[1] Padre Tiziano Tizianello nasceu na Itália em 1827 e foi ordenado sacerdote em 1852, servindo em várias cidades italianas como capelão. [2] Em 1880, chegou ao Brasil e trabalhou em Campinas (SP), tornando-se o primeiro pároco de Ibitinga (SP) em 1886, onde faleceu em 1888 aos 61 anos. [3] Foi sepultado no cemitério municipal de Ibitinga.
1. Padre Tiziano Tizianello
Filho de Giuseppe Tizianel e Anna Bravin, conhecida pelo sobrenome Canella.
Avós Paternas: Tiziano Tizianel e Maria Concket.
Avô Materno: Gio Maria Bravin chamado Canella.
14 de Março de 1827 - Nasceu às 08 horas, na localidade de Gorgazzo, cidade de Polcenigo (PN), Itália, com o
nome de TIZIANO TIZIANEL.
Batizado no mesmo dia na Paróquia de S. Giácomo Apóstolo. Vide ato de batismo abaixo:
Estudou no Seminário Episcopal de Portogruaro, mas no arquivo da Diocese de Concórdia-Pordenone consta que o
atestado relativo ao diaconato foi expedido pela Diocese de Ceneda, hoje Diocese de Vittorio Vêneto, onde se
encontra sua carta demissionária.
Nota 1: Na Itália, os padres recebem a nomenclatura de Don antes de
seus nomes. Exemplo: Don Tiziano, Don Massimo, Don Noé.
Possível analogia:
Como padre, adotou o nome de Don Tiziano Tizianello, talvez, quem
sabe, pode ser, nunca se sabe, nunca se terá certeza, em homenagem
ao pintor Tiziano Tizianello - 1570-1650 (este era homônimo do famoso
pintor cadorino Tiziano Vecellio -1474/82-1576), pois há na igreja de
San Lorenzo, na fração de Coltura, em Polcenigo (PN), a pintura
chamada “Trinità con i Santi Lorenzo e Stefano”, realizada em volta de
1625. Muitos sobrenomes de famílias surgiram pelo nome do local onde
moravam ou nasciam, do apelido, ou simplesmente gostar da palavra ou de
algo.
2. Livro: “Breve Guida al Santuário della Santissima Trinità e alle altre chiese di Coltura”,
Parrocchia di Coltura – 1999 – Polcenigo (PN), Itália.
Nota 2 - Curiosidade:
Foram 08 os pintores da Família Vecellio:
O famoso pintor Tiziano Vecellio (1474/82-1576), seu irmão Francesco
Vecellio (1475-1560), seu filho Orazio Vecellio (1515-1576), Fabrizio Vecellio
(morto em 1560), Cesare Vecellio (morto em 1600), Tommaso (morto em
1629), Marco Vecellio – chamado Marco di Tiziano (1545-1611) e seu irmão
Tiziano Vecellio, apelidado Tizianello ou chamado como Tiziano Tizianello II
(1570-1650).
Nota 3: Don Tiziano não pertencia a nenhuma ordem religiosa tanto
na Itália como no Brasil, era clérigo.
Em “Fotos” – Ultima Atualização – março/08, vide cópias dos livros originais do diaconato de Don Tiziano Tizianello
na Diocese de Ceneda, hoje Vittorio Veneto, nos anos de 1848/49.
Conforme informações, em 13/fev/2008, do Arquivo Histórico da Diocese de Concórdia-Pordenone, Itália, Don
Tiziano Tizianello:
- foi ordenado sacerdote em 1852;
- De 1853 a 1864 foi capelão sucessivamente nas cidades de:
- Santo Stino di Livenza (VE),
- S. Giorgio al Tagliamento - fração de S.Michele al Tagliamento (VE),
- Morsano (PN),
- Valeriano – fração de Pinzano al Tagliamento (PN),
- Vigonovo (VE) e
- Fiume Veneto (PN).
