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Jornal Valor --- Página 3 da edição "03/02/2015 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 02/02/2015@21:02:28
Terça-feira, 3 de fevereiro de 2015 | Valor | B3
Enxerto
Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 3/2/2015 (21:2) - Página 3- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Empresas|Indústria
Fonte: BM&FBovespa e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Disputa valoriza papel
Cotação no fechamento, em R$/ação
Usiminas PNA
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
30/Dez
2014
3,48
02/Fev
2015
5,05
Variações, em %
No dia
Em jan/15
Em 2014
3,88
-33,66
-64,46
Usiminas ON
10
12
14
16
18
20
30/Dez
2014
19,67
02/Fev
2015
12,30
Variações, em %
No dia
Em jan/15
Em 2014
15,64
38,29
-0,80
SiderurgiaCorridademinoritáriosdeONprovocoualtademaisde28%
Disputapeloconselhoda
Usiminasfazaçãodisparar
IvoRibeiro,TalitaMoreira,Ana
PaulaRagazzieVictóriaMantoan
De São Paulo e do Rio
A disputa acirrada entre dois
grupos minoritários para assu-
mir a presidência do conselho de
administração da Usiminas im-
pulsionou ontem os preços da
ação com direito a voto da side-
rúrgica mineira na BM&FBoves-
pa. A cotação do papel chegou a
subirmaisde28%nomeiodatar-
de. Fechou o dia com alta de
15,64%,negociadaaR$19,67,de-
pois de subir 38,29% em janeiro.
A Usiminas é controlada pelos
grupos Nippon Steel & Sumito-
mo e Ternium-Techint. Mas os
dois acionistas vêm se desenten-
dendo sobre a gestão da siderúr-
gica, que estava a cargo da Ter-
niun, há mais de um ano. Desde
setembro, o caso foi parar na Jus-
tiça de Minas e na Comissão de
ValoresMobiliários(CVM)depois
quetrêsexecutivosargentinosfo-
ram destituídos de seus cargos
peloconselhodeadministração.
Devido a esse conflito, tanto a
Nippon Steel quanto a Ternium
podem ficar impedidas de indi-
car nomes para a nova eleição da
presidência do conselho, prevista
para o fim deste mês, segundo
disse ao Valor uma fonte envolvi-
da com o processo. Nesse caso,
quem estará apto é um grupo de
minoritários que detém 10% das
açõesordináriasdaempresa.
Nessa disputa, de uma lado está
o empresário e acionista da side-
rúrgica Lirio Parisotto, que pleitea
avagadepresidente,hojeocupada
por Paulo Penido (nome da Nip-
pon Steel). De outro, os bancos
BTG Pactual e Plural. Quem alcan-
çar 5% mais uma ação poderá defi-
nironovopresidentedoconselho.
Daí a corrida desenfreada pelos
papéis da empresa, levando a essa
valorizaçãoinesperada.
ConformeapurouoValor,BTG
ePluralestãooperandoemnome
da Ternium. Num primeiro mo-
mento, votam em um candidato
da confiança da siderúrgica ar-
gentina, mas agindo como se fos-
semacionistasindependentes.
Procurado, o BTG Pactual não
comentou o assunto. No entanto,
uma fonte próxima à instituição
afirmou que as compras de ações
daUsiminasfeitaspelobancosão
um investimento financeiro e
nãotêmpropósitoestratégico.
Segundo fontes, outro fator
que ajudou a impulsionar a ação
foi a decisão tomada pelo Conse-
lho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) na quinta-fei-
radereversuadecisãosobreoato
de concentração relativo à entra-
da da Ternium no capital da Usi-
minasem2011,nolugardeVoto-
rantimeCamargoCorrêa.
O Cade vai verificar se houve in-
formações enganosas de parte da
Ternium sobre a operação. A revi-
são é fruto de um pedido da Com-
panhia Siderúrgica Nacional
(CSN), que considera que houve
mudança de controle da Usimi-
nas naquela operação e defende
que haja uma oferta pública de
ações (OPA) por parte do grupo
argentino. Pediu ainda à CVM que
ela também faça uma revisão de
sua posição sobre o caso.
Para Artur Losnak, analista do
Banco Fator, a forte alta da ação
ON da empresa se deveu à oportu-
nidade de acontecer a OPA da Ter-
nium, estendendo o direito de tag
along aos minoritários. Dessa for-
ma, teria de oferecer R$ 28,8 por
ação (80% do valor pago, R$ 36,00,
aCamargoCorrêaeVotorantim).
A perspectiva da obrigatorie-
dