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Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano
Laboratório de Física FIV
Instituto de Física
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Setembro de 2022
REFLEXÃO E REFRAÇÃO EM SUPERÍCIES PLANAS
Nesta prática serão estudados os fenômenos de reflexão e refração da luz em
superfícies planas utilizando as leis da óptica geométrica. Serão abordadas as leis de reflexão,
refração (Lei de Snell) e reflexão interna total.
I - Leis da Refração e Reflexão
Quando um feixe de luz passa de um meio material transparente para outro, parte da
luz é refletida (reflexão) na interface entre os meios e parte entra no segundo meio
(refração). A Figura 1 mostra dois meios transparentes e sua interface. Cada um dos meios
é caracterizado por um parâmetro adimensional denominado índice de refração, ni.
Figura 1 - Reflexão e refração de um feixe de luz com as velocidades, frequência e comprimento de onda
característicos na interface de dois meios transparentes. A reta tracejada é a linha normal à superfície
no ponto de incidência do raio luminoso. O ângulo formado entre o raio incidente e a reta normal é o
ângulo de incidência. O ângulo formado entre o raio refletido e a reta normal é o ângulo de reflexão. O
ângulo formado entre o raio refratado e a reta normal é o ângulo de refração. A fronteira entre os dois
meios é um dioptro plano.
Raio Incidente
v1,f, λ1
Meio 1=Meio de
Incidência
Normal
Raio Refletido
v1,f, λ1
n1
Meio 2 =Meio de
Refração n2
Raio Refratado
v2,f, λ2
Fonte: Autora
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Setembro de 2022
Os ângulos de reflexão θ1 (ângulo formado pelo raio refletido e a normal à interface
no ponto de incidência) e de refração θ2 (ângulo formado pelo raio refratado e a normal à
interface no ponto de incidência) são obtidos a partir de leis que garantem que:
a) O raio refletido e o refratado estão no mesmo plano definido pelo raio incidente e a normal
à interface no ponto de incidência, que é chamado de plano de incidência.
b) O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.
c) Os ângulos de incidência, α, e refração, β, estão relacionados pela Lei de Snell-Descarte
(Equação 1):
𝐧𝟏𝐬𝐞𝐧𝛉𝟏 = 𝐧𝟐𝐬𝐞𝐧𝜽𝟐, (1)
onde: n1 é o índice de refração no meio de incidência da luz e n2 é o índice de refração do
meio onde a luz é refratada.
O índice de refração, ni, de um meio é definido como o quociente entre as respectivas
velocidades de propagação da luz no vácuo, c, e no meio considerado, vi, Equação 2.
𝐧𝐢 =
𝐜
𝐯𝐢
. (2)
Mas, a velocidade de propagação da luz de frequência f em um dado meio, vi, é dada
pela Equação 3 (Figura 1):
𝐯𝐢 = 𝐟𝛌𝐢. (3)
Substituindo as Equações 2 e 3 na Equação 1, a Lei de Snell pode ser reescrita como
na Equação 4:
𝐬𝐞𝐧𝛉𝟏
𝐬𝐞𝐧𝛉𝟐
=
𝐧𝟐
𝐧𝟏
=
𝐜
𝐯𝟐
𝐜
𝐯𝟏
=
𝐯𝟏
𝐯𝟐
=
𝐟𝛌𝟏
𝐟𝛌𝟐
=
𝛌𝟏
𝛌𝟐
. (4)
Observe que a frequência da luz permanece constante na refração.
3
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d) A intensidade da luz refletida ou refratada depende da diferença de índices de refração
entre os meios e do ângulo de incidência (os coeficientes de transmissão e reflexão são
dados pelas equações de Fresnel).
A Tabela 1 apresenta os valores de índice de refração de alguns meios materiais.
Tabela 1 – Índices de refração para alguns meios materiais
Meio Material Índice de Refração (n)
Ar Seco (0°C, 1atm) ≈ 1 (1,000292)
Água (20°C) 1,333
Gelo (-8°C) 1,310
Vidros de 1,4 a 1,7
Glicerina 1,90
Álcool Etílico (Etanol) 1,36
Acrílico 1,49
Diamante 2,417
As leis de reflexão e refração, do modo como foram expostas aqui, foram baseadas em
resultados experimentais. Entretanto, elas podem ser deduzidas a partir de princípios mais
fundamentais da óptica, que são o princípio de Huygens e o princípio de Fermat.
