O documento discute técnicas de simplificação em desenhos, onde detalhes são omitidos em favor da composição geral e da sugestão de formas através de contraste de tons e linhas. Isso permite que o leitor complete mentalmente as partes faltantes e interprete a imagem de forma holística. A simplificação é demonstrada em exemplos de produções artísticas que usam poucos traços para sugerir figuras, objetos e cenários.
2. FECHAMENTO, SEMELHANÇA E FIGURA-FUNDO
“O leitor da imagem se
encarrega de completar as partes
faltantes na composição”
No caso da produção ao
lado, feita com caneta bic e
canetinha preta sobre folha A5,
os detalhes são simplificados em
prol da composição geral. A face
é apenas sugerida, as mãos se
resumem a poucos traços que
praticamente desaparecem. Os
livros não são desenhados
“página por página”, mas por
compartilharem das mesmas
características, são agrupados
pelo leitor. Os membros
superiores do anjo são apenas o
espaço negativo que sobrepõe as
asas e os inferiores se resumem
a linhas de contorno e 3 tons (o
branco da folha, o preto da
sombra e um cinza
intermediário.)
3. FECHAMENTO E FIGURA-FUNDO
“O leitor da imagem se
encarrega de completar as partes
faltantes na composição”
Essa produção foi feita com
caneta nankin e canetinhas sobre
folha A5. Detalhes como o
tapa-olho não são completamente
desenhados, apenas sugeridos
através da separação do rosto pela
sombra que gera, representada por
um tom mais escuro entre os
planos do rosto e do objeto. A mão
que segura a seringa também não
é completamente desenhada,
sendo sugerida apenas por linhas
não-completamente fechadas que
definem o seu shape geral e o
contraste entre os dedos
representados ora por tons, ora por
linhas. Seu cabelo também não é
desenhado fio por fio, mas por
blocos de contraste de luz e
sombra, em 3 níveis de tons. Por
último, as fronteiras que delimitam
o que é seu traje branco de
enfermeira e o que é o fundo
brando são feitas simplesmente
por linhas pretas.
4. Essa produção agora faz uso de
canetinha preta e tinta acrílica amarela,
laranja, vermelha e branca. A imagem
se trata de uma representação do
clássico coquetel New York Sour, uma
variação do Whisky Sour (whisky,
xarope de açúcar, suco de limão e clara
emulsificada) com a adição do vinho
tinto, que flutua entre o líquido e a
espuma. A estátua da liberdade foi
simplificada com o contraste de 3 tons:
luz do branco do papel, preto da
canetinha e um cinza intermediário, que
consiste na mesma caneta com menos
pressão. Não há linhas para delimitar
as fronteiras da estátua: o preto da
caneta delimita locais de pouco ou
nenhum contato com a luz. Em
contrapartida, as bordas do copo são
delimitadas justamente por linhas em
suas fronteiras. A guarnição no copo,
um zest de laranja, é simplificado em
um shape com dois tons quentes: o
amarelo mostrando seu lado de dentro
e o laranja o de fora. Por último temos
os detalhes do copo feitos com tinta
branca ou apenas delimitados pelo
espaço negativo de onde não há tinta.
FECHAMENTO E FIGURA-FUNDO
5. Na pintura ao lado, que se trata de
um frame do filme O Esquadrão Suicida, de
James Gunn, apesar de parecer detalhada.
é bem simplificada em shapes. A cena é a
luta do personagem Peacemaker com o
líder militar do esquadrão sendo refletida
em seu capacete. O papel escolhido não é
bem um papel (é a parte de trás dos
cadernos de desenho, recortado e
transformado em tela. Sua cor é parda). A
pintura é espacial, não-plana. O preto e
tons mais escuros são acrescentados em
áreas de pouco ou nenhum contato com a
luz, como os cortes do capacete. O branco
e tons mais claros são postos em áreas
onde estão as fontes de luz. Se tratando de
uma superfície metálica, o capacete
precisa necessariamente refletir
absolutamente tudo, todas as suas fontes
de luz precisam está ali, o que é feito
através da simplificação das lâmpadas em
shapes ou simples pinceladas. As figuras
humanas são simplificadas e sugeridas ao
ponto de quase abstratas, assim como o
cenário como corredor, porta, objetos e
lâmpadas todos simplificados em blocos e
manchas. O chão, de um material diferente
do capacete (pedra, e não metal) precisa
também ter essa diferenciação
representada. A luz deve refletir de forma
diferente, gerando uma textura diferente.
No geral, o olho humano consegue ler o
total da imagem, enxergando um objeto de
metal em um chão de pedra, justamente
pela clareza de materiais gerada pela
aplicação dos fundamentos de claro/escuro
no objeto e cenário, deixando os “detalhes”
a serem completados/preenchidos pela
imaginação do leitor.
FECHAMENTO E UNIFICAÇÃO
6. CONTINUIDADE
O “rastro” deixado pelo gênio da
garrafa de vodka, descrevendo uma
trajetória, faz com que o leitor da
imagem acompanhe o trajeto com o
olhar. Isso é possível apesar de a
composição ser gráfica,
não-espacial.
7. CONTINUIDADE
O movimento em espiral
descrito pelo dragão sugere
movimento e convida o leitor e
seguir sua trajetória.