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BELOHORIZONTE,SEGUNDA-FEIRA,3/8/2009HOJEEMDIA-esportes@hojeemdia.com.br
.4Esportes
BRUNOMORENO
REPÓRTER
Enquantoostimesdevôleife-
minino em Minas Gerais passam
por uma das maiores crises dos
últimosanos,comafugadepatro-
cinadores, todas as seleções fe-
mininas, desde a infanto-juvenil,
passando pela juvenil e chegan-
do à adulta, mantêm um mínimo
de quatro atletas mineiras. Elas
não apenas são mineiras, como
também a maioria despontou em
clubesdoEstado.
As atletas foram revela-
das justamente pelos três ti-
mes que disputaram a última
Superliga 2008/09, mas que
estão sem patrocínio para
montar equipes competitivas
paraapróximatemporada.
O Mackenzie, que dispu-
tou as duas últimas Superli-
gas pela primeira vez em sua
história, patrocinado por
uma rede de lojas de roupas,
ainda não tem certeza do que
fazer na próxima competição
nacional.
Já o Minas, bicampeão
brasileiro, está há duas tem-
poradas sem patrocínio, sem
grandescontrataçõesejogan-
do com seu time juvenil e até
mesmoinfanto-juvenil.Aúlti-
maequipequedisputouaSu-
perliga 2008/09, o Praia Clu-
be, de Uberlândia, também
não tem patrocinador ainda
paraapróximatemporada.
Nesses times, três das cin-
co atletas mineiras que estão
naseleçãoadultaforamrevela-
dasaqui. As outras duas foram
reveladas fora do Estado, mas
começaram a jogar em Belo
Horizonte. Além delas, outras
duas meninas vieram se for-
maraquiedespontaramatuan-
donoMinasTênisClube.
O curioso é que, das mi-
neiras que defendem a sele-
ção principal não há nenhu-
maatuandonosclubesdeMi-
nas Gerais, enquanto seis das
oito juvenis e infanto-juvenis
aindaestãonoEstado.
Das nascidas em Minas
compõem o time as titulares
Fabiana (meio-de-rede) e
Sheilla(oposto),ambasdeBe-
lo Horizonte, e Sassá (ponta),
de Barbacena, no Campo das
Vertentes. Além delas, estão a
central Adenízia, de Ibiaí, no
Vale do Rio Doce, que ainda
busca seu espaço, e a líbero
CamilaBrait,nascidaemFru-
tal, mas criada em Sacramen-
to,ambasnoTriânguloMinei-
ro, que auxilia nos treinos,
mas não está inscrita oficial-
mentenascompetições.
Fabianae Sheilla despon-
taramjogandopeloMinasTê-
nis Clube, mas Sheilla deu
suas primeiras cortadas no
Mackenzie,enquantoCamila
apareceu no Praia Clube, de
Uberlândia, apesar de ter ini-
ciadonoUniãoRecreativaSa-
cramentana.
Já Sassá começou no
Olympic, em sua cidade, e foi
aparecer mesmo no Vasco da
Gama, no Rio de Janeiro, en-
quanto Adenízia deu as pri-
meiras cortadas no Filadél-
fia, em Governador Valada-
res,passoupor timesdo Espí-
rito Santo e foi aparecer mes-
monoOsasco(SP).
Também passaram pela
escola mineira a levantadora
mato-grossense Ana Tieme
Takagui e a oposto paulista
Joycinha, onde desponta-
ram, e a meio-de-rede cario-
ca Thaísa, que revelou seu
grande potencial jogando no
Rexona(RJ).
Fabiana
lamentapouco
investimento
Essas atletas, juntamen-
te com as outras cinco joga-
doras da seleção, conquista-
ram no dia 26 de julho, em
Betim, a vaga para o Mun-
dial 2010, do Japão, e dispu-
taram ontem o último jogo
da fase brasileira do Grand
Prix, no Maracanãzinho, no
Rio de Janeiro, contra os Es-
tados Unidos, às 10 horas. O
jogo foi uma reedição da fi-
nal olímpica, quando o Brasil
faturou o ouro em cima das
norte-americanas.
Elas buscam somar pon-
tos para garantir sua partici-
pação nas finais da competi-
ção, queserão disputadas em
agosto,tambémnoJapão.No
torneio o time comandado
por José Roberto Guimarães
é o país com maior número
de títulos, somando sete con-
quistas(1994, 96,98, 2004, 05,
06e08).
Para Fabiana, Minas po-
deria incentivar mais ainda o
vôlei feminino, e não apenas
priorizar os investimentos
nas equipes masculinas, co-
mo tem ocorrido, para que as
grandes jogadoras também
pudessem defender clubes
noEstado.
“Faltainvestidordeumti-
me de ponta no feminino co-
mo fizeram Finasa e Rexona-
Adesdurantetantosanos.Mi-
nas está carente de um time
forte feminino. Eles investem
muito na base, na formação,
masdepoisperdemasjogado-
rasparaosestadoscomfortes
investimentosnotimeprofis-
sional. Podíamos mudar esse
rumo com mais patrocinado-
res e apoiadores para o vôlei
feminino”,conclamou.
