Aula 5 - Serviços e protocolos da camada de rede e transporte (1).pptx
Protocolo IPv6
1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE S. PAULO
CAMPUS SÃO PAULO
CURSO DE TECNOLGIA EM ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS
DISCIPLINA: CONECTIVIDADE 2 ‐ B1CT2
PROFESSOR: LEANDRO RUESCAS
ALUNO: GUSTAVO ADOLFO ALENCAR – MATRÍCULA: 1263293‐0
PROTOCOLO IPv6
São Paulo, outubro de 2014
2. Sumário
Introdução ........................................................................................................................ 1
Por que não IPv5? ............................................................................................................. 5
Motivação Para Origem e Implantação do IPV6 .............................................................. 6
Especificações do Protocolo ............................................................................................. 9
Conclusão........................................................................................................................ 12
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 13
3. Introdução
Em 1966 a Agência de Pesquisas e de Projetos Avançados (ARPA ‐ Advanced Research
Projects Agency), organismo vinculado ao Departamento de Defesa dos EUA (DoD ‐
Department of Defense), iniciou um projeto para interligar computadores de centros
militares e de pesquisas, o qual recebeu o nome de ARPANET. Seu principal objetivo,
em teoria, seria formar uma arquitetura sólida de rede de comunicação robusta o
suficiente para que fosse possível trabalhar a comunicação com toda a rede mesmo com
a queda de alguma estação componente. Os primeiros quatro nós desta rede foram
instalados em 1969 na Universidades de Los Angeles (UCLA), na Universidade da
Califórnia em Santa Bárbara (UCSB), no Instituto de Pesquisas de Standford (SRI) e na
Universidade de Utah. Ao atingir um total de 562 hosts interconectados em 1983 a
ARPANET passou a adotar o protocolo TCP/IP em detrimento do protocolo proprietário
anterior, o NCP (Network Control Protocol). Essa mudança proporcionou o crescimento
ordenado da rede a partir da eliminação das restrições feitas pelos protocolos
anteriores.
O protocolo IP foi definido na RFC 791 para prover duas funções básicas: a fragmentação
e o endereçamento. A primeira permite o envio de pacotes maiores que o limite de
tráfego estabelecido num enlace, dividindo‐os em partes menores e a segunda visa
identificar o destino e a origem dos pacotes a partir dos endereços armazenados no
cabeçalho do protocolo. Desde então a versão do protocolo utilizada até os dias atuais
é a 4, também conhecida como IPv4. Embora sendo uma versão com sólida definição e
de fácil implantação e interoperabilidade, seu projeto original não previu alguns
problemas, dentre eles destacam‐se:
O crescimento das redes e um possível esgotamento dos endereços IP;
O aumento da tabela de roteamento;
Problemas relacionados a segurança dos dados transmitidos;
Prioridade na entrega de determinados tipos de pacotes.
Além disso, uma política de divisão de classes de endereço foi estabelecida e embora o
intuito dessa divisão tenha sido tornar a distribuição de endereços mais flexível,
abrangendo redes de tamanhos variados, esse tipo de classificação mostrou‐se
ineficiente visto que, ao mesmo tempo em que algumas classes acarretavam
desperdícios, as outras não supriam a necessidade de endereços disponíveis.
A internet não foi originalmente projetada para uso comercial mas sim para fins
acadêmico‐militares, no entanto foi liberada para esse uso no início da década de 1990
e já em 1993 acreditava‐se que o seu espaço de endereçamento poderia se esgotar num
prazo de 2 ou 3 anos, o que não ocorreu por conta da quantidade de endereços, mas
sim por conta da política de alocação inicial, que não havia sido definida de forma
favorável à uma utilização racional desses recursos embora o espaço de endereçamento
4. do IP versão 4, de 32 bits, não seja pequeno: 4 294 967 296 de endereços. Antes disso,
em 1990, 313.000 hosts já estavam conectados à rede e um colapso devido à falta de
endereços já era factível. Para agravar a situação, "com a criação do protocolo HTTP e a
liberação por parte do Governo estadunidense para a utilização comercial da Internet,
houve um salto ainda maior na taxa de crescimento da rede, que passou de 2.056.000
de hosts em 1993 para mais de 26.000.000 de hosts em 1997"1.
