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16- SPORTING 3870
Talvez por ser a equipa mais
dominadora e conquistadora
da história do futsal português
e por ter amealhado dois
títulos europeus em três anos,
ficar com a prata na UEFA
Futsal Champions League
possa parecer, para alguns, um
falhanço. A isso, chama‑se, no
entanto, estar mal‑habituado,
o que só comprova o enorme
sucesso do Sporting Clube
de Portugal de Nuno Dias e
restante grupo de trabalho.
Em Riga, na Letónia, os Leões
perderam a final diante do
FC Barcelona por 4‑0, mas
voltaram a mostrar que são
uma das melhores equipas do
planeta.
A semana passada na bonita e
limpa capital letã para disputar
a fase final da UEFA Futsal
Champions League pela nona
vez (depois de 2001/2002,
2010/2011, 2011/2012,
2014/2015, 2016/2017,
2017/2018, 2018/2019 e
2020/2021) ficou marcada,
também, pelo frio. Há poucas
semanas, fortes nevões tinham
pintado a cidade de branco
e era ainda muito cedo para
andar na rua de manga curta.
Mesmo com bom tempo, tendo
a chuva aparecido em apenas
um dia para contrastar com o
sol, a temperatura era muito
baixa em comparação com a
Primavera em Portugal, com
as noites a registarem mesmo,
por vezes, ‑1ºC. Nada disso
afectou, contudo, o rendimento
das quatro equipas (Sporting
CP, SL Benfica, FC Barcelona e
ACCS Asnières Villeneuve 92),
que ficaram todas instaladas no
mesmo hotel, assim como os
elementos da UEFA presentes.
O primeiro treino na Letónia
serviu para perceber as boas
condições e a dimensão da
Arēna Rīga, onde teve lugar a
final four da competição. Mais
habituado a receber hóquei
no gelo ou basquetebol, para
além de concertos de grandes
nomes da música internacional,
o pavilhão já tinha sido o
palco de um grande evento
de futsal: o Campeonato da
Europa de sub‑19 em 2019.
Bernardo Paçó e Tomás Paçó
integraram a selecção nacional,
que atingiu as meias‑finais,
nesse torneio. Interessante foi
perceber, também, o gosto
do povo letão pelo desporto,
uma vez que, numa cidade
cuja área metropolitana é
bem menos populosa que a de
Lisboa ou Porto, mais de 8000
pessoas estiveram na final entre
Sporting CP e FC Barcelona.
Na conclusão, como sempre,
fica o resultado, que foi negativo
no duelo mais importante, mas,
como referiu Nuno Dias na
conferência de imprensa depois
da derrota, este “em nada apaga
o trajecto” dos Leões. Mais uma
vez entre os maiores da Europa,
como desejou o fundador José
Alvalade, esta equipa é um
exemplo para todos.
Naturalmente superiores
Na meia‑final, contra os
franceses do ACCS Asnières
Villeneuve 92, o Sporting CP
venceu por 2‑6 e confirmou o
favoritismo.
Mesmo contra uma equipa
desfalcada nos últimos meses
e com bastantes problemas
internos, o conjunto verde
e branco abordou a partida
com a seriedade habitual e
inauguraram o marcador aos
cinco minutos, quando Erick
Mendonça rematou a bola
desviou em Esteban Guerrero
− estreante em competições
europeias de clubes – antes de
entrar. Seguiu‑se o tento de
Tomás Paçó, que cabeceou de
forma certeira depois do canto
batido por Miguel Ângelo.
O 0‑3 acabou por ser um dos
melhores golos desta final four:
Tomás Paçó lançou Zicky na
profundidade e este dominou
na perfeição, trabalhou muito
bem sobre Ricardinho e assistiu
Alex Merlim da melhor forma.
Na cara do guarda‑redes
FUTSALPERDEUAFINALDAUEFAFUTSALCHAMPIONSLEAGUEEMRIGADIANTEDOFCBARCELONA,MASHONROUOSPERGAMINHOSDOSPORTINGCPCOMUMA
PRATAEUROPEIAQUENÃOENVERGONHANINGUÉM.
MODALIDADES FUTSAL
A FAZER A VONTADE A JOSÉ ALVALADE
MESMO NA HORA DA DERROTA
Texto: Luís Santos Castelo
Fotografia: Bernardo Vidal, Ramsey
Cardy ‑ UEFA via Sportsfile
ACCSASNIÈRES
VILLENEUVE92
Sporting CP: Tomás Paçó, Zicky, Fernando Cardinal, Erick Mendonça,
João Matos [C], Pauleta, Waltinho, Guitta [GR], Bernardo Paçó [GR], Diego
Cavinato, Pany Varela, Miguel Ângelo, Alex Merlim e Esteban Guerrero.
Treinador: Nuno Dias. Disciplina: cartão vermelho para Pany Varela (18’).
(1‑3 ao intervalo)
SPORTINGCP
2‑6
29 de Abril de 2022 | UEFA Futsal Champions League ‑ meia‑final |
Arēna Rīga, Letónia
FCBARCELONA
Sporting CP: Tomás Paçó, Zicky, Fernando Cardinal, Erick Mendonça,
João Matos [C], Pauleta, Waltinho, Guitta [GR], Bernardo Paçó [GR], Diego
Cavinato, Miguel Ângelo, Alex Merlim e Esteban Guerrero. Treinador:
Nuno Dias. Disciplina: cartão amarelo para Miguel Ângelo (8’), Waltinho
(10’), Tomás Paçó (20’), Fernando Cardinal (23’) e Erick Mendonça (31’).
