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ESTÁDIO64
MARACANÃRIO DE JANEIRO
ANOS
Estátua Belini - Copa 1958
2 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
Copyright © 2014
Todos os direitos reservados.
De acordo com a Lei 9.610, de 19/2/1998, nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, transmitida
e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por
escrito, da Editora.
Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização da Editora
Textos e fotos reproduzidos são meramente ilustrativos, capitados em sites de busca na internet.
A edição final conterá textos e imagens de responsabilidade da editora.
Pesquisa: Tatiana Guedes
Textos: Priscila Dalcin
Fotos: Clips Studio
Coordenação Editoria: Miguel Paixão
Designer: Fabio da Silva
Projeto Gráfico e Editorial: Educabem Agenciamentos Gráficos e Editoriais Ltda.
PAIXÃO, Miguel
P1720 Estádio Maracanã 64 anos
Rio de Janeiro, Brasil, 2014.
1. Copa do Mundo 2014 - 2. Histórico - 3. Maracanã 64 anos
128 p.
ISBN 85-203-368
94-0934 CDD - 686.2
CDU - 655
CIP - Brasil, Catalogação na fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
N
o ano 1950 deu-se a inauguração do estádio esportivo, adjetivado popularment de colossal, destacando-
se entre tantos outros mundo afora. O Maracanã contribuiu para realçar a trajetória ascendente do Brasil
nos eventos esportivos, tanto quanto já se vislumbrava que seria um país emergente entre as potências
mundiais.
Atualmente, reconhecido entre as sete maiores economias do planeta, o Brasil tem a primasia de realizar pela
segunda vez a Copa do Mundo de Futebol o mais importante evento dos esportes, assim como as Olimpíadas de 2016.
A cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, pela sua belíssima paisagem natural, harmoniza sinuoso e exuberante litoral
oceânico repleto de praias paradisíacas, contemplado com montanhas e florestas urbanas, será o centro de atração dos
aficionados de futebol do mundo inteiro, além daqueles que se interessam pelas atrações turísticas.
O estádio Maracanã, construído para receber a Copa do Mundo de 1950, foi totalmente reformado e contemplado
com moderna arquitetura funcional e paisagística, condizente com a importância desse importante certame mundial.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Esportes, ofereceu seu amplo aporte para a
realização do novo Maracanã, cujo descritivo histórico está consignado nesse livro comemorativo do evento.
O editor
oo aaaaannaaaaaa oo 199950505050 ddeuu-ssee a ininaauguraaaçãçãçãção dodo eeeeeststtsttádádáddddádioio espporortitivovo,, adadjjetiivavav doo popularmeeeeeennnnnttnnnnt dddeeee coloosssal, dedesstacacanandodo-
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O editor
APRESENTAÇÃO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 3
4 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO4444 ESESESTÁTÁTÁT DIDIOO MARACAANÃNÃNÃÃ --- RIORIORIOO DED JAAAANEIIRROR
In 1950 took place the inauguration of the sports stadium, adjective popularment colossal, especially among many
others worldwide. The Maracanã contributed to highlight the upward trajectory of Brazil on sporting events, as much
as was in sight that would be an emerging country among the world powers.
Currently recognized among the seven largest economies in the world , Brazil has the primacy of performing the second
time the World Cup Football the most important sports event as well as the 2016 Olympics .
The marvelous city of Rio de Janeiro , fo r its beautiful natural landscape , approximate winding and lush ocean coast
full of beautiful beaches , mountains covered with forests and urban , will be the cynosure of football fans around the world
, in addition to those who are interested by tourist attractions.
The Maracanã stadium, built to take the World Cup 1950 , has been fully renovated and awarded functional and mo-
dern landscape architecture, befitting the importance of this important global event .
The Government of the State of Rio de Janeiro , through the Department of Sports , offered his broad contribution to
the achievement of the new Maracana , whose historical description is contained in this book commemorating the event.
The editor
PRESENTATION
5 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
6 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO6 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ÍNDICE
Nasce o país do futebol: a história do esporte no Brasil..............................................................................................8
O futebol unindo classes e raças.......................................................................................................................................................9
Curiosidades:.......................................................................................................................................................................................................9
Brasil Futebol Clube: o país com a bola nos pés..............................................................................................................12
O futebol brasileiro e suas facetas de atuação .................................................................................................................15
Formando campeões de bola...........................................................................................................................................................15
Da primeira Copa do Mundo ao Maracanã........................................................................................................................17
História do Maracanã: surge o Estádio Colosso...............................................................................................................21
Maracanã recebe a primeira Copa do Mundo no Brasil..........................................................................................25
Curiosidades sobre a construção do estádio do Maracanã:.................................................................................26
Detalhes do estádio...................................................................................................................................................................................27
A pátria em chuteiras é a anfitriã da...........................................................................................................................................29
Copa do Mundo 2014.............................................................................................................................................................................29
A reforma do Maracanã ......................................................................................................................................................................31
Dados do novo Maracanã:..................................................................................................................................................................31
Ícone de atração turística......................................................................................................................................................................33
Juntos num só ritmo.................................................................................................................................................................................33
A bola não pode parar:...........................................................................................................................................................................37
legado da Copa do Mundo 2014 para o Rio de Janeiro............................................................................................37
7 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
8 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
Morador do bairro do Brás, na capital do estado de São Paulo, aos nove anos de idade Charles William Miller foi
estudar na Inglaterra, onde conheceu e se apaixonou pelo futebol na Bannister Court School. Atuou no Southampton,
time homônimo à cidade em que morava e, após dez anos no exterior, Charles retornou ao Brasil em 1894. O pai
do futebol no Brasil, como passou a ser chamado posteriormente, desembarcou no porto de Santos trazendo na
bagagem duas bolas de futebol de couro marrom, as primeiras a rolarem no país, além de dois jogos de uniformes,
uma bomba e um grosso livro com as regras do esporte. Miller percebeu que ninguém praticava o football no Brasil -
como o esporte era chamado na época. Ele ficou surpreso pois o futebol já existia na Inglaterra desde 1863, esporte
que empolgava os ingleses e se alastrava rapidamente pela Europa. Na Argentina, o esporte era praticado desde 1882
e, um ano antes de Miller trazer o futebol para o Brasil, já tinha ocorrido o Primeiro Campeonato de Buenos Aires. Os
britânicos residentes em São Paulo já tinham ouvido falar do football, mas ocupavam-se com o críquete, esporte que
estava na moda.
Miller dedicou-se a disseminar o esporte nos quatro anos seguintes à sua chegada ao Brasil. E foi numa tarde fria
de outono em 1895, conforme relatou à Revista Cruzeiro em 1952, que reuniu alguns amigos e os convidou a jogar uma
partida de football, que aconteceu na Várzea do Carmo, um terreno de propriedade de sua família. As equipes foram
formadas por ingleses radicados na capital paulista. O São Paulo Railway, time da companhia em que trabalhava Miller,
venceu a Companhia de Gás, marcando 4 a 2. Depois dessa partida histórica, outros jogos começaram a acontecer perto
da região dos bairros da Luz e do Bom Retiro, na capital de São Paulo. Eram formados por vários homens correndo atrás de
uma bola que, vez ou outra entrepassava por bastões fincados no chão, levando-os aos gritos. As pessoas se deparavam
com a cena e diziam: “coisa de inglês doido”. Rapidamente o futebol conquistou a população. Os estudantes faltavam
aulas para assistir as disputas da nova modalidade esportiva no bairro do Bom Retiro, na capital paulista. Ninguém fazia
idéia, mas este era o primeiro pontapé para o nascimento do que viria se tornar um fenômeno histórico-cultural e social
no Brasil: o futebol.
Nasce o país do futebol: a história do esporte no Brasil
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 9
Fundado em 1888 por britânicos e descendentes, o São Paulo Athletic Club (SPAC) ficou sob a direção de Charles
Miller. Em 1895, o clube adotou oficialmente como esporte o futebol. Mas foi na Associação Atlética Mackenzie College,
escola Paulista fundada em 1898, que surgiu a primeira equipe de futebol criada por brasileiros para brasileiros. Em
1901, foi criada a Liga Paulista de Football. E em 03 de maio de 1902, aconteceu o primeiro jogo oficial da história do
futebol brasileiro no Campeonato Paulista. A partida foi entre Mackenzie e Germânia, time fundado por Hans Nobiling
formado por alemães que viviam em São Paulo. A vitória ficou com o Mackenzie, que fechou o placar por 2x1 com um
gol de Mário Eppingaux, jogador que se tornou conhecido como o autor do primeiro gol oficial do futebol brasileiro. E
o vencedor do campeonato foi o SPAC, que levou a primeira taça da história do futebol no Brasil e sagrou Miller como
artilheiro da competição, feito que voltou a repetir em 1904. Depois disso, o time ainda conquistou o título mais duas
vezes, tornando-se tricampeão. Miller jogou no SPAC até 1910, quando findou sua carreira nesta posição, tendo ainda
atuado como árbitro e dirigente do clube.
O futebol unindo classes e raças
Naquela época, o país começava a se industrializar, as cidades cresciam aceleradamente. Apenas seis anos antes o
Brasil tinha libertado seus escravos com o decreto da Princesa Isabel através da Lei Áurea, em 1888. O Brasil passava por
um processo acelerado de urbanização e os mestiços e negros trabalhavam nas fábricas de maneira isolada. A cultura
racista ainda era predominante e como futebol era praticado apenas por pessoas da elite, a participação dos brancos
pobres e dos negros nos times era vetada. Os jogadores faziam parte da alta sociedade e usavam uniformes de seda. A
elegância da elite também estava presente na torcida, formada por uma platéia que usava cartola e chapéus. Os termos
utilizados também indicavam que o esporte era segregador fazendo uso de palavras em inglês como match (jogo) e
footballer (jogador de futebol). Mas mesmo nas mãos da elite, o futebol já atraía multidões aos estádios. Fenômeno que
ocorria graças às jogadas mirabolantes de craques como Arthur Friedenreich, do Mackenzie. O mais contraditório é que
o jogador mulato era aclamado pela platéia que ainda carregava o ranço do racismo no comportamento social. Era o
futebol começando a exercer o seu papel de transformação cultural e social no país.
As ligas de futebol foram surgindo em outros estados e criavam mecanismos que visassem manter o futebol como
um esporte da elite branca, como cobrar altas taxas para filiação. No entanto, essa classe não conseguiu manter o
monopólio no esporte. Com a paixão pelo esporte e a massificação dele na mídia, o futebol conquistou adeptos nas
classes menos favorecidas. As fábricas e companhias inglesas foram as principais responsáveis pela popularização do
esporte, que se transformou rapidamente em uma paixão no Brasil. Mesmo que em espaços improvisados e amadores, o
Curiosidades:
* O primeiro jogo contra um
time estrangeiro aconteceu em
1906, em São Paulo, entre um
combinado Paulista e outro da
África do Sul, no Velódromo, em
São Paulo.
*O primeiro jogo noturno do
Brasil foi disputado na Várzea do
Glicério, em um terreno da Light,
com o campo iluminado por
faróis de vinte bondes
10 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
brasileiro começou a treinar futebol com os amigos com uma constância que invadiu a rotina da população. Em 1919, o
jogador Friedenreich do Paulistano (SP), se tornou ídolo após fazer um gol contra o Uruguai. Ele era mulato, filho de pai
alemão e mãe negra, e sem a menor pretensão, iniciou uma revolução de pensamento da população. “O povo descobria,
de repente, que o futebol deveria ser de todas as cores, futebol sem classe, tudo misturado, bem brasileiro”, escreveu o
jornalista Mário Filho.
Mas a extinção do racismo ainda era um movimento incipiente. Em 1921, o país colocava como pauta de debate
se jogadores negros e mulatos deveriam ser convocados para os confrontos entre a seleção brasileira e a da Argentina,
considerados jogos muito importantes para o Brasil. O então presidente Epitácio Pessoa recomendara que o Brasil
não levasse jogadores negros para o Sul-Americano daquele ano. Segundo ele, era preciso projetar no exterior uma
outra imagem do país, composta “pelo melhor da sociedade brasileira”. Foi em meio a este clima que, em 1923 o Clube
de Regatas Vasco da Gama conquistou o campeonato carioca com um time considerado pequeno e formado por
trabalhadores brancos, negros e mulatos de classes de baixa renda, sem dinheiro e nem posição social. Com isso, a equipe
despertou a ira da aristocracia que dominava os grandes clubes que se reuniram e deliberaram que jogadores de classes
baixas deveriam ser expulsos do clube, sob a acusação de praticarem o profissionalismo, atividade proibida na época
caracterizada pelo recebimento de salário pela atividade. Esta reunião foi liderada por Mário Polo, então presidente do
Fluminense Football Club, o primeiro a ser fundado no Rio de Janeiro. O clube era conhecido como exclusivamente da
elite carioca e seus jogadores negros e mulatos usarem pó de arroz no rosto para parecer serem brancos.
Com a profissionalização do futebol em 1933, o futebol abriu espaço oficialmente para qualquer jogador. O esporte
dava um passo adiante para a democratização da atividade e a construção de uma sociedade isenta de racismo, mas ele
ainda era algo revelado nas atitudes em campo. Para fugir de faltas e acusações injustas, os negros e mestiços inventaram
inúmeros dribles, sempre visando o menor contato possível com os outros jogadores, pois em uma falta comum, pesava
sobre eles acusações injustas de desrespeito e muitas vezes eles até apanhavam por isso. Começava a surgir o futebol-
arte, termo criado por Gilberto Freyre que exaltava essas jogadas mirabolantes elevando-as ao status de arte. Revelando
uma maestria sem igual com a bola, os jogadores mulatos e negros começaram a se destacar, e a chamar a atenção dos
torcedores e da mídia. Já não importava mais a origem do jogador, sua raça ou classe social, o que todos passaram a
querer ver era o show de bola acontecer nos estádios.
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 11
12 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
Jogadores aquecidos, times escalados, traves delineadas com chinelos, o juiz tira o cara ou coroa, levanta a mão e o
show começa. Este ritual é comum em todos os cantos do Brasil. Os campos de várzea1
espalhados pelo país acolhem
os brasileiros em bairros, vilas e favelas que buscam praticar uma atividade física e estar entre amigos. Nos condomínios
de luxo, na classe média ou em comunidades de baixa renda, sempre tem uma partida de futebol acontecendo. Nas
quadras das escolas, nos gramados mal capinados, em campos de terra batida, chuteiras calçadas ou pés no chão, com
uma bola de papel ou de couro velha esgarçada e até uma latinha de refrigerante amassada, não faz diferença, o cenário
muda mas o importante é a emoção do jogo.
Presente em todas as esferas sociais no Brasil, o futebol é considerado muito mais que um mero desporto, é
um símbolo representativo da cultura local e compõe a identidade nacional. A paixão pelo esporte tornou-se um
sentimento nato ao brasileiro tanto quanto seu talento para o jogo: todo mundo já nasce com a bola no pé. Essa
relação de amor é passada através das gerações, iniciando-se até mesmo antes do nascimento de uma criança. Ainda
no ventre, ela já ganha de presente roupas temáticas dos times de coração que a família torce – no tamanho baby - e
depois que nasce, um pouco mais velha, é abastecida com outros artigos temáticos. O brasileiro mal começa a andar
e recebe vários artefatos para iniciar a sua segunda formação mais importante: aprender a amar o futebol. Álbum
de figurinha, camisa do time predileto na família, bola, meião e chuteira, são artigos que não faltam na infância dos
meninos no Brasil.