Hoje, o alcance do limite do estoque de endereços IPv4 já é uma realidade e aproxima‐se
de 4 milhões de endereços livres, o que marca a mudança nas políticas de distribuição
dos endereços, com regras para garantir um terminação gradual e endereços para novos
entrantes. "No dia 10 de junho 2014, 3 anos após a Ásia e quase dois anos após a Europa,
acabou o estoque de endereços IPv4 não alocados na nossa região (incluindo o Brasil e
toda a região do LACNIC)"2.
A partir disso, a IETF (Internet Engineering Task Force) passou a discutir estratégias para
solucionar a questão do esgotamento dos endereços IP e do aumento da tabela de
roteamento. Em novembro de 1991 foi constituído o grupo de trabalho ROAD (ROuting
and Addressing), que apresentava como solução a estes problemas, a utilização do CIDR
(Classless Inter‐Domain Routing) o qual foi definido na RFC 46323 e tendo como ideia
básica o fim do uso de classes de endereços, permitindo a alocação de blocos de
tamanho apropriado à real necessidade de cada rede e a agregação de rotas, reduzindo
o tamanho da tabela de roteamento.
Já a RFC 21314 apresentava como outra solução o protocolo DHCP (Dynamic Host
Configuration Protocol) através do qual um host é capaz de obter um endereço IP
automaticamente e adquirir informações adicionais como máscara de sub‐rede,
endereço do roteador padrão e o endereço do servidor DNS local.
Outra técnica paliativa desenvolvida para resolver o problema do esgotamento dos
endereços IPv4 foi a NAT (Network Address Translation), definida na RFC 30225, cujo
princípio básico é o de permitir que, com um único endereço IP (ou um pequeno número
deles), vários hosts possam trafegar na Internet. Mesmo que dentro de uma rede cada
estação receba um endereço IP privado e único utilizado no roteamento do tráfego
interno, quando um pacote precisa ser roteado para fora da rede uma tradução de
endereço é realizada para converter os endereços IP privados em endereços IP públicos
e globalmente únicos6.
Essas medidas ajudaram a obter mais tempo para se desenvolver uma nova versão do
protocolo IP, mantendo‐se a base dos princípios que estabeleceram o IPv4 mas que
1 http://ipv6.br/entenda/introducao/
2 http://curso.ipv6.br/
3 Esta resolução tornou obsoleta a RFC 1519.
4 Esta resolução tornou obsoleta a RFC 1541.
5 Esta resolução tornou obsoleta a RFC 1631.
6 Para tornar possível este esquema a RFC 1918 estabelece três intervalos de endereços IP declarados
como privados.
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5. fosse capaz de suprir as falhas apresentadas por este e que também fosse escalável ao
proporcional aumento da rede pois, embora as soluções até então apresentadas
tenham diminuído a demanda por endereços IP, elas não foram suficientes para resolver
os problemas decorrentes do crescimento da Internet, reduzindo‐se em apenas 14% a
quantidade de blocos de endereços solicitados à IANA – o que continuava apresentando
um aumento exponencial na curva de crescimento da Internet.
