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Por razões que serão explicadas abaixo e também nas páginas
166-9, é provável que muitas da mais lúgubres predições das
Centúrias sejam relativas a uma época que está realmente muito
próxima - especialmente às primeiras décadas do século 21 e,
possivelmente, relacionadas com o fim dos anos 1990.
Um dos mais horripilantes desses prognósticos sombrios pode ser
encontrado na Centúria VIII, Quadra 77, que se refere a uma guerra
que durará não menos que 27 anos. Sua última linha diz: "Granizo
vermelho, água, sangue e cadáveres cobrem a terra". A maioria dos
estudiosos atuais de Nostradamus concorda que essa linha se
refere a um conflito que envolverá armas atômicas e/ ou biológicas.
Obviamente, o uso de armas assim teria o efeito de juncar a terra de
cadáveres. Quanto ao granizo vermelho e à água distinguidos por
Nostradamus, seriam ou de um aerossol deliberadamente usado
para espalhar infecções bacterianas, ou água atmosférica
contaminada por precipitação radioativa decorrente de uma
explosão nuclear (ou ambos). Na pior hipótese, a precipitação
poderia até ser produto de deliberado "polvilhamento" radioativo de
toda uma área, por meio de uma arma excepcionalmente suja - um
dispositivo nuclear revestido de uma capa de cobalto.
A suposição de que a chuva do granizo vermelho da morte sobre o
nosso planeta está próxima é retirada do conteúdo da Centúria I,
Quadra 16, que prevê "praga, fome e morte pelas mãos de militares"
em uma época em que os séculos "se aproximam de sua
renovação".
Essa última expressão é forte indicação de que houve uma
deliberada referência de Nostradamus a teorias esotéricas relativas
a ciclos astrológicos e cronológicos, que ele quase certamente
conhecia - especialmente o conceito neoplatônico de um "Grande
Ano", que consiste em doze "meses", cada um de aproximadamente
dois mil anos do nosso tempo ordinário.
Se "a renovação dos séculos" apontada na Centúria I, Quadra 16,
realmente se aplica ao "Grande Ano" dos platonistas, é provável que
ela indique que a data para a confirmação da profecia de "praga,
fome e morte pelas mãos dos militares" coincida exatamente com o
que alguns ocultistas modernos chamam de "a transição da era de
Peixes para a era de Aquário" - isto é, alguns anos antes ou depois
do ano 2000, já que a data precisa desse evento é um tanto incerta,
por depender de que um astro fixo em particular seja considerado
como marco do início do zodíaco. Esse é um marco técnico, tema
de debate entre aqueles que se aprofundam na teoria esotérica,
mas a essência do assunto é bem clara: a profecia de Nostradamus
a respeito de praga e da fome universais está perto de se cumprir.
Outras quadras das Centúrias parecem confirmar essa
interpretação, por exemplo a Centúria I, Quadra 91, que diz:

         Os deuses tornarão evidente para a humanidade
         Que são os planejadores de uma grande guerra:
       Antes disso, os céus estavam livres de espée et lance
              O maior dano será imposto à esquerda.

As palavras deixadas na forma original do francês, na terceira linha,
implicariam literalmente que o céu se tornaria, de modo muito
improvável, obscurecido por espadas e lanças, na grande guerra
vaticinada pelo vidente. É provável, portanto, que a expressão foi
usada para ser tomada figurativamente por aqueles que a lessem
quando o acontecimento previsto estivesse próximo e que, por"
espée et lance", o estudioso contemporâneo pode entender "armas
e mísseis". O provável significa da expressão "a esquerda”, usada
por Nostradamus na quarta linha da quadra, será examinado nas
páginas 189-91; aqui basta dizer que é possível, mas improvável,
que o vidente a tenha utilizado em seu sentido político moderno, que
data do final do século 18.
A GRANDE ESTRELA QUEIMA
A Centúria II, Quadra 41, é de muito interesse, no que se refere às
profecias de deflagração, por volta da virada do século 20 para o
século 21, de grandes conflitos mundiais com o envolvimento de
armas nucleares e biológicas. Essa quadra diz:

            A Grande Estrela ferverá por sete dias,
   Sua nuvem fazendo com que o Sol pareça ter imagem dupla:
           O grande cão uivará durante toda a noite
             Quando o Papa mudar de habitação.

Em uma tentativa de determinar a época em que sucederá o
acontecimento previsto, identificou-se a "Grande Estrela” da primeira
linha como sendo o retorno do cometa Halley. Entretanto, é difícil
crer nessa interpretação, porque as duas últimas aparições desse
cometa foram tão pouco espetaculares que ele foi quase invisível a
olho nu. Parece bem mais provável que a "Estrela” será a explosão
de uma bomba de fusão extremamente grande. Essas bombas
produzem energia exatamente pelo mesmo processo que ocorre no
interior da maioria das estrelas - a transmutação de hidrogênio em
hélio. Em uma bomba de fusão feita pelo homem, entretanto, a
explosão não "ferve" por uma semana nem produz uma imagem
solar dupla.
Possivelmente, há referência a toda uma série de ataques
nucleares, mas uma explicação mais provável é que a metáfora de
"fervura” utilizada por Nostradamus indica uma enorme nuvem de pó
lançada por bombas de fusão, que levará um tempo muito longo
para cair, mesmo parcialmente, de volta na terra.
Conforme sugerido pela interpretação da última linha da Centúria
VIII, Quadra 77, que foi dada nas páginas 162-3, Nostradamus
previu que os primeiros anos do novo milênio seriam marcados pelo
espalhamento de cadáveres sobre a terra, como resultado de guerra
atômica ou bacteriológica. Mas como deve ser interpretado o
restante da mesma quadra?
Considerada por inteiro, a quadra diz:

            O Anticristo bem depressa aniquila os três,
               Vinte e sete anos sua guerra durará,
         Os hereges são mortos, aprisionados, exilados,
   Granizo vermelho, água, sangue e cadáveres cobrem a terra.

A identidade dos "três" que o Anticristo aniquilará é um mistério para
todos os estudiosos das Centúrias; já se disse que são três grandes
potências mundiais ou três grandes líderes, espirituais ou temporais.
Mas, sejam o que ou quem forem esses três, quem são os hereges
mencionados na terceira linha e qual é o significado da palavra
"Anticristo" conforme foi usada na primeira linha?
É melhor tentar responder à última questão primeiro. De acordo com
as crenças cristãs tradicionais, o Anticristo está destinado a ser um
falso salvador que servirá aos grandes Príncipes do Inferno, infligirá
grandes estragos ao mundo e liderará grande parte da humanidade
por caminhos destrutivos que, muito literalmente, resultarão em
danação. Embora essa crença seja muito antiga, ela ainda é
mantida atualmente por alguns, e vale a pena lembrar que em um
passado comparativamente recente, um homem culto e devoto
como o Cardeal Manning (1808-1892) fez uma série de palestras a
respeito do Anticristo e expressou sua convicção de que alguns dos
eventos mais estranhos ligados à emergência do espiritualismo
moderno poderiam indicar que o Advento infernal - o nascimento do
Anticristo - era iminente.
Estivesse o cardeal certo ou errado sobre suas convicções, parece
não haver dúvida de que Nostradamus adotava conceitos teológicos
que eram, em essência, idênticos àquelas convicções. É de
importância central que quem se dedique a interpretar as quadras
das Centúrias em que Nostradamus mencionou o Anticristo tenha
constantemente em mente que as idéias sobre a vinda do contra-
Cristo, o "filho da perdição", eram parte da "imagem de mundo" de
Nostradamus, como de qualquer cristão culto de sua época. Deve-
se admitir, conseqüentemente, que, se Nostradamus podia ver o
futuro, ele interpretaria sua visão de pessoas e acontecimentos
desagradáveis em termos de um conceito que lhe era familiar - ou
seja, o advento do Anticristo, a manifestação de um salvador falso,
operador de milagres, cujos discípulos seriam servos das Potências
e Principados do Inferno.
Em outras palavras, da mesma forma que Nostradamus parece ter
procurado descrever armamentos do século 20 em termos das
coisas materiais e da tecnologia militar que conhecia (ver páginas
117-20, com relação à Centúria I, Quadra 64), ele teria também
tentado descrever as atitudes morais, bem como as ações
decorrentes delas, que a maior parte de nós caracterizaria como
absolutamente desumanas e relacionadas ao princípio eterno do
mal, em termos da escatologia (crenças e ensinamentos religiosos a
respeito do fim do mundo) do século 16. Nas páginas seguintes,
veremos como essas crenças se conjugam com as profecias de
Nostradamus que parecem referir-se à vinda de um aterrorizante
"Anticristo Supremo", em data logo após o ano 2000.
O MESSIAS DO MAL
Desde a época em que o cristianismo dava seus primeiros passos, a
palavra "Anticristo" vem sendo usada para descrever qualquer
pessoa extraordinariamente má. Embora Nostradamus e outros
cristãos do século 16 tenham empregado a palavra nesse sentido,
para eles o Anticristo Supremo seria um messias do mal - um
profeta de maldade realmente infernal.
As opiniões de São Roberto Bellarmine (1542-1651) com respeito às
origens do Anticristo foram representativas da visão mantida pelos
teólogos que viveram mais ou menos na mesma época de
Nostradamus. Bellarmine acreditou que o pai do Anticristo seria um
incubo - isto é, um demônio que tem relações sexuais com mulheres
- e que sua mãe seria uma praticante da magia negra.
Um frade dominicano do século 17 asseverou que o Anticristo que
estava por vir seria além de filho de um demônio:

[...] malévolo como um louco, com uma perversidade como nunca
foi vista na terra [...] ele tratará os cristãos como as almas
condenadas são tratadas no inferno. Ele terá uma profusão de
nomes de sinagoga, e será capaz de voar quando quiser. Belzebu
será seu pai, Lúcifer seu avô.




Na época de Nostradamus, as crenças escatológicas (ver página
anterior) a respeito das experiências mundiais supostamente
destinadas a ocorrer antes do Juízo Final estavam quase que
inextrincavelmente ligadas ao conhecimento tradicional sobre
eventos os quais se acreditava que iam preceder ou iam vir após a
manifestação do Anticristo. Isso significa que é quase certo que
Nostradamus tenha interpretado como manifestações de um
Anticristo as visões clarividentes que teve das doutrinações e das
ações de Hitler, de Stálin ou de algum governante absolutista que
ainda esteja para assumir o poder.
Nesse contexto, vale atentar para uma determinada passagem da
"Epístola a Henrique II", que foi impressa juntamente com a primeira
edição das Centúrias e que, como está descrito na página 85,
fornecia uma data específica e totalmente correta dos
acontecimentos da época da Revolução Francesa. Essa passagem
faz um relato deprimente dos eventos que, segundo Nostradamus,
precederiam o mandato daquele que ele chamou de "o terceiro [i.e.,
o Supremo] Anticristo".
Escrevendo sobre um "Rei" (que nesse contexto significa um
governante absoluto de qualquer tipo) que cometeria grandes
crimes contra a Igreja, o vidente afirmou que esse homem-monstro:

[...] terá derramado o sangue de mais homens da igreja do que se
poderia fazer com vinho [...] Sangue humano correrá nas igrejas e
nas ruas, como a água após chuva pesada, e tingirá de sangue os
rios próximos [...] e então, no mesmo ano e nos anos seguintes,
seguir-se-á a mais terrível peste, ainda mais virulenta por causa da
fome que a precederá, e tanto sofrimento como não terá existido
igual desde a fundação do cristianismo. [...] O grande Vigário do
Manto [o papa] estará solitário e abandonado por todos [...] Depois
disso o Anticristo será o príncipe diabólico [...] todo o [...] mundo
será sacudido por vinte e cinco anos [...] e as guerras e batalhas
serão atrozes [...] e tantas crueldades serão cometidas por Satã [...]
que quase todo o mundo será desfeito e arruinado.
Exceto pela menção ao Anticristo como "príncipe diabólico" e pela
referência a um mundo devastado em conseqüência de muitos
males cometidos por Satã, não há nada nessa profecia em prosa
que não possa ser tomado como descrição de uma futura série de
acontecimentos políticos. Uma vez que se aceite que há uma
possibilidade genuína de que Nostradamus e outros videntes e
profetas podiam discernir a configuração de eventos futuros (ou
talvez sentir o que está acontecendo em uma realidade alternativa -
ver páginas 245-8), a passagem não contém nada que force demais
a credulidade de seus leitores. Ela poderia perfeitamente ser uma
descrição profética de um futuro ditador monstruosamente mau -
uma versão posterior e mais bem-sucedida de Hitler ou de Pol Pot -
que conseguirá dominar acontecimentos mundiais por um período
de um quarto de século. Não seria de surpreender que um homem
como Nostradamus, conhecedor apenas da tecnologia e da
medicina do século 16, imaginasse que um ditador assim, tendo sob
seu comando todos os benefícios de uma ciência pervertida, de
armas nucleares a bombas carregadas de antraz, não fosse um
homem, mas um diabo - o Anticristo ou um precursor dele.
Alguns estudiosos de profecias e dos escritos de Nostradamus em
particular afirmam - por razões interpretativas que são complexas
demais para ser sequer esboçadas nestas páginas - que o advento
do monstruoso governante descrito pelo vidente em sua "Epístola a
Henrique lI" está para acontecer em breve. Além disso, identificam
esse "Rei" como sendo o terceiro e grande Anticristo. Eles
acreditam, como acreditava Nostradamus, que essa criatura vil está
destinada a derramar "o sangue de mais homens da Igreja do que
se poderia fazer com vinho". Supõem que suas horríveis atividades,
que resultarão no início da "mais horrível peste, ainda mais virulenta
por causa da fome que a precederá", se relacionem com uma guerra
bacteriológica.
Argumenta-se que o terceiro Anticristo será, quase certamente, a
mesma pessoa que vai ser responsável pela descida do Rei do
Terror vindo do céu em julho ou talvez agosto de 1999 (ver páginas
202-6). Se esse for realmente o caso, os prognósticos do futuro
iminente de todos nós são muito sombrios.

                  O FILHO DA PERDIÇÃO
O terceiro Anticristo, o ser que, na profecia de Nostradamus, fará
sangue "correr nas igrejas e nas ruas como a água após chuva
pesada", foi identificado por muitos intérpretes das profecias com
um "filho da perdição", citado no Novo Testamento como alguém
que enganaria muitos com "maravilhas mentirosas".
O texto referido é o trigésimo capítulo do último livro da Bíblia, a
Revelação de São João Divino. Ele descreve uma "segunda besta”,
que os comentaristas tradicionalistas do Novo Testamento alegam
ser a mesma entidade infernal do Anticristo. Essa passagem diz:

     [...] E eu vejo outra besta [...] e ele falou como um dragão.
  E ele [...] faz com que a terra e os que vivem nela reverenciem a
                             primeira besta [...]
E ele faz grandes maravilhas, de tal sorte que faz fogo do céu sobre
                                 a terra [...]
E engana aqueles que vivem na terra por meio desses milagres que
                      ele tinha o poder de fazer [...]
Como foi contado nas páginas 154-69, Nostradamus previu que as
primeiras décadas do terceiro milênio seriam caracterizadas por
guerras, peste, fome, por um ressurgimento do Islã militante e pela
aparição de um líder político-religioso de tal malevolência que o
vidente o identificou como "Anticristo".
Inevitavelmente, uma época descrita por Nostradamus com tais
funestos detalhes não deixará o cristianismo tradicional incólume,
mas este conservará, está profetizado em mais de uma quadra das
Centúrias, a capacidade de reagir - para ser exaltado à vista de
alguns, ainda que humilhado à vista de outros. Nesse contexto, a
Centúria I, Quadra 15, é relevante. Ela diz:

               Marte nos ameaça com força de guerra,
       Setenta vezes isso provocará derramamento de sangue:
        O clero será tanto exaltado como arrastado para baixo
            Por aqueles que nada desejam aprender dele.
Em outras palavras, seguindo-se a uma série de guerras, o
cristianismo e seus líderes serão arrastados para baixo, com certo
sucesso, por aqueles que são adversários ideológicos da fé
tradicional do Ocidente ("que nada desejam aprender").




Mas haverá uma reação a favor do cristianismo histórico, que
exaltará, ou elevará às alturas, a liderança da Igreja Militante.
Nostradamus talvez tenha dado uma pista interessante da natureza
das guerras que, segundo ele, ocasionariam esses conflitos
religiosos, com o uso da expressão "setenta vezes isso provocará
derramamento de sangue". É improvável que ele estivesse
empregando o número 70 em sentido literal e, embora a intenção
possa ter sido apenas indicar um número muito grande de conflitos,
também pode ser que ele estivesse fazendo referência ao
significado do 70 em termos da numerologia cabalística cristã, de
que ele devia ter conhecimento.
O número 70 tem, supostamente, conexão mística com palavras do
hebraico e do caldeu que significam "noite", "vinho" e "segredo"; isso
sugere a possibilidade de que Nostradamus estivesse admitindo que
os responsáveis por muitos dos conflitos prognosticados seriam
devotos de uma fé que ensinasse coisas que os cristãos
considerariam "segredos escuros, noturnos" e praticassem rituais
envolvendo o uso de vinho e, talvez, de drogas estranhas.
Há uma descrição enigmática de um daqueles que estão destinados
a liderar ou inspirar a ressurgência tradicionalista, na Centúria I,
Quadra 96, que diz:

              Um homem receberá a tarefa de destruir
        Templos e seitas alterados por [estranhas] fantasias:
          Ele causará mais dano às pedras que aos vivos,
                Enchendo ouvidos com eloqüência.

Não fica claro se a tarefa de destruição que será dada a alguém,
conforme diz essa profecia nas duas primeiras linhas, lhe será
imposta por outros seres humanos ou por algum poder sobrenatural.
Mas a natureza do trabalho é evidente - destruir, total ou
parcialmente, pseudo-religiões fantásticas que terão enganado a
muitos. Nessa interpretação, deve-se presumir que o culto liderado
pelo maligno que o vidente chamou de "terceiro Anticristo" está
destinado a ser o mais notável desses "templos alterados por
fantasias".
O HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO
Foi sugerido a este autor por um intérprete nostradamiano
contemporâneo (o numerologista esotérico mencionado na página
161) que, à parte a simples proximidade, existe uma conexão oculta
na Centúria 1, entre a Quadra 96 (ver página anterior) e a Quadra
95. Essa conexão, derivada de doutrinas cabalísticas relativas a
uma relação entre as combinações de letras do alfabeto hebraico e
manipulações numéricas especiais de um antigo instrumento
ocultista chamado "a cabala das Nove Câmaras", - levou esse
esoterista a aventar que o líder religioso que destruirá "templos e
seitas alterados por fantasia” e "encherá ouvidos com eloqüência”
deve ser identificado com uma misteriosa criança mencionada por
Nostradamus na Centúria I, Quadra 95, que diz:
Ante um monastério será encontrada uma criança gêmea,
          Descendente de uma antiga linhagem monástica:
             Sua fama e poder nas seitas e eloqüência
 E tal, que dirão que o gêmeo sobrevivente é o eleito [o escolhido]
                            por direito.

Muitos comentaristas do século passado - e alguns de hoje também
basearam suas interpretações dessa quadra na lenda de que Luís
XIV da França era filho ilegítimo do Cardeal Mazarin e tinha um
irmão gêmeo idêntico, e que para evitar disputas sobre a sucessão
ao trono seu irmão foi aprisionado desde tenra idade, até morrer
como o calado, idoso e não-identificado prisioneiro conhecido pela
história como "o Homem da Máscara de Ferro". Entretanto,
pesquisas modernas mostraram que essa antiga interpretação da
Quadra 95 estava errada, pois embora o homem da Máscara de
Ferro tenha de fato existido, ele não era o irmão gêmeo de Luís XIV.
Conseqüentemente, não existe razão para que o sujeito dessa
quadra não possa ser o mesmo líder cristão tradicionalista da
estrofe seguinte. Se com o tempo isso se mostrar correto, é
provável que sua descendência "de uma antiga linhagem monástica”
provará ser uma referência simbólica a suas crenças, e não uma
descrição literal de sua ascendência.
No período que se seguiu à queda do império de Napoleão III em
1870, alguns dos nostradamianos franceses eram também
dedicados Legitimistas - partidários de uma restauração, ao trono da
França, do representante da linhagem Bourbon mais antiga. Esse
monarquismo os levou a fazer um estudo intenso de algumas
quadras das Centúrias que contêm referências a um homem que
Nostradamus denominava "o grande Chyren" e que aqueles
intérpretes,  empregando       muitos    argumentos     inteligentes,
identificavam como o Conde de Chambord, que era na época o
Pretendente (ao trono) da linhagem Bourbon mais antiga.
Podemos ter certeza de que essas interpretações estavam erradas,
pois essa linhagem Bourbon se extinguiu na década de 1880, mas
não pode haver dúvida de que Nostradamus previu, sob o codinome
"Chyren", o advento de um certo francês que exerceria imensa
influência para o bem, tanto sobre seu próprio país como sobre o
mundo. De acordo com alguns nostradamianos de hoje, esse
francês pode bem ser o já citado tradicionalista destruidor de falsas
religiões (ver páginas 174-6) e um papa cuja eleição foi prevista na
Centúria V, Quadra 49, que diz:
Não da Espanha, mas da antiga França
  Será escolhido [eleito] o que guiará o trêmulo barco [a barca do
                              papado],
                Ele fará uma garantia ao inimigo,
       Que provocará uma vil pestilência durante seu reino.

Não houve nenhum papa francês desde antes do nascimento de
Nostradamus; portanto sabemos que essa profecia ainda não foi
cumprida. O conteúdo da primeira linha da quadra é muito curioso,
pois embora faça sentido que Nostradamus desse a nacionalidade
do papa, parece não haver uma boa razão para que achasse
apropriado declarar que o papa não seria espanhol. A explicação
mais provável é
que a quadra vaticine um cisma iminente e que em breve haverá
dois pretendentes ao papado - entre os quais Nostradamus
considerou legítimo o de origem francesa.
A última linha, com sua sugestão de armas químicas ou biológicas
sendo utilizadas contra os partidários do verdadeiro papa, é
desagradavelmente coincidente com outra quadra que profetiza que
tais armas serão utilizadas pelo terceiro Anticristo.
OBSCURIDADES PROFÉTICAS
Um assunto de debate entre os estudiosos das Centúrias é se o
homem destinado a destruir o que o vidente, olhando o futuro
distante, considerou serem templos dedicados a uma fé falsa e
fantástica (ver páginas 175-6) pode ser o mesmo que foi chamado
de "Grande Chyren" e/ou o papa francês que conduzirá o trêmulo
barco do papado (ver páginas 177-8). Entretanto, a menos que as
muitas profecias do vidente relativas ao terceiro Anticristo estejam
totalmente erradas, não pode haver dúvida de que os principais
oponentes do "destruidor" tradicionalista cristão cujo advento foi
vaticinado na Centúria I, Quadra 96, serão o agourado messias do
mal, seus discípulos e aqueles que se aliam a ele.
Várias estrofes de Nostradamus tornam evidente que Nostradamus
acreditou que o terceiro Anticristo seria um asiático de nascimento,
e o lugar desse acontecimento ou, em outra alternativa, o lugar em
que o poder do Anticristo estará centrado, se encontra
provavelmente profetizado na Centúria IX, Quadra 62, que por
complexas razões numerológicas, está associada ao conceito do
Anticristo. Ela diz:

             Ao grande homem da ágora Cheramon
         Todas as cruzes serão ligadas conforme a classe,
  O ópio e mandrágora pertinazes [provavelmente significando "de
                         efeito perpétuo"]
            Rougon será lançado em três de outubro.

