O documento discute como a vida sexual de um casal é afetada pela chegada dos filhos e rotina familiar, com a sobrecarga de papéis profissionais e domésticos deixando pouco tempo para a relação do casal. A psicóloga Elenita afirma que não são os filhos em si que prejudicam a sexualidade, mas sim a falta de priorização da relação entre os parceiros, e recomenda conversas e limites saudáveis para manter viva a conexão entre eles.
1. Casamento e sexualidade
Casamento consolidado, filhos nascidos e uma vida que gira em torno do trajeto casa-escola dos pequenos.
Junte isso às inúmeras atividades profissionais do dia a dia, e o resultado é uma rotina cansativa que nos leva a
algumas dúvidas. Afinal, como fica a vida sexual de um casal após os filhos–
muitas vezes mais parceiros no pagamento de contas e na manutenção da família do que amantes? E as mais
importante: como fica a qualidade do sexo? E como garantir a paixão ao longo do tempo?
As respostas são inconclusivas. A verdade é que cada casal e sua família têm uma dinâmica própria e podem
encontrar suas receitas. Mas, para isso, é bom saber identificar onde estão os verdadeiros problemas.
“Há uma multiplicidade de papéis: profissional, afetivo, sexual e a vida com filhos. Não atribuiria a falta de
qualidade na vida sexual aos filhos, mas sim à sobrecarga de papéis e à dificuldade de priorizar relações”,
analisa a psicóloga do Hospital das Clínicas (HC) Elenita Favarato. Segundo ela, algumas áreas ocupam um
espaço tão grande na vida da pessoa que ela fica com dificuldade de se dedicar a todas e a se perceber em
todas as esferas.
Elenita acredita que a vida profissional tem ocupado um lugar muito grande na vida dos indivíduos, com nível de
exigência alto. No caso da mulher, a situação é pior, pois tem de conjugar isso à maternidade, outro papel
bastante exigente e, muitas vezes, às atividades do lar. “Assim que os filhos nascem, viramos mais mãe que
mulher. É um papel que pega de surpresa. Tornamo-nos mãe integralmente. E, quando mal está se adaptando
com a maternidade, a mulher volta ao trabalho”, exemplifica a Dra. Elenita.
Há outros fatores a serem levados em conta na hora de analisar a vida sexual saudável de um casal, como
questões hormonais, que mudam conforme a etapa da vida. É preciso que a mulher fique atenta e visite um
médico caso perceba alterações. Também não se pode ignorar a qualidade das relações afetivas. “Muitas vezes
a sexualidade fica comprometida em função de um relacionamento empobrecido com o parceiro como um todo.
O casal perdeu a parceria, com reflexo na sexualidade”, indica a psicóloga do HC.
Criatividade a Dois
Para esses casos, Elenita aconselha conversar a respeito, pensar nas dificuldades e entender o que acontece
com o casal. Recomendações que a jornalista Liliana Barbosa sempre procurou colocar em prática. Com dois
filhos, hoje com 19 e 21 anos, ela acredita que o tempo melhora a vida sexual. ”Com os filhos crescidos é mais
tranquilo, porque não demandam mais tanto do nosso trabalho 'braçal': mamadeiras, idas ao banheiro, banhos”,
acredita.
2. Ela lembra que problemas financeiros existem na vida de qualquer casal e reconhece que isso às vezes afeta a
vida sexual. Mas acredita que existem diferentes formas de lidar com as dificuldades.
“Sempre há aquela noite de sexta na qual podemos dormir mais tarde. A proposta é deixar essa noite para usar
uma lingerie mais sensual, ver um filme mais picante ou planejar uma saída a dois”, conta. “É preciso cuidar da
relação para não deixar a rotina 'ir para a cama', como tantos outros assuntos da vida de um casal com filhos”,
completa a jornalista.
Aliás, no dia a dia de um casal com filhos, estes costumam ser a principal preocupação. Equilibrar a atenção
dada à vida amorosa e às crianças ou aos adolescentes é uma das tarefas mais difíceis, porém necessárias,
afirma Elenita. “É preciso colocar limites para os filhos, que não podem invadir o quarto dos pais”, sentencia.
Para a psicóloga, a falta de limites é um pouco consequência da já citada sobreposição de papéis e também da
falta de tempo das pessoas: “Preenchemos tanto o tempo, que temos dificuldade de colocar limites nas coisas.
Somos permissivos. De repente, você se dá conta que não possui tempo para você mesmo, para o autocuidado,
para as atividades de prazer”, pondera.
O alerta mais importante, no entanto, é também um dos mais simples: manter vivo o namoro e o mistério. A
jornalista Elenita dá suas dicas: “Namorar casado é muito melhor. Não deixar a porta do banheiro aberta quando
se toma banho, se arrumar longe do parceiro, surpreender com um vestido novo, deixar o outro sempre com
aquela sensação de estar namorando a mesma mulher, mas nunca sendo a mesma. Isso vale, claro, também
para o homem. Namorar é preciso. Sempre”.