O futebol influencia o modo de vida do brasileiro sendo incorporado em seu cotidiano. A tradição de enfeitar as
casas e ruas para torcer pelo time de coração, a agitação dos torcedores em dia de jogo, as festas de comemoração, a
mídia repercutindo e as rodinhas de gente debatendo os lances do jogo são elementos que compõem uma aura mágica
em torno do futebol que só os brasileiros conseguem compreender a profundidade dessa relação. E a diversidade cultural
das cinco regiões do país desaparece quando se trata do esporte. A faixa etária também não faz a menor diferença: das
crianças aos idosos, não tem quem não se renda.
Brasil Futebol Clube: o país com a bola nos pés
1
Campo de várzea: definição para partidas de
futebol informais sem instituições regendo a
organização da atividade. Surgiu com a prática
do esporte em locais abertos como vilas, fave-
las, clubes, etc. Inicialmente, foram adotados
pelos negros que eram excluídos dos clubes
de futebol.
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 13
Essa paixão pelo futebol fomentou a prática constante e rotineira do desporto, revelando uma habilidade
diferenciada do brasileiro para o esporte, que se tornou objeto de análise de muitos estudiosos das ciências humanas. O
renomado antropólogo e sociólogo pernambucano2
Gilberto Freyre, em seu primeiro artigo sobre o futebol chamado
“Foot-ball mulato”, publicado no Diário de Pernambuco em 1938, analisa que o estilo de jogar no Brasil resultava da
miscigenação racial, formada por europeus, negros e índios. Ele também associou este fato ao temperamento do
brasileiro que reúne “um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e, ao mesmo tempo,
de espontaneidade individual”.
Tamanha competência do brasileiro para o esporte é reconhecida como oriunda da cultura enraizada da prática
do futebol desde a tenra infância, levando ao treino e aperfeiçoamento dos passes, aliada à personalidade do brasileiro,
com um jeito descontraído e a ginga que ele possui nos quadris e nos pés. Freyre comenta ainda sobre o assunto, que
no Brasil o futebol é encarado como na capoeira, torna-o um jogo e uma dança ao mesmo tempo: “os nossos passes, os
nossos pitu´s, os nossos despistamentos, floreios com a bola, o alguma coisa de dança e de capoeiragem que marcam o
estilo brasileiro de jogar foot-ball” (sic). Para ele, o esporte inventado pelos ingleses, que o praticam de maneira angulosa,
é jogado pelos brasileiros de uma maneira que arredonda e adoça o jogo.
Essa encantadora e triunfante expressão brasileira3
no esporte rendeu ao Brasil o título internacional de “país
do futebol”. Com o talento reconhecido não só pela torcida mas por estudiosos de diversas áreas, o futebol rendeu a
publicação de trabalhos de profissionais que buscavam compreender a paixão nacional pelo esporte. É abrangente o
campo de análise que o futebol possui, rendendo estudos de sociólogos, antropólogos, historiadores, filósofos, geógrafos,
professores de educação física, matemáticos, profissionais de marketing e analistas das relações internacionais que
levantam teses e observações a respeito do esporte e suas correlações. Este é também um fator importante para a
consolidação da imagem do brasileiro como o melhor do mundo. Com a auto-estima elevada e certo de seu brilhantismo,
o jogador profissional já entra em campo dono de si, sabendo que ali é o seu espaço. Enquanto se posiciona para começar
o espetáculo, a torcida o reverencia, é inevitável. Mais do que a vitória, ela espera ansiosa pelo futebol-arte4
, conceito
criado por Gilberto Freyre para explicar o jeito brasileiro de jogar com essa mistura do gingado, da raça em campo, desse
talento único que o transformou em uma referência para o esporte no mundo inteiro. “A taça é nossa” é a frase que todos
querem ouvir mas o carisma que o jogador brasileiro conquistou com sua irreverência e irrefutável talento, faz com que
os torcedores dêem menos importância ao futebol de resultados e, embora não achem o ideal, se contentem com o
futebol-arte. De tão majestoso que é, mesmo quando o placar fica em desvantagem, o time do Brasil é tratado como a
realeza, e sai de campo aplaudido.
2
Pernambucano: quem nasce no estado de
Pernambuco, na região nordeste do Brasil.
3
FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. 2ª edição,
1976
4
Futebol-arte: famoso termo criado pelo antro-
pólogo e sociólogo Gilberto Freyre que atribui
o status de arte ao futebol brasileiro, deixando
para trás o status de futebol de resultados.
14 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 15
O futebol brasileiro e suas facetas de atuação
Transcendendoasbarreirasdaqualificaçãoesportiva,ofutebolseapresentanoBrasilcomoumfenômenoqueatinge
patamares de patrimônio histórico e de objeto cultural, artístico, de negócios e até mesmo das relações internacionais.
Essa paixão move o quinto maior país do mundo e atua no imaginário de toda a nação perpassando por distintas áreas
da sociedade. Sua temática permeia a cultura e a arte se mostrando presente em obras de arte do renomado artista
plástico Romero Britto, nas revistas em quadrinhos da Turma da Mônica, na poesia de Carlos Drummond de Andrade,
em desenhos animados, álbuns de figurinha, no grafite de rua, em músicas de todos os estilos como o pop, rock, funk,
hip hop, etc., literatura, videogames, no cinema. O futebol também marca presença em nosso idioma com expressões
que entraram definitivamente para a linguagem coloquial: “nessa altura do campeonato”, “vestir a camisa”, “colocar para
escanteio”, “ficar na marca do pênalti”, “pendurar as chuteiras”, “pelada”5
, dentre outras inúmeras.
Na área de negócios ele está presente em viagens temáticas, emprestando expressões do universo futebolístico
a nomes de pratos em cardápios de restaurantes, em roupas e acessórios de vestuário como bonés e relógios, móveis
como puffs, eletrônicos como telefones e ipods, enfeites temáticos para a casa, utensílios para escritório, acessórios para
cozinha, etc. Nas relações internacionais, o futebol é utilizado como instrumento de diplomacia no apaziguamento
de relacionamentos e na aproximação entre países e povos. Ele também é agente de negociações entre companhias
ou entidades internacionais como a FIFA (Federação Internacional de Futebol) e a Unicef movimentando milhões no
mercado privado ou ainda, em prol de eventos ou ações de cunho socioesportivas.
Formando campeões de bola
No país do futebol, todo menino já pensou em ser jogador de futebol profissional. Seja na quadra do bairro ou nas
escolasparticulares,elesestãosempreematividade.Alémdapaixãodobrasileiropelofutebol,oesporteserevelaumaexcelente
ferramenta de sociabilização, que une todos os tipos de classes sociais e raças, a abertura de escolas do gênero se prolifera,
sendo elas particulares ou de cunho social. Visando abastecer a base de seus clubes e aproveitar o nicho de negócio, todo os
grandes clubes abriram franquias de escolas de futebol. Além disso, jogadores famosos como Zico, Neymar, Jorginho, Rivaldo
e o goleiro Zetti criaram as próprias instituições visando oferecer uma educação socioesportiva para crianças em situação de
vulnerabilidade social. Mas estas são referências que se tornam modelo para milhares de outros projetos sociais desenvolvidos
no Brasil e escolas de futebol particulares que se propagam continuamente em todo o país.
5
Pelada: nomenclatura utilizada coloquialmen-
te como referência a um jogo entre amigos
disputado em campo sem grama.
16 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 17
Copa de 1930 - A Copa do Mundo foi idealizada por Jules Rimet, advogado francês que presidia a FIFA –
Fédération Internationale de Football Association. O local escolhido como sede para a primeira competição foi a cidade
de Montevidéu, no Uruguai, cujo Seleção ainda amadora, havia conquistado notoriedade internacional ao ganhar as
Olimpíadas e mostrar ao mundo que existiam jogadores de futebol profissional fora da Europa. E ainda, eram negros.
A competição contou com a participação de 12 Seleções que foram convidadas a participar do evento, sendo uma
delas a do Brasil, a única a participar de todas as Copas do Mundo. A Copa sofreu um desfalque dos times europeus,
considerados forças do futebol, e que alegaram ser muito cansativo para os jogadores ficarem nos navios por 15 dias
até chegarem ao Uruguai, jogarem por outros 15 dias e depois retornarem, levando mais 15 dias até chegarem em seus
países de origem. Além disso, seria inviável para vários jogadores que ainda não eram profissionais e dependiam de seus
empregos para viver. Ficaram de fora então da competição a Itália, Áustria, Espanha, Hungria e Alemanha. Devido às
boas relações políticas com a França, país de origem do presidente da FIFA, a Bélgica, Romênia e Iugoslávia aceitaram
participar dos jogos. O frio de 5°C tomou conta da cidade e atrapalhou a atuação da equipe brasileira que entrou em
campo insegura. Mais tarde, a delegação brasileira foi acusada de ter dirigentes amadores e ter participado do evento de
maneira bagunçada. Eliminados, os brasileiros permaneceram até o final da competição e acompanharam a briga pelo
troféu entre a Seleção do país sede e a da Argentina. O evento reuniu 70 mil expectadores, que ficou marcado como uma
disputa acirrada, com ardores patrióticos. O Uruguai ganhou a Copa e mostrou ao mundo que valeu a pena apostar na
organização de um evento que ninguém acreditava.
Copa de 1934 – Em 1932, o Brasil começou a se mostrar uma equipe mais profissionalizada ao ganhar da Seleção
do Uruguai a Copa Rio Branco, no Estádio Centenário, o mesmo onde perdeu a Copa de 1930. A Seleção chegou mais
confiante à Itália, país sede da Copa de 1934. Jules de Rimet estava satisfeito por um país Europeu sediar a nova edição da
competição. O interesse pelo futebol crescia no mundo inteiro e, pela primeira vez a Copa foi transmitida por emissoras
de rádio para 12 países. Neste ano, a visão política e econômica sobre a Copa mudou. Visando fazer uso da publicidade
Da primeira Copa do Mundo ao Maracanã
18 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
lançada em cima do campeonato, o ditador que estava no poder na época, Mussolini, apoiou o evento financeiramente.
A importância do evento começou a ser reconhecida e desta vez 32 seleções participaram da competição. O Uruguai,
em uma retaliação explícita, recusou-se a participar do evento, uma vez que a Itália fizera o mesmo na Copa anterior
e desta vez sediava a competição. Restaram então como representantes da América do Sul, a Argentina e o Brasil que
logo no primeiro jogo enfrentando a Espanha, o time foi eliminado. A culpa recaiu sobre o despreparo dos homens que
dirigiam o futebol brasileiro e o resultado foi vergonhoso. A Itália levou o troféu e ainda conquistou altos lucros com os
jogos, o que levou vários outros países a se candidatarem a serem a sede do evento.
Copa de 1938 – Neste ano o jogador brasileiro começou a ser descoberto. Com dribles sensacionais, recebeu
críticas da crônica esportiva como “o melhor do mundo”. O país acabara de entrar em uma ditadura com a decretação
do Estado Novo no ano anterior mas isso não atrapalhou os planos e o país convocou, selecionou, treinou e mandou
a campo uma Seleção realmente preparada para a competição. Sediada pela França, novamente o Uruguai não quis
participar da Copa por conta da ausência européia em 1930. A Argentina também se recusou a participar e o Brasil ficou
como único representante da América do Sul. O Brasil foi à final com a Itália com negros talentosos, com um futebol
diferente e ofensivo. A Itália por sua vez entrou em campo com uma saudação fascista, perdendo o apoio da torcida,
que cada vez mais se encantava com o jeito brasileiro de jogar, mas no final das contas, ela é que levou a taça. Nesta
época, explodiram crônicas a respeito do futebol brasileiro e sua descoberta pelo mundo. Finalmente o Brasil estava se
organizando dentro e fora de campo e revelando seu talento ao mundo.
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 19
20 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 21
O intervalo de quatro anos entre as Copas do Mundo teve que ser alterado, devido à Primeira Grande Guerra
Mundial. Passaram-se 12 anos e a quarta edição do mundial aconteceu no Brasil, em 1950. A competição foi marcada pela
construção do Maracanã, estádio construído para receber o evento, e pelos acontecimentos em torno disso, tornando-a
um dos momentos mais falados, debatidos e estudados da história do país. Naquela época, o Brasil enfrentava as
condições econômicas do pós-guerra e o discurso vigente era do “país do futuro”. A expressão foi criada por Stafan Sweig,
um judeu-austríaco que, fugindo do nazismo, radicou-se em Petrópolis, na região Serrana do Rio de Janeiro, e escreveu
um livro com esse título. Lançada em vários idiomas, a obra alcançou grande repercussão e sucesso, exceto junto à crítica
que o achou exagerado para referir-se a um país de terceiro mundo e que vivia um regime ditatorial.
O Brasil passava por um processo acelerado de industrialização e urbanização e ao mesmo tempo adentrava a uma
nova fase política, deixando pra trás o Estado Novo1
, um sistema político estabelecido pelo regime militar e passava
para o reestabelecimento da república federativa e democrática, com direito a eleições diretas. O cenário nacional era
efervescente. A auto-estima do brasileiro não estava boa e o futebol era uma distração dos problemas político-sociais.
O esporte conquistou então mais do que a atenção do brasileiro e alcançou o título de paixão nacional. O cenário para
que o país sediasse a Copa era perfeito: a população lotava os estádios para assistir aos jogos e o presidente, Eurico Dutra,
apoiava intensamente o esporte, pois via nele uma forma eficaz de propaganda.
Após visitar o Rio de Janeiro e se encantar com suas belezas, o presidente da FIFA, Jules de Rimet, indicou a cidade
para sediar a Copa de 50, que na época era chamada como IV Campeonato do Mundo de Futebol – Taça Jules Rimet
(IV Copa do Mundo). Ao ser aprovada como sede da Copa, iniciou-se uma discussão com acompanhamento da mídia
nacional sobre onde seria construído o novo estádio no Rio de Janeiro. Inicialmente o bairro de Jacarepaguá, na Zona
Oeste da cidade, foi considerado o melhor local, até que o prefeito Mendes de Moraes sugeriu o terreno do antigo
Derby Club, onde antes das chuteiras, abrigou o maior centro hípico da América do Sul. Com a união do Derby Club ao
Jockey Club da Gávea, o local virou espaço de tanques de guerra do Exército Brasileiro e terreno baldio onde as crianças
História do Maracanã: surge o Estádio Colosso
1
Estado Novo – foi um sistema político de ca-
ráter ditatorial implementado em 1938 pelo
presidente Getúlio Vargas ficando vigente até
1945.