Além disso, a meio-de-re-
de vê com receio o andamen-
to do vôlei feminino no Brasil
nos próximos anos. “O vôlei
feminino precisa de mais in-
vestimento. O masculino está
crescendo e evoluindo e nós
estamos paradas. Com a saí-
da do patrocinador Finasa,
em Osasco, perdemos ainda
mais espaço e isso me deixa
preocupada com o futuro do
vôleifeminino”,afirmou.
Já sua companheira
Adenízia acredita que o mo-
mento pode ser visto como
oportuno. “O vôlei está pas-
sandoporumamudançaeno-
vas empresas estão investin-
do. Em 2008, algumas cam-
peãs olímpicas voltaram ao
Brasil, e agora os meninos es-
tãovoltando”,avalia.
Renovação
mantêm
hegemonia
Já as atletas juvenis,
heptacampeãs mundiais,
conquistaramoinéditobron-
ze no torneio, no México, no
início domês, sob o comando
de Antônio Rizola, que colo-
coutodasasmineiras parajo-
gar: Thays (oposto), Glauciele
(ponteira), Mara (central) e a
levantadoraNathalia.
Para se ter ideia da situa-
ção dos times de vôlei femini-
noEstado,naúltimatempora-
da a levantadora foi a reserva
datitularDanieatuouporvá-
riasvezes.
Dentre as infanto-juvenis
que asseguraram o tricam-
peonato Mundial na Tailân-
dia, no mês passado, coorde-
nadas pelo técnico Luizomar
deMoura,jogaramquatromi-
neiras: a oposto Sthefanie,
nascida em Lavras e atleta do
Osasco, e as belo-horizonti-
nas Priscila (levantadora),
que defendia o Mackenzie e
foi recentemente contratada
pelo Praia Clube, Sâmera
(meio-de-rede) e Carla (pon-
teira),ambasdoMinas.
ParaopresidentedaFede-
ração Mineira de Vôlei, Car-
los Rios, o Carlão, o mercado
mineiro ainda não consegue
absorver a produção de atle-
tasde altonível emMinas Ge-
rais, e ele não projeta um ce-
nário favorável nos próximos
anos. “Isso é uma questão de
lei de mercado. O atleta de
destaque vive em função da
carreira dele, queé curta”, ar-
gumentou.i
Apesardeseremformadoresdeatletasdealtonível,clubesdoEstadonãoconseguempagarsuasatletas
Mineirasdominamseleção
VÔLEIFEMININO
“Omasculino
está
crescendo,
evoluindo
enós
estamos
paradas”
Daesquerda
paraadireita:
Camila,
Fabiana,
Adenízia,
Sassá(coma
criançano
colo)e
Sheilla,todas
mineirasque
estãona
seleção
campeã
olímpica
Fabiana,atacante
campeãolímpica
ALEXANDREARRUDA/CBV
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  • 1. BELOHORIZONTE,SEGUNDA-FEIRA,3/8/2009HOJEEMDIA-esportes@hojeemdia.com.br .4Esportes BRUNOMORENO REPÓRTER Enquantoostimesdevôleife- minino em Minas Gerais passam por uma das maiores crises dos últimosanos,comafugadepatro- cinadores, todas as seleções fe- mininas, desde a infanto-juvenil, passando pela juvenil e chegan- do à adulta, mantêm um mínimo de quatro atletas mineiras. Elas não apenas são mineiras, como também a maioria despontou em clubesdoEstado. As atletas foram revela- das justamente pelos três ti- mes que disputaram a última Superliga 2008/09, mas que estão sem patrocínio para montar equipes competitivas paraapróximatemporada. O Mackenzie, que dispu- tou as duas últimas Superli- gas pela primeira vez em sua história, patrocinado por uma rede de lojas de roupas, ainda não tem certeza do que fazer na próxima competição nacional. Já o Minas, bicampeão brasileiro, está há duas tem- poradas sem patrocínio, sem grandescontrataçõesejogan- do com seu time juvenil e até mesmoinfanto-juvenil.Aúlti- maequipequedisputouaSu- perliga 2008/09, o Praia Clu- be, de Uberlândia, também não tem patrocinador ainda paraapróximatemporada. Nesses times, três das cin- co atletas mineiras que estão naseleçãoadultaforamrevela- dasaqui. As outras duas foram reveladas fora do Estado, mas começaram a jogar em Belo Horizonte. Além delas, outras duas meninas vieram se for- maraquiedespontaramatuan- donoMinasTênisClube. O curioso é que, das mi- neiras que defendem a sele- ção principal não há nenhu- maatuandonosclubesdeMi- nas Gerais, enquanto seis das oito juvenis e infanto-juvenis aindaestãonoEstado. Das nascidas em Minas compõem o time as titulares Fabiana (meio-de-rede) e Sheilla(oposto),ambasdeBe- lo Horizonte, e Sassá (ponta), de Barbacena, no Campo das Vertentes. Além delas, estão a central Adenízia, de Ibiaí, no Vale do Rio Doce, que ainda busca seu espaço, e a líbero CamilaBrait,nascidaemFru- tal, mas criada em Sacramen- to,ambasnoTriânguloMinei- ro, que auxilia nos treinos, mas não está inscrita