(2‑0 ao intervalo)
SPORTINGCP
4‑0
1 de Maio de 2022 | UEFA Futsal Champions League ‑ final | Arēna
Rīga, Letónia
Esteban Guerrero (5’)
Tomás Paçó (11’)
Alex Merlim (12’ e 30’)
Diego Cavinato (25’)
Fernando Cardinal (33’,
penálti)
Nelson Lutin (18’)
Salah Galmim (28’)
Sergio Lozano (16’)
Pito (19’)
Ferrão (21’)
Dídac Plana (39’)
Contra um FC Barcelona eficaz e a marcar em momentos decisivos, o Sporting CP não conseguiu vencer
SPORTING 3870-17
Careca, o ‘mago’ não perdoou.
Até ao intervalo, Pany Varela
viu o cartão vermelho depois de
um lance com Thiago Bolinha
(ficando de fora para a final)
e, em superioridade, o ACCS
Asnières Villeneuve 92 fez o 1‑3
por intermédio de Nelson Lutin.
Os gauleses não entraram
mal na segunda metade, mas
foi o Sporting CP, por Diego
Cavinato e quando o adversário
estava a jogar em 5x4, a marcar.
O ACCS Asnières Villeneuve
92 voltou a reduzir, agora por
Salah Galmim, mas o Sporting
CP dominou até ao final. Alex
Merlim bisou para o 2‑5 e,
depois, Fernando Cardinal
converteu um penálti com
sucesso para fechar as contas
em 2‑6.
Com Nuno Dias a dar minutos
a todos os jogadores na ficha
de jogo, o Sporting CP avançou
para a final da UEFA Futsal
Champions League − a quinta
das últimas seis edições.
Eficácia não perdoou
Leões
Perante uma Arēna Rīga
praticamente lotada e com
muito apoio por parte de várias
dezenas de Sportinguistas, que
já tinham estado na meia‑final,
o emblema de Alvalade
acabou por ceder perante o FC
Barcelona por 4‑0 e ficou com o
título de vice‑campeão europeu.
A primeira parte até viu algum
domínio do Sporting CP, que
teve ocasiões para marcar
por Diego Cavinato, Alex
Merlim ou Esteban Guerrero.
Do outro lado, Adolfo e
Matheus Rodrigues também
ameaçaram, numa partida em
que a dualidade de critérios da
equipa de arbitragem no que
diz respeito a faltas e cartões
amarelos foi evidente.
Já perto do intervalo, dois
erros do Sporting CP deram
origem a dois golos dos catalães,
que foram muito eficazes e
aproveitaram as oportunidades.
Sergio Lozano, primeiro, e Pito,
depois, fizeram o 2‑0 com que o
encontro terminou o primeiro
tempo.
A tarefa ficou ainda mais
complicada quando, logo no
minuto inicial da segunda
metade, Ferrão desmarcou‑se
de Erick Mendonça e conseguiu
bater Guitta para o 3‑0.
Confortável, o FC Barcelona
conseguiu fechar bem os
caminhos para a baliza e,
mesmo perante o 5x4 lançado
pelo Sporting CP aos 33
minutos, nunca deram muito
espaço e tempo aos Leões para
finalizarem em condições. Aos
39 minutos, o guarda‑redes
Dídac Plana aproveitou esse
factor para, de um extremo da
quadra para o outro, marcar
e fechar o resultado em 4‑0.
Assim, foi o FC Barcelona a
levantar o troféu da UEFA
Futsal Champions League e a
festejar em Riga.
No final do desafio, Nuno Dias
mostrou‑se “completamente
contra aquelas pessoas que
dizem que o segundo é o
primeiro dos últimos”. “O
segundo é o segundo, é uma
medalha de prata. Quando
olhamos para as grandes
competições, como os Jogos
Olímpicos, toda a gente festeja
quando vai para o pódio.
Está na hora de pensarmos
dessa forma. O Sporting CP
conseguiu mais um pódio,
conseguiu a medalha de prata.
Somos a segunda melhor
equipa da Europa e só temos
de estar orgulhosos do nosso
trajecto, identidade de jogo,
postura e qualidade. Só dois
chegaram a esta final e um
havia de ganhar. Não fomos
nós, infelizmente, mas sermos
a segunda melhor equipa não
está ao alcance de todos”, disse
aos jornalistas na conferência
de imprensa.
Por fim, o treinador Leonino
considerou que “a arbitragem
condicionou” o Sporting
CP, o que não invalidou o
mérito do FC Barcelona: “Há
mérito na forma como o FC
Barcelona não só defendeu as
inferioridades, mas também
como concluiu com sucesso as
superioridades. Nesse aspecto,
eles foram eficazes e foram
melhores”.
Mais de 8000 espectadores encheram a imponente Arēna Rīga na final
Os Sportinguistas não faltaram à chamada e marcaram presença nos jogos Leoninos A Primavera fria da Letónia recebeu o emblema de Alvalade
Alex Merlim facturou duas vezes contra o ACCS Asnières Villeneuve 92
18- SPORTING 3870
“OSportingCPéquem
eusou”
Hugo Ramos, de 23 anos, é
de Lisboa e vive em Alenquer.