22 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
brincavam. O terreno era considerado o centro geométrico da cidade e a construção do estádio no local era apoiada pelo
jornalista Mário filho, que dirigia o Jornal dos Esportes e publicou vários artigos sobre o assunto levando a pauta para
debate no cenário político. “Acreditar no estádio é acreditar no Brasil”, afirmou em uma de suas crônicas.2
Após publicar
vários artigos sobre o assunto, o jornal recomendou uma pesquisa popular e a maioria decidiu que ali era o local mais
indicado.
A Copa de 50 tinha um peso diferenciado na história: era a primeira a ser realizada no pós-guerra e aconteceria em
um país que vivenciava a ditadura, servindo como um tipo de afago aos ânimos da população. Era também a competição
em que o brasileiro já se reconhecia como um dos mais talentosos no futebol, o que se transformou em instrumento
de auto-afirmação. Um fervor patriótico tomara conta do cenário nacional. Diversos projetos concorreram à construção
do estádio, sendo um deles o de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro de renome internacional, que acabou perdendo a
concorrência e assumindo que o projeto escolhido era superior ao dele.
A promessa de erguer o estádio em dois anos, tornou-se uma ação que comprovaria a capacidade do brasileiro,
dignificando e atestando o valor do povo. Em 02 de agosto de 1948, foi lançada a pedra fundamental, um símbolo para
o início da construção do que se tornaria um ícone para o futebol no país e no mundo. Ao longo da década de 40, o
escritor José Lins do Rego era muito ligado à política esportiva e ocupou vários cargos na Confederação Brasileira de
Desportos (CBD). Em 1949, acompanhou uma visita às obras do Estádio Municipal - primeiro nome dado ao Maracanã,
com uma delegação do Arsenal, clube de grande prestígio na Inglaterra e relatou a surpresa dos convidados. “Não vi os
ingleses de queixo caído, mas os vi de boca aberta. (...) o Estádio Municipal parece já o colosso que será. As formas de
madeira, pilastras de cimento, as imensas galerias, tudo mesmo para provocar aquele espanto dos britânicos”, relatou
no Jornal dos Sports2
. Um sentimento patriótico atribuído à construção do monumento tomou conta dos brasileiros.
Ainda na mesma crônica de Rego, ele retrata como foi esse impacto da criação do estádio através de um comentário de
Carlito Rocha, ex-jogador do Botafogo3
e presidente do clube: “Seu Zé Lins (sic), diante disto eu me sinto mais brasileiro.
Esta obra me orgulha, me faz acreditar no Brasil. As obras do Estádio demonstram de fato a capacidade dos nossos
engenheiros e administradores. (...) E quando um inglês abre a boca de admiração, é porque a coisa é mesmo para abafar.”
Enquanto a maioria da população era tomada pelo orgulho patriótico, a oposição articulava de todas as formas
para causar tumulto. Durante as obras do Estádio Municipal, Carlos Lacerda usou seu jornal Tribuna da imprensa para
espalhar um boato de que o estádio cairia no dia de sua inauguração. Para acabar com as suspeitas geradas, o prefeito
Ângelo Mendes de Morais ordenou que mais de três mil funcionários que trabalhavam na obra pulassem juntos na
arquibancada para provarem que elas eram seguras. Uma cena inusitada que entrou para a história e que, no final das
2
Jornal dos Sports: 23.05.1947
3
Jornal dos Sports: 02.06.1947
4
Botafogo de Futebol e Regatas: compõe um
dos quatro maiores clubes do Rio de Janeiro.
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 23
contas, só favoreceu a imagem do Estádio, que provara não só a sua qualidade estrutural mas que também tem uma
importância que transcende quaisquer disputas políticas. Com a construção do gigantesco estádio, o Brasil ganhou
notoriedade internacional na mesma proporção, competindo com o prestígio dos espaços europeus. Seu projeto
arquitetônico foi escolhido por meio de concurso e conquistou pela sua proposta de estilo, beleza e grandiosidade com
a característica principal de se tornar o maior do mundo e abrigar 155 mil torcedores de uma só vez.
Em 16 de junho de 1950 foi inaugurado pelo presidente Eurico Dutra o Estádio Municipal, o Maracanã5
, apelido
atribuído carinhosamente pelos cariocas6
em função de sua localização no bairro de mesmo nome. A primeira partida
realizada em campo foi um amistoso que aconteceu entre as Seleções do Rio de Janeiro e São Paulo. O placar fechou
em vantagem de 3 a 1 para os visitantes, mas o primeiro gol foi marcado por Didi7
, jogador do Vasco. O jogo aconteceu
em clima festivo, oferecendo entrada franca para os torcedores e contando novamente com a presença e o apoio do
presidente Dutra. Era um patrimônio que estava nascendo, elevando a auto-estima da população e disseminando para o
mundo a certeza de que o brasileiro era talentoso no futebol e em outras áreas de negócios também. Nascia o “Colosso
do Derby”, como a imprensa ufanista da época apelidou o estádio que encantou o mundo pelo seu design em formato
oval, sua grandiosidade e funcionalidade. Estava começando a ser escrita uma nova história para o futebol brasileiro. O
carioca ganhara de presente a sua segunda casa, o Rio de Janeiro recebera o que se tornaria um patrimônio histórico-
cultural e esportivo onde nossos atletas, torcidas e artistas fariam um show à parte. Finalizado em 1965, o Colosso mudou
seu nome de Estádio Municipal para ser batizado oficialmente como Estádio Jornalista Mário Filho, em homenagem
àquele que apoiou e incentivou arduamente a construção dele.
5
Maracanã: Maracanã-guaçu é uma ave co-
mum de ser vista na área onde se localiza o
bairro Maracanã e emprestou o nome ao rio
que corre nas proximidades, ao bairro e por
fim, ao estádio.
6
Carioca: quem nasce na cidade do Rio de Ja-
neiro.
7
Didi: jogador do Club de Regatas Vasco da
Gama e bicampeão pela Seleção Brasileira nas
Copas de 1958 e 1962.
24 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 25
A primeira Copa do Mundo que o Maracanã recebeu foi em 1950, a qual motivou sua construção, que custou 250
milhões de cruzeiros. Foi um ano importante para o futebol brasileiro, que se mostrou dono de um talento excepcional
e conquistou o respeito internacional. Os jogadores ganharam a fidelidade do torcedor e a Seleção Brasileira se tornou
a favorita no torneio. O grito mais ouvido nas ruas era “a Copa do Mundo é nossa”. Tomados pelo clima de otimismo
gerado pela construção do estádio e seus discursos, os políticos se aproveitaram disso para fazer comício ao lado dos
craques da seleção no dia da decisão final da Copa. A imprensa já havia considerado o Brasil campeão antes mesmo que
o fosse. Esse sentimento de patriotismo se estendeu ao campo e vencer passou a ser uma vitória para o país.
A Copa de 1950 se iniciou e a obra ainda estava sendo realizada. Os andaimes formavam a vista do estádio e muitos
assistiram aos jogos em cima de pilhas de tijolos. Mas nada disso tirou o ânimo do torcedor brasileiro. O clima era de festa, com
ingressos baratos, a preços populares para que todos conseguissem realizar o sonho de assistir as 13 equipes da competição,
além de ver as seleções fortes da Europa jogando aqui. A Seleção Brasileira foi ganhando espaço, seu brilho em campo fez com
que eles ganhassem a torcida do Brasil todo e chegassem à final. O estádio estava lotado, com 175 mil pessoas oficialmente
mas contabiliza-se que cerca de 200 mil pessoas estavam presentes naquela final que marcaria a história para sempre. Era uma
partida entre Brasil e Uruguai, e a equipe anfitriã entrou em campo sob a pressão do ufanismo que tomara conta do Brasil,
mas também com o excesso de confiança. O dia começou em clima de festa em todo o país pois o Brasil conquistaria a taça
da maior competição internacional de futebol, jogando em casa e no maior estádio do mundo.Torcidas em festa, bandeirões
abertos, geraldinos8
lotaram as arquibancadas a que lhe atribuíam o apelido – a geral. A bola rolou e o primeiro tempo não teve
gol. Milhões de brasileiros acompanhavam a narração de Antônio Cordeiro, da Rádio Nacional, que transmitia o jogo ao vivo.
O Uruguai marcou o primeiro gol e o estádio parou, foi um silêncio pavoroso. Os jogadores ficaram afetados com a reação do
público e refletiram isso em campo, piorando suas atuações no jogo. O Brasil empatou mas o jogador do Uruguai, Ghiggia,
marcou o gol final para o adversário nos últimos seis minutos do segundo tempo e abrira o placar para o dia mais triste da
história do estádio. O Uruguai tinha conseguido uma façanha que ninguém imaginara.
Maracanã recebe a primeira Copa do Mundo no Brasil
8
Geral: local onde ficavam os torcedores mais
populares no Maracanã. Os geraldinos eram
figuras folclóricas, às vezes cômicas que, desde
os primeiros anos do Maracanã ocuparam a
pior e mais apertada posição para torcedores
no Estádio. Durante os jogos, virou tradição
os jogadores comemorarem com esses torce-
dores que ficavam descalços, no calor, no sol,
na chuva. Daí surgiu o termo “vai para a geral”,
muito famoso no Brasil.
26 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
O Maracanaço – ou El Maracanazo - como ficou conhecido esse episódio, foi o silêncio que transformou esse dia
em um capítulo épico na história do futebol brasileiro. O desfecho frustrante do placar abriu margem para inúmeras
desculpas, justificativas e explicações. Todos queriam uma resposta: porque? Era necessária a identificação de culpados
pelo silêncio que havia tomado conta do coração brasileiro. Dali em diante tudo foi debatido, cada lance, cada jogada, a
atuação dos jogadores, treinador, torcida, políticos, imprensa, tudo. Livros escritos, teses acadêmicas e filmes produzidos,
todo tipo de reflexão foi feita em cima do episódio. Não existe o que não se tenha sido falado e analisado nessa situação.
Através dela, o brasileiro aprendeu à força a lidar com a vida entendendo que ela é democrática, que nem sempre aquilo
que as pessoas querem acontece. “O futebol acabou servindo como um instrumento básico de reflexão sobre o Brasil”,
analisou anos mais tarde o famoso antropólogo Roberto da Matta.
O triste episódio trouxe uma mudança significativa para o uniforme da Seleção. Alguns dizem que Confederação
Brasileira de Deportos (CBD) considerou que o conjunto de camisa branca com gola azul e calções brancos trouxeram
azar para a equipe e decidiu modificar as cores para aquelas que são utilizadas até hoje, com a camisa amarela de gola
verde e calções azuis. Mas o criador da legendária combinação de cores, Aldyr Schlee, conta que o objetivo da mudança
era trazer maior identificação da Seleção brasileira com o país. Aos 18 anos, o talentoso desenhista e apaixonado por
futebol ouviu na rádio que o jornal carioca “Correio da Manhã” estava promovendo um concurso nacional para a escolha
do novo uniforme da Seleção e não perdeu tempo. Seguindo as exigências de ter as quatro cores da bandeira nacional
presente no uniforme, ele desenvolveu três modelos mas foi o “Canarinho” que venceu mais de 200 concorrentes. Há
60 anos, em 20 de janeiro de 1954, era apresentado ao mundo o novo uniforme número 01 da Seleção brasileira. A
equipe usou a nova vestimenta pela primeira vez oficialmente na Copa do Mundo daquele mesmo ano na Suíça, sendo
apelidada de “Seleção Canarinho” pelo radialista Geraldo José de Almeida. Aldyr ficou receoso que, com a derrota da
equipe no mundial, o uniforme sofresse nova modificação, mas a reação foi oposta: “a consagração da camisa canarinho
se deve à qualidade do futebol apresentado pela geração pós-1954”, revela Aldyr.
Curiosidades sobre a construção do estádio do Maracanã:
- Foram utilizados cerca de 500.000 sacos de cimento na construção;
- Mais de 10.000.000 kg de ferro sustentaram na armação da estrutura;
- Foram utilizados em torno de 40.000 caminhões, para transportes diversos durante a construção;
- O volume de concreto utilizado foi de aproximadamente 80.000 m³;
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 27
- A área de madeiras utilizadas na construção beirou os 650.000 m²;
- O volume de areia utilizado na construção do Maracanã foi superior a 45.000 m³;
- O volume de escavações, para a execução das fundações foi de 39.572.000,00 m³;
- O volume de aterro utilizado foi de 134.700.000,00 m³;
- A área das formas utilizadas na estrutura foi de quase 475.562,00 m²;
- O total dos escoramentos ultrapassou 1.004.490,00 m;
- O tempo médio de escoamento (saída) do público das arquibancadas é de pouco mais de 20 minutos;
- A distância aproximada até o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, na Ilha do Governador, é de 15,2 km;
- A média de jogos anuais é de 76 eventos, considerando-se as partidas preliminares;
Detalhes do estádio
Nome Oficial: Estádio Mário Filho
Endereço: Rua Prof. Eurico Rabelo, s/n., Maracanã - Rio de Janeiro (RJ)
Capacidade de público em 1950: 155 mil torcedores sendo 30.000 em pé, nas gerais, 93.500 sentados, nas
arquibancadas, 30.000 nas cadeiras cativas e 1.500 em camarotes.
Data de inauguração: 16/06/1950
Primeiro jogo: Seleção Carioca 1 x 3 Seleção Paulista
Primeiro gol: Didi (Seleção Carioca)
Recorde de público: 183.341 (Brasil 1 x 0 Paraguai - 1969)
Dimensões do gramado: 110m x 75m
28 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 29
O conceituado dramaturgo brasileiro, jornalista e cronista esportivo Nelson Rodrigues, descreveu
perfeitamente o que acontece com o país em época de Copa do Mundo: “O escrete1
é a pátria em chuteiras.
(...) É quando a Seleção entra em campo que nós brasileiros nos sentimos brasileiros, de cabo a rabo, de cima
abaixo, do Oiapoque ao Chuí. Ao entrar em campo, o escrete nos une, a nação transforma-se finalmente em
pátria. Amada, idolatrada, salve, salve”. Com sua genialidade, Nelson Rodrigues confundiu muita gente nessa
crônica. Muitos pensam que o sentido dela é afirmar que o povo brasileiro todo é apaixonado pelo futebol e
que ele calça as chuteiras. No entanto, a intenção real é revelar que quando o time de futebol brasileiro entra
em campo – o escrete, ele carrega consigo o sentimento patriótico de 200 milhões de pessoas e a proporcional
responsabilidade da conquista de um jogo.
O intervalo é de 64 anos entre uma competição e outra desde que o Maracanã abrigou um mundial e o cenário
atual é totalmente diferente. Em 1950, a Copa do Mundo contou com apenas um estádio, 13 seleções e coberturas
jornalísticas de rádio e jornal – a televisão só chegou ao país em setembro daquele ano, trazida por Assis Chateaubriand,
que fundou a TV Tupi. A população no país aumentou quase quatro vezes, pulando de 52 milhões para os 201 milhões,
os meios de transporte, telecomunicações, a tecnologia usada na bola, chuteiras e uniformes, tudo evoluiu, mas uma
coisa permanece intacta: a emoção da festa que o futebol promove nos corações dos brasileiros apaixonados pelo
esporte.
