaço de tempo entre a segunda injeção e o momento da extrusão Horas-grau Hipofisação LHRH 18-22°C 23-26°C 27-29°C 23-26°C 27-29°C Carpa Comum 1 260 250-260 230-240 420-440 - Carpa capim 1 225 210-220 - - - Carpa prateada 1 225 210-220 - - - Carpa cabeçuda 1 240 220-230 - - - Tambaqui 2 180 Pacu 5 - 182 - - 380-390 Matrinxã 1 - 190-200 - 340-380 - Piracanjuba 4 170 Dourado 1 - 250-260 - 340-360 - Bagre africano 3 221,3 1 WOYNAROVICH E HORVÁTH (1983); 2 CACHO e CHELAPPA (1992); 3 MOURA e CHELAPPA (1992); 4 MENDONÇA (1996); 5 FANG (1996). 13. EXTRUSÃO E FECUNDAÇÃO  O peixe é envolvido em toalhas e levado para a mesa com colchão de espuma. Se houver pontos, eles são removidos e a extrusão é feita pressionando a região do abdômen por detrás da nadadeira peitoral. Os ovos são expelidos em jatos e separados em pequenas bacias de plástico bem secas. Muitas vezes, por ter o abdômen muito musculoso, não se consegue extrair de uma só vez todos os ovos e, por esse motivo, pode-se providenciar uma nova sutura do orifício sexual e após uma hora repete-se a operação. Os machos são espermiados diretamente sobre os ovos já coletados das fêmeas e misturados com o auxílio de uma pena. A mistura precisa ser feita de maneira rápida e de modo cuidadoso, com movimentos suaves e seguros, não ferindo os ovos. Após realizada a mistura adiciona-se água pura em pequenas quantidades, mexendo imediatamente. Colocar cerca de 15% de água sobre o peso total dos óvulos, realizando uma nova homogeneização. O volume de água não deve ser muito elevado para evitar a diluição da mistura, dificultando a fertilização pela dificuldade de penetração na micrópila, que é uma abertura localizada na zona pelúcida dos ovócitos dos peixes, através da qual o espermatozóide atinge a superfície ovocitária durante a fertilização. Os espermatozóides no líquido de esperma seco são imóveis e iniciam seu movimento agilmente quando em contato com a água. O movimento dos espermatozóides também não dura mais que um minuto, por isso a fertilização precisa ser feita rapidamente. 14. COLETA E PRODUÇÃO DAS HIPÓFISES  A condição da produção e coleta de hipófises divide-se em etapas distintas, e para cada uma delas algumas considerações devem ser feitas. •  OBTENÇÃO DE DOADORES  Inúmeros peixes podem ser utilizados como doadores, entre eles citam-se a carpa, curimbatá, piavuçu, salmão, trairão e tucunaré. A principal característica que o peixe deve ter
  • 29. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 29/86   28 para ser considerado como doador é apresentar maturidade sexual, ou seja, peixes nos quais se podem observar ovários ou testículos já desenvolvidos. •   TAMANHO DO PEIXE DOADOR  A principal característica para o peixe ser considerado doador é o grau de maturidade sexual. Esta característica não está ligada diretamente com o tamanho do peixe, pois estudos mostram que a atividade gonatrópica é a mesma, seja o hormônio obtido de hipófises de peixes grandes (> 1 kg) ou pequenos (< 0,3 kg), desde que estejam sexualmente maduros. As hipófises de peixes grandes possuem maior quantidade de gonadotropinas do que as dos peixes pequenos. •  LOCALIZAÇÃO DA HIPÓFISE  A hipófise ou glândula pituitária localiza-se na base do crânio, numa pequena depressão conhecida como célula túrcica, logo abaixo do hipotálamo. O hipotálamo é facilmente reconhecido, pois se apresenta como uma região dilatada da parte inferior do cérebro. Quando se retira o cérebro do peixe, algumas vezes a hipófise permanece ligada a ele, mas de maneira geral ela se desprende do cérebro, ficando aderida na célula túrcica (Figura 2). Figura 2: Localização da hipófise em peixe •  COLETA DAS HIPÓFISES  - Tempo para retirada da hipófise: a atividade gonadotrópica é a mesma quando se coletam as hipófises de peixes recém sacrificados ou até 24 horas após a morte, desde que neste caso se resfriem os peixes ou suas cabeças imediatamente após a morte a uma temperatura de 4ºC.
