O artigo argumenta que a Zona Euro beneficia principalmente a Alemanha, que consegue manter o euro como uma moeda forte enquanto amarra as economias dos outros países à Zona Euro, forçando-os a adotar políticas de austeridade que enfraquecem sua competitividade e estabilidade. A Alemanha consegue financiar sua dívida a taxas muito baixas, em contraste com os outros países. No entanto, a situação da Itália pode eventualmente levar ao colapso da Zona Euro.

1. OPINIÃO Zona Euro: um gigantesco embuste
João Ferreira do Amaral
Economista
Não me canso de espantar com a ingenuidade vidade. Parece a quadratura do círculo, mas não
que as nossas elites dirigentes demonstram em é: a Alemanha tem-no conseguido brilhantemen-
relação ao que está verdadeiramente em causa te manipulando com mão de mestre a Zona Euro.
no que respeita à Zona Euro e à posição alemã de O euro mantém-se moeda forte. Mas a Alemanha
domínio sobre ela. defende-se de situações desagradá-
Quando um país tem uma moeda for- O ideal, pois, veis de competitividade amarrando
te e consegue convencer os mercados os outros países à Zona Euro, com o
de que sustentará esse valor da moe-
é ter uma que conta com a cumplicidade tonta
da, alcança uma grande vantagem: é moeda forte das elites locais. Ao mesmo tempo,
PÁG. que as taxas de juro a que se financia e ao mesmo deixa as economias em maiores difi-
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são muito baixas, uma vez que, sen- tempo defender- culdades a assar a em fogo lento, ins-
do o risco de desvalorização da mo- se contra tabilizando-as com a teoria da aus-
eda reduzido, os investidores não se teridade permanente (que segundo a
têm de precaver contar as perdas de
a perda de Chanceler alemã durará pelo menos
uma queda do valor da moeda. Mas se competitividade dez anos) o que leva os investidores
tem esta vantagem, uma moeda for- a fugir das respectivas dívidas e to-
te tem, em sentido contrário, uma enorme des- marem como refúgio a dívida pública alemã. O
vantagem: é que torna menos competitiva a sua resultado é que a Alemanha se financia a custo
economia, pois as exportações tornam-se mais reduzidíssimo e não tem que temer uma desva-
caras e as importações mais baratas, o que leva a lorização cambial dos seus vizinhos, amarrados
maiores dificuldades para a produção nacional se como estão ao euro.
impor no estrangeiro ou para competir no merca- Só há um problema: é que o meteoro Itália se
do interno com produtos importados. está a aproximar rapidamente da Terra e o seu
O ideal, pois, é ter uma moeda forte e ao mesmo embate, com muita probabilidade, estilhaçará a
tempo defender-se contra a perda de competiti- Zona Euro.
acontece também o mesmo no mês de Junho, com
Além dos comes e bebes... os chamados santos populares.
Hoje em dia, todos associam o dia de S. Martinho Com tantos excessos praticados nestas ocasiões, não
a feiras e festas, castanhas e vinho novo. Afinal, me parece que António de Lisboa, João Baptista, o
próprio apóstolo Pedro e, no dia de hoje, Martinho
fiquem satisfeitos que o seu nome surja apenas as-
sociado aos comes e bebes.
Por isso, é de justiça recordar que S. Martinho mor-
reu no ano de 397. Foi militar, mas renunciou à sua
carreira para se tornar monge. Mais tarde, veio a
ser bispo de Tours, cidade francesa onde está se-
pultado.
A sua generosidade e humildade fizeram dele um
dos santos mais populares e famosos de toda a Eu-
ropa Ocidental. Frequentemente representado em
cima de um cavalo a entregar metade do seu manto
a um pobre que tiritava de frio, a sua fama levou
mesmo o Conselho da Europa a declará-lo em 2005
“modelo europeu da partilha”.
Nem de propósito: nestes tempos tão necessitados
de entreajuda, que São Martinho nos inspire a to-
dos!
Aura Miguel
r/com renascença comunicação multimédia, 2011