Essa quadra, expressa de modo tão obscuro como qualquer quadra
das Centúrias, muitas vezes foi interpretada pelos comentaristas
modernos como referência a técnicas mágicas secretas que
envolvem o uso de drogas alucinógenas ("ópio e mandrágora”) e
palavras que os magos do mundo antigo chamavam de "palavras
bárbaras de evocação" - duas das quais seriam "ágora Cheramon".
Essa interpretação provavelmente está errada por dois motivos. O
uso que o vidente fez da expressão "ópio e mandrágora pertinazes"
implica que ele não estava empregando o nome dessas drogas
alteradoras da consciência em sentido literal; ao contrário, estava
tentando expressar, em palavras correntes no seu tempo, que o
sujeito da quadra usaria como armamento substâncias causadoras
de frenesi, coma e morte - em outras palavras, empregaria
exatamente o mesmo tipo de arma química associada ao Anticristo
em outras quadras. Em segundo lugar, "ágora (o mesmo que praça,
mercado) Cheramon" não é uma "Palavra de Poder" do ocultismo;
era o nome clássico de um obscuro vilarejo na região que hoje é a
Turquia, e as "cruzes" que Nostradamus previu que estariam
"ligadas a ele conforme a classe" constituem provavelmente a
hierarquia da seita liderada pelo pseudo-messias.
A última linha da quadra parece predizer que o terceiro Anticristo
fará um ataque usando venenos químicos ("Rougon") em um 3 de
outubro precisamente datado. É uma pena que Nostradamus não
tenha sido igualmente preciso sobre o ano do acontecimento!
Como os leitores deste livro já terão percebido, pelo conteúdo de
algumas quadras parece que Nostradamus profetizou que os anos
imediatamente anteriores ou posteriores ao ano 2000 constituirão
uma época de crises contínuas e sem precedentes.
Estamos fadados, assim predisse o vidente, a suportar uma época
de tormenta política e social, cismas e guerras - em grande parte
motivados por religião levados a efeito com armas químicas e
bacteriológicas. É quase certo que, se esses acontecimentos
previstos de fato ocorrerem, eles resultarão direta ou indiretamente
em uma desastrosa queda de todas as economias do mundo e em
miséria, fome, doença e morte para centenas de milhões de
pessoas. Não é de surpreender que o vidente tenha profetizado
exatamente tais acontecimentos - praga, fome, a degradação das
moedas e conseqüentes tumultos e distúrbios civis.
N. da T.: O Forte Knox é a casa da moeda americana.

É provável que em todas as décadas de todos os séculos, desde os
primórdios da humanidade, pessoas tenham morrido de fome em
alguma(s) parte(s) da terra - e qualquer vidente que tenha feito uma
profecia sem data, sobre fome futura em um determinado país, deve
ter tido a certeza de que um dia ela seria cumprida. As Centúrias, de
fato, contêm algumas profecias desse tipo - por exemplo, é prevista
uma onda de fome no Irã, na Centúria I, Quadra 70, que diz:
Chuva, fome e guerra sem cessar na Pérsia,
            Confiança muito grande trairá o monarca,
       Os assuntos iniciados na Gália também terminarão lá,
          Um augúrio secreto para alguém ser poupado.

Interessante - e possivelmente ligado a desenvolvimentos futuros a
ser observados na República Islâmica do Irã -, mas seu significado
preciso é vago demais para que seja interpretado com razoável
perspectiva de sucesso, ainda que não totalmente, antes que
sucedam os acontecimentos eles mesmos. Por outro lado, há uma
profecia nostradamiana de uma penúria mundial de particular
severidade, que parece ser referente a uma época de sublevação
política, religiosa e econômica que o vidente previu para os anos em
torno da virada do século 20 para o século 21. Essa profecia
deprimente é feita na Centúria I, Quadra 67, que diz:

             A grande penúria que sinto aproximar-se
 Se repetirá com freqüência [em determinados países] e então se
                        tornará universal:
            Tão grande será ela, e durará tanto tempo
  Que eles [os famintos] comerão raízes de árvores e roubarão
                        crianças do seio.
Esta última linha pode significar que os famintos tirarão crianças do
seio para sugarem o leite eles mesmos - ou pode ser que
Nostradamus tenha profetizado uma fome de tal severidade que o
canibalismo será praticado em escala considerável pelo mundo
todo!




Essa escassez está destinada a ser acompanhada de uma inflação
igualmente generalizada, em que o dinheiro de papel perca
completamente o valor - pelo menos é o que parece pela Centúria
VIII, Quadra 28. Essa estrofe diz:
Os simulacros [imagens ou reproduções] de ouro e prata
                          inflacionados,
     Que após o roubo [do valor real] foram lançados ao lago,
      A descoberta de que tudo está destruído pelo débito
          Todos os títulos e cautelas serão cancelados.

Como o dinheiro de papel, "simulacro de ouro e prata”, era
desconhecido na Europa na época em que Nostradamus estava
escrevendo as Centúrias, a primeira linha da estrofe é notável por si
mesma; se a profecia toda estiver destinada a se mostrar correta,
essa inflação que se aproxima será a mais total e devastadora que o
mundo já conheceu, pois não apenas o dinheiro de papel se torna
sem valor, mas "todos os títulos e cautelas" - em outras palavras,
toda a riqueza, exceto propriedades reais e outras riquezas
materiais - serão eliminados.
Em uma situação como essa, seria provável que houvesse um
desejo universal de conseguir, sob alguma forma, o único meio de
troca fácil de carregar - ouro e outros metais preciosos. Esse desejo,
acompanhado da raiva contra os banqueiros, que seriam apontados
como culpados pela situação econômica que teria resultado em
pauperismo geral, poderia sem dúvida resultar em distúrbios civis,
tumultos e saques de prédios vinculados a instituições financeiras.
Uma tal erupção de fúria candente de um povo contra um sistema
que eles achem que lhes tenha tirado tudo aparentemente está
prevista na Centúria X, Quadra 81, que diz:

 O tesouro é colocado em um templo por cidadãos das Hespérides
                            [América]
      Apartado dentro dele para um lugar secreto de guarda,
O templo será arrombado por penhoras [significado incerto] famintas
     Recapturada, raptada, uma presa terrível no meio [dele?].

Cofres de bancos e construções modernas semelhantes para
armazenamento de metais preciosos eram, é claro, coisas
desconhecidas para Nostradamus, que pode ter utilizado a palavra
"templo" para se referir a um cofre - nos tempos clássicos era
bastante comum que os cidadãos guardassem suas riquezas nos
templos dos deuses. Como o "templo" citado nessa quadra fica na
América, a estrofe toda é, provavelmente, uma descrição profética
de um violento ataque ao Forte Knox, cujos cofres contêm a maior
parte das reservas de ouro dos EUA.
Existe - e talvez sempre tenha existido - uma tendência entre os
comentaristas de Nostradamus para ajustar determinadas previsões
a acontecimentos que estiveram no noticiário em tempos
comparativamente recentes. Embora essa tendência tenha sido
responsável pela identificação de alguns notáveis acertos de
previsão, como a quadra sobre o Grande Incêndio de Londres (ver
páginas 59-62), é uma tendência que guarda seus perigos. Primeiro,
o intérprete tende a começar a distorcer a estrofe já torcida do
vidente, para fazer com que ela se ajuste a acontecimentos que
ocorreram na época do intérprete. Em segundo lugar, às vezes
acontece que o intérprete abandone todo o bom senso e chegue à
conclusão de que Nostradamus fez um grande número de profecias
a respeito de acontecimentos que ocorreram centenas de anos após
a sua morte e que são, exceto na mais curta das escalas
cronológicas e na mais paroquial das perspectivas, quase
irrisoriamente insignificantes.
Essa tendência levou mais de um estudioso atual das Centúrias a
saudar a Centúria X, Quadra 49, como uma predição do acidente
nuclear americano que teve lugar há alguns anos na usina de
energia de Three Mile Island - o acidente, até o desastre de
Chernobyl, mais sério ocorrido no mundo. A quadra em questão diz:

             Jardim do mundo perto da cidade nova,
                Na estrada das montanhas ocas,
            Será agarrado e jogado dentro do tanque,
         Forçado a beber água envenenada com enxofre.

Os que alegaram que essa profecia se refere à emergência de
Three Mile Island afirmam que a "cidade nova" da primeira linha é
Nova York (o que, de fato, é quase certamente o caso - ver página
191), que as "montanhas ocas" da linha dois foi a maneira
encontrada por Nostradamus para descrever arranha-céus
percebidos por ele em visão e que as linhas três e quatro se referem
à ameaça que o acidente poderia ter representado ao
abastecimento de água de Nova York, em conseqüência da
precipitação radioativa.
Pode ser, mas mesmo que se aceite, como aventou um intérprete,
que o "enxofre" da quarta linha deva ser entendido como o princípio
alquímico que leva esse nome (a essência do abrasador "elemento"
da destruição, do qual a radioatividade descontrolada é uma
manifestação especial), e não como um composto do elemento
químico enxofre, a previsão dificilmente pode se aplicar aos efeitos
do incidente de Three Mile Island. O fato simples é que, embora os
acontecimentos acidentais ocorridos ali tenham ameaçado com o
desastre uma grande área do nordeste dos Estados Unidos, eles
foram controlados de tal forma que nenhuma catástrofe ocorreu de
fato, e o suprimento de água de Nova York ou de outro lugar
qualquer não foi envenenado.




No entanto, com suas menções à "cidade nova” (que, por consenso,
era a forma como Nostradamus descrevia Nova York), a quadra
pode parecer aplicável ao envenenamento (literal) dos reservatórios
de água de Nova York ou de algum centro populacional próximo a
ela. A menos que a profecia que Nostradamus fez na Centúria X,
Quadra 49, estivesse totalmente errada - e devemos lembrar que
alguns dos prognósticos do vidente parecem mesmo ter sido
bastante errôneos (ver páginas 265-8) -, esse acontecimento
pertence ao futuro, pois certamente ainda não aconteceu.
O conteúdo dessa profecia, obviamente, não é de natureza a dar
qualquer indicação da data provável de seu cumprimento, mas
considerações numerológicas e outras parecem ligá-la a algumas
outras quadras que se referem a acontecimentos previstos para os
últimos anos do século 20 e os primeiros anos do seguinte. Em
outras palavras, essa profecia sobre habitantes de Nova York ou
outros americanos estarem em uma situação em que não têm
escolha senão
"beber água envenenada com enxofre" relaciona-se à época das
profecias relativas a guerras santas dos militantes islâmicos, ao
terceiro Anticristo, conflitos mundiais e escassez (ver páginas
154-61).
Portanto, é provável que, se a profecia da água envenenada tiver de
se cumprir, isso ocorrerá (a) em algum momento num futuro
próximo, provavelmente entre 1995 e 2005, e (b) em conseqüência
de um ataque militar contra os Estados Unidos. Também é provável,
em vista do conteúdo da primeira linha da estrofe - "Jardim do
mundo perto da cidade nova” -, que o envenenamento tenha maior
impacto sobre o estado vizinho, New Jersey, chamado de "o estado
jardim", do que sobre a própria Nova York.
Se as usinas de purificação de água fossem derrubadas por
bombardeios, como aconteceu em Bagdá durante a Guerra do
Golfo, a água do abastecimento poderia ficar poluída de tal maneira
que seria perigoso beber dela. Entretanto, isso poderia ser
facilmente contornado com o cuidado de ferver a água antes de usá-
la; então o uso que Nostradamus fez da expressão "forçados a
beber" sugere um envenenamento de natureza bem mais grave do
que simples poluição - mais provavelmente pelo uso de armas
químicas ou nucleares. A primeira hipótese seria a mais provável se
a palavra "enxofre" fosse entendida literalmente, pois existem
alguns compostos de enxofre de enorme virulência. Se, entretanto,
houve intenção de que a palavra fosse entendida simbolicamente, é
mais provável que a profecia se relacione com venenos radioativos
e com um ataque nuclear aos EUA Em relação à possibilidade de
um ataque nuclear, o conteúdo da Centúria VI, Quadra 97,
examinada em detalhe nas páginas a seguir, é de grande e
assustadora pertinência.
Nenhuma parte da área terrestre continental dos Estados Unidos
jamais sofreu os efeitos diretos da guerra moderna, o que significa
dizer de uma guerra que emprega armamentos aéreos e mísseis
terra-a-terra. Embora desde 1917 até hoje inúmeras famílias
americanas tenham sofrido os efeitos de guerras estrangeiras - que
vão desde dificuldades econômicas até a dor sofrida pela morte de
vizinhos, amigos e parentes -, o único dano diretamente infligido à
área continental do país por forças militares estrangeiras, desde
1814, foram os insignificantes problemas impostos à costa oeste, na
Segunda Guerra Mundial, por bombas lançadas de submarinos
japoneses, e, ainda mais superficiais, dispositivos incendiários
lançados por balão desde o outro lado do Pacífico.
Está previsto nas Centúrias que essa relativa imunidade às
devastações da guerra moderna, que afetam a população civil, não
está programada para durar muito tempo mais, pois Nostradamus
profetizou que a série de conflitos mundiais que ele viu começar por
volta da virada deste século - em algum momento entre 1995 e
2004, se aceitarmos a cronologia nostradamiana aceita pela maioria
dos estudiosos contemporâneos das Centúrias - infligiria um volume
imenso de danos à América e a seus povos. Tome-se, por exemplo,
a previsão de um conflito global contida na Centúria I, Quadra 91,
cuja transcrição está na página 163. A última linha dessa quadra diz:
"O maior dano será imposto à esquerda”.
A palavra "esquerda” muito provavelmente não foi usada pelo
vidente em seu sentido político moderno - embora não se possa
eliminar totalmente essa possibilidade, pois em algumas de suas
profecias cumpridas, ele parece ter usado a palavra "vermelhos" em
seu sentido moderno de "revolucionários socialistas", e não no
sentido mais normal no século 16, que seria "cardeais romanos". É
possível, ainda, que dizendo "esquerda” Nostradamus quisesse
apenas indicar o antagonista de motivação mais sinistra, pois a
acepção latina original da palavra "sinistro" é "esquerdo".
Parece mais provável, entretanto, que o vidente tenha feito
referência ao tipo mais comum de mapa do mundo, que era usado
em seu tempo e que, na verdade, ainda é o mais usado. Nesse
desenho essencialmente eurocêntrico, o hemisfério norte é
mostrado no alto do mapa e o "hemisfério ocidental" - as Américas -
fica à esquerda. Se o profeta fez, como parece praticamente certo,
uma referência geográfica desse tipo, a última linha da Quadra 91
da Centúria I pode ser parafraseada, no contexto das três primeiras
linhas, dizendo-se: "Na guerra mundial profetizada, feita com uso de
mísseis e outras armas de combate aéreo, o maior dano será
sofrido pelas Américas".
Essa interpretação do significado da última linha da estrofe se torna
mais     verossímil   pelo    conteúdo     de     uma      quantidade
surpreendentemente grande de outras profecias feitas nas
Centúrias - por exemplo, a Centúria VI, Quadra 97, que contém
também uma referência claramente geográfica:

                    O céu arde a 45 graus,
          O fogo se aproxima da grande cidade nova,
        Uma chama enorme, espalhada, salta bem alto
     Quando querem ter prova [ou indicação] dos normandos.

Muitas vezes é difícil ter exata certeza sobre o que está sendo dito
por Nostradamus nas estrofes sobre o nosso futuro, mas no caso
dessa quadra somente o significado da última linha parece estar sob
alguma dúvida maior (ver quadro abaixo). A referência a "quarenta e
cinco graus", na primeira linha, deve ser relativa à latitude e/ou
longitude aproximada (talvez numa extensão entre 40º e 50º) de
alguma determinada área da superfície da terra; não é sensato
entendê-la como uma referência astronômica relativa à elevação ou
a um certo grau zodiacal, por exemplo, pois nesse caso o restante
da quadra ficaria sem sentido.
Como referência geográfica referente a uma latitude e/ou longitude
entre as linhas de 40 e 50 graus, 45 graus pode aplicar-se a
diferentes regiões, entre elas áreas de produção de petróleo no
Oriente Médio e uma enorme porção dos EUA, inclusive todo o
estado de New England e Nova York. Pode ser que essa seja uma
das predições duplas de Nostradamus, que se aplica a essas duas
partes do mundo, mas a menção à "grande cidade nova" na
segunda linha da quadra deixa claro que a implicação principal da
profecia é quanto aos EUA, pois todas as outras menções a uma
"cidade nova”, nas quadras, parecem referir-se a Washington, a São
Francisco ou, mais comumente, a Nova York.
Há de parecer, assim, que as linhas dois e três são uma profecia de
um amplo ataque nuclear aos EUA (que poderia coincidir com um
acontecimento semelhante no Oriente Médio), no qual Nova York
será danificada - e talvez totalmente destruída - pela "chama que se
aproxima”.

         NORMANDOS E HOMENS DO NORTE
Como foi explicado acima, a Centúria VI, Quadra 97, parece conter
uma profecia específica de um ataque nuclear a Nova York e outras
áreas dos Estados Unidos. Somente o significado da última linha da
quadra, "quando querem ter prova [ou indício] dos normandos",
parece ser assunto de debate.
Alguns famosos nostradamianos, entre eles Erika Cheetham,
entenderam essa linha como possível referência ao envolvimento
militar e diplomático da França em acontecimentos ligados ao
bombardeio de Nova York. É possível, mas a palavra "normandos"
deriva de uma palavra do nórdico antigo que significa simplesmente
"homens do norte"; portanto, é perfeitamente possível que a linha
indique não a França, mas uma coligação do norte asiático - talvez
uma liderada pelo "terceiro Anticristo" de Nostradamus.
NOSTRADAMUS E A ERA DO TERROR
 O FILME O PARQUE DOS DINOSSAUROS TEM COMO TEMA A
RECRIAÇÃO DE MONSTROS ANTIGOS, EXTINTOS HÁ MILHÕES
DE ANOS. NOSTRADAMUS ACREDITAVA QUE MONSTROS EM
  FORMA HUMANA, MORTOS HÁ MUITO TEMPO - TAIS COMO
GÊNGIS KHAN - RETORNARIAM PARA PAVONEAR-SE SOBRE A
         TERRA EM UM FUTURO PRÓXIMO DE NÓS.

Como foi demonstrado no capítulo anterior, são realmente sombrias
as profecias de Nostradamus que provavelmente se referem à
segunda metade da década de 1990 até um bom trecho do século
21 - uma ameaça de penúria mundial de muita profundidade, de
muitos de nós acabarmos comendo raízes das florestas e/ou
praticando canibalismo; de guerras combatidas com armas
químicas, bacteriológicas e nucleares; da pior inflação jamais vista
pela humanidade; e de todas as conseqüências econômicas e
sociais dos excessos do fanatismo religioso. Em resumo, essas
profecias indicam a iminência de uma era de monstruoso terror e de
um horror quase sem abrandamento.
É de tal forma assustadora a natureza do que Nostradamus
profetizou para nós e para nossos filhos - ou, pelo menos, o que a
maioria dos nostradamianos atuais acredita ser o que o vidente
profetizou para nós - que mesmo o mais dedicado admirador das
Centúrias e do currículo de seu autor deve ter a esperança de que
ele estivesse inapelavelmente errado; ou, melhor ainda, de que os
intérpretes da obscura linguagem das quadras que parecem ser
cronologicamente relativas ao presente tenham entendido mal seu
significado ou mostrem ter errado em alguns séculos o cálculo da
escala de tempo apropriada. Isso há de ser ainda mais esperado em
razão da natureza funesta de muitas das predições comentadas nas
páginas a seguir.




Tais predições compreendem: um grande desastre, talvez
envolvendo armas de fusão, que ocorrerá no mesmo momento de
uma edição iminente dos Jogos Olímpicos; a intervenção, nos
negócios mundiais, de certo horror - que pode ser um indivíduo ou
uma coisa material -, ao qual Nostradamus deu o enigmático
codinome de "Rei Reb"; movimentos religiosos sinistros; mais
guerras e penúria; e um sombrio
 futuro para a Rússia.
Nem tudo é assim deprimente, pois embora Nostradamus pareça ter
profetizado muitas desgraças para os anos à nossa frente, ele
também parece ter acreditado que um dia, muito depois de todo
esse sofrimento, os seres humanos viverão em felicidade e viajarão
entre as estrelas.




Os estudiosos atuais fazem uma espantosa afirmação acerca das
estranhas quadras proféticas de Nostradamus. Eles alegam que em
duas delas - Quadra 74 da Centúria X e Quadra 50 da Centúria I - o
vidente previu que, à época dos Jogos Olímpicos de 2008, antigos
cultos secretos que há muito se acreditava estar extintos ou
guardados por um punhado de ocultistas esquisitos demonstrarão
seu poder ao mundo. Essas seitas estranhas são de natureza pagã,
relacionam-se com a necromancia (o culto dos mortos), vão assumir
uma característica sangrenta e, em 2008, poderão ser lideradas
pelo indivíduo que está destinado a ser o responsável pela vinda do
"Rei do Terror" (ver páginas 202-6).




Eis aqui, portanto, pelo valor que possa ter, uma paráfrase dessa
interpretação das duas quadras, das quais foram extraídas as
conclusões proféticas sensacionais e alarmantes estampadas na
primeira página deste capítulo. A Quadra 74 da Centúria X diz:

            O ano do grande sétimo número revolvido
           Aparecerá na época dos jogos da Hecatombe
                  Não longe do grande Milênio,
Quando os mortos deixarão seus túmulos.

