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REVIVENDO RUI BARBOSA
Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o "eu" feliz a qualquer custo, buscando a tal "felicidade" em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos "floreios" para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre "contestar", voltar atrás e mudar o futuro. Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Tenho  Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!
Tenho De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Tenho Fonte: DIRETO DA REDAÇÃO   Publicada em: 29/10/2006
Tenho Ciente que sou de minha insignificância, jamais poderia reivindicar como meu esse texto, apesar de toda a sua atualidade. Ele é de um luminar chamado Rui Barbosa, que morreu em 1923. Há oitenta e três anos, portanto.
Tenho De resto, ficam:
Tenho . o lamento: não saber o que é pior, se é ver os poderosos mentindo ou o povo acreditando; .uma sinistra constatação, em pleno século 21: a mentira dita mil vezes realmente vira verdade; .também uma certeza: por mais quatro anos, o Brasil voará com o transponder desligado; e  uma pergunta:  .dada a atualidade de um texto com mais de oitenta anos, quer dizer que não temos saída, que isso vai durar para sempre?
Formatação:  Célia Jorge Dino Cossetti Fonte: Retirado de www.diretodaredação.com Música: Ernesto Cortazar - Music Box São Luis, Maranhão 13 de novembro de 2006 [email_address]

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  • 3. Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o "eu" feliz a qualquer custo, buscando a tal "felicidade" em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
  • 4. Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos "floreios" para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre "contestar", voltar atrás e mudar o futuro. Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer...
  • 5. Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
  • 6. Tenho Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!
  • 7. Tenho De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
  • 8. Tenho Fonte: DIRETO DA REDAÇÃO Publicada em: 29/10/2006
  • 9. Tenho Ciente que sou de minha insignificância, jamais poderia reivindicar como meu esse texto, apesar de toda a sua atualidade. Ele é de um luminar chamado Rui Barbosa, que morreu em 1923. Há oitenta e três anos, portanto.
  • 10. Tenho De resto, ficam:
  • 11. Tenho . o lamento: não saber o que é pior, se é ver os poderosos mentindo ou o povo acreditando; .uma sinistra constatação, em pleno século 21: a mentira dita mil vezes realmente vira verdade; .também uma certeza: por mais quatro anos, o Brasil voará com o transponder desligado; e uma pergunta: .dada a atualidade de um texto com mais de oitenta anos, quer dizer que não temos saída, que isso vai durar para sempre?
  • 12. Formatação: Célia Jorge Dino Cossetti Fonte: Retirado de www.diretodaredação.com Música: Ernesto Cortazar - Music Box São Luis, Maranhão 13 de novembro de 2006 [email_address]