O documento analisa o cenário político das eleições presidenciais de 2014 no Brasil. Aponta que o clima político e humor da população podem ser problemas para os candidatos do governo devido à inflação alta, crescimento econômico irregular e queda na popularidade do governo. No entanto, programas sociais populares como Bolsa Família podem apoiar a candidata Dilma Rousseff. A eleição deve ser difícil para o PT e uma vitória de oposição é possível.
2. Quadro Geral:
“A Eleição está em aberto. É muito cedo
para fazer prognósticos.”
(Cândido Vacarezza PT/SP; “O Globo” online em
19/4; Eleições: Patamar de Avaliação Indica
Derrota para Dilma.)
3. Ponto Central:
• Qual o CLIMA POLÍTICO e o HUMOR da
população, em seus diversos setores, durante
as eleições?
• Um CLIMA POLÍTICO NEGATIVO e um HUMOR
PESSIMISTA da população são problemas para
candidatos do governo.
• Quais fatores influenciam o CLIMA e HUMOR?
4. Certezas
• Eleição mais difícil para o PT nos últimos anos:
– segundo turno é altamente provável.
– Candidatos de oposição são carismáticos e do governo
não:
• Aécio e Campos/Marina (enfraquecem PT em MG e Nordeste);
• voto evangélico para Pastor Everaldo Pereira (PSC).
– Coalizão de oposição forte, no primeiro turno a ser vista
nos debates, mas principalmente no segundo turno.
– Queda na popularidade presidencial e do governo.
– Votos branco e nulo em crescimento (indicação de
insatifação e indignação com a política).
– Cenário econômico desfavorável.
5. Imponderáveis inevitáveis?
• Particularidades desta eleição:
– Efeito da Copa do Mundo.
– Manifestações populares.
– Greves dos serviços básicos (transportes e
segurança).
• Lições da história recente:
– Emergência de escândalos de corrupção: o caso
recente da Petrobrás. Mensalão e outros nas
outras eleições.
6. Efeitos esperados:
Determinantes do Voto
Objetivo: Explicar variações na intenção de voto
• Variáveis econômicas
– Inflação e poupança, crescimento do PIB,
renda/salário e cesta básica, desemprego.
• Variáveis de percepção
– Confiança do consumidor, confiança do
empresário, expectativa de desemprego e de
endividamento, avaliação do governo,
popularidade do presidente.
10. Pontos negativos:
• Inflação alta e poupança com rendimento
mais baixo do que inflação.
• Crescimento econômico irregular.
• Taxa de juros em alta.
14. Pontos Positivos:
• Salário mínimo em alta.
• Cesta básica sob controle.
• Desemprego em queda e muito baixo.
• Programas sociais:
– Bolsa Família
– Minha Casa Minha Vida
– Mais Médicos
18. Visões da População
• Confiança e expectativa de
consumidores e empresários em queda.
– Preocupação com desemprego, mais do que
com endividamento.
• Queda da popularidade da presidente e
do governo.
– Avaliação de Dilma sempre pior do que de
seu governo.
22. Conclusão
• Desafios para o governo:
– Situação econômica instável e tendente a
desfavorável: CLIMA DO PAÍS E HUMOR DO ELEITOR
SÃO POTENCIALMENTE NEGATIVOS .
– Candidatos competitivos na oposição.
– Incógnitas com a Copa do Mundo: frustração com os
atrasos nas obras?
• Aposta do governo no Horário Gratuito de
Propaganda Eleitoral:
– Manutenção da coalizão agrega minutos: PMDB é
fundamental. Seria uma coalizão tão grande
necessária?
Mas, isso é má notícia para o governo. Dois anos atrás, quem diria que Dilma não seria reeleita no primeiro turno? A vantagem do incumbente, com nome reconhecido, deveria ser mais.
Isso significa que não podemos montar cenários e identificar fatores que possam afetar o processo eleitoral? Claro que não. O propósito da apresentação é identificar elementos que tem sido reconhecidos, por especialistas e teorias, como relevantes para se entender a dinâmica das eleições presidenciais no Brasil.
Por clima político e humor da população penso nas características contextuais das eleições, os problemas nacionais, e nas percepções dos cidadãos sobre o país, sobre seu presente e futuro.
Destacar aqui a chance de segundo turno: ao contrário do que dizem pesquisas hoje. Voto evangélico não é de Marina, é do PSC. Pode levar à votação expressiva de Everaldo Pereira. Rouba de todos os outros candidatos. Se roubar só da oposição (Marina), facilita vitória no primeiro turno. Se roubar de Dilma também, pode levar a segundo turno.
Há a possibilidade de apoios mútuos entre candidatos da oposição no primeiro turno, durante os debates: lembrem de Ciro, Garotinho e Lula contra Serra. Certamente ampla coalizão contra Dilma no segundo turno.
A percepção do eleitor é de que a inflação aumentou. Pesquisa realizada no final de abril (sensus), indicava que para 66% dos entrevistados o poder de compra é menor do que tinham há 1 ano.
O ponto é que há fatores sobre os quais não sabemos ainda avaliar seu peso no processo eleitoral, por serem novos ou por não serem garantidos de ocorrer, mas que podem ter efeito no processo eleitoral: ou seja, são fatores acerca dos quais temos que manter nossa atenção no ano.
Aqui começamos a enfocar variáveis que são mais frequentemente associadas ao voto, embasadas em teorias já consolidadas sobre previsão eleitoral (forecasting) e sobre efeitos da economia e de percepções no voto.
Importante destacar a ideia de que o ambiente econômica afeta o CLIMA DA OPINIÃO PÚBLICA, DA CONFIANÇA E EXPECTATIVAS DA POPULAÇÃO E EMPRESÁRIOS. Esse clima (mood) é importante para entender o ambiente da eleição.