"Não distante do grande Milênio" é entendido com o significado de
"perto do (i.e., a não muitos anos do) ano 2000". Isso poderia
significar tanto antes como depois do ano do milênio. Entretanto,
como o ano exato que Nostradamus quis indicar fica depois de um
ano terminado em sete ("O ano do grande sétimo número revolvido",
isto é, finalizado), aplica-se à previsão uma data subseqüente ou a
1997 ou a 2007. Como Nostradamus escreveu sobre o grande
sétimo número, obviamente era a 2007, e não a 1997, que o vidente
se referia; dessa maneira, o acontecimento previsto, ou seja, o
momento em que, metafórica ou literalmente, os mortos deixarão os
túmulos, ocorrerá imediatamente após 2007, muito provavelmente
no ano de 2008.
A segunda linha da quadra confirma que é 2008 o ano bem indicado
para o cumprimento da profecia: ''Aparecerá na época dos jogos da
Hecatombe". Uma hecatombe - a palavra deriva de um termo do
grego clássico que significa literalmente "cem bois" - é um grande
sacrifício público de sangue, que envolve o abate ritual de muitas
vítimas. Nos primórdios da Grécia clássica, esse sacrifício público
era realizado no início dos Jogos Atléticos periódicos que se
realizavam em Corinto e em outras cidades. Esses jogos, dos quais
os mais conhecidos eram os que tinham lugar no Olimpo, eram
muito mais do que simples "jogos", no sentido moderno da palavra;
eram festivais pagãos solenes freqüentados por atletas de todas as
áreas de língua grega do Mediterrâneo oriental. Os Jogos Olímpicos
originais eram ligados aos cultos da deusa do submundo, Demétria
(as únicas mulheres admitidas nas Olimpíadas eram suas
sacerdotisas), e da deusa da Lua, Selene, que provavelmente
derivaram de um culto primitivo de fertilidade.
Perto do final do século 4, todos os Jogos, inclusive os realizados
em Olimpo, foram suprimidos pelo Imperador Teodósio, que era
cristão, como todos os imperadores da segunda metade daquele
século - à exceção de Juliano, o Apóstata. Isso foi feito em razão da
natureza pagã de todos os Jogos e do fato de que era
profundamente ofensiva ao recato cristão a convenção de que os
atletas participantes dos Jogos deviam competir nus. O ato do
imperador trouxe um fim a todos os Jogos que ainda eram, pelo
menos em nome, os "jogos da Hecatombe", embora os sacrifícios,
na verdade, pareçam ter deixado de ser executados muitos anos
antes.
Existe alguma coisa, hoje, a que a expressão "jogos da Hecatombe"
usada por Nostradamus possa se aplicar? Bem, certamente não
existem jogos públicos nos quais se sacrifiquem animais aos antigos
deuses, mas as Olimpíadas modernas foram estabelecidas, em
1896, como uma deliberada revivificação, após cerca de 1500 anos
de quase esquecimento, do maior de todos os "jogos da
Hecatombe" - os realizados em Olimpo e relacionados com os cultos
de Demétria e Selene.
O primeiro dos Jogos Olímpicos restaurados programado para
ocorrer após 2007 - "o ano do grande sétimo número revolvido"
citado na primeira linha da Quadra 74 da Centúria X - será o que
deve ocorrer em 2008. É nesse ano que algo - seja quem ou o que
for - "aparecerá" e que, real e/ou simbolicamente, "os mortos se
levantarão de seus túmulos". Por razões complexas, esse "algo" que
aparecerá é identificado como sendo uma pessoa mencionada na
Quadra 50 da Centúria I, que será examinada nas páginas a seguir.
As três grandes fés religiosas que Nostradamus e seus
contemporâneos conheciam eram o islamismo, o judaísmo e o
cristianismo, para as quais são dias santos, respectivamente, a
sexta-feira, o sábado e o domingo. Mas na Quadra 50 da Centúria I
Nostradamus se refere a alguém que não é seguidor de nenhuma
dessas três religiões, pois a quadra diz:

                 Do Trígono da Água nascerá
      Alguém que celebrará quinta-feira como seu dia santo,
            Sua fama, aclamação e poder crescerão
                Na terra e no mar, provocando
                    Tormentas no Oriente.

A primeira linha dessa estranha profecia simplesmente nos conta
algo sobre as influências astrológicas destinadas a ser
proeminentes no horóscopo da pessoa a quem a previsão se refere
(ver quadro nas páginas 200-1). Mas o que dizer da segunda linha
da quadra, que descreve essa pessoa como "alguém que celebrará
a quinta-feira como seu dia santo"? A forma exata de paganismo ao
qual essa pessoa pertencerá é incerta, mas em razão da referência
a mortos que deixam seus túmulos, existente na última linha da
Quadra 74 da Centúria X, é provável que essa seita envolva a
restauração de um antigo culto aos mortos talvez, à vista da
referência a "tormentas no Oriente", a alguma forma degenerada de
tantrismo da mão esquerda ou um culto de Bon.




As interpretações das duas quadras tanto em relação mútua quanto
em relação a outras profecias de Nostradamus são evidentes e
podem ser resumidas assim: nos primeiros anos do novo milênio,
uma influência nova e poderosa estará agindo no mundo - um líder
político malévolo que será também um líder religioso, ou, de
qualquer modo, um líder quase religioso. Presume-se que seus
seguidores o verão como um gênio espiritual, e é bastante evidente
que ele nem sequer alegará ser cristão, muçulmano ou judeu, pois
está descrito que será alguém "que celebrará a quinta-feira como
seu dia santo".




No ano 2008, esse governante se engajará em uma ação, ou ações
de grande e desagradável importância. Há boas razões para
associar provisoriamente o "Rei do Terror" de 1999, tratado nas
páginas 202-6 (ou, ainda, a pessoa que coloque em ação uma
realidade qualquer que tenha sido simbolizada por essa expressão),
com aquele cuja fama cresce a tal ponto que se seguem "tormentas
no Oriente" - a menos que, e até que, o curso da história demonstre
que as descrições se referem a duas pessoas completamente
diferentes. Entretanto, isso parece improvável; é bem mais possível
que aquele que venha a levantar "tormentas no Oriente" - que,
nesse contexto, deve-se presumir que sejam sublevações religiosas,
sociais e políticas, e não tempestades meteorológicas - mostre ser a
mesma pessoa que aquela que há de ser o "Rei do Terror" ou estar
ligada a ele. É bastante provável, também, que ele seja o mesmo
“Anticristo" mencionado como sendo alguém ligado ao "Rei Reb", na
Quadra 66 da Centúria X.


                   O TRÍGONO DA ÁGUA
Segundo a astrologia tradicional, os doze signos do zodíaco são
divididos em quatro trígonos, ou trios de signos. Cada trígono é
atribuído a um dos "elementos" do conhecimento esotérico antigo -
Terra, Ar, Fogo e Água. Os signos zodiacais do trígono da água são
Câncer, Escorpião e Peixes; portanto Nostradamus estava
indicando na primeira linha da Quadra 50 da Centúria I que esses
signos seriam importantes no horóscopo do personagem. Talvez,
por exemplo, a pessoa em questão nasceria com ascendente
Escorpião, com o Sol e Mercúrio em Peixes e a Lua em Câncer. Em
outras palavras, Nostradamus estava prevendo que um futuro
governante teria um mapa astral dominado por planetas e pontos
astrológicos supostamente significativos em signos do zodíaco
pertencentes ao trígono da água.
Em certas circunstâncias, um tal horóscopo poderia parecer
realmente muito sinistro a alguém que aplicasse a ele as normas
astrológicas que estavam em voga na época em que Nostradamus
praticava a astrologia, que então ainda era chamada de "a ciência
celestial" em geral considerada abaixo apenas da teologia em
importância.
Se, por exemplo, Sol e Marte estivessem no ascendente, no signo
aquático de Escorpião, no mapa astral de um indivíduo, um
astrólogo competente do século 16 assumia que essa pessoa era
brutal, sanguinária, propensa a iras furiosas, altamente sexuada,
sagaz e enganadora - ou, no jargão de nossa época, um sociopata
altamente inteligente, extremamente astuto e anormalmente
violento.
Isso levanta uma possibilidade interessante. Pode ser que
Nostradamus não tenha discernido, em visão, o horóscopo do
indivíduo que ele descreveu, mas simplesmente obteve uma
impressão do caráter dele ou dela e, com base em seu
conhecimento das leis astrológicas, inferiu que o infausto
governante deveria fatalmente ter o tipo de mapa de nascimento
que então indicou.
Até hoje a humanidade não experimentou uma guerra em que um
enorme número de pessoas - combatentes ou civis - tenha morrido
pelos efeitos de armamento químico ou nuclear. Embora em um
grande número de ocasiões tenha utilizado gás tóxico (cloro,
fosgênio e mostarda) durante a Primeira Guerra Mundial, as mortes
causadas por seu uso foram surpreendentemente poucas; e embora
tenham sido usadas bombas nucleares contra Hiroshima e Nagasaki
em 1945, o número de civis mortos nessas duas cidades foi
pequeno em comparação com os que já tinham morrido em outros
pontos do Japão em conseqüência de bombardeio convencional.
Essa situação não está destinada a durar - ou, pelo menos, é o que
parece pelo conteúdo da Quadra 72 da Centúria X, pertencente
àquela pequena minoria de quadras em que Nostradamus deu uma
data específica para um acontecimento futuro. Ela diz:
No ano 1999 [e] sete meses,
                Do céu virá um grande Rei do Terror,
            Ele ressuscitará o grande Rei de Angolmois,
               Antes e depois, Marte reina contente.



Tal como está, essa quadra de Nostradamus é bem mais fácil de
interpretar do que muitas outras. Primeiro, no sétimo mês de 1999
(isto é, julho ou talvez início de agosto), o Rei do Terror virá do céu
e trará de volta à vida o Rei de Angolmois. Segundo, tanto antes
como depois da vinda do Rei do Terror, "Marte reina contente" - um
trecho bastante óbvio do simbolismo profético, significando que nos
meses anteriores e posteriores à descida do Rei do Terror o mundo
será devastado por conflito armado.
Entretanto há ainda alguns enigmas. Quem é o Rei de Angolmois?
E como será ele trazido de volta à vida por um Rei do Terror, e
quem ou o quê, exatamente, é este último?
"Angolmois" pode ser lida simplesmente como uma província
francesa (ver páginas 210-3) ou pode ser entendida como um bom
exemplo do tipo de trocadilho que é muito recorrente nas quadras -
a invenção de uma palavra ou nome aparentemente sem sentido
que é ou um anagrama ou, mais comumente, um anagrama
imperfeito da palavra real que o vidente tinha em mente. Nesse caso
em particular, “Angolmois" pode ser lida como um anagrama
imperfeito da palavra mongolois, do francês antigo, ou seja,
"mongóis".
Ora, o maior de todos os governantes mongóis foi Gêngis Khan, que
teve a fama de ser monstruosamente cruel e destruidor. Certamente
ele conquistou um grande império para si e, ao fazê-lo, foi direta ou
indiretamente responsável pela morte de milhões de seres
humanos. Em outras palavras, parece muito provável que com a
expressão "o grande rei de Angolmois" Nostradamus estivesse
indicando Gêngis Khan. Entretanto, não parece provável que o
vidente estivesse predizendo que o misterioso Rei do Terror
literalmente restauraria a vida do governante mongol; ele estava
dizendo que o Rei do Terror seria um outro Gêngis Khan, no sentido
de que mataria tanta ou mais gente do que o rei mongol.
Quem ou o quê, então, poderia ser o Rei do Terror, cujas vítimas
igualariam ou ultrapassariam em número as milhões de pessoas
mortas por Gêngis Khan? Ele poderia ser um ser vivo, bem
literalmente um grande governante que inflige terror àqueles que
estão submetidos ao seu poder. Nesse caso, entretanto, é difícil
entender como ele poderia vir do céu, a menos que fosse um ser
alienígena, um conquistador que vem do espaço. Há pelo menos um
estudioso das Centúrias que está convencido de que esta última é a
interpretação correta da Quadra 72 da Centúria X - que em julho ou
agosto de 1999 nosso planeta seria invadido por seres do espaço
que destruiriam a maior parte da humanidade e escravizariam os
remanescentes.
Pode ser - mas parece muito mais provável que Nostradamus
estivesse empregando a expressão "Rei do Terror" em sentido
metafórico, relativo a um objeto inanimado, tal como um redator
pode se referir ao produto sobre o qual está escrevendo como "o
carro que é o rei da estrada”. Se assim for, o significado da quadra é
claro e, considerando os muitos exemplos de profecia confirmada de
Nostradamus, é alarmante: em julho ou agosto de 1999, em uma
época em que possivelmente haveria guerra em curso, viria da terra
uma arma de destruição em massa que seria responsável pela
morte de mais pessoas do que o foi Gêngis Khan.
Isso imediatamente faz aventar o uso de uma bomba de fusão por
uma das potências em guerra; mas mesmo a maior das bombas de
hidrogênio de hoje provavelmente não destruiria tantas vidas como
o governante mongol destruiu. Talvez Nostradamus estivesse
usando a palavra "Rei" para simbolizar uma realidade coletiva,
dezenas ou centenas de bombas de fusão - em outras palavras, ele
pode ter profetizado o início de uma guerra, em 1999, na qual
seriam empregadas armas nucleares em larga escala.
Outra possibilidade é que o Rei do Terror não será alguma arma
nuclear; que, em vez disso, será uma arma química ou
bacteriológica que escapa ao controle e espalha venenos químicos
ou esporos de doença por todo um continente ou mesmo por todo o
mundo, matando milhões.
Pelas razões que serão explicadas nas páginas 207-9, alguns
nostradamianos de hoje acreditam que é provável que o continente
da Europa esteja destinado a ser a vítima do assassinato em massa
de
 1999.
ONDAS ALlENÍGENAS
Desde 1947, visões de objetos voadores não-identificados (OVNI’s)
parecem ter acontecido em ondas - quase como se estivéssemos
sendo "investigados" por alguma civilização alienígena a intervalos
regulares. A maior onda dessas visões ocorreu em 1952, quando o
consultor de astronomia do projeto de monitoração de OVNI’s do
governo americano era o professor Allen Hynek, da Universidade de
Ohio. Depois de investigar não menos que 1501 casos, dos quais
303 permaneceram inexplicados, seu ceticismo original foi
totalmente abalado. Os casos em que detecções por radar se
seguiam a evidências visuais, nas proximidades de Washington,
eram especialmente difíceis de ignorar. Avistamentos de OVNI’s
reportados por pilotos de avião treinados também eram comuns, e
em uma ocasião aviões militares brincaram de pega-pega com
diversos OVNI’s, enquanto a coisa toda era observada no radar.
Como foi explicado nas páginas 147-50, as quadras das Centúrias
chamadas de "ocultistas" sempre confundiram os comentaristas.
Suas tentativas de solucionar o enigma e responder por quê,
precisamente, o vidente achou apropriado inserir entre suas
profecias algumas estrofes que parecem se relacionar mais com as
técnicas de alquimia e mágica do que com o futuro, invariavelmente
deram origem mais a debates do que a esclarecimento; elas
tenderam a encontrar pouca aceitação ou pouca resposta dos
outros, exceto no caso das referências de repúdio à estranhamente
expressa Quadra 100 da Centúria VI - à qual, exclusivamente,
Nostradamus deu um título: "Legis cantio contra ineptos críticos", ou
"A canção da lei contra críticos ineptos".
Ainda assim é possível que alguns daqueles que avançaram além
da tentativa de entender o significado apenas das quadras
puramente proféticas das Centúrias tenham muita informação a dar
quanto aos detalhes do que foi vaticinado por Nostradamus em
alguns de seus prognósticos precisos mas enfurecedoramente
incompletos - como, por exemplo, a Quadra 72 da Centúria X, na
qual ele escreveu sobre o Rei do Terror que viu descendo dos céus
em meados de 1999 (ver páginas 202-6). Esses intérpretes
tentaram compreender a natureza mais interna dos assuntos que
são tratados nas quadras ocultistas - alquimia, magia e os estranhos
caminhos de conhecimento interior que alguns chamaram de "cultos
da sombra” - e, aplicando-os às Centúrias, dedicaram-se a aprender
mais da natureza de aspectos particulares da "história futura”.




Esses intérpretes correm o risco de atrair escárnio e também de
cometer enganos tolos, mas provavelmente estão seguindo o
caminho a que Nostradamus se referiu como o dos "sacerdotes do
rito" (ver quadro na próxima página). Uma dessas
experimentadoras, uma pessoa que, em linguajar nostradamiano,
poderia ser chamada de "sacerdotisa do rito" - ou seja, uma mulher
que possui um detalhado conhecimento teórico e prático tanto do
augúrio cerimonial (ver páginas 257-60) como das antigas técnicas
de alteração de consciência que supostamente capacitam aqueles
que as praticam a obter um vislumbre da conformação do futuro -,
forneceu a este escritor o resultado de uma experiência que fora
destinada a revivenciar a visão do "Rei do Terror" que Nostradamus
registrou na Quadra 72 da Centúria X. As técnicas que foram
usadas para levar a cabo esse experimento estão descritas nas
páginas 281-4; aqui bastará resumir o conteúdo da visão mediúnica
que foi o resultado de seu emprego.
De acordo com essa visão mediúnica experimental, no início de
1999 o governante de um Estado expansionista da Ásia central que
foi anteriormente uma república constituinte da União Soviética teria
sob seu controle algum tipo de veículo espacial orbital. Nessa
época, toda a região que formava a União Soviética estaria
dilacerada por uma confusão de guerras estrangeiras e internas,
étnicas e religiosas. Como meio de deter inimigos reais e potenciais,
esse veículo orbital seria equipado com algum sistema de lançar
bombas bacteriológicas e químicas. Em conseqüência de algum fato
que mais tarde se alegará ter sido um acidente, essas armas
terríveis seriam lançadas, atingindo a parte sul da França, mas
espalhando morte e devastação sobre toda a área terrestre da
Europa.
Nessa profecia, a Europa teria sido submetida a um ataque
assassino de parte de um dos países da ex-União Soviética, e a
Terceira Guerra Mundial seria lançada em todo o seu horror.
A CANÇÃO DO VIDENTE
A Quadra 100 da Centúria VI, única quadra à qual Nostradamus deu
um título (ver página 207), tem ainda outra singularidade: ela foi
impressa em latim (com exceção de uma palavra), em lugar da
costumeira linguagem retorcida que une francês, anagramas e
neologismos encontrada nas outras quadras. A estrofe diz:

     Que os que lêem esta estrofe ponderem seu significado,
      Que a multidão comum e os incultos a deixem em paz:
   Todos eles - os astrólogos idiotas e os bárbaros - se afastem,
 Aquele que faz a outra coisa, seja ele um sacerdote do [ou para o]
                                rito.
Nessa quadra o vidente estava indicando claramente que o
conteúdo dessa estrofe não era destinado para o comum dos
homens ("os bárbaros"), nem mesmo para "astrólogos idiotas" -
simples cartomantes, no sentido de serem diferentes daqueles que
hoje poderiam ser chamados "adivinhos iniciados" -, mas para
"sacerdotes do rito".
Entretanto, o vidente obviamente pretendeu comunicar mais do que
isso, e é provável que ele estivesse dizendo uma das duas coisas a
seguir, ou as duas: primeiro, que existe, como afirmam alguns
estudiosos de seus escritos, uma estrutura escondida nas
Centúrias; segundo, que aqueles que fossem "sacerdotes do rito",
isto é, os que fossem preparados nas artes proféticas, e não simples
cartomantes, deveriam ser capazes não apenas de interpretar as
quadras mas de expandir e elucidar seu significado com o uso de
augúrio ritual.




Em pelo menos doze quadras, Nostradamus fez profecias que
podem ser interpretadas como previsões da Terceira Guerra
Mundial. A mais famosa delas, a Quadra 72 da Centúria X, já foi
explicada (ver páginas 202-6), mas pode ser interpretada ainda de
outra forma, que produz um pouco mais de detalhes. Em lugar de
interpretar "Angolmois" como um anagrama imperfeito de mongolois
("mongóis"), pode-se entender que a palavra aponte a cidade
francesa de Angoulême. Um líder francês recente que vem de perto
dali é François Mitterand, que nasceu em Charente. A quadra,
assim, sugere que depois que o "Rei do Terror" vier dos céus,
Mitterand será ressuscitado politicamente e trazido temporariamente
de volta ao poder para lidar com a situação. "Marte" poderia, então,
ou se referir genericamente a uma guerra ou a um líder francês cujo
horóscopo seja fortemente marcial (com influência de Marte) e cujo
governo seja interrompido pela indicação temporária do presidente
Mitterand - ou talvez de algum outro líder francês procedente da
mesma região.
Na Quadra 16 da Centúria I, Nostradamus utiliza simbolismo
astrológico para datar a guerra iminente:



             Um alfanje ligado a um lago em Sagitário
                 Como seu ascendente mais alto.
              Praga, fome, morte por mãos militares,
             O século se aproxima de sua renovação.
O alfanje (12), nesse contexto astrológico, representa o planeta
Saturno, enquanto "ligado a um lago" se refere a um signo zodiacal
ou planeta de água. Um comentarista traduziu "lago" como “Aquário"
e interpretou a passagem como "quando Saturno e Aquário
estiverem em conjunção com Sagitário". Entretanto, não é possível
que dois signos zodiacais estejam em conjunção; e é mais correto
falar de dois planetas em conjunção do que um planeta (Saturno)
ligado a um signo (Aquário). Obviamente, o "lago" pode representar
a Lua em conjunção com Saturno, em Sagitário. A quarta linha
sugere fortemente que os acontecimentos terão lugar no final de um
século. A época mais recente em que Saturno esteve em Sagitário
foi 1988; até o final do século 20, Saturno, que é um planeta de
movimento muito lento, somente passou por Aquário, Peixes, Áries
e Touro. Isso sugere que a chegada dessa praga, penúria e morte
está programada para ocorrer bem dentro do século 21.
A Quadra 46 da Centúria II nos dá um maior discernimento quanto
ao possível advento de uma Terceira Guerra Mundial:

 Após grande sofrimento para a humanidade, um ainda maior se
                            aproxima
         Quando o grande ciclo dos séculos for renovado
         Choverá sangue, leite, fome, guerra e doenças
No céu será visto um incêndio, arrastando uma cauda de centelhas.

12. N. da T.: O alfanje, também chamado "gadanha", é semelhante
a uma foice de cabo comprido.

Mais uma vez se especifica um quadro de tempo "quando o grande
ciclo dos séculos for renovado". Diferentemente da Quadra 41 da
Centúria II (ver página 165), que fala de uma Grande Estrela
fervendo ou queimando, essa quadra especifica "um incêndio,
arrastando uma cauda de centelhas", o que parece ser uma
referência ainda mais provável a um grande cometa. Como o
cometa Halley veio e passou em 1986 com muito pouca visibilidade
e perturbação astrológica, o "incêndio" de Nostradamus deve ser um
fenômeno meteorológico inesperado, talvez o impacto de um
meteoro sobre a Terra.
Qualquer que seja o tempo exato, a expressão "quando o grande
ciclo dos séculos for renovado" de fato sugere o final do segundo
milênio. A guerra trará consigo uma chuva de sangue, leite, fome e
doença. A palavra estranha no conjunto é "leite", e talvez a palavra
laict do original francês fosse mais bem interpretada como laicité,
significando uma irrupção de secularidade ou sentimento anti-
religioso.
Nostradamus se refere mais uma vez ao advento do cometa na
Quadra 62 da Centúria II:

           Mabus logo morrerá e então acontecerá
        Uma terrível destruição de pessoas e animais:
             Subitamente, aparecerá a vingança,
  Uma centena de mãos, sede e fome, quando o cometa passar.