Foi no estabelecimento da RFC 1500, e dezembro de 1993, que a IETF formalizou as
pesquisas a respeito da nova versão do protocolo IP, na qual era solicitado o envio de
projetos e propostas para o novo protocolo. Este grupo de trabalho foi denominado
Internet Protocol next generation (IPng) e abordava como principais questões na
elaboração da próxima versão a escalabilidade, a segurança, a configuração e
administração de redes, o suporte a QoS (Quality of Service), a mobilidade, as políticas
de roteamento e a transição. A partir daí alguns projetos começaram a surgir para
estudar os efeitos do crescimento da internet, dos quais destacam‐se o CNAT, o IP
Encaps, o Nimrod e o Simple CLNP. Destes surgiram o TCP and UDP with Bigger
Addresses (TUBA), que foi uma evolução do Simple CLNP, e o IP Address Encapsulation
(IPAE), uma evolução do IP Encaps. Posteriormente foram apresentados os projetos
Paul’s Internet Protocol (PIP), o Simple Internet Protocol (SIP) e o TP/IX. Uma nova
versão do SIP foi apresentada pouco antes de agregar‐se ao PIP, resultando no Simple
Internet Protocol Plus (SIPP); paralelamente o TP/IX passou a ser chamado de Common
Architecture for the Internet (CATNIP). A RFC 1752 (jan/1995) apresentou um resumo
das avaliações das três principais propostas:
CANTIP – foi concebido como um protocolo de convergência, para permitir a
qualquer protocolo da camada de transporte ser executado sobre qualquer
protocolo de camada de rede, criando um ambiente comum entre os protocolos
da Internet, OSI e Novell;
TUBA – sua proposta era de aumentar o espaço para endereçamento do IPv4 e
torná‐lo mais hierárquico, buscando evitar a necessidade de se alterar os
protocolos da camada de transporte e aplicação. Pretendia uma migração
simples e em longo prazo, baseada na atualização dos host e servidores DNS,
entretanto, sem a necessidade de encapsulamento ou tradução de pacotes, ou
mapeamento de endereços;
SIPP – concebido para ser uma etapa evolutiva do IPv4, sem mudanças radicais
e mantendo a interoperabilidade com a versão 4 do protocolo IP, fornecia uma
plataforma para novas funcionalidades da Internet, aumentava o espaço para
endereçamento de 32 bits para 64 bits, apresentava um nível maior de
hierarquia e era composto por um mecanismo que permitia “alargar o endereço”
chamado cluster addresses. Já possuía cabeçalhos de extensão e um campo flow
para identificar o tipo de fluxo de cada pacote.
Como essas três propostas ainda apresentavam problemas significativos, a
recomendação final para o novo protocolo de internet baseou‐se em uma versão
revisada do SIPP, que passou a incorporar endereços de 128 bits, juntamente com os
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6. elementos de transição e autoconfiguração do TUBA, o endereçamento baseado no
CIDR e os cabeçalhos de extensão. A proposta do CATNIP foi descartada por este ser
considerado um protocolo muito incompleto. Após esta definição, a nova versão do IP
passou a ser chamado oficialmente de IPv6. Esta versão do protocolo está sendo
implantada gradativamente na Internet e tem funcionado lado a lado com o IPv4, numa
situação tecnicamente chamada de "pilha dupla" ou "dual stack". A longo prazo, o IPv6
tem como objetivo substituir o IPv4 totalmente visto que este suporta apenas cerca de
4 bilhões (4x109) de endereços IP contra cerca de 3,4x1038 endereços do novo protocolo.
4
7. 5
Por que não IPv5?
O IPv5 (Internet Protocol, versão 5) foi uma pequena modificação experimental no IPv4
para trafegar voz e vídeo sobre multicast (entrega de informação para múltiplos
destinatários simultaneamente, também chamado de Multicast IP). A IANA (Internet
Assigned Numbers Authority) decidiu atribuir a esta modificação o número de versão 5.
Na prática este protocolo experimental nunca foi introduzido ao público geral mas
atualmente muitos de seus conceitos fazem parte do protocolo MPLS (Multi Protocol
Label Switching). Chamado ST‐II (Stream Protocol version 2). A ideia era identificar os
pacotes de ST verificando o número da versão do protocolo IP: se o número for 4 então
trata‐se de um pacote normal, se for 5 então é um pacote do Stream Protocol. Por esse
motivo, o número 5 não pode ser utilizado para designar a versão do protocolo IP que
segue à 4, representando não um salto de versão, mas sim o dato de o número 5 estar
reservado a outro protocolo. Este protocolo experimental foi primeiramente definido
em 1979 em IEN 119, e revisto na RFC 1190 e na RFC 1819.