- Em 1860 foi residente em Polcenigo (PN),
3. - De 1865 a 1872 foi Pároco em Orcenico Superiore - cidade de Zoppola (PN),
- Em 1873 foi residente em Polcenigo (PN).
Onde:
- VE ... cidade da Província de Veneza
- PN ... cidade da Província de Pordenone
Há no Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo (SP), no Ipiranga, o processo nº. 99, de Padre Tiziano
Tizianello, Seção Primeira e Padres Estrangeiros, de 04/outubro/1920, onde se encontram alguns documentos,
resumidos abaixo:
19/abril/1851 – Documento da Diocese de Concórdia, Itália, sobre Titiano Tizianello (está em idioma da época,
meio italiano meio latim).
07/02/1864 e 07/março/1865 – era padre na Paróquia de San Lorenzo Martire, em Orcenico di Sopra, cidade
de Zoppola, Reino Lombardo Vêneto, Província de Friuli, Distrito de Pordenone.
(conheça a cidade: http://www.comune.zoppola.pn.it/default.asp?id=332)
04/setembro/1868 – Encontra-se como Pároco na Diocese de Concórdia, Itália. (Documento em idioma da
época).
04/abril/1877 – Ainda se encontrava na Itália, na Diocese de Concórdia. Este é um documento escrito como se
fosse um histórico do Padre Tiziano Tizianello ao Bispo de Concórdia, Itália.
22/fevereiro/1880 – Já se encontrava no Brasil, na cidade Barra do Piraí (RJ), conforme seu memorando ao
Episcopado Fluminense. Esse memorando foi despachado na cidade do Rio de Janeiro, em 15/abril/1880.
(conforme foto do verso do memorando – Observe a assinatura)
Portanto, Padre Tiziano Tizianello chegou ao Brasil anteriormente à família de seu irmão Gio Maria, com a
esposa Giovanna Zanolin e filhos, (em 03/04/1883 no Porto do Rio de Janeiro e em 05/04/1883 no Porto de
Santos (SP)). E mulheres Tizianel casadas com Fantin chegaram anteriormente no Espírito Santo (ES).
26/abril/1880, Campinas (SP) - Baseado no despacho de 15/abril/1880 (acima), Padre Tiziano Tizianello
solicita ao “Rev.mo. Coadjutor da Paróquia desta Freguesia” a sua prova de identidade de pessoa, para que as
testemunhas sejam argüidas. (foto do documento)
4. 05/setembro/1880 – São Paulo (SP) – Memorando encaminhado à Câmara Eclesiástica sobre a autuação de
papéis para a habilitação do Padre Tiziano. Assina Padre Adelino Jorge Montenegro, Escrivão da Câmara
Eclesiástica.
04/10/1880, Campinas (SP) - Carta de Constantino Gomes de Mattos ao Cônego Vigário Geral Cônego
Francisco de Paula Rodrigues, para submeter Padre Tiziano ao exame de Teologia.
22/outubro/1880, Campinas – Relatório: ouvidas as três testemunhas sobre a identidade de Padre Tiziano
Tizianello:
1º) Ignácio Pellegrini: casado na Itália é da Paróquia de Santa Cruz, disse que o conhecia desde a Itália, da
Paróquia de Orsina di Soppra (correto: Orcenico di Soppra).
2º) Santo Canagli: 58 anos, lavrador, conhece-o desde a Itália.
3º) João Mezza Lira: 36 anos, casado, natural da Itália, na paróquia de Orcenico di Soppra.
28/10/1880, Campinas (SP) – Memorando sobre as justificativas de identidade.
28/10/1880, Campinas (SP) - Padre Tiziano responde às perguntas sobre Teologia.
04/11/1880, Campinas (SP) – Memorando de Constantino Gomes de Mattos ao Cônego Vigário Geral
submetendo-lhe ao juízo o exame de Teologia do Padre Tiziano Tizianello.
