Este documento fornece informações sobre a edição número 12 da revista PACTA, incluindo sua equipe, conteúdo e artigos. Resume os seguintes pontos essenciais:
1) Apresenta a equipe editorial e colaboradores da revista;
2) Descreve os principais temas e artigos incluídos nesta edição, como a crise na Grécia e na zona do Euro, o Observatório da China e uma simulação da cimeira do G20;
3) Explica o objetivo contínuo da PACTA
2. Coordenadores da PACTA:
Sofia Ramos, 212430
Tiago Nobre, 216492
Colaboradores:
Filipe Gomes, 216427
Gabriel Machado, 216387
João Pinto, 214903
Nuno Gonçalves, 216399
Teresa Dominguez, 214346
Responsáveis pelas Redes Sociais:
Filipe Gomes, 216427
Gabriel Machado, 216387
João Pinto, 214903
Nuno Gonçalves, 216399
Teresa Dominguez, 214346
Tiago Nobre, 216492
Design Editorial:
Maria João Martins
EQUIPA
3. ÍNDICE DE CONTEÚDOS
UNIÕES DESUNIDASPÁG. 4
OU A ESQUECIDA LIÇÃO URARTU
ARTIGOS DA CASA
A MOEDA EUROPEIA
entre a construção monetária e a
desconstrução europeia
PÁG. 6 Simulação
da Cimeira do G20
PÁG. 10
ENTREVISTA
Dr.ª Ana Calapez Gomes
PÁG. 12
OS GREGOS DEVEM
ESTAR LOUCOS?!
PÁG. 14
ARTIGOS DE FORA
O OBSERVATÓRIO DA CHINA:
A promoção dos Estudos Chineses e da
compreensão do papel internacional da
República Popular da China
PÁG. 18
CRONOLOGIA
PÁG. 24
ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS
PÁG. 30
Simulação da Cimeira do G20
EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO
PÁG. 32
Ministério dos Negócios Estrangeiros
Mais uma PACTA, a décima segunda edição,
que trata do que se passa pelo mundo das
Relações Internacionais. Este projecto continua
a ser construído e a crescer com a vontade
e a ambição de informar a comunidade
académica, docente e estudantil e todos os
interessados que nos queiram acompanhar.
A globalização cria a ligação entre todas as
nações e pessoas do mundo. Para as empresas,
essa internacionalização significa competir em
mercados novos e desconhecidos, aproveitando
as melhores oportunidades para colocar os seus
produtos de forma mais adequada e competitiva.
Um profissional de Relações Internacionais
está preparado para analisar essas mesmas
oportunidades e encaminhar as negociações
e os processos para os melhores resultados. É
esta internacionalização que amplia o campo
de actividade e acção desse profissional.
Para esta edição escolhemos como tema de
entrevista a questão relacionada com as funções,
capacidades e valor das pessoas formadas em
Relações Internacionais para as empresas nas
quais trabalham. Neste âmbito, entrevistámos
a Professora Ana Calapez Gomes, docente do
ISCSP, a fim de abordar a questão da impor-
tância da recruta e contratação de pessoas
formadas em RI para as empresas que o fazem.
Como não podia deixar de ser, trazemos o melhor
daquilo que se investiga e se escreve no ISCSP,
bem como na restante comunidade académica,
de investigação e de trabalho na área, no resto
país. Como sempre trazemos assim a habitual
coluna do Professor Tiago Ferreira Lopes e
artigos que abordam questões de bastante rele-
vância na actualidade internacional como a crise
na Grécia e na Zona Euro e a importância do
Observatório da China no âmbito das actividades
de promoção dos Estudos Chineses em Portugal.
Possibilitamos ainda a leitura de artigos relativos
a uma experiência de estágio no Ministério dos
Negócios Estrangeiros e à análise da 3ª Edição
da Simulação da Cimeira do G20, que ocorreu no
ISCSP, nos dias 4 e 5 de Dezembro, organizada
pelo Núcleo de Estudantes de Relação Inter-
nacionais. Em nome da equipa, a todos quero
agradecer o apoio e feedback positivo, que não
deixam de manifestar e que é tão essencial
à continuação deste projeto.
Editorial
Tiago Nobre
Sub-Coordenador da Equipa PACTA
4. Qualquer leitor que goste de explorar um
pouco da História do Cáucaso, da Ásia Central,
do Magreb ou do Médio Oriente deparar-se-á
com descrições extraordinárias do poderoso e
temido Império Assírio. Os Assírios, para o leitor
menos “familiarizado” com a História de tais
geografias, causaram temor ao Egípcios, aos
Hititas e até ao famoso Império da Babilónia.
Curiosamente, poucos leitores identificaram
o Império de Urartu. O nome de um dos rivais do
Império Assírio, na complicada transição entre
o período do Império Médio e o Novo Império
Assírio, como que desapareceu da História. Não
se pode dizer que está perdido, porque o leitor
mais paciente e persistente acabará eventual-
mente por encontrá-lo mas é pálida a imagética
deixadapeloImpérioqueatemorizouopoderoso
rival de tantos ilustres Impérios da Antiguidade.
Urartu torna-se um Império poderoso,
mencionados nas crónicas Assírias, Sumérias,
Cimérias e Colchis, por volta dos séculos
X-IX a.C. Antes de ser Império, Urartu
fizera parte da Confederação de Nairi,
um conglomerado de estados proto-Arménios
sujeitos, no séculos XIII-XI a.C., a uma vaga
de ataques por parte dos Imperadores Assírios.
As dificuldades impostas pelos constantes
“assaltos” Assírios depressa revelaram que
a Confederação de Nairi pouco tinha de
confederada… Um dos proto-Estados mais
poderosos, Urartu claro está, usou o momento
de fragilidade para “espremer” poder político
dos seus aliados para si mesmo. E no final do
século X, Urartu suplantara a Confederação
de Nairi e tornara-se Império. Após as
campanhas de Assurnasirpal II, Imperador
Assírio conhecido pela brutalidade das suas
campanhas militares bem como pela sua
paixão pelas artes e por arquitectura de tipo
majestoso, os Assírios entram num momento
de claro declínio e Urartu (que sedimentara o
seu poder “espremendo” política, económica e
militarmente os seus antigos aliados) aparece
no Cáucaso e no Levante com toda a pujança.
Sarduri I, conhecido (para quem conhece
Urartu, claro!) como “O Rei dos Quatro
Quartéis”, inicia um período grandioso na
História de Urartu. Com Sarduri I a antiga
capital de Nairi é movida para uma nova
localização, mais de acordo com os intentos
políticos de Urartu. Os Assírios, poderoso
inimigo em claro estado de decadência,
são atacados e alguns dos seus “satélites”
passam para domínio de Urartu. O problema,
como ensina o historiador John Darwin, é
que todos os Impérios estão destinados a um
ocaso. A questão central para os Imperadores
é saber gerir os Impérios, de modo a adiar o
inevitável colapso dos mesmos. E nos Impérios
nascidos como Urartu (e acredite o leitor que
eles existem) o final tende a ser agonizante.
Na segunda metade do século VIII a.C.,
OU A ESQUEC
UNIÕES DESUNIDAS
TIAGO FERREIRA LOPES
VotingAid Professor na ZEF (Finlândia)
Investigador Integrado no Instituto do Oriente
Pág. 4 | PACTA
5. Risa I sob ao trono do Império Urartu. O rival
Assírio, entretanto reagrupado e a recuperar
das “feridas” do período transitório, ataca com
toda a força Urartu (que nascera “consumindo”
os aliados da Confederação de Nairi) e Risa I,
derrotado com estrondo, vê como única saída
o suicídio. Segue-se-lhe no trono o seu filho
Argishiti II que não mais conseguirá conter a
implosão de Urartu e o seu desaparecimento
da História. No século XXI, no espaço Europeu,
parecemos condenados a viver um ciclo
“Urartiano” se não soubermos aprender com os
erros do passado. Com a implosão do “inimigo
vermelho” a Europa da União achou que o
mundo caminharia para o tão mediatizado
Fim da História. Mas um final, como qualquer
escritor saberá, mais não é do que uma porta
para novos começos. Porque o dito final não
finaliza; apenas conclui para recomeçar…
A União olhou então para o espaço geopolítico
que fora do tal “inimigo vermelho” e aguçou
os dentes, enquanto este passava por um
período de transição doloroso, que o historiador
Gregory Freeze apelidou de “Catastroika”. A
ideia era simples: quem quisesse seguir “em
frente”, para o mundo moderno, teria que seguir
pela mão da União, ou estaria condenado
a um passadismo inglório e sem futuro.
No começo do século XXI a União foi acossada
por ataques; não ataques militares, como os
que sofreu Urartu, mas ataques vocabulares.
Uma horda de vocábulos pomposos como
“ratings”, “haircuts”, “dívidas soberanas”,
“austeridade” ameaçaram a União, impondo
a sua realidade como a única realidade.
Num momento de fragilidade vítrea o que
fez a União? Desuniu-se, pois claro, e o mais
poderoso tentou usar o momento para capturar
mais e mais poder. Impuseram-se ideias, com a
justificativa de que só haveria um caminho para a
salvação, e a União deixou de ser uma União de
facto para passar a ser uma Imposição de jure.
E, tal como em Urartu, até a capital foi simbolica-
mente (não houve audácia para mais!) mudada…
O mais poderoso, promotor principal da
“aproximação” intensiva ao espaço que
fora do “inimigo vermelho”, aproveitou as
dificuldades da União para impor pelas normas
e pelas leis o que não conseguiu impor no
passado. Afinal, o mesmo mais poderoso
chegou tarde (e mal!) à corrida colonial e não
conseguiu impor pelas armas o que agora
consegue impor pela via normativa: domínio!
E entretanto o “inimigo vermelho” transmut-
ou-se em algo diferente; reorganizou-se e voltou
à cena internacional. E com eles vieram outros
E entretanto o “inimigo vermelho” transmut-
ou-se em algo diferente; reorganizou-se e voltou
à cena internacional. E com eles vieram outros
desafios. E o mais poderoso parece agora sem
resposta,paraosdilemasqueasuapolíticacriou.
O mais poderoso da União, que ganhou poder
retirando-o aos outros membros, está agora
numa encruzilhada sem respostas, para tantas
questões novas que o seu domínio levantou.
Urartu implodiu não apenas pela força dos
ataquesdorivalAssírio,masporqueosCimérios,
os Colchis e os Citas souberam explorar a
fraqueza do Império para o fazer colapsar.
Aos inimigos de fora, somou-se a desunião
interna que acelerou a implosão de Urartu. Ora
no espaço da União aos inimigos exógenos,
soma-se já uma clara cisão interna que tenderá
aprofundar-se nos próximos meses… Se não
soubermos aprender as lições de Urartu, a
União (já de si pouco unida) desunir-se-á
e quem tem mais poder, por mérito ou por
“saque” normativo, cairá com mais estrondo.
CIDA LIÇÃO DE URARTU
Pág. 5 | PACTA
6. Na base da construção monetária europeia
estão, fundamentalmente, factores de ordem
política. A UEM foi construída a partir da
necessidade de conjugar os interesses dos dois
principais actores, França e Alemanha, que,
embora por motivos diferentes, encontraram
algum consenso que permitiu avançar para
um empreendimento de magnitude tão vasta e
consequências tão imprevisíveis .As razões são
facilmente entendíveis: depois da experiência
da participação no Sistema Monetário Europeu
(SME), um sistema assimétrico, fundado sobre
uma moeda âncora, os responsáveis franceses
sentiam a necessidade de encontrar um
mecanismo que impedisse uma ainda maior
transferência de soberania monetária para
a Alemanha. Efectivamente, no contexto do
SME, o banco central alemão era o actor fulcral
do processo, que definia a taxa de câmbio da
conveniência germânica, válida para todos
os outros. Para a França, a situação era
delicada: ou se limitava a seguir as orientações
do Bundesbank, ou arcava com os custos
da instabilidade nos mercados monetários,
pelo que optou pela primeira hipótese.
AAlemanha tornou-se a potência hegemónica
do sistema monetário, à semelhança do que
tinha acontecido com os EUA, no regime de
Bretton Woods. Com a implementação da UEM,
seriapossível,teoricamente,reduzirahegemonia
alemã, e a França ficaria com um peso idêntico
à Alemanha na definição da política monetária.
Por sua vez, os objectivos da Alemanha,
embora também de carácter político, eram de
naturezaumpoucodiferente,jáqueaoChanceler
Helmut Kohl interessava a constituição da união
monetária mas como forma de assegurar uma
futura unificação política europeia, garante da
paz permanente entre os outrora beligerantes.
No entanto, embora se evidenciasse uma
convergência de posições entre os principais
lideres políticos europeus, a situação era muito
diferente no que concerne a opinião pública
interna: enquanto os franceses se mostravam
relativamente indiferentes ao processo de união
monetária, os alemães manifestam abertamente
a sua discordância em partilhar uma moeda e
uma política monetária com os indisciplinados
países do Sul da Europa, a quem são imputados
um certo laxismo orçamental e uma maior
tolerância ao desequilíbrio das contas públicas.
Para tentar conquistar o apoio das elites e da
sociedade alemã, são introduzidos no Tratado
de Maastricht um conjunto de critérios de
convergência, eliminatórios, que os candidatos
à participação na união monetária europeia
deverão preencher. Paradoxalmente, esses
critérios, reflectindo fielmente a influência da
corrente monetarista no seio da Academia,
apenas fazem referência à necessidade de
controlo das pressões inflacionistas e dos
ENTRE A CONSTRUÇÃO MONETÁR
A MOEDA
CARLA COSTA
Professora Auxiliar no ISCSP
Pág. 6 | PACTA
7. desequilíbrios orçamentais, ignorando por
completo os requisitos preconizados pelo
arcaboiço teórico da teoria das Zonas
Monetárias Óptimas (ZMO), em que se inspira a
UEM europeia. Um conjunto significativo de
pesquisas académicas mostram que desde
a introdução do euro em 1999, os países
periféricos da UEM não só não conseguiram
alcançar a convergência real para os países
da união do núcleo, mas, pelo contrário, têm
divergido mais. A participação desses países
na zona euro dotou-os de uma falsa sensação
de segurança financeira, impedindo-os de
prosseguir impopulares, mas necessárias
reformas fiscais e estruturais. Isso causou
perdas de competitividade substancial levando
a insustentáveis dívidas, pública e externa. O
crescimento europeu é limitado por problemas
de dívidas e preocupações sobre a solvência
de vários estados membros da zona euro, com
a Grécia em destaque, altamente endividados.
O raciocínio parece ser que o crescimento
exige a confiança do mercado, que por sua
vez, exige contenção fiscal. Como defende
Angela Merkel, chanceler alemã, o crescimento
económico não pode repousar sobre elevados
défices orçamentais do Estado, mas a evidência
tem demonstrado que a perda das principais
políticas económicas, nomeadamente a política
monetária, não foi compensada por outros
instrumentos de ajustamento, tornando a
zona euro, no seu conjunto, mais susceptível
à ocorrência de choques assimétricos. No
entanto, a zona euro europeia ainda poderia
reunir condições para ser considerada uma
ZMO se tivesse sido criado um mecanismo de
segurança que repousasse sobre um orçamento
devidamente dimensionado. Por outras palavras,
se a união económica estivesse enquadrada
numa união orçamental, o que não acontece.
Numa primeira fase, os mercados globais
não atribuíram grande importância ao facto,
acreditando que, no contexto de uma união
monetária plena, os títulos da dívida soberana
apresentavam as mesmas garantias, inde-
pendentemente do país em causa. Quando se
aperceberam de que a UEM não constituía,
efectivamente, uma zona monetária óptima,
começaram a exercer uma pressão brutal
sobre os membros mais frágeis da zona euro,
esperando por uma resposta dimensionada.
Mas essa resposta não chegou porque, para
além de não ser uma união monetária plena, a
zona euro não dispõe do enquadramento político
e institucional que lhe permita gerir situações
com esta complexidade e abrangência. Desde
a não existência de consenso entre os países
europeus para a compra de dívida pública
por parte do BCE até à dificuldade em definir
uma união fiscal e um governo económico
conjunto, os líderes europeus não conseguem
encontrar uma solução sustentável para a
crescente assimetria entre a solvabilidade das
economias da zona euro, pondo em causa
a própria sobrevivência da moeda única.
Todos estes factores se conjugaram para
fazer com os líderes europeus tivessem feito o
diagnóstico incorrecto da situação e, fundamen-
talmente,dascausasdacrisedadívidasoberana,
em 2010. Na opinião dos países do Norte da
Europa, a crise da dívida resultou basicamente
de atitudes despesistas das sociedades do sul,
RIA E A DESCONSTRUÇÃO EUROPEIA
DA ÚNICA EUROPEIA
Pág. 7 | PACTA
8. e dos governos, em particular. Com excepção da
Grécia, em que essa situação efectivamente se
verificou, os restantes países não apresentam
evidência nesse sentido: a causa fundamental é
a acumulação insustentável de dívida por parte
do sector privado em vários países europeus.
O grande problema é que quando o sector
privado é obrigado a fazer a desalavancagem
dessa dívida, a única forma de evitar os efeitos
recessivos é, precisamente, fazer com que
os governos possam intervir na economia de
modo a evitar uma poderosa espiral recessiva.
Numa primeira etapa de resposta à crise da
dívida, esse foi o procedimento adoptado, mas
rapidamente foi substituído por fortíssimas
politicas restritivas que visavam reduzir o peso
da dívida pública em relação ao produto gerado.
Outragrandequestãolevantadaporesteprocesso
de integração monetária é, precisamente, a
sua contextualização histórica. A maior parte
das experiências que envolvem o estabeleci-
mento de uma união monetária e a emergência
de uma moeda comum a vários países,
ocorreu em simultâneo, ou foi imediatmente
seguida, com um processo de integração
política. A Reunificação Alemã, em 1990,
constitui um exemplo perfeito desta sequência.
A UEM europeia representa uma excepção
notável a este procedimento: os líderes
europeus concordaram na substituição das
moedas nacionais, símbolos da soberania
nacional, por uma moeda comum, mantendo os
respectivos governos, instituições e orçamentos
nacionais. Esta sequência de eventos reflecte,
do nosso ponto de vista, uma visão demasiado
economicista e comercial da integração
europeia, muito afastada da vontade política dos
Pais Fundadores, o que por em causa a susten-
tabilidade do próprio processo de integração.
Pode dizer-se que o estádio de integração
na Europa atingiu um curioso, e preocupante,
status quo: dezanove países partilham uma
moeda e política monetárias comuns, embora
mantendo uma relativa soberania na definição
da política orçamental. A política fiscal, por
seu turno, é essencialmente, responsabili-
dade de cada estado membros. Por outro lado,
o orçamento comunitário representa apenas
1% do PIB comunitário, o que inviabiliza,
naturalmente, qualquer tentativa de fazer
funcionar os estabilizadores automáticos.
Ninguém está inocente em todos este processo.
A insistência na prevenção da crise através da
política orçamental e da supervisão europeia
serviu como pretexto para não pensar acerca da
gestão da crise. Por outro lado, a Alemanha e
a França foram os primeiros a contribuir para
o enfraquecimento do sistema de pevenção de
crises, ao violar, sem sanções, as condições do
Pacto de Estabilidade e Crescimento, em 2003.
O problema grego poderia ter sido resolvido há
muito tempo se os restantes países tivessem
concordado numa auditoria às suas contas.
Relembre-se o seguinte facto extraordi-
nário : quando é feita, em Maio de 1998, a
selecção dos países que constituiriam o núcleo
fundador da moeda única, a Grécia não integra
o grupo porque não cumpre nenhum dos cinco
critérios de convergência. Passados doze
meses, aproximadamente, uma nova avaliação
conclui que a Grécia conseguiu preencher
todos os requisitos, numa fantástica proeza
de disciplina e rigor monetário e orçamental…
Finalmente, a Alemanha desfrutou da sua
competividade face a outros países na zona
euro, não percebendo que a correspondente
falta de competitividade da Grécia e de outros
países estava, na realidade, a minar a própria
sustentabilidade da participação destes países
na zona euro. Na prática, a UEM acaba por
funcionar como uma espécie de Gold Standard
: para que uns possam ter superavits, outros
têm que ter défices. E nenhum dos dese-
quilibrios é sustentável a médio prazo.
Poder-se-ia afirmar, com relativa tranqui-
lidade, que todos estes factores não seriam
demasiado preocupantes se se verificassem
duas, ou pelo menos, uma de duas condições:
que as economias em causa fossem relativa-
mente homogéneas, do ponto de vista do desen-
volvimento sócio-económico; que os estados
membros envolvidos no processo de integração
partilhassem da mesma cultura institucional
e política, traduzida, entre outro aspectos, na
identidade de preferências na orientação da
política económica, nomeadamente monetária
Pág. 8 | PACTA
9. e orçamental. Nenhuma das duas condições
se verifica, o que agrava as dificuldades de
prosseguir a integração monetária, particu-
larmente num contexto de crise global. A
construção da UEM entre os países europeus foi,
provavelmente, a maior aventura que envolveu
sucessivas gerações de cidadãos comuns,
especialistas académicos e lideres políticos.
Os requisitos e o compromisso que, desde o
início, se reconheceu serem indispensáveis
para o sucesso do projecto revestiam-se de uma
ambição que só seria concretizada se existisse
uma vontade política sólida e partilhada entre
todos.E,comovimos,aUEMfoi,essencialmente,
um projecto político, cujas origens e finalidades
remontam ao período dos grandes conflitos
entre os países europeus. A Reunificação
Alemã, no início da década de 1990, traduziu
a nova posição da Alemanha na Europa e no
mundo, e constituiu, paradoxalmente, o mais
poderoso dínamo para o avanço da integração
monetária europeia, embora por razões
diferentes para os vários actores envolvidos.
No entanto, este projecto político não teve em
conta os fundamentos económicos indispensá-
veis à sua fundação e sustentabilidade, uma
lacuna que se tornou dolorosamente visível
através da incapacidade de diagnosticar as
causas profundas da crise da dívida soberana
e de dotar as instituições europeias dos
meios e filosofias de acção mais adequados.
Passados mais de sessenta anos do início
formal do processo de integração, com a
instituição da Comunidade Europeia do Carvão
e do Aço, a paz é um valor tão consolidado entre
os cidadãos europeus que poucos se recordam
de que a principal motivação para este projecto
europeu foi conseguir um compromisso que
evitasse a eclosão de futuras guerras entre
os países europeus. A economia e a moeda
foram escolhidas como os instrumentos
mais adequados para desempenhar essa
missão, pelo que se instalou entre os líderes
políticos europeus a ideia de que se poderiam
facilmente adaptar os mecanismos económicos
aos requisitos políticos, sem preocupações
adicionais. A realidade demonstrou, de forma
cruel, a miopia e a falácia destes pressupostos.
Pág. 9 | PACTA
10. Simulação
da Cimeira do G20
Decorreu, nos passados dias 4 e 5
de Dezembro de 2014, no ISCSP, a
3.ª Edição da Cimeira do G20, evento
organizado pelo Núcleo de Estudantes
de Relações Internacionais (NERI).
O G20 é um grupo constituído pelas 19
maiores economias mundiais às quais se junta
a União Europeia. Este grupo surgiu em 1999,
na sequência das crises financeiras dos anos
90, e o seu principal objectivo é uma maior
cooperação e diálogo, a nível económico, entre
estas economias e as restantes economias
mundiais, tendo em vista o equilíbrio e a
estabilidade económica internacionais. Fazem
parte do G20 a África do Sul, a Alemanha,
a Arábia Saudita, a Argentina, a Austrália, o
Brasil, o Canadá, a China, a Coreia do Sul, os
Estados Unidos daAmérica, a França, a Índia, a
Indonésia, a Itália, o Japão, o México, a Rússia,
o Reino Unido, a Turquia e a União Europeia.
A simulação organizada pelo NERI é aberta
a todos os estudantes do Ensino Superior, em
Portugal, quer sejam de Relações
Internacionais ou de áreas contíguas, tais como
a Ciência Política, o Direito ou a Economia.
Nesta edição, tal como nas anteriores, vários
alunos de diferentes estabelecimentos de
Ensino Superior participaram nesta actividade.
Tal como aconteceu nas 1.ª e 2.ª Edições,
acompanhei o processo de elaboração
da simulação da Cimeira desde o início.
Nesta 3.ª Edição, tive oportunidade de
assistir aos trabalhos dos estudantes.
À semelhança dos anos anteriores, os
participantes foram divididos em delegações
constituídas por duas pessoas, em repre-
sentação dos 20 Estados-membros e dos
respectivos Chefes de Estado, e associadas
em cinco grupos/alianças (de quatro
Estados cada) previamente formadas pela
organização da Cimeira. O tema central a
ser debatido nesta edição foi “Fortalecer o
desenvolvimento global: desenvolvimento do
mercado energético e reforma das instituições
financeiras globais”. Assim, cada uma das
alianças tinha por missão encontrar soluções e
propostas para o tema em questão e apresentar
uma moção com tais soluções e propostas.
No primeiro dia de trabalhos, os diferentes
Estados-membros reuniram com os seus
companheiros de aliança para pesquisarem
sobre o tema proposto e elaborarem o
documento que iria reflectir a sua posição
sobre o mesmo. Por outro lado, cada aliança
reuniu com alguns Professores do ISCSP, os
quais, na qualidade de experts, fizeram uma
exposição sobre as economias dos diferentes
TERESA SILVA
Pág. 10 | PACTA
Professora Auxiliar no ISCSP
11. Estados-membros, a respectiva projecção
internacional e as relações entre elas.
No segundo dia de trabalhos, os documentos
saídos das reuniões das alianças do dia
anterior foram colocadas à discussão e
votação por todos os Estados-membros.
Durante o debate, os proponentes dos
mesmos tiveram que defender os seus
pontos de vista e tentar convencer os outros
Estados a votarem favoravelmente na sua
proposta. As propostas poderiam, ou não, ser
aprovadas por voto aberto de maioria simples.
Neste segundo dia, tive oportunidade de
assistir a parte deste debate. Foi gratificante
paramim,euprópriaalunae(sempre)estudante
de Relações Internacionais, perceber que os
nossos alunos estão muito bem preparados
para organizar e participar em eventos deste
género. É compensador perceber que o curso
lhes fornece as ferramentas necessárias para
conseguirem “ler”, com grande capacidade
analítica, a conjuntura internacional e
esboçar cenários no quadro da complexidade
crescente das Relações Internacionais.
Por outro lado, surpreendeu-me o poder de
argumentação e de exposição oral de alguns
dos participantes, os quais demonstraram uma
grande maturidade intelectual e capacidade
de análise, apesar da sua tenra idade.
As excelentes características demonstradas
pelos intervenientes acabariam por ser
premiadas, tal como já havia acontecido nas
edições anteriores. Desta forma, o prémio
para Melhor Orador foi atribuído a Tiago Lucas
(um dos representantes dos EUA); os prémios
para as Melhores Equipas fora atribuídos a:
David Mourão e Duarte Carrasquinho (os
representantes do Canadá, em primeiro
lugar), Carina Soares e Duarte Vieira (em
representação da Turquia, no segundo
lugar) e Bruno Martins e Guilherme Alves
(a delegação do Brasil, em terceiro lugar).
Por fim, a mim, cabe-me dar, mais uma
vez, os parabéns aos vencedores e ao
NERI e encorajar a sua direcção a continuar
com este tipo de iniciativas que em muito
enaltecem não só o próprio Núcleo, como
também o ISCSP e a Licenciatura em
Relações Internacionais em si.
Pág. 11 | PACTA
12. 1. As Relações Internacionais são uma área
científica relativamente recente.
Considera esta uma área importante para
a compreensão do mundo empresarial em
contexto de internacionalização e para o desen-
volvimento e competitividade de uma empresa
face aos seus rivais num determinado mercado?
Parece que sim. Evidentemente é do
interesse das empresas terem pessoas com
a vossa especialização, não que eu conheça
exactamente quais as disciplinas específicas
do vosso curso, mas presumo que ao longo
dos 3 anos da licenciatura vocês vão desenvol-
vendo sensibilidade para as questões interna-
cionais, nomeadamente o diálogo intercultural,
para questões relacionadas até com diplomacia
económica, pois estão não se passa apenas
ao nível dos Estados, mas também do próprio
investimento das empresas. Isso por um lado,
e por outro a níveis estratégicos também tem
interesse, pois será muito importante quando se
trata de uma análise estratégica para tomar uma
decisão de investimento. Não basta só ver se
a minha empresa está financeiramente apta a
fazer um investimento no exterior. Por exemplo,
importa muito saber o que lá vão encontrar, não
apenas em termos do que posso ganhar, do que
posso vender, mas isso também é influênciado
pelo próprio ambiente político, económico e
cultural. Por isso, a partir do momento em que
vocês têm uma noção do que se está a passar
nas várias regiões do mundo têm a possibilidade
de prestar um serviço de qualidade à empresa
que vos possar vir a contratar, no sentido de
darem informações estratégicas para a tomada
de decisões. Em termos do que possam ser
as vantagens de uma empresa vos contratar
parace-me serem esta duas enunciadas.
2.O que caracteriza e distingue um trabalhador
formado em Relações Internacionais de todos
os outros?
A sensibilidade internacional, mesmo que
não tenham uma disciplina específica sobre
comunicação intercultural ou sobre os gostos
específicos dos clientes de um determinado
ponto do mundo, por exemplo questões de
Marketing Internacional. Uma empresa pode
internacionalizar por várias razões. Pode
fazê-lo porque simplesmente vai para um
sítio onde tem a mão-de-obra mais barata e
as matérias-primas mais próximas, e a única
coisa que quer é exportar tudo aquilo que
produz naquela zona, numa lógica, portanto,
de reduzir custos de produção. Mas também
pode ter o interesse de ir produzir para um sítio
porque está mais próximo dos seus clientes,
e aí precisa de saber o que estes querem
ou desejam. Assim se mostra a necessidade
dessa tal sensibilidade, mesmo que não o
aprendam directamente, em princípio são-vos
dadas as ferramentas ao longo da licenciatura
para depois poderem aprender muito mais
facilmente do que os outros, que nem se
lembram que isso existe e pensam que um
cliente português é a mesma coisa que um
cliente alemão, por exemplo.
3. É da opinião de que há uma falta de
conhecimento acerca das potencialidades,
mais-valias e capacidades das pessoas
especializadas em Relações Internacionais?
Sem dúvida que há falta de conhecimento
das potencialidades, o que acontece com o
vosso curso e outros. As nossas empresas têm
problemas gravíssimos ao nível da gestão,
problemas de comunicação ou de liderança.
ENTREVISTA
DOUTORA ANA CALAPEZ GOMES
Pág. 12 | PACTA
13. Os nossos gestores são muito fracos.
Primeiro porque temos um tecido empresarial
constituído, na sua esmagadora maioria,
por pequenas e médias empresas, cujos
empresários ainda são de uma geração com
qualificações muito baixas. E muitas vezes
os problemas não são só as qualificações
serem muito baixas, mas não terem sequer
a capacidade de observar criticamente, de
aprender. Porque uma pessoa pode até
nem ter uma licenciatura ou um mestrado e
conseguir aprender e ter capacidade crítica,
mas a maioria não tem. É uma das razões,
no meu ponto de vista, da nossa fraca produ-
tividade. Não é a única, mas é uma delas.
Isto faz com que essas pessoas não tenham
sensibilidade para perceber qual é mais
valia das pessoas que procuram contratar e
depois surgem muitos problemas de poder.
Um empresário à partida está numa situação
em que ele se considera débil e com a sua
autoridade um pouco posta em causa, porque
em Portugal a qualificação é muito importante,
dai que todos nós andemos com o “Doutor”
por todo o lado. O “Doutor” é uma forma de
nós nos distinguirmos da restante população,
é uma espécie de título de nobreza, um Dom,
mas como já não estamos na monarquia, não
podemos utilizar o “Dom”, então usamos o
“Doutor”. E repare que uma pessoa que não é
Doutor vai empregar outra pessoa que já o é.
Ele pode fazê-lo, mas é se tiver uma grande
autoestima e uma grande autoridade. Ou seja,
ele sabe que sabe e portanto quer colaborar
com aqueles que até são melhores que ele.
Agora quando não é este o caso, e não é assim
com muita frequência, o que vai acontecer? A
pessoa vai sentir-se diminuída e ao sentir-se
assim e as coisas não vão correr bem, sendo
por isso esta uma das questões que mais se
coloca.
4. Se uma empresa tivesse um profissional de
Relações Internacionais ou com alguma es-
pecialidade na área será que seria possível
ultrapassar alguns desses obstáculos como,
por exemplo, a liderança? Uma vez que so-
mos capazes de perceber qual a região do
mundo ou até mesmo o mercado onde certo
produto ou certa empresa pode ter sucesso.
Sim, mas eu acho que o principal obstácu-
lo, o principal problema que vocês um dia, no
mercado de trabalho, terão que ultrapassar é
fazer com que os vossos potenciais emprega-
dores percebam para o que é que vocês ser-
vem. Isso é o grande problema. Isto é convosco
mas com muitos outros profissionais de outras
áreas. Desde o tempo do mestrado que eu ve-
nho tentando oferecer às empresas um produto
que, para mim, seria fundamental, que é uma
pequena formação em gestão intercultural e
gestão internacional de recursos humanos para
as empresas que se querem internacionalizar.
Pág. 13 | PACTA
14. Às vezes as coisas correm bem porque, repa-
re, os nossos empresários podem ser ignoran-
tes, e muitas vezes são, mas muitos são mui-
to persistentes. Muito muito persistentes. São
pessoas que se metem em todo o lado, com o
catálogo debaixo do braço e andam por aí e, às
vezes, têm muito sucesso. Mas lá está, preci-
sam de fazer todo um percurso de aprendiza-
gem que nunca é muito fundamentada porque
não têm as bases teóricas para interpretar a pró-
pria realidade que eles vão vivendo e, portanto,
seria uma mais-valia se eles tivessem, eviden-
temente, pessoas que os pudessem orientar.
É esta opinião que tenho e acho que, de facto,
a vossa especialização seria uma mais-valia.
5. Será que daqui para a frente irá ha-
ver maior empregabilidade na nossa
área, mais focada na parte empresarial?
Eu acho que há uma coisa que, neste mo-
mento parece óbvia: uma empresa que não in-
ternacionalize, quanto mais não seja vender o
seu produto no mercado internacional, não tem
nenhuma possibilidade. O nosso tecido em-
presarial é constituído por pequenas e médias
empresas, muito descapitalizadas, cuja única
hipótese a este nível é, de facto, juntarem-se
uns aos outros em termos de parcerias e cons-
tituírem redes para criarem alguma escala para
conseguirem concorrer no mercado externo. E
isto já está a acontecer em muitas áreas. Por-
tanto, eventualmente, uma boa saída para vo-
cês seria não directamente procurar um em-
prego mas oferecerem os vossos serviços a
este tipo de associações de empresas, porque
uma empresa sozinha não tem condições para
vos pagar, como clusters e coisas que vão sur-
gindo. Estou a lembrar-me neste momento do
agrocluster do Ribatejo que está muito activo e
dinâmico, a internacionalizar imenso. Mas para
isso, vai ser preciso andar atrás, fazer reuniões,
voltar atrás, apresentar produtos concretos, ter
uma proposta formulada, mas ao mesmo tem-
po, ir adaptando a proposta aos interesses do
cliente, etc. É todo um trabalho muito prolonga-
do e de grande persistência mas que é capaz de
valer a pena desde que vocês possam aprovei-
tar ainda alguns anos em que a vossa família
está disponível para vos sustentar para irem
fazendo este trabalho em vez de andarem a
enviar currículos para todo o lado porque isso,
normalmente, não dá resultado. Hoje, a maior
parte dos empregos que se conseguem são
com base em networking, a não ser emprego de
caixa e mesmo esses já começa a ser complica-
do! Ou seja, é um trabalho de muita persistên-
cia, de criar relações – mas nisso aí vocês têm
que ser exímios, não é? Aliás, a vossa capaci-
dade diplomática só pode trazer vantagens para
as empresas quando se trata das negociações.
6. Onde é que um recém-licenciado em rela-
ções internacionais pode procurar trabalho/
emprego e como é que isso será possível?
Durante a licenciatura e o mestrado, você tem
que arranjar boas relações com os seus cole-
gas e, eventualmente com os seus professores,
isso é muito importante! Depois, é evidente que
faz sentido fazer um curriculum bem feito, en-
viar currículos para grandes empresas, even-
tualmente a sugestão que eu fiz de ir ter com
grandes associações empresariais e tentar
marcar reuniões com os seus responsáveis e
dizer quais são as vossas competências. Mas
aí, talvez fosse preferível ir não enquanto iso-
lado mas formarem um grupo. Se quiserem
enviar currículo convém, na carta de apresen-
tação, se for por exemplo para a SONAE ou
para outro tipo de empresa deste género como
a Visabeira ou mesmo grupos internacionais, ir
ver um bocadinho da história, onde é que eles
estão, em que tipo de mercado actuam e de-
monstrar logo à partida nessa carta a manifes-
tação de interesse e o que vocês conhecem.
ANA CALAPEZ GOMES
Docente do ISCSP em áreas como Gestão de
Recursos Humanos, Comportamento Organizacional e
Sociologia das Organizações
Pág. 14 | PACTA
15.
16. DEVEM ESTAR
OS GREGOS
“A esperança está a caminho!”. Foi este o slogan
que o Syriza utilizou na que também apelidou da
campanha de revolta, em oposição à campanha
do medo da “Força Responsável”, como gizado
pela Nova Democracia. A coligação de esquerda
radical que junta forças da esquerda que vão dos
trotskistas aos socias democratas, passando
pelos comunistas pro europeus, e que tem origem
no Espaço para o Diálogo da Unidade e Acão
Comum da Esquerda de 2001, é liderada por um
engenheiro de 40 anos admirador confesso de
Ernesto Che Guevara. Em 2014, o semanário
Alemão Der Spiegel apresentava Alexis Tsipras
como o homem mais perigoso da europa em
2014. Em 2015, tornou-se o sexto primeiro-min-
istro grego desde que Merkel foi eleita, em 2005.
Ao longo da campanha, Tsipras insistiu que
a sua prioridade seria renegociar a dívida e
minimizar os custos do impacto da austeridade
junto dos cidadãos gregos. De facto, importa
recordar que a taxa de desemprego na Grécia
ronda os 27%, ultrapassando os 50% entre os
jovens. A dívida representa 177% do PIB que,
por sua vez, recuou quase 20% desde 2010.
Da atenção mediática parecem ter ficado de fora
os outros tópicos de campanha, entre os quais a
reforma do ensino superior, a relação entre a Igreja
e o Estado, bem assim a imigração, potenciada
pelos atentados em França ao Charlie Hebdo.
Na defesa de uma frente de esquerda anti
austeridade, Tsipras foi moderando o discurso
ao longo das últimas semanas de campanha:
desde logo, substituiu o termo “incumprimento”
por “renegociação” da dívida e das taxas de juro
e revisão do terceiro programa de assistência,
embora continuasse a defender o corte de
grande parte da dívida grega. Esse discurso foi
aliás defendido enquanto gesto de solidariedade
europeu, à semelhança do perdão de 62% da
dívida pública concedido à Alemanha em 1953
que, na prática, foi uma extensão e reforço das
ajudas financeiras diretas do Plano Marshall.
A retórica sobre a nacionalização dos bancos
quase desapareceu também do discurso de
campanha do Syriza, podendo antever-se que
Tsipras pretenda lutar por alterar a europa a partir
de dentro e evitar uma saída do euro e/ou uma
declaraçãodebancarrota.Afinal,oapoiodosgregos
ao euro em 2014 ascendia a mais de 50%, o que
vincula em definitivo o Syriza ao projeto europeu.
O caminho fez-se paulatinamente. Nas eleições
de 17 de Junho de 2012, Tsipras declinou o
convite para participar num governo de unidade
nacional, não obstante a margem que o separou
do primeiro partido mais votado ter sido de
pouco mais de 3% (26,8% para o Syriza e 29,9%
para a Nova Democracia). Para as eleições
de 2014 para o Parlamento Europeu, o Syriza
O ano de 2014 terminava com uma certeza para o país berço da civilização europeia: ao
falhar a eleição do único candidato presidencial, Stavros Dimas, apoiado pela coligação
governamental, o Parlamento Grego seria automaticamente dissolvido e o país seria
obrigado a ir a legislativas antecipadas a 25 de Janeiro de 2015.
LOUCOS ?!
Pág. 16 | PACTA
17. obteve 27% e 6 lugares, mais 5 que em 2009. Foi
o partido mais votado, já que a Nova democracia
obteve 23% com 5 lugares e o novo partido nazi
Aurora dourada 9,4%, ou seja, 3 lugares. Um ano
e meio depois, Tsipras consegue ficar apenas a
dois deputados dos 151 lugares necessários para a
maioriaabsoluta,oqueofezoptarporumacoligação
comadireitanacionalistadosGregosIndependentes.
No dia a seguir às eleições no mundo helénico,
os mercados davam sinais claros de insta-
bilidade, em muito devido à suspensão das
privatizações mais emblemáticas do anterior
executivo, a do porto de Pireu e a da elétrica
PPC, e nas propostas de reintegração dos traba-
lhadores públicos ilegalmente despedidos e
reposição dos valores das pensões mais baixas.
Mais recentemente, numa reunião de 12 de
Fevereiro, o primeiro-ministro grego e o Presidente
do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, parecem
ter concordado que a Troika irá trabalhar com as
autoridades gregas num entendimento comum
entre o atual programa de assistência e as
pretensões do governo grego. Nos seus encontros
bilaterais pela Europa, Yanis Varoufakis, ministro
das finanças Grego, nunca deixou de insistir
numa solução mútua e viável para ultrapassar
a austeridade na Grécia e na necessidade de
mais tempo para preparar um novo programa
que altere também os atuais condicionalismos.
No final do mês de Fevereiro, o Eurogrupo
aprovou uma lista de reformas propostas pela
Grécia, o que representa o primeiro passo
previsto na extensão dos empréstimos ao país
até ao verão. No entanto, a reforma do sistema
de pensões, a alteração ao regime do IVA, a libe-
ralização da entrada nos sectores mais fechados,
a reforma administrativa, as privatizações ou a
reforma da legislação laboral foram identificadas
pelo FMI como áreas “críticas” para a conclusão
do programa. Os ministros das Finanças da zona
euro, o FMI e o BCE, têm recordado que a Grécia
tem ainda um longo caminho a percorrer até
uma avaliação bem sucedida do programa.
Independentemente dos desenvolvimentos das
próximassemanas,muitosanalistastêmolhadopara
aGréciacomoumcasodeestudo Importa,porisso,
acompanhar 2015 com atenção redobrada, já que
o novo ano vai decerto trazer desafios sucessivos
aos alicerces do projeto europeu. 9 dos 28 Estados-
membros irão a eleições, antevendo-se o reforço do
eleitorado do grupo emergente dos eurocéticos:
Pablo Iglesias em Madrid, Nigel Farage no Reino
Unido,JimmieAkessonnasuécia,KristianThulesen
na Dinamarca ou Marine Le Pen em frança.
A revista “The Economist”, na sua edição de
20 de novembro de 2014, salientava a ideia que
os povos nas grandes democracias se sentem
profundamente traídos por quem os lidera,
insistindonofracassogeneralizadodaslideranças
europeias. Conseguirá o projeto europeu sair
fortalecido do desencanto dos cidadãos europeus
e no discurso dos movimentos populistas que,
cada vez mais, questionam o modelo social
e, consequentemente, mais de 50 anos de
um projeto de “pequenos passos” que os pais
fundadores preconizavam no final da segunda
guerra mundial? É esse aliás o desafio que
perpassa na atribuição do Prémio Nobel da Paz
à União Europeia – um continente que conseguiu
ultrapassar uma guerra à escala mundial no seu
próprio território e que conseguiu manter a paz
durante 60 anos vê-se agora afrontada com o
desafio de reunir os seus membros numa nova
solidariedade que torne a União mais unida e
reforçadososseusvalores.EstaráaUniãoàaltura
de se reinventar? Essa é a million euro question!
ANA ISABEL XAVIER
Professora Auxiliar Convidada no Departamento de
Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investiga-
dora integrada de Pós Doutoramento do IPRI – Instituto
Português de Relações Internacionais e NICPRI – Nú-
cleo de Investigação em Ciência Política e Relações In-
ternacionais.
Os seus interesses atuais de investigação centram-se
na Segurança Humana, o Conceito Estratégico de Def-
esa Nacional, a UE ator de gestão de crises, Direitos
Humanos e Globalização.
Pág. 17 | PACTA
18. O OBSERVATÓRIO DA CHINA:
CHINA: Sociedade e Economia em progresso?
Estudos OCDE e da Universidade de Denver indicam que entre 2010 e 2060, o índice de
Desenvolvimento Humano chinês subirá 20,6%, a mortalidade infantil diminuirá 78,4 % (por
mil bebés). 300 milhões ascenderam à classe média e reduziu-se a 7% a população (100
milhões) abaixo do limiar de pobreza, refletindo já o crescimento do poder de compra da
população e da procura interna, promovido pela política de estabelecimento dos salários
mínimos para a cidade e para o campo. A análise das estatísticas autoriza a previsão de que
até 2060 o PIB per capita da China vai aumentar 527,8%, ultrapassando o dos EUA em 2017.
Outros dados indicam que para além de a China já ser o maior exportador mundial,
ascenderá na próxima década a 1ª economia mundial, ficando os EUA em 2º e a Índia
em 3º. A Ásia passará de cerca de um terço (31%) do PIB per capita para mais de
metade do PIB mundial (65%) e só a China passará de 17% a 28% do PIB mundial.
Relações Europa-China:
diálogo estratégico mutuamente
proveitoso?
De 2005 a 2014 a China investiu crescen-
temente na Europa (em mil milhões de euros:
18,58 no Reino Unido, 8,38 em França, 5,41
em Itália e 5,38 em Portugal, sendo que na
Alemanha investiu 4,7, na Grécia 4,24 e 1,88
mil milhões de euros em Espanha, segundo
o Financial Times/Heritage Foudation/
Público de 11 outubro de 2014), privilegiando
setores como a energia, imobiliário, finanças,
tecnologia transportes, saúde, entre outros.
As relações da União Europeia com China
foram estabelecidas em 1975, são dirigidas
pelo Acordo de comércio e cooperação de
1985 e consubstanciadas em 24 comissões
sectoriais de Diálogo, que vão da proteção
ambiental à educação (http://ec.europa.
eu/external_relations/china/index_en.htm).
A China tem privilegiado a sua parceria
estratégica com a Europa, o que tem permitido
diversificar a respetiva interdependência de
ambas para com os EUA. A China aumenta
o seu investimento na Europa, relativizando
o risco da sua excessiva anterior aplicação
de capitais na dívida pública dos EUA e a
Europa respira de alívio perante a entrada de
capital fresco na sua economia e reforça a
sua influência política e estratégica na Ásia.
A UE continua a ser o maior parceiro
comercial da China e a sua principal fonte de
tecnologia. A China é hoje o segundo maior
parceiro mercantil da Europa, logo após
os EUA (http://ec.europa.eu/trade/creatin-
g-opportunities/bilateral-relations/countries/
china/). A maioria deste comércio refere-se
a produtos manufaturados e industriais.
Em 9 de Julho de 2012 reuniu-se a 3ª ronda
do Diálogo Estratégico de Alto Nível entre a
Europa e a China, e considerando encontrarem-
se ambas “cada vez mais interdependentes”
decidiram ampliar a cooperação internacional
A promoção dos Estudos Chineses e da
compreensão do papel internacional da
República Popular da China
Pág. 18 | PACTA
19. e “tratar as suas divergências de uma maneira
construtiva”. “A China reafirmou o apoio à
integração europeia e aos esforços da Europa
para sair da crise” e “a UE reafirmou o apoio ao
desenvolvimento pacífico da China e ao respeito
pela sua soberania e integridade territorial”
(http://europa.eu/rapid/pressReleasesAc-
tion.do?reference=IP/12/765&type=HTML).
Especialistas atentos (como Alastair
Johnston, Social States: China in Interna-
tional Institution, 1980-2000; Ann Kent, Beyond
Complience – China, international Organiza-
tiions and Global Security; Luís Cunha, A Hora
do Dragão, Política Externa da China) têm
reconhecido que a China se tem envolvido
profundamente nas organizações internacio-
nais, assimilando os específicos mecanismos,
e enquadramentos teóricos e jurídicos,
contribuindo para o renascimento e reforço
do papel dessas organizações no quadro
internacional multilateral (ONU, ASEAN,…).
Neste contexto, partilhamos da opinião de
que a plena integração e interiorização da
cultura institucional associada às organizações
multilaterais pela China transforma-a parado-
xalmente, apesar das inerentes contradições,
numa defensora desse statu quo interna-
cional cuja ação reforça quer a legitimidade
dessas organizações, quer um papel
reforçado da China no mundo atual. Esta
interdependência é um contributo para a Paz.
A Parceria Estratégica de Portugal
com a China assiste à intensificação
das relações, com base no interesse
recíproco?
Em 2015 comemoram-se, efetivamente, 10
anosdoestabelecimentodaParceriaEstratégica
Portugal-China - uma das poucas que o
Governo chinês mantém com países europeus.
Respondendo ao interesse português a China
tem aumentado o seu investimento em Portugal,
o qual ascendeu a 5300 milhões de euros, nos
últimos três anos (dados de outubro de 2014).
Os setores com maior capacidade de atração
deste investimento chinês foram a energia, os
seguros, a saúde e já em 2015 o setor financeiro.
Segundo o Embaixador chinês em Portugal,
Huang Songfu, atualmente “as relações
Portugal-China encontram-se no melhor
período desde a sua existência, com boas
perspetivas para o futuro. Estamos num novo
ponto de partida histórico para enfrentar
novas oportunidades de desenvolvimento.”
(Diário de Todos, 17 Fev 2015, pp. 21-23).
Assistimos a uma surpreendente confiança
das autoridades e empresários chineses, que
investiram em Portugal, fazendo subir o volume
do comércio bilateral, que em 2002 foi inferior a
350 milhões de euros e em 2014 já ascendeu a
3,6milmilhõesdeeuros.PermitindoquePortugal
ocupe actualmente o 5º lugar de maior receptor
do investimento Chinês na Europa (depois
do Reino Unido, França, Alemanha, e Itália,
que já eram parceiros tradicionais da China).
Num momento de crise e de não
investimento Ocidental, as empresas chinesas
demonstram um interesse estratégico e
permanente em Portugal, como demonstra
o investimento de longo prazo chinês.
Enquadremos agora as relações de Portugal
com a China na longa e estável relação que
se iniciou há 500 anos, com a chegada de
Jorge Alvares ao litoral da província chinesa de
Guangdong (na Ilha de Tamão, na província de
Cantão), em 1513. Somos a nação europeia
com maior longevidade nas relações diretas e
contínuascomaChina,tendosidosempreMacau
o grande centro de difusão da cultura portuguesa
e europeia na China, e da cultura chinesa em
Portugal, na Europa e no Mundo lusófono. A 7
de fevereiro de 1979 Portugal e a China estabe-
leceram, formalmente, relações diplomáticas.
Quanto ao investimento chinês em Portugal,
assistimos, em 2011 e 2012, a um crescimento
exponencial em áreas do interesse estratégico
da China (a China Three Gorges Corporation
comprou 21,35% da EDP; a State Grid comprou
25% da REN e planeia investir em Portugal 12
milhões de euros num centro tecnológico; dois
bancos chineses, o Bank of China e o Industrial
and Commercial Bank of China, já abriram
escritórios em Lisboa, o que se pode traduzir
num significativo aumento das atividades
financeiras entre estes países). Assim a China
Pág. 19 | PACTA
20. passa a ter um lugar gradualmente mais signi-
ficativo (antes de 2010 ocupava o 41º lugar)
entre os países que investem em Portugal.
Aenquadrar institucionalmente esta crescente
importância para Portugal das relações com
a China, a ”parceria estratégica” com a China
foi confirmada, aprofundada e promovida a
um novo e mais alto nível pela visita oficial à
China do Presidente da República, no ano
de 2014. O Observatório da China foi uma
das instituições convidadas, participou nesta
visita tendo assinado um protocolo (UIBE) e
coorganizou conferências com várias universi-
dades em Shanghai, Beijing e Macau.
O mercado do vinho na China cresce 20% ao
ano (acreditando-se que em 2017 terá passado
o mercado dos EUA), o que coloca um desafio
para a exportação de vinhos portugueses
(considerados de grande qualidade interna-
cional). A Cimpor (depois da maioria do capital
ser comprado por duas empresas chinesas)
apostou na Cimpor China, que em 2011 duplicou
face a 2010 e lucrou 17,9 milhões euros. Alguns
têxteis portugueses conseguem penetrar no
muito exigente mercado chinês. Ultimamente
a China aprovou a exportação portuguesa
de 2 novos setores – a pesca/aquicultura e o
leite/lacticínios – e o processo de candidatura
da carne porco está bem encaminhado.
Importações portuguesas da China cresceram,
mas menos que as exportações. Novas opor-
tunidades de comércio se abrem quando
constatamos que o mercado de luxo tem vindo
a crescer cerca de 35%. Pelo que, neste ano
de 2015, de fábrica do mundo a China se
assumirá como o grande consumidor mundial
de marcas de luxo, logo depois do Japão.
No setor dos serviços: quadruplicaram as
exportações para a China, de 2012 para 2013,
com maior participação do turismo, cujas
receitas triplicaram. Mas Portugal ainda não dá a
atenção especial merecida ao sector do turismo
chinês, dado o crescente número de turistas
chineses a visitar a Europa. Prevê-se que o
número de chineses a viajar anualmente para
o estrangeiro atinja 100 milhões cerca de 2020.
Várias instituições universitárias portuguesas
passaram a dar maior atenção à China, e em
Portugal estudam mais de 800 alunos chineses.
A Universidade de Lisboa possui um
Instituto Confúcio em funcionamento; outro
campus está a ser negociado para a cidade
de Tianjin, em aliança com a Universidade
de Estudos Estrangeiros de Tianjin. O ISCTE
tem programas de doutoramento em gestão
de empresas na Universidade de Chengdu
e em Cantão. Igualmente a Universidade do
Minho, para além de ter uma licenciatura e
um mestrado em Estudos Chineses, tem um
Instituto Confúcio em funcionamento e está a
desenvolver contatos para estabelecer graus
conjuntos com várias universidades chinesas.
A sociedade civil portuguesa tem, assim,
aprofundado as suas relações com as
instituições e a cultura chinesa. O Observatório
da China, fundado em 2005, é um caso de
sucesso, com ação na área académica e
cultural. O interesse pela cultura chinesa tem
aumentado em Portugal, acompanhando o
crescente interesse de instituições portuguesas
em desenvolver iniciativas culturais ou
económicas relacionadas com a China.
A China, a Lusofonia e o papel de
Macau
Na nossa opinião deveremos dar uma
especial atenção à estratégia lusófona da
China para compreender e enquadrar o grande
boom no comércio entre a China e os Países
Lusófonos. Na sequência dos princípios
orientadores da sua política interna de desen-
volvimento harmonioso da sociedade chinesa e
de respeito pelo meio ambiente, a China gizou
uma estratégia que pretende assegurar um
contínuo desenvolvimento económico. Com
esta estratégia procura diminuir a pobreza
e garantir o alargamento da prosperidade a
sectores cada vez mais vastos da população
chinesa, e canalizar meios para a recuperação
de água potável e do ar poluído em muitas áreas
urbanas e rurais da China. Tendo subjacente os
princípios gerais da diplomacia chinesa, não
podemos esquecer a preocupação da China (à
semelhança do que acontece com os países
ocidentais) em colmatar as necessidades de
Pág. 20 | PACTA
21. matérias-primas e de fontes de energia. A China
estabeleceu relações nos cinco continentes
com os países produtores de matérias-primas,
como hidrocarbonatos (petróleo de Angola,
Brasil e Timor), gás natural (Moçambique) ou
alimentares (do Brasil a soja) e tecnologias
alternativas (como as eólicas em Portugal).
Naturalmente que a China não precisa de
Macau nem de Portugal para se relacionar
bilateralmente com os países que entenda.
Contudo, compreendeu a mais-valia que
representa cidade de Macau, com as suas raízes
e ligações histórico-culturais e económicas,
para a transformar numa plataforma oficial da
China, facilitadora de contactos com os países
lusófonos. Assim o governo central chinês
decidiu instituir o Fórum para a Cooperação
Económica e Comercial entre a China e os
Países de Língua Portuguesa, sediado em
Macau (conhecido por Fórum Macau), em 2003.
Macau é uma plataforma facilitadora dos
negócios para empresas chinesas que querem
investir em empresas de países de língua
portuguesa e vice-versa. Macau apresenta
várias vantagens, nomeadamente, o sistema
legal igual ao português e isso facilita as
relações económicas. Para prevenir uma
taxação dupla, foram já criados acordos entre
Macau e Portugal e Moçambique mas o objetivo
é estender esses acordos a todos os países
de Língua Portuguesa. O Governo da Região
Especial Administrativa de Macau tem tido uma
extraordinária sensibilidade na preservação
do património histórico construído de raiz
portuguesa, que se consubstanciou inclusive
pela obtenção da classificação pela UNESCO,
de Património Histórico da Humanidade. Em
Macau tem sido incentivado o intercâmbio com a
Culturas e a Língua portuguesa, nomeadamente
apoiando a formação de formadores para o
Ensino da Língua Portuguesa na China, no
apoio à organização de encontros, colóquios
e conferências internacionais, no incentivo à
difusão da obra de escritores sobre Macau. Foi
em Macau que se realizou, em 2006, a primeira
edição do evento multidesportivo “Jogos da
Lusofonia”. Naturalmente que a maior parte
dos negócios entre os países lusófonos e a
China se têm realizado bilateralmente, mas o
Fórum tem aumentado as suas oportunidades.
Entre Janeiro e Abril de 2014 as importações
mais as exportações atingiram os 30,35 mil
milhões de euros, representando mais 12,25%
face a 2013. A China importou bens de 20,56
mil milhões (mais 14,75%) e exportou 9,81 mil
milhões euros (mais 7,38%). Contudo, no ano de
2013, o comércio entre a China e os países de
língua portuguesa representava ainda apenas
3,3% do volume do comércio externo chinês e
64,76% do comércio ene a China e África. Pelo
que, apesar desta rápida evolução, existe um
grande potencial de crescimento do comércio
entre a China e os países lusófonos. É pois
necessário maior investimento e cooperação
entre empresas, apesar do crescimento
contínuo dos investimentos, e encontrar
estratégias de promoção do equilíbrio comercial.
Os investimentos da China nos países
lusófonos devem ser enquadrados nas suas
relações com África e o resto do mundo. A par
de importador a China é o maior exportador
mundial, tendo ultrapassado a Alemanha
em 2010. A China é já o principal parceiro
comercial de África, com quem organiza uma
outra plataforma enquadradora do relaciona-
mento, o Fórum China-Africa, que se reúne em
conferências de 3 em 3 anos, e estando a 5ª
Conferência já em preparação. A China absorve
17% do comércio exterior de África (quando
era só de 1% em 1990), tendo ultrapassado os
EUA desde 2009. Partilhamos da opinião dos
que pensam que Portugal e Macau podem e
devem reforçar o seu papel como plataformas
facilitadoras de relações culturais e de
negócios entre a China e os países lusófonos.
O Observatório da China estabeleceu
relações de cooperação e protocolos com várias
instituições lusófonas, às quais apresentamos
publicamente o nosso agradecimento, de entre
as quais destaco a UCCLA (União das Cidades
Capitais de Língua Portuguesa). Mas também
com a Chá de Caxinde (Angola) e a Roça
Mundo/CACAU (de São Tomé e Príncipe),
no Brasil com várias Universidades da Bahia
e de Belém e na China com várias Universi-
dades (Macau, Guangzhou, Beijing, Shanghai).
Pág. 21 | PACTA
22. 10º aniversário do Observatório da China
O Observatório da China foi criado em finais
de Dezembro de 2005. É uma associação de
académicos e de pessoas interessadas em
estudos multidisciplinares sobre a China e
na divulgação da civilização chinesa. A sua
principal missão é a organização de atividades
académicas e culturais para a divulgação
do conhecimento sobre a China e apoiar a
divulgação de trabalhos de especialistas da
China (associados ou não). Consideramos
que quanto maior for o conhecimento nas
sociedades ocidentais sobre a China e sobre a
sua multimilenar e sofisticada civilização, menor
será a tendência para movimentos xenófobos,
que em alturas de crise tendem a aumentar.
Ações desenvolvidas pelo OC
(atividades e estudos sobre a China)
A sede do Observatório está localizada
em Lisboa mas temos associados em várias
universidades e localidades de Norte a Sul de
Portugal (nomeadamente no Porto, Aveiro,
Coimbra, Lisboa e Algarve). Temos um pólo
no Brasil (Salvador) e associados em Macau,
Shanghai e Beijing. Entre os nossos associados
contam-se ex-embaixadores, presidentes
de Conselhos Científicos de faculdades
portuguesas, professores, diretores de divisão
de ministérios, jornalistas, realizadores de
cinema, entre outras profissões. O Observatório
da China desenvolveu um amplo e diversifi-
cado conjunto de atividades em Portugal e no
estrangeiro, muitas delas tendo por tema o
estudo Macau e da China, nomeadamente:
- A organização de eventos descentralizados
demodoaestimularodebateeatrocadeconheci-
mentos, de opiniões e de experiências (tertúlias,
palestras para apresentação de investigações
em curso e outras já concluídas), exposições,
espetáculos de música e de dança, declamação
de poesia chinesa, ciclos de cinema chinês e
de cinema Português sobre Macau e a China;
- A cooperação com entidades públicas
e privadas, nacionais e estrangeiras, em
várias áreas do conhecimento e da cultura;
- A participação em redes internacionais
relacionadas diretamente com os estudos
chineses, como já fizemos com a East Asia Net
e o China-Europa Forum, mais recentemente
estabelecemos relações com a International
Confucian Asssociation (Beijing) e com várias
universidades (Macau, Pequim e Shanghai);
- O lançamento e a edição de publicações em
papel como o livro De Lisboa à China, 2009,
com estudos sobre as relações da Europa
e de Portugal com Macau e a China, desde
a antiguidade ao século XX, escritos por 10
autores diferentes; o apoio a várias edições
(De Olhos em Bico e em Bicos de Pés, 2012;
Face to Face, 2013 e 2014); o apoio à edição
Literatura e Lusofonia, Anais do II Encontro
de Escritores de Língua Portuguesa, 2013,
Brics e a nova ordem internacional, 2015,
entre outros. Em formato digital temos a
edição de inúmeros estudos disponíveis no
nosso site (www.observatoriodachina.org).
Projetos do OC a desenvolver em
2015 e 2016
•Em Março (16–19 de 2015) apoiámos a
organização do International Symposium (In)
Direct Speech. “Chineseness” in Contemporary
Art Discourseand Practice.ArtMarket, Curatorial
Practices and Creative Processes, no âmbito
do qual foi lançada a rede Internacional de
investigação. Sendo coorganizadores a FBAUL
e Global Art History, da Heidelberg University).
•A 21 de Abril foi lançado o Portal digital
com as descrições portuguesas sobre
Macau-China, dos séculos XVI ao XIX, em
parceria com a Biblioteca Nacional de Portugal,
a UCCLA e o patrocínio da Fundação Macau.
•De 21 de Abril a 29 de Maio estará
patente ao público uma exposição sobre
este Portal e os 10 anos do Observatório da
China, na Biblioteca Nacional de Portugal.
•O FICH - “Festival Internacional de Cinema
Chinês e do Olhar Lusófono”. A decorrer
anualmente com o apoio de vários parceiros,
em que se tem destacado a Embaixada da
China, a Cinemateca, a CML com a EGEAC
- S. Jorge cuja 2ª edição decorrerá no último
Pág. 22 | PACTA
23. trimestre deste ano de 2015, apoio da
Secretaria de Estado da Cultura e do ICA.
A comunidade chinesa em Portugal
A população chinesa com estatuto de
residente em Portugal aumentou de forma
gradual, conforme indicam os números do
Instituto Nacional de Estatística, passando de
3.953, em 2001, para os 13.313, em 2008. No
recente relatório do Serviço de Estrangeiros
e Fronteiras (SEF), de Dezembro de 2011, a
comunidade chinesa ocupava o 8º lugar, com
3,53% do total da população estrangeira em
Portugal, possuindo 15.600 autorizações de
residência no país. O presidente da Liga dos
Chineses em Portugal, Y Ping Chow, nosso
associado, calculava que, com familiares, o
número de chineses em Portugal atingisse,
em 2011, cerca de 20 mil pessoas. Mas com
a crise alguns chineses saíram de Portugal.
A comunidade chinesa em Portugal, tal
como as restantes, é constituída por diferentes
gerações (os que vieram em meados do século
XX, acompanhados dos seus filhos - alguns
nascidos em Portugal e luso-chineses, e os
de imigração mais recente). Naturalmente o
seu grau de integração profissional é muito
diferente. Na maioria dedicam-se ao pequeno
comércio mas na segunda e terceira geração
encontramos desde profissões liberais (como
engenheiros e médicos) a empregados noutras
áreas de atividade. Encontra-se igualmente
em Portugal uma pequena comunidade de
estudantes bolseiros, quer provenientes
da China continental, quer da RAEM.
Contudo, o recente agravamento da crise
da zona euro, com particular incidência
económico-social em Portugal, tem afetado
todo o pequeno e médio comércio no interior
das cidades. Esta recessão tem fragilizado
muitos pequenos negócios, propriedade
quer de portugueses quer de chineses,
essencialmente ligados à restauração, a
lojas de vestuário e produtos decorativos.
Recentemente chegaram também a
Portugal novos residentes chineses, os
grandes investidores e suas famílias ao
abrigo do programa da concessão do estatuto
de residente para investidores acima dos
500 mil euros, que atingiram o número de
1777 chineses (até Fevereiro de 2015).
Novo desafio
O alargamento do Canal do Panamá
permitirá, em 2015, o acesso mais rápido e
direto da China a Portugal. O porto de Sines
será o primeiro da Europa que um navio vindo
da Ásia, dos Estados Unidos, ou do Brasil
encontrará na Europa. Será mais uma grande
vantagem económica e um grande desafio
a ser assumido globalmente por Portugal.
As autoridades portuguesas e chinesas
em conjunto com as respetivas sociedades
civis, para além das importantes relações
económicas, devem desenvolver todos os
esforços para a organização de eventos
de grande qualidade cultural, de forma
a estimular e aprofundar as relações de
compreensão, conhecimento reciproco e
amizade bilaterais entre os respetivos povos.
Assim sendo, é necessário reconhecer e
respeitar a diversidade de culturas, de interesses
geoestratégicos e de agendas políticas muito
diversificadas, de um espaço próprio e em
expansão, como os países de expressão oficial
portuguesa, como uma mais-valia na conjugação
de esforços nas respostas à crise internacional
e na valorização das respetivas oportunidades.
RUI D’ÁVILA LOURIDO
Presidente do OC
Pág. 23 | PACTA
24. 1 JAN
Lituania deixa as litas
e passa a usar o euro.
(Euronews)
Leite, champô ou cerve-
ja: falta quase tudo na
Venezuela.
(Diário de Notícias)
Israel não permitirá que
os seus soldados sejam
levados diante do Tribu-
nal Penal Internacional,
diz Netanyahu.
(Diário de Notícias)
Charlie Hebdo attacks:
Paris magazine staff
say gunman knew their
targets in advance and
entered the building like
‘an organised comman-
do’ raid.
(The Guardian)
Obama, Netanyahu
e Putin unem-se no
abraço de pesar à
França.
(Euronews)
Boko Haram rapta mais 40
rapazes no nordeste da Nigéria.
RefénsforammortosnaPortadeVincennes.Terãosidoabatidosantesdoassaltodasforçaspoliciaisàmerceariakosherondesebarricouoatacantequepertenceriaao
mesmogrupoextremistaqueosatiradoresdoCharlieHebdo.
Picture:AFP/AFPTV/GABRIELLECHATELAIN
2 JAN 4 JAN 7 JAN
8 JAN
CRONOLOGIAJANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO
8 JAN
Pág. 24 | PACTA
25. União Europeia anuncia
reunião para rever Acor-
do de Schengen.
(Diário de Notícias)
Cuba has freed all 53
prisoners as agreed in
U.S. deal – US officials.
(Reuters)
Marcha contra o terrorismo: “A
maior demonstração de unidade
na história de França”.
AFP PHOTO /
KENZO TRIBOUILLARD
Mais de dez mil em Ber-
lim contra islamistas e
islamófobos. (Público)
“Milhares de muçul-
manos protestam contra
nova caricatura de
Maomé”.
(Público)
“La Unión Europea In-
tenta blindarse contra el
terrorismo”.
(El País)
11 JAN
13 JAN
16 JAN 17 JAN
“Iran, powers make
“limited” progress at
nuclear talks, to meet in
February”
(Reuters)
18 JAN
“Ucrânia: Prossegue a
guerra e as acusações
entre Kiev e Moscovo”
(Euronews)
19 JAN
Nairobi, Kenya. “Schoolchildren push a fence to enter the play-
ground during a protest against alleged land grabbing at
Langata Road primary school. At least five pupils have been rushed
to the hospital after police fired teargas at them and activists,
according to local media reports”. Photograph: Dai Kurokawa/EPA
Valetta, Malta. “Rescued migrants on the deck of a Maltese patrol boat,
reach out for bottles of water being distributed by a soldier after arriving
at the AFM’s Maritime Squadron base in Valletta. The patrol boat res-
cued about 80 migrants in a drifting dinghy but another 20 people were
feared to have perished”. Photograph: Darrin Zammit Lupi//Reuters
12 JAN
U.S. takes aim at North
Korea’s remaining
financial links. (Reuters)
11 JAN
19 FEV 22 FEV
Pág. 25 | PACTA
26. “Ucrânia: Donetsk e
Luhansk unem tropas
para desafiar Kiev”.
(Euronews)
2 FEV
“EUA admitem enviar
armament para apoiar
Exército Ucraniano”.
(Público)
3 FEV
“A serviceman from the battal-
ion ‘Aydar’ waves a Ukrainian
flag during a protest against
the disbanding of the battalion.
The protest took place in front
of Ukraine’s Defence Ministry in
Kiev”. Picture: Reuters
“Top US Official holds
talks with Cuban
dissidents”
(AlJazeera)
23 JAN
“Eleições na Grécia: Dia
de Reflexão Helénica”
(Euronews)
24 JAN
“Assad is defiant ahead
of peace discussion
scheduled for Monday in
Moscow”
(The Washington Post)
26 JAN
“Parlamento Ucraniano
declara Rússia como
“Estado Agressor””
(Diário de Notícias)
27 JAN
“Government Allies Are
Said To Have Killed
Dozens of Sunnis In
Iraq”
(The New York Times)
29 JAN
Putrajaya, Malaysia. “A relative of a passenger on the missing Malaysia
Airlines MH370 flight talks to journalists after the disappearance of the
plane was officially declared an accident”
Photograph: AFP/Getty Images
“Merkel excluiu perdão
de dívida à Grécia”
(Euronews)
30 JAN
“Deadly clashes in east
Ukraine after peace
talks fail”
(Reuters)
“ONU apoia criação de
força internacional para
enfrentar Boko Haram”
(Euronews)
1 FEV
CRONOLOGIAJANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO
3 FEV
29 JAN
Pág. 26 | PACTA
27. “Merkel: Ukraine peace
‘uncertain’ after talks
with Putin, but worth
trying”.
(CNN)
7 FEV
“La UE retrasa las nue-
vas sanciones a Rusia
para permetir el
diálogo”.
(El País)
“Obama e Merkel
reiteram opção
diplomática para
conflito ucraniano”.
(Euronews)
9 FEV
“Ataques aéreos de forças leais ao presidente da Síria, Bashar al-Assad
no bairro de Douma, Damasco.”. REUTERS/ MOHAMMED BADRA
“Putin viaja ao Egipto
para selar alianças com
novo regime militar”.
(Euronews
“Turquia em alerta para
entrada na Europa de
4000 jihadistas”.
(Diário de Notícias)
10 FEV
“Ukraine ceasefire deal
reached after marathon
Minsk talks”.
(CNN)
“Grécia e Euro-
grupo aceitam iniciar
trabalho técnico antes
de acordo político”.
(Público)
12 FEV
“U.N. chief appeals to
Indonesia to stop death
row executions”.
(Reuters)
“Batalha por
Debaltseve dificulta
ainda mais acordo de
cessar-fogo”.
(Público)
13 FEV
“Greek finance minister
says deal with UE will
be done, ‘even at
eleventh hour’ ”.
(Reuters)
14 FEV
“Rebeldes ignoraram
cessar-fogo na cidade
cercada de
Debalteseve”.
(Diário de Notícias)
“Israel: Governo oferece
refúgio ao judeus
europeus”.
(Euronews)
“Kosovares estão a
imigrar em massa para
a União Europeia”.
(Público)
15 FEV
“El Eurogrupo urge a
Grecia a pedir la
extensión del rescate
esta semana”.
(El País)
16 FEV
“U.S. To allow wider
export of armed drones”.
(The Washington Post)
17 FEV
“Tsipras diz que acordo
com o Eurogrupo
“deixa para trás a
austeridade””.
(Público)
20 FEV
10 FEV
Pág. 27 | PACTA
28. “Girl as young as seven
kills herself and five
others in Nigeria suicide
bombing”.
(The Guardian)
22 FEV
“Rusia ofrece misiles a
Irán mientras Teherán
negocia com EE UU”.
(El País)
23 FEV
“Obama hails Qatar as
‘strong partner’ against
ISIL”.
(Aljazeera)
24 FEV
“Ucrânia: trégua teima
em chegar ao terreno”.
(Euronews)
25 FEV
“Comunistas gregos
protestam contra
acordo do Euro-grupo”.
(Euronews)
27 FEV
“Ukraine’s military
reports significant fall in
fighting”.
(Reuters)
28 FEV
Africanos pedem Plano
Marshall para se
recuperar do ébola
(Euronews)
3 MAR
China aumentará en un
10% su presupuesto de
Defesa en 2015.
(El País)
4 MAR
UN Security Council
condemns chlorine
attacks in Syria .
(Aljazeera)
6 MAR
“Israel’s Arab political
parties have united for
the first time” .
(The Washington Post)
10 MAR
UKIP defende fim das
leis contra a discrimi-
nação racial no
trabalho.
(Público)
12 MAR
Mais de metade dos
alemães acha que a
Grécia deve sair do
euro.
(Público)
13 MAR
Moradores de Port Vila observam o estrago causado pela passagem do ciclone Pam em docas da cidade, em Vanuatu, neste sábado (14).Atempestade de
categoria 5, com ventos de até 250 km/h causaram grandes danos no país insular, e pode ter sido uma das piores tragédias naturais na região do Pacífico.
Humans of Vanuatu/Unicef Pacífico/AP
CRONOLOGIAJANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO
14 MAR
Deadly Tropical Cyclone Pam
roars over, past island nation of Vanuatu.
(CNN)
Pág. 28 | PACTA
29. “Over 1 million Brazilians protest Rousseff, economy, corruption”
REUTERS/Paulo Whitaker
Ocalan apela a “nova
era” em que curdos
e turcos vivam “como
irmãos em democracia”.
(Euronews)
21 MAR
Eleições departamentais
dão cartão Vermelho à
governação socialista
em França .
(Euronews)
22 MAR
ONU estima para Agosto o fim do surto do vírus do ébola.
FRANCISCO LEONG/AFP
Kiev e rebeldes pró-rus-
so acusam-se
mutuamente de violar o
cessar-fogo.
(Euronews)
23 MAR
Bruxela avisa Grécia.
“Vontade política” não
chega, exigem-se
“ações e progressos”.
(Diário de Notícias)
15 MAR
“Over 1 million Brazilians protest
Rousseff, economy, corruption”
REUTERS/Paulo Whitaker
Ciclone Pam: 90% das
habitações da capital
de Vanuatu estão
destruídas .
(Euronews)
15 MAR
23 MAR
Pág. 29 | PACTA
30. Organização de eventos:
SIMULAÇÃO DA
mundiais e pelas economias emergentes,
com o objetivo de promover a discussão so-
bre questões de foro económico, de relevân-
cia para o sistema internacional. Este grupo
é formado pelos ministros das finanças e os
chefes dos bancos centrais da África do Sul,
da Argentina, do Brasil, do México, do Ca-
nadá, dos Estados Unidos da América, da
China, do Japão, da Coreia do Sul, da Índia,
da Indonésia, da Arábia Saudita, da Turquia, da
Alemanha, da França, da Itália, da Rússia, do
Reino Unido, da Austrália e da União Europeia.
O Núcleo de Estudantes de Relações Inter-
nacionais compreende que existe uma lacuna
no programa curricular do nosso curso, pois
os alunos nunca têm a hipótese de pôr os co-
nhecimentos, que adquirem ao longo dos anos,
em prática. Deste modo, esta e outras simu-
lações são de uma importância extrema para
perceber os assuntos discutidos nas aulas e
para colocar os conhecimentos em prática, de
modo a compreender a dificuldade de chegar
a uma decisão viável para problemas reais.
Para além de que, estes eventos fo-
mentam a prática discursiva e o debate.
Apesar do sucesso em que estes dois
dias se tornaram, o trabalho da orga-
nização começou vários meses antes.
Já havia participado na organização da
CIMEIRA DO G20
ANDREIA FERNANDES
Aluna do 3º Ano de Relações
Internacionais do ISCSP
Pág. 30 | PACTA
No passado mês de
Dezembro, decorreu
no ISCSP mais uma
edição da simulação
do G20 Summit, or-
ganizada pelo Núcleo
de Estudantes de Re-
lações Internacionais.
O G20 é um gru-
po formado pelas
maiores economias
Para ver mais fotografias do evento, consultar: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.293672594176755.1073741829.152296341647715&type=3 e
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.293685717508776.1073741831.152296341647715&type=3
31. simulação do G20 Summit no ano anterior como
colaboradora e quis participar este ano de
forma mais ativa e direta. Enquanto colabo-
radora não tive a noção de tudo o que é fei-
to para se chegar ao produto final e, por
isso, houve muito com que me preocupar.
Desde os apoios aos auditórios, dos cartazes
aos coffee breaks, da publicidade às inscrições…
Para que tudo corresse da melhor forma, con-
tei com uma incrível colega, Ana Campos, que
em conjunto comigo coordena o Pelouro das Re-
lações Externas do NERI e pude contar também
com a Presidente do NERI, Iara Ribeiro, que se
tornou numa ajuda preciosa, pois já organiza a
simulação do G20 Summit desde a sua primei-
ra edição. Para além disso, um fantástico grupo
de colaboradores esteve presente desde que
a ideia nasceu até ao último minuto do evento.
O trabalho árduo compensou, pois mesmo an-
tes da simulação o evento já estava a decorrer,
através de visitas a várias embaixadas, nomea-
damente a embaixada do México, do Japão, da
Indonésia e do Canadá a quem agradecemos
por nos terem aberto as suas portas e nos te-
rem dado a conhecer as suas culturas e terem
transmitido aos participantes as suas posições
quanto às decisões tomadas no âmbito do G20.
A adesão dos participantes foi espetacular,
sendo que este ano recebemos imensos alunos
de outras faculdades de vários pontos do país
que tinham curiosidade em participar, pois já
tinham ouvido falar da qualidade das edições
anteriores.
A ajuda do ISCSP foi também essencial,
sendo que pudemos contar com o auxilio de
vários professores, especialmente, do Profes-
sor Doutor António de Sousa Lara, da Profes-
sora Doutora Alice Trindade, da Professora
Doutora Teresa Almeida e Silva, da Professo-
ra Doutora Carla Costa, do Professor Doutor
António Pinto Pereira e do Professor Doutor
Nuno Canas Mendes, que nos ajudaram a ga-
rantir que o evento decorresse dentro da nor-
malidade, em termos logísticos e com a maior
veracidade possível, em termos académicos.
Em jeito de conclusão, apesar dos vá-
rios obstáculos pelos quais a organização
passou no tempo de preparação do even-
to, estas foram ultrapassadas, sendo que o
evento foi um sucesso em todos os níveis.
Pág. 31 | PACTA
32. Experiência de Estágio:
MINISTÉRIO DOS
eu queria saber quem morava lá ou para que
servia. Agora já sei: é o Ministério dos Ne-
gócios Estrangeiros, onde estou a estagiar.
A ideia de estagiar começou a germinar
assim que voltei do meu Erasmus, pois re-
gressei de Varsóvia cheia de vontade e
ambição de adquirir alguma experiência
profissional. Já estagiar no MNE foi uma opor-
tunidade que surgiu inesperadamente e eu es-
tava mais do que determinada a aproveitá-la.
O procedimento foi bastante mais simples do
que eu esperava. Para começar, tomei conheci-
mento dos Estágios Curriculares do MNE atra-
vés da plataforma do Gabinete de Saídas Profis-
sionais do ISCSPe, por isso, dirigi-me ao próprio
gabinete para me ajudarem com o processo e
para me aconselharem na escolha das melho-
res opções. Inscrevi-me em quatro estágios;
para dois deles não cumpria os requisitos (mes-
trado), mas ainda assim decidi inscrever-me.
Uma semana depois de ter enviado as can-
didaturas fui chamada para uma entrevista
pessoal, na qual me foram colocadas diver-
sas questões e foi analisado o meu currículo.
No final, os entrevistadores, e atuais “che-
fias”, despediram-se de mim com um “até
segunda!”. Na minha opinião, aquilo que foi
mais valorizado na minha entrevista foi o meu
contacto com o estrangeiro, em especial, o
facto de ter feito Erasmus, sendo que falar
fluentemente qualquer língua, além do por-
tuguês e inglês, será sempre uma vantagem.
Desta forma, foi a 2 de outubro de 2014 que
comecei o meu estágio na Divisão de Servi-
ços das Américas – doravante DSA - (uma
das minhas duas opções válidas), tendo ago-
ra concluído o quarto de seis meses de es-
tágio. Embora já tenha tido dificuldades em
conciliar o estágio com os estudos, uma vez
que tanto um como o outro exigem concen-
tração e dedicação máximas, sei que é uma
oportunidade sem exemplo e quiçá um pri-
meiro passo numa possível futura carreira.
Agora, a grande questão: o que faço? Faço
de tudo! O tudo não inclui servir cafés...é um
NEGÓCIOS ESTRANGEIROS
trabalho que exige
seriedade, capacida-
des e competências
múltiplas, trabalho
de equipa e, inclusi-
ve, confidencialidade.
Em primeiro lugar,
há que referir que o
estágio é em part-time
e, portanto, há o turno
da manhã e o da tarde
AGATA SWIATKIEWICZ
Aluna do 3º Ano de Relações
Internacionais do ISCSP
Pág. 32 | PACTA
Quando passava
a ponte 25 de abril,
perguntava a mim
mesma que edifí-
cio cor-de-rosa seria
aquele, do lado di-
reito de quem vem
da margem sul. Os
meus pais diziam que
era o Palácio das Ne-
cessidades, mas isso
não me dizia nada...
33. que, consoante o meu horário escolar e
o da minha colega, pode ser alternado.
Assim sendo, em termos práticos, aquela de
nós que estagia no turno da manhã tem a ta-
refa diária de fazer a resenha de imprensa, o
que exige uma pesquisa pelos sites de notícias
dos países das Américas, nomeadamente o
The New York Times, The Globe and The Mail,
Buenos Aires Herald, CNN, El País, Telemetro,
entre muitos outos, recolhendo notícias atuais
relevantes para a DSA, tais como: o resultado
de eleições, encontros bilaterais, alterações
governamentais, situações de crise, etc. Além
disto, tenho a oportunidade de ler e reencami-
nhar, mediante solicitação, telegramas vindos
das embaixadas de Portugal em países locali-
zados nas Américas ou assuntos relacionados
com as mesmas. Por vezes, sou incumbida
de escrever documentos informativos, como
por exemplo, o primeiro que fiz, em conjunto
com a minha colega, cujo tema era uma tra-
gédia que ocorrera no México, no dia anterior,
na qual desapareceram 43 estudantes, um
tema que ainda hoje preocupa o país. Outras
tarefas incluem resumos de documentos, pes-
quisa de artigos de think tanks, atualização
de fichas de países americanos, entre outras.
As minhas expetativas em relação a este
estágio foram, sin duda, superadas. Enquanto
estagiária e estudante à procura de experiência
profissional não poderia estar mais satisfeita.
Éumtrabalhoexigente,masnoqualtenhoapos-
sibilidade de aplicar alguns conhecimentos que
aprendi nos meus anos universitários. Também
requer responsabilidade e seriedade, mas facul-
ta a oportunidade de experienciar o mundo do
trabalho, respeitando um horário e um ambiente
de profissionalismo. Além disso, estou inserida
numa equipa que proporciona um espaço agra-
dável de aprendizagem e de aplicação de co-
nhecimentos, valorizando assim o meu estágio.
Este estágio permitiu-me experimentar, em
primeira mão, a dinâmica das relações inter-
nacionais, em especial, das relações entre
Portugal e os países do continente america-
no. Desde que iniciei o estágio até ao dia de
hoje, tenho adquirido conhecimentos, com-
preendido a importância das relações di-
plomáticas para o bom funcionamento das
relações intergovernamentais, bem como,
a forma como estas são implementadas.
Em conclusão, é com base na minha expe-
riência de estágio muito positiva que posso
hoje recomendá-lo vivamente a colegas inte-
ressados em praticar a dinâmica das relações
internacionais na principal instituição desta
área, o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Pág. 33 | PACTA