Aluno de mestrado em
engenharia de viticultura e
enologia no Instituto Superior
de Agronomia da Universidade
de Lisboa, viajou até Riga só
para ver a equipa de futsal do
Sporting Clube de Portugal. Em
entrevista ao Jornal Sporting e à
Sporting TV, explicou tudo.
“Foi um plano à última da
hora. Ia ter com um amigo
meu [Diogo Travassos] que
está de Erasmus em Pádua
[Itália]. Ia ficar uns dias com ele
e percebemos que ia coincidir
com esta final four. Era uma
oportunidade que não podíamos
perder, pelo que marcámos
viagem e comprámos os bilhetes
para virmos cá apoiar o Sporting
CP. Apoiar no estrangeiro é
sempre uma experiência muito
boa, ainda para mais numa
final da Champions”, começou
por dizer, revelando também as
primeiras impressões da capital
da Letónia: “Nunca tinha estado
nesta zona, mas estou a gostar. É
uma cidade silenciosa, pacata e
com o seu charme”.
Sócio desde que nasceu, Hugo
Ramos tem sangue verde. O seu
amor ao emblema de Alvalade é
inquestionável. “Vivo o Sporting
CP a cada dia, faz parte da
minha vida. O Sporting CP é
quem eu sou”, assegurou.
Amante do eclectismo Leonino,
Hugo Ramos é da opinião de
que “as modalidades são um
pilar fundamental do Sporting
CP”. “Enquanto uns se chamam
Clube de Futebol daquilo ou
Futebol Clube disto, o Sporting
CP é um clube desportivo.
Sermos campeões de futsal
ou de outras modalidades,
não só a nível nacional como
internacional, é o que faz o
Sporting CP ser um clube
diferente dos outros. Podemos
ficar 19, 20 ou 40 anos sem
títulos no futebol e, mesmo
assim, continuar a sentir este
clube. Isso é o que o faz ser
diferente de todos os outros”,
considerou o Sportinguista.
Já com a “grande experiência”
de ter ido ver a equipa
principal de futebol a
Barcelona, Hugo Ramos
explicou que “ver o Sporting
CP no estrangeiro é uma
coisa que que gostava de fazer
mais vezes”. “Poder mostrar
ao Mundo do que é que este
Clube é feito é inacreditável”,
acrescentou.
“Éumagrandepaixãoque
afectaaminhavidaquer
paraobem,querparao
mal”
Diogo Travassos, de 22 anos
de vida e de Sócio do Sporting
CP, é o amigo que se juntou a
Hugo Ramos nesta aventura.
Estudante de engenharia
agronómica em Lisboa, está
na cidade italiana de Pádua
em Erasmus e rapidamente
fez perceber que é um grande
Sportinguista.
“Sou um tremendo apaixonado
que, todos os anos, vai a uma
viagem com a equipa de futebol.
Mas como o Sporting CP
também é muito caracterizado
pelas modalidades, é algo que
me move. Tudo por um amor
maior”, começou por dizer.
“Nem sequer sabia muito bem
onde ficava a Letónia. Tinha
combinado com o Hugo [Ramos]
que lhe ia mostrar as zonas
perto de Veneza, mas quando
OS VÁRIOS MILHARES DE QUILÓMETROS QUE SEPARAM PORTUGAL DA LETÓNIA NÃO IMPEDIRAM O APOIO AO FUTSAL LEONINO. O JORNAL SPORTING E A SPORTING
TV ESTIVERAM À CONVERSA COM QUATRO ADEPTOS QUE FORAM À ARĒNA RĪGA; DOIS RESIDENTES E DOIS VIAJANTES QUE SE DESLOCARAM AO PAÍS BÁLTICO COM
O ÚNICO PROPÓSITO DE APOIAR A EQUIPA VERDE E BRANCA.
MODALIDADES FUTSAL
O VERDE E BRANCO EM RIGA
Texto: Luís Santos Castelo
Fotografia: Bernardo Vidal
“Poder mostrar ao Mundo do que é que este Clube é feito é inacreditável”, disse Hugo Ramos
Hugo Ramos e Diogo Travassos viajaram até Riga para apoiar o Sporting CP
SPORTING 3870-19
soube que a final four da UEFA
Futsal Champions League ia ser
em Riga liguei‑lhe e sugeri‑lhe
esta hipótese. Começámos a
ver bilhetes, lembrei‑me que
tinha um amigo a estudar
medicina aqui e juntámos o
útil ao agradável. Já tinha feito
uma pausa no Erasmus para ir a
Portugal ver o Sporting CP vs. SL
Benfica [de futebol masculino]
e estive em quatro países para
chegar aqui”, adicionou.
Para Diogo Travassos, Nuno
Dias, treinador da equipa
de futsal, é “um dos maiores
ídolos”: “Também sou treinador
e gosto bastante dele. O que me
faz adorar tanto esta equipa é,
também, o espírito e a paixão
que têm pelo Clube”.
Sportinguista desde sempre,
assim como “toda a família”,
o jovem não se arrepende de
seguir o Clube com tanto afinco,
mesmo quando os resultados
não são os melhores e afectam
o dia‑a‑dia. “Foi algo que me foi
incutido, mas hoje não trocaria
por nada. É uma grande paixão
que afecta a minha vida quer
para o bem, quer para o mal”,
admitiu.
Já com alguma experiência em
acompanhar o Sporting CP no
estrangeiro – ainda que nunca
tão longe como Riga –, Diogo
Travassos lembrou ainda um
momento que ficou guardado na
memória.