A chave para a identificação da época é a identidade de Mabus -
talvez alguém que ainda não se tenha tornado proeminente. Em
vista, também, da referência a animais morrendo, a causa dessa
terrível destruição é provavelmente algum tipo de dispositivo
nuclear. Erika Cheetham aventa que "uma centena de mãos" se
refere aos muitos campos de refugiados que surgem por todo o
mundo quando há guerras ou penúria. A passagem de um cometa
poderia, entretanto, ser a visão que Nostradamus teve de um míssil,
e não de um cometa natural.
Outra quadra especificamente relacionada com o século 20 é a
Quadra 63 da Centúria I, na qual, espantosamente, Nostradamus
diz claramente que:

            A pestilência passou, o mundo fica menor,
   Por longo tempo as terras ficarão pacificamente desabitadas.
   As pessoas viajarão seguras pelo céu [sobre] terra e mares:
             E então as guerras começarão de novo.
Um mundo que fica menor é uma expressão contemporânea.
Parece até que Nostradamus ouviu um trechinho de uma conversa
dos tempos atuais. Ele por certo não teria "visto" o mundo físico
encolher. Esse é certamente um aspecto interessante a respeito de
como Nostradamus recebia as quadras, quase como se ele tivesse
viajado no tempo aleatoriamente (ou pelo menos parece, por sua
ordenação das quadras) e assim visse e ouvisse acontecimentos.
Algumas de suas visões são de coisas como pilotos de caça (ver
página 118), para as quais ele não poderia ter nenhum quadro de
referência, então descrevendo-as por meio de objetos de seu
tempo, em geral muito habilmente.
A última linha sugere que começarão guerras após um período de
paz. Essa expressão poderia se referir às guerras mundiais que já
ocorreram ou aventar que haverá uma terceira, que irá irromper
após um intervalo de cinqüenta anos de relativa paz. A partir do final
da Segunda Guerra Mundial, um intervalo de cinqüenta anos nos
leva a 1995.
Como as duas primeiras guerras mundiais do século 20 começaram
nos Bálcãs, naquela área confusa e muito dividida etnicamente que
era, até recentemente, chamada de Iugoslávia, é muito tentador
apontar os atuais problemas dos Bálcãs como a potencial pedra de
ignição para a Terceira Guerra Mundial que Nostradamus prediz.
A Rússia existiu como país por muitos séculos antes da Revolução
de 1917, que iria anunciar a formação da União Soviética - que
agora, 72 anos mais tarde, quebrou-se de novo em suas partes
componentes. A aliança entre a antiga União Soviética e os EUA no
início de 1990 foi vaticinada pela Quadra 21 da Centúria VI, em que
esses países são identificados na primeira linha:

       Quando aqueles do Pólo Norte estiverem unidos,
          No leste haverá grande medo e apreensão:
     Um novo homem eleito, apoiado pelo grande homem [...]

Pode ser que   a segunda linha se refira à reação da China, agora
sozinha como   único grande país comunista. O "novo homem eleito"
é obviamente   Boris Yeltsin, que apesar de alguns desacordos foi
apoiado pelo   "grande homem" que fez surgir tudo isso: Mikhael
Gorbachev.
O desmembramento da União Soviética em suas repúblicas
constituintes, que já não são governadas por Moscou, deixou um
legado de altercações entre os novos países que tentam criar uma
Comunidade de Estados Independentes.
Nostradamus tem algo a dizer a respeito deles - a Ucrânia e a Bielo-
Rússia - na Quadra 95 da Centúria III:

           Ver-se-á a lei mourisca [modo de vida] falhar,
              Seguida de outra que é mais atraente:
             O Boristhenes será o primeiro a dar lugar
    A outro [modo de vida] mais agradável em conseqüência de
                        presentes e línguas.

A "lei mourisca" foi na verdade um trocadilho para aludir aos
ensinamentos de Marx e, portanto, o comunismo (ver páginas
125-8), que se viu ter falhado. A referência ao Rio Boristhenes (ou
Dneiper) identifica claramente os dois Estados como sendo a
Ucrânia e a Bielo-Rússia (ou Rússia Branca, como era antes
chamada), através dos quais ele corre. Fica claro que a súbita onda
de fundamentalismo islâmico surgida em algumas das ex-repúblicas
soviéticas fracassará nesses dois países. A forma de governo que
acabará por assumir o poder nesses países é, segundo a visão de
Nostradamus, mais agradável do que o fundamentalismo islâmico
ou mesmo do que o comunismo.
Como esses ex-satélites soviéticos são os "primeiros a dar lugar" à
propaganda ocidental e talvez a suborno ou à sedução dos bens de
consumo (presentes e línguas), ocorre o pensamento de que eles se
verão, em algum estágio, em um conflito, presumivelmente com sua
vizinha, a Rússia.
Há mais minúcias na Quadra 95 da Centúria IV; em que
Nostradamus escreve:




   O governo deixado para dois, eles manterão por muito pouco
  tempo, Três anos e sete meses passados, entrarão em guerra.
            As duas vestais se rebelarão contra eles,
         O vencedor nascido então em solo americano.

O "governo deixado para dois" sugere duas potências mundiais, a
ex-União Soviética (agora Rússia) e os Estados Unidos. A data
desse evento parece ser muito exata - três anos e sete meses após
o desmembramento da União Soviética, em algum momento em
1994 ou início de 1995. Nessa época haveria uma guerra, não entre
Rússia e América, mas entre a Rússia aliada dos EUA e as duas
"vestais" (virginais), significando dois novos países. Eles poderiam
muito bem ser as recém-independentes Bielo-Rússia e Ucrânia, que
faziam parte da União Soviética.
A guerra seria vencida com a ajuda dos EUA, ou por um
comandante ou diplomata nascido nos EUA. Apesar dessa ajuda, a
aliança entre as duas potências mundiais não duraria mais do que
treze anos, segundo a Quadra 78 da Centúria V:
Os dois não permanecerão aliados muito tempo,
       Dentro de treze anos, eles cedem ao poder bárbaro.
              Haverá tal perda de ambos os lados,
         Que um deles abençoará a Barca e seu líder.



A data em que essa aliança cede a um poder bárbaro seria algum
momento do começo do novo milênio, cerca de 2003. A única
grande potência não-cristã que poderia se qualificar é a China, que
pelo simples tamanho de sua população torna anãs as duas
superpotências combinadas.

             AS PROFECIAS DE RASPUTIN
Um dos homens mais influentes na Rússia antes que estourasse a
Revolução era o monge Gregory Rasputin, que era intimamente
ligado à família real. Antes de sua violenta morte pelas mãos do
príncipe Yussupov, ele escreveu uma carta à tsarina na qual fez a
profecia de que morreria antes do primeiro dia de 1917, o ano da
Revolução Russa. Acrescentou que, se ele fosse morto por um
camponês, a Rússia permaneceria como próspera monarquia por
centenas de anos, mas, se fosse morto por um aristocrata, o tsar e
sua família morreriam dentro de dois anos e nenhum nobre restaria
na Rússia após 25 anos.
Todas as suas predições se confirmaram, depois que ele foi
assassinado por um aristocrata em 29 de dezembro de 1916. A
Revolução Russa rebentou no ano seguinte, e um ano mais tarde a
segunda predição de Rasputin se cumpriu, com o assassinato da
família real.
Uma das estrofes mais inequívocas é a Quadra 17 da Centúria I. Ela
declara em um francês bem comum que por quarenta anos Íris não
será vista. Íris significa "arco-íris" em grego, e com essa afirmação a
quadra parece querer dizer que por quarenta anos não haverá
chuva, o que resultará em uma seca mais longa do que as ocorridas
na sequíssima parte central da Austrália.
A linha seguinte dessa quadra declara que por quarenta anos Íris
seja vista todos os dias. Tal afirmação soa como chuva das
proporções de dilúvio, seguida de inundações, mas com o Sol se
mostrando ao menos tempo suficiente para criar um arco-íris. Para
confirmar essa interpretação, a quadra continua:

             A terra seca se tornará mais ressecada,
       E haverá grandes inundações, quando ela será vista.

Embora a Bíblia registre uma inundação de quarenta dias e
quarenta noites, o mundo ainda não viu nem chuva nem seca
dessas proporções, portanto a quadra deve ser referir ao futuro. A
crescente ocorrência do "efeito estufa" e a alteração que provoca
nos padrões climáticos do globo, incluindo-se o espalhamento de
condições desérticas e semi-desérticas em partes da África que
antes eram férteis podem ser um início do cumprimento dessa
terrível profecia.




Se tentarmos olhar além do significado literal bem óbvio da quadra,
nossa única pista é Íris, que na mitologia grega era filha de Electra e
irmã das Hárpias. Na llíada de Homero, ela é mencionada como
mensageira dos deuses (principalmente de Hera e de Zeus, o mais
alto deus do Olimpo na Grécia Antiga); portanto, talvez a seca e as
enchentes devam ser explicadas como sérios alertas de natureza
ecológica enviados pelos deuses. Íris é também esposa de Zéfiro, o
mirrante vento oeste que causa a seca; em contraste, ela tem na
mão uma jarra de água que simboliza a chuva.
A seca traz a escassez, e na Quadra 42 da Centúria III,
Nostradamus fala da fome em Tuscie, ou Toscana, na Itália:




         A criança nascerá com dois dentes na garganta,
              Pedras cairão como chuva na Toscana.
    Alguns anos mais tarde, não haverá nem trigo nem cevada,
        Para satisfazer aqueles que enfraquecem de fome.

A referência à pessoa nascida com dois dentes na garganta ocorre
ainda na Quadra 7 da Centúria lI, também associada à fome:

          Entre muitas pessoas deportadas para as ilhas
         Haverá um homem com dois dentes na garganta.
      Eles morrerão de fome, após descascarem as árvores.

"Pessoas deportadas para as ilhas" era um método francês comum
de lidar com criminosos, que eram enviados para colônias penais
tais como a Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. A chave dessas
duas quadras é a criança nascida com dois dentes na garganta.
A referência mais clara a uma grande escassez é feita na Quadra 67
da Centúria I, que é reproduzida nas páginas 181-4. A ênfase é
colocada     sobre    penúrias   locais   tornando-se     mundiais,
possivelmente em resposta ao efeito estufa e conseqüente alteração
de condições climáticas. As fomes na África são apenas precursoras
de uma fome global muito mais generalizada.
A data dessa grande penúria está expressamente indicada na
Quadra 67 da Centúria IV:

 No ano em que Saturno e Marte estiverem igualmente belicosos,
          O ar fica muito seco [de uma] longa passagem
 Por causa dos fogos ocultos, um lugar grande queima com o calor
         Pouca chuva, um vento quente, guerras e reides.

Os períodos em que Saturno e Marte ocorrem no mesmo signo
belicoso, Áries, aconteceram de 8 de abril a 2 de maio de 1996 e de
5 de março a 13 de abril de 1998. As profecias de Nostradamus
quanto à fome generalizada no século 20 poderiam se realizar com
mais probabilidade nesses períodos. Os dois planetas estavam
também em signos de fogo de 10 de setembro a 30 de outubro de
1996, e novamente de 29 de setembro a 9 de novembro de 1997.
Essas datas provavelmente testemunhariam uma dificuldade
climática aumentada nos países africanos, pois Nostradamus indica
que a seca recrudesceria na época da proximidade desses dois
"planetas maléficos", como eram conhecidos antigamente. Por
causa do excesso de calor e do ar muito seco, essa poderia ser a
pior penúria do século, e a fome seria mais espalhada do que
ocorreu na Somália e na Etiópia.
Uma referência bem específica que Nostradamus fez na Quadra 90
da Centúria V, quanto à fome na Grécia, confirma que a escassez
não ficaria limitada à África.
Nas Cyclades, em Perinthus e Larissa,
              Em Esparta e todo o Peloponnense:
    Uma penúria muito grande, praga por meio de poeira falsa.
           Durará nove meses em toda a península.

A "poeira falsa" pode ser um spray usado na agricultura, uma
precipitação radioativa ou, possivelmente, algum tipo de arma
química que se dirija para o sul a partir da guerra dos Bálcãs.




Nostradamus parece ter previsto até mesmo acontecimentos
ocorridos no contexto da exploração do espaço, a qual só se tornou
um fato na segunda metade do século 20, apesar de ele ter vivido
em uma era na qual a idéia de deixar a superfície da Terra como um
pássaro estivesse além da imaginação do homem comum, pois até
mesmo o vôo básico não passava de uma insinuação de Leonardo
da Vinci (1452-1519). A mais clara referência a vôos está na Quadra
29 da Centúria lI:



           O homem do Oriente virá de seu assento
     Passando as montanhas Apeninos a caminho da França:
           Ele cruzará pelo céu, os mares e a neve,
               E golpeará todos com seu bastão.

A terceira linha indica claramente a visão que Nostradamus teve de
uma viagem aérea por sobre mares e os picos nevados dos
Apeninos italianos, no caminho do "homem do Oriente" até a
França, aventando que sua origem era o Oriente Médio. Pode-se
especular se ele "viu" a forma dos aeroplanos que existiriam. Pro-
vavelmente viu: a Quadra 64 da Centúria I fala de uma "batalha nos
céus" em que os antigos capacetes de vôo lhe foram "visíveis". O
mesmo tema é retomado na Quadra 45 da Centúria lI, onde "sangue
humano é derramado perto do céu" uma imagem bem direta de
guerra humana nos céus. A quadra seguinte descreve um míssil
(ou, possivelmente, um cometa): "No céu será visto um incêndio, ar-
rastando uma cauda de centelhas". Uma referência menos ambígua
é dada pela Quadra 43 da Centúria IV; que afirma claramente que
"serão ouvidas armas guerreando nos céus".
É pequeno o passo conceitual daí para o vôo espacial controlado. A
quadra principal é a Quadra 65 da Centúria IX, que diz:

              Ele será levado à esquina da Luna,
           Onde será colocado sobre terra estrangeira.
Se entendemos Luna como a Lua, fisicamente, e não como alguma
alusão simbólica, isso descreve a descida do astronauta Neil
Armstrong ao solo lunar em uma nave colocada sobre a superfície
da "Luna” pelos controladores da central da Nasa. Aí ele reclamou a
"terra estrangeira” para os EUA e deu seu passo gigante para a
humanidade em 1969, mais de quatrocentos anos depois que um
astrólogo em uma cidadezinha da Provença contemplou a Lua e
predisse esse evento extraordinário.
O DESASTRE DO CHALLENGER
As linhas três e quatro da Quadra 65 da Centúria IX abordam o
acontecimento de 28 de janeiro de 1986, em que, 71 segundos após
a decolagem, o ônibus espacial Challenger explodiu, matando sua
tripulação de sete pessoas:

      A fruta não-madura será assunto de grande escândalo.
            Grande crítica, para os outros grande louvor.

A "fruta não-madura” é o ônibus espacial defeituoso, cuja explosão
brecou todo o programa espacial americano por talvez uma década.
Grande crítica de fato, e é impensável que uma operação tão cara e
complexa pudesse ter dado tão errado antes mesmo de sair da
atmosfera terrestre. O grande louvor de Nostradamus vai para a
equipe de Neil Armstrong. Na mesma época, o programa espacial
da URSS tinha tido bastante sucesso no estabelecimento da
estação espacial orbital MIR.
Nostradamus mais uma vez se refere ao desastre do Challenger na
Quadra 81 da Centúria I, em que ele dá algumas pistas intrigantes:

             Nove serão separados da raça humana,
              Separados de julgamento e conselho:
            Sua sorte deverá ser dividida ao partirem,
          Kappa, Theta, Lambda, banidos e espalhados.

"Sua sorte deverá ser dividida ao partirem" é uma imagem da
tripulação sendo despedaçada na explosão enquanto o Challenger
partia - fora de qualquer socorro, sem nem mesmo tempo para
tomar uma decisão ("separados de julgamento"). Entretanto,
Nostradamus entendeu errado o número de astronautas, pois ele diz
nove, e não sete. As letras gregas, banidas e espalhadas, soam
como letras das fraternidades universitárias americanas e podem ter
correspondido às alianças fraternais entre membros da tripulação
ou, em outra opção, a suas iniciais, ou mesmo ao nome-código
desse lançamento em especial. Esses são detalhes que
provavelmente só a Nasa poderá confirmar ou negar.
Muitas dentre as profecias de Nostradamus tratam de
acontecimentos desagradáveis, e não de eventos felizes. Os cínicos
salientaram que é sempre de bom alvitre, para os que querem
ganhar reputação de que têm capacidade de ver o futuro, previsões
de muitos desastres, ruína e tristeza, pois a catástrofe, como a
morte e os impostos, estão sempre conosco. Comenta-se que o
clarividente que nos diz para esperar calamidades será
inevitavelmente admirado porque com certeza haverá calamidades.
Tantas das profecias de Nostradamus eram negativas, que em 1562
nada menos que vinte impressoras inglesas pagaram direitos para
vender os Prognósticos de Nostradamus. Esses pagamentos estão
lançados no Registro do Papeleiro desse ano, juntamente com os
títulos e nomes de autores de alguns almanaques da época. As
profecias políticas eram levadas muito a sério pelo governo inglês
de então, e tiveram tal impacto sobre os cidadãos que, segundo um
panfleto datado de 1561, "o reino todo estava tão atormentado e tão
emocionado com as profecias cegamente enigmáticas e diabólicas
daquele contemplador do céu, Nostradamus, [...] que mesmo
aqueles que podiam ter desejado em seu coração que fosse
estabelecida em prosperidade a glória de Deus e de sua Palavra
foram levados a uma tal frieza de fé, que duvidaram de Deus".
Publicações assim eram um bom negócio, e talvez os poderes
constituídos não estivessem inclinado a ver distribuídos na
Inglaterra prognósticos que tenham sido considerados pró-França.
Isso nos dá uma idéia de como as publicações de Nostradamus
eram, além de terem suscitado desaprovação oficial, populares até
na Inglaterra.
Sempre houve um relacionamento ambíguo entre profetas e seus
governantes. Nenhum governante gosta de sentir que suas decisões
serão anuladas por uma profecia de fracasso; além disso, é ruim
para o moral. Talvez o profeta mais universalmente detestado e
perseguido tenha sido o hebreu Jeremias: seu primeiro livro de
profecias foi primeiro cortado em pedaços, depois queimado. Ele foi
muitas vezes aprisionado em condições bem desagradáveis, por
suas profecias aparentemente não-patrióticas, e teve de se aliar ao
governador da Babilônia para obter proteção, antes de fugir para o
Egito, onde acabou sendo morto por apedrejamento devido a suas
previsões lúgubres.
Entre os mais antigos profetas da Grécia estavam as Sibilas. Tal
como as sacerdotisas de Baco, cujas técnicas de profecia
Nostradamus copiou, elas também eram sacerdotisas de ApoIo. A
mais famosa delas foi a Sibila Cumeana, que teve a fama de guiar
Eneas para o submundo, como relatado na Eneida, de Virgílio, no
"Livro VI". Essa Sibila, cujos talentos obviamente não eram
apreciados, ofereceu nove livros de suas profecias ao Rei Tarquínio.
Quando ele se recusou a pagar o preço aparentemente exorbitante
por elas, ela atirou três dos livros nas chamas de um braseiro e
exigiu o mesmo preço pelos seis livros restantes. Ele recusou, e ela
repetiu a mesma ação, queimando mais três livros. Ele finalmente
se rendeu e pagou o preço pedido pelos nove livros para ter apenas
os últimos três. Esses livros ficaram guardados no Capitólio de
Roma, no templo de Júpiter, até esse Capitólio ser incendiado no
ano 83.
Além dos livros que contêm dizeres oraculares verdadeiros, muitos
livros literários ou religiosos originalmente não produzidos para uso
oracular vieram a receber tal veneração que se considerou que tais
obras fossem dotadas de uma virtude sobrenatural.
Por exemplo, tanto a Odisséia de Homero como a Eneida de Virgílio
foram vistas como obras de respeito, na antiga Roma e na Europa
renascentista, a ponto de terem sido usadas como oráculos.
O uso de um livro como oráculo era chamado de "lançar a sorte".
Alguém formulava cuidadosamente a pergunta e, então, ao acaso,
abria o livro três vezes, a cada vez deixando cair um dedo sobre
uma página. O consulente anotava as três linhas sobre as quais seu
dedo havia pousado e em seguida tentava aplicar essas linhas à
situação sobre a qual fora feita a pergunta.
Desde as últimas décadas do Império Romano, tanto o Velho como
o Novo Testamento da Bíblia foram muito freqüentemente
empregados da mesma maneira, e o processo era chamado de
sortes Sanctorum, "as sortes dos Santos" . Embora esse modo de
usar a Bíblia fosse especificamente proibido por muitos conselhos
eclesiásticos locais, o lançamento das sortes Sanctorum era muito
disseminado.
Na História dos Francos, São Gregório de Tours (538-594) registrou
que o príncipe frâncico Merovechus, ao ver-se sob o terror da ira da
belicosa rainha Fredegond, lançou as sortes Sanctorum na Basílica
de São Martim de Tours. Os oráculos que depreendeu desses livros
se revelaram de natureza sombria, especialmente um deles: "O
Senhor nosso Deus te traiu nas mãos de teus inimigos". O oráculo
se mostrou bastante correto, pois Merovechus acabou sendo morto
por oficiais da Justiça da rainha Fredegond.
Uma predição assim correta não parece de forma alguma ter sido a
única. Não surpreende, assim, que os profetas fossem muitas vezes
vistos como condenadores e, conseqüentemente, fossem
perseguidos.
ORÁCULOS SIBILINOS
Os antigos oráculos sibilinos cristãos proclamaram o imperador
Constantino como rei messiânico. Para eles, evidentemente, era um
verdadeiro dom do céu um imperador romano ser cristão. Uma das
sacerdotisas (Tiburtina) falou do Imperador dos Últimos Dias que
lutava contra o Anticristo, pois naquela época os primeiros cristãos
convertidos acreditavam totalmente que o fim do mundo estava bem
próximo da crucificação de Cristo. Esse Imperador dos Últimos Dias
era uma figura que preenchia todos os desejos dos cristãos pri-
mitivos, pois dizia-se que ele converteria os pagãos, destruiria os
templos dos falsos deuses e batizaria os convertidos, especialmente
os judeus. A profecia concluía dizendo que, quando seu trabalho
estivesse finalmente terminado, ele pousaria sua espada e se
retiraria para a Gólgota, colina sobre a qual Cristo foi crucificado.




