A tragédia dos atletas judeus na Europa pré-Holocausto

Antes da Catástrofe - Shoa Macabi na Europa Versão em português José Roitberg Vaad Hashoa Brasil

Equipe de motociclistas do Macabi Varsóvia da travessia Varsóvia Tel Aviv em 1933

Notar a rua típica de shtetel

Berlim, Alemanha, 16-jun-1935, Martel Yakob da Macabi, com seu dardo nos jogos internacionais Macabeus

Através de nossos olhos “ Não me permitiram competir no campeonato Nacional da Alemania, e o pretexto foi: “Bem, não pode participar no evento porque não era membro da Associação de Pista e Campo da Alemanha.” E por que eu não era membro? Porque era judia. As moças não judias que iam participar nas Olimpíadas tiveram suas próprias provas classificatórias, das quais fui excluída. Sempre competi contra elas e pelo que me recordo, em apenas três oportunidades em três anos as venci.” “ Na primavera de 1933 chegava meu aniversário quando recebi um presente pouco agradável. Uma carta de meu clube desportivo que dizia: “Já não é mais bem vinda a esta instituição por ser judia Heil Hitler”. Isso foi tudo. Simplesmente me expulsaram do clube e esse foi o fim de minha carreira esportiva, pelo menos neste aspecto. “ Se supunha que seria membro da equipe olímpica alemã e isso era algo que não conseguia compreender, algo que não pude compreender por muito tempo. A única razão pela qual se supunha que eu deveria integrar esta equipe olímpica era ques os americanos, os ingleses e os franceses, e muitos outros países ameaçaram cancelar suas participações na Olimpíada de 1936 devido a discriminação contra os judeus. l

Exclusão dos Judeus do Esporte Março de 1933 – A cidade de Colonia proibe aos judeus a utilização de parques de recreação infantil e instalações desportivas 4 de abril de 1933 – A Federação Alemã de Boxe exclui os boxeadores judeus dos combates de boxe e ordena a recisão de todos os contratos envolvendo organizadores judeus 25 de abril de 1933 – O Departamento de Desportes do Reich dirige a implementação de uma política “só para arianos” em todas as organizações desportivas e de ginástica alemãs. A ordem não se aplica aos veteranos de guerra judeus e seus descendentes 24 de maio de 1933 – A Associação Alemã de Ginástica decreta que a ascendência “ariana” constitui um requisito obrigatório para ser membro de sua organização 2 junho de 1933 – O Ministério de Ciência da Prússia ordena a expulsão de todos os jovens judeus das associações e organizações de educação física de aldeias, cidades, condados e grupos de distritos 9 julio de 1933 – A Associação de Enxadristas Alemães exclui a todos judeus de sua organização 22 de agosto de 1933 - Se proibe o acesso de judeus a piscinas públicas em Wannsee (Berlim), Fulda, Beuthem, Speyer e no resto do país Setembro e outubro de 1933 - Se proibe que as pessoas “não arianas” sejam jóqueis profissionais ou amadores 7 de março de 1934 – A Liderança das Juventudes do Reich proibe que os grupos de jovens judeus alemães vistam uniformes 19 de junho de 1935 – O Ministro do Interior de Baden proibe as excursões e demais atividades similares a todos os grupos que não façam parte da Juventude Hitlerista

O Boicote Judaico Sammy Luftspring, o boxeador peso pluma melhor classificado do Canadá decidiu cancelar sua participação nas provas pré olímpicas Ruth Langer, nadadora austríaca que boicotou as olimpíadas Judith Deutsch foi uma das três nadadoras judias da equipe austríaca que decidiu boicotar as olimpíadas Phillippe de Rothschild, corredor de trenó judeu francês, decidiu boicotar as olimpíadas de inverno de Garmish-Partenkirchen em 1936 em St. Moritz, Suiça Gustav Flatow (de pé primeiro da esq) e seu primo Alfred( fila do meio segundo da dir) receberam a medalha de ouro durante as Olimpíadas de Atenas de 1896. Depois Gustav recusou o convite para competir nas olimpíadas de Berlim de 1936