  • 30. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 30/86   29 - Época da coleta das hipófises: a concentração de hormônios gonadotrópicos se altera durante o ano, mudança esta relacionada com o ciclo reprodutivo dos peixes. Sua concentração é máxima durante a pré-desova, mas estudos mostram que hipófises coletadas durante o ano todo se mostraram viáveis à indução hormonal em peixes de tamanho grande. •  MÉTODOS DE EXTRAÇÃO  Existem os mais variados métodos de extração das hipófises. A escolha pode estar em função dos equipamentos disponíveis para extração ou de fatores mercadológicos, como, por exemplo, se a retirada das cabeças causará depreciação do pescado. A hipófise pode ser retirada com a remoção da parte superior da cabeça (ossos frontal e occipital), de modo a aparecer o cérebro do peixe. O cérebro deve ser removido cuidadosamente com uma pinça, aparecendo então a hipófise. Também pode ser retirada com furadeira elétrica adaptada com serra-copo para a extração da hipófise. Os doadores devem de preferência ser transplantados vivos até o momento da retida das glândulas, quando serão sacrificados por meio de uma incisão profunda a partir da base da nadadeira peitoral (Figura 3). Figura 3: Extração da hipófise em peixes.
  • 31. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 31/86   30 •  PRESERVAÇÃO DAS HIPÓFISES À medida que as hipófises vão sendo coletadas, colocá-las imediatamente em acetona. Quando terminada a coleta, utilizando-se de agulhas, estiletes, etc., procede-se uma limpeza preliminar, eliminando tecidos estranhos que tenham sido coletadas simultaneamente, e substitui- se a acetona, adicionando-se um volume mínimo de 20 vezes o volume de hipófises. Após 8 horas substituí-se novamente a acetona. Após outras 24 horas retira-se toda a acetona e colocam- se as glândulas sobre um papel filtro e deixa-se secar a temperatura ambiente e em local seco. Terminada a secagem procede-se à limpeza final para retirar tecidos remanescentes, e separam-se as hipófises inteiras das fragmentadas (estas podem ser utilizadas para a indução hormonal dos machos). Figura 4: Preservação das hipófises.
  • 32. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 32/86   31 •  ARMAZENAMENTO DAS HIPÓFISES  As hipófises assim produzidas podem ser armazenadas por vários anos, desde que sejam mantidas livres de umidade. Para isto adotam-se os procedimentos ilustrados na figura 5. Figura 5: Armazenamento das hipófises. 15. INCUBAÇÃO DOS OVOS  Logo após o período de fertilização, os ovos são levados às incubadoras de 60 litros, na quantidade de 100 gramas de ovos, adicionados em água corrente de boa qualidade. Alguns cuidados na incubação quanto a quantidade de ovos: •   de 130 a 200 mil ovos para incubadoras de 60 litros •  de 250 a 400 mil ovos para incubadoras de 200 litros Quanto à vazão de água na incubadora: •  de 4 - 5 litros/minuto para incubadora de 60 litros •  de 7 - 10 litros/minuto para incubadoras de 200 litros Estas precauções são necessárias para que ocorra o revolvimento dos ovos com suavidade evitando o seu rompimento. A eclosão destes ovos demora cerca de 16 -19 horas, estando, ligado diretamente este tempo com a variação da temperatura. Os ovos podem ficar na incubadora de 60 litros ou serem transferidos para as incubadoras de 200 litros, após decorridos 24 horas. Devem permanecer neste ambiente até a fase de pós-larva quando ocorre a absorção do saco vitelínico e desenvolvimento das nadadeiras, neste período a boca já esta formada e já recolhe a comida do ambiente. Decorrido este período vão aos viveiros, que já deverão estar preparados com antecedência de 3 a 4 dias, favorecendo o crescimento do fito e zooplâncton que fornecerá a alimentação neste estágio de desenvolvimento. O preparo deste viveiro de alevinagem deverá ser feito com 200-300 kg de esterco bovino para cada 1.000 m3 , após a adição de 15 a 20 kg de calcário. 16. TRANSPORTE DAS PÓS-LARVAS PARA OS VIVEIROS Alguns cuidados deverão ser observados nesta etapa: •  O transporte sempre nas primeiras horas da manhã;