O Incêndio de Londres, bem como o excepcional acerto de
Nostradamus ao apontar o ano 1666 ao indicar "três vezes vinte e
seis", na Quadra 51 da Centúria II, foi discutido nas páginas 59-62.
O famoso memorialista Samuel Pepys conhecia essa profecia de
Nostradamus, que fora reimpressa no Booker's Almanack antes do
incêndio.
Alguns outros profetas parecem ter chegado às mesmas conclusões
sobre esse acontecimento tão importante. O astrólogo William Lilly
(1602-1681), que nasceu pouco mais de um século depois de
Nostradamus, publicou um panfleto chamado Monarquia ou não-
monarquia catorze anos antes do Grande Incêndio de Londres. Nele
havia dezenove hieróglifos ou figuras enigmáticas destinadas a
retratar o futuro da "Nação e comunidade inglesa por muitas
centenas de anos que virão". Além de algumas estampas que
mostram cenas que podem ainda pertencer ao futuro - por exemplo,
um estranho animal semelhante a uma fuinha atacando uma coroa e
o Parlamento descansando calmamente enquanto acontece uma in-
vasão da Inglaterra -, há duas imagens especialmente
surpreendentes impressas na mesma página.
A primeira mostra pilhas de cadáveres sobre o chão nu e dois
homens diligentemente cavando túmulos para dois caixões,
enquanto sobre uma igreja ao fundo voam quatro pássaros de mau
agouro. Essa perturbadora visão da praga que precedeu o Incêndio
é ligada, por proximidade, à imagem de uma cidade em chamas
junto de um grande rio - uma cidade que quase certamente é
Londres. Perto, alguns homens estão despejando água em uma
fogueira ardente na qual cai um par de gêmeos. Os gêmeos
simbolizam o signo zodiacal de Gêmeos, que é o mais comumente
associado a Londres.
Embora a praga e o fogo fossem riscos comuns da época, a
espantosa adequação dessas imagens foi reforçada por um panfleto
que Lilly escreveu em 1648, no qual apontou mais uma indicação
astrológica do que estava por vir: "No ano de 1665, quando a
abscissa [...] de Marte aparecer em Virgem, quem poderá esperar
menos do que uma estranha catástrofe dos assuntos humanos no
[...] reino da Inglaterra [...] será sinistro para Londres, para seus
mercadores no mar, seu comércio na terra, seus pobres, para todos
os tipos de pesso [...] por motivo de vários incêndios de uma praga
devoradora”. Tal descrição dessa dupla tragédia dificilmente poderia
ter sido expressa mais claramente, sete anos antes de ocorrer.
Lilly estava espantosamente correto, pois na esteira do Incêndio de
Londres não faltavam teorias quanto à causa do incêndio, e os
cidadãos ficaram dispostos a jogar a culpa sobre qualquer pessoa
ou conspiração. Lilly aponta em seu diário que diversas pessoas,
inclusive o coronel John Rathbone, "foram julgadas com risco de
morte" por terem planejado queimar a cidade com o objetivo de
matar o rei e depor o governo da época. Os supostos conspiradores
teriam utilizado até o almanaque de Lilly para calcular um dia de
sorte (3 de setembro) para seu ato malvado, no que o destino se
teria antecipado a eles, e o incêndio irrompeu um dia antes de seu
plano.
Lilly foi devidamente convocado à Câmara Legislativa para ser
inquirido a respeito de sua predição. Com alguma apreensão, ele
pediu a seu amigo, o conhecido antiquário Elias Ashmole, para
acompanhá-lo. Ashmole fora feito arauto pelo rei em Windsor, e sua
presença ajudou a proteger o profeta de vitimização indevida.
Podem até ter suspeitado de que Lilly ateara fogo à cidade para
confirmar sua profecia, mas a presença de Ashmole ajudou que a
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  • 3. Por razões que serão explicadas abaixo e também nas páginas 166-9, é provável que muitas da mais lúgubres predições das Centúrias sejam relativas a uma época que está realmente muito próxima - especialmente às primeiras décadas do século 21 e, possivelmente, relacionadas com o fim dos anos 1990. Um dos mais horripilantes desses prognósticos sombrios pode ser encontrado na Centúria VIII, Quadra 77, que se refere a uma guerra que durará não menos que 27 anos. Sua última linha diz: "Granizo vermelho, água, sangue e cadáveres cobrem a terra". A maioria dos estudiosos atuais de Nostradamus concorda que essa linha se refere a um conflito que envolverá armas atômicas e/ ou biológicas. Obviamente, o uso de armas assim teria o efeito de juncar a terra de cadáveres. Quanto ao granizo vermelho e à água distinguidos por Nostradamus, seriam ou de um aerossol deliberadamente usado para espalhar infecções bacterianas, ou água atmosférica contaminada por precipitação radioativa decorrente de uma explosão nuclear (ou ambos). Na pior hipótese, a precipitação poderia até ser produto de deliberado "polvilhamento" radioativo de toda uma área, por meio de uma arma excepcionalmente suja - um dispositivo nuclear revestido de uma capa de cobalto.
  • 4. A suposição de que a chuva do granizo vermelho da morte sobre o nosso planeta está próxima é retirada do conteúdo da Centúria I, Quadra 16, que prevê "praga, fome e morte pelas mãos de militares" em uma época em que os séculos "se aproximam de sua renovação".
  • 5. Essa última expressão é forte indicação de que houve uma deliberada referência de Nostradamus a teorias esotéricas relativas a ciclos astrológicos e cronológicos, que ele quase certamente conhecia - especialmente o conceito neoplatônico de um "Grande Ano", que consiste em doze "meses", cada um de aproximadamente dois mil anos do nosso tempo ordinário. Se "a renovação dos séculos" apontada na Centúria I, Quadra 16, realmente se aplica ao "Grande Ano" dos platonistas, é provável que ela indique que a data para a confirmação da profecia de "praga, fome e morte pelas mãos dos militares" coincida exatamente com o que alguns ocultistas modernos chamam de "a transição da era de Peixes para a era de Aquário" - isto é, alguns anos antes ou depois do ano 2000, já que a data precisa desse evento é um tanto incerta, por depender de que um astro fixo em particular seja considerado como marco do início do zodíaco. Esse é um marco técnico, tema de debate entre aqueles que se aprofundam na teoria esotérica, mas a essência do assunto é bem clara: a profecia de Nostradamus a respeito de praga e da fome universais está perto de se cumprir. Outras quadras das Centúrias parecem confirmar essa interpretação, por exemplo a Centúria I, Quadra 91, que diz: Os deuses tornarão evidente para a humanidade Que são os planejadores de uma grande guerra: Antes disso, os céus estavam livres de espée et lance O maior dano será imposto à esquerda. As palavras deixadas na forma original do francês, na terceira linha, implicariam literalmente que o céu se tornaria, de modo muito improvável, obscurecido por espadas e lanças, na grande guerra vaticinada pelo vidente. É provável, portanto, que a expressão foi
  • 6. usada para ser tomada figurativamente por aqueles que a lessem quando o acontecimento previsto estivesse próximo e que, por" espée et lance", o estudioso contemporâneo pode entender "armas e mísseis". O provável significa da expressão "a esquerda”, usada por Nostradamus na quarta linha da quadra, será examinado nas páginas 189-91; aqui basta dizer que é possível, mas improvável, que o vidente a tenha utilizado em seu sentido político moderno, que data do final do século 18.
  • 8. A Centúria II, Quadra 41, é de muito interesse, no que se refere às profecias de deflagração, por volta da virada do século 20 para o século 21, de grandes conflitos mundiais com o envolvimento de armas nucleares e biológicas. Essa quadra diz: A Grande Estrela ferverá por sete dias, Sua nuvem fazendo com que o Sol pareça ter imagem dupla: O grande cão uivará durante toda a noite Quando o Papa mudar de habitação. Em uma tentativa de determinar a época em que sucederá o acontecimento previsto, identificou-se a "Grande Estrela” da primeira linha como sendo o retorno do cometa Halley. Entretanto, é difícil crer nessa interpretação, porque as duas últimas aparições desse cometa foram tão pouco espetaculares que ele foi quase invisível a olho nu. Parece bem mais provável que a "Estrela” será a explosão de uma bomba de fusão extremamente grande. Essas bombas produzem energia exatamente pelo mesmo processo que ocorre no interior da maioria das estrelas - a transmutação de hidrogênio em hélio. Em uma bomba de fusão feita pelo homem, entretanto, a explosão não "ferve" por uma semana nem produz uma imagem solar dupla. Possivelmente, há referência a toda uma série de ataques nucleares, mas uma explicação mais provável é que a metáfora de "fervura” utilizada por Nostradamus indica uma enorme nuvem de pó lançada por bombas de fusão, que levará um tempo muito longo para cair, mesmo parcialmente, de volta na terra.
  • 9.
  • 10. Conforme sugerido pela interpretação da última linha da Centúria VIII, Quadra 77, que foi dada nas páginas 162-3, Nostradamus previu que os primeiros anos do novo milênio seriam marcados pelo espalhamento de cadáveres sobre a terra, como resultado de guerra atômica ou bacteriológica. Mas como deve ser interpretado o restante da mesma quadra? Considerada por inteiro, a quadra diz: O Anticristo bem depressa aniquila os três, Vinte e sete anos sua guerra durará, Os hereges são mortos, aprisionados, exilados, Granizo vermelho, água, sangue e cadáveres cobrem a terra. A identidade dos "três" que o Anticristo aniquilará é um mistério para todos os estudiosos das Centúrias; já se disse que são três grandes potências mundiais ou três grandes líderes, espirituais ou temporais. Mas, sejam o que ou quem forem esses três, quem são os hereges mencionados na terceira linha e qual é o significado da palavra "Anticristo" conforme foi usada na primeira linha?
  • 11. É melhor tentar responder à última questão primeiro. De acordo com as crenças cristãs tradicionais, o Anticristo está destinado a ser um falso salvador que servirá aos grandes Príncipes do Inferno, infligirá grandes estragos ao mundo e liderará grande parte da humanidade por caminhos destrutivos que, muito literalmente, resultarão em danação. Embora essa crença seja muito antiga, ela ainda é mantida atualmente por alguns, e vale a pena lembrar que em um passado comparativamente recente, um homem culto e devoto como o Cardeal Manning (1808-1892) fez uma série de palestras a respeito do Anticristo e expressou sua convicção de que alguns dos
  • 12. eventos mais estranhos ligados à emergência do espiritualismo moderno poderiam indicar que o Advento infernal - o nascimento do Anticristo - era iminente.
  • 13.
  • 14. Estivesse o cardeal certo ou errado sobre suas convicções, parece não haver dúvida de que Nostradamus adotava conceitos teológicos que eram, em essência, idênticos àquelas convicções. É de importância central que quem se dedique a interpretar as quadras das Centúrias em que Nostradamus mencionou o Anticristo tenha constantemente em mente que as idéias sobre a vinda do contra- Cristo, o "filho da perdição", eram parte da "imagem de mundo" de Nostradamus, como de qualquer cristão culto de sua época. Deve- se admitir, conseqüentemente, que, se Nostradamus podia ver o futuro, ele interpretaria sua visão de pessoas e acontecimentos desagradáveis em termos de um conceito que lhe era familiar - ou seja, o advento do Anticristo, a manifestação de um salvador falso, operador de milagres, cujos discípulos seriam servos das Potências e Principados do Inferno. Em outras palavras, da mesma forma que Nostradamus parece ter procurado descrever armamentos do século 20 em termos das coisas materiais e da tecnologia militar que conhecia (ver páginas 117-20, com relação à Centúria I, Quadra 64), ele teria também tentado descrever as atitudes morais, bem como as ações decorrentes delas, que a maior parte de nós caracterizaria como absolutamente desumanas e relacionadas ao princípio eterno do mal, em termos da escatologia (crenças e ensinamentos religiosos a respeito do fim do mundo) do século 16. Nas páginas seguintes, veremos como essas crenças se conjugam com as profecias de Nostradamus que parecem referir-se à vinda de um aterrorizante "Anticristo Supremo", em data logo após o ano 2000.
  • 15. O MESSIAS DO MAL Desde a época em que o cristianismo dava seus primeiros passos, a palavra "Anticristo" vem sendo usada para descrever qualquer pessoa extraordinariamente má. Embora Nostradamus e outros cristãos do século 16 tenham empregado a palavra nesse sentido, para eles o Anticristo Supremo seria um messias do mal - um profeta de maldade realmente infernal. As opiniões de São Roberto Bellarmine (1542-1651) com respeito às origens do Anticristo foram representativas da visão mantida pelos teólogos que viveram mais ou menos na mesma época de
  • 16. Nostradamus. Bellarmine acreditou que o pai do Anticristo seria um incubo - isto é, um demônio que tem relações sexuais com mulheres - e que sua mãe seria uma praticante da magia negra. Um frade dominicano do século 17 asseverou que o Anticristo que estava por vir seria além de filho de um demônio: [...] malévolo como um louco, com uma perversidade como nunca foi vista na terra [...] ele tratará os cristãos como as almas condenadas são tratadas no inferno. Ele terá uma profusão de nomes de sinagoga, e será capaz de voar quando quiser. Belzebu será seu pai, Lúcifer seu avô. Na época de Nostradamus, as crenças escatológicas (ver página anterior) a respeito das experiências mundiais supostamente destinadas a ocorrer antes do Juízo Final estavam quase que inextrincavelmente ligadas ao conhecimento tradicional sobre eventos os quais se acreditava que iam preceder ou iam vir após a manifestação do Anticristo. Isso significa que é quase certo que
  • 17. Nostradamus tenha interpretado como manifestações de um Anticristo as visões clarividentes que teve das doutrinações e das ações de Hitler, de Stálin ou de algum governante absolutista que ainda esteja para assumir o poder. Nesse contexto, vale atentar para uma determinada passagem da "Epístola a Henrique II", que foi impressa juntamente com a primeira edição das Centúrias e que, como está descrito na página 85, fornecia uma data específica e totalmente correta dos acontecimentos da época da Revolução Francesa. Essa passagem faz um relato deprimente dos eventos que, segundo Nostradamus, precederiam o mandato daquele que ele chamou de "o terceiro [i.e., o Supremo] Anticristo". Escrevendo sobre um "Rei" (que nesse contexto significa um governante absoluto de qualquer tipo) que cometeria grandes crimes contra a Igreja, o vidente afirmou que esse homem-monstro: [...] terá derramado o sangue de mais homens da igreja do que se poderia fazer com vinho [...] Sangue humano correrá nas igrejas e nas ruas, como a água após chuva pesada, e tingirá de sangue os rios próximos [...] e então, no mesmo ano e nos anos seguintes, seguir-se-á a mais terrível peste, ainda mais virulenta por causa da fome que a precederá, e tanto sofrimento como não terá existido igual desde a fundação do cristianismo. [...] O grande Vigário do Manto [o papa] estará solitário e abandonado por todos [...] Depois disso o Anticristo será o príncipe diabólico [...] todo o [...] mundo será sacudido por vinte e cinco anos [...] e as guerras e batalhas serão atrozes [...] e tantas crueldades serão cometidas por Satã [...] que quase todo o mundo será desfeito e arruinado.
  • 18.
  • 19. Exceto pela menção ao Anticristo como "príncipe diabólico" e pela referência a um mundo devastado em conseqüência de muitos males cometidos por Satã, não há nada nessa profecia em prosa que não possa ser tomado como descrição de uma futura série de acontecimentos políticos. Uma vez que se aceite que há uma possibilidade genuína de que Nostradamus e outros videntes e profetas podiam discernir a configuração de eventos futuros (ou talvez sentir o que está acontecendo em uma realidade alternativa - ver páginas 245-8), a passagem não contém nada que force demais a credulidade de seus leitores. Ela poderia perfeitamente ser uma descrição profética de um futuro ditador monstruosamente mau - uma versão posterior e mais bem-sucedida de Hitler ou de Pol Pot - que conseguirá dominar acontecimentos mundiais por um período de um quarto de século. Não seria de surpreender que um homem como Nostradamus, conhecedor apenas da tecnologia e da medicina do século 16, imaginasse que um ditador assim, tendo sob seu comando todos os benefícios de uma ciência pervertida, de armas nucleares a bombas carregadas de antraz, não fosse um homem, mas um diabo - o Anticristo ou um precursor dele.
  • 20. Alguns estudiosos de profecias e dos escritos de Nostradamus em particular afirmam - por razões interpretativas que são complexas demais para ser sequer esboçadas nestas páginas - que o advento do monstruoso governante descrito pelo vidente em sua "Epístola a Henrique lI" está para acontecer em breve. Além disso, identificam esse "Rei" como sendo o terceiro e grande Anticristo. Eles acreditam, como acreditava Nostradamus, que essa criatura vil está destinada a derramar "o sangue de mais homens da Igreja do que se poderia fazer com vinho". Supõem que suas horríveis atividades, que resultarão no início da "mais horrível peste, ainda mais virulenta por causa da fome que a precederá", se relacionem com uma guerra bacteriológica. Argumenta-se que o terceiro Anticristo será, quase certamente, a mesma pessoa que vai ser responsável pela descida do Rei do
  • 21. Terror vindo do céu em julho ou talvez agosto de 1999 (ver páginas 202-6). Se esse for realmente o caso, os prognósticos do futuro iminente de todos nós são muito sombrios. O FILHO DA PERDIÇÃO O terceiro Anticristo, o ser que, na profecia de Nostradamus, fará sangue "correr nas igrejas e nas ruas como a água após chuva pesada", foi identificado por muitos intérpretes das profecias com um "filho da perdição", citado no Novo Testamento como alguém que enganaria muitos com "maravilhas mentirosas". O texto referido é o trigésimo capítulo do último livro da Bíblia, a Revelação de São João Divino. Ele descreve uma "segunda besta”, que os comentaristas tradicionalistas do Novo Testamento alegam ser a mesma entidade infernal do Anticristo. Essa passagem diz: [...] E eu vejo outra besta [...] e ele falou como um dragão. E ele [...] faz com que a terra e os que vivem nela reverenciem a primeira besta [...] E ele faz grandes maravilhas, de tal sorte que faz fogo do céu sobre a terra [...] E engana aqueles que vivem na terra por meio desses milagres que ele tinha o poder de fazer [...]
  • 22. Como foi contado nas páginas 154-69, Nostradamus previu que as primeiras décadas do terceiro milênio seriam caracterizadas por guerras, peste, fome, por um ressurgimento do Islã militante e pela aparição de um líder político-religioso de tal malevolência que o vidente o identificou como "Anticristo". Inevitavelmente, uma época descrita por Nostradamus com tais funestos detalhes não deixará o cristianismo tradicional incólume, mas este conservará, está profetizado em mais de uma quadra das Centúrias, a capacidade de reagir - para ser exaltado à vista de alguns, ainda que humilhado à vista de outros. Nesse contexto, a Centúria I, Quadra 15, é relevante. Ela diz: Marte nos ameaça com força de guerra, Setenta vezes isso provocará derramamento de sangue: O clero será tanto exaltado como arrastado para baixo Por aqueles que nada desejam aprender dele. Em outras palavras, seguindo-se a uma série de guerras, o cristianismo e seus líderes serão arrastados para baixo, com certo
  • 23. sucesso, por aqueles que são adversários ideológicos da fé tradicional do Ocidente ("que nada desejam aprender"). Mas haverá uma reação a favor do cristianismo histórico, que exaltará, ou elevará às alturas, a liderança da Igreja Militante. Nostradamus talvez tenha dado uma pista interessante da natureza das guerras que, segundo ele, ocasionariam esses conflitos religiosos, com o uso da expressão "setenta vezes isso provocará derramamento de sangue". É improvável que ele estivesse empregando o número 70 em sentido literal e, embora a intenção possa ter sido apenas indicar um número muito grande de conflitos, também pode ser que ele estivesse fazendo referência ao significado do 70 em termos da numerologia cabalística cristã, de que ele devia ter conhecimento.
  • 24. O número 70 tem, supostamente, conexão mística com palavras do hebraico e do caldeu que significam "noite", "vinho" e "segredo"; isso sugere a possibilidade de que Nostradamus estivesse admitindo que os responsáveis por muitos dos conflitos prognosticados seriam devotos de uma fé que ensinasse coisas que os cristãos considerariam "segredos escuros, noturnos" e praticassem rituais envolvendo o uso de vinho e, talvez, de drogas estranhas. Há uma descrição enigmática de um daqueles que estão destinados a liderar ou inspirar a ressurgência tradicionalista, na Centúria I, Quadra 96, que diz: Um homem receberá a tarefa de destruir Templos e seitas alterados por [estranhas] fantasias: Ele causará mais dano às pedras que aos vivos, Enchendo ouvidos com eloqüência. Não fica claro se a tarefa de destruição que será dada a alguém, conforme diz essa profecia nas duas primeiras linhas, lhe será imposta por outros seres humanos ou por algum poder sobrenatural. Mas a natureza do trabalho é evidente - destruir, total ou parcialmente, pseudo-religiões fantásticas que terão enganado a muitos. Nessa interpretação, deve-se presumir que o culto liderado pelo maligno que o vidente chamou de "terceiro Anticristo" está destinado a ser o mais notável desses "templos alterados por fantasias".
  • 25. O HOMEM DA MÁSCARA DE FERRO Foi sugerido a este autor por um intérprete nostradamiano contemporâneo (o numerologista esotérico mencionado na página 161) que, à parte a simples proximidade, existe uma conexão oculta na Centúria 1, entre a Quadra 96 (ver página anterior) e a Quadra 95. Essa conexão, derivada de doutrinas cabalísticas relativas a uma relação entre as combinações de letras do alfabeto hebraico e manipulações numéricas especiais de um antigo instrumento ocultista chamado "a cabala das Nove Câmaras", - levou esse esoterista a aventar que o líder religioso que destruirá "templos e seitas alterados por fantasia” e "encherá ouvidos com eloqüência” deve ser identificado com uma misteriosa criança mencionada por Nostradamus na Centúria I, Quadra 95, que diz:
  • 26. Ante um monastério será encontrada uma criança gêmea, Descendente de uma antiga linhagem monástica: Sua fama e poder nas seitas e eloqüência E tal, que dirão que o gêmeo sobrevivente é o eleito [o escolhido] por direito. Muitos comentaristas do século passado - e alguns de hoje também basearam suas interpretações dessa quadra na lenda de que Luís XIV da França era filho ilegítimo do Cardeal Mazarin e tinha um irmão gêmeo idêntico, e que para evitar disputas sobre a sucessão ao trono seu irmão foi aprisionado desde tenra idade, até morrer como o calado, idoso e não-identificado prisioneiro conhecido pela história como "o Homem da Máscara de Ferro". Entretanto, pesquisas modernas mostraram que essa antiga interpretação da Quadra 95 estava errada, pois embora o homem da Máscara de Ferro tenha de fato existido, ele não era o irmão gêmeo de Luís XIV. Conseqüentemente, não existe razão para que o sujeito dessa quadra não possa ser o mesmo líder cristão tradicionalista da estrofe seguinte. Se com o tempo isso se mostrar correto, é provável que sua descendência "de uma antiga linhagem monástica” provará ser uma referência simbólica a suas crenças, e não uma descrição literal de sua ascendência.
  • 27. No período que se seguiu à queda do império de Napoleão III em 1870, alguns dos nostradamianos franceses eram também dedicados Legitimistas - partidários de uma restauração, ao trono da França, do representante da linhagem Bourbon mais antiga. Esse monarquismo os levou a fazer um estudo intenso de algumas quadras das Centúrias que contêm referências a um homem que Nostradamus denominava "o grande Chyren" e que aqueles intérpretes, empregando muitos argumentos inteligentes, identificavam como o Conde de Chambord, que era na época o Pretendente (ao trono) da linhagem Bourbon mais antiga.
