1. 10 SEXTA-FEIRA, 3 FEVEREIRO DE 2012
ATUALIDADE
AEP apresentou “Livro Branco
da Sucessão Empresarial”
FERNANDA SILVA TEIXEIRA
fernandateixeira@vidaeconomica.pt
O “Congresso Europeu da Sucessão Em-
presarial”, que decorreu esta semana no cen-
tro de congressos da Exponor, em Matosi-
nhos, foi o palco escolhido pela Associação
Empresarial de Portugal (AEP) para a apre-
sentação dos resultados do projeto “Sucessão
nas Empresas”.
Foi também apresentado o “Livro Branco
da Sucessão Empresarial”.
A questão da sucessão empresarial “não
é uma questão nova”, mas “começa agora a
mostrar a sua importância”, sobretudo, quan-
do se sabe que “uma esmagadora maioria das
empresas familiares não consegue ultrapassar
o desafio da segunda geração, sendo ainda
mais raras as que chegam à terceira” – afir-
mou José António Barros, presidente da AEP ,
durante a apresentação do “Livro Branco da
Sucessão Empresarial”, manual de diagnósti-
co e de terapêutica.
Segundo o mesmo responsável, este pro-
jeto permitiu chegar a duas conclusões. A Paulo Nunes da Almeida, vice-presidente da AEP.
Francisco Negreira del Río (prof. especialista em empresas familiares), Luís Ferreira (AEP), Ilse contribuição, por um lado, para a regenera-
Matser (Inst. Holandês de Empresas Familiares), Tawfiq Rkidi (Pres. da Câmara de Comércio e ção do tecido empresarial nacional, através da Marko Curavic, responsável da Comissão
Indústria Luso-Marroquina). sensibilização e do estímulo ao empreende- Europeia pelo departamento de empreende-
dorismo dos potenciais novos gestores, e, por dorismo, realçou, por sua vez, a crescente im-
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outro lado, o apoio ao desenvolvimento sus- portância das empresas familiares (a grande
maioria são PME) pelo facto de, nos últimos
cinco anos, serem responsáveis pela criação de
85% dos novos empregos. Diz este especialis-
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ta que, passada a época da improvisação, “a
sucessão depende de um racional e atempado
planeamento que, para além dos fundadores,
envolva os novos líderes, tendo estes a obriga-
e Legislação Complementar ção de ter uma melhor preparação académica
para as funções”.
Marko Curavic garantiu ainda que a Co-
3ª Edição actualizada com as alterações missão Europeia está atenta ao problema,
enalteceu a iniciativa da AEP em liderar este
introduzidas pela Lei nº 53/2011, de 14 processo em Portugal, e propôs a criação de
de Outubro um programa Erasmus para empreendedo-
res. E justificou: “Será a forma mais eficaz
de dotar os empresários com uma nova fer-
ramenta chamada troca de conhecimentos”.
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W Já a especialista holandesa Ilse Matser
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Y acrescentou que “a sucessão é um longo e di-
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nâmico processo que, para ser bem-sucedido,
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não pode estar limitado a uma sucessão den-
tro da família”.
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Opinião unânime entre estes especialistas
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José António Barros, presidente da AEP. é a de que, agora mais do que nunca, as mu-
lheres devem ter um papel mais relevante na
tentado, sobretudo das empresas familiares sucessão empresarial, havendo uma boa per-
de menor dimensão, e o combate preventivo centagem de casos de sucesso no processo em
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FRPSOHPHQWDU QRPHDGDPHQWH às falências e ao desemprego através de uma que elas estiveram envolvidas.
maior estabilidade e qualificação dos titulares
‡ $FLGHQWHV GH WUDEDOKR H Fundos de investimento destroem
GRHQoDV SURILVVLRQDLV dos seus órgãos de decisão.
No entanto, os especialistas internacionais rosto das empresas
‡ 5HJLPH SURFHVVXDO GDV FRQWUD
RUGHQDo}HV ODERUDLV H GH presentes revelaram que este é um problema
VHJXUDQoD VRFLDO transversal às economias ocidentais, embora Igualmente presente no evento, o presi-
‡ 1RYR VLVWHPD GH FRPSHQVDomR existam alguns exemplos de sucesso conse- dente do conselho de administração da Jeró-
GHYLGD SHOD FHVVDomR GR guido, como recordou Francisco Negreira del nimo Martins, Alexandre Soares dos Santos,
FRQWUDWR GH WUDEDOKR Rio, graças à necessidade ditada pelo fantas- lamentou que as pessoas se tenham trans-
ma do encerramento. O gestor, doutorado formado em números e culpou os fundos
em ciências empresariais pela Universidade de investimento por destruírem o rosto das
de Santiago de Compostela, chamou desde empresas.
logo a atenção para o facto de “por regra a “O rosto da empresa é importante, seja ele
família ser muitas vezes o principal inimigo quem for”, referiu Soares dos Santos, acres-
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93 da empresa” e salientou que as empresas fa- centando que “as pessoas viraram números”,
miliares “têm uma grande representativida- o que é de lamentar, uma vez que “uma em-
de na economia europeia, mas também nos presa é feita por pessoas para pessoas”.
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EUA”, recordando ainda o peso relativo deste Salientando que “a informação é funda-
tipo de empresas. “Na Finlândia são cerca de mental nas empresas familiares, o empresário
RPSUH Mi HP KWWSOLYUDULDYLGDHFRQRPLFDSW disse ainda que “hoje não há patrão, nem
91%, em Espanha 85%, em França 83% e
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nos EUA 95%. Já em Portugal são 80%, e pode haver”, uma vez que a dispersão do
geram 60% do Produto Interno Bruto e 50% capital por diversos investidores eliminou os
HQFRPHQGDV#YLGDHFRQRPLFDSW rostos das empresas.
do emprego”, destacou.