8. 6
Motivação Para Origem e Implantação do IPV6
Inegavelmente, o principal motivo para a adoção do IPv6 é o esgotamento dos
endereços IPv4 que reservam 32 bits para isto, possibilitando gerar mais de 4 bilhões de
endereços distintos. Inicialmente esses endereços foram divididos em três classes de
tamanhos fixos (embora existam a rigor atualmente cinco classes) da seguinte forma:
Classe A: definia o bit mais significativo como 0, utilizava os 7 bits restantes do
primeiro octeto para identificar a rede, e os 24 bits restantes para identificar o
host, perfazendo um total de 128 redes e 16.077.216 hosts. Esses endereços
utilizavam a faixa de 1.0.0.0 até 126.0.0.0;
Classe B: definia os 2 bits mais significativo como 10, utilizava os 14 bits seguintes
para identificar a rede, e os 16 bits restantes para identificar o host, perfazendo
um total de 16.384 redes e 66.536 hosts. Esses endereços utilizavam a faixa de
128.1.0.0 até 191.254.0.0;
Classe C: definia os 3 bits mais significativo como 110, utilizava os 21 bits
seguintes para identificar a rede, e os 8 bits restantes para identificar o host,
perfazendo um total de 2.097.152 redes e 256 hosts. Esses endereços utilizavam
a faixa de 192.0.1.0 até 223.255.254.0;
A grande ineficiência dessa divisão é que classe A atenderia a apenas 128 entidades, no
entanto, ocupava metade dos endereços disponíveis, ou seja, um número muito
pequeno de redes e ocupava metade de todos os endereços disponíveis; por outro lado
a classe C permitiria criar muitas redes só que com poucos endereços disponíveis. No
fim, havia o desperdício de endereços numa classe e a insuficiência destes em outra.
Outro agravante foi a política de distribuição de faixas de endereços da classe A, as quais
foram atribuídas integralmente a grandes instituições como IBM, AT&T, Xerox, HP,
Apple, MIT, Ford, Departamento de Defesa Americano, entre muitas outras. Nisso havia
um desperdício de cerca de 16.777.216 milhões de endereços para cada uma dessas
instituições que dificilmente seriam usadas por completo. Como se não fosse o bastante,
35 faixas de endereços classe A foram reservadas para usos específicos como multicast,
loopback e uso futuro. Desta forma, chegando em meados de 1992, 38% das faixas de
endereços classe A, 43% da classe B e 2% da classe C, já estavam alocados ‐ cerca de
1.136.000 hosts já estavam conectados à rede nesta época. Muitas destas faixas têm
sido reatribuídas pela IANA e o uso do CIDR tem melhorado o aproveitamento dos
endereços ainda disponíveis mas, apesar dos esforços, no início de 2007 já restavam
apenas 1.3 bilhões de endereços disponíveis.
Tornava‐se, então, imperativo a criação de mais endereços na Internet porque a
disponibilidade de endereços livres IPv4 em breve chegaria ao seu fim. Embora o
9. esgotamento quase imediato dos recursos não tenha se concretizado devido ao
desenvolvimento de uma série de tecnologias com o fim de promover soluções
paliativas para o problema (sendo as principais os protocolos CIDR, NAT, e DHCP) o
crescimento acelerado era irreversível.
Como mencionado anteriormente, o CIDR (Classless Inter Domain Routing), evita o
esquema de classes, permitindo atribuir blocos de endereços com tamanho arbitrário,
conforme a necessidade, trazendo um uso mais racional para o espaço.
O protocolo NAT (Network address translation) especifica os endereços privados, não
válidos na Internet, nas redes corporativas, permitindo que, com um único endereço
global válido, toda uma rede baseada em endereços privados tenha conexão, embora
limitada, com a Internet. Apesar disso, o NAT não representa uma solução absoluta: não
se pode usar NAT em um datacenter, por exemplo, precisa‐se de um endereço "real"
para cada servidor disponível para as conexões externas.
Por fim, o DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol) trouxe a possibilidade aos
provedores de reutilizarem endereços de internet fornecidos a seus clientes para
conexões não permanentes.
Esse conjunto de tecnologias reduziu a demanda por novos números IP
provisoriamente, de forma que o esgotamento previsto para a década de 1990, ainda
não ocorreu completamente. Porém, as previsões indicam que o esgotamento no IANA
‐ entidade que controla mundialmente esse recurso ‐ deveria ocorrer até 2011, e nos
registros regionais ou locais, como o LACNIC, que controla os números IP para a América
Latina e Caribe, ou o NIC.br, que controla os recursos para o Brasil, ocorreria em um ou
dois anos depois.