Martelado pela mídia o desafio a Hitler na Olimpíada de 1936 foi o atleta negro americano Jesse Owens que mostrou que os negros não eram raça inferior Veja agora o que não te contaram Os medalhistas judeus – a sub-raça – para os nazistas em sua própria casa

Como um gesto simbólico às democracias ocidentais, as autoridades alemãs permitiram que a esgrimista judia Helene Mayer representasse a Alemanha na Olimpíada de Berlim. Nenhum outro atleta de origem judaica representou a Alemanha. Helene Mayer conseguiu medalha de prata em florete individual e como todos os demais medalhistas alemães fez a saudação nazista no pódio (e na foto centro). Conseguiu fugir para os EUA. A medalha de outro ficou com Ilona Schacherer-Elek, esgrimista húngara judia duas vezes campeã europeia (no centro do pódio). Morreu em Budapest em 1988 aos 81 anos. A terceira do pódio, de paletó preto, com a medalha de bronze também era judia, a austríaca Ellen Preis. Durante a guerra, Preis (cor) conseguiu ficar escondida e evitou sua prisão e deportação. Pódio Judeu na Olimpíada Nazista Acréscimos Roitberg

Ilona Schacherer-Elek Essa excepcional atleta judia húngara merece este espaço para seu resgate histórico até porque foi uma sobrevivente do Holocausto Depois da guerra, aos 41 anos, na Olimpíada de 1948 Ilona voltou ao combate e faturou sua segunda medalha de ouro olímpica em Londres Aos 45 anos em 1952, na Olimpíada de Helsinky ficou com a prata. De 1934 a 1956 Ilona Elek dominou sua especialidade e foi praticamente imbatível Seus títulos mundiais foram em: 1934 em Varsóvia, 1935 em Lousane, 1936 prata em San Remo, 1937 prata em Paris mas ouro por equipe, 1948 prata em Haia por equipe, 1951 em Estocolmo, 1952 Copenhagen, 1953 Bruxelas, 1954 prata em Luxemburgo e ouro por equipe, 1955 bronze em Roma e ouro por equipe, 1956 bronze em Londres. Acréscimos Roitberg

Perseguição dos Atletas durante do Holocausto Lili Henoch (1889-1942), em meados da década de 1920, Lili Henoch era campeã alemã de arremesso de peso e disco. Perdeu a oportunidade de participar da olimpíada de 1924 em Paris, porque a Alemanha condenada ao ostracismo pelas potências ocidentais após a Primeira Guerra Mundial, não foi convidada a participar dos jogos. Henoch e sua mãe de 66 anos foram deportadas para o Gueto de Riga em território da Letônia, ocupado pela Alemanha nazista em 5 de setembro de 1942. Pouco tempo depois foram levadas com outros ocupantes do gueto para um local próximo onde foram executadas num fuzilamento em massa perpetrado pelos esquadrões da morte Einsatzgruppen. Roman Kantor (1912-1943) , um dos principais esgrimistas da Polônia, competiuem espada individual e por equipes em Berlim. Foi preso em Varsóvia em 1942 e deportado para o campo de concentração e extermínio de Majdanek, onde morreu em 1943. Kantor foi um dos 3 milhões de judeus poloneses assassinados durante a Shoa (Holocausto).

Nas olimpíadas de Amsterdã de 1928, a equipe holandesa feminina de ginástica recebeu medalha de ouro nos exercícios combinados por equipe. Quatro de suas dez integrantes eram judias. Helena Nordheim (segunda da esq primeira fila), seu marido e sua filha de 10 anos foram assassinados com gás em Sobibor, na Polônia em 2 de julho de 1943. Anna Polak (terceira da esq, primeira fila) e sua filha de 6 anos morreram em 23 de julho de 1943 também em Sobibor. Estella Agsterribe (quarta da esq primeira fila), sua filha de 6 anos e seu filho de 2, foram assassinados em Auschwitz em 17 de setembro de 1943. A reserva Judikeje Simons (última da dir, primeira fila), seu filho e filha também pereceram em Sobibor. Elka de Levi (última da dir, ultima fila) foi a única sobrevivente judia da equipe. Dois integrantes da equipe holandesa de ginástica masculina de 1928, o ginasta judeu Mozes Jacos e o treinador judeu Gerrit Kleerekoper, morreram em Sobibor em julho de 1943.

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