O documento discute os desafios do convívio online, onde há intrigas, mentiras e pouca amizade. A autora argumenta que as pessoas deveriam se relacionar com dignidade online, mas tem visto o lado negro crescer, dificultando saber quem é confiável. A inveja é apontada como um sentimento que pode transformar as pessoas em monstros.
3. Tenho pensado sobre o convívio na Internet.
Coisas que acho que todos,
em algum momento, já pensaram.
Tantas pessoas se encontram em um mesmo espaço,
mas eu tenho percebido que muitas delas
não têm conseguido desfrutá-lo de forma decente.
Intrigas, mentiras, invejas, fofocas,
ódios, mesquinharias, falsidades, traições
e pouca amizade. É, pouca, muito pouca.
Não que tenhamos que ser amigos de todos,
afinal existe a tal da afinidade.
Mas as pessoas deveriam ao menos
se relacionar com dignidade.
4. Por mais que afirmem que aqui
estamos num cantinho maravilhoso do mundo,
não é bem isso que eu tenho visto.
Podem me chamar de advogada do diabo, aceito.
Como queiram.
Alguma vez na vida todos já fizeram esse papel.
Acontece que o mundo virtual
vem me provando que ele não é composto
apenas de lindas mensagens, gifs saltando na tela,
elogios, músicas maravilhosas e textos magníficos.
Como tudo nessa vida ele tem o seu lado obscuro,
negro, nojento, podre e o que me impressiona
é que parece que esse lado vem crescendo
e sobressaindo dia-a-dia
5. Não se consegue mais ter a certeza de quem é
confiável, sincero, de caráter, falso, perigoso ou
invejoso.
Ah os invejosos....!
Para eles eu acho que poderia dedicar
uns dez parágrafos desse texto.
A inveja é um sentimento que pode tomar proporções
devastadoras e transformar um ser humano em
monstro.
Pobres invejosos, gente pequena,
que não consegue crescer,
que tem dificuldade de se destacar
por alguma qualidade que tenha,
porque na verdade não tem nenhuma.
Gente que vive no limbo da vida,
se arrastando como cobra
a espera do momento certo para dar o bote.
6. Que tristes e frustradas devem ser essas pessoas.
Nem sei se são dignas do desprezo ou da atenção,
o desamor ou do carinho.
Uma coisa no entanto é certa:
ão dignas de pena.
Pergunto-me como esses seres
humanos
conseguem viver em paz.
Mas a minha maior dúvida é
como eles educam seus filhos,
que herança pretendem deixar para eles?
Acho que só podem existir duas opções.
O mesmo caminho vergonhoso que trilharam
ou o peso da vergonha de serem filhos
de quem foram.
7. "Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez
por isso, esteja cada vez mais rara:
a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos
talheres e que abrange bem mais do que dizer um
simples obrigado diante de uma gentileza."
Essa frase faz parte de um dos textos de Martha Medeiros
m dos mais belos que circula na Internet.
Mas eu iria além do que Martha escreveu.
Eu diria que existe uma coisa que não se compra,
não se pega emprestado
e não se adquire no decorrer da vida.
Chama-se berço.
8. E quando falo de berço não me refiro à fortuna,
muito menos a sobrenome pomposo.
Berço está muito além de tudo isso.
Vem dos pais que tivemos e da educação que recebemos.
Assim sendo, quando a vida
não nos é generosa nesse aspecto,
é impossível retornar nesse caminho
para consertar o ser humano o qual nos tornamos.
Quando falo em berço,
me recordo sempre de uma empregada que tive.
Pobre, humilde, sem estudos,
morava num barraco em uma favela
aqui do Rio de Janeiro...
mas foi uma das pessoas que conheci
que teve o mais lindo berço que alguém pode ter.
9. Uma coisa também tenho certeza:
não existem personagens na Internet
como se costuma dizer.
Todos são aqui no mundo virtual
o que são no real.
Aqueles que aqui nos bajulam
e depois nos apunhalam pelas costas,
claro que se comportam igualmente
nas suas vidas reais.
E os que têm caráter e dignidade
no seu dia-a-dia,
é obvio que quando se sentam
em frente ao computador
não mudam de personalidade
como num passe de mágica.
10. Talvez seja a hora dos seres humanos em geral,
internautas ou não,
avaliarem o que anda norteando suas vidas.
Muitos deles correm o risco de,
se não tomarem rapidamente essa providência,
perceberem, de repente,
que atolaram numa areia movediça
que os sugará para sempre da sociedade
e do convívio com pessoas decentes e honradas.
Aí não será mais o limbo o local onde eles viverão,
será no inferno, no seu próprio inferno.
"Texto dedicado aos meus pais
que souberam me dar um berço."