Outro fator motivante é a necessidade da continuidade do "negócio da internet",
essencial para provedores e uma série de outras empresas e instituições. Além disso,
temos hoje a evidente efetivação da "internet das coisas", na qual a tecnologia de redes
estará presente em vários dispositivos que hoje não são "inteligentes", mas que, dessa
forma, serão capazes de interagir autonomamente entre si. Assim, imagina‐se
interconectar eletrodomésticos, automóveis, edifícios inteligentes, equipamentos de
monitoramento médico, etc. A abundância de endereços provida pelo IPv6, fixos e
válidos, é necessária para fazer disto uma realidade.
Acrescentando à lista de motivações temos a franca expansão da rede, cada vez mais
acelerada com a "inclusão digital", as redes 3G e 4G, etc. Soma‐se a isso a Qualidade de
Serviço (QoS), permitindo entre outras coisas a convergência das redes de
telecomunicações futuras para a camada de rede comum. Neste aspecto o IPv6
favorecerá o amadurecimento de serviços hoje incipientes, como VoIP, streaming de
vídeo em tempo real, etc., e fará aparecerem outros, novos. Não obstante, o foco em
mobilidade é outro fator de importância. A mobilidade está se tornando um fator social
muito importante e com o IPv6 os usuários desta tecnologia poderão ser contatados em
qualquer rede através do seu endereço de origem.
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10. O IPV6 chega com o compromisso e a promessa de reordenar as coisas no mundo virtual
oferecendo um volume brutalmente maior de endereços e uma migração suave a partir
do padrão atual (IPV4).
O esgotamento do IPv4 também acarreta em alguns impactos econômicos e práticas
comerciais potencialmente abusivas. Empresas e instituições como o MIT, Xerox, Ford,
Merck e outras, que mesmo não sendo grandes provedores de acesso, detêm o controle
de faixas classe A com 16 milhões de endereços cada, das quais apenas um pequeno
percentual é utilizado e governo dos Estados Unidos que possui nada menos do que 12
faixas classe A (correspondente a mais do que o total de endereços em uso em toda a
América Latina) provavelmente não cederiam de livre e espontânea vontade os
endereços não utilizados de volta à IANA e esta não possui autoridade para forçar esses
órgãos a devolverem os endereços não utilizados, mas a carência de endereços acabará
forçando que algo neste aspecto aconteça, muito provavelmente acarretando em
grandes compensações financeiras para essas grandes instituições, como ocorreu com
a transação entre a Microsoft e a Nortel, em que a primeira, no início de 2011 pagou
US$ 7.5 milhões pelos pouco mais de 600.000 endereços de posse da segunda, já falida.
Este mercado de compra e venda de endereços pode ser a solução para manter as coisas
funcionando enquanto a migração para o IPV6 não ocorre por completo, mas isto não
livra a rede de alguns problemas. No aspecto técnico, o problema de ter empresas
cedendo ou comercializando pedaços de suas faixas de endereços é que novas entradas
precisam ser adicionadas nas tabelas de roteamento, consumindo mais memória e
processamento dos roteadores, criando novos problemas de fragmentação e
desempenho que podem prejudicar a internet como um todo. Conjuntamente, países
subdesenvolvidos e empresas menores, acabaram ficando com faixas menores e terão
agora que negociar endereços adicionais com empresas e países mais ricos. Como
exemplo, sabe‐se que Índia possui apenas 35 milhões de endereços para uma população
de cerca de 1.2 bilhões de pessoas, enquanto que os EUA possuem quase 1 bilhão de
endereços para uma população de cerca de 300 milhões.
Outro caso problemático é o das operadoras que vendem conexões domésticas, já que
o número de assinantes não para de crescer e o número de endereços usados cresce
proporcionalmente junto com o número de assinantes. Caso um mercado seja criado,
as operadoras precisarão pagar valores cada vez maiores para obter novas faixas de
endereços, o que vai encarecer as conexões e levar muitas a passarem a usar NAT em
vez de endereços válidos, complicando o uso de diversos aplicativos por parte dos
assinantes.