  • 28. Podemos ter certeza de que essas interpretações estavam erradas, pois essa linhagem Bourbon se extinguiu na década de 1880, mas não pode haver dúvida de que Nostradamus previu, sob o codinome "Chyren", o advento de um certo francês que exerceria imensa influência para o bem, tanto sobre seu próprio país como sobre o mundo. De acordo com alguns nostradamianos de hoje, esse francês pode bem ser o já citado tradicionalista destruidor de falsas religiões (ver páginas 174-6) e um papa cuja eleição foi prevista na Centúria V, Quadra 49, que diz:
  • 29. Não da Espanha, mas da antiga França Será escolhido [eleito] o que guiará o trêmulo barco [a barca do papado], Ele fará uma garantia ao inimigo, Que provocará uma vil pestilência durante seu reino. Não houve nenhum papa francês desde antes do nascimento de Nostradamus; portanto sabemos que essa profecia ainda não foi cumprida. O conteúdo da primeira linha da quadra é muito curioso, pois embora faça sentido que Nostradamus desse a nacionalidade do papa, parece não haver uma boa razão para que achasse apropriado declarar que o papa não seria espanhol. A explicação mais provável é que a quadra vaticine um cisma iminente e que em breve haverá dois pretendentes ao papado - entre os quais Nostradamus considerou legítimo o de origem francesa. A última linha, com sua sugestão de armas químicas ou biológicas sendo utilizadas contra os partidários do verdadeiro papa, é desagradavelmente coincidente com outra quadra que profetiza que tais armas serão utilizadas pelo terceiro Anticristo.
  • 30. OBSCURIDADES PROFÉTICAS Um assunto de debate entre os estudiosos das Centúrias é se o homem destinado a destruir o que o vidente, olhando o futuro distante, considerou serem templos dedicados a uma fé falsa e fantástica (ver páginas 175-6) pode ser o mesmo que foi chamado de "Grande Chyren" e/ou o papa francês que conduzirá o trêmulo barco do papado (ver páginas 177-8). Entretanto, a menos que as
  • 31. muitas profecias do vidente relativas ao terceiro Anticristo estejam totalmente erradas, não pode haver dúvida de que os principais oponentes do "destruidor" tradicionalista cristão cujo advento foi vaticinado na Centúria I, Quadra 96, serão o agourado messias do mal, seus discípulos e aqueles que se aliam a ele. Várias estrofes de Nostradamus tornam evidente que Nostradamus acreditou que o terceiro Anticristo seria um asiático de nascimento, e o lugar desse acontecimento ou, em outra alternativa, o lugar em que o poder do Anticristo estará centrado, se encontra provavelmente profetizado na Centúria IX, Quadra 62, que por complexas razões numerológicas, está associada ao conceito do Anticristo. Ela diz: Ao grande homem da ágora Cheramon Todas as cruzes serão ligadas conforme a classe, O ópio e mandrágora pertinazes [provavelmente significando "de efeito perpétuo"] Rougon será lançado em três de outubro. Essa quadra, expressa de modo tão obscuro como qualquer quadra das Centúrias, muitas vezes foi interpretada pelos comentaristas modernos como referência a técnicas mágicas secretas que envolvem o uso de drogas alucinógenas ("ópio e mandrágora”) e palavras que os magos do mundo antigo chamavam de "palavras bárbaras de evocação" - duas das quais seriam "ágora Cheramon". Essa interpretação provavelmente está errada por dois motivos. O uso que o vidente fez da expressão "ópio e mandrágora pertinazes" implica que ele não estava empregando o nome dessas drogas alteradoras da consciência em sentido literal; ao contrário, estava tentando expressar, em palavras correntes no seu tempo, que o
  • 32. sujeito da quadra usaria como armamento substâncias causadoras de frenesi, coma e morte - em outras palavras, empregaria exatamente o mesmo tipo de arma química associada ao Anticristo em outras quadras. Em segundo lugar, "ágora (o mesmo que praça, mercado) Cheramon" não é uma "Palavra de Poder" do ocultismo; era o nome clássico de um obscuro vilarejo na região que hoje é a Turquia, e as "cruzes" que Nostradamus previu que estariam "ligadas a ele conforme a classe" constituem provavelmente a hierarquia da seita liderada pelo pseudo-messias. A última linha da quadra parece predizer que o terceiro Anticristo fará um ataque usando venenos químicos ("Rougon") em um 3 de outubro precisamente datado. É uma pena que Nostradamus não tenha sido igualmente preciso sobre o ano do acontecimento!
  • 33.
  • 34. Como os leitores deste livro já terão percebido, pelo conteúdo de algumas quadras parece que Nostradamus profetizou que os anos imediatamente anteriores ou posteriores ao ano 2000 constituirão uma época de crises contínuas e sem precedentes. Estamos fadados, assim predisse o vidente, a suportar uma época de tormenta política e social, cismas e guerras - em grande parte motivados por religião levados a efeito com armas químicas e bacteriológicas. É quase certo que, se esses acontecimentos previstos de fato ocorrerem, eles resultarão direta ou indiretamente em uma desastrosa queda de todas as economias do mundo e em miséria, fome, doença e morte para centenas de milhões de pessoas. Não é de surpreender que o vidente tenha profetizado exatamente tais acontecimentos - praga, fome, a degradação das moedas e conseqüentes tumultos e distúrbios civis.
  • 35. N. da T.: O Forte Knox é a casa da moeda americana. É provável que em todas as décadas de todos os séculos, desde os primórdios da humanidade, pessoas tenham morrido de fome em alguma(s) parte(s) da terra - e qualquer vidente que tenha feito uma profecia sem data, sobre fome futura em um determinado país, deve ter tido a certeza de que um dia ela seria cumprida. As Centúrias, de fato, contêm algumas profecias desse tipo - por exemplo, é prevista uma onda de fome no Irã, na Centúria I, Quadra 70, que diz:
  • 36. Chuva, fome e guerra sem cessar na Pérsia, Confiança muito grande trairá o monarca, Os assuntos iniciados na Gália também terminarão lá, Um augúrio secreto para alguém ser poupado. Interessante - e possivelmente ligado a desenvolvimentos futuros a ser observados na República Islâmica do Irã -, mas seu significado preciso é vago demais para que seja interpretado com razoável perspectiva de sucesso, ainda que não totalmente, antes que sucedam os acontecimentos eles mesmos. Por outro lado, há uma profecia nostradamiana de uma penúria mundial de particular severidade, que parece ser referente a uma época de sublevação política, religiosa e econômica que o vidente previu para os anos em torno da virada do século 20 para o século 21. Essa profecia deprimente é feita na Centúria I, Quadra 67, que diz: A grande penúria que sinto aproximar-se Se repetirá com freqüência [em determinados países] e então se tornará universal: Tão grande será ela, e durará tanto tempo Que eles [os famintos] comerão raízes de árvores e roubarão crianças do seio.
  • 37. Esta última linha pode significar que os famintos tirarão crianças do seio para sugarem o leite eles mesmos - ou pode ser que Nostradamus tenha profetizado uma fome de tal severidade que o canibalismo será praticado em escala considerável pelo mundo todo! Essa escassez está destinada a ser acompanhada de uma inflação igualmente generalizada, em que o dinheiro de papel perca completamente o valor - pelo menos é o que parece pela Centúria VIII, Quadra 28. Essa estrofe diz:
  • 38. Os simulacros [imagens ou reproduções] de ouro e prata inflacionados, Que após o roubo [do valor real] foram lançados ao lago, A descoberta de que tudo está destruído pelo débito Todos os títulos e cautelas serão cancelados. Como o dinheiro de papel, "simulacro de ouro e prata”, era desconhecido na Europa na época em que Nostradamus estava escrevendo as Centúrias, a primeira linha da estrofe é notável por si mesma; se a profecia toda estiver destinada a se mostrar correta, essa inflação que se aproxima será a mais total e devastadora que o mundo já conheceu, pois não apenas o dinheiro de papel se torna sem valor, mas "todos os títulos e cautelas" - em outras palavras, toda a riqueza, exceto propriedades reais e outras riquezas materiais - serão eliminados.
  • 39. Em uma situação como essa, seria provável que houvesse um desejo universal de conseguir, sob alguma forma, o único meio de troca fácil de carregar - ouro e outros metais preciosos. Esse desejo, acompanhado da raiva contra os banqueiros, que seriam apontados como culpados pela situação econômica que teria resultado em pauperismo geral, poderia sem dúvida resultar em distúrbios civis, tumultos e saques de prédios vinculados a instituições financeiras.
  • 40. Uma tal erupção de fúria candente de um povo contra um sistema que eles achem que lhes tenha tirado tudo aparentemente está prevista na Centúria X, Quadra 81, que diz: O tesouro é colocado em um templo por cidadãos das Hespérides [América] Apartado dentro dele para um lugar secreto de guarda, O templo será arrombado por penhoras [significado incerto] famintas Recapturada, raptada, uma presa terrível no meio [dele?]. Cofres de bancos e construções modernas semelhantes para armazenamento de metais preciosos eram, é claro, coisas desconhecidas para Nostradamus, que pode ter utilizado a palavra "templo" para se referir a um cofre - nos tempos clássicos era bastante comum que os cidadãos guardassem suas riquezas nos templos dos deuses. Como o "templo" citado nessa quadra fica na América, a estrofe toda é, provavelmente, uma descrição profética de um violento ataque ao Forte Knox, cujos cofres contêm a maior parte das reservas de ouro dos EUA.
  • 41. Existe - e talvez sempre tenha existido - uma tendência entre os comentaristas de Nostradamus para ajustar determinadas previsões a acontecimentos que estiveram no noticiário em tempos comparativamente recentes. Embora essa tendência tenha sido responsável pela identificação de alguns notáveis acertos de previsão, como a quadra sobre o Grande Incêndio de Londres (ver páginas 59-62), é uma tendência que guarda seus perigos. Primeiro, o intérprete tende a começar a distorcer a estrofe já torcida do vidente, para fazer com que ela se ajuste a acontecimentos que ocorreram na época do intérprete. Em segundo lugar, às vezes acontece que o intérprete abandone todo o bom senso e chegue à conclusão de que Nostradamus fez um grande número de profecias a respeito de acontecimentos que ocorreram centenas de anos após a sua morte e que são, exceto na mais curta das escalas cronológicas e na mais paroquial das perspectivas, quase irrisoriamente insignificantes.
  • 42. Essa tendência levou mais de um estudioso atual das Centúrias a saudar a Centúria X, Quadra 49, como uma predição do acidente nuclear americano que teve lugar há alguns anos na usina de energia de Three Mile Island - o acidente, até o desastre de Chernobyl, mais sério ocorrido no mundo. A quadra em questão diz: Jardim do mundo perto da cidade nova, Na estrada das montanhas ocas, Será agarrado e jogado dentro do tanque, Forçado a beber água envenenada com enxofre. Os que alegaram que essa profecia se refere à emergência de Three Mile Island afirmam que a "cidade nova" da primeira linha é Nova York (o que, de fato, é quase certamente o caso - ver página 191), que as "montanhas ocas" da linha dois foi a maneira encontrada por Nostradamus para descrever arranha-céus percebidos por ele em visão e que as linhas três e quatro se referem à ameaça que o acidente poderia ter representado ao abastecimento de água de Nova York, em conseqüência da precipitação radioativa. Pode ser, mas mesmo que se aceite, como aventou um intérprete, que o "enxofre" da quarta linha deva ser entendido como o princípio alquímico que leva esse nome (a essência do abrasador "elemento" da destruição, do qual a radioatividade descontrolada é uma manifestação especial), e não como um composto do elemento químico enxofre, a previsão dificilmente pode se aplicar aos efeitos do incidente de Three Mile Island. O fato simples é que, embora os acontecimentos acidentais ocorridos ali tenham ameaçado com o desastre uma grande área do nordeste dos Estados Unidos, eles foram controlados de tal forma que nenhuma catástrofe ocorreu de
  • 43. fato, e o suprimento de água de Nova York ou de outro lugar qualquer não foi envenenado. No entanto, com suas menções à "cidade nova” (que, por consenso, era a forma como Nostradamus descrevia Nova York), a quadra pode parecer aplicável ao envenenamento (literal) dos reservatórios de água de Nova York ou de algum centro populacional próximo a
  • 44. ela. A menos que a profecia que Nostradamus fez na Centúria X, Quadra 49, estivesse totalmente errada - e devemos lembrar que alguns dos prognósticos do vidente parecem mesmo ter sido bastante errôneos (ver páginas 265-8) -, esse acontecimento pertence ao futuro, pois certamente ainda não aconteceu. O conteúdo dessa profecia, obviamente, não é de natureza a dar qualquer indicação da data provável de seu cumprimento, mas considerações numerológicas e outras parecem ligá-la a algumas outras quadras que se referem a acontecimentos previstos para os últimos anos do século 20 e os primeiros anos do seguinte. Em outras palavras, essa profecia sobre habitantes de Nova York ou outros americanos estarem em uma situação em que não têm escolha senão "beber água envenenada com enxofre" relaciona-se à época das profecias relativas a guerras santas dos militantes islâmicos, ao terceiro Anticristo, conflitos mundiais e escassez (ver páginas 154-61). Portanto, é provável que, se a profecia da água envenenada tiver de se cumprir, isso ocorrerá (a) em algum momento num futuro próximo, provavelmente entre 1995 e 2005, e (b) em conseqüência de um ataque militar contra os Estados Unidos. Também é provável, em vista do conteúdo da primeira linha da estrofe - "Jardim do mundo perto da cidade nova” -, que o envenenamento tenha maior impacto sobre o estado vizinho, New Jersey, chamado de "o estado jardim", do que sobre a própria Nova York. Se as usinas de purificação de água fossem derrubadas por bombardeios, como aconteceu em Bagdá durante a Guerra do Golfo, a água do abastecimento poderia ficar poluída de tal maneira que seria perigoso beber dela. Entretanto, isso poderia ser facilmente contornado com o cuidado de ferver a água antes de usá-
  • 45. la; então o uso que Nostradamus fez da expressão "forçados a beber" sugere um envenenamento de natureza bem mais grave do que simples poluição - mais provavelmente pelo uso de armas químicas ou nucleares. A primeira hipótese seria a mais provável se a palavra "enxofre" fosse entendida literalmente, pois existem alguns compostos de enxofre de enorme virulência. Se, entretanto, houve intenção de que a palavra fosse entendida simbolicamente, é mais provável que a profecia se relacione com venenos radioativos e com um ataque nuclear aos EUA Em relação à possibilidade de um ataque nuclear, o conteúdo da Centúria VI, Quadra 97, examinada em detalhe nas páginas a seguir, é de grande e assustadora pertinência.
  • 46.
  • 47. Nenhuma parte da área terrestre continental dos Estados Unidos jamais sofreu os efeitos diretos da guerra moderna, o que significa dizer de uma guerra que emprega armamentos aéreos e mísseis terra-a-terra. Embora desde 1917 até hoje inúmeras famílias americanas tenham sofrido os efeitos de guerras estrangeiras - que vão desde dificuldades econômicas até a dor sofrida pela morte de vizinhos, amigos e parentes -, o único dano diretamente infligido à área continental do país por forças militares estrangeiras, desde 1814, foram os insignificantes problemas impostos à costa oeste, na Segunda Guerra Mundial, por bombas lançadas de submarinos japoneses, e, ainda mais superficiais, dispositivos incendiários lançados por balão desde o outro lado do Pacífico. Está previsto nas Centúrias que essa relativa imunidade às devastações da guerra moderna, que afetam a população civil, não está programada para durar muito tempo mais, pois Nostradamus profetizou que a série de conflitos mundiais que ele viu começar por volta da virada deste século - em algum momento entre 1995 e 2004, se aceitarmos a cronologia nostradamiana aceita pela maioria dos estudiosos contemporâneos das Centúrias - infligiria um volume
  • 48. imenso de danos à América e a seus povos. Tome-se, por exemplo, a previsão de um conflito global contida na Centúria I, Quadra 91, cuja transcrição está na página 163. A última linha dessa quadra diz: "O maior dano será imposto à esquerda”. A palavra "esquerda” muito provavelmente não foi usada pelo vidente em seu sentido político moderno - embora não se possa eliminar totalmente essa possibilidade, pois em algumas de suas profecias cumpridas, ele parece ter usado a palavra "vermelhos" em seu sentido moderno de "revolucionários socialistas", e não no sentido mais normal no século 16, que seria "cardeais romanos". É possível, ainda, que dizendo "esquerda” Nostradamus quisesse apenas indicar o antagonista de motivação mais sinistra, pois a acepção latina original da palavra "sinistro" é "esquerdo".
  • 49. Parece mais provável, entretanto, que o vidente tenha feito referência ao tipo mais comum de mapa do mundo, que era usado em seu tempo e que, na verdade, ainda é o mais usado. Nesse desenho essencialmente eurocêntrico, o hemisfério norte é mostrado no alto do mapa e o "hemisfério ocidental" - as Américas - fica à esquerda. Se o profeta fez, como parece praticamente certo, uma referência geográfica desse tipo, a última linha da Quadra 91 da Centúria I pode ser parafraseada, no contexto das três primeiras linhas, dizendo-se: "Na guerra mundial profetizada, feita com uso de mísseis e outras armas de combate aéreo, o maior dano será sofrido pelas Américas". Essa interpretação do significado da última linha da estrofe se torna mais verossímil pelo conteúdo de uma quantidade surpreendentemente grande de outras profecias feitas nas Centúrias - por exemplo, a Centúria VI, Quadra 97, que contém também uma referência claramente geográfica: O céu arde a 45 graus, O fogo se aproxima da grande cidade nova, Uma chama enorme, espalhada, salta bem alto Quando querem ter prova [ou indicação] dos normandos. Muitas vezes é difícil ter exata certeza sobre o que está sendo dito por Nostradamus nas estrofes sobre o nosso futuro, mas no caso dessa quadra somente o significado da última linha parece estar sob alguma dúvida maior (ver quadro abaixo). A referência a "quarenta e cinco graus", na primeira linha, deve ser relativa à latitude e/ou
  • 50. longitude aproximada (talvez numa extensão entre 40º e 50º) de alguma determinada área da superfície da terra; não é sensato entendê-la como uma referência astronômica relativa à elevação ou a um certo grau zodiacal, por exemplo, pois nesse caso o restante da quadra ficaria sem sentido. Como referência geográfica referente a uma latitude e/ou longitude entre as linhas de 40 e 50 graus, 45 graus pode aplicar-se a diferentes regiões, entre elas áreas de produção de petróleo no Oriente Médio e uma enorme porção dos EUA, inclusive todo o estado de New England e Nova York. Pode ser que essa seja uma das predições duplas de Nostradamus, que se aplica a essas duas partes do mundo, mas a menção à "grande cidade nova" na segunda linha da quadra deixa claro que a implicação principal da profecia é quanto aos EUA, pois todas as outras menções a uma "cidade nova”, nas quadras, parecem referir-se a Washington, a São Francisco ou, mais comumente, a Nova York. Há de parecer, assim, que as linhas dois e três são uma profecia de um amplo ataque nuclear aos EUA (que poderia coincidir com um acontecimento semelhante no Oriente Médio), no qual Nova York será danificada - e talvez totalmente destruída - pela "chama que se aproxima”. NORMANDOS E HOMENS DO NORTE Como foi explicado acima, a Centúria VI, Quadra 97, parece conter uma profecia específica de um ataque nuclear a Nova York e outras áreas dos Estados Unidos. Somente o significado da última linha da quadra, "quando querem ter prova [ou indício] dos normandos", parece ser assunto de debate.
  • 51. Alguns famosos nostradamianos, entre eles Erika Cheetham, entenderam essa linha como possível referência ao envolvimento militar e diplomático da França em acontecimentos ligados ao bombardeio de Nova York. É possível, mas a palavra "normandos" deriva de uma palavra do nórdico antigo que significa simplesmente "homens do norte"; portanto, é perfeitamente possível que a linha indique não a França, mas uma coligação do norte asiático - talvez uma liderada pelo "terceiro Anticristo" de Nostradamus.
  • 52.
  • 53. NOSTRADAMUS E A ERA DO TERROR O FILME O PARQUE DOS DINOSSAUROS TEM COMO TEMA A RECRIAÇÃO DE MONSTROS ANTIGOS, EXTINTOS HÁ MILHÕES DE ANOS. NOSTRADAMUS ACREDITAVA QUE MONSTROS EM FORMA HUMANA, MORTOS HÁ MUITO TEMPO - TAIS COMO GÊNGIS KHAN - RETORNARIAM PARA PAVONEAR-SE SOBRE A TERRA EM UM FUTURO PRÓXIMO DE NÓS. Como foi demonstrado no capítulo anterior, são realmente sombrias as profecias de Nostradamus que provavelmente se referem à segunda metade da década de 1990 até um bom trecho do século 21 - uma ameaça de penúria mundial de muita profundidade, de muitos de nós acabarmos comendo raízes das florestas e/ou praticando canibalismo; de guerras combatidas com armas químicas, bacteriológicas e nucleares; da pior inflação jamais vista pela humanidade; e de todas as conseqüências econômicas e sociais dos excessos do fanatismo religioso. Em resumo, essas profecias indicam a iminência de uma era de monstruoso terror e de um horror quase sem abrandamento. É de tal forma assustadora a natureza do que Nostradamus profetizou para nós e para nossos filhos - ou, pelo menos, o que a maioria dos nostradamianos atuais acredita ser o que o vidente profetizou para nós - que mesmo o mais dedicado admirador das Centúrias e do currículo de seu autor deve ter a esperança de que ele estivesse inapelavelmente errado; ou, melhor ainda, de que os intérpretes da obscura linguagem das quadras que parecem ser cronologicamente relativas ao presente tenham entendido mal seu significado ou mostrem ter errado em alguns séculos o cálculo da
  • 54. escala de tempo apropriada. Isso há de ser ainda mais esperado em razão da natureza funesta de muitas das predições comentadas nas páginas a seguir. Tais predições compreendem: um grande desastre, talvez envolvendo armas de fusão, que ocorrerá no mesmo momento de uma edição iminente dos Jogos Olímpicos; a intervenção, nos
  • 55. negócios mundiais, de certo horror - que pode ser um indivíduo ou uma coisa material -, ao qual Nostradamus deu o enigmático codinome de "Rei Reb"; movimentos religiosos sinistros; mais guerras e penúria; e um sombrio futuro para a Rússia. Nem tudo é assim deprimente, pois embora Nostradamus pareça ter profetizado muitas desgraças para os anos à nossa frente, ele também parece ter acreditado que um dia, muito depois de todo esse sofrimento, os seres humanos viverão em felicidade e viajarão entre as estrelas. Os estudiosos atuais fazem uma espantosa afirmação acerca das estranhas quadras proféticas de Nostradamus. Eles alegam que em duas delas - Quadra 74 da Centúria X e Quadra 50 da Centúria I - o vidente previu que, à época dos Jogos Olímpicos de 2008, antigos cultos secretos que há muito se acreditava estar extintos ou guardados por um punhado de ocultistas esquisitos demonstrarão
  • 56. seu poder ao mundo. Essas seitas estranhas são de natureza pagã, relacionam-se com a necromancia (o culto dos mortos), vão assumir uma característica sangrenta e, em 2008, poderão ser lideradas pelo indivíduo que está destinado a ser o responsável pela vinda do "Rei do Terror" (ver páginas 202-6). Eis aqui, portanto, pelo valor que possa ter, uma paráfrase dessa interpretação das duas quadras, das quais foram extraídas as conclusões proféticas sensacionais e alarmantes estampadas na primeira página deste capítulo. A Quadra 74 da Centúria X diz: O ano do grande sétimo número revolvido Aparecerá na época dos jogos da Hecatombe Não longe do grande Milênio,