Sentimento revelado involuntariamente, a entranhada paixão pelo futebol saltou das gargantas afora logo
após o anúncio de que a cidade do Rio de Janeiro iria sediar novamente um mundial, a Copa do Mundo de 2014.
Com uma alegria indizível, era possível ouvir das janelas as comemorações inefáveis pela cidade. A notícia rodou
o mundo e começaram novas discussões: a construção de estádios, melhorias sociais a serem promovidas para
atender o evento e a reforma do Maracanã, com o objetivo de torná-lo mais moderno e confortável para todos os
torcedores.
A pátria em chuteiras é a anfitriã da
Copa do Mundo 2014
1
Escrete: equipe formada por um grupo de
atletas selecionados por serem considerados
os melhores ou mais aptos.
30 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 31
A reforma do Maracanã
Tombado no ano 2000 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Complexo Maracanã
Entretenimento S.A foi reformado mantendo a identidade original da fachada. O Governo do Estado do Rio de Janeiro
gastou R$ 808,4 milhões nesta reforma que abriu as portas do estádio em abril deste ano. A Odebrecht Properties2
poderá explorar o estádio pelos próximos 35 anos fazendo a gestão, operação e manutenção do Maracanã. O consórcio
se comprometeu a promover uma gestão de nível internacional e garantir a modernização do complexo para consolidá-
lo como pólo de entretenimento do Rio de Janeiro e do Brasil, demolindo a antiga estrutura, já obsoleta. As três empresas
fizeram um investimento de R$ 594 milhões nas melhorias do complexo e pagarão em conjunto R$ 5,5 milhões em 33
parcelas anuais, alcançando um total de R$ 181,5 milhões. “Temos certeza que o Maracanã será bem administrado”, disse
o Secretário da Casa Civil, Régis Fitchner3
. O consórcio vencedor tem que se associar a um ou mais times da cidade, desde
que não seja um contrato de exclusividade. Além disso, deve reformar o parque aquático Júlio Delamare e o Estádio de
Atletismo Célio de Barros.
Visando seguir a recomendação do Caderno de Encargos da FIFA, o estádio realizou o rebaixamento do campo
em 1,60 m, criou a platéia inferior no 2° andar, extinguindo a antiga “geral”, aumentou o número de lanchonetes (60) e
de sanitários (231). Visando o melhor conforto do público, a capacidade do estádio foi reduzida para 78,8 mil assentos,
que são mais bem posicionados, são retráteis, têm mais espaço entre as cadeiras permitindo mais circulação e conforto,
garantindo maior visibilidade ao torcedor. O estádio ganhou novos acessos incluindo a recuperação das duas rampas
monumentais, criaram 4 novas rampas garantindo o fácil acesso do torcedor aos seus lugares mas também a evacuação
do local em até oito minutos. O local recebeu também uma nova cobertura em membrana de teflon e fibra de vidro com
tecnologia auto-limpante. O acesso à área é VIP é pela calçada da fama, com novas escadas rolantes e novos elevadores,
que darão acesso aos lounds dos diferentes públicos. Alguns lounds exclusivos darão acesso aos 110 novos camarotes
instalados em diferentes níveis da arquibancada. Além disso, foram criadas 14 mil vagas no entorno do Maracanã com
distância de até 4 kms de distância do estádio, oferecendo mais de 10.500 mil vagas.
Dados do novo Maracanã:
Capacidade para 78,8 mil pessoas
Acesso por meio de 17 elevadores, sendo oito panorâmicos, 12 escadas rolantes e seis rampas
Interior com 110 camarotes, 292 banheiros e 60 bares e lanchonetes
2
Odebrecht Properties : concessionária vence-
dora da licitação formada pela Odebrecht, que
detém 90% de participação em conjunto com
as empresas AMX, do bilionário brasileiro Eike
Batista, e a norte-americana AEG, detentoras
de 5% das operações, cada uma.
3
Revista Exame – 09.05.2013
32 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 33
Quatro telões em alta definição e sistema de som composto por 78 autofalantes.
O campo tem medidas oficiais – 110m x 75m numa área de 186.638 m².
O Maracanã mede 32 metros de altura, o que corresponde a um prédio de seis andares. A distância entre o
espectador mais distante o centro do campo é de 126 metros.
O estádio em seu formato oval, mede 317 metros em seu eixo maior e 279 metros no menor.
Foram gastas sete milhões e 730 mil horas de trabalho ininterruptas para a construção.
Ícone de atração turística
O Maracanã é o segundo ponto turístico mais visitado no Rio de Janeiro, perdendo apenas para o Cristo Redentor.
Para aproximar o turista de toda a história desse grande palco de clássicos, o estádio oferece uma visita guiada com cerca
de uma hora de duração onde os torcedores podem conhecer o vestiário de jogadores, espaço para treino em campo
de grama sintética, tribunas de imprensa e de honra, camarotes, sala de entrevistas e o mais emocionantes, passam pelo
túnel de acesso repetindo o trajeto feito pelos jogadores até alcançarem o gramado do campo.
Reaberto em abril deste ano após a reforma, o estádio expõe peças de acervo o busto e a marca dos pés de Garrincha,
a rede e a bola do milésimo gol de Pelé e a cadeira onde a rainha da Inglaterra, Elisabeth II, se sentou ao visitar o Maracanã
em 1968. O estádio faz uma homenagem especial com esculturas de bronze em tamanho real do Rei do Futebol, Pelé, que
marcou seu milésimo gol no Maracanã e do Zico, artilheiro do Maracanã, tendo marcado 333 gols no local. Outro ponto
de visitação é a calçada da fama, que conta com assinaturas de Pelé, Garrincha, Zagallo, João Havelange e muitos outros.
Os homenageados gravam os pés ou as mãos (no caso de goleiros) em uma placa de gesso com desenhos em formato de
bola de futebol, que ficam encravadas em peças de granito verde e mármore branco. Os visitantes podem assistir também
a lances memoráveis de gols dos principais ídolos que pisaram naquele gramado nas televisões espalhadas pelo estádio.
Juntos num só ritmo
Rumo ao Hexacampeonato, a Seleção conta com o apoio de 200 milhões de brasileiros, que já garantiram a festa
mais animada do planeta. O cenário da Copa do Mundo 2014 continua em ritmo de festa, mas com vários outros
elementos a mais do que tivemos em 1950. A campanha em torno do evento, recebeu a logo da Copa, o lema oficial
“juntos num só ritmo”, o mascote - um tatu-bola chamado “Fuleco” e o nome da bola, intitulada de “Brazuca”. O álbum
34 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
de figurinhas da Copa fica encarregado de ocupar crianças e adultos, que entram na brincadeira da troca dos adesivos até
completarem o álbum, que já bateu recorde de vendas este ano. Ruas e caras pintadas, muitos irão assistir aos jogos nos
estádios, outros na Fifa Fan Fest, evento criado pelo órgão internacional com objetivo de promover a confraternização
entre os torcedores em meio a uma programação cultural de eventos com telões espalhados nos locais da animação para
a transmissão dos jogos. A festa está garantida.
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 35
36 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 37
O maior legado que o Brasil recebeu ao sediar a Copa do Mundo 2014 é a projeção da sua imagem no exterior. Ao
longo de um mês, o mundo voltará os olhos e a atenção focada para o país, que terá a marca Brasil ainda mais valorizada.
É uma vitrine aberta ao mundo, que proporcionará o aumento no volume de negócios, no índice de exportações de
nossos produtos e serviços, aumento no turismo doméstico e internacional, na valorização de nossa cultura e mão-de-
obra. São inúmeros os benefícios que o evento proporcionará ao país, que serão refletidos na economia a longo prazo.
Os investimentos diretos também trarão benefícios para a população após a Copa. São eles:
Aeroportos e infra-estrutura - com um investimento de R$ 844,7 milhões, o aeroporto internacional Antônio
Carlos Jobim (Galeão) foi todo modernizado. O aeroporto Santos Dumont recebeu um investimento de R$ 260,5 mil
em reformas dos banheiros e adequações aos novos fluxos de passageiros. A cidade recebeu também investimentos no
recapeamento de rodovias, sinalizações turísticas e acessibilidade a portadores de deficiência.
Geração de empregos e qualificação profissional - o anúncio do acolhimento da Copa aqueceu a economia no Rio
de Janeiro. Antes mesmo do evento começar, os cursos de línguas aumentaram seus quadros de profissionais e abriram
novas turmas em parcerias com redes de hotéis, sindicatos de classes, cooperativas de taxistas, bares e restaurantes.
Diversas empresas estão recrutando para cargos operacionais e de gerência, para bares, hotéis e restaurantes. A previsão é
que sejam criados 3.6 milhões de empregos formais por conta do evento e as micro e pequenas em0presas faturem cerca
deR$500milhões1
.Jovenscommaisde18anostambémpoderãoganharexperiênciaeenriquecerseuscurrículosatuando
como voluntário no evento, que recrutará 18 mil pessoas para atuarem nas áreas de transporte, segurança, protocolo,
atendimento a turistas, departamento médico, serviços de idiomas, entre outros. A atividade é não remunerada mas os
voluntários terão direito a uniforme, lanche e transporte.
Infra-estrutura e paisagismo - a área ao redor da arena foi transformada em um espaço de lazer e prática esportiva.
Com investimentos de R$ 109,5 milhões, recebendo melhorias em infra-estrutura, como a construção de novas calçadas,
A bola não pode parar:
legado da Copa do Mundo 2014 para o Rio de Janeiro
1
Levantamento feito pelo Sebrae. Fonte: Portal
G1
38 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
ciclovia, acessibilidade, iluminação e paisagismo. O projeto arquitetônico da passarela conta com iluminação cênica em
LED e cobertura em lona tensionada, executado de maneira a acompanhar a estética do novo estádio. Além disso, no
vão livre as rampas facilitarão o escoamento de pessoas em dias de jogos e eventos. Uma pista de skate foi construída no
centro da passarela e deve se tornar mais um atrativo para aquela região.
Maracanã - a obra de modernização do Maracanã deixará para a população do Rio de Janeiro não apenas um
estádio de futebol, mas uma arena multiuso que poderá servir para eventos de natureza cultural, artística, desportiva
(em outras modalidades), em uma dimensão inédita no município. Servirá ainda como sede das cerimônias de abertura
e encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016 e Paralímpicos, assim como algumas partidas de futebol.
Transporte público - o Rio de Janeiro possuía grande carência de ligações de vias de transporte. Para facilitar
a mobilidade urbana, o governo está implementando um sistema de trânsito de alto desempenho, BRT (Bus Rapid
Transit), que oferece um meio de transporte mais rápido, confortável, seguro, eficiente e sustentável pois diminui os
congestionamentos e a emissão de CO². Com ele, será implementado um conjunto de mudanças que juntas formam
um novo conceito de mobilidade urbana. A cidade recebe os seguintes corredores expressos:
Transcarioca - liga o bairro da Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional do Galeão, na Ilha do Governador,
diminuindo em 60% o tempo de viagem do passageiro. As obras da Transcarioca contam com recursos da ordem de
R$ 1,5 bilhão, investimento compartilhado entre o governo federal e a prefeitura da cidade. A previsão é que o corredor
expresso beneficie 400 mil pessoas.
Transolímpica – com investimentos de R$ 57,97 milhões, é considerada a maior obra da cidade nos últimos 30 anos.
Esse corredor conecta o bairro da Barra da Tijuca à Deodoro, regiões que contam com grande número de complexos
esportivos. A nova via expressa contará com ônibus articulados equipados com ar condicionados e com a capacidade de
transportar 160 passageiros, terá integração com os trens da Supervia e beneficiará 400 mil moradores.
Transbrasil – conecta a Baixada Fluminense ao centro da cidade do Rio de Janeiro. Com obras orçadas em R$ 1,3
bilhões, o corredor atenderá 900 mil pessoas por dia, sendo considerado um dos maiores BRTs projetados e implantados
no mundo. No projeto constam ainda a construção de pontes e viadutos, o alargamento das pistas laterais da Av. Brasil
e a construção de um mergulhão de acesso ao Aeroporto Santos Dumont, preservando o patrimônio paisagístico do
Aterro do Flamengo.
Transoeste – conhecido como “ligeirão”, fará conexão com o metrô na Barra da Tijuca e é a principal conexão
entre a Zona Oeste a alguns bairros da Zona Norte.
Turismo - Calcula-se que os turistas irão gastar R$ 25 bilhões na Copa2
. A maior parte de despesas previstas na
ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 39
Copa é dos cerca de 3 milhões de turistas brasileiros, que ficarão responsáveis por R$18,3 bilhões. São esperados 600 mil
estrangeiros (o dobro do que na África do Sul), que injetarão R$ 6,8 bilhões. No Rio, projeta-se um gasto de R$ 824,00
diariamente por pessoa considerando hospedagem, alimentação, transporte e compras.