II - Reflexão Interna Total
Vamos considerar uma situação em que o raio de luz caminha em um meio de índice
de refração ni e atravessa para um meio de índice de refração nr onde o índice de refração do
meio incidência e maior que o índice de refração do meio refrator, ni > nr, por exemplo do
vidro para o ar. Neste caso, pela Lei de Snell (Equação 1), o ângulo de refração θr será maior
que o ângulo de incidência θi. Logo existe um ângulo de incidência θi menor que 90o para o
qual o ângulo de refração θr é igual a 90o. Se aumentar o ângulo de incidência além deste
valor não haverá raio refratado, isto é, toda a luz será refletida. Esse efeito é chamado de
reflexão interna total (Figura 2).
4
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Figura 2 – Reflexão interna total.
Raio Incidente
v1,f, λ1
Meio 1=Meio de
Incidência
Normal
Raio Refletido
v1,f, λ1
n1
n1 > n2
Meio 2 =Meio de
Refração n2
Raio Refratado
v2,f, λ2
O ângulo de incidência, θc, tal que n1senθC = n2sen (90o) é chamado ângulo crítico,
sendo dado pela Equação 6:
𝛉𝐂 = 𝐚𝐫𝐜𝐬𝐞𝐧
𝐧𝟐
𝐧𝟏
. (6)
O fenômeno da reflexão interna total é utilizado em várias aplicações. A mais comum
é o confinamento de luz em um meio, que é o princípio básico de funcionamento de uma fibra
5
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óptica (Figura 3). Em uma fibra óptica a luz sofrendo múltiplas reflexões internas no interior
de um fibra de vidro propaga-se por grandes distâncias.
Figura 3 – Confinamento da luz em uma fibra óptica devido ao fenômeno de reflexão interna total.
III – Procedimento Experimental
Nos experimentos a seguir serão utilizados uma fonte luminosa com fenda estreita,
um bloco de acrílico semicircular e um papel com escala polar.
III.1 - Verificação das Leis da Reflexão e da Refração
Fixe um bloco de acrílico semicircular sobre uma mesa. Alinhe a fonte luminosa
melhor possível vertical e horizontalmente de modo a incidir perpendicularmente ao centro
da face plana do bloco de acrílico de forma que se possa visualizar o feixe luminoso incidente
e refletido. Esta é a configuração inicial. Volte a ela sempre que requisitado.
a) Trace a reta normal, N, ao centro da face plana do bloco semicircular de acrílico (Figura
4).
Figura 4 – Montagem experimental para estudo das leis de reflexão.
Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis183/exp9/experimento9.htm. Consultado em 28/05/2017.
N
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b) Escolha um ângulo de incidência para o feixe luminoso de forma que o mesmo incida no
centro da face do bloco semicircular de acrílico (Figura 4).
c) Fixe dois alfinetes nas projeções dos feixes luminosos incidente, refletido e refratado.
Trace retas pelos pontos marcados para os feixes incidente e refletido.
d) Meça os ângulos de incidência, refletido e refratado da fonte luminosa na face plana do
bloco de acrílico (Figura 4).
e) Repita os procedimentos para 5 ângulos de incidência diferentes a fim de verificar
experimentalmente que os ângulos de incidência, reflexão e refração obedecem às leis da
reflexão e refração.
f) Usando a Lei de Snell, determine o valor do índice de refração do bloco semicircular e
compare com os valores da Tabela 1.
III.2 - Verificação do Fenômeno de Reflexão Interna Total
a) Posicione a face semicircular do bloco de acrílico em frente ao feixe luminoso de modo
que o feixe incidente passe pelo centro da face plana como apresentado na Figura 5. Nessa
configuração o feixe luminoso sofre duas refrações: a primeira na face semicircular, que
não muda sua direção (tenha certeza que você entende este fato!) e a segunda na face
plana. A reflexão e refração na face plana agora ocorre do feixe incidente do meio de maior
índice de refração para o de menor índice de refração.
Figura 5– Montagem experimental para estudo das leis de reflexão interna total.
Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis183/exp9/experimento9.htm. Consultado em 28/05/2017.
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b) Varie o ângulo de incidência até que o raio refratado não seja observado (Figura 5). Este
é o ângulo crítico para o acrílico para que ocorra o fenômeno de reflexão interna total.
c) Repita o procedimento do Item III.2.b cinco vezes. Tome o valor médio do ângulo crítico e
compare com seu valor teórico previsto pela Equação 6 para o acrílico.