“Tenho a sorte e o privilégio,
tenho noção disso, de ter
acompanhado o Sporting CP
a bastantes sítios. O meu avô
ia sempre comigo e devo‑lhe
bastante. Já vi o Sporting CP
em Espanha, na Alemanha, em
Inglaterra e, dentro de Portugal,
a várias zonas. (…) Em Londres,
contra o Arsenal FC, com
um treinador interino e uma
equipa desfalcada, chegámos
lá e invadimos a cidade. São
momentos que guardamos e dos
quais nos podemos orgulhar”,
destacou.
“Juntamo‑nosemcasauns
dosoutrosparaveros
jogos”
Íris Arroja tem 20 anos, é
natural de Almada e está em
Riga há alguns anos para estudar
medicina, como a maioria dos
jovens portugueses que vivem
na capital da Letónia.
Sportinguista, explicou que
sempre pensou “em ser médica
e em Portugal, tendo em conta
as médias, por vezes torna‑se
complicado”. “A Letónia era
uma opção para mim. Pensei
em desistir, mas os meus pais
deram‑me essa força e estou cá
há três anos. Estou feliz com a
decisão que tomei”, acrescentou,
assegurando que foi “muito
bem‑recebida”, apesar de as
pessoas locais serem “um pouco
frias”. “Temos uma comunidade
portuguesa de estudantes
bastante grande e ajudamo‑nos
muito. Sou feliz aqui e esta
cidade tem muito para me dar.
É bonita, pequena, acolhedora.
Há potencial para eu ficar aqui
muitos anos”, contou anda.
Para Íris Arroja, “o frio no
Inverno é insuportável” e
“pede para ficar em casa até à
Primavera para se ver a cidade
bonita que é”. A comida, essa, “é
muito diferente”, mas a jovem,
“sendo estudante”, come “mais
em casa e não falta comida
portuguesa”.
E como entrou o Sporting CP
na vida de Íris Arroja? “Quando
era mais pequena, o meu irmão
jogava futebol e tanto ele como
o meu avô me puxaram para o
Sporting CP. Ia ver alguns jogos
com eles e tornou‑se o meu
clube do coração”, revelou.
Em Riga, a Leoa não
consegue “ver todos os jogos
do Sporting CP em tempo
real”, mas acompanha “todos
os resultados”. Sempre que
possível, no entanto, Íris Arroja
encontra‑se com os “muitos
portugueses do Sporting
CP” na cidade para assistir
aos encontros. “Por vezes,
juntamo‑nos em casa uns
dos outros para ver os jogos”,
considerou.
Sobre a presença da equipa de
futsal do Sporting CP em Riga, a
portuguesa ficou “surpreendida
e entusiasmada” quando soube,
tendo marcado presença na final
e revelado algum conhecimento
sobre o grupo orientado por
Nuno Dias: “Conheço o Guitta,
o nosso capitão João Matos e sei
que vencemos a UEFA Futsal
Champions League no ano
passado”.
Antiga jogadora de voleibol, Íris
Arroja tem ainda a curiosidade
de ter sido colega de equipa
de Amanda Cavalcanti, actual
atleta da equipa sénior feminina
do emblema de Alvalade.
“Agora, passados alguns anos,
[a Amanda] está a jogar nas
seniores femininas do voleibol
do Sporting CP. Foi um grande
orgulho quando eu soube. É
incrível. Se já gosto de voleibol e
do Sporting CP, ter lá a Amanda
é mais um factor para seguir a
equipa”, concluiu.
“Semprequeháumjogoé
umeventoquasesagrado”
Com 21 anos, João Leite
também é estudante de
medicina em Riga. Natural de
Pardilhó, freguesia do distrito
de Aveiro, explicou ao Jornal
Sporting e à Sporting TV o que
o motivou a mudar‑se para a
Letónia.
“O curso aqui é muito bom, é
em inglês e é reconhecido em
praticamente todos os países
com relevância no meio. Já
estava no ensino superior em
Portugal e, como gosto de
aventuras, decidi vir. Cheguei
a meio do Inverno e foi uma
diferença brutal. Estava a
nevar, um tempo agressivo, e a
adaptação mais complicada foi
a falta de horas de sol. A cultura
também foi difícil por ser
muito fechada em comparação
connosco”, começou por dizer.
Sendo Sportinguista por
influência do pai, João Leite
“não ligava muito ao desporto
quando era mais novo”. Esse
sentimento mudou e hoje, que
está longe de casa, o Sporting
CP é cada vez mais importante:
“Fui gostando cada vez mais
à medida que fui crescendo.
Comecei a acompanhar mais
e a tornar‑me cada vez mais
adepto, a entender melhor a
história do Clube em todas as
modalidades. Quando emigrei,
percebi também que o desporto
é algo que nos aproxima muito
de casa. Quando comecei
a viver sozinho, foi muito
importante. O Sporting CP foi
quase um intermediário para
conhecer mais pessoas”.
Para o jovem, acompanhar o
Clube à distância “é muito mais
intenso”. “Antes, um jogo era um
evento mais rotineiro. Agora,
sempre que há um jogo é um
evento quase sagrado. Seja de
futebol ou não, é uma ligação ao
Sporting CP e a Portugal. Tenho
amigos Sportinguistas aqui e
juntamo‑nos todos para vermos
os jogos. É um momento de
convívio muito importante”,
garantiu.
Por fim, João Leite lembrou que
“foi incrível receber a notícia”
de que a final four da UEFA
Futsal Champions League
se ia realizar na Arēna Rīga,
até porque é um grande fã da
modalidade. “Gosto bastante
de futsal e andava à procura de
jogos. Quando soube, marcámos
logo e combinámos com os
portugueses todos”, finalizou.
Para João Leite, acompanhar o Sporting CP à distância “é muito mais intenso”
“Temos uma comunidade portuguesa de estudantes bastante grande e ajudamo-nos muito”,
contou Íris Arroja
Diogo Travassos “nem sequer sabia muito bem onde ficava a Letónia” quando decidiu
avançar com a viagem

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2022-05-05 UEFA Futsal Champions League em Riga.pdf

  • 1. 16- SPORTING 3870 Talvez por ser a equipa mais dominadora e conquistadora da história do futsal português e por ter amealhado dois títulos europeus em três anos, ficar com a prata na UEFA Futsal Champions League possa parecer, para alguns, um falhanço. A isso, chama‑se, no entanto, estar mal‑habituado, o que só comprova o enorme sucesso do Sporting Clube de Portugal de Nuno Dias e restante grupo de trabalho. Em Riga, na Letónia, os Leões perderam a final diante do FC Barcelona por 4‑0, mas voltaram a mostrar que são uma das melhores equipas do planeta. A semana passada na bonita e limpa capital letã para disputar a fase final da UEFA Futsal Champions League pela nona vez (depois de 2001/2002, 2010/2011, 2011/2012, 2014/2015, 2016/2017, 2017/2018, 2018/2019 e 2020/2021) ficou marcada, também, pelo frio. Há poucas semanas, fortes nevões tinham pintado a cidade de branco e era ainda muito cedo para andar na rua de manga curta. Mesmo com bom tempo, tendo a chuva aparecido em apenas um dia para contrastar com o sol, a temperatura era muito baixa em comparação com a Primavera em Portugal, com as noites a registarem mesmo, por vezes, ‑1ºC. Nada disso afectou, contudo, o rendimento das quatro equipas (Sporting CP, SL Benfica, FC Barcelona e ACCS Asnières Villeneuve 92), que ficaram todas instaladas no mesmo hotel, assim como os elementos da UEFA presentes. O primeiro treino na Letónia serviu para perceber as boas condições e a dimensão da Arēna Rīga, onde teve lugar a final four da competição. Mais habituado a receber hóquei no gelo ou basquetebol, para além de concertos de grandes nomes da música internacional, o pavilhão já tinha sido o palco de um grande evento de futsal: o Campeonato da Europa de sub‑19 em 2019. Bernardo Paçó e Tomás Paçó integraram a selecção nacional, que atingiu as meias‑finais, nesse torneio. Interessante foi perceber, também, o gosto do povo letão pelo desporto, uma vez que, numa cidade cuja área metropolitana é bem menos populosa que a de Lisboa ou Porto, mais de 8000 pessoas estiveram na final entre Sporting CP e FC Barcelona. Na conclusão, como sempre, fica o resultado, que foi negativo no duelo mais importante, mas, como referiu Nuno Dias na conferência de imprensa depois da derrota, este “em nada apaga o trajecto” dos Leões. Mais uma vez entre os maiores da Europa, como desejou o fundador José Alvalade, esta equipa é um exemplo para todos. Naturalmente superiores Na meia‑final, contra os franceses do ACCS Asnières Villeneuve 92, o Sporting CP venceu por 2‑6 e confirmou o favoritismo. Mesmo contra uma equipa desfalcada nos últimos meses e com bastantes problemas internos, o conjunto verde e branco abordou a partida com a seriedade habitual e inauguraram o marcador aos cinco minutos, quando Erick Mendonça rematou a bola desviou em Esteban Guerrero − estreante em competições europeias de clubes – antes de entrar. Seguiu‑se o tento de Tomás Paçó, que cabeceou de forma certeira depois do canto batido por Miguel Ângelo. O 0‑3 acabou por ser um dos melhores golos desta final four: Tomás Paçó lançou Zicky na profundidade e este dominou na perfeição, trabalhou muito bem sobre Ricardinho e assistiu Alex Merlim da melhor forma. Na cara do guarda‑redes FUTSALPERDEUAFINALDAUEFAFUTSALCHAMPIONSLEAGUEEMRIGADIANTEDOFCBARCELONA,MASHONROUOSPERGAMINHOSDOSPORTINGCPCOMUMA PRATAEUROPEIAQUENÃOENVERGONHANINGUÉM. MODALIDADES FUTSAL A FAZER A VONTADE A JOSÉ ALVALADE MESMO NA HORA DA DERROTA Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: Bernardo Vidal, Ramsey Cardy ‑ UEFA via Sportsfile ACCSASNIÈRES VILLENEUVE92 Sporting CP: Tomás Paçó, Zicky, Fernando Cardinal, Erick Mendonça, João Matos [C], Pauleta, Waltinho, Guitta [GR], Bernardo Paçó [GR], Diego Cavinato, Pany Varela, Miguel Ângelo, Alex Merlim e Esteban Guerrero. Treinador: Nuno Dias. Disciplina: cartão vermelho para Pany Varela (18’). (1‑3 ao intervalo) SPORTINGCP 2‑6 29 de Abril de 2022 | UEFA Futsal Champions League ‑ meia‑final | Arēna Rīga, Letónia FCBARCELONA Sporting CP: Tomás Paçó, Zicky, Fernando Cardinal, Erick Mendonça, João Matos [C], Pauleta, Waltinho, Guitta [GR], Bernardo Paçó [GR], Diego Cavinato, Miguel Ângelo, Alex Merlim e Esteban Guerrero. Treinador: Nuno Dias. Disciplina: cartão amarelo para Miguel Ângelo (8’), Waltinho (10’), Tomás Paçó (20’), Fernando Cardinal (23’) e Erick Mendonça (31’). (2‑0 ao intervalo) SPORTINGCP 4‑0 1 de Maio de 2022 | UEFA Futsal Champions League ‑ final | Arēna Rīga, Letónia Esteban Guerrero (5’) Tomás Paçó (11’) Alex Merlim (12’ e 30’) Diego Cavinato (25’) Fernando Cardinal (33’, penálti) Nelson Lutin (18’) Salah Galmim (28’) Sergio Lozano (16’) Pito (19’) Ferrão (21’) Dídac Plana (39’) Contra um FC Barcelona eficaz e a marcar em momentos decisivos, o Sporting CP não conseguiu vencer
  • 2. SPORTING 3870-17 Careca, o ‘mago’ não perdoou. Até ao intervalo, Pany Varela viu o cartão vermelho depois de um lance com Thiago Bolinha (ficando de fora para a final) e, em superioridade, o ACCS Asnières Villeneuve 92 fez o 1‑3 por intermédio de Nelson Lutin. Os gauleses não entraram mal na segunda metade, mas foi o Sporting CP, por Diego Cavinato e quando o adversário estava a jogar em 5x4, a marcar. O ACCS Asnières Villeneuve 92 voltou a reduzir, agora por Salah Galmim, mas o Sporting CP dominou até ao final. Alex Merlim bisou para o 2‑5 e, depois, Fernando Cardinal converteu um penálti com sucesso para fechar as contas em 2‑6. Com Nuno Dias a dar minutos a todos os jogadores na ficha de jogo, o Sporting CP avançou para a final da UEFA Futsal Champions League − a quinta das últimas seis edições. Eficácia não perdoou Leões Perante uma Arēna Rīga praticamente lotada e com muito apoio por parte de várias dezenas de Sportinguistas, que já tinham estado na meia‑final, o emblema de Alvalade acabou por ceder perante o FC Barcelona por 4‑0 e ficou com o título de vice‑campeão europeu. A primeira parte até viu algum domínio do Sporting CP, que teve ocasiões para marcar por Diego Cavinato, Alex Merlim ou Esteban Guerrero. Do outro lado, Adolfo e Matheus Rodrigues também ameaçaram, numa partida em que a dualidade de critérios da equipa de arbitragem no que diz respeito a faltas e cartões amarelos foi evidente. Já perto do intervalo, dois erros do Sporting CP deram origem a dois golos dos catalães, que foram muito eficazes e aproveitaram as oportunidades. Sergio Lozano, primeiro, e Pito, depois, fizeram o 2‑0 com que o encontro terminou o primeiro tempo. A tarefa ficou ainda mais complicada quando, logo no minuto inicial da segunda metade, Ferrão desmarcou‑se de Erick Mendonça e conseguiu bater Guitta para o 3‑0. Confortável, o FC Barcelona conseguiu fechar bem os caminhos para a baliza e, mesmo perante o 5x4 lançado pelo Sporting CP aos 33 minutos, nunca deram muito espaço e tempo aos Leões para finalizarem em condições. Aos 39 minutos, o guarda‑redes Dídac Plana aproveitou esse factor para, de um extremo da quadra para o outro, marcar e fechar o resultado em 4‑0. Assim, foi o FC Barcelona a levantar o troféu da UEFA Futsal Champions League e a festejar em Riga. No final do desafio, Nuno Dias mostrou‑se “completamente contra aquelas pessoas que dizem que o segundo é o primeiro dos últimos”. “O segundo é o segundo, é uma medalha de prata. Quando olhamos para as grandes competições, como os Jogos Olímpicos, toda a gente festeja quando vai para o pódio. Está na hora de pensarmos dessa forma. O Sporting CP conseguiu mais um pódio, conseguiu a medalha de prata. Somos a segunda melhor equipa da Europa e só temos de estar orgulhosos do nosso trajecto, identidade de jogo, postura e qualidade. Só dois chegaram a esta final e um havia de ganhar. Não fomos nós, infelizmente, mas sermos a segunda melhor equipa não está ao alcance de todos”, disse aos jornalistas na conferência de imprensa. Por fim, o treinador Leonino considerou que “a arbitragem condicionou” o Sporting CP, o que não invalidou o mérito do FC Barcelona: “Há mérito na forma como o FC Barcelona não só defendeu as inferioridades, mas também como concluiu com sucesso as superioridades. Nesse aspecto, eles foram eficazes e foram melhores”. Mais de 8000 espectadores encheram a imponente Arēna Rīga na final Os Sportinguistas não faltaram à chamada e marcaram presença nos jogos Leoninos A Primavera fria da Letónia recebeu o emblema de Alvalade Alex Merlim facturou duas vezes contra o ACCS Asnières Villeneuve 92