2
Levantamento da Embratur. Fonte: Folha de
São Paulo
40 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO

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Maracan livro

  • 2. 2 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO Copyright © 2014 Todos os direitos reservados. De acordo com a Lei 9.610, de 19/2/1998, nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Editora. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização da Editora Textos e fotos reproduzidos são meramente ilustrativos, capitados em sites de busca na internet. A edição final conterá textos e imagens de responsabilidade da editora. Pesquisa: Tatiana Guedes Textos: Priscila Dalcin Fotos: Clips Studio Coordenação Editoria: Miguel Paixão Designer: Fabio da Silva Projeto Gráfico e Editorial: Educabem Agenciamentos Gráficos e Editoriais Ltda. PAIXÃO, Miguel P1720 Estádio Maracanã 64 anos Rio de Janeiro, Brasil, 2014. 1. Copa do Mundo 2014 - 2. Histórico - 3. Maracanã 64 anos 128 p. ISBN 85-203-368 94-0934 CDD - 686.2 CDU - 655 CIP - Brasil, Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
  • 3. N o ano 1950 deu-se a inauguração do estádio esportivo, adjetivado popularment de colossal, destacando- se entre tantos outros mundo afora. O Maracanã contribuiu para realçar a trajetória ascendente do Brasil nos eventos esportivos, tanto quanto já se vislumbrava que seria um país emergente entre as potências mundiais. Atualmente, reconhecido entre as sete maiores economias do planeta, o Brasil tem a primasia de realizar pela segunda vez a Copa do Mundo de Futebol o mais importante evento dos esportes, assim como as Olimpíadas de 2016. A cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, pela sua belíssima paisagem natural, harmoniza sinuoso e exuberante litoral oceânico repleto de praias paradisíacas, contemplado com montanhas e florestas urbanas, será o centro de atração dos aficionados de futebol do mundo inteiro, além daqueles que se interessam pelas atrações turísticas. O estádio Maracanã, construído para receber a Copa do Mundo de 1950, foi totalmente reformado e contemplado com moderna arquitetura funcional e paisagística, condizente com a importância desse importante certame mundial. O Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Esportes, ofereceu seu amplo aporte para a realização do novo Maracanã, cujo descritivo histórico está consignado nesse livro comemorativo do evento. O editor oo aaaaannaaaaaa oo 199950505050 ddeuu-ssee a ininaauguraaaçãçãçãção dodo eeeeeststtsttádádáddddádioio espporortitivovo,, adadjjetiivavav doo popularmeeeeeennnnnttnnnnt dddeeee coloosssal, dedesstacacanandodo- sesese eeeeeentntnttttntrrrrere ttanantot s ououo trosss mmmmundo afofofoooorarararararar .. OOOOOOOO MMaMaMMMMMM racanãnã cconontrtrrtrrrribiibiiiiiibuiu u paapapapapapapp rara realçar a trajeeeeeeejeetóóóótóttórrirr a ascendenntteeeeee ddoo BrBrrrassaaaaaa il nonononn sss evevvevevenenenenntototot sss esesesespopppppp trtttiiiivivivivivivosoossosooo ,,, tttataataataatantntntntntntntnntntntntoooooooo quququququqquququuananaaananananannantotototootototo jjjjjjááááááááá seseeeseseseseseee vvvvvvvvisissisisisssluluululuuluululumbmbmbmbmbmbmbmbmbmbmbrararaarararararaavvavavavavaava qqqqqqqqqqqqqueueueuuueueueueu ssssssserereerererereriaiaiaiaaiaiaiaa uuuuuuuuuummmmmmmmm pappapapapapappp ísísísísísíss eeeeeeemmmmmememememmergrggggrgrgrgrggggenenenenneneneneeenteteteteeteteete eeeeeeee tntntntntntntntn rerrereree aaaaasssssss popopopoppoopopoopp têtêtêêtêtêtêêtêtêtêêncncncncncncncn iaiaiaaiaiiaiassssssssssss mumumundddndddndndiiaiaiaiisis... AtAtAtAttAtA uauuaauu llmlmlmlmlmll eennenentetetetetetete,, rerrererrecococooonhhnhnhnhnhn ececececececece iididiii o enentrtree asasasa ssssetettttetteeeeee mamamaiiioiooi rrereeeer sssss ecececcononononomommmomiiiiaiaasss dddodddddododo ppppllllalalaanenneettatataa,, ooo BBrBrBrasasasililililil tttemememem aaa ppprirrimamamaam sisisisisis aaa ddddeddede rrrrreaeaeaeeae lilililiilizazazaaarrrr pepepepepeeelalaalaaaa ses gunda vez aa CoCCC pa dddddoo MuuuM ndndnnddndnndndndoooooooo dededededdededde FFFFFFFFuuuttuuuu ebebbolo o maiaiisss impop rttanaana tee eveentn o dos eseee portes, aasa simm cooomomo as OlOlOlOlimmpíp adddasaas ddee 201616166. AAA cidadedee mmmmara avillilhohohohohosasas doo RiRiRiRRRiooo deded Janannnneieieee roro,, pepeelalalala ssuaua belelele ísíssimama ppppaiaaiaa sasagegemmmm naatuturaral,l, hharrmomoninnizaza ssininuououu soso ee eeeexuxxxubeberarantnttn ee lilitotorraalll occeâeââânnniniinicococoo repleeto dee prpprpprprppp aiaiasasasaas ppppararadisíaíacacaaas,s,s,, cccccccconononontett mplaaaadododdoo cccccccccooomomomom montatataanhnhnhhnhhhhnhhaaaasasasaaas eeee flflorestasas uuuuuuuurbrbrbrbrrrbbrbananana as, seráááá oooo ccccccceeenenenee trtro de aatrtrtrt açaçaçaçaççããoãoãoãããão ddoso afiafiafiafiafiafiafiaficcccccccioioioiioiooooonanananananadododododdoddosssssss dddededddede ffffututtututututebebebebebeee olololololl ddddddooooo mmumumuundndnddndoooooo inininntetteteiririroo, aaaalélééléléémmmmmmm daddad qu lleleesesssess qqqqqqqqqueuuueueueuuueuuuue ssseeee ininnnteteteterrereereeereessss aaamaamammaam pppppelelelasasas aaaattrttrttttt açaççççaççaççõeõeõeõ sss tutututurírírr stststtttsttiicicicciii asasasssasaasas.. OOOOOOO esesesestátátátádididioooo MaMaMaMaMaM raraaraaaaracaccacacanãnãnãnnã,, cococococonsnsnsnstrtrtrrtruuíuíuíuíídodododoodoodo pppararara aaa rererererecececececc bebebeebebeb rrrrrrr aaaaaa CoCoCoCooooopapppaapapapa dddddddoooo MuMuMMuMuMMundndoo ddedededde 111195950, ffffoioio ttttototototo allallalmememeemeentntnntnteee rerereeeefoofffformrmrr adddda ooo eeee cococccc ntntntntememememmplplplladdadadadadooooooo cocococococccc mmmm momomoddddededernrnaaaa aarrararququququuquuiiti etete urururaaa ffufufuff ncncnccnccn ioiooooonaal eee papapapapaaisisisisi agagagggagagggísííísístitttiticacacaccaa,,, cocococcocococ ndndndndnnddizizizizzenenene ttteete cccccccomomomomomomoomm aa iimpmpmpppppooororororo tâtâtâtâncncnciaiaiaia ddddddddeeeeeseseesese sesese impppororororororrrortatataantntntnteeee ccececeeeeeee trtrttrtrrtrrtr amamaameeeee mumumumumumumumm ndndndnndndiaaiaiaiaaall.ll.l.. OOOO GGoGoGooovevevevev rnrnnnr ooooo dododoodo EEEEEststststadadadadddooooo dododododo RRRRRioiooioii ddddddddeeee JJaJaneneiriro,o, aatrttravvéésésé dddaa SeSecrcretetetararariaiaia dddeee EsEsEspopoportrtrteses, foffofeerece euu sseueu aampmplolo aaapportte para a rerereeealalallaa izizizizzi açaçaçaçãoãoãoãoo dddddooooo nononononoovovovovovo MMMMMMMaraarraaracacaccanaananaannã,ããããã,ã ccccujujuju ooooo dededededed sscscccririir titivo histórico está consignado nesse livro comemorativo do evento. O editor APRESENTAÇÃO ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 3
  • 4. 4 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO4444 ESESESTÁTÁTÁT DIDIOO MARACAANÃNÃNÃÃ --- RIORIORIOO DED JAAAANEIIRROR In 1950 took place the inauguration of the sports stadium, adjective popularment colossal, especially among many others worldwide. The Maracanã contributed to highlight the upward trajectory of Brazil on sporting events, as much as was in sight that would be an emerging country among the world powers. Currently recognized among the seven largest economies in the world , Brazil has the primacy of performing the second time the World Cup Football the most important sports event as well as the 2016 Olympics . The marvelous city of Rio de Janeiro , fo r its beautiful natural landscape , approximate winding and lush ocean coast full of beautiful beaches , mountains covered with forests and urban , will be the cynosure of football fans around the world , in addition to those who are interested by tourist attractions. The Maracanã stadium, built to take the World Cup 1950 , has been fully renovated and awarded functional and mo- dern landscape architecture, befitting the importance of this important global event . The Government of the State of Rio de Janeiro , through the Department of Sports , offered his broad contribution to the achievement of the new Maracana , whose historical description is contained in this book commemorating the event. The editor PRESENTATION
  • 5. 5 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 6. 6 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO6 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO ÍNDICE Nasce o país do futebol: a história do esporte no Brasil..............................................................................................8 O futebol unindo classes e raças.......................................................................................................................................................9 Curiosidades:.......................................................................................................................................................................................................9 Brasil Futebol Clube: o país com a bola nos pés..............................................................................................................12 O futebol brasileiro e suas facetas de atuação .................................................................................................................15 Formando campeões de bola...........................................................................................................................................................15 Da primeira Copa do Mundo ao Maracanã........................................................................................................................17 História do Maracanã: surge o Estádio Colosso...............................................................................................................21 Maracanã recebe a primeira Copa do Mundo no Brasil..........................................................................................25 Curiosidades sobre a construção do estádio do Maracanã:.................................................................................26 Detalhes do estádio...................................................................................................................................................................................27 A pátria em chuteiras é a anfitriã da...........................................................................................................................................29 Copa do Mundo 2014.............................................................................................................................................................................29 A reforma do Maracanã ......................................................................................................................................................................31 Dados do novo Maracanã:..................................................................................................................................................................31 Ícone de atração turística......................................................................................................................................................................33 Juntos num só ritmo.................................................................................................................................................................................33 A bola não pode parar:...........................................................................................................................................................................37 legado da Copa do Mundo 2014 para o Rio de Janeiro............................................................................................37
  • 7. 7 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 8. 8 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO Morador do bairro do Brás, na capital do estado de São Paulo, aos nove anos de idade Charles William Miller foi estudar na Inglaterra, onde conheceu e se apaixonou pelo futebol na Bannister Court School. Atuou no Southampton, time homônimo à cidade em que morava e, após dez anos no exterior, Charles retornou ao Brasil em 1894. O pai do futebol no Brasil, como passou a ser chamado posteriormente, desembarcou no porto de Santos trazendo na bagagem duas bolas de futebol de couro marrom, as primeiras a rolarem no país, além de dois jogos de uniformes, uma bomba e um grosso livro com as regras do esporte. Miller percebeu que ninguém praticava o football no Brasil - como o esporte era chamado na época. Ele ficou surpreso pois o futebol já existia na Inglaterra desde 1863, esporte que empolgava os ingleses e se alastrava rapidamente pela Europa. Na Argentina, o esporte era praticado desde 1882 e, um ano antes de Miller trazer o futebol para o Brasil, já tinha ocorrido o Primeiro Campeonato de Buenos Aires. Os britânicos residentes em São Paulo já tinham ouvido falar do football, mas ocupavam-se com o críquete, esporte que estava na moda. Miller dedicou-se a disseminar o esporte nos quatro anos seguintes à sua chegada ao Brasil. E foi numa tarde fria de outono em 1895, conforme relatou à Revista Cruzeiro em 1952, que reuniu alguns amigos e os convidou a jogar uma partida de football, que aconteceu na Várzea do Carmo, um terreno de propriedade de sua família. As equipes foram formadas por ingleses radicados na capital paulista. O São Paulo Railway, time da companhia em que trabalhava Miller, venceu a Companhia de Gás, marcando 4 a 2. Depois dessa partida histórica, outros jogos começaram a acontecer perto da região dos bairros da Luz e do Bom Retiro, na capital de São Paulo. Eram formados por vários homens correndo atrás de uma bola que, vez ou outra entrepassava por bastões fincados no chão, levando-os aos gritos. As pessoas se deparavam com a cena e diziam: “coisa de inglês doido”. Rapidamente o futebol conquistou a população. Os estudantes faltavam aulas para assistir as disputas da nova modalidade esportiva no bairro do Bom Retiro, na capital paulista. Ninguém fazia idéia, mas este era o primeiro pontapé para o nascimento do que viria se tornar um fenômeno histórico-cultural e social no Brasil: o futebol. Nasce o país do futebol: a história do esporte no Brasil
  • 9. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 9 Fundado em 1888 por britânicos e descendentes, o São Paulo Athletic Club (SPAC) ficou sob a direção de Charles Miller. Em 1895, o clube adotou oficialmente como esporte o futebol. Mas foi na Associação Atlética Mackenzie College, escola Paulista fundada em 1898, que surgiu a primeira equipe de futebol criada por brasileiros para brasileiros. Em 1901, foi criada a Liga Paulista de Football. E em 03 de maio de 1902, aconteceu o primeiro jogo oficial da história do futebol brasileiro no Campeonato Paulista. A partida foi entre Mackenzie e Germânia, time fundado por Hans Nobiling formado por alemães que viviam em São Paulo. A vitória ficou com o Mackenzie, que fechou o placar por 2x1 com um gol de Mário Eppingaux, jogador que se tornou conhecido como o autor do primeiro gol oficial do futebol brasileiro. E o vencedor do campeonato foi o SPAC, que levou a primeira taça da história do futebol no Brasil e sagrou Miller como artilheiro da competição, feito que voltou a repetir em 1904. Depois disso, o time ainda conquistou o título mais duas vezes, tornando-se tricampeão. Miller jogou no SPAC até 1910, quando findou sua carreira nesta posição, tendo ainda atuado como árbitro e dirigente do clube. O futebol unindo classes e raças Naquela época, o país começava a se industrializar, as cidades cresciam aceleradamente. Apenas seis anos antes o Brasil tinha libertado seus escravos com o decreto da Princesa Isabel através da Lei Áurea, em 1888. O Brasil passava por um processo acelerado de urbanização e os mestiços e negros trabalhavam nas fábricas de maneira isolada. A cultura racista ainda era predominante e como futebol era praticado apenas por pessoas da elite, a participação dos brancos pobres e dos negros nos times era vetada. Os jogadores faziam parte da alta sociedade e usavam uniformes de seda. A elegância da elite também estava presente na torcida, formada por uma platéia que usava cartola e chapéus. Os termos utilizados também indicavam que o esporte era segregador fazendo uso de palavras em inglês como match (jogo) e footballer (jogador de futebol). Mas mesmo nas mãos da elite, o futebol já atraía multidões aos estádios. Fenômeno que ocorria graças às jogadas mirabolantes de craques como Arthur Friedenreich, do Mackenzie. O mais contraditório é que o jogador mulato era aclamado pela platéia que ainda carregava o ranço do racismo no comportamento social. Era o futebol começando a exercer o seu papel de transformação cultural e social no país. As ligas de futebol foram surgindo em outros estados e criavam mecanismos que visassem manter o futebol como um esporte da elite branca, como cobrar altas taxas para filiação. No entanto, essa classe não conseguiu manter o monopólio no esporte. Com a paixão pelo esporte e a massificação dele na mídia, o futebol conquistou adeptos nas classes menos favorecidas. As fábricas e companhias inglesas foram as principais responsáveis pela popularização do esporte, que se transformou rapidamente em uma paixão no Brasil. Mesmo que em espaços improvisados e amadores, o Curiosidades: * O primeiro jogo contra um time estrangeiro aconteceu em 1906, em São Paulo, entre um combinado Paulista e outro da África do Sul, no Velódromo, em São Paulo. *O primeiro jogo noturno do Brasil foi disputado na Várzea do Glicério, em um terreno da Light, com o campo iluminado por faróis de vinte bondes
  • 10. 10 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO brasileiro começou a treinar futebol com os amigos com uma constância que invadiu a rotina da população. Em 1919, o jogador Friedenreich do Paulistano (SP), se tornou ídolo após fazer um gol contra o Uruguai. Ele era mulato, filho de pai alemão e mãe negra, e sem a menor pretensão, iniciou uma revolução de pensamento da população. “O povo descobria, de repente, que o futebol deveria ser de todas as cores, futebol sem classe, tudo misturado, bem brasileiro”, escreveu o jornalista Mário Filho. Mas a extinção do racismo ainda era um movimento incipiente. Em 1921, o país colocava como pauta de debate se jogadores negros e mulatos deveriam ser convocados para os confrontos entre a seleção brasileira e a da Argentina, considerados jogos muito importantes para o Brasil. O então presidente Epitácio Pessoa recomendara que o Brasil não levasse jogadores negros para o Sul-Americano daquele ano. Segundo ele, era preciso projetar no exterior uma outra imagem do país, composta “pelo melhor da sociedade brasileira”. Foi em meio a este clima que, em 1923 o Clube de Regatas Vasco da Gama conquistou o campeonato carioca com um time considerado pequeno e formado por trabalhadores brancos, negros e mulatos de classes de baixa renda, sem dinheiro e nem posição social. Com isso, a equipe despertou a ira da aristocracia que dominava os grandes clubes que se reuniram e deliberaram que jogadores de classes baixas deveriam ser expulsos do clube, sob a acusação de praticarem o profissionalismo, atividade proibida na época caracterizada pelo recebimento de salário pela atividade. Esta reunião foi liderada por Mário Polo, então presidente do Fluminense Football Club, o primeiro a ser fundado no Rio de Janeiro. O clube era conhecido como exclusivamente da elite carioca e seus jogadores negros e mulatos usarem pó de arroz no rosto para parecer serem brancos. Com a profissionalização do futebol em 1933, o futebol abriu espaço oficialmente para qualquer jogador. O esporte dava um passo adiante para a democratização da atividade e a construção de uma sociedade isenta de racismo, mas ele ainda era algo revelado nas atitudes em campo. Para fugir de faltas e acusações injustas, os negros e mestiços inventaram inúmeros dribles, sempre visando o menor contato possível com os outros jogadores, pois em uma falta comum, pesava sobre eles acusações injustas de desrespeito e muitas vezes eles até apanhavam por isso. Começava a surgir o futebol- arte, termo criado por Gilberto Freyre que exaltava essas jogadas mirabolantes elevando-as ao status de arte. Revelando uma maestria sem igual com a bola, os jogadores mulatos e negros começaram a se destacar, e a chamar a atenção dos torcedores e da mídia. Já não importava mais a origem do jogador, sua raça ou classe social, o que todos passaram a querer ver era o show de bola acontecer nos estádios.