  • 33. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 33/86   32 •  Recolhimento das pós-larvas das incubadoras por aspiração com tubulação apropriada, a qual é denominada sifonagem; •  A temperatura da incubadora deverá estar o mais próximo possível a da água do viveiro, para não ocorrer o choque térmico; •  A densidade recomendada de 150 mil pós-larvas para cada 1000 m2 de viveiro; •  O nível da água do viveiro deverá estar entre 40 a 50 cm, somente completando com o nível máximo após 48 horas do transporte inicial. 17. ALIMENTAÇÃO DAS PÓS-LARVAS A alimentação deverá ser fornecida em duas parcelas/dia durante os sete primeiros dias, com distribuição uniforme pelo viveiro. A quantidade de ração a ser fornecida é calculada de acordo com o número de pós-larvas (Tabela 4). Tabela 4: Quantidade de ração para cem mil pós-larvas. SEMANA DA PÓS-LARVA QUANTIDADE (g) GRANULOMETRIA 1ª 200 Pó 2ª 500 Pó 3ª 1000 Muito Fina 4ª 1500 Fina (Granulada) 5ª 2000 Fina (Granulada) Após quatro a cinco semanas, os alevinos terão de 3 a 5 cm e poderão ser levadas aos viveiros de engorda ou vendidos para açudes ou represas (15 a 20 cm). A tabela 5 apresenta os principais componentes de rações para pós-larvas e alevinos. Tabela 5: Formulação e Componentes de Rações para Pós-Larvas e Alevinos. COMPONENTE FASE ALIMENTAR INICIAL (%) ALEVINOS (%) ARROZ (PÒ) 25 - MILHO - 25 FARINHA SOJA 25 25 FARINHA PEIXE 25 25 FARINHA CARNE 25 25
  • 34. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 34/86   33 18. ESQUEMA DE LABORATÓRIO E INCUBADORA
  • 35. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 35/86   34 CAPÍTULO 4 QUALIDADE DE ÁGUA E MANEJO EM PISCICULTURA 
  • 36. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 36/86   35 1. OXIGÊNIO DISSOLVIDO Quando falamos em qualidade da água para piscicultura, o primeiro e mais importante dos componentes que deve vir à mente é o Oxigênio Disponível (OD). É o componente mais limitante em piscicultura. Sua solubilidade é baixa e ainda é reduzida com o aumento da temperatura, com o decréscimo da pressão atmosférica e com o aumento da salinidade da água. Sua taxa de difusão também é muito lenta, ou seja, a transferência de oxigênio do ar para a água. Isto torna as algas fotossintetizantes a principal fonte de OD nos ecossistemas aquáticos. Sabemos que na água existem os produtores e os consumidores de oxigênio, sendo que o fitoplâncton inverte seu papel de produtor de oxigênio durante o dia para consumidor do mesmo no período noturno (fotossíntese e respiração). Havendo nutrientes na água em abundância para a fotossíntese e conseqüente produção de oxigênio, a luz solar passará a ser o fator limitante, podendo ocorrer morte de peixes em períodos longos de dias nublados. Existe um valor adequado de plâncton no tanque (que deve ser monitorado com o disco de Secchi). Se este plâncton for demasiado no tanque, a luz solar chegará muito atenuada na parte mais profunda do mesmo, diminuindo a fotossíntese e a produção de oxigênio. Concomitantemente durante a noite o número elevado de algas consumirá este oxigênio disponível, podendo ocorrer variações na concentração de OD de 20 mg/l no período da tarde para até menos de 2,0 mg/l nas primeiras horas da madrugada. A maioria dos peixes de água quentes suportam concentrações inferiores a 1,0 mg/litro de oxigênio, mas preferem concentrações superiores a 3,0 mg/litro e crescem muito bem quando as concentrações estiverem acima de 5,0 mg/litro. Então, conclui-se que a variação do oxigênio nos tanques está em função da quantidade de plantas, da profundidade, da temperatura e da incidência de luz 1.1. Causas da diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido em viveiros •  Morte rápida de grandes quantidades de fitoplâncton existente no viveiro, com a decomposição da matéria orgânica, consome-se grandes quantidades de oxigênio disponível na água (Figura 1 e 2). •  Céu aberto com dias sem vento ou longo período chuvoso, havendo excesso de fitoplâncton nos viveiros. Nesse caso o fitoplâncton passa apenas a consumir o oxigênio, competindo com os peixes pelo mesmo O2. •  Chuvas ou ventos fortes causarão a suspensão da matéria orgânica depositada no fundo dos viveiros, assim parte do oxigênio seria gasto nesta mineralização. •  Superpopulação de peixes nos viveiros, a maior quantidade de peixes, consumirá o O2 de forma mais rápida, podendo ocorrer problemas principalmente no final da madrugada, quando não há produção de oxigênio pelo fitoplâncton. •  Falhas nos equipamentos de aeração. •  Excesso de alimento ou de fertilizantes orgânicos.