Podemos concluir que todos esses fatores e muitos outros de caráter técnico (como
segurança, endereçamento e criptografia) motivaram a pressa no estabelecimento da
nova versão do protocolo IP.
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11. 9
Especificações do Protocolo
As especificações do IPv6 incluem essencialmente os seguintes fatores:
1. Os endereços possuem um tamanho de 128 bits;
2. Autoconfiguração de endereço e suporte para atribuição automática de
endereços numa rede ‐ uma herança do protocolo DHCP;
3. Endereçamento hierárquico que simplifica as tabelas de encaminhamento dos
roteadores da rede, diminuindo assim a carga de processamento dos mesmos;
4. O formato do cabeçalho dos pacotes foi totalmente remodelado em relação ao
IPv4;
5. Cabeçalhos de extensão opcionais para se guardar informação adicional;
6. Suporte à qualidade diferenciada fazendo com que aplicações de áudio e vídeo
passem a estabelecer conexões apropriadas, tendo em conta as suas exigências
em termos de qualidade de serviço (QoS);
7. Capacidade de extensão que permite adicionar novas especificações de forma
simples.
8. Encriptação, permitindo o suporte para opções de segurança como
autenticação, integridade e confidencialidade dos dados.
A nova especificação de datagrama para o IPv6 constitui um cabeçalho base, seguido de
zero ou mais cabeçalhos de extensão, que por sua vez são seguidos pelo bloco de dados.
Figura 1 Formato do cabeçalho base do datagrava IPv6
Suas principais características são:
Tem menos informação que o cabeçalho do IPv4. Por exemplo, o checksum será
removido do cabeçalho, que nesta versão considera‐se que o controle de erros
das camadas inferiores é confiável.
12. O campo Traffic Class é usado para assinalar a classe de serviço a que o pacote
pertence, permitindo assim dar diferentes tratamentos a pacotes provenientes
de aplicações com exigências distintas. Este campo serve de base para o
funcionamento do mecanismo de qualidade de serviço (QoS) na rede.
O campo Flow Label é usado com novas aplicações que necessitem de bom
desempenho. Permite associar datagramas que fazem parte da comunicação
entre duas aplicações. Usados para enviar datagramas ao longo de um caminho
pré‐definido.
O campo Payload Length representa, como o nome indica, o volume de dados
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em bytes que pacote transporta.
O campo Next Header aponta para o primeiro header de extensão. Usado para
especificar o tipo de informação que está a seguir ao cabeçalho corrente.
O campo Hop Limit tem o número de hops transmitidos antes de descartar o
datagrama, ou seja, este campo indica o número máximo de saltos (passagem
por encaminhadores) que o datagrama pode dar, antes de ser descartado,
semelhante ao TTL do IPv4.
Quanto à fragmentação de pacotes, no IPv6 é o host o responsável por ela quando enviar
os pacotes e não os roteadores no meio da rede, como acontece no IPv4. No IPv6, os
roteadores intermediários descartam os datagramas maiores que o MTU da rede. O
MTU será o MTU máximo suportado pelas diferentes redes entre a origem e o destino.
Para isso o host de origem envia pacotes ICMP de vários tamanhos; quando um pacote
chega à máquina de destino, todos os dados a serem transmitidos são fragmentados no
tamanho deste pacote que alcançou o destino. Sendo assim, o processo de descoberta
do MTU tem que ser dinâmico, porque o percurso pode ser alterado durante a
transmissão dos datagramas. Desta forma, no IPv6, um prefixo não fragmentável do
datagrama original é copiado para cada fragmento e informação de fragmentação é
guardada num cabeçalho de extensão separado; daí cada fragmento é iniciado por um
componente não fragmentável seguido de um cabeçalho do fragmento.