  • 11. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 11
  • 12. 12 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO Jogadores aquecidos, times escalados, traves delineadas com chinelos, o juiz tira o cara ou coroa, levanta a mão e o show começa. Este ritual é comum em todos os cantos do Brasil. Os campos de várzea1 espalhados pelo país acolhem os brasileiros em bairros, vilas e favelas que buscam praticar uma atividade física e estar entre amigos. Nos condomínios de luxo, na classe média ou em comunidades de baixa renda, sempre tem uma partida de futebol acontecendo. Nas quadras das escolas, nos gramados mal capinados, em campos de terra batida, chuteiras calçadas ou pés no chão, com uma bola de papel ou de couro velha esgarçada e até uma latinha de refrigerante amassada, não faz diferença, o cenário muda mas o importante é a emoção do jogo. Presente em todas as esferas sociais no Brasil, o futebol é considerado muito mais que um mero desporto, é um símbolo representativo da cultura local e compõe a identidade nacional. A paixão pelo esporte tornou-se um sentimento nato ao brasileiro tanto quanto seu talento para o jogo: todo mundo já nasce com a bola no pé. Essa relação de amor é passada através das gerações, iniciando-se até mesmo antes do nascimento de uma criança. Ainda no ventre, ela já ganha de presente roupas temáticas dos times de coração que a família torce – no tamanho baby - e depois que nasce, um pouco mais velha, é abastecida com outros artigos temáticos. O brasileiro mal começa a andar e recebe vários artefatos para iniciar a sua segunda formação mais importante: aprender a amar o futebol. Álbum de figurinha, camisa do time predileto na família, bola, meião e chuteira, são artigos que não faltam na infância dos meninos no Brasil. O futebol influencia o modo de vida do brasileiro sendo incorporado em seu cotidiano. A tradição de enfeitar as casas e ruas para torcer pelo time de coração, a agitação dos torcedores em dia de jogo, as festas de comemoração, a mídia repercutindo e as rodinhas de gente debatendo os lances do jogo são elementos que compõem uma aura mágica em torno do futebol que só os brasileiros conseguem compreender a profundidade dessa relação. E a diversidade cultural das cinco regiões do país desaparece quando se trata do esporte. A faixa etária também não faz a menor diferença: das crianças aos idosos, não tem quem não se renda. Brasil Futebol Clube: o país com a bola nos pés 1 Campo de várzea: definição para partidas de futebol informais sem instituições regendo a organização da atividade. Surgiu com a prática do esporte em locais abertos como vilas, fave- las, clubes, etc. Inicialmente, foram adotados pelos negros que eram excluídos dos clubes de futebol.
  • 13. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 13 Essa paixão pelo futebol fomentou a prática constante e rotineira do desporto, revelando uma habilidade diferenciada do brasileiro para o esporte, que se tornou objeto de análise de muitos estudiosos das ciências humanas. O renomado antropólogo e sociólogo pernambucano2 Gilberto Freyre, em seu primeiro artigo sobre o futebol chamado “Foot-ball mulato”, publicado no Diário de Pernambuco em 1938, analisa que o estilo de jogar no Brasil resultava da miscigenação racial, formada por europeus, negros e índios. Ele também associou este fato ao temperamento do brasileiro que reúne “um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e, ao mesmo tempo, de espontaneidade individual”. Tamanha competência do brasileiro para o esporte é reconhecida como oriunda da cultura enraizada da prática do futebol desde a tenra infância, levando ao treino e aperfeiçoamento dos passes, aliada à personalidade do brasileiro, com um jeito descontraído e a ginga que ele possui nos quadris e nos pés. Freyre comenta ainda sobre o assunto, que no Brasil o futebol é encarado como na capoeira, torna-o um jogo e uma dança ao mesmo tempo: “os nossos passes, os nossos pitu´s, os nossos despistamentos, floreios com a bola, o alguma coisa de dança e de capoeiragem que marcam o estilo brasileiro de jogar foot-ball” (sic). Para ele, o esporte inventado pelos ingleses, que o praticam de maneira angulosa, é jogado pelos brasileiros de uma maneira que arredonda e adoça o jogo. Essa encantadora e triunfante expressão brasileira3 no esporte rendeu ao Brasil o título internacional de “país do futebol”. Com o talento reconhecido não só pela torcida mas por estudiosos de diversas áreas, o futebol rendeu a publicação de trabalhos de profissionais que buscavam compreender a paixão nacional pelo esporte. É abrangente o campo de análise que o futebol possui, rendendo estudos de sociólogos, antropólogos, historiadores, filósofos, geógrafos, professores de educação física, matemáticos, profissionais de marketing e analistas das relações internacionais que levantam teses e observações a respeito do esporte e suas correlações. Este é também um fator importante para a consolidação da imagem do brasileiro como o melhor do mundo. Com a auto-estima elevada e certo de seu brilhantismo, o jogador profissional já entra em campo dono de si, sabendo que ali é o seu espaço. Enquanto se posiciona para começar o espetáculo, a torcida o reverencia, é inevitável. Mais do que a vitória, ela espera ansiosa pelo futebol-arte4 , conceito criado por Gilberto Freyre para explicar o jeito brasileiro de jogar com essa mistura do gingado, da raça em campo, desse talento único que o transformou em uma referência para o esporte no mundo inteiro. “A taça é nossa” é a frase que todos querem ouvir mas o carisma que o jogador brasileiro conquistou com sua irreverência e irrefutável talento, faz com que os torcedores dêem menos importância ao futebol de resultados e, embora não achem o ideal, se contentem com o futebol-arte. De tão majestoso que é, mesmo quando o placar fica em desvantagem, o time do Brasil é tratado como a realeza, e sai de campo aplaudido. 2 Pernambucano: quem nasce no estado de Pernambuco, na região nordeste do Brasil. 3 FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. 2ª edição, 1976 4 Futebol-arte: famoso termo criado pelo antro- pólogo e sociólogo Gilberto Freyre que atribui o status de arte ao futebol brasileiro, deixando para trás o status de futebol de resultados.
  • 14. 14 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 15. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 15 O futebol brasileiro e suas facetas de atuação Transcendendoasbarreirasdaqualificaçãoesportiva,ofutebolseapresentanoBrasilcomoumfenômenoqueatinge patamares de patrimônio histórico e de objeto cultural, artístico, de negócios e até mesmo das relações internacionais. Essa paixão move o quinto maior país do mundo e atua no imaginário de toda a nação perpassando por distintas áreas da sociedade. Sua temática permeia a cultura e a arte se mostrando presente em obras de arte do renomado artista plástico Romero Britto, nas revistas em quadrinhos da Turma da Mônica, na poesia de Carlos Drummond de Andrade, em desenhos animados, álbuns de figurinha, no grafite de rua, em músicas de todos os estilos como o pop, rock, funk, hip hop, etc., literatura, videogames, no cinema. O futebol também marca presença em nosso idioma com expressões que entraram definitivamente para a linguagem coloquial: “nessa altura do campeonato”, “vestir a camisa”, “colocar para escanteio”, “ficar na marca do pênalti”, “pendurar as chuteiras”, “pelada”5 , dentre outras inúmeras. Na área de negócios ele está presente em viagens temáticas, emprestando expressões do universo futebolístico a nomes de pratos em cardápios de restaurantes, em roupas e acessórios de vestuário como bonés e relógios, móveis como puffs, eletrônicos como telefones e ipods, enfeites temáticos para a casa, utensílios para escritório, acessórios para cozinha, etc. Nas relações internacionais, o futebol é utilizado como instrumento de diplomacia no apaziguamento de relacionamentos e na aproximação entre países e povos. Ele também é agente de negociações entre companhias ou entidades internacionais como a FIFA (Federação Internacional de Futebol) e a Unicef movimentando milhões no mercado privado ou ainda, em prol de eventos ou ações de cunho socioesportivas. Formando campeões de bola No país do futebol, todo menino já pensou em ser jogador de futebol profissional. Seja na quadra do bairro ou nas escolasparticulares,elesestãosempreematividade.Alémdapaixãodobrasileiropelofutebol,oesporteserevelaumaexcelente ferramenta de sociabilização, que une todos os tipos de classes sociais e raças, a abertura de escolas do gênero se prolifera, sendo elas particulares ou de cunho social. Visando abastecer a base de seus clubes e aproveitar o nicho de negócio, todo os grandes clubes abriram franquias de escolas de futebol. Além disso, jogadores famosos como Zico, Neymar, Jorginho, Rivaldo e o goleiro Zetti criaram as próprias instituições visando oferecer uma educação socioesportiva para crianças em situação de vulnerabilidade social. Mas estas são referências que se tornam modelo para milhares de outros projetos sociais desenvolvidos no Brasil e escolas de futebol particulares que se propagam continuamente em todo o país. 5 Pelada: nomenclatura utilizada coloquialmen- te como referência a um jogo entre amigos disputado em campo sem grama.
  • 16. 16 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 17. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 17 Copa de 1930 - A Copa do Mundo foi idealizada por Jules Rimet, advogado francês que presidia a FIFA – Fédération Internationale de Football Association. O local escolhido como sede para a primeira competição foi a cidade de Montevidéu, no Uruguai, cujo Seleção ainda amadora, havia conquistado notoriedade internacional ao ganhar as Olimpíadas e mostrar ao mundo que existiam jogadores de futebol profissional fora da Europa. E ainda, eram negros. A competição contou com a participação de 12 Seleções que foram convidadas a participar do evento, sendo uma delas a do Brasil, a única a participar de todas as Copas do Mundo. A Copa sofreu um desfalque dos times europeus, considerados forças do futebol, e que alegaram ser muito cansativo para os jogadores ficarem nos navios por 15 dias até chegarem ao Uruguai, jogarem por outros 15 dias e depois retornarem, levando mais 15 dias até chegarem em seus países de origem. Além disso, seria inviável para vários jogadores que ainda não eram profissionais e dependiam de seus empregos para viver. Ficaram de fora então da competição a Itália, Áustria, Espanha, Hungria e Alemanha. Devido às boas relações políticas com a França, país de origem do presidente da FIFA, a Bélgica, Romênia e Iugoslávia aceitaram participar dos jogos. O frio de 5°C tomou conta da cidade e atrapalhou a atuação da equipe brasileira que entrou em campo insegura. Mais tarde, a delegação brasileira foi acusada de ter dirigentes amadores e ter participado do evento de maneira bagunçada. Eliminados, os brasileiros permaneceram até o final da competição e acompanharam a briga pelo troféu entre a Seleção do país sede e a da Argentina. O evento reuniu 70 mil expectadores, que ficou marcado como uma disputa acirrada, com ardores patrióticos. O Uruguai ganhou a Copa e mostrou ao mundo que valeu a pena apostar na organização de um evento que ninguém acreditava. Copa de 1934 – Em 1932, o Brasil começou a se mostrar uma equipe mais profissionalizada ao ganhar da Seleção do Uruguai a Copa Rio Branco, no Estádio Centenário, o mesmo onde perdeu a Copa de 1930. A Seleção chegou mais confiante à Itália, país sede da Copa de 1934. Jules de Rimet estava satisfeito por um país Europeu sediar a nova edição da competição. O interesse pelo futebol crescia no mundo inteiro e, pela primeira vez a Copa foi transmitida por emissoras de rádio para 12 países. Neste ano, a visão política e econômica sobre a Copa mudou. Visando fazer uso da publicidade Da primeira Copa do Mundo ao Maracanã
  • 18. 18 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO lançada em cima do campeonato, o ditador que estava no poder na época, Mussolini, apoiou o evento financeiramente. A importância do evento começou a ser reconhecida e desta vez 32 seleções participaram da competição. O Uruguai, em uma retaliação explícita, recusou-se a participar do evento, uma vez que a Itália fizera o mesmo na Copa anterior e desta vez sediava a competição. Restaram então como representantes da América do Sul, a Argentina e o Brasil que logo no primeiro jogo enfrentando a Espanha, o time foi eliminado. A culpa recaiu sobre o despreparo dos homens que dirigiam o futebol brasileiro e o resultado foi vergonhoso. A Itália levou o troféu e ainda conquistou altos lucros com os jogos, o que levou vários outros países a se candidatarem a serem a sede do evento. Copa de 1938 – Neste ano o jogador brasileiro começou a ser descoberto. Com dribles sensacionais, recebeu críticas da crônica esportiva como “o melhor do mundo”. O país acabara de entrar em uma ditadura com a decretação do Estado Novo no ano anterior mas isso não atrapalhou os planos e o país convocou, selecionou, treinou e mandou a campo uma Seleção realmente preparada para a competição. Sediada pela França, novamente o Uruguai não quis participar da Copa por conta da ausência européia em 1930. A Argentina também se recusou a participar e o Brasil ficou como único representante da América do Sul. O Brasil foi à final com a Itália com negros talentosos, com um futebol diferente e ofensivo. A Itália por sua vez entrou em campo com uma saudação fascista, perdendo o apoio da torcida, que cada vez mais se encantava com o jeito brasileiro de jogar, mas no final das contas, ela é que levou a taça. Nesta época, explodiram crônicas a respeito do futebol brasileiro e sua descoberta pelo mundo. Finalmente o Brasil estava se organizando dentro e fora de campo e revelando seu talento ao mundo.
