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Samuel encontrava-se a caminho da biblioteca da escola, quando
Tiago, um colega de turma, o intercepta pelo caminho.
       -Hei meu, vens almoçar?
       -Não dá. Tenho que ir fazer o trabalho que a professora de Português
pediu sobre a evolução das bibliotecas – respondeu Samuel apontando para o
caderno que trazia na mão.
       -OK, então a gente vê-se amanhã. Adeus – disse o Tiago.
 E saiu correndo atrás da namorada.
       Samuel continuou o seu caminho. Em escassos minutos chegou à
biblioteca. Uuma porta gigante e ferrugenta o separava das enormes
estantes de madeira. Ela era pesada e fazia imenso barulho ao abrir, pelo
que a bibliotecária fez sinal com os dedos para fazer ele fazer pouco
barulho.
       Dirigiu-se à recepção e procurou no placar onde constavam as
informações sobre a secção dos livros e seguiu para o corredor número
cinco.
       Aos poucos e poucos, foi tirando livros da estante e colocou-os em
cima da mesa. Seguiu o imenso corredor que terminava numa curva. Antes de
lá chegar, olhou para trás de si e dei dei conta que a biblioteca era maior do
que aparentava.
       Quando alcançou a curva, deparou-se com um livro de capa carnuda de
cor avermelhada. Curioso como era, sentou-se no chão, retirou o livro e
abriu-o. Uma enorme luz surgiu do livro e cegou-o, obrigando-o a fechar os
olhos. Depois de os abrir, observou que a sala estava diferente. As enormes
estantes tinham sido substituídas por diversos computadores divididos em
compartimentos, as mesas de estudos tinham desaparecido e a recepção
juntamente com a bibliotecária tinham sido substituídos por peças de metal.
Aproximou-se para ver se encontravam alguém a quem pudesse pedir ajuda.
        Pelo caminho, deparou-se com uma rapariga que o fixava
atentamente.
       - Isso é um livro? - perguntou-lhe a rapariga loira com espanto.
Samuel não tinha dado conta que ainda tinha o livro na mão.
       - Sim é. Porquê tanta admiração? – indagou Samuel.
       - Isso é algo bastante raro. Os únicos livros restantes estão
guardados no cofre. Tu deves ser alguém muito especial, para conseguires
ter um – respondeu-lhe a rapariga com um sorriso. Dito isto a rapariga
sentou-se num computador e Samuel começou a pensar no que a rapariga
queria dizer com aquilo.
       Aproximou-se do local da receção e uma voz metálica falou.
       -Há algum problema? O sistema encravou?


                      Mónica Teixeira n.º16 9.º G
                    Escola EB 2/3 D. Luís de Loureiro
- Desculpe, sistema? - Samuel olhou em volta, tentando procurar uma
data. Nada disto fazia sentido, até que encontrou, num ecrã plasma, a frase:
“Ano 2112: a Era da Suprema Tecnologia”. 2112? É este o ano? Onde estão
os livros?
       - Livros? Palavra pouco usada e desconhecida por metade dos actuais
habitantes da terra - Respondeu o robot, com um ar ofendido. - Livros,
existem poucos, desde a antiga criação dos tablets, as editoras deixaram de
publicar livros, era ‘Ocupação de Espaço’. Ora qualquer informação, conto ou
história que necessitar está à sua disposição nos nossos super
computadores, onde tudo o que tem de fazer é comunicar ao computador o
que deseja.
       -Falar com o computador? E ele dá-nos informação sobre qualquer
coisa? Isso é basicamente pesquisar na internet...- afirmou Samuel.
       - Internet? Isso é tão século XXI! Meu rapaz, está na biblioteca
escolar do futuro, onde tudo se baseia na suprema tecnologia, tudo está à
distância de uma palavra.
       - Biblioteca escolar sem livros? – perguntou Samuel, com um olhar
triste. Mais ninguém saboreou o prazer de desfolhar página a página um
imenso livro, mais ninguém fez competição com os colegas para ver quem
encontravam primeiro o significado de uma palavra no dicionário.
       -Olhe à sua volta! Os finos ecrãs de fibra são os livros de hoje em
dia, mas em vez de conterem uma só história, contêm milhares. Veja deste
modo, assim conseguimos a estabilidade do planeta, mais nenhuma árvore
teve de ser cortada. A era do papel e da caneta acabou.
       Ao ouvir aquelas palavras, Samuel sentiu-se mal. Agarrou o livro que
tinha nas mãos com tanta força que parecia que estava a agarrar a peça
mais preciosa de uma joalharia.
       - Os livros não podem acabar. Outrora os livros eram sinal de
sabedoria e riqueza, eles até já foram proibidos. No tempo dos meus pais
era uma carrinha que fazia a distribuição de livros, e como eles ficavam
contentes de os ter. A minha geração não soube dar valor a isso e agora
acabaram! – Com estas palavras, uma lágrima deslizou pela cara de Samuel,
caindo uma cima das velhas folhas daquele precioso livro. Samuel fechou os
olhos por um instante desejando que tudo voltasse a ser o que era. Ele não
queria continuar naquele mundo onde os livros eram um mito.
       Limpou os olhos com a manga da camisola e suspirou de alívio.
Encontrava-se novamente na biblioteca da escola!
        Prometeu a si mesmo não deixar cair no esquecimento os livros e, por
isso, decidiu fazer uma biblioteca também em sua casa.
       Acabou de escrever a sua redação, arrumou o seu material, olhou em
volta e sorriu. Aquele era o seu mundo, o futuro tem de esperar!