Na nova versão, múltiplos cabeçalhos encadeados são utilizados. Estes cabeçalhos
extras permitem uma maior eficiência, pois o tamanho de cada um pode ser ajustado
segundo as necessidades. Ganha‐se também em flexibilidade, visto que podem ser
sempre adicionados novos cabeçalhos para satisfazer novas especificações. Atualmente
é recomendada a seguinte ordem de cabeçalhos:
1. IPv6
2. Hop‐By‐Hop Options Header
3. Destination Option Header
4. Routing Header
5. Fragment Header
6. Authentication Security Payload Header
7. Destination Options Header
8. Upper‐Layer Header
13. Como já vimos, o endereçamento no IPv6 é de 128 bits, e inclui prefixo de rede e sufixo
de host. No entanto, não existem classes de endereços, como acontece no IPv4. Assim,
a fronteira do prefixo e do sufixo pode ser em qualquer posição do endereço. A regra é
que um endereço padrão IPv6 deve ser formado pelos campos provider ID, subscribe ID,
subnet ID e node ID. O node ID (ou identificador de interface) deve ter 64 bits, e pode
ser formado a partir do endereço físico (MAC) no formato EUI 64.
Os endereços são normalmente escritos como oito grupos de quatro dígitos
hexadecimais, geralmente separados por dois pontos, e se um grupo de vários dígitos
seguidos for 0000, pode ser omitido. Abaixo, alguns exemplos de endereçamento IPv6:
11
fe80::ad3a:6fdc:fa51:6ac9
fe80::5d4d:b6a5:9466:2f2c
2001:0db8:85a3:0000:0000:0000:0000:7344
2001:0db8:85a3:08d3:1319:8a2e:0370:7344
Existem no IPv6 alguns tipos especiais de endereços:
unicast ‐ cada endereço corresponde a uma interface (dispositivo).
multicast ‐ cada endereço corresponde a múltiplas interfaces. É enviada uma
cópia para cada interface.
anycast ‐ corresponde a múltiplas interfaces que partilham um prefixo comum.
Um datagrama é enviado para um dos dispositivos, por exemplo, o mais
próximo.
Com o IPv6 todas as redes locais devem ter prefixos /64. Isso é necessário para o
funcionamento da autoconfiguração e outras funcionalidades. Usuários de qualquer
tipo receberão de seus provedores redes /48, ou seja, terão a seu dispor uma
quantidade suficiente de IPs para configurar aproximadamente 65 mil redes, cada uma
com 264 endereços. É preciso notar, no entanto, que alguns provedores cogitam
entregar aos usuários domésticos redes com tamanho /56, permitindo sua divisão em
apenas 256 redes /64.
Existem ainda outras estruturas de endereços IPv6 como os endereços de ISP (formato
projetado para permitir a conexão à internet por usuários individuais de um ISP) e
endereços de site (para utilização numa rede local).
14. 12
Conclusão
Devido à evolução da internet e ao exponencial acréscimo de usuários e equipamentos
conectados, tornou‐se imperativa a busca de uma solução para o crescente
congestionamento e outros problemas relativos ao uso do então IPv4.
A especificação e implantação do novo protocolo IPv6 visa não apenas melhorar a
distribuição e limites da rede mas também a democratização do acesso através na não
particularização de faixas de endereços por empresas, consórcios ou qualquer tipo de
instituição, seja privada ou governamental.
O IPv6 traz uma disposição mais igualitária para as conexões de internet e uma
segurança para o avanço da mesma devido à sua flexibilidade e a democratização de
suas especificações.
15. 13
Referências Bibliográficas
IPv5. Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/IPv5
MPLS. Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/MPLS
IPv6. Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/IPv6
Internet Protocol, Version 6 (IPv6) Specification. IETF.
http://tools.ietf.org/html/rfc2460
Redes e Conectividade – IPv6. Arsys.
http://www.arsys.pt/ajuda/directorio/infraestructura‐tecnica/ipv6.htm
O que é IPv6? Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Operações.
http://ipv6.br/
Os endereços IPv4 se esgotaram. Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologia de
Redes e Operações. http://curso.ipv6.br/
Portugal IPv6 Task Force. http://www.ipv6‐tf.com.pt/
Portal de Transição para o IPv6 da América Latina e o Caribe.
http://portalipv6.lacnic.net/pt‐br/
Redes, Guia Prático 2ª Edição. Morimoto , Carlos E. GDH Press e Sul Editores.
http://www.hardware.com.br/livros/redes/entendendo‐ipv6.html
IPv4 Address Report. http://www.potaroo.net/tools/ipv4/