  • 37. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 37/86   36 Figura 1: Variação superficial diária do OD em tanques com diferentes densidades de plâncton. Figura 2: Concentração de OD média em tanques com diferentes densidades de plâncton.
  • 38. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 38/86   37 1.2. Sintomas da queda do oxigênio nos viveiros (Figura 3)  •  Peixes param de se alimentar;  •  Mudança na coloração da água, que passa de verde para marrom; •  Peixes abrindo e fechando a boca na superfície; •  Peixes concentrados próximos à entrada de água do viveiro; •  Morte dos peixes maiores. Figura 3: Efeito da concentração de OD nos peixes. 1.3. Algumas medidas a serem tomadas na falta de OD  •  Diminuir gradativamente, ou mesmo parar a adubação orgânica e/ou arraçoamento; •  Encher o viveiro com o máximo de água limpa possível e por queda brusca; •  Evitar agitar a água do fundo, não passando rede de arrasto ou mesmo entrar no tanque; •  Remover plantas que provoquem sombra na água e impeçam a fotossíntese; •  Utilizar aeração mecânica; •  Aplicação de cal hidratada, pois a mesma reduz a quantidade de CO2 na água e faz com que haja mais O2 disponível para os peixes.
  • 39. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 39/86   38 2. CONSTITUÍNTES DA ÁGUA DOS VIVEIROS As águas naturais contêm gases, íons inorgânicos e substâncias em solução ou substâncias particuladas em suspensão (inorgânicas ou orgânicas). Os gases nitrogênio, oxigênio e gás carbônico são os mais abundantes. A matéria orgânica particulada é constituída de fungos, bactérias, fitoplâncton (algas) e zooplâncton (animais microscópicos). A matéria inorgânica particulada é constituída de finas partículas, entre elas citam-se: sal, os íons cloreto, sulfato, magnésio, cálcio, potássio e bicarbonatos. A água muda em função da composição dos minerais do solo, como resultado de reações químicas. Em viveiros de piscicultura é importante observar os sedimentos orgânicos que se depositam no fundo. 3. VARIAÇÕES HIDROLÓGICAS São as modificações sofridas pelos corpos d’água devido a vários fatores como as condições ambientes ou mesmo de manejo. 3.1. Luz e temperatura Uma parte desta energia é refletida e outra é absorvida sob a forma de calor e causam na água diferentes intensidades de calor, chamadas de estratificação térmica com a formação de três zonas térmicas. 3.2. Estratificação térmica: efeito da temperatura e luz na água dos viveiros  A velocidade de reações químicas é duas vezes menor ou maior a cada 10ºC de flutuação da temperatura. Assim, a taxa de degradação da matéria orgânica, da dissolução de nutrientes e fertilizantes, da degradação de produtos químicos é maior em águas quentes que em águas frias. A luz e o calor propagam-se na coluna d’água. Como a densidade da água varia com a temperatura ocorre a chamada Estratificação Térmica dos corpos d’água. As águas superficiais são mais leves e quentes e não se misturam facilmente com as águas mais profundas (mais pesadas e frias). Surge desta forma uma estratificação térmica da água (Figura 4): •  Epilímnion: é a camada mais superficial e mais quente, também chamada de zona fótica; •  Metalímnion ou termoclina: é a camada intermediária onde a temperatura cai bruscamente, ou seja, muda com a profundidade; •  Hipolímnion: é a camada mais profunda e mais fria. Em tanques rasos de até 1,5 m não ocorre a formação da 3ª camada. À noite o perfil térmico tende a se homogeneizar, misturando as camadas bruscamente. Os peixes não suportam mudanças bruscas de temperatura, e tendem a buscar sua zona de conforto térmico dentro dessas camadas. Desse modo, mudanças na temperatura da água podem induzir o desequilíbrio fisiológico (estresse) e mesmo matar os peixes em um viveiro. Variações bruscas de 5º C pode ser letal para certas espécies de peixes, principalmente quando são transferidos da água mais fria para águas mais quentes. A estratificação térmica de um tanque também pode ser quebrada pela ação dos ventos, da chuva ou pelo frio. Pode ocorrer uma mistura completa das águas superficiais com as águas profundas, ocasionando uma depleção (queda) na concentração de OD no tanque e conseqüentemente morte dos peixes. Espécies de peixes de hábitos mais profundos estão menos sujeitos a tais variações.