23/novembro/1880, São Paulo (SP) – Memorando de Estevam Leão Bourroul ao Senhor Bispo Diocesano,
onde “diz que o Padre Tiziano Tizianello, sacerdote italiano e súbdito deste Bispado, que havendo prestado o
Exame requerido perante o Rev.mo. Constantino Gomes de Matos, Coadjutor da Paróquia de N.S. da Conceição da
cidade de Campinas, e havendo sido aprovado, como tudo consta dos papéis que foram dirigidos ao Ilmo.rev.mo.
Doutor Vigário Geral pede humildemente a Vossa Rev.ma se digne mandar passar-lhe as respectivas Provisões de
Uso de Ordens e Confessor, visto estarem a findarem-se os trinta dias concedidos ao suplicante para poder
celebrar o Santo Sacrifício da Missa”.
29/11/1880 – Efetuadas anotações no memorando acima (ilegível).
Nota 4: Também se encontra no Arquivo da Cúria Metropolitana de São
5. Paulo (SP) uma ficha, com as seguintes anotações:
a) - Coadjutor de Jaú entre 1883 e 1885. (Este fato era desconhecido da
família)
b) - Vigário de Ibitinga até 1888. Falecido em 21/02/1888.
Outros dados - Pesquisando junto a Casa Paroquial e Cemitério Municipal de Ibitinga (SP), Cúria Diocesana de São
Carlos (SP), Cúria Metropolitana de São Paulo (SP) e do livro “Retalhos II”, de Roque de Rosa, pode-se destacar:
. De 29/Março/1886 a 04/Fevereiro/1888 - Foi o primeiro padre da Cidade de Ibitinga (SP).
- Primeiramente era Capelão-cura.
- Em dezembro/1887 o Curato foi elevado à categoria de Paróquia, então o Padre Tiziano Tizianello passou a ser o
primeiro pároco da cidade de Ibitinga (SP).
Curiosidades – primeiros registros de Padre Tiziano em Ibitinga:
- 26/08/1886 – Realizou o primeiro batizado em Ibitinga: uma criança de nome João, filho de José Bento
Fernandes e Ana Rosa de Jesus.
- 24/04/1886 – Realizado o primeiro casamento: José Luiz Pinto e Maria Madalena Ribeiro, sendo
testemunhas Daniel José de Freitas e Francisco Teixeira de Oliveira.
- 29/03/1886 – Primeiro óbito de Francisco Marta de Pessini.
- 29/01/1888 – Registra o último óbito: de Sebastião, filho de Luiz Antonio de Carvalho e Joanna de Jesus.
Livro de Óbito da Igreja de Ibitinga (SP). Acervo Cúria Diocesana de São Carlos (SP).
- 22/fevereiro/1888 - faleceu em Ibitinga (SP), com idade estipulada de 50 anos, mas na verdade iria
completar 61 anos de idade, no próximo dia 14/março. Seu óbito foi assinado pelo Pe. José Maria Cardillo.
Na foto abaixo, vemos sua última anotação de óbito (29/01/1888) e posteriormente foi registrado o
seu óbito em 21/02/1888 e sepultado em 22/02/1888.
(foto do livro de óbitos – original - da Paróquia Bom Jesus de Ibitinga (SP), que se encontra arquivado na Cúria
Diocesana de São Carlos/SP):
6. Foi enterrado no cemitério antigo da cidade, que era um Cemitério Paroquial.Este cemitério foi inaugurado em
25/agosto/1862 e encerrado oficialmente em 18/julho/1895.
Nota 5: A criação de cemitérios municipais no Brasil foi uma medida
tomada após a vinda da Família Real ao Brasil, por
questões sanitárias.
Durante o período colonial não havia cemitérios no Brasil. As
pessoas geralmente eram sepultadas sob o piso ou nas
paredes das igrejas e dos conventos. A partir de 1828, por razões
de saúde pública, começaram a surgir leis que determinavam
acriação de cemitérios municipais, que só começaram a ser usados
em 1850. A legislação também contemplava a existência e
cemitérios particulares, pertencentes às irmandades.
