O documento descreve o trabalho do designer e marceneiro brasileiro Alexandre Dias. Ele cria móveis únicos a partir de materiais reciclados em sua fazenda. Embora goste mais do elemento visual do que funcional, Dias valoriza esses aspectos em seus móveis. Ele desenvolve protótipos diretamente sem esboços detalhados e gosta de improvisar durante o processo de criação.
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casa O ESTADO DE S. PAULO
11 A 17 DE MARÇO DE 2012
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
ra e de noite, uma luminária”, diz o designer, nível e conseguir assentar um tampo de vi-
que vai desenvolver em breve uma série com dro sobre uma tora. Não basta pegar a motos-
esse conceito de flexibilidade. De qualquer mo- serra, cortar, lixar e está pronto.”
do, o importante, para ele, é o apelo estético de Depois de finalizar o móvel, é o lado publi-
sua produção. “Venho da escultura, por isso, citário de Dias que entra em cena para criar
sou mais fã do elemento visual do que do funcio- catálogos, fotografar as peças e negociá-las,
nal. Gosto de ver o belo e valorizo esses elemen- sobretudo na região metropolitana de São
tos no mobiliário.” Paulo, onde pretende montar uma loja ainda
Isso ajuda a explicar por que desenhos na neste ano.
prancheta ou no computador não têm espaço Mas o refúgio de criação, ele garante, conti-
na rotina dele. Há apenas esboços para ele não nuará sendo a fazenda: é lá que encontra ma-
perder a ideia. “Vou direto para o protótipo. téria-prima – “É comum alguém oferecer um
Erro tudo que tenho de errar na primeira peça toco que está na frente de casa há anos” –,
ou acerto logo de cara e vou tomando medidas a paisagens inspiradoras e tempo extra para
partir disso”, explica. “Quando você cria peças produzir. “O dia rende mais, às 6 da manha
em série tem de estar tudo certinho, se errar está todo mundo de pé e não tenho outras
uma etapa, estraga tudo. Já na peça única tudo é coisas para me tirar a atenção”, conta Dias,
possível de ser consertado, improvisado.” que também aponta as desvantagens de mo-
O poder de improvisar do designer também rar tão afastado. Quando precisa de parafu-
aparece no modo como ele utiliza as ferramen- sos, por exemplo, tem de percorrer no míni-
tas. “Preciso criar engenhocas para poder dar mo 50 km até a cidade mais próxima.
c
Revisteiro Red,
feito de uma
antiga prancha
de lavar roupa
no rio e base de
aço carbono
(R$ 990, peça
única). Acima,
mesinhas de
chapa de aço
e peroba-rosa
de demolição
(R$ 630)