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A inércia dos dias já lhe consumia a alma. E haveria alma naquele corpo ainda? E a tendência
era desanimadora.

Como foi que as coisas chegarem a este ponto? Como pode deixar que tudo ficasse assim, sem
jeito? Sem jeito, sem animo. Sem.

Talvez não tenha aprendido sobre adição ainda, nem conhecido a fundo a palavra ‘soma’, qual
seu significado. As coisas sempre vinham pra tomar lugar de outras. Era tudo de uma
substituição incrível. Nada se somava, preenchia. Tudo se alternava.

A criação era sempre um prazer quando despretensiosa. Fora disso, um trabalho, com todo o
peso. O que há para ser? O que?

E ser tantas às vezes é ser nada. E ser nada somente nada, e nada mais. Só menos.

E fartar-se de sons quando a mesma musica toca varias canções, e ter fé, e acreditar. E
continuar. Continuar do mesmo jeito. A intenção por si só faz a diferença?

Já não acreditava mais. Estranha e tristemente não acreditava. Se iludia em suas certezas e se
perdia entre tantas delas. Mas era disso que sua lucidez vivia, sobre vivia. Era disso que se
alimentava e não de pão, nem circo. Era disso que sobrevivia ao amor, que vivia. Aquele alheio
ao divulgado, ao informado, ao veiculado. Aquele diferente.

E quase que entendeu... por um quase que não foi entendido. Passa sempre tão perto disso!
Talvez esse Quase esteja dentro da gente, dentro de todos nós. Onde as coisas perdem os
nomes... e os nomes das coisas. E a gente só entende quando consegue enxergar. E talvez seja
parte, e não um todo. Talvez.




Eu é mais, e não só. E só é enquanto com.

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