O poema descreve um homem lendo um livro difícil em uma tarde de chuva. Ele se abstrai do mundo exterior através da leitura. Quando levanta os olhos do livro, percebe que o sol já havia surgido e a noite caiu. Ao olhar para fora, nada parece estranho, pois o que existe dentro dele também existe no mundo exterior.
2. Eu lia há muito. Desde que esta tarde
com o seu ruído de chuva chegou às janelas.
Abstraí-me do vento lá fora:
o meu livro era difícil.
3. Olhei as suas páginas como rostos
que se ensombram pela profunda reflexão
e em redor da minha leitura parava o tempo.
4. De repente sobre as páginas lançou-se uma luz
e em vez da tímida confusão de palavras
estava: tarde, tarde... em todas elas.
5. Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já
as longas linhas, e as palavras rolam
dos seus fios, para onde elas querem.
6. Então sei: sobre os jardins
transbordantes, radiantes, abriram-se os céus;
o sol deve ter surgido de novo. —
7. E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança:
o que está disperso ordena-se em poucos grupos,
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas
8. e estranhamente longe, como se significasse algo mais,
ouve-se o pouco que ainda acontece.
9. E quando agora levantar os olhos deste livro,
nada será estranho, tudo grande.
10. Aí fora existe o que vivo dentro de mim
e aqui e mais além nada tem fronteiras;
11. apenas me entreteço mais ainda com ele
quando o meu olhar se adapta às coisas
e à grave simplicidade das multidões, —
então a terra cresce acima de si mesma.
12. E parece que abarca todo o céu:
a primeira estrela é como a última casa.
13. FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan
mimabadan@yahoo.com.br
MÚSICA: Stella by starlight
Execução: Caiowas
(Repasse com os devidos créditos)
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