  • 19. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 19
  • 20. 20 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 21. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 21 O intervalo de quatro anos entre as Copas do Mundo teve que ser alterado, devido à Primeira Grande Guerra Mundial. Passaram-se 12 anos e a quarta edição do mundial aconteceu no Brasil, em 1950. A competição foi marcada pela construção do Maracanã, estádio construído para receber o evento, e pelos acontecimentos em torno disso, tornando-a um dos momentos mais falados, debatidos e estudados da história do país. Naquela época, o Brasil enfrentava as condições econômicas do pós-guerra e o discurso vigente era do “país do futuro”. A expressão foi criada por Stafan Sweig, um judeu-austríaco que, fugindo do nazismo, radicou-se em Petrópolis, na região Serrana do Rio de Janeiro, e escreveu um livro com esse título. Lançada em vários idiomas, a obra alcançou grande repercussão e sucesso, exceto junto à crítica que o achou exagerado para referir-se a um país de terceiro mundo e que vivia um regime ditatorial. O Brasil passava por um processo acelerado de industrialização e urbanização e ao mesmo tempo adentrava a uma nova fase política, deixando pra trás o Estado Novo1 , um sistema político estabelecido pelo regime militar e passava para o reestabelecimento da república federativa e democrática, com direito a eleições diretas. O cenário nacional era efervescente. A auto-estima do brasileiro não estava boa e o futebol era uma distração dos problemas político-sociais. O esporte conquistou então mais do que a atenção do brasileiro e alcançou o título de paixão nacional. O cenário para que o país sediasse a Copa era perfeito: a população lotava os estádios para assistir aos jogos e o presidente, Eurico Dutra, apoiava intensamente o esporte, pois via nele uma forma eficaz de propaganda. Após visitar o Rio de Janeiro e se encantar com suas belezas, o presidente da FIFA, Jules de Rimet, indicou a cidade para sediar a Copa de 50, que na época era chamada como IV Campeonato do Mundo de Futebol – Taça Jules Rimet (IV Copa do Mundo). Ao ser aprovada como sede da Copa, iniciou-se uma discussão com acompanhamento da mídia nacional sobre onde seria construído o novo estádio no Rio de Janeiro. Inicialmente o bairro de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, foi considerado o melhor local, até que o prefeito Mendes de Moraes sugeriu o terreno do antigo Derby Club, onde antes das chuteiras, abrigou o maior centro hípico da América do Sul. Com a união do Derby Club ao Jockey Club da Gávea, o local virou espaço de tanques de guerra do Exército Brasileiro e terreno baldio onde as crianças História do Maracanã: surge o Estádio Colosso 1 Estado Novo – foi um sistema político de ca- ráter ditatorial implementado em 1938 pelo presidente Getúlio Vargas ficando vigente até 1945.
  • 22. 22 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO brincavam. O terreno era considerado o centro geométrico da cidade e a construção do estádio no local era apoiada pelo jornalista Mário filho, que dirigia o Jornal dos Esportes e publicou vários artigos sobre o assunto levando a pauta para debate no cenário político. “Acreditar no estádio é acreditar no Brasil”, afirmou em uma de suas crônicas.2 Após publicar vários artigos sobre o assunto, o jornal recomendou uma pesquisa popular e a maioria decidiu que ali era o local mais indicado. A Copa de 50 tinha um peso diferenciado na história: era a primeira a ser realizada no pós-guerra e aconteceria em um país que vivenciava a ditadura, servindo como um tipo de afago aos ânimos da população. Era também a competição em que o brasileiro já se reconhecia como um dos mais talentosos no futebol, o que se transformou em instrumento de auto-afirmação. Um fervor patriótico tomara conta do cenário nacional. Diversos projetos concorreram à construção do estádio, sendo um deles o de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro de renome internacional, que acabou perdendo a concorrência e assumindo que o projeto escolhido era superior ao dele. A promessa de erguer o estádio em dois anos, tornou-se uma ação que comprovaria a capacidade do brasileiro, dignificando e atestando o valor do povo. Em 02 de agosto de 1948, foi lançada a pedra fundamental, um símbolo para o início da construção do que se tornaria um ícone para o futebol no país e no mundo. Ao longo da década de 40, o escritor José Lins do Rego era muito ligado à política esportiva e ocupou vários cargos na Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Em 1949, acompanhou uma visita às obras do Estádio Municipal - primeiro nome dado ao Maracanã, com uma delegação do Arsenal, clube de grande prestígio na Inglaterra e relatou a surpresa dos convidados. “Não vi os ingleses de queixo caído, mas os vi de boca aberta. (...) o Estádio Municipal parece já o colosso que será. As formas de madeira, pilastras de cimento, as imensas galerias, tudo mesmo para provocar aquele espanto dos britânicos”, relatou no Jornal dos Sports2 . Um sentimento patriótico atribuído à construção do monumento tomou conta dos brasileiros. Ainda na mesma crônica de Rego, ele retrata como foi esse impacto da criação do estádio através de um comentário de Carlito Rocha, ex-jogador do Botafogo3 e presidente do clube: “Seu Zé Lins (sic), diante disto eu me sinto mais brasileiro. Esta obra me orgulha, me faz acreditar no Brasil. As obras do Estádio demonstram de fato a capacidade dos nossos engenheiros e administradores. (...) E quando um inglês abre a boca de admiração, é porque a coisa é mesmo para abafar.” Enquanto a maioria da população era tomada pelo orgulho patriótico, a oposição articulava de todas as formas para causar tumulto. Durante as obras do Estádio Municipal, Carlos Lacerda usou seu jornal Tribuna da imprensa para espalhar um boato de que o estádio cairia no dia de sua inauguração. Para acabar com as suspeitas geradas, o prefeito Ângelo Mendes de Morais ordenou que mais de três mil funcionários que trabalhavam na obra pulassem juntos na arquibancada para provarem que elas eram seguras. Uma cena inusitada que entrou para a história e que, no final das 2 Jornal dos Sports: 23.05.1947 3 Jornal dos Sports: 02.06.1947 4 Botafogo de Futebol e Regatas: compõe um dos quatro maiores clubes do Rio de Janeiro.
  • 23. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 23 contas, só favoreceu a imagem do Estádio, que provara não só a sua qualidade estrutural mas que também tem uma importância que transcende quaisquer disputas políticas. Com a construção do gigantesco estádio, o Brasil ganhou notoriedade internacional na mesma proporção, competindo com o prestígio dos espaços europeus. Seu projeto arquitetônico foi escolhido por meio de concurso e conquistou pela sua proposta de estilo, beleza e grandiosidade com a característica principal de se tornar o maior do mundo e abrigar 155 mil torcedores de uma só vez. Em 16 de junho de 1950 foi inaugurado pelo presidente Eurico Dutra o Estádio Municipal, o Maracanã5 , apelido atribuído carinhosamente pelos cariocas6 em função de sua localização no bairro de mesmo nome. A primeira partida realizada em campo foi um amistoso que aconteceu entre as Seleções do Rio de Janeiro e São Paulo. O placar fechou em vantagem de 3 a 1 para os visitantes, mas o primeiro gol foi marcado por Didi7 , jogador do Vasco. O jogo aconteceu em clima festivo, oferecendo entrada franca para os torcedores e contando novamente com a presença e o apoio do presidente Dutra. Era um patrimônio que estava nascendo, elevando a auto-estima da população e disseminando para o mundo a certeza de que o brasileiro era talentoso no futebol e em outras áreas de negócios também. Nascia o “Colosso do Derby”, como a imprensa ufanista da época apelidou o estádio que encantou o mundo pelo seu design em formato oval, sua grandiosidade e funcionalidade. Estava começando a ser escrita uma nova história para o futebol brasileiro. O carioca ganhara de presente a sua segunda casa, o Rio de Janeiro recebera o que se tornaria um patrimônio histórico- cultural e esportivo onde nossos atletas, torcidas e artistas fariam um show à parte. Finalizado em 1965, o Colosso mudou seu nome de Estádio Municipal para ser batizado oficialmente como Estádio Jornalista Mário Filho, em homenagem àquele que apoiou e incentivou arduamente a construção dele. 5 Maracanã: Maracanã-guaçu é uma ave co- mum de ser vista na área onde se localiza o bairro Maracanã e emprestou o nome ao rio que corre nas proximidades, ao bairro e por fim, ao estádio. 6 Carioca: quem nasce na cidade do Rio de Ja- neiro. 7 Didi: jogador do Club de Regatas Vasco da Gama e bicampeão pela Seleção Brasileira nas Copas de 1958 e 1962.
  • 24. 24 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 25. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 25 A primeira Copa do Mundo que o Maracanã recebeu foi em 1950, a qual motivou sua construção, que custou 250 milhões de cruzeiros. Foi um ano importante para o futebol brasileiro, que se mostrou dono de um talento excepcional e conquistou o respeito internacional. Os jogadores ganharam a fidelidade do torcedor e a Seleção Brasileira se tornou a favorita no torneio. O grito mais ouvido nas ruas era “a Copa do Mundo é nossa”. Tomados pelo clima de otimismo gerado pela construção do estádio e seus discursos, os políticos se aproveitaram disso para fazer comício ao lado dos craques da seleção no dia da decisão final da Copa. A imprensa já havia considerado o Brasil campeão antes mesmo que o fosse. Esse sentimento de patriotismo se estendeu ao campo e vencer passou a ser uma vitória para o país. A Copa de 1950 se iniciou e a obra ainda estava sendo realizada. Os andaimes formavam a vista do estádio e muitos assistiram aos jogos em cima de pilhas de tijolos. Mas nada disso tirou o ânimo do torcedor brasileiro. O clima era de festa, com ingressos baratos, a preços populares para que todos conseguissem realizar o sonho de assistir as 13 equipes da competição, além de ver as seleções fortes da Europa jogando aqui. A Seleção Brasileira foi ganhando espaço, seu brilho em campo fez com que eles ganhassem a torcida do Brasil todo e chegassem à final. O estádio estava lotado, com 175 mil pessoas oficialmente mas contabiliza-se que cerca de 200 mil pessoas estavam presentes naquela final que marcaria a história para sempre. Era uma partida entre Brasil e Uruguai, e a equipe anfitriã entrou em campo sob a pressão do ufanismo que tomara conta do Brasil, mas também com o excesso de confiança. O dia começou em clima de festa em todo o país pois o Brasil conquistaria a taça da maior competição internacional de futebol, jogando em casa e no maior estádio do mundo.Torcidas em festa, bandeirões abertos, geraldinos8 lotaram as arquibancadas a que lhe atribuíam o apelido – a geral. A bola rolou e o primeiro tempo não teve gol. Milhões de brasileiros acompanhavam a narração de Antônio Cordeiro, da Rádio Nacional, que transmitia o jogo ao vivo. O Uruguai marcou o primeiro gol e o estádio parou, foi um silêncio pavoroso. Os jogadores ficaram afetados com a reação do público e refletiram isso em campo, piorando suas atuações no jogo. O Brasil empatou mas o jogador do Uruguai, Ghiggia, marcou o gol final para o adversário nos últimos seis minutos do segundo tempo e abrira o placar para o dia mais triste da história do estádio. O Uruguai tinha conseguido uma façanha que ninguém imaginara. Maracanã recebe a primeira Copa do Mundo no Brasil 8 Geral: local onde ficavam os torcedores mais populares no Maracanã. Os geraldinos eram figuras folclóricas, às vezes cômicas que, desde os primeiros anos do Maracanã ocuparam a pior e mais apertada posição para torcedores no Estádio. Durante os jogos, virou tradição os jogadores comemorarem com esses torce- dores que ficavam descalços, no calor, no sol, na chuva. Daí surgiu o termo “vai para a geral”, muito famoso no Brasil.
  • 26. 26 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO O Maracanaço – ou El Maracanazo - como ficou conhecido esse episódio, foi o silêncio que transformou esse dia em um capítulo épico na história do futebol brasileiro. O desfecho frustrante do placar abriu margem para inúmeras desculpas, justificativas e explicações. Todos queriam uma resposta: porque? Era necessária a identificação de culpados pelo silêncio que havia tomado conta do coração brasileiro. Dali em diante tudo foi debatido, cada lance, cada jogada, a atuação dos jogadores, treinador, torcida, políticos, imprensa, tudo. Livros escritos, teses acadêmicas e filmes produzidos, todo tipo de reflexão foi feita em cima do episódio. Não existe o que não se tenha sido falado e analisado nessa situação. Através dela, o brasileiro aprendeu à força a lidar com a vida entendendo que ela é democrática, que nem sempre aquilo que as pessoas querem acontece. “O futebol acabou servindo como um instrumento básico de reflexão sobre o Brasil”, analisou anos mais tarde o famoso antropólogo Roberto da Matta. O triste episódio trouxe uma mudança significativa para o uniforme da Seleção. Alguns dizem que Confederação Brasileira de Deportos (CBD) considerou que o conjunto de camisa branca com gola azul e calções brancos trouxeram azar para a equipe e decidiu modificar as cores para aquelas que são utilizadas até hoje, com a camisa amarela de gola verde e calções azuis. Mas o criador da legendária combinação de cores, Aldyr Schlee, conta que o objetivo da mudança era trazer maior identificação da Seleção brasileira com o país. Aos 18 anos, o talentoso desenhista e apaixonado por futebol ouviu na rádio que o jornal carioca “Correio da Manhã” estava promovendo um concurso nacional para a escolha do novo uniforme da Seleção e não perdeu tempo. Seguindo as exigências de ter as quatro cores da bandeira nacional presente no uniforme, ele desenvolveu três modelos mas foi o “Canarinho” que venceu mais de 200 concorrentes. Há 60 anos, em 20 de janeiro de 1954, era apresentado ao mundo o novo uniforme número 01 da Seleção brasileira. A equipe usou a nova vestimenta pela primeira vez oficialmente na Copa do Mundo daquele mesmo ano na Suíça, sendo apelidada de “Seleção Canarinho” pelo radialista Geraldo José de Almeida. Aldyr ficou receoso que, com a derrota da equipe no mundial, o uniforme sofresse nova modificação, mas a reação foi oposta: “a consagração da camisa canarinho se deve à qualidade do futebol apresentado pela geração pós-1954”, revela Aldyr. Curiosidades sobre a construção do estádio do Maracanã: - Foram utilizados cerca de 500.000 sacos de cimento na construção; - Mais de 10.000.000 kg de ferro sustentaram na armação da estrutura; - Foram utilizados em torno de 40.000 caminhões, para transportes diversos durante a construção; - O volume de concreto utilizado foi de aproximadamente 80.000 m³;
  • 27. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 27 - A área de madeiras utilizadas na construção beirou os 650.000 m²; - O volume de areia utilizado na construção do Maracanã foi superior a 45.000 m³; - O volume de escavações, para a execução das fundações foi de 39.572.000,00 m³; - O volume de aterro utilizado foi de 134.700.000,00 m³; - A área das formas utilizadas na estrutura foi de quase 475.562,00 m²; - O total dos escoramentos ultrapassou 1.004.490,00 m; - O tempo médio de escoamento (saída) do público das arquibancadas é de pouco mais de 20 minutos; - A distância aproximada até o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, na Ilha do Governador, é de 15,2 km; - A média de jogos anuais é de 76 eventos, considerando-se as partidas preliminares; Detalhes do estádio Nome Oficial: Estádio Mário Filho Endereço: Rua Prof. Eurico Rabelo, s/n., Maracanã - Rio de Janeiro (RJ) Capacidade de público em 1950: 155 mil torcedores sendo 30.000 em pé, nas gerais, 93.500 sentados, nas arquibancadas, 30.000 nas cadeiras cativas e 1.500 em camarotes. Data de inauguração: 16/06/1950 Primeiro jogo: Seleção Carioca 1 x 3 Seleção Paulista Primeiro gol: Didi (Seleção Carioca) Recorde de público: 183.341 (Brasil 1 x 0 Paraguai - 1969) Dimensões do gramado: 110m x 75m
  • 28. 28 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 29. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 29 O conceituado dramaturgo brasileiro, jornalista e cronista esportivo Nelson Rodrigues, descreveu perfeitamente o que acontece com o país em época de Copa do Mundo: “O escrete1 é a pátria em chuteiras. (...) É quando a Seleção entra em campo que nós brasileiros nos sentimos brasileiros, de cabo a rabo, de cima abaixo, do Oiapoque ao Chuí. Ao entrar em campo, o escrete nos une, a nação transforma-se finalmente em pátria. Amada, idolatrada, salve, salve”. Com sua genialidade, Nelson Rodrigues confundiu muita gente nessa crônica. Muitos pensam que o sentido dela é afirmar que o povo brasileiro todo é apaixonado pelo futebol e que ele calça as chuteiras. No entanto, a intenção real é revelar que quando o time de futebol brasileiro entra em campo – o escrete, ele carrega consigo o sentimento patriótico de 200 milhões de pessoas e a proporcional responsabilidade da conquista de um jogo. O intervalo é de 64 anos entre uma competição e outra desde que o Maracanã abrigou um mundial e o cenário atual é totalmente diferente. Em 1950, a Copa do Mundo contou com apenas um estádio, 13 seleções e coberturas jornalísticas de rádio e jornal – a televisão só chegou ao país em setembro daquele ano, trazida por Assis Chateaubriand, que fundou a TV Tupi. A população no país aumentou quase quatro vezes, pulando de 52 milhões para os 201 milhões, os meios de transporte, telecomunicações, a tecnologia usada na bola, chuteiras e uniformes, tudo evoluiu, mas uma coisa permanece intacta: a emoção da festa que o futebol promove nos corações dos brasileiros apaixonados pelo esporte. Sentimento revelado involuntariamente, a entranhada paixão pelo futebol saltou das gargantas afora logo após o anúncio de que a cidade do Rio de Janeiro iria sediar novamente um mundial, a Copa do Mundo de 2014. Com uma alegria indizível, era possível ouvir das janelas as comemorações inefáveis pela cidade. A notícia rodou o mundo e começaram novas discussões: a construção de estádios, melhorias sociais a serem promovidas para atender o evento e a reforma do Maracanã, com o objetivo de torná-lo mais moderno e confortável para todos os torcedores. A pátria em chuteiras é a anfitriã da Copa do Mundo 2014 1 Escrete: equipe formada por um grupo de atletas selecionados por serem considerados os melhores ou mais aptos.
