Este documento descreve a vida e obra de Liu Xiaobo, um ativista chinês pelos direitos humanos e pela democracia que recebeu o Prémio Nobel da Paz de 2010. Liu nasceu em 1955 na China e tornou-se conhecido por criticar o regime comunista chinês, defendendo reformas democráticas. Foi preso em 2008 após assinar uma carta que defendia os direitos humanos. Recebeu o Nobel enquanto estava na prisão, sendo o primeiro laureado a estar preso.
1. As interrogações Prémio Nobel da Paz
de Liu Xiaobo 2010
«Eu não tenho inimigos,
nem odeio ninguém. Nem Dia Escolar da
os polícias que me vigiaram, prenderam e me
interrogaram, nem os advogados que me pro- Não Violência
cessaram, nem os juízes que me condenaram,
são meus inimigos. Embora eu não possa acei-
tar a vigilância, prisão, processos ou condena- e da Paz
ção, respeito as suas profissões e as suas perso-
nalidades. O ódio corrói a consciência e sabedo- 30 de Janeiro
ria das pessoas; a mentalidade de hostilidade
pode envenenar o espírito de uma nação, incitar
a uma vida violenta e a conflitos de morte, des-
trói a tolerância e humanidade de uma socieda-
de, e bloqueia o progresso de uma nação na sen-
da da liberdade e democracia.
Contudo, eu tenho esperança de conseguir
transcender as minhas vicissitudes […] de
denunciar a hostilidade do regime com a melhor
das intenções, e de acabar com o ódio através
do amor.
Eu não me sinto culpado por seguir os meus
direitos constitucionais e o direito de liberdade Escola Secundária de Vagos
de expressão, e por exercer em pleno a minha
responsabilidade social como cidadão chinês.
Mesmo que esteja acusado por causa disso, não
tenho queixas.
A reforma política da China deve ser gradual,
pacífica, ordenada e controlável, e deve ser inte-
ractiva, desde cima a baixo e de baixo a cima.
[…] Avenida Padre Alírio de Mello
Por isso oponho-me a sistemas de governo que 3840-404 VAGOS
Liu Xiaobo
sejam ditaduras ou monopólios. Isto não é inci- Tel: 234793774
tar à subversão do poder do Estado. Oposição Fax: 234792643
http://www.esvagos.edu.pt/ BE/CRE - 2011
não é equivalente a subversão.»
2. Retalhos da Vida de um Nobel da Paz
Biografia Activista Político Poeta
Liu tem sido, acima de tudo, crítico do Par- «A poesia é por vezes excessivamente direc-
ta, sendo mera reprodução de um lamento,
tido Comunista da China e alcançou fama
Liu Xiaobo nasceu em Changchun, na de uma atitude. A poesia, segundo os princí-
com o Manifesto que o levou de imediato
pios pelos quais a concebo, deve ser mais do
província de Jilin, em 1955, numa famí- para trás das grades: a Carta de 2008, um que isso. Deve ser a busca por aquilo que
lia de intelectuais, a 28 de dezembro documento de apoio aos direitos humanos esta ínsito, aquilo que os olhos não vêem mas
de 1955. É um crítico literário, escri- e às reformas democráticas na China, con- o coração sente, a invenção de uma lingua-
tor, professor, intelectual e activista tra a repressão do regime, que recebeu gem que adivinha todas as compreensões do
pelos direitos humanos e por reformas milhares de assinaturas pelo mundo fora. mundo. »
na República Popular da China.
Liu Xiaobo foi nomeado Prémio Nobel da Liu Xiaobo
Anos 80 – Liu Xiaobo tornou-se conhe- Paz de 2010, distinguido pela sua luta pela
cido no meio académico após escrever liberdade, uma notícia muito censurada na
uma série de teses criticando a filoso-
fia de Li Zehou. China. Por se encontrar preso em Pequim e
impedido de se fazer representar na ceri-
Finais de 80 – professor convidado mónia de entrega do prémio Nobel da Paz,
em várias universidades fora da China, deixou a sua cadeira vazia em Oslo a 10 de
como as Universidades de Colômbia, Outubro de 2010, onde o comité norueguês
Oslo e Havai. colocou a medalha e o diploma que o aca- UM PEQUENO RATO NA PRISÃO
démico chinês receberia se estivesse pre- para a pequena Xia
Em 1989 – quando os Protestos da
sente. um pequeno rato passa através das barras de ferro,
Praça Tian An Men ocorreram, Liu
anda para trás e para a frente no parapeito da janela,
estava fora do país, mas voltou à China
os muros sem casca vigiam-no,
para se juntar ao movimento. os mosquitos cheios de sangue vigiam-no,
ele até desenha a lua do seu céu,
10 de Dezembro de 2010 – Entre crí- a sombra de prata que desencoraja a beleza
ticas ao regime chinês e ovações a Liu como se esta voasse
Xiaobo, repetiram-se na cerimónia de
atribuição do Nobel da Paz os apelos à um homem muito nobre o rato esta noite,
libertação do dissidente e à democrati- não come nem bebe nem range os dentes quando
olha
zação na China. fixamente com olhos cintilantes e dissimulados
passeando ao luar.
Liu Xiaobo