  • 57. Quando os mortos deixarão seus túmulos. "Não distante do grande Milênio" é entendido com o significado de "perto do (i.e., a não muitos anos do) ano 2000". Isso poderia significar tanto antes como depois do ano do milênio. Entretanto, como o ano exato que Nostradamus quis indicar fica depois de um ano terminado em sete ("O ano do grande sétimo número revolvido", isto é, finalizado), aplica-se à previsão uma data subseqüente ou a 1997 ou a 2007. Como Nostradamus escreveu sobre o grande sétimo número, obviamente era a 2007, e não a 1997, que o vidente se referia; dessa maneira, o acontecimento previsto, ou seja, o momento em que, metafórica ou literalmente, os mortos deixarão os túmulos, ocorrerá imediatamente após 2007, muito provavelmente no ano de 2008.
  • 58. A segunda linha da quadra confirma que é 2008 o ano bem indicado para o cumprimento da profecia: ''Aparecerá na época dos jogos da Hecatombe". Uma hecatombe - a palavra deriva de um termo do grego clássico que significa literalmente "cem bois" - é um grande sacrifício público de sangue, que envolve o abate ritual de muitas vítimas. Nos primórdios da Grécia clássica, esse sacrifício público era realizado no início dos Jogos Atléticos periódicos que se realizavam em Corinto e em outras cidades. Esses jogos, dos quais os mais conhecidos eram os que tinham lugar no Olimpo, eram muito mais do que simples "jogos", no sentido moderno da palavra; eram festivais pagãos solenes freqüentados por atletas de todas as áreas de língua grega do Mediterrâneo oriental. Os Jogos Olímpicos originais eram ligados aos cultos da deusa do submundo, Demétria (as únicas mulheres admitidas nas Olimpíadas eram suas sacerdotisas), e da deusa da Lua, Selene, que provavelmente derivaram de um culto primitivo de fertilidade. Perto do final do século 4, todos os Jogos, inclusive os realizados em Olimpo, foram suprimidos pelo Imperador Teodósio, que era cristão, como todos os imperadores da segunda metade daquele século - à exceção de Juliano, o Apóstata. Isso foi feito em razão da natureza pagã de todos os Jogos e do fato de que era profundamente ofensiva ao recato cristão a convenção de que os atletas participantes dos Jogos deviam competir nus. O ato do imperador trouxe um fim a todos os Jogos que ainda eram, pelo menos em nome, os "jogos da Hecatombe", embora os sacrifícios, na verdade, pareçam ter deixado de ser executados muitos anos antes. Existe alguma coisa, hoje, a que a expressão "jogos da Hecatombe" usada por Nostradamus possa se aplicar? Bem, certamente não existem jogos públicos nos quais se sacrifiquem animais aos antigos
  • 59. deuses, mas as Olimpíadas modernas foram estabelecidas, em 1896, como uma deliberada revivificação, após cerca de 1500 anos de quase esquecimento, do maior de todos os "jogos da Hecatombe" - os realizados em Olimpo e relacionados com os cultos de Demétria e Selene. O primeiro dos Jogos Olímpicos restaurados programado para ocorrer após 2007 - "o ano do grande sétimo número revolvido" citado na primeira linha da Quadra 74 da Centúria X - será o que deve ocorrer em 2008. É nesse ano que algo - seja quem ou o que for - "aparecerá" e que, real e/ou simbolicamente, "os mortos se levantarão de seus túmulos". Por razões complexas, esse "algo" que aparecerá é identificado como sendo uma pessoa mencionada na Quadra 50 da Centúria I, que será examinada nas páginas a seguir.
  • 60.
  • 61. As três grandes fés religiosas que Nostradamus e seus contemporâneos conheciam eram o islamismo, o judaísmo e o cristianismo, para as quais são dias santos, respectivamente, a sexta-feira, o sábado e o domingo. Mas na Quadra 50 da Centúria I Nostradamus se refere a alguém que não é seguidor de nenhuma dessas três religiões, pois a quadra diz: Do Trígono da Água nascerá Alguém que celebrará quinta-feira como seu dia santo, Sua fama, aclamação e poder crescerão Na terra e no mar, provocando Tormentas no Oriente. A primeira linha dessa estranha profecia simplesmente nos conta algo sobre as influências astrológicas destinadas a ser proeminentes no horóscopo da pessoa a quem a previsão se refere (ver quadro nas páginas 200-1). Mas o que dizer da segunda linha da quadra, que descreve essa pessoa como "alguém que celebrará a quinta-feira como seu dia santo"? A forma exata de paganismo ao
  • 62. qual essa pessoa pertencerá é incerta, mas em razão da referência a mortos que deixam seus túmulos, existente na última linha da Quadra 74 da Centúria X, é provável que essa seita envolva a restauração de um antigo culto aos mortos talvez, à vista da referência a "tormentas no Oriente", a alguma forma degenerada de tantrismo da mão esquerda ou um culto de Bon. As interpretações das duas quadras tanto em relação mútua quanto em relação a outras profecias de Nostradamus são evidentes e podem ser resumidas assim: nos primeiros anos do novo milênio, uma influência nova e poderosa estará agindo no mundo - um líder
  • 63. político malévolo que será também um líder religioso, ou, de qualquer modo, um líder quase religioso. Presume-se que seus seguidores o verão como um gênio espiritual, e é bastante evidente que ele nem sequer alegará ser cristão, muçulmano ou judeu, pois está descrito que será alguém "que celebrará a quinta-feira como seu dia santo". No ano 2008, esse governante se engajará em uma ação, ou ações de grande e desagradável importância. Há boas razões para associar provisoriamente o "Rei do Terror" de 1999, tratado nas
  • 64. páginas 202-6 (ou, ainda, a pessoa que coloque em ação uma realidade qualquer que tenha sido simbolizada por essa expressão), com aquele cuja fama cresce a tal ponto que se seguem "tormentas no Oriente" - a menos que, e até que, o curso da história demonstre que as descrições se referem a duas pessoas completamente diferentes. Entretanto, isso parece improvável; é bem mais possível que aquele que venha a levantar "tormentas no Oriente" - que, nesse contexto, deve-se presumir que sejam sublevações religiosas, sociais e políticas, e não tempestades meteorológicas - mostre ser a mesma pessoa que aquela que há de ser o "Rei do Terror" ou estar ligada a ele. É bastante provável, também, que ele seja o mesmo “Anticristo" mencionado como sendo alguém ligado ao "Rei Reb", na Quadra 66 da Centúria X. O TRÍGONO DA ÁGUA Segundo a astrologia tradicional, os doze signos do zodíaco são divididos em quatro trígonos, ou trios de signos. Cada trígono é atribuído a um dos "elementos" do conhecimento esotérico antigo - Terra, Ar, Fogo e Água. Os signos zodiacais do trígono da água são Câncer, Escorpião e Peixes; portanto Nostradamus estava indicando na primeira linha da Quadra 50 da Centúria I que esses signos seriam importantes no horóscopo do personagem. Talvez, por exemplo, a pessoa em questão nasceria com ascendente Escorpião, com o Sol e Mercúrio em Peixes e a Lua em Câncer. Em outras palavras, Nostradamus estava prevendo que um futuro governante teria um mapa astral dominado por planetas e pontos astrológicos supostamente significativos em signos do zodíaco pertencentes ao trígono da água.
  • 65. Em certas circunstâncias, um tal horóscopo poderia parecer realmente muito sinistro a alguém que aplicasse a ele as normas astrológicas que estavam em voga na época em que Nostradamus praticava a astrologia, que então ainda era chamada de "a ciência celestial" em geral considerada abaixo apenas da teologia em importância.
  • 66. Se, por exemplo, Sol e Marte estivessem no ascendente, no signo aquático de Escorpião, no mapa astral de um indivíduo, um astrólogo competente do século 16 assumia que essa pessoa era brutal, sanguinária, propensa a iras furiosas, altamente sexuada, sagaz e enganadora - ou, no jargão de nossa época, um sociopata altamente inteligente, extremamente astuto e anormalmente violento. Isso levanta uma possibilidade interessante. Pode ser que Nostradamus não tenha discernido, em visão, o horóscopo do indivíduo que ele descreveu, mas simplesmente obteve uma impressão do caráter dele ou dela e, com base em seu conhecimento das leis astrológicas, inferiu que o infausto
  • 67. governante deveria fatalmente ter o tipo de mapa de nascimento que então indicou.
  • 68. Até hoje a humanidade não experimentou uma guerra em que um enorme número de pessoas - combatentes ou civis - tenha morrido pelos efeitos de armamento químico ou nuclear. Embora em um grande número de ocasiões tenha utilizado gás tóxico (cloro, fosgênio e mostarda) durante a Primeira Guerra Mundial, as mortes causadas por seu uso foram surpreendentemente poucas; e embora tenham sido usadas bombas nucleares contra Hiroshima e Nagasaki em 1945, o número de civis mortos nessas duas cidades foi pequeno em comparação com os que já tinham morrido em outros pontos do Japão em conseqüência de bombardeio convencional. Essa situação não está destinada a durar - ou, pelo menos, é o que parece pelo conteúdo da Quadra 72 da Centúria X, pertencente àquela pequena minoria de quadras em que Nostradamus deu uma data específica para um acontecimento futuro. Ela diz:
  • 69. No ano 1999 [e] sete meses, Do céu virá um grande Rei do Terror, Ele ressuscitará o grande Rei de Angolmois, Antes e depois, Marte reina contente. Tal como está, essa quadra de Nostradamus é bem mais fácil de interpretar do que muitas outras. Primeiro, no sétimo mês de 1999 (isto é, julho ou talvez início de agosto), o Rei do Terror virá do céu e trará de volta à vida o Rei de Angolmois. Segundo, tanto antes como depois da vinda do Rei do Terror, "Marte reina contente" - um trecho bastante óbvio do simbolismo profético, significando que nos meses anteriores e posteriores à descida do Rei do Terror o mundo será devastado por conflito armado.
  • 70.
  • 71. Entretanto há ainda alguns enigmas. Quem é o Rei de Angolmois? E como será ele trazido de volta à vida por um Rei do Terror, e quem ou o quê, exatamente, é este último? "Angolmois" pode ser lida simplesmente como uma província francesa (ver páginas 210-3) ou pode ser entendida como um bom exemplo do tipo de trocadilho que é muito recorrente nas quadras - a invenção de uma palavra ou nome aparentemente sem sentido que é ou um anagrama ou, mais comumente, um anagrama imperfeito da palavra real que o vidente tinha em mente. Nesse caso em particular, “Angolmois" pode ser lida como um anagrama imperfeito da palavra mongolois, do francês antigo, ou seja, "mongóis". Ora, o maior de todos os governantes mongóis foi Gêngis Khan, que teve a fama de ser monstruosamente cruel e destruidor. Certamente ele conquistou um grande império para si e, ao fazê-lo, foi direta ou indiretamente responsável pela morte de milhões de seres humanos. Em outras palavras, parece muito provável que com a expressão "o grande rei de Angolmois" Nostradamus estivesse indicando Gêngis Khan. Entretanto, não parece provável que o vidente estivesse predizendo que o misterioso Rei do Terror literalmente restauraria a vida do governante mongol; ele estava dizendo que o Rei do Terror seria um outro Gêngis Khan, no sentido de que mataria tanta ou mais gente do que o rei mongol. Quem ou o quê, então, poderia ser o Rei do Terror, cujas vítimas igualariam ou ultrapassariam em número as milhões de pessoas mortas por Gêngis Khan? Ele poderia ser um ser vivo, bem literalmente um grande governante que inflige terror àqueles que estão submetidos ao seu poder. Nesse caso, entretanto, é difícil entender como ele poderia vir do céu, a menos que fosse um ser
  • 72. alienígena, um conquistador que vem do espaço. Há pelo menos um estudioso das Centúrias que está convencido de que esta última é a interpretação correta da Quadra 72 da Centúria X - que em julho ou agosto de 1999 nosso planeta seria invadido por seres do espaço que destruiriam a maior parte da humanidade e escravizariam os remanescentes. Pode ser - mas parece muito mais provável que Nostradamus estivesse empregando a expressão "Rei do Terror" em sentido metafórico, relativo a um objeto inanimado, tal como um redator pode se referir ao produto sobre o qual está escrevendo como "o carro que é o rei da estrada”. Se assim for, o significado da quadra é claro e, considerando os muitos exemplos de profecia confirmada de Nostradamus, é alarmante: em julho ou agosto de 1999, em uma época em que possivelmente haveria guerra em curso, viria da terra uma arma de destruição em massa que seria responsável pela morte de mais pessoas do que o foi Gêngis Khan. Isso imediatamente faz aventar o uso de uma bomba de fusão por uma das potências em guerra; mas mesmo a maior das bombas de hidrogênio de hoje provavelmente não destruiria tantas vidas como o governante mongol destruiu. Talvez Nostradamus estivesse usando a palavra "Rei" para simbolizar uma realidade coletiva, dezenas ou centenas de bombas de fusão - em outras palavras, ele pode ter profetizado o início de uma guerra, em 1999, na qual seriam empregadas armas nucleares em larga escala. Outra possibilidade é que o Rei do Terror não será alguma arma nuclear; que, em vez disso, será uma arma química ou bacteriológica que escapa ao controle e espalha venenos químicos ou esporos de doença por todo um continente ou mesmo por todo o mundo, matando milhões.
  • 73. Pelas razões que serão explicadas nas páginas 207-9, alguns nostradamianos de hoje acreditam que é provável que o continente da Europa esteja destinado a ser a vítima do assassinato em massa de 1999.
  • 74. ONDAS ALlENÍGENAS Desde 1947, visões de objetos voadores não-identificados (OVNI’s) parecem ter acontecido em ondas - quase como se estivéssemos sendo "investigados" por alguma civilização alienígena a intervalos regulares. A maior onda dessas visões ocorreu em 1952, quando o consultor de astronomia do projeto de monitoração de OVNI’s do governo americano era o professor Allen Hynek, da Universidade de Ohio. Depois de investigar não menos que 1501 casos, dos quais 303 permaneceram inexplicados, seu ceticismo original foi totalmente abalado. Os casos em que detecções por radar se seguiam a evidências visuais, nas proximidades de Washington, eram especialmente difíceis de ignorar. Avistamentos de OVNI’s reportados por pilotos de avião treinados também eram comuns, e em uma ocasião aviões militares brincaram de pega-pega com diversos OVNI’s, enquanto a coisa toda era observada no radar.
  • 75. Como foi explicado nas páginas 147-50, as quadras das Centúrias chamadas de "ocultistas" sempre confundiram os comentaristas. Suas tentativas de solucionar o enigma e responder por quê, precisamente, o vidente achou apropriado inserir entre suas profecias algumas estrofes que parecem se relacionar mais com as técnicas de alquimia e mágica do que com o futuro, invariavelmente deram origem mais a debates do que a esclarecimento; elas tenderam a encontrar pouca aceitação ou pouca resposta dos outros, exceto no caso das referências de repúdio à estranhamente expressa Quadra 100 da Centúria VI - à qual, exclusivamente, Nostradamus deu um título: "Legis cantio contra ineptos críticos", ou "A canção da lei contra críticos ineptos". Ainda assim é possível que alguns daqueles que avançaram além da tentativa de entender o significado apenas das quadras puramente proféticas das Centúrias tenham muita informação a dar quanto aos detalhes do que foi vaticinado por Nostradamus em alguns de seus prognósticos precisos mas enfurecedoramente
  • 76. incompletos - como, por exemplo, a Quadra 72 da Centúria X, na qual ele escreveu sobre o Rei do Terror que viu descendo dos céus em meados de 1999 (ver páginas 202-6). Esses intérpretes tentaram compreender a natureza mais interna dos assuntos que são tratados nas quadras ocultistas - alquimia, magia e os estranhos caminhos de conhecimento interior que alguns chamaram de "cultos da sombra” - e, aplicando-os às Centúrias, dedicaram-se a aprender mais da natureza de aspectos particulares da "história futura”. Esses intérpretes correm o risco de atrair escárnio e também de cometer enganos tolos, mas provavelmente estão seguindo o caminho a que Nostradamus se referiu como o dos "sacerdotes do
  • 77. rito" (ver quadro na próxima página). Uma dessas experimentadoras, uma pessoa que, em linguajar nostradamiano, poderia ser chamada de "sacerdotisa do rito" - ou seja, uma mulher que possui um detalhado conhecimento teórico e prático tanto do augúrio cerimonial (ver páginas 257-60) como das antigas técnicas de alteração de consciência que supostamente capacitam aqueles que as praticam a obter um vislumbre da conformação do futuro -, forneceu a este escritor o resultado de uma experiência que fora destinada a revivenciar a visão do "Rei do Terror" que Nostradamus registrou na Quadra 72 da Centúria X. As técnicas que foram usadas para levar a cabo esse experimento estão descritas nas páginas 281-4; aqui bastará resumir o conteúdo da visão mediúnica que foi o resultado de seu emprego.
  • 78. De acordo com essa visão mediúnica experimental, no início de 1999 o governante de um Estado expansionista da Ásia central que foi anteriormente uma república constituinte da União Soviética teria sob seu controle algum tipo de veículo espacial orbital. Nessa época, toda a região que formava a União Soviética estaria dilacerada por uma confusão de guerras estrangeiras e internas, étnicas e religiosas. Como meio de deter inimigos reais e potenciais, esse veículo orbital seria equipado com algum sistema de lançar bombas bacteriológicas e químicas. Em conseqüência de algum fato que mais tarde se alegará ter sido um acidente, essas armas terríveis seriam lançadas, atingindo a parte sul da França, mas espalhando morte e devastação sobre toda a área terrestre da Europa. Nessa profecia, a Europa teria sido submetida a um ataque assassino de parte de um dos países da ex-União Soviética, e a Terceira Guerra Mundial seria lançada em todo o seu horror.
  • 79. A CANÇÃO DO VIDENTE A Quadra 100 da Centúria VI, única quadra à qual Nostradamus deu um título (ver página 207), tem ainda outra singularidade: ela foi impressa em latim (com exceção de uma palavra), em lugar da costumeira linguagem retorcida que une francês, anagramas e neologismos encontrada nas outras quadras. A estrofe diz: Que os que lêem esta estrofe ponderem seu significado, Que a multidão comum e os incultos a deixem em paz: Todos eles - os astrólogos idiotas e os bárbaros - se afastem, Aquele que faz a outra coisa, seja ele um sacerdote do [ou para o] rito.
  • 80. Nessa quadra o vidente estava indicando claramente que o conteúdo dessa estrofe não era destinado para o comum dos homens ("os bárbaros"), nem mesmo para "astrólogos idiotas" - simples cartomantes, no sentido de serem diferentes daqueles que hoje poderiam ser chamados "adivinhos iniciados" -, mas para "sacerdotes do rito". Entretanto, o vidente obviamente pretendeu comunicar mais do que isso, e é provável que ele estivesse dizendo uma das duas coisas a seguir, ou as duas: primeiro, que existe, como afirmam alguns estudiosos de seus escritos, uma estrutura escondida nas Centúrias; segundo, que aqueles que fossem "sacerdotes do rito", isto é, os que fossem preparados nas artes proféticas, e não simples cartomantes, deveriam ser capazes não apenas de interpretar as quadras mas de expandir e elucidar seu significado com o uso de augúrio ritual. Em pelo menos doze quadras, Nostradamus fez profecias que podem ser interpretadas como previsões da Terceira Guerra
  • 81. Mundial. A mais famosa delas, a Quadra 72 da Centúria X, já foi explicada (ver páginas 202-6), mas pode ser interpretada ainda de outra forma, que produz um pouco mais de detalhes. Em lugar de interpretar "Angolmois" como um anagrama imperfeito de mongolois ("mongóis"), pode-se entender que a palavra aponte a cidade francesa de Angoulême. Um líder francês recente que vem de perto dali é François Mitterand, que nasceu em Charente. A quadra, assim, sugere que depois que o "Rei do Terror" vier dos céus, Mitterand será ressuscitado politicamente e trazido temporariamente de volta ao poder para lidar com a situação. "Marte" poderia, então, ou se referir genericamente a uma guerra ou a um líder francês cujo horóscopo seja fortemente marcial (com influência de Marte) e cujo governo seja interrompido pela indicação temporária do presidente Mitterand - ou talvez de algum outro líder francês procedente da mesma região. Na Quadra 16 da Centúria I, Nostradamus utiliza simbolismo astrológico para datar a guerra iminente: Um alfanje ligado a um lago em Sagitário Como seu ascendente mais alto. Praga, fome, morte por mãos militares, O século se aproxima de sua renovação.
  • 82. O alfanje (12), nesse contexto astrológico, representa o planeta Saturno, enquanto "ligado a um lago" se refere a um signo zodiacal ou planeta de água. Um comentarista traduziu "lago" como “Aquário" e interpretou a passagem como "quando Saturno e Aquário estiverem em conjunção com Sagitário". Entretanto, não é possível que dois signos zodiacais estejam em conjunção; e é mais correto falar de dois planetas em conjunção do que um planeta (Saturno) ligado a um signo (Aquário). Obviamente, o "lago" pode representar a Lua em conjunção com Saturno, em Sagitário. A quarta linha sugere fortemente que os acontecimentos terão lugar no final de um século. A época mais recente em que Saturno esteve em Sagitário foi 1988; até o final do século 20, Saturno, que é um planeta de movimento muito lento, somente passou por Aquário, Peixes, Áries
  • 83. e Touro. Isso sugere que a chegada dessa praga, penúria e morte está programada para ocorrer bem dentro do século 21. A Quadra 46 da Centúria II nos dá um maior discernimento quanto ao possível advento de uma Terceira Guerra Mundial: Após grande sofrimento para a humanidade, um ainda maior se aproxima Quando o grande ciclo dos séculos for renovado Choverá sangue, leite, fome, guerra e doenças No céu será visto um incêndio, arrastando uma cauda de centelhas. 12. N. da T.: O alfanje, também chamado "gadanha", é semelhante a uma foice de cabo comprido. Mais uma vez se especifica um quadro de tempo "quando o grande ciclo dos séculos for renovado". Diferentemente da Quadra 41 da Centúria II (ver página 165), que fala de uma Grande Estrela fervendo ou queimando, essa quadra especifica "um incêndio, arrastando uma cauda de centelhas", o que parece ser uma referência ainda mais provável a um grande cometa. Como o cometa Halley veio e passou em 1986 com muito pouca visibilidade e perturbação astrológica, o "incêndio" de Nostradamus deve ser um fenômeno meteorológico inesperado, talvez o impacto de um meteoro sobre a Terra. Qualquer que seja o tempo exato, a expressão "quando o grande ciclo dos séculos for renovado" de fato sugere o final do segundo milênio. A guerra trará consigo uma chuva de sangue, leite, fome e doença. A palavra estranha no conjunto é "leite", e talvez a palavra laict do original francês fosse mais bem interpretada como laicité,
  • 84. significando uma irrupção de secularidade ou sentimento anti- religioso. Nostradamus se refere mais uma vez ao advento do cometa na Quadra 62 da Centúria II: Mabus logo morrerá e então acontecerá Uma terrível destruição de pessoas e animais: Subitamente, aparecerá a vingança, Uma centena de mãos, sede e fome, quando o cometa passar. A chave para a identificação da época é a identidade de Mabus - talvez alguém que ainda não se tenha tornado proeminente. Em vista, também, da referência a animais morrendo, a causa dessa terrível destruição é provavelmente algum tipo de dispositivo nuclear. Erika Cheetham aventa que "uma centena de mãos" se refere aos muitos campos de refugiados que surgem por todo o mundo quando há guerras ou penúria. A passagem de um cometa poderia, entretanto, ser a visão que Nostradamus teve de um míssil, e não de um cometa natural. Outra quadra especificamente relacionada com o século 20 é a Quadra 63 da Centúria I, na qual, espantosamente, Nostradamus diz claramente que: A pestilência passou, o mundo fica menor, Por longo tempo as terras ficarão pacificamente desabitadas. As pessoas viajarão seguras pelo céu [sobre] terra e mares: E então as guerras começarão de novo.
