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Um conto de
Amilton Júnior
Capítulo 1
Existem bons e maus homens. Existem boas e más escolhas. Sempre existirão dois
caminhos, o certo e o errado. Sempre podemos optar por crer ou não crer. Mas após
cada decisão vem a continuação da história, vem a consequência da escolha, no entanto
não sabemos enfrentá-la tão bem quanto sabemos escolhê-la. Talvez seja esse o maior
desafio da vida: conviver com as consequências.
Sebastião era um homem muito bem sucedido, seu curso de engenharia
civil não lhe garantiu apenas bons prêmios como também a própria
construtora. Admirado pela grande inteligência era um bom pai de
família, rígido quando necessário, amante em todos os momentos.
No mundo há se quer um cidadão perfeito? Sem defeito algum? A
resposta é não. Sebastião também possuía uma falha, talvez a pior,
acreditava somente na força do próprio braço, confiava apenas em sua
capacidade, dizer àquele homem que suas conquistas foram dádivas de
Deus era como uma afronta: “Não tenho amigos imagináveis”, era esse o
seu discurso.
Beirando os seus trinta anos o empresário conheceu Lúcia, a mulher que conquistou o
seu coração de uma forma que nenhuma outra pudera fazer, a que se tornou sua fiel
esposa. Ele a amava mais que qualquer coisa, a tinha como rainha do seu lar, mas algo o
incomodava: a mulher dedicava cada conquista a Deus. “É Ele quem nos sustenta, basta
um ‘ai’ Dele e tudo pode acabar”, sua fala irritava o marido, que julgava tanta devoção
como perda de tempo.
Nada é por acaso, tudo tem o seu porquê e Adelaide era o porquê de Sebastião. A irmã
do magnata casou-se cedo, estava verdadeiramente apaixonada, sua vida possuiu mais
sentido ainda quando ela abraçou o seu filho, o presente que mais almejava, o fruto
daquele amor tão consistente. Porém a história trocou de página. A vida daquela mulher
se transformou, uma nova história passou a ser escrita, uma história que não lhe
agradou. Sua frustração gerou em sua alma a desconfiança: “Deus não pode existir, se a
Sua presença interfere em nossas vidas então ele é mau, não me poupou o sofrimento”.
Tal pensamento manipulou a fé do empresário, que vendo o quanto a irmã sofria não
podia mais acreditar em um Ser supremo.
Além de sua esposa, Sebastião amava
sem limite algum Lucas, seu unigênito
filho, que entrava na adolescência, o
garoto que despertava o seu orgulho e a
sua honra por tão admirada educação e
humildade. Se alguma coisa acontecesse
na vida daquela criança o influente
homem sentiria em sua própria pele.
A família Albuquerque aproveitava o final da tarde de Sábado em um agradável
parque próximo ao condomínio em que moravam. A correria do dia-a-dia por
vezes forçava aquela família a um passeio não tão longo, o importante mesmo era
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Como um verdadeiro pai babão Sebastião, ao lado da esposa, vira seu filho
conversando com uma garota que aparentava ter a mesma idade que o garoto,
pela feição do pequeno Lucas não se tratava de uma simples amiga, mas sim de
uma menina que começara a lhe despertar algo novo.
— Nosso filho está crescendo – o magnata comentou orgulhoso.
— Para negar a correria com os amigos e ficar sentado com uma menina deve
mesmo estar amadurecendo – Lúcia deu um suspiro desconsolado, sentia a hora do
“desapego” se aproximar.
— É feliz pela nossa família? Era assim que se imaginava quando começamos a nos
relacionar? – o homem mudou de repente o assunto, olhando dentro dos olhos de
sua esposa.
— Se sou feliz? – a mulher procurava as palavras certas desviando o olhar para o
céu azul que já se enfeitava com as primeiras estrelas -. Eu sou muito feliz! – a
esposa do empresário deu um sorriso, o mesmo que o conquistou há anos e que
ainda se mantinha nela -. Posso garantir que o que vivemos hoje é muito melhor
do que eu imaginava... Tenho um filho lindo, amável e um marido que me respeita,
me ama. Não posso reclamar de nada, pois tenho tudo.
Aquele homem gostava de ouvir sua esposa falar, a julgava como sábia... sábia
nas coisas dessa vida.
— E no que eu precisaria mudar? – a pergunta era um tanto desafiadora.
— Não sei... – na verdade Lúcia temeu em ser sincera.
— Sabe sim – o empresário insistiu -. Por exemplo, eu tiraria um pouco do seu
ciúme – Sebastião provocou risos na esposa -. E, então, o que mudaria em
mim?
Receosa por revelar o que verdadeiramente sentia a mulher abaixou os olhos,
respirou fundo, tomou coragem ao encarar o marido diretamente nos olhos e
deu sua resposta:
— A única coisa que não me agrada em você é a falta de crença em Deus... Isso
não o torna melhor ou pior a ninguém, mas quando entrar comigo na igreja de
mãos dadas me proporcionará o dia mais feliz da minha vida.
O magnata não gostou muito do que ouvira, mas sabia que fora ele o motivador da
revelação.
— Se é esse o seu desejo...
— Não, assim não. Não quero que vá à igreja comigo apenas para me satisfazer, quero
que entre na igreja reconhecendo a Deus como seu Criador e a Jesus como seu
Salvador... No dia em que você se abrir para a fé nos tornaremos ainda mais felizes,
estaremos ainda mais unidos!
— Por acaso quer que me torne um pastor? – o empresário começou a se chatear.
— Claro que não – Lúcia percebeu a alteração no tom de voz do marido -. Meu desejo é
apenas que um dia possamos compartilhar da mesma fé... Não quero discussões, esses
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  • 1.