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  • 1. 1 Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano Laboratório de Física FIV Instituto de Física Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Setembro de 2022 REFLEXÃO E REFRAÇÃO EM SUPERÍCIES PLANAS Nesta prática serão estudados os fenômenos de reflexão e refração da luz em superfícies planas utilizando as leis da óptica geométrica. Serão abordadas as leis de reflexão, refração (Lei de Snell) e reflexão interna total. I - Leis da Refração e Reflexão Quando um feixe de luz passa de um meio material transparente para outro, parte da luz é refletida (reflexão) na interface entre os meios e parte entra no segundo meio (refração). A Figura 1 mostra dois meios transparentes e sua interface. Cada um dos meios é caracterizado por um parâmetro adimensional denominado índice de refração, ni. Figura 1 - Reflexão e refração de um feixe de luz com as velocidades, frequência e comprimento de onda característicos na interface de dois meios transparentes. A reta tracejada é a linha normal à superfície no ponto de incidência do raio luminoso. O ângulo formado entre o raio incidente e a reta normal é o ângulo de incidência. O ângulo formado entre o raio refletido e a reta normal é o ângulo de reflexão. O ângulo formado entre o raio refratado e a reta normal é o ângulo de refração. A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano. Raio Incidente v1,f, λ1 Meio 1=Meio de Incidência Normal Raio Refletido v1,f, λ1 n1 Meio 2 =Meio de Refração n2 Raio Refratado v2,f, λ2 Fonte: Autora
  • 2. 2 Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano Laboratório de Física FIV Instituto de Física Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Setembro de 2022 Os ângulos de reflexão θ1 (ângulo formado pelo raio refletido e a normal à interface no ponto de incidência) e de refração θ2 (ângulo formado pelo raio refratado e a normal à interface no ponto de incidência) são obtidos a partir de leis que garantem que: a) O raio refletido e o refratado estão no mesmo plano definido pelo raio incidente e a normal à interface no ponto de incidência, que é chamado de plano de incidência. b) O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. c) Os ângulos de incidência, α, e refração, β, estão relacionados pela Lei de Snell-Descarte (Equação 1): 𝐧𝟏𝐬𝐞𝐧𝛉𝟏 = 𝐧𝟐𝐬𝐞𝐧𝜽𝟐, (1) onde: n1 é o índice de refração no meio de incidência da luz e n2 é o índice de refração do meio onde a luz é refratada. O índice de refração, ni, de um meio é definido como o quociente entre as respectivas velocidades de propagação da luz no vácuo, c, e no meio considerado, vi, Equação 2. 𝐧𝐢 = 𝐜 𝐯𝐢 . (2) Mas, a velocidade de propagação da luz de frequência f em um dado meio, vi, é dada pela Equação 3 (Figura 1): 𝐯𝐢 = 𝐟𝛌𝐢. (3) Substituindo as Equações 2 e 3 na Equação 1, a Lei de Snell pode ser reescrita como na Equação 4: 𝐬𝐞𝐧𝛉𝟏 𝐬𝐞𝐧𝛉𝟐 = 𝐧𝟐 𝐧𝟏 = 𝐜 𝐯𝟐 𝐜 𝐯𝟏 = 𝐯𝟏 𝐯𝟐 = 𝐟𝛌𝟏 𝐟𝛌𝟐 = 𝛌𝟏 𝛌𝟐 . (4) Observe que a frequência da luz permanece constante na refração.
  • 3. 3 Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano Laboratório de Física FIV Instituto de Física Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Setembro de 2022 d) A intensidade da luz refletida ou refratada depende da diferença de índices de refração entre os meios e do ângulo de incidência (os coeficientes de transmissão e reflexão são dados pelas equações de Fresnel). A Tabela 1 apresenta os valores de índice de refração de alguns meios materiais. Tabela 1 – Índices de refração para alguns meios materiais Meio Material Índice de Refração (n) Ar Seco (0°C, 1atm) ≈ 1 (1,000292) Água (20°C) 1,333 Gelo (-8°C) 1,310 Vidros de 1,4 a 1,7 Glicerina 1,90 Álcool Etílico (Etanol) 1,36 Acrílico 1,49 Diamante 2,417 As leis de reflexão e refração, do modo como foram expostas aqui, foram baseadas em resultados experimentais. Entretanto, elas podem ser deduzidas a partir de princípios mais fundamentais da óptica, que são o princípio de Huygens e o princípio de Fermat. II - Reflexão Interna Total Vamos considerar uma situação em que o raio de luz caminha em um meio de índice de refração ni e atravessa para um meio de índice de refração nr onde o índice de refração do meio incidência e maior que o índice de refração do meio refrator, ni > nr, por exemplo do vidro para o ar. Neste caso, pela Lei de Snell (Equação 1), o ângulo de refração θr será maior que o ângulo de incidência θi. Logo existe um ângulo de incidência θi menor que 90o para o qual o ângulo de refração θr é igual a 90o. Se aumentar o ângulo de incidência além deste valor não haverá raio refratado, isto é, toda a luz será refletida. Esse efeito é chamado de reflexão interna total (Figura 2).