  • 85. Um mundo que fica menor é uma expressão contemporânea. Parece até que Nostradamus ouviu um trechinho de uma conversa dos tempos atuais. Ele por certo não teria "visto" o mundo físico encolher. Esse é certamente um aspecto interessante a respeito de como Nostradamus recebia as quadras, quase como se ele tivesse viajado no tempo aleatoriamente (ou pelo menos parece, por sua ordenação das quadras) e assim visse e ouvisse acontecimentos. Algumas de suas visões são de coisas como pilotos de caça (ver página 118), para as quais ele não poderia ter nenhum quadro de referência, então descrevendo-as por meio de objetos de seu tempo, em geral muito habilmente. A última linha sugere que começarão guerras após um período de paz. Essa expressão poderia se referir às guerras mundiais que já ocorreram ou aventar que haverá uma terceira, que irá irromper após um intervalo de cinqüenta anos de relativa paz. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, um intervalo de cinqüenta anos nos leva a 1995. Como as duas primeiras guerras mundiais do século 20 começaram nos Bálcãs, naquela área confusa e muito dividida etnicamente que era, até recentemente, chamada de Iugoslávia, é muito tentador apontar os atuais problemas dos Bálcãs como a potencial pedra de ignição para a Terceira Guerra Mundial que Nostradamus prediz.
  • 86.
  • 87. A Rússia existiu como país por muitos séculos antes da Revolução de 1917, que iria anunciar a formação da União Soviética - que agora, 72 anos mais tarde, quebrou-se de novo em suas partes componentes. A aliança entre a antiga União Soviética e os EUA no início de 1990 foi vaticinada pela Quadra 21 da Centúria VI, em que esses países são identificados na primeira linha: Quando aqueles do Pólo Norte estiverem unidos, No leste haverá grande medo e apreensão: Um novo homem eleito, apoiado pelo grande homem [...] Pode ser que a segunda linha se refira à reação da China, agora sozinha como único grande país comunista. O "novo homem eleito" é obviamente Boris Yeltsin, que apesar de alguns desacordos foi apoiado pelo "grande homem" que fez surgir tudo isso: Mikhael Gorbachev.
  • 88. O desmembramento da União Soviética em suas repúblicas constituintes, que já não são governadas por Moscou, deixou um legado de altercações entre os novos países que tentam criar uma Comunidade de Estados Independentes. Nostradamus tem algo a dizer a respeito deles - a Ucrânia e a Bielo- Rússia - na Quadra 95 da Centúria III: Ver-se-á a lei mourisca [modo de vida] falhar, Seguida de outra que é mais atraente: O Boristhenes será o primeiro a dar lugar A outro [modo de vida] mais agradável em conseqüência de presentes e línguas. A "lei mourisca" foi na verdade um trocadilho para aludir aos ensinamentos de Marx e, portanto, o comunismo (ver páginas 125-8), que se viu ter falhado. A referência ao Rio Boristhenes (ou
  • 89. Dneiper) identifica claramente os dois Estados como sendo a Ucrânia e a Bielo-Rússia (ou Rússia Branca, como era antes chamada), através dos quais ele corre. Fica claro que a súbita onda de fundamentalismo islâmico surgida em algumas das ex-repúblicas soviéticas fracassará nesses dois países. A forma de governo que acabará por assumir o poder nesses países é, segundo a visão de Nostradamus, mais agradável do que o fundamentalismo islâmico ou mesmo do que o comunismo.
  • 90. Como esses ex-satélites soviéticos são os "primeiros a dar lugar" à propaganda ocidental e talvez a suborno ou à sedução dos bens de consumo (presentes e línguas), ocorre o pensamento de que eles se verão, em algum estágio, em um conflito, presumivelmente com sua vizinha, a Rússia. Há mais minúcias na Quadra 95 da Centúria IV; em que Nostradamus escreve: O governo deixado para dois, eles manterão por muito pouco tempo, Três anos e sete meses passados, entrarão em guerra. As duas vestais se rebelarão contra eles, O vencedor nascido então em solo americano. O "governo deixado para dois" sugere duas potências mundiais, a ex-União Soviética (agora Rússia) e os Estados Unidos. A data desse evento parece ser muito exata - três anos e sete meses após o desmembramento da União Soviética, em algum momento em 1994 ou início de 1995. Nessa época haveria uma guerra, não entre Rússia e América, mas entre a Rússia aliada dos EUA e as duas "vestais" (virginais), significando dois novos países. Eles poderiam muito bem ser as recém-independentes Bielo-Rússia e Ucrânia, que faziam parte da União Soviética. A guerra seria vencida com a ajuda dos EUA, ou por um comandante ou diplomata nascido nos EUA. Apesar dessa ajuda, a aliança entre as duas potências mundiais não duraria mais do que treze anos, segundo a Quadra 78 da Centúria V:
  • 91. Os dois não permanecerão aliados muito tempo, Dentro de treze anos, eles cedem ao poder bárbaro. Haverá tal perda de ambos os lados, Que um deles abençoará a Barca e seu líder. A data em que essa aliança cede a um poder bárbaro seria algum momento do começo do novo milênio, cerca de 2003. A única grande potência não-cristã que poderia se qualificar é a China, que pelo simples tamanho de sua população torna anãs as duas superpotências combinadas. AS PROFECIAS DE RASPUTIN Um dos homens mais influentes na Rússia antes que estourasse a Revolução era o monge Gregory Rasputin, que era intimamente ligado à família real. Antes de sua violenta morte pelas mãos do príncipe Yussupov, ele escreveu uma carta à tsarina na qual fez a profecia de que morreria antes do primeiro dia de 1917, o ano da Revolução Russa. Acrescentou que, se ele fosse morto por um camponês, a Rússia permaneceria como próspera monarquia por centenas de anos, mas, se fosse morto por um aristocrata, o tsar e sua família morreriam dentro de dois anos e nenhum nobre restaria na Rússia após 25 anos. Todas as suas predições se confirmaram, depois que ele foi assassinado por um aristocrata em 29 de dezembro de 1916. A Revolução Russa rebentou no ano seguinte, e um ano mais tarde a segunda predição de Rasputin se cumpriu, com o assassinato da família real.
  • 92.
  • 93. Uma das estrofes mais inequívocas é a Quadra 17 da Centúria I. Ela declara em um francês bem comum que por quarenta anos Íris não será vista. Íris significa "arco-íris" em grego, e com essa afirmação a quadra parece querer dizer que por quarenta anos não haverá chuva, o que resultará em uma seca mais longa do que as ocorridas na sequíssima parte central da Austrália. A linha seguinte dessa quadra declara que por quarenta anos Íris seja vista todos os dias. Tal afirmação soa como chuva das proporções de dilúvio, seguida de inundações, mas com o Sol se mostrando ao menos tempo suficiente para criar um arco-íris. Para confirmar essa interpretação, a quadra continua: A terra seca se tornará mais ressecada, E haverá grandes inundações, quando ela será vista. Embora a Bíblia registre uma inundação de quarenta dias e quarenta noites, o mundo ainda não viu nem chuva nem seca dessas proporções, portanto a quadra deve ser referir ao futuro. A crescente ocorrência do "efeito estufa" e a alteração que provoca
  • 94. nos padrões climáticos do globo, incluindo-se o espalhamento de condições desérticas e semi-desérticas em partes da África que antes eram férteis podem ser um início do cumprimento dessa terrível profecia. Se tentarmos olhar além do significado literal bem óbvio da quadra, nossa única pista é Íris, que na mitologia grega era filha de Electra e irmã das Hárpias. Na llíada de Homero, ela é mencionada como mensageira dos deuses (principalmente de Hera e de Zeus, o mais alto deus do Olimpo na Grécia Antiga); portanto, talvez a seca e as enchentes devam ser explicadas como sérios alertas de natureza ecológica enviados pelos deuses. Íris é também esposa de Zéfiro, o mirrante vento oeste que causa a seca; em contraste, ela tem na mão uma jarra de água que simboliza a chuva.
  • 95. A seca traz a escassez, e na Quadra 42 da Centúria III, Nostradamus fala da fome em Tuscie, ou Toscana, na Itália: A criança nascerá com dois dentes na garganta, Pedras cairão como chuva na Toscana. Alguns anos mais tarde, não haverá nem trigo nem cevada, Para satisfazer aqueles que enfraquecem de fome. A referência à pessoa nascida com dois dentes na garganta ocorre ainda na Quadra 7 da Centúria lI, também associada à fome: Entre muitas pessoas deportadas para as ilhas Haverá um homem com dois dentes na garganta. Eles morrerão de fome, após descascarem as árvores. "Pessoas deportadas para as ilhas" era um método francês comum de lidar com criminosos, que eram enviados para colônias penais tais como a Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. A chave dessas duas quadras é a criança nascida com dois dentes na garganta. A referência mais clara a uma grande escassez é feita na Quadra 67 da Centúria I, que é reproduzida nas páginas 181-4. A ênfase é colocada sobre penúrias locais tornando-se mundiais, possivelmente em resposta ao efeito estufa e conseqüente alteração
  • 96. de condições climáticas. As fomes na África são apenas precursoras de uma fome global muito mais generalizada.
  • 97.
  • 98. A data dessa grande penúria está expressamente indicada na Quadra 67 da Centúria IV: No ano em que Saturno e Marte estiverem igualmente belicosos, O ar fica muito seco [de uma] longa passagem Por causa dos fogos ocultos, um lugar grande queima com o calor Pouca chuva, um vento quente, guerras e reides. Os períodos em que Saturno e Marte ocorrem no mesmo signo belicoso, Áries, aconteceram de 8 de abril a 2 de maio de 1996 e de 5 de março a 13 de abril de 1998. As profecias de Nostradamus quanto à fome generalizada no século 20 poderiam se realizar com mais probabilidade nesses períodos. Os dois planetas estavam também em signos de fogo de 10 de setembro a 30 de outubro de 1996, e novamente de 29 de setembro a 9 de novembro de 1997. Essas datas provavelmente testemunhariam uma dificuldade climática aumentada nos países africanos, pois Nostradamus indica que a seca recrudesceria na época da proximidade desses dois "planetas maléficos", como eram conhecidos antigamente. Por causa do excesso de calor e do ar muito seco, essa poderia ser a pior penúria do século, e a fome seria mais espalhada do que ocorreu na Somália e na Etiópia. Uma referência bem específica que Nostradamus fez na Quadra 90 da Centúria V, quanto à fome na Grécia, confirma que a escassez não ficaria limitada à África.
  • 99. Nas Cyclades, em Perinthus e Larissa, Em Esparta e todo o Peloponnense: Uma penúria muito grande, praga por meio de poeira falsa. Durará nove meses em toda a península. A "poeira falsa" pode ser um spray usado na agricultura, uma precipitação radioativa ou, possivelmente, algum tipo de arma química que se dirija para o sul a partir da guerra dos Bálcãs. Nostradamus parece ter previsto até mesmo acontecimentos ocorridos no contexto da exploração do espaço, a qual só se tornou um fato na segunda metade do século 20, apesar de ele ter vivido em uma era na qual a idéia de deixar a superfície da Terra como um pássaro estivesse além da imaginação do homem comum, pois até mesmo o vôo básico não passava de uma insinuação de Leonardo
  • 100. da Vinci (1452-1519). A mais clara referência a vôos está na Quadra 29 da Centúria lI: O homem do Oriente virá de seu assento Passando as montanhas Apeninos a caminho da França: Ele cruzará pelo céu, os mares e a neve, E golpeará todos com seu bastão. A terceira linha indica claramente a visão que Nostradamus teve de uma viagem aérea por sobre mares e os picos nevados dos Apeninos italianos, no caminho do "homem do Oriente" até a França, aventando que sua origem era o Oriente Médio. Pode-se especular se ele "viu" a forma dos aeroplanos que existiriam. Pro- vavelmente viu: a Quadra 64 da Centúria I fala de uma "batalha nos céus" em que os antigos capacetes de vôo lhe foram "visíveis". O mesmo tema é retomado na Quadra 45 da Centúria lI, onde "sangue humano é derramado perto do céu" uma imagem bem direta de guerra humana nos céus. A quadra seguinte descreve um míssil (ou, possivelmente, um cometa): "No céu será visto um incêndio, ar- rastando uma cauda de centelhas". Uma referência menos ambígua é dada pela Quadra 43 da Centúria IV; que afirma claramente que "serão ouvidas armas guerreando nos céus". É pequeno o passo conceitual daí para o vôo espacial controlado. A quadra principal é a Quadra 65 da Centúria IX, que diz: Ele será levado à esquina da Luna, Onde será colocado sobre terra estrangeira.
  • 101. Se entendemos Luna como a Lua, fisicamente, e não como alguma alusão simbólica, isso descreve a descida do astronauta Neil Armstrong ao solo lunar em uma nave colocada sobre a superfície da "Luna” pelos controladores da central da Nasa. Aí ele reclamou a "terra estrangeira” para os EUA e deu seu passo gigante para a humanidade em 1969, mais de quatrocentos anos depois que um astrólogo em uma cidadezinha da Provença contemplou a Lua e predisse esse evento extraordinário.
  • 102. O DESASTRE DO CHALLENGER As linhas três e quatro da Quadra 65 da Centúria IX abordam o acontecimento de 28 de janeiro de 1986, em que, 71 segundos após a decolagem, o ônibus espacial Challenger explodiu, matando sua tripulação de sete pessoas: A fruta não-madura será assunto de grande escândalo. Grande crítica, para os outros grande louvor. A "fruta não-madura” é o ônibus espacial defeituoso, cuja explosão brecou todo o programa espacial americano por talvez uma década. Grande crítica de fato, e é impensável que uma operação tão cara e complexa pudesse ter dado tão errado antes mesmo de sair da atmosfera terrestre. O grande louvor de Nostradamus vai para a equipe de Neil Armstrong. Na mesma época, o programa espacial da URSS tinha tido bastante sucesso no estabelecimento da estação espacial orbital MIR. Nostradamus mais uma vez se refere ao desastre do Challenger na Quadra 81 da Centúria I, em que ele dá algumas pistas intrigantes: Nove serão separados da raça humana, Separados de julgamento e conselho: Sua sorte deverá ser dividida ao partirem, Kappa, Theta, Lambda, banidos e espalhados. "Sua sorte deverá ser dividida ao partirem" é uma imagem da tripulação sendo despedaçada na explosão enquanto o Challenger partia - fora de qualquer socorro, sem nem mesmo tempo para
  • 103. tomar uma decisão ("separados de julgamento"). Entretanto, Nostradamus entendeu errado o número de astronautas, pois ele diz nove, e não sete. As letras gregas, banidas e espalhadas, soam como letras das fraternidades universitárias americanas e podem ter correspondido às alianças fraternais entre membros da tripulação ou, em outra opção, a suas iniciais, ou mesmo ao nome-código desse lançamento em especial. Esses são detalhes que provavelmente só a Nasa poderá confirmar ou negar.
  • 104.
  • 105. Muitas dentre as profecias de Nostradamus tratam de acontecimentos desagradáveis, e não de eventos felizes. Os cínicos salientaram que é sempre de bom alvitre, para os que querem ganhar reputação de que têm capacidade de ver o futuro, previsões de muitos desastres, ruína e tristeza, pois a catástrofe, como a morte e os impostos, estão sempre conosco. Comenta-se que o clarividente que nos diz para esperar calamidades será inevitavelmente admirado porque com certeza haverá calamidades. Tantas das profecias de Nostradamus eram negativas, que em 1562 nada menos que vinte impressoras inglesas pagaram direitos para vender os Prognósticos de Nostradamus. Esses pagamentos estão lançados no Registro do Papeleiro desse ano, juntamente com os títulos e nomes de autores de alguns almanaques da época. As profecias políticas eram levadas muito a sério pelo governo inglês de então, e tiveram tal impacto sobre os cidadãos que, segundo um panfleto datado de 1561, "o reino todo estava tão atormentado e tão emocionado com as profecias cegamente enigmáticas e diabólicas daquele contemplador do céu, Nostradamus, [...] que mesmo aqueles que podiam ter desejado em seu coração que fosse
  • 106. estabelecida em prosperidade a glória de Deus e de sua Palavra foram levados a uma tal frieza de fé, que duvidaram de Deus". Publicações assim eram um bom negócio, e talvez os poderes constituídos não estivessem inclinado a ver distribuídos na Inglaterra prognósticos que tenham sido considerados pró-França. Isso nos dá uma idéia de como as publicações de Nostradamus eram, além de terem suscitado desaprovação oficial, populares até na Inglaterra.
  • 107. Sempre houve um relacionamento ambíguo entre profetas e seus governantes. Nenhum governante gosta de sentir que suas decisões serão anuladas por uma profecia de fracasso; além disso, é ruim para o moral. Talvez o profeta mais universalmente detestado e perseguido tenha sido o hebreu Jeremias: seu primeiro livro de profecias foi primeiro cortado em pedaços, depois queimado. Ele foi muitas vezes aprisionado em condições bem desagradáveis, por suas profecias aparentemente não-patrióticas, e teve de se aliar ao
  • 108. governador da Babilônia para obter proteção, antes de fugir para o Egito, onde acabou sendo morto por apedrejamento devido a suas previsões lúgubres. Entre os mais antigos profetas da Grécia estavam as Sibilas. Tal como as sacerdotisas de Baco, cujas técnicas de profecia Nostradamus copiou, elas também eram sacerdotisas de ApoIo. A mais famosa delas foi a Sibila Cumeana, que teve a fama de guiar Eneas para o submundo, como relatado na Eneida, de Virgílio, no "Livro VI". Essa Sibila, cujos talentos obviamente não eram apreciados, ofereceu nove livros de suas profecias ao Rei Tarquínio. Quando ele se recusou a pagar o preço aparentemente exorbitante por elas, ela atirou três dos livros nas chamas de um braseiro e exigiu o mesmo preço pelos seis livros restantes. Ele recusou, e ela repetiu a mesma ação, queimando mais três livros. Ele finalmente se rendeu e pagou o preço pedido pelos nove livros para ter apenas os últimos três. Esses livros ficaram guardados no Capitólio de Roma, no templo de Júpiter, até esse Capitólio ser incendiado no ano 83.
  • 109. Além dos livros que contêm dizeres oraculares verdadeiros, muitos livros literários ou religiosos originalmente não produzidos para uso oracular vieram a receber tal veneração que se considerou que tais obras fossem dotadas de uma virtude sobrenatural. Por exemplo, tanto a Odisséia de Homero como a Eneida de Virgílio foram vistas como obras de respeito, na antiga Roma e na Europa renascentista, a ponto de terem sido usadas como oráculos. O uso de um livro como oráculo era chamado de "lançar a sorte". Alguém formulava cuidadosamente a pergunta e, então, ao acaso, abria o livro três vezes, a cada vez deixando cair um dedo sobre uma página. O consulente anotava as três linhas sobre as quais seu
  • 110. dedo havia pousado e em seguida tentava aplicar essas linhas à situação sobre a qual fora feita a pergunta. Desde as últimas décadas do Império Romano, tanto o Velho como o Novo Testamento da Bíblia foram muito freqüentemente empregados da mesma maneira, e o processo era chamado de sortes Sanctorum, "as sortes dos Santos" . Embora esse modo de usar a Bíblia fosse especificamente proibido por muitos conselhos eclesiásticos locais, o lançamento das sortes Sanctorum era muito disseminado. Na História dos Francos, São Gregório de Tours (538-594) registrou que o príncipe frâncico Merovechus, ao ver-se sob o terror da ira da belicosa rainha Fredegond, lançou as sortes Sanctorum na Basílica de São Martim de Tours. Os oráculos que depreendeu desses livros se revelaram de natureza sombria, especialmente um deles: "O Senhor nosso Deus te traiu nas mãos de teus inimigos". O oráculo se mostrou bastante correto, pois Merovechus acabou sendo morto por oficiais da Justiça da rainha Fredegond. Uma predição assim correta não parece de forma alguma ter sido a única. Não surpreende, assim, que os profetas fossem muitas vezes vistos como condenadores e, conseqüentemente, fossem perseguidos.
  • 111. ORÁCULOS SIBILINOS Os antigos oráculos sibilinos cristãos proclamaram o imperador Constantino como rei messiânico. Para eles, evidentemente, era um verdadeiro dom do céu um imperador romano ser cristão. Uma das sacerdotisas (Tiburtina) falou do Imperador dos Últimos Dias que lutava contra o Anticristo, pois naquela época os primeiros cristãos convertidos acreditavam totalmente que o fim do mundo estava bem próximo da crucificação de Cristo. Esse Imperador dos Últimos Dias era uma figura que preenchia todos os desejos dos cristãos pri-
  • 112. mitivos, pois dizia-se que ele converteria os pagãos, destruiria os templos dos falsos deuses e batizaria os convertidos, especialmente os judeus. A profecia concluía dizendo que, quando seu trabalho estivesse finalmente terminado, ele pousaria sua espada e se retiraria para a Gólgota, colina sobre a qual Cristo foi crucificado. O Incêndio de Londres, bem como o excepcional acerto de Nostradamus ao apontar o ano 1666 ao indicar "três vezes vinte e seis", na Quadra 51 da Centúria II, foi discutido nas páginas 59-62. O famoso memorialista Samuel Pepys conhecia essa profecia de Nostradamus, que fora reimpressa no Booker's Almanack antes do incêndio. Alguns outros profetas parecem ter chegado às mesmas conclusões sobre esse acontecimento tão importante. O astrólogo William Lilly (1602-1681), que nasceu pouco mais de um século depois de Nostradamus, publicou um panfleto chamado Monarquia ou não- monarquia catorze anos antes do Grande Incêndio de Londres. Nele havia dezenove hieróglifos ou figuras enigmáticas destinadas a retratar o futuro da "Nação e comunidade inglesa por muitas
  • 113. centenas de anos que virão". Além de algumas estampas que mostram cenas que podem ainda pertencer ao futuro - por exemplo, um estranho animal semelhante a uma fuinha atacando uma coroa e o Parlamento descansando calmamente enquanto acontece uma in- vasão da Inglaterra -, há duas imagens especialmente surpreendentes impressas na mesma página. A primeira mostra pilhas de cadáveres sobre o chão nu e dois homens diligentemente cavando túmulos para dois caixões, enquanto sobre uma igreja ao fundo voam quatro pássaros de mau agouro. Essa perturbadora visão da praga que precedeu o Incêndio é ligada, por proximidade, à imagem de uma cidade em chamas junto de um grande rio - uma cidade que quase certamente é Londres. Perto, alguns homens estão despejando água em uma fogueira ardente na qual cai um par de gêmeos. Os gêmeos simbolizam o signo zodiacal de Gêmeos, que é o mais comumente associado a Londres.
  • 114.
  • 115. Embora a praga e o fogo fossem riscos comuns da época, a espantosa adequação dessas imagens foi reforçada por um panfleto que Lilly escreveu em 1648, no qual apontou mais uma indicação astrológica do que estava por vir: "No ano de 1665, quando a abscissa [...] de Marte aparecer em Virgem, quem poderá esperar menos do que uma estranha catástrofe dos assuntos humanos no [...] reino da Inglaterra [...] será sinistro para Londres, para seus mercadores no mar, seu comércio na terra, seus pobres, para todos os tipos de pesso [...] por motivo de vários incêndios de uma praga devoradora”. Tal descrição dessa dupla tragédia dificilmente poderia ter sido expressa mais claramente, sete anos antes de ocorrer. Lilly estava espantosamente correto, pois na esteira do Incêndio de Londres não faltavam teorias quanto à causa do incêndio, e os cidadãos ficaram dispostos a jogar a culpa sobre qualquer pessoa ou conspiração. Lilly aponta em seu diário que diversas pessoas, inclusive o coronel John Rathbone, "foram julgadas com risco de morte" por terem planejado queimar a cidade com o objetivo de matar o rei e depor o governo da época. Os supostos conspiradores teriam utilizado até o almanaque de Lilly para calcular um dia de sorte (3 de setembro) para seu ato malvado, no que o destino se teria antecipado a eles, e o incêndio irrompeu um dia antes de seu plano. Lilly foi devidamente convocado à Câmara Legislativa para ser inquirido a respeito de sua predição. Com alguma apreensão, ele pediu a seu amigo, o conhecido antiquário Elias Ashmole, para acompanhá-lo. Ashmole fora feito arauto pelo rei em Windsor, e sua presença ajudou a proteger o profeta de vitimização indevida. Podem até ter suspeitado de que Lilly ateara fogo à cidade para confirmar sua profecia, mas a presença de Ashmole ajudou que a