Descrever o processo eleitoral e falar dos candidatos principais. Destacar a intenção de voto em Lula. Dados do Datafolha.
Conhecimento dos candidatos: Dilma 99; Marina 80.5; Aécio 76.2; Eduardo Campos 63.2.
Outro ponto positivo para o PT ainda pouco explorado é que em todos os casos o PT ainda é o partido vitorioso na eleição. Com Dilma como candidata ou com Lula, o PT lidera a preferência dos eleitores.
Cenário mais provável, com os três principais candidatos.
Dilma perdeu pontos recentemente, mas parece que está estabilizada pouco abaixo dos 40%.
Os pontos perdidos foram diluídos entre os candidatos de oposição, com Aécio levando a margem.
Campos tem um vice que agrega.
Um fator importante para o PSDB deverá ser a indicação do vice de Aécio na convenção de junho.
Usando o cenário mais provável, a soma das intenções para os demais candidatos ultrapassa a intenção de votos de Dilma. É um cenário desconfortável para ela porque joga a decisão para o 2 turno; consequentemente, o governo precisará negociar mais apoio.
Dilma apresentou recuo gradual nos últimos levantamentos.
No último levantamento em que ela disputava um hipotético 2 turno contra Aécio, a margem entre os dois era de 11% (47 contra 36). É uma margem perigosa. Isso mostra que o PT tende a não se beneficiar da transferência de todos os votos do terceiro colocado. Dada a proximação entre PSB e PSDB nos estados, os eleitores de Campos tendem a votar em Aécio e vice-versa.
Esse slide resume os achados dos três próximos slides, que devem ser descritos com mais detalhes em cada um deles. Mas, há no Brasil agora uma junção de inflação alta, taxa de juros alta, crescimento baixo e rendimento ainda baixo da caderneta de poupança. Denota clara falha da aposta do gerenciamento da macro-economia de Dilma e Mantega.
Um primeiro fator econômico a se observar é a inflação, que havia deixado de ser fator eleitoral relevante, mas agora volta a ganhar atenção, até porque as expectativas para o segundo semestre são piores. Importante pensar não só a inflação, mas sua relação com a remuneração paga pela poupança. Em momentos de inflação maior que o juros da poupança, as chances de descontentamento são maiores. CLIMA ELEITORAL PIOR.
Instável no período – nada de crescimento sustentável (entendido apenas como constante). Tendência de queda.
Freio da inflação. Mas, mesmo com aumento, não tem reduzido pressões inflacionárias. Reduz chance de crescimento. Aposta do governo de abaixar TR não teve o efeito esperado. Aumento inflação, mas não o PIB. Combinação de PIB baixo e inflação alta, com taxas de juros altas: é um cenário muito ruim para o governo.
A taxa Selic serve para definir o piso dos juros no país. É o instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, assim, quando a Selic está alta, ela favorece a queda da inflação, pois desistimula o consumo, por outro lado, quando ela está baixa favorece o consumo e empura a inflação para cima.
Aqui o ponto é explicar por que dilma ainda mantêm índices de popularidade e intenção de voto consideráveis. O Clima negativo só não é pior por esses fatores, que dão sustentação à popularidade de dilma.
Ganhos reais no salário mínimo e controle relativamente estável do preço da cesta básica. Dois pontos bastante favoráries ao governo.
Outro ponto favorável do governo: mas, até onde isso se mantêm em cenário de crescimento baixo, inflação alta e taxa de juros subindo?
Mostrar aqui dados do crescimento do BF. Mas, apontar para o fato de não ser mais novidade e de que estudos recentes já não apontam efeito eleitoral do BF. Aproveitar para falar de outros programas sociais do governo: Mais Médidos, Minha casa, como parte do brasil sem miséria. Até por que o BF se esgotou eleitoralmente, é preciso investir em outros projetos. Desde que a Dilma assumiu a presidência, foram acrescentados 1,3 milhões de novos beneficiários. A nova medida provisória vai aumentar esse número ainda mais.
Resumimos aqui os pontos que são discutidos nos próximos dois slides.
Expectativas e confiança dos eleitores em queda. Espectativas de endividamento e, principalmente, desemprego, em alta. Queda da confiança dos empresários da indústria.
Clara queda da popularidade do governo e presidente. Apoio a governo sempre melhor do que popularidade de Dilma. Queda brusca com as manifestações de junho/2013. Retomada posterior, mas agora nova indicação de queda brusca. Aponta para um desânimo da população com o governo.
A formação das coligações partidárias é orientada por um processo de aglutinação de tempo de TV. Todavia, tempo de TV por si só não faz uma eleição presidencial. Desde 1994, os candidatos mantiveram a mesma tendência de antes do HPEG. No Brasil, diferentemente dos EUA, o uso da TV em campanhas é muito mais um elemento de informação geral que de mobilização dos eleitores. Que conclusões tirar desse gráfico (dados 2002:2010)? De um lado, um tempo de TV numa campanha para presidente abaixo de dois minutos elimina qualquer candidato por falta de exposição e informação, de outro, acima de cinco minutos não agrega muito mais votos.
Copa: Não acredito que a Copa do mundo tenha influenciado algum resultado de eleição presidencial no Brasil. O eleitor sabe diferenciar muito bem os dois times: do governo e da seleção. Agora tem um fator novo que a copa é aqui. E o que o eleitor está vendo é o despreparo do governo em lidar com grandes eventos. Atraso em obras, problemas infraestruturais, alta dos preços etc. Então, eu prefiro acreditar que se a população estiver muito descontente com o governo, uma eventual vitória na Copa reduz a insatisfação do cidadão ainda que momentâneamente.