  • 30. 30 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 31. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 31 A reforma do Maracanã Tombado no ano 2000 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Complexo Maracanã Entretenimento S.A foi reformado mantendo a identidade original da fachada. O Governo do Estado do Rio de Janeiro gastou R$ 808,4 milhões nesta reforma que abriu as portas do estádio em abril deste ano. A Odebrecht Properties2 poderá explorar o estádio pelos próximos 35 anos fazendo a gestão, operação e manutenção do Maracanã. O consórcio se comprometeu a promover uma gestão de nível internacional e garantir a modernização do complexo para consolidá- lo como pólo de entretenimento do Rio de Janeiro e do Brasil, demolindo a antiga estrutura, já obsoleta. As três empresas fizeram um investimento de R$ 594 milhões nas melhorias do complexo e pagarão em conjunto R$ 5,5 milhões em 33 parcelas anuais, alcançando um total de R$ 181,5 milhões. “Temos certeza que o Maracanã será bem administrado”, disse o Secretário da Casa Civil, Régis Fitchner3 . O consórcio vencedor tem que se associar a um ou mais times da cidade, desde que não seja um contrato de exclusividade. Além disso, deve reformar o parque aquático Júlio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros. Visando seguir a recomendação do Caderno de Encargos da FIFA, o estádio realizou o rebaixamento do campo em 1,60 m, criou a platéia inferior no 2° andar, extinguindo a antiga “geral”, aumentou o número de lanchonetes (60) e de sanitários (231). Visando o melhor conforto do público, a capacidade do estádio foi reduzida para 78,8 mil assentos, que são mais bem posicionados, são retráteis, têm mais espaço entre as cadeiras permitindo mais circulação e conforto, garantindo maior visibilidade ao torcedor. O estádio ganhou novos acessos incluindo a recuperação das duas rampas monumentais, criaram 4 novas rampas garantindo o fácil acesso do torcedor aos seus lugares mas também a evacuação do local em até oito minutos. O local recebeu também uma nova cobertura em membrana de teflon e fibra de vidro com tecnologia auto-limpante. O acesso à área é VIP é pela calçada da fama, com novas escadas rolantes e novos elevadores, que darão acesso aos lounds dos diferentes públicos. Alguns lounds exclusivos darão acesso aos 110 novos camarotes instalados em diferentes níveis da arquibancada. Além disso, foram criadas 14 mil vagas no entorno do Maracanã com distância de até 4 kms de distância do estádio, oferecendo mais de 10.500 mil vagas. Dados do novo Maracanã: Capacidade para 78,8 mil pessoas Acesso por meio de 17 elevadores, sendo oito panorâmicos, 12 escadas rolantes e seis rampas Interior com 110 camarotes, 292 banheiros e 60 bares e lanchonetes 2 Odebrecht Properties : concessionária vence- dora da licitação formada pela Odebrecht, que detém 90% de participação em conjunto com as empresas AMX, do bilionário brasileiro Eike Batista, e a norte-americana AEG, detentoras de 5% das operações, cada uma. 3 Revista Exame – 09.05.2013
  • 32. 32 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 33. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 33 Quatro telões em alta definição e sistema de som composto por 78 autofalantes. O campo tem medidas oficiais – 110m x 75m numa área de 186.638 m². O Maracanã mede 32 metros de altura, o que corresponde a um prédio de seis andares. A distância entre o espectador mais distante o centro do campo é de 126 metros. O estádio em seu formato oval, mede 317 metros em seu eixo maior e 279 metros no menor. Foram gastas sete milhões e 730 mil horas de trabalho ininterruptas para a construção. Ícone de atração turística O Maracanã é o segundo ponto turístico mais visitado no Rio de Janeiro, perdendo apenas para o Cristo Redentor. Para aproximar o turista de toda a história desse grande palco de clássicos, o estádio oferece uma visita guiada com cerca de uma hora de duração onde os torcedores podem conhecer o vestiário de jogadores, espaço para treino em campo de grama sintética, tribunas de imprensa e de honra, camarotes, sala de entrevistas e o mais emocionantes, passam pelo túnel de acesso repetindo o trajeto feito pelos jogadores até alcançarem o gramado do campo. Reaberto em abril deste ano após a reforma, o estádio expõe peças de acervo o busto e a marca dos pés de Garrincha, a rede e a bola do milésimo gol de Pelé e a cadeira onde a rainha da Inglaterra, Elisabeth II, se sentou ao visitar o Maracanã em 1968. O estádio faz uma homenagem especial com esculturas de bronze em tamanho real do Rei do Futebol, Pelé, que marcou seu milésimo gol no Maracanã e do Zico, artilheiro do Maracanã, tendo marcado 333 gols no local. Outro ponto de visitação é a calçada da fama, que conta com assinaturas de Pelé, Garrincha, Zagallo, João Havelange e muitos outros. Os homenageados gravam os pés ou as mãos (no caso de goleiros) em uma placa de gesso com desenhos em formato de bola de futebol, que ficam encravadas em peças de granito verde e mármore branco. Os visitantes podem assistir também a lances memoráveis de gols dos principais ídolos que pisaram naquele gramado nas televisões espalhadas pelo estádio. Juntos num só ritmo Rumo ao Hexacampeonato, a Seleção conta com o apoio de 200 milhões de brasileiros, que já garantiram a festa mais animada do planeta. O cenário da Copa do Mundo 2014 continua em ritmo de festa, mas com vários outros elementos a mais do que tivemos em 1950. A campanha em torno do evento, recebeu a logo da Copa, o lema oficial “juntos num só ritmo”, o mascote - um tatu-bola chamado “Fuleco” e o nome da bola, intitulada de “Brazuca”. O álbum
  • 34. 34 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO de figurinhas da Copa fica encarregado de ocupar crianças e adultos, que entram na brincadeira da troca dos adesivos até completarem o álbum, que já bateu recorde de vendas este ano. Ruas e caras pintadas, muitos irão assistir aos jogos nos estádios, outros na Fifa Fan Fest, evento criado pelo órgão internacional com objetivo de promover a confraternização entre os torcedores em meio a uma programação cultural de eventos com telões espalhados nos locais da animação para a transmissão dos jogos. A festa está garantida.
  • 35. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 35
  • 36. 36 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO
  • 37. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 37 O maior legado que o Brasil recebeu ao sediar a Copa do Mundo 2014 é a projeção da sua imagem no exterior. Ao longo de um mês, o mundo voltará os olhos e a atenção focada para o país, que terá a marca Brasil ainda mais valorizada. É uma vitrine aberta ao mundo, que proporcionará o aumento no volume de negócios, no índice de exportações de nossos produtos e serviços, aumento no turismo doméstico e internacional, na valorização de nossa cultura e mão-de- obra. São inúmeros os benefícios que o evento proporcionará ao país, que serão refletidos na economia a longo prazo. Os investimentos diretos também trarão benefícios para a população após a Copa. São eles: Aeroportos e infra-estrutura - com um investimento de R$ 844,7 milhões, o aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão) foi todo modernizado. O aeroporto Santos Dumont recebeu um investimento de R$ 260,5 mil em reformas dos banheiros e adequações aos novos fluxos de passageiros. A cidade recebeu também investimentos no recapeamento de rodovias, sinalizações turísticas e acessibilidade a portadores de deficiência. Geração de empregos e qualificação profissional - o anúncio do acolhimento da Copa aqueceu a economia no Rio de Janeiro. Antes mesmo do evento começar, os cursos de línguas aumentaram seus quadros de profissionais e abriram novas turmas em parcerias com redes de hotéis, sindicatos de classes, cooperativas de taxistas, bares e restaurantes. Diversas empresas estão recrutando para cargos operacionais e de gerência, para bares, hotéis e restaurantes. A previsão é que sejam criados 3.6 milhões de empregos formais por conta do evento e as micro e pequenas em0presas faturem cerca deR$500milhões1 .Jovenscommaisde18anostambémpoderãoganharexperiênciaeenriquecerseuscurrículosatuando como voluntário no evento, que recrutará 18 mil pessoas para atuarem nas áreas de transporte, segurança, protocolo, atendimento a turistas, departamento médico, serviços de idiomas, entre outros. A atividade é não remunerada mas os voluntários terão direito a uniforme, lanche e transporte. Infra-estrutura e paisagismo - a área ao redor da arena foi transformada em um espaço de lazer e prática esportiva. Com investimentos de R$ 109,5 milhões, recebendo melhorias em infra-estrutura, como a construção de novas calçadas, A bola não pode parar: legado da Copa do Mundo 2014 para o Rio de Janeiro 1 Levantamento feito pelo Sebrae. Fonte: Portal G1
  • 38. 38 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO ciclovia, acessibilidade, iluminação e paisagismo. O projeto arquitetônico da passarela conta com iluminação cênica em LED e cobertura em lona tensionada, executado de maneira a acompanhar a estética do novo estádio. Além disso, no vão livre as rampas facilitarão o escoamento de pessoas em dias de jogos e eventos. Uma pista de skate foi construída no centro da passarela e deve se tornar mais um atrativo para aquela região. Maracanã - a obra de modernização do Maracanã deixará para a população do Rio de Janeiro não apenas um estádio de futebol, mas uma arena multiuso que poderá servir para eventos de natureza cultural, artística, desportiva (em outras modalidades), em uma dimensão inédita no município. Servirá ainda como sede das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016 e Paralímpicos, assim como algumas partidas de futebol. Transporte público - o Rio de Janeiro possuía grande carência de ligações de vias de transporte. Para facilitar a mobilidade urbana, o governo está implementando um sistema de trânsito de alto desempenho, BRT (Bus Rapid Transit), que oferece um meio de transporte mais rápido, confortável, seguro, eficiente e sustentável pois diminui os congestionamentos e a emissão de CO². Com ele, será implementado um conjunto de mudanças que juntas formam um novo conceito de mobilidade urbana. A cidade recebe os seguintes corredores expressos: Transcarioca - liga o bairro da Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional do Galeão, na Ilha do Governador, diminuindo em 60% o tempo de viagem do passageiro. As obras da Transcarioca contam com recursos da ordem de R$ 1,5 bilhão, investimento compartilhado entre o governo federal e a prefeitura da cidade. A previsão é que o corredor expresso beneficie 400 mil pessoas. Transolímpica – com investimentos de R$ 57,97 milhões, é considerada a maior obra da cidade nos últimos 30 anos. Esse corredor conecta o bairro da Barra da Tijuca à Deodoro, regiões que contam com grande número de complexos esportivos. A nova via expressa contará com ônibus articulados equipados com ar condicionados e com a capacidade de transportar 160 passageiros, terá integração com os trens da Supervia e beneficiará 400 mil moradores. Transbrasil – conecta a Baixada Fluminense ao centro da cidade do Rio de Janeiro. Com obras orçadas em R$ 1,3 bilhões, o corredor atenderá 900 mil pessoas por dia, sendo considerado um dos maiores BRTs projetados e implantados no mundo. No projeto constam ainda a construção de pontes e viadutos, o alargamento das pistas laterais da Av. Brasil e a construção de um mergulhão de acesso ao Aeroporto Santos Dumont, preservando o patrimônio paisagístico do Aterro do Flamengo. Transoeste – conhecido como “ligeirão”, fará conexão com o metrô na Barra da Tijuca e é a principal conexão entre a Zona Oeste a alguns bairros da Zona Norte. Turismo - Calcula-se que os turistas irão gastar R$ 25 bilhões na Copa2 . A maior parte de despesas previstas na
  • 39. ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO 39 Copa é dos cerca de 3 milhões de turistas brasileiros, que ficarão responsáveis por R$18,3 bilhões. São esperados 600 mil estrangeiros (o dobro do que na África do Sul), que injetarão R$ 6,8 bilhões. No Rio, projeta-se um gasto de R$ 824,00 diariamente por pessoa considerando hospedagem, alimentação, transporte e compras. 2 Levantamento da Embratur. Fonte: Folha de São Paulo
  • 40. 40 ESTÁDIO MARACANÃ - RIO DE JANEIRO