                      Mónica Teixeira n.º16 9.º G
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Viagem ao futuro da biblioteca

  • 1. Samuel encontrava-se a caminho da biblioteca da escola, quando Tiago, um colega de turma, o intercepta pelo caminho. -Hei meu, vens almoçar? -Não dá. Tenho que ir fazer o trabalho que a professora de Português pediu sobre a evolução das bibliotecas – respondeu Samuel apontando para o caderno que trazia na mão. -OK, então a gente vê-se amanhã. Adeus – disse o Tiago. E saiu correndo atrás da namorada. Samuel continuou o seu caminho. Em escassos minutos chegou à biblioteca. Uuma porta gigante e ferrugenta o separava das enormes estantes de madeira. Ela era pesada e fazia imenso barulho ao abrir, pelo que a bibliotecária fez sinal com os dedos para fazer ele fazer pouco barulho. Dirigiu-se à recepção e procurou no placar onde constavam as informações sobre a secção dos livros e seguiu para o corredor número cinco. Aos poucos e poucos, foi tirando livros da estante e colocou-os em cima da mesa. Seguiu o imenso corredor que terminava numa curva. Antes de lá chegar, olhou para trás de si e dei dei conta que a biblioteca era maior do que aparentava. Quando alcançou a curva, deparou-se com um livro de capa carnuda de cor avermelhada. Curioso como era, sentou-se no chão, retirou o livro e abriu-o. Uma enorme luz surgiu do livro e cegou-o, obrigando-o a fechar os olhos. Depois de os abrir, observou que a sala estava diferente. As enormes estantes tinham sido substituídas por diversos computadores divididos em compartimentos, as mesas de estudos tinham desaparecido e a recepção juntamente com a bibliotecária tinham sido substituídos por peças de metal. Aproximou-se para ver se encontravam alguém a quem pudesse pedir ajuda. Pelo caminho, deparou-se com uma rapariga que o fixava atentamente. - Isso é um livro? - perguntou-lhe a rapariga loira com espanto. Samuel não tinha dado conta que ainda tinha o livro na mão. - Sim é. Porquê tanta admiração? – indagou Samuel. - Isso é algo bastante raro. Os únicos livros restantes estão guardados no cofre. Tu deves ser alguém muito especial, para conseguires ter um – respondeu-lhe a rapariga com um sorriso. Dito isto a rapariga sentou-se num computador e Samuel começou a pensar no que a rapariga queria dizer com aquilo. Aproximou-se do local da receção e uma voz metálica falou. -Há algum problema? O sistema encravou? Mónica Teixeira n.º16 9.º G Escola EB 2/3 D. Luís de Loureiro
  • 2. - Desculpe, sistema? - Samuel olhou em volta, tentando procurar uma data. Nada disto fazia sentido, até que encontrou, num ecrã plasma, a frase: “Ano 2112: a Era da Suprema Tecnologia”. 2112? É este o ano? Onde estão os livros? - Livros? Palavra pouco usada e desconhecida por metade dos actuais habitantes da terra - Respondeu o robot, com um ar ofendido. - Livros, existem poucos, desde a antiga criação dos tablets, as editoras deixaram de publicar livros, era ‘Ocupação de Espaço’. Ora qualquer informação, conto ou história que necessitar está à sua disposição nos nossos super computadores, onde tudo o que tem de fazer é comunicar ao computador o que deseja. -Falar com o computador? E ele dá-nos informação sobre qualquer coisa? Isso é basicamente pesquisar na internet...- afirmou Samuel. - Internet? Isso é tão século XXI! Meu rapaz, está na biblioteca escolar do futuro, onde tudo se baseia na suprema tecnologia, tudo está à distância de uma palavra. - Biblioteca escolar sem livros? – perguntou Samuel, com um olhar triste. Mais ninguém saboreou o prazer de desfolhar página a página um imenso livro, mais ninguém fez competição com os colegas para ver quem encontravam primeiro o significado de uma palavra no dicionário. -Olhe à sua volta! Os finos ecrãs de fibra são os livros de hoje em dia, mas em vez de conterem uma só história, contêm milhares. Veja deste modo, assim conseguimos a estabilidade do planeta, mais nenhuma árvore teve de ser cortada. A era do papel e da caneta acabou. Ao ouvir aquelas palavras, Samuel sentiu-se mal. Agarrou o livro que tinha nas mãos com tanta força que parecia que estava a agarrar a peça mais preciosa de uma joalharia. - Os livros não podem acabar. Outrora os livros eram sinal de sabedoria e riqueza, eles até já foram proibidos. No tempo dos meus pais era uma carrinha que fazia a distribuição de livros, e como eles ficavam contentes de os ter. A minha geração não soube dar valor a isso e agora acabaram! – Com estas palavras, uma lágrima deslizou pela cara de Samuel, caindo uma cima das velhas folhas daquele precioso livro. Samuel fechou os olhos por um instante desejando que tudo voltasse a ser o que era. Ele não queria continuar naquele mundo onde os livros eram um mito. Limpou os olhos com a manga da camisola e suspirou de alívio. Encontrava-se novamente na biblioteca da escola! Prometeu a si mesmo não deixar cair no esquecimento os livros e, por isso, decidiu fazer uma biblioteca também em sua casa. Acabou de escrever a sua redação, arrumou o seu material, olhou em volta e sorriu. Aquele era o seu mundo, o futuro tem de esperar! Mónica Teixeira n.º16 9.º G Escola EB 2/3 D. Luís de Loureiro