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Combate a formigas cortadeiras: produto com princípio tóxico à base de mamoma
e gergelim é nova alternativa
O estudo da vida social das formigas cortadeiras de folhas e a maneira como constroem
seus ninhos permitiram ao homem inúmeras maneiras de controle. Um dos mais
notáveis meios foi a idealização de iscas em que as próprias formigas se encarregassem
de carregar o elemento tóxico para o interior de seus ninhos, contaminado-os e causando
a autodestruição. Isso foi possível graças ao estudo da casta conhecida como jardineiras,
que recebia os vegetais ou as iscas para elaboração e colocação no fungo que cultivam,
para alimentação de toda a população do sauveiro.
Antes dessa descoberta, os sauveiros eram eliminados pela contaminação total dos
ninhos, por meio de produtos fumigantes, como o brometo de metila, gás embalado na
forma líquida e que se gaseificava ao ser liberado da embalagem. Outros fumigantes
como bissulfureto de carbono também eram empregados, exigindo sempre
equipamentos sofisticados para esse fim, inclusive os mais modernos e motorizados,
que aquecendo certos inseticidas devidamente formulados para esse fim, liberam a
fumaça tóxica que é injetada no interior do sauveiro. Outra forma é a liquida, através da
diluição dos inseticidas em água, ou em pó, em polvilhamento, utilizando também
aparelhos próprios, conhecidos como polvilhadeiras, sendo os inseticidas veiculados
com talco ou outro diluente em pó.
Qualquer que fosse o sistema, havia a necessidade de contaminação total, ou pelo
menos uma que conseguisse atingir a rainha, o indivíduo essencial em um sauveiro.
Devido à impossibilidade de localizá-la com a precisão necessária, era preciso,
contaminar ao máximo o seu ninho para garantir sua extinção. Ou à maneira das iscas,
eliminando também grande parte das jardineiras, para que o fungo não tivesse condições
de ser fornecido à população restante.
Porém, na atualidade, considerando os aspectos ambientais e econômicos, passaram a
ocorrer problemas para esse tipo de controle de formigas cortadeiras, como dificuldade
de encontrar mão de obra adequada para alguns tipos de aplicações, demanda por
equipamentos motorizados, que exigiam conhecimentos mecânicos e inúmeros outros
aspectos como os riscos de contaminação do lençol freático pela simples aplicação de
isca tóxica, além de permitir a rejeição ou a resistência que a saúva pode adquirir ao
tóxico, além de sua dependência às condições climáticas, pois as saúvas não carregam
no frio e as chuvas ou o excesso de umidade podem desfazer as iscas.
Nesse contexto a termonebulização (aplicação do formicida na forma de FOG), surge
como alternativa promissora porque não depende das condições climáticas e a fumaça
pode facilmente alcançar a rainha, geralmente localizada na parte mais profunda do
sauveiro. Entretanto, a termonebulização depende do equipamento que além de custoso,
exige pessoal mais qualificado para operá-lo.
Foi pensando nesse incoveniente que se idealizou o Autofog, uma embalagem que
dispensa equipamento, além de ser constituido de material ecológico e liberar um
elemento tóxico específico para saúvas, a ricinina, contida no óleo de mamona.
O aplicador consiste em uma embalagem de papelão, cônica, com duas extremidades:
uma menor por onde é liberada a fumaça e outra maior, por onde é colocada com uma
mistura de pólvora, óleo de mamona e óleo de gergelim em proporções adequadas. O
material é ensacado juntamente com um pavio que se liga à extremidade menor,
totalizando 20g. Em seguida o cone é fechado com uma tampa de madeira compensada.
Ao acender o pavio, a massa entra em combustão, liberando o principio tóxico da
mamona e do gergelim. A ricinina, atua sobre as saúvas e o gergelim sobre o fungo
cultivado pela saúva. Ambos os produtos são orgânicos e se degradam no solo.
A mamona é tóxica às saúvas e inúmeros são os trabalhos que indicam esse efeito sobre
as formigas. As próprias saúvas, reconhecendo esse efeito, evitam utilizá-las. As
tentativas de alguns pesquisadores em confeccionar iscas a base de mamona, não tem
sido promissoras; já as folhas de gergelim são carregadas e até preferidas pelas saúvas
que chegam a usá-las como substrato para o seu fungo. Mas como possui propriedades
fungitóxicas, logo que isso é percebido, os insetos deixam de carregá-las, o que não
impede uma redução considerável no desenvolvimento do fungo. Esta é razão pela qual
muito agricultores acreditam que o gergelim elimina os sauveiros de sua propriedade
quanto se cultiva essa planta.
Tendo em vista que a saúva não aceita espontaneamente a mamona, surgiu a idéia de
introduzir a ricinina no seu organismo para intoxicá-las. Assim, o transporte de suas
moléculas na forma de gases, introduizidas pelos seus espiráculos permitiu intoxicá-las
rapidamente, o que é feito na forma de termonebulização.
Testes realizados com os termonebulizadores motorizados também são eficientess na
condução das moléculas no interior do organismo das saúvas, mas aí esbarramos no
equipamento convencional, com os inconvenientes jái citados.
Portanto, os óleos de mamona e de gergelim, empregados juntamente com 20g de
pólvora conseguem atuar em qualquer espécie de saúva ou quem-quem, envolvendo
uma área de aproximadamente 10 m2 de superfície, liberando a fumaça por cerca de 5
minutos, sendo tóxica apenas para elas, pois não afeta outros tipos de insetos.
No campo, recomenda-se escolher o canal de alimentação mais ativo, ou seja, aquele em
que esteja entrando maior volume de folhas e aplicar a fumaça nesse local, onde,
presume-se encontre-se a rainha. Como essa fumaça é pesada, ela descerá rapidamente
atingindo a rainha, o que irá acabar com o sauveiro.
Este artigo foi publicado na edição número 139 da Revista Cultivar Grandes Culturas,
de dezembro de 2010/janeiro de 2011.
Otávio Nakano Júnior
gilvan.quevedo@grupocultivar.com.br
Baixe o artigo Combate a formigas cortadeiras: produto com princípio tóxico à base de
mamoma e gergelim é nova alternativa em PDF.

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