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A bóia do atraso: a epidemia do adiar em Portugal
1. A BÓIA DO ATRASO
Espere só cinco minutos. Quem não foi já alvo de uma coisinha
deste género? O pior é que nunca são só cinco. Em bom português, e
em mau também, 5 minutos significa aproximadamente uma
eternidade.
Existe uma doença – que não o é na verdade mas que podia
muito bem sê-lo – que se apodera das pessoas em geral e dos
portugueses em particular. Podia-se chamar Lepra, ou SIDA, mas não.
Chama-se Desorganização da Silva Irresponsabilidade.
Gravíssimo, ainda pior do que ter um Teixeira dos Santos no
Governo, é achar normal quando uma pessoa chega atrasada meia
hora. Seja para aquilo que for, trabalho, não-trabalho, jantaradas,
almoçaradas e outras adas, ninguém chega a tempo a lado nenhum.
Porquê? Porque não, isto é giro é chegar depois da hora. É muito
engraçado, não é? Óbvio que não.
Quem comparece a tempo e horas, em Portugal, é
imediatamente alvo de tristes acusações: «Olha lá vai aquele que
chega a horas, coitado, devia era ter vergonha na cara.» Porém, quem
chega em último, em Portugal, como diz o triste e velho ditado
popular, é sempre o primeiro. É sempre visto como um herói, alguém
importante, que se dignou a fazer os outros esperarem. «Então já
estamos todos? Não, falta o Jocelino. É pá, esse gajo é sempre o
mesmo. Pois é». E o mesmo, significa que é o ganda maluco que
chega sempre quando já toda a gente está presente.
2. Ainda existe quem tenha vontade própria de mudar as coisas,
dizendo: «Eu marquei para as oito que é para ver se a malta está lá as
oito e meia.» A iniciativa e o interesse de tentar curar o problema está
lá. Infelizmente, é como o tratamento da SIDA: não resolve, mas
sempre ajuda e é melhor que nada.
Torna-se assim tarefa – e é este o meu apelo por um mundo
melhor – de todos os interessados, de todas as pessoas que têm força
de vontade, que tentem investigar e descobrir uma cura viável para
esta terrível e moribunda doença.