A pesquisa pioneira do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) resultou em um novo método para produzir baby leaf, verduras de folhas pequenas, em bandejas. Isso permite uma produção mais alta com menor custo em comparação com os métodos tradicionais. A pesquisa do IAC também busca melhorar a colheita e pós-colheita para reduzir ainda mais os custos e tornar a baby leaf mais acessível aos consumidores.

1. II – São Paulo, 122 (90) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I terça-feira, 15 de maio de 2012
Geraldo Alckmin - Governador
Volume 122 • Número 90 • São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2012 www.imprensaoficial.com.br
As PEQUENAS NOTÁVEIS
(Pesquisa pioneira do IAC resulta em verduras de folhas pequenas)
D
e alguns meses para cá, supermer- folhas soltas de diferentes espécies acon-
FOTOS: ARQUIVO IAC
cados e restaurantes de grandes dicionadas em embalagens plásticas e, na
cidades passaram a oferecer verdu- maioria das vezes, higienizadas e prontas
ras de folhas pequenas. É a baby para consumo.
leaf, colhida bem antes do tempo O preço ainda é maior do que o da hor-
das tradicionais. Às vezes, quase taliça comum. Em mercados e quitandas,
a metade do tempo. O resultado é o consumidor paga, em média, R$ 5 por
uma folha atraente visualmente, de caixa com 120 gramas do mix de folhas de
5 a 15 cm, mais macia, agradável alface, agrião, beterraba, couve e mostarda.
ao paladar. Os chefes de cozinha Saquinhos contendo 120 gramas de folhas
estão adorando a nova tendência, baby de rúcula, agrião ou alface custam
que há cinco anos faz sucesso nos cerca de R$ 3 a unidade. Mesmo com valor
Estados Unidos, Japão e Europa. elevado, o produto começa a circular dentro
As espécies mais comuns são alface, dos carrinhos de supermercado e o produ-
rúcula, beterraba (apenas as folhas), tor rural aposta no cultivo, devido ao alto
agrião e espinafre. O que nem todos valor agregado. “Com o aumento da produ-
sabem é que a novidade passa pelas ção, o preço tende a cair”, prevê.
pesquisas do Instituto Agronômico Atualmente, o sistema de produção no
de Campinas (IAC), que trabalha na solo é o mais difundido no exterior, com
produção de baby leaf em bandejas, plantio e colheita mecanizados. O grande
para obter boa produtividade com número de sementes necessárias torna o
menor custo possível. custo alto. No Brasil, o cultivo em solo não
é comum, sendo o hidropônico tipo NFT
No Estado de São Paulo, já (Nutrient Film Technique) em cultivo pro-
é possível encontrar baby tegido uma opção. “Esse sistema também
tem custo de instalação e manutenção alto.
leaf (as verdurinhas mais Existe a necessidade de pesquisar métodos
atraentes e agradáveis alternativos mais baratos. Uma dessas téc-
Produção de baby leaf em bandeja: 3 a 4 quilos por m2 (o custo é mais alto) nicas é o cultivo em bandejas, que antes
ao paladar) nas grandes eram utilizadas na produção de mudas de
redes de supermercados IAC de Mococa iniciou há pouco a produção padrão, além de ocorrer perda na qualidade. hortaliças. O IAC é a instituição pioneira
de baby leaf por hidroponia, tendo como “Com o envelhecimento da planta é possível no País a realizar estudos nessa área”, afir-
O pesquisador Luis Felipe Villani substrato a fibra de coco. Mas ainda não foi a ocorrência de pendoamento (formação de ma Purquerio.
Purquerio explica que utilizou sete tipos possível medir os resultados. “Alguns pro- pendões) de algumas espécies com redução O pesquisador ressalta que diversas
de bandejas para se chegar à melhor, uma dutores já nos procuraram para conhecer o na qualidade da baby leaf devido ao aumen- partes do processo produtivo são avaliadas
com 31 cm³ de volume. Dependendo da método de plantio em bandeja”, conta. to de fibras. Também ocorre alteração do pelo IAC, mas os estudos ainda não foram
espécie, é possível produzir nesta bandeja Dependendo do clima, a baby leaf de sabor e as folhas ficam muito grandes”, diz o finalizados. Com o sistema em bandejas é
entre 3 e 5 quilos por metro quadrado. Ele rúcula, agrião e beterraba deve ser colhida pesquisador do IAC. Ele explica que o culti- possível reutilizar o substrato. Acredita-se
trabalhou com alface, beterraba, agrião e em 35 a 55 dias da semeadura. Depois disso, vo de alface tradicional, por exemplo, ocorre que a fibra de coco possa ser utilizada por
rúcula. Purquerio conta que a unidade do as folhas podem ficar muito grandes e sair do em 65 dias, a partir da semeadura, enquanto três vezes ou mais. O substrato é usado
a baby leaf é obtida em 40 dias. para plantio das sementes e oferece boas
Verdurinhas baby leaf O tamanho reduzido também é um condições químicas e físicas para o bom
já estão nas redes de incentivo para a criança começar a consu- desenvolvimento da planta. O fardo de fibra
supermercados mir vegetais, o que é bom para a saúde e até de coco custa cerca de R$ 60, por isso a reu-
em São Paulo reduz a obesidade infantil. “No momento, a tilização pode reduzir o custo de produção.
baby leaf está em evidência. Esse segmento “Deixar o produto exposto ao sol per-
de mercado desperta interesse do produtor mite que temperaturas acima de 60ºC eli-
e do consumidor, principalmente o de maior minem micro-organismos”, afirma. As pes-
poder aquisitivo”, afirma o pesquisador. quisas do instituto buscam também melho-
O consumo de hortaliças no Brasil rar a colheita e a pós-colheita do sistema.
ainda é baixo. Dados da Empresa Brasileira “Não temos um pacote tecnológico pronto,
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de pois o cultivo de baby leaf ainda é muito
2006 indicam que, em média, cada brasi- recente no Brasil”.
leiro come 50 quilos do produto por ano, Com a técnica do IAC, a produtividade
87,5% menos do que a população de países de alface chega a 5,5 kg/m², e de rúcula, a
europeus e da América do Norte, onde o 3,8 kg/m², considerada alta. O sistema de
consumo chega a 400 quilos ao ano. bandejas é feito dentro de estufas agrícolas,
em ambiente protegido, o que reduz a inci-
Ganhando mercado – No Estado dência de doenças.
de São Paulo, já é possível encontrar as
verdurinhas nas grandes redes de super- Da Agência Imprensa Oficial e da
mercados. A venda se inicia na forma de Assessoria de Imprensa do IAC