  • 4. Existem bons e maus homens. Existem boas e más escolhas. Sempre existirão dois caminhos, o certo e o errado. Sempre podemos optar por crer ou não crer. Mas após cada decisão vem a continuação da história, vem a consequência da escolha, no entanto não sabemos enfrentá-la tão bem quanto sabemos escolhê-la. Talvez seja esse o maior desafio da vida: conviver com as consequências.
  • 5. Sebastião era um homem muito bem sucedido, seu curso de engenharia civil não lhe garantiu apenas bons prêmios como também a própria construtora. Admirado pela grande inteligência era um bom pai de família, rígido quando necessário, amante em todos os momentos. No mundo há se quer um cidadão perfeito? Sem defeito algum? A resposta é não. Sebastião também possuía uma falha, talvez a pior, acreditava somente na força do próprio braço, confiava apenas em sua capacidade, dizer àquele homem que suas conquistas foram dádivas de Deus era como uma afronta: “Não tenho amigos imagináveis”, era esse o seu discurso.
  • 6. Beirando os seus trinta anos o empresário conheceu Lúcia, a mulher que conquistou o seu coração de uma forma que nenhuma outra pudera fazer, a que se tornou sua fiel esposa. Ele a amava mais que qualquer coisa, a tinha como rainha do seu lar, mas algo o incomodava: a mulher dedicava cada conquista a Deus. “É Ele quem nos sustenta, basta um ‘ai’ Dele e tudo pode acabar”, sua fala irritava o marido, que julgava tanta devoção como perda de tempo. Nada é por acaso, tudo tem o seu porquê e Adelaide era o porquê de Sebastião. A irmã do magnata casou-se cedo, estava verdadeiramente apaixonada, sua vida possuiu mais sentido ainda quando ela abraçou o seu filho, o presente que mais almejava, o fruto daquele amor tão consistente. Porém a história trocou de página. A vida daquela mulher se transformou, uma nova história passou a ser escrita, uma história que não lhe agradou. Sua frustração gerou em sua alma a desconfiança: “Deus não pode existir, se a Sua presença interfere em nossas vidas então ele é mau, não me poupou o sofrimento”. Tal pensamento manipulou a fé do empresário, que vendo o quanto a irmã sofria não podia mais acreditar em um Ser supremo.
  • 7. Além de sua esposa, Sebastião amava sem limite algum Lucas, seu unigênito filho, que entrava na adolescência, o garoto que despertava o seu orgulho e a sua honra por tão admirada educação e humildade. Se alguma coisa acontecesse na vida daquela criança o influente homem sentiria em sua própria pele.
  • 8. A família Albuquerque aproveitava o final da tarde de Sábado em um agradável parque próximo ao condomínio em que moravam. A correria do dia-a-dia por vezes forçava aquela família a um passeio não tão longo, o importante mesmo era que os momentos de folga pudessem ser aproveitadas com todos juntos. Como um verdadeiro pai babão Sebastião, ao lado da esposa, vira seu filho conversando com uma garota que aparentava ter a mesma idade que o garoto, pela feição do pequeno Lucas não se tratava de uma simples amiga, mas sim de uma menina que começara a lhe despertar algo novo.
  • 9. — Nosso filho está crescendo – o magnata comentou orgulhoso. — Para negar a correria com os amigos e ficar sentado com uma menina deve mesmo estar amadurecendo – Lúcia deu um suspiro desconsolado, sentia a hora do “desapego” se aproximar. — É feliz pela nossa família? Era assim que se imaginava quando começamos a nos relacionar? – o homem mudou de repente o assunto, olhando dentro dos olhos de sua esposa. — Se sou feliz? – a mulher procurava as palavras certas desviando o olhar para o céu azul que já se enfeitava com as primeiras estrelas -. Eu sou muito feliz! – a esposa do empresário deu um sorriso, o mesmo que o conquistou há anos e que ainda se mantinha nela -. Posso garantir que o que vivemos hoje é muito melhor do que eu imaginava... Tenho um filho lindo, amável e um marido que me respeita, me ama. Não posso reclamar de nada, pois tenho tudo.
  • 10. Aquele homem gostava de ouvir sua esposa falar, a julgava como sábia... sábia nas coisas dessa vida. — E no que eu precisaria mudar? – a pergunta era um tanto desafiadora. — Não sei... – na verdade Lúcia temeu em ser sincera. — Sabe sim – o empresário insistiu -. Por exemplo, eu tiraria um pouco do seu ciúme – Sebastião provocou risos na esposa -. E, então, o que mudaria em mim? Receosa por revelar o que verdadeiramente sentia a mulher abaixou os olhos, respirou fundo, tomou coragem ao encarar o marido diretamente nos olhos e deu sua resposta: — A única coisa que não me agrada em você é a falta de crença em Deus... Isso não o torna melhor ou pior a ninguém, mas quando entrar comigo na igreja de mãos dadas me proporcionará o dia mais feliz da minha vida.
  • 11. O magnata não gostou muito do que ouvira, mas sabia que fora ele o motivador da revelação. — Se é esse o seu desejo... — Não, assim não. Não quero que vá à igreja comigo apenas para me satisfazer, quero que entre na igreja reconhecendo a Deus como seu Criador e a Jesus como seu Salvador... No dia em que você se abrir para a fé nos tornaremos ainda mais felizes, estaremos ainda mais unidos! — Por acaso quer que me torne um pastor? – o empresário começou a se chatear. — Claro que não – Lúcia percebeu a alteração no tom de voz do marido -. Meu desejo é apenas que um dia possamos compartilhar da mesma fé... Não quero discussões, esses últimos dias têm sido tão bons, vamos continuar assim. Sebastião concordou, aproximando-se mais da esposa a envolveu com um dos braços, voltando os seus olhos ao filho. — Amo muito vocês. — E nós você...
  • 12.