oficial- mentenascompetições. Fabianae Sheilla despon- taramjogandopeloMinasTê- nis Clube, mas Sheilla deu suas primeiras cortadas no Mackenzie,enquantoCamila apareceu no Praia Clube, de Uberlândia, apesar de ter ini- ciadonoUniãoRecreativaSa- cramentana. Já Sassá começou no Olympic, em sua cidade, e foi aparecer mesmo no Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, en- quanto Adenízia deu as pri- meiras cortadas no Filadél- fia, em Governador Valada- res,passoupor timesdo Espí- rito Santo e foi aparecer mes- monoOsasco(SP). Também passaram pela escola mineira a levantadora mato-grossense Ana Tieme Takagui e a oposto paulista Joycinha, onde desponta- ram, e a meio-de-rede cario- ca Thaísa, que revelou seu grande potencial jogando no Rexona(RJ). Fabiana lamentapouco investimento Essas atletas, juntamen- te com as outras cinco joga- doras da seleção, conquista- ram no dia 26 de julho, em Betim, a vaga para o Mun- dial 2010, do Japão, e dispu- taram ontem o último jogo da fase brasileira do Grand Prix, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, contra os Es- tados Unidos, às 10 horas. O jogo foi uma reedição da fi- nal olímpica, quando o Brasil faturou o ouro em cima das norte-americanas. Elas buscam somar pon- tos para garantir sua partici- pação nas finais da competi- ção, queserão disputadas em agosto,tambémnoJapão.No torneio o time comandado por José Roberto Guimarães é o país com maior número de títulos, somando sete con- quistas(1994, 96,98, 2004, 05, 06e08). Para Fabiana, Minas po- deria incentivar mais ainda o vôlei feminino, e não apenas priorizar os investimentos nas equipes masculinas, co- mo tem ocorrido, para que as grandes jogadoras também pudessem defender clubes noEstado. “Faltainvestidordeumti- me de ponta no feminino co- mo fizeram Finasa e Rexona- Adesdurantetantosanos.Mi- nas está carente de um time forte feminino. Eles investem muito na base, na formação, masdepoisperdemasjogado- rasparaosestadoscomfortes investimentosnotimeprofis- sional. Podíamos mudar esse rumo com mais patrocinado- res e apoiadores para o vôlei feminino”,conclamou. Além disso, a meio-de-re- de vê com receio o andamen- to do vôlei feminino no Brasil nos próximos anos. “O vôlei feminino precisa de mais in- vestimento. O masculino está crescendo e evoluindo e nós estamos paradas. Com a saí- da do patrocinador Finasa, em Osasco, perdemos ainda mais espaço e isso me deixa preocupada com o futuro do vôleifeminino”,afirmou. Já sua companheira Adenízia acredita que o mo- mento pode ser visto como oportuno. “O vôlei está pas- sandoporumamudançaeno- vas empresas estão investin- do. Em 2008, algumas cam- peãs olímpicas voltaram ao Brasil, e agora os meninos es- tãovoltando”,avalia. Renovação mantêm hegemonia Já as atletas juvenis, heptacampeãs mundiais, conquistaramoinéditobron- ze no torneio, no México, no início domês, sob o comando de Antônio Rizola, que colo- coutodasasmineiras parajo- gar: Thays (oposto), Glauciele (ponteira), Mara (central) e a levantadoraNathalia. Para se ter ideia da situa- ção dos times de vôlei femini- noEstado,naúltimatempora- da a levantadora foi a reserva datitularDanieatuouporvá- riasvezes. Dentre as infanto-juvenis que asseguraram o tricam- peonato Mundial na Tailân- dia, no mês passado, coorde- nadas pelo técnico Luizomar deMoura,jogaramquatromi- neiras: a oposto Sthefanie, nascida em Lavras e atleta do Osasco, e as belo-horizonti- nas Priscila (levantadora), que defendia o Mackenzie e foi recentemente contratada pelo Praia Clube, Sâmera (meio-de-rede) e Carla (pon- teira),ambasdoMinas. ParaopresidentedaFede- ração Mineira de Vôlei, Car- los Rios, o Carlão, o mercado mineiro ainda não consegue absorver a produção de atle- tasde altonível emMinas Ge- rais, e ele não projeta um ce- nário favorável nos próximos anos. “Isso é uma questão de lei de mercado. O atleta de destaque vive em função da carreira dele, queé curta”, ar- gumentou.i Apesardeseremformadoresdeatletasdealtonível,clubesdoEstadonãoconseguempagarsuasatletas Mineirasdominamseleção VÔLEIFEMININO “Omasculino está crescendo, evoluindo enós estamos paradas” Daesquerda paraadireita: Camila, Fabiana, Adenízia, Sassá(coma criançano colo)e Sheilla,todas mineirasque estãona seleção campeã olímpica Fabiana,atacante campeãolímpica ALEXANDREARRUDA/CBV G