  • 3. 18- SPORTING 3870 “OSportingCPéquem eusou” Hugo Ramos, de 23 anos, é de Lisboa e vive em Alenquer. Aluno de mestrado em engenharia de viticultura e enologia no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, viajou até Riga só para ver a equipa de futsal do Sporting Clube de Portugal. Em entrevista ao Jornal Sporting e à Sporting TV, explicou tudo. “Foi um plano à última da hora. Ia ter com um amigo meu [Diogo Travassos] que está de Erasmus em Pádua [Itália]. Ia ficar uns dias com ele e percebemos que ia coincidir com esta final four. Era uma oportunidade que não podíamos perder, pelo que marcámos viagem e comprámos os bilhetes para virmos cá apoiar o Sporting CP. Apoiar no estrangeiro é sempre uma experiência muito boa, ainda para mais numa final da Champions”, começou por dizer, revelando também as primeiras impressões da capital da Letónia: “Nunca tinha estado nesta zona, mas estou a gostar. É uma cidade silenciosa, pacata e com o seu charme”. Sócio desde que nasceu, Hugo Ramos tem sangue verde. O seu amor ao emblema de Alvalade é inquestionável. “Vivo o Sporting CP a cada dia, faz parte da minha vida. O Sporting CP é quem eu sou”, assegurou. Amante do eclectismo Leonino, Hugo Ramos é da opinião de que “as modalidades são um pilar fundamental do Sporting CP”. “Enquanto uns se chamam Clube de Futebol daquilo ou Futebol Clube disto, o Sporting CP é um clube desportivo. Sermos campeões de futsal ou de outras modalidades, não só a nível nacional como internacional, é o que faz o Sporting CP ser um clube diferente dos outros. Podemos ficar 19, 20 ou 40 anos sem títulos no futebol e, mesmo assim, continuar a sentir este clube. Isso é o que o faz ser diferente de todos os outros”, considerou o Sportinguista. Já com a “grande experiência” de ter ido ver a equipa principal de futebol a Barcelona, Hugo Ramos explicou que “ver o Sporting CP no estrangeiro é uma coisa que que gostava de fazer mais vezes”. “Poder mostrar ao Mundo do que é que este Clube é feito é inacreditável”, acrescentou. “Éumagrandepaixãoque afectaaminhavidaquer paraobem,querparao mal” Diogo Travassos, de 22 anos de vida e de Sócio do Sporting CP, é o amigo que se juntou a Hugo Ramos nesta aventura. Estudante de engenharia agronómica em Lisboa, está na cidade italiana de Pádua em Erasmus e rapidamente fez perceber que é um grande Sportinguista. “Sou um tremendo apaixonado que, todos os anos, vai a uma viagem com a equipa de futebol. Mas como o Sporting CP também é muito caracterizado pelas modalidades, é algo que me move. Tudo por um amor maior”, começou por dizer. “Nem sequer sabia muito bem onde ficava a Letónia. Tinha combinado com o Hugo [Ramos] que lhe ia mostrar as zonas perto de Veneza, mas quando OS VÁRIOS MILHARES DE QUILÓMETROS QUE SEPARAM PORTUGAL DA LETÓNIA NÃO IMPEDIRAM O APOIO AO FUTSAL LEONINO. O JORNAL SPORTING E A SPORTING TV ESTIVERAM À CONVERSA COM QUATRO ADEPTOS QUE FORAM À ARĒNA RĪGA; DOIS RESIDENTES E DOIS VIAJANTES QUE SE DESLOCARAM AO PAÍS BÁLTICO COM O ÚNICO PROPÓSITO DE APOIAR A EQUIPA VERDE E BRANCA. MODALIDADES FUTSAL O VERDE E BRANCO EM RIGA Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: Bernardo Vidal “Poder mostrar ao Mundo do que é que este Clube é feito é inacreditável”, disse Hugo Ramos Hugo Ramos e Diogo Travassos viajaram até Riga para apoiar o Sporting CP
  • 4. SPORTING 3870-19 soube que a final four da UEFA Futsal Champions League ia ser em Riga liguei‑lhe e sugeri‑lhe esta hipótese. Começámos a ver bilhetes, lembrei‑me que tinha um amigo a estudar medicina aqui e juntámos o útil ao agradável. Já tinha feito uma pausa no Erasmus para ir a Portugal ver o Sporting CP vs. SL Benfica [de futebol masculino] e estive em quatro países para chegar aqui”, adicionou. Para Diogo Travassos, Nuno Dias, treinador da equipa de futsal, é “um dos maiores ídolos”: “Também sou treinador e gosto bastante dele. O que me faz adorar tanto esta equipa é, também, o espírito e a paixão que têm pelo Clube”. Sportinguista desde sempre, assim como “toda a família”, o jovem não se arrepende de seguir o Clube com tanto afinco, mesmo quando os resultados não são os melhores e afectam o dia‑a‑dia. “Foi algo que me foi incutido, mas hoje não trocaria por nada. É uma grande paixão que afecta a minha vida quer para o bem, quer para o mal”, admitiu. Já com alguma experiência em acompanhar o Sporting CP no estrangeiro – ainda que nunca tão longe como Riga –, Diogo Travassos lembrou ainda um momento que ficou guardado na memória. “Tenho a sorte e o privilégio, tenho noção disso, de ter acompanhado o Sporting CP a bastantes sítios. O meu avô ia sempre comigo e devo‑lhe bastante. Já vi o Sporting CP em Espanha, na Alemanha, em Inglaterra e, dentro de Portugal, a várias zonas. (…) Em Londres, contra o Arsenal FC, com um treinador interino e uma equipa desfalcada, chegámos lá e invadimos a cidade. São momentos que guardamos e dos quais nos podemos orgulhar”, destacou. “Juntamo‑nosemcasauns