  • 40. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 40/86   39 Figura 4: A estratificação térmica de um corpo d’água pouco profundo. Assim, são necessárias medidas corretas no manuseio de peixes em épocas onde a variação térmica é mais acentuada (final do outono, inverno e início da primavera). No transporte de peixes de regiões de maior para menor altitude; de águas frias para águas quentes, etc. O manuseio dos peixes deve ser feito nos horários onde a temperatura ambiente e da água estejam mais próximas entre si e da faixa de conforto térmico da espécie cultivada. 3.3. Turbidez da água Interfere na penetração de luz na água (transparência da água). É medida através do disco de Secchi, que é a profundidade na qual um disco de 20 cm de diâmetro, alternado com quadrantes brancos e pretos desaparece de vista. A turbidez está em função direta da quantidade de partículas em suspensão na água, conferindo à mesma colorações diferenciadas. O plâncton produz turbidez desejável na água até os limites de 30 a 50 cm de transparência do disco de Secchi, correlacionando-se com boa produtividade de peixes e com sombreamento adequado para controle do crescimento de macrófitas aquáticas. Se o disco de Secchi só é visto acima dos 30 cm, ocorrerá certamente falta de oxigênio no período noturno, pelo excesso de algas. A temperatura também é maior em viveiros túrbidos, comparado com os viveiros onde a água é clara, devido à grande absorção de calor pelo material particulado. 3.4. O pH da água O pH é o potencial hidrogeniônico. Mede a concentração de íons hidrogênio na água (H+). Sua escala vai de 0 a 14 ( ácido a básico), sendo 7,0 o ponto de neutralidade. O pH da água sofre influência de vários fatores, entre eles amônia, enxofre e nitritos, mas, o principal é o gás carbônico. O CO2 assim como o OD sofre influência pelo seu consumo durante o dia pelas algas
  • 41. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 41/86   40 e a sua liberação à noite. O gás carbônico tem o poder de acidificar a água, ocorrendo então baixos valores de pH no período noturno, bem como valores mais altos durante o dia. A faixa ótima de pH para os peixes está entre 6,5 a 7,5. Valores de pH que pode ser prejudicial são aqueles abaixo de 4,0 e acima de 11,0. Valores entre 4,0 e 6,5 ou entre 9,0 e 10,0 os peixes sobrevivem, mas com baixo desempenho (Figura 5). Se a água de um viveiro é mais ácida do que o pH 6,0 ou mais alcalina do que o pH 9,5, por longo período de tempo, a reprodução e o crescimento diminuirão. A respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são os únicos fatores que causam mudança de pH na água (Figura 6). Figura 5: Efeitos do pH para os peixes cultivados. Figura 6: Flutuações diárias do pH em um tanque. 3.5. Efeito da fotossíntese e respiração no pH  Durante o dia, as plantas aquáticas removem o CO2 da água para o uso na fotossíntese. Plantas e animais estão continuamente liberando CO2 na água pela respiração, entretanto, durante o dia as algas e plantas aquáticas em geral removem o CO2 da água mais rapidamente do que é reposto através da respiração. De madrugada ocorre o pH mais baixo no período de 24 horas, pois não ocorre a fotossíntese que consome o CO2 e libera O2 no meio. Com a luz do sol, a fotossíntese recomeça e
  • 42. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 42/86   41 o CO2 é utilizado pelos organismos autotróficos da comunidade aquática, voltando a aumentar o valor do pH na água. 3.6. Efeitos da localização na mudança do pH na água Águas de viveiros localizadas próximas a áreas agrícolas tendem a aumentar o pH, devido à erosão, que transporta nutrientes e calcários. Aqueles viveiros próximos a áreas industriais possuem pH baixo, devido às chuvas ácidas. A acidificação pode diminuir a produção primária, limitar o crescimento de espécies zooplanctônicas e pode também ser responsável pelo desaparecimento de diversas espécies de peixes, poderá influenciar também negativamente na reprodução dos peixes. 