Todavia, mesmo os poucos cemitérios públicos, pelo fato de
serem consagrados pela igreja, eram vedados aos protestantes. A
solução seria a criação de cemitérios específicos para os
protestantes e outros acatólicos.
Com o advento da república, houve em teoria a plena
secularização dos cemitérios, mas por várias décadas,
especialmente no interior, ainda continuaram a ocorrer casos de
intolerância nessa área, como proibições ou tentativas de proibição
de sepultamentos.
O primeiro cemitério a céu aberto na cidade de São Paulo foi
construído no fim do século XVIII, em terreno pertencente
à mitra diocesana, localizado no atual bairro da Liberdade. No
centro do terreno ficava a capela de Nossa Senhora dos
Aflitos,inaugurada em 27 de junho de 1779; portanto, o cemitério
ficou sendo conhecido como dos Aflitos. Destinava-se a
sepultar indigentes, escravos e supliciados e funcionou até a
abertura do Cemitério da Consolação, quando foram proibidos os
sepultamentos em outros locais.
Em 1845 foi criado um cemitério contíguo ao Convento da Luz,
que também serviria para o sepultamento das religiosas e
de seus capelães, e seria administrado pelas mesmas. Em 1851,
metade desse terreno foi cedida para a abertura de um cemitério
para os estrangeiros católicos. Uma parte desse Cemitério dos
Alemães foi reservada para estrangeiros acatólicos, ficando
conhecida como Cemitério dos Protestantes.
7. (Fonte: “O Cemitério dos Protestantes de São Paulo”, por Alderi
Souza de Matos)
Então os seus restos mortais do Padre Tiziano Tizianello foram trasladados para o novo cemitério, que é
o Cemitério Municipal de Ibitinga (SP). Como neste Cemitério não há o registro inicial do seu sepultamento,
assim os futuros traslados (exumação só ocorre uma vez, segundo o Sr. Roney, administrador atual do cemitério,
e ocorreu do cemitério paroquial para o municipal) não foram anotados nos livros de registros, cujos livros
começaram a ser utilizados em anos bem posteriores.
Nota 6: Na atual capela desse cemitério estão enterrados os padres José
Raphael Boillon (em Ibitinga de 16/12/1921 a 10/07/1947)
e Eutímio Ticianelli (em Ibitinga de 13/10/1968 a
30/12/1988), que pediu para que fosse escrito em sua lápide
apenas:
“Aqui Jaz um Padre”.
Na família comentam que Pe. Tiziano teria sido enterrado na Catedral da Sé, em São Paulo (SP). Conforme
informação do Profº. Roberto Gallo, da Cúria Diocesana-Ipiranga, São Paulo (SP) e da Catedral da Sé, a cripta
desta Catedral guarda restos mortais de vários bispos de São Paulo, do cacique Tibiriçá e do regente Feijó, e
não há padres enterrados ali.
Também procurei informações no Arquivo e no Cemitério da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Catedral de
São Paulo (SP), onde existem capelas e túmulos com restos mortais de padres, freiras, outras famílias, mas nada
foi encontrado sobre a possibilidade de ali estarem enterrados os restos mortais do Padre Tiziano. Conforme a
secretária, poderia ter ocorrido de: A carta que o Bispo de São Carlos (SP) encaminhava os restos mortais do
Padre Tizianello e que foi entregue na Catedral da Sé, por volta da década de 1950 (conforme familiares) pode ter
sido extraviada. E como a família não providenciou um túmulo, pode estar enterrado sem registro (na época a
família desconhecia o fato de poder construir um túmulo particular). Nesse cemitério há túmulos comuns e há
capelas conforme as ordens religiosas, como: Franciscanos, Clérigos, Missionários Claretianos, Companhia de
Jesus, Ordem dos Frades Menores, Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição (onde está enterrada
Santa Paulina – Madre Paulina.