dosoutrosparaveros jogos” Íris Arroja tem 20 anos, é natural de Almada e está em Riga há alguns anos para estudar medicina, como a maioria dos jovens portugueses que vivem na capital da Letónia. Sportinguista, explicou que sempre pensou “em ser médica e em Portugal, tendo em conta as médias, por vezes torna‑se complicado”. “A Letónia era uma opção para mim. Pensei em desistir, mas os meus pais deram‑me essa força e estou cá há três anos. Estou feliz com a decisão que tomei”, acrescentou, assegurando que foi “muito bem‑recebida”, apesar de as pessoas locais serem “um pouco frias”. “Temos uma comunidade portuguesa de estudantes bastante grande e ajudamo‑nos muito. Sou feliz aqui e esta cidade tem muito para me dar. É bonita, pequena, acolhedora. Há potencial para eu ficar aqui muitos anos”, contou anda. Para Íris Arroja, “o frio no Inverno é insuportável” e “pede para ficar em casa até à Primavera para se ver a cidade bonita que é”. A comida, essa, “é muito diferente”, mas a jovem, “sendo estudante”, come “mais em casa e não falta comida portuguesa”. E como entrou o Sporting CP na vida de Íris Arroja? “Quando era mais pequena, o meu irmão jogava futebol e tanto ele como o meu avô me puxaram para o Sporting CP. Ia ver alguns jogos com eles e tornou‑se o meu clube do coração”, revelou. Em Riga, a Leoa não consegue “ver todos os jogos do Sporting CP em tempo real”, mas acompanha “todos os resultados”. Sempre que possível, no entanto, Íris Arroja encontra‑se com os “muitos portugueses do Sporting CP” na cidade para assistir aos encontros. “Por vezes, juntamo‑nos em casa uns dos outros para ver os jogos”, considerou. Sobre a presença da equipa de futsal do Sporting CP em Riga, a portuguesa ficou “surpreendida e entusiasmada” quando soube, tendo marcado presença na final e revelado algum conhecimento sobre o grupo orientado por Nuno Dias: “Conheço o Guitta, o nosso capitão João Matos e sei que vencemos a UEFA Futsal Champions League no ano passado”. Antiga jogadora de voleibol, Íris Arroja tem ainda a curiosidade de ter sido colega de equipa de Amanda Cavalcanti, actual atleta da equipa sénior feminina do emblema de Alvalade. “Agora, passados alguns anos, [a Amanda] está a jogar nas seniores femininas do voleibol do Sporting CP. Foi um grande orgulho quando eu soube. É incrível. Se já gosto de voleibol e do Sporting CP, ter lá a Amanda é mais um factor para seguir a equipa”, concluiu. “Semprequeháumjogoé umeventoquasesagrado” Com 21 anos, João Leite também é estudante de medicina em Riga. Natural de Pardilhó, freguesia do distrito de Aveiro, explicou ao Jornal Sporting e à Sporting TV o que o motivou a mudar‑se para a Letónia. “O curso aqui é muito bom, é em inglês e é reconhecido em praticamente todos os países com relevância no meio. Já estava no ensino superior em Portugal e, como gosto de aventuras, decidi vir. Cheguei a meio do Inverno e foi uma diferença brutal. Estava a nevar, um tempo agressivo, e a adaptação mais complicada foi a falta de horas de sol. A cultura também foi difícil por ser muito fechada em comparação connosco”, começou por dizer. Sendo Sportinguista por influência do pai, João Leite “não ligava muito ao desporto quando era mais novo”. Esse sentimento mudou e hoje, que está longe de casa, o Sporting CP é cada vez mais importante: “Fui gostando cada vez mais à medida que fui crescendo. Comecei a acompanhar mais e a tornar‑me cada vez mais adepto, a entender melhor a história do Clube em todas as modalidades. Quando emigrei, percebi também que o desporto é algo que nos aproxima muito de casa. Quando comecei a viver sozinho, foi muito importante. O Sporting CP foi quase um intermediário para conhecer mais pessoas”. Para o jovem, acompanhar o Clube à distância “é muito mais intenso”. “Antes, um jogo era um evento mais rotineiro. Agora, sempre que há um jogo é um evento quase sagrado. Seja de futebol ou não, é uma ligação ao Sporting CP e a Portugal. Tenho amigos Sportinguistas aqui e juntamo‑nos todos para vermos os jogos. É um momento de convívio muito importante”, garantiu. Por fim, João Leite lembrou que “foi incrível receber a notícia” de que a final four da UEFA Futsal Champions League se ia realizar na Arēna Rīga, até porque é um grande fã da modalidade. “Gosto bastante de futsal e andava à procura de jogos. Quando soube, marcámos logo e combinámos com os portugueses todos”, finalizou. Para João Leite, acompanhar o Sporting CP à distância “é muito mais intenso” “Temos uma comunidade portuguesa de estudantes bastante grande e ajudamo-nos muito”, contou Íris Arroja Diogo Travassos “nem sequer sabia muito bem onde ficava a Letónia” quando decidiu avançar com a viagem