  • 4. 4 Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano Laboratório de Física FIV Instituto de Física Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Setembro de 2022 Figura 2 – Reflexão interna total. Raio Incidente v1,f, λ1 Meio 1=Meio de Incidência Normal Raio Refletido v1,f, λ1 n1 n1 > n2 Meio 2 =Meio de Refração n2 Raio Refratado v2,f, λ2 O ângulo de incidência, θc, tal que n1senθC = n2sen (90o) é chamado ângulo crítico, sendo dado pela Equação 6: 𝛉𝐂 = 𝐚𝐫𝐜𝐬𝐞𝐧 𝐧𝟐 𝐧𝟏 . (6) O fenômeno da reflexão interna total é utilizado em várias aplicações. A mais comum é o confinamento de luz em um meio, que é o princípio básico de funcionamento de uma fibra
  • 5. 5 Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano Laboratório de Física FIV Instituto de Física Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Setembro de 2022 óptica (Figura 3). Em uma fibra óptica a luz sofrendo múltiplas reflexões internas no interior de um fibra de vidro propaga-se por grandes distâncias. Figura 3 – Confinamento da luz em uma fibra óptica devido ao fenômeno de reflexão interna total. III – Procedimento Experimental Nos experimentos a seguir serão utilizados uma fonte luminosa com fenda estreita, um bloco de acrílico semicircular e um papel com escala polar. III.1 - Verificação das Leis da Reflexão e da Refração Fixe um bloco de acrílico semicircular sobre uma mesa. Alinhe a fonte luminosa melhor possível vertical e horizontalmente de modo a incidir perpendicularmente ao centro da face plana do bloco de acrílico de forma que se possa visualizar o feixe luminoso incidente e refletido. Esta é a configuração inicial. Volte a ela sempre que requisitado. a) Trace a reta normal, N, ao centro da face plana do bloco semicircular de acrílico (Figura 4). Figura 4 – Montagem experimental para estudo das leis de reflexão. Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis183/exp9/experimento9.htm. Consultado em 28/05/2017. N
  • 6. 6 Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano Laboratório de Física FIV Instituto de Física Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Setembro de 2022 b) Escolha um ângulo de incidência para o feixe luminoso de forma que o mesmo incida no centro da face do bloco semicircular de acrílico (Figura 4). c) Fixe dois alfinetes nas projeções dos feixes luminosos incidente, refletido e refratado. Trace retas pelos pontos marcados para os feixes incidente e refletido. d) Meça os ângulos de incidência, refletido e refratado da fonte luminosa na face plana do bloco de acrílico (Figura 4). e) Repita os procedimentos para 5 ângulos de incidência diferentes a fim de verificar experimentalmente que os ângulos de incidência, reflexão e refração obedecem às leis da reflexão e refração. f) Usando a Lei de Snell, determine o valor do índice de refração do bloco semicircular e compare com os valores da Tabela 1. III.2 - Verificação do Fenômeno de Reflexão Interna Total a) Posicione a face semicircular do bloco de acrílico em frente ao feixe luminoso de modo que o feixe incidente passe pelo centro da face plana como apresentado na Figura 5. Nessa configuração o feixe luminoso sofre duas refrações: a primeira na face semicircular, que não muda sua direção (tenha certeza que você entende este fato!) e a segunda na face plana. A reflexão e refração na face plana agora ocorre do feixe incidente do meio de maior índice de refração para o de menor índice de refração. Figura 5– Montagem experimental para estudo das leis de reflexão interna total. Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis183/exp9/experimento9.htm. Consultado em 28/05/2017. N
  • 7. 7 Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano Laboratório de Física FIV Instituto de Física Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Setembro de 2022 b) Varie o ângulo de incidência até que o raio refratado não seja observado (Figura 5). Este é o ângulo crítico para o acrílico para que ocorra o fenômeno de reflexão interna total. c) Repita o procedimento do Item III.2.b cinco vezes. Tome o valor médio do ângulo crítico e compare com seu valor teórico previsto pela Equação 6 para o acrílico.