3.7. Alcalinidade total A alcalinidade total é a expressão das bases existentes na água que são os íons bicarbonatos (HCO3 - ) e carbonatos (CO3 - ). Podem reagir para neutralizar íons hidrogênio (H+ ), atuando como bases, e, portanto, contribuindo para elevar o teor de alcalinidade da água. Em viveiros de piscicultura são desejáveis valores acima de 20 mg/l de CaCO3 (carbonato de cálcio), sendo que valores de alcalinidade entre 200-300 mg/l podem proporcionar grande sucesso no cultivo de peixes. As mais altas produções não resultam diretamente de altas concentrações de alcalinidade, mas de altos níveis de fósforo e outros elementos essenciais, cuja disponibilidade aumenta  juntamente com o aumento do teor da alcalinidade. Geralmente, este teor depende da textura do solo: •  solos de areia apresentam baixa alcalinidade; •  solos de argila apresentam alta alcalinidade; •  solos de regiões áridas apresentam alcalinidade excessiva pela grande evaporação e concentração de íons. 3.8. Dureza total A dureza total mede a concentração dos cátions divalentes livres na água, principalmente íons de cálcio e magnésio. O teor de cálcio na água pode determinar o seu grau de dureza. Tanto a alcalinidade quanto a dureza total são expressas em mg de CaCO3  /l . Valores acima de 20,0 mg de CaCO3  /l indicam que haverá pouca variação do pH durante a noite/dia, ficando o pH em torno de 7,5 a 8,5. Valores abaixo de 20,0 mg de CaCO3  /l indicarão uma variação de 6,0 a 6,5 no amanhecer e 9,5 a 10,0 no final da tarde. A alta alcalinidade está relacionada com as águas duras, pois alcalinidade e dureza são de concentrações similares em muitas águas. Assim, as águas podem ser classificadas da seguinte forma: •  Água mole: de 0 a 75 mg de CaCO3; •  Água moderadamente dura: de 75 a 150 mg de CaCO3; •  Água dura: de 150 a 300 mg de CaCO3; •  Água muito dura: acima de 300 mg de CaCO3. Estes valores poderão ser utilizados para observações da qualidade da água a ser escolhida em piscicultura. 3.9. Condutividade elétrica 
  • 43. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 43/86   42 É uma forma de se avaliar a quantidade de nutrientes disponíveis nos corpos d’água. A medida é feita através de um aparelho chamado de condutivímetro, que mede a quantidade de eletricidade que pode ser conduzida pela água. Quanto maior a quantidade de sais dissolvidos na água, maior será a sua condutividade. Quando uma água apresenta alta condutividade, certamente ela deverá ter alta concentração de nutrientes dissolvidos, assim, em águas muito duras ou alcalinas também apresenta elevada condutividade. Os valores médios de viveiros de piscicultura estão em torno de 23 a 71 uS/cm (micro Siemens/cm). 3.10. Salinidade É a medida da quantidade de sais presentes na água. Para sua determinação poderá ser utilizados aparelhos como refratômetros e ou salinômetros, ou mesmo a equação de Swingle (1969): Salinidade (mg/l) = 0,03 + (1,805). Cl(mg/l) As exigências em sais na água depende das espécies, podendo variar de valores próximos a zero até 24,0 ppm para peixes de água doce. Como não se tem um estudo aprofundado das exigências ou limites de salinidade para os peixes cultivados, baseia-se como parâmetro os valores médios das águas do seu local de origem. Ex: Tambaqui (Colossoma macropomum)- Bacia Amazônica (0,05 a 3,4 ppm); Pacu (Piaractus mesopotamicus)-Bacia Paraná/Uruguai ( 3,0 a 14,0 ppm). 3.11. Amônia Aparece nas duas formas químicas: gás amônia (NH3) e íon amônio (NH4 + ). Ambas ocorrem ao mesmo tempo na água, conforme a seguinte reação química: H+ + NH3  NH4 + . Para cada unidade de aumento no pH, o íon amônio aumenta 10 vezes. Fonte de amônia em cultivos: decomposição de restos de ração, morte do fitoplâncton, excreção dos peixes, fertilização dos viveiros (sulfato de amônio ou uréia) (Tabela 1). Tabela 1: Fontes e quantidades de amônia produzidas em um cultivo semi-intensivo Origem da amônia Quantidade produzida (kg/ha) Excreção dos peixes 1.000-1.200 Fertilização química 200 Renovação de água 50 O que a amônia causa aos peixes: alterações fisiológicas na corrente sangüínea, enzimas e membranas biológicas (brânquias). Sintomas de toxicidade: peixes nadando erraticamente; ao serem capturados tremem e não conseguem saltar. Níveis de amônia: de 0 a 0,15mg/l de NH3 (ideal); de 0,15 a 1,0mg/l de NH3 (diminuição no crescimento e estresse); > que 1,0mg/l de NH3 (letal). Tratamentos: renovação de água, aeração, redução do pH, suspensão da fertilização, suspensão do arraçoamento. 3.12. Nitrito
  • 44. 5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 44/86   43 Parte da amônia é transformada em nitrito (bactérias  Nitrosomonas). A amônia é dez vezes mais tóxica que o nitrito. Níveis de nitrito: de 0 a 0,5mg/l de NO2 (ideal); de 0,5 a 5,0mg/l de NO2 (diminuição no crescimento); > que 5,0mg/l de NO2 (morte por asfixia). Sintomas de toxidez por nitrito: sangue e brânquias com coloração vermelha intensa ou marrom; peixes nadam de lado e/ou ficam parados na superfície da água; peixes boquejando (mesmo quando os níveis de oxigênio encontram-se ideais); altas taxas de mortalidade. Tratamento e prevenção: o tratamento mais eficiente é a colocação de sal na água. Para o cálculo utiliza-se a seguinte proporção “concentração de nitrito x 6 partes de cloro”. Exemplo: nitrito na água = 7,0 mg/l x 6 = 42mg/l de cloro. A quantidade de cloro no sal é de 60%. Logo, 42/0,6= 70mg de sal/litro de água. A tabela 2 ilustra os principais parâmetros de qualidade de água e periodicidade ideal de monitoramento em uma piscicultura. Tabela 2: Periodicidade ideal de monitoramento. Parâmetro Periodicidade Período mais crítico do dia Temperatura 2 vezes ao dia Madrugada e meio da tarde Oxigênio 2 vezes ao dia Madrugada e final de tarde pH 3 vezes por semana Madrugada e final de tarde Amônia Semanal Final de tarde Nitrito Semanal Final de tarde Gás carbônico Semanal Amanhecer Alcalinidade Mensal Amanhecer 4. COMUNIDADES PLÂNCTONICAS O tanque ou viveiro de piscicultura abriga uma comunidade biótica (viva) composta de produtores primários (fitoplâncton, perifíton e macrófitas aquáticas), heterótrofos (peixes, zooplâncton, vermes, larvas de insetos, anfíbios, etc), decompositores (bactérias e fungos) que colonizam o ambiente à medida que vai se desenvolvendo o cultivo (Figura 7). Estes organismos dependem da qualidade da água, indicada pelas variáveis físicas, químicas e biológicas que são de grande importância para a produção de peixes. Sua distribuição, em grande parte, deve-se ao seu hábito alimentar, que também depende da penetração de luz no sistema. Os produtores são capazes de sintetizar matéria orgânica a partir da água, gás carbônico e luz solar, produzindo uma biomassa que constitui a fonte de energia para as cadeias alimentares de todo o ecossistema. Os consumidores podem ser herbívoros, que obtêm sua energia direta ou indiretamente a partir da matéria orgânica sintetizada pelos produtores primários; podem ser carnívoros, que obtêm sua energia a partir de outros consumidores; e por último os detritívoros, que se alimentam de restos de plantas e animais. Localizam-se principalmente no sedimento, formando as comunidades bentônicas. Todos os organismos pertencem a determinados níveis tróficos (produtores, consumidores primários, consumidores secundários, etc.) que em seqüências possuem relacionamento alimentar, e constituem a cadeia alimentar. Em todos os ecossistemas aquáticos não existem cadeias alimentares simplificadas, mas sim todo um inter-relacionamento e entrelaçamento de cadeias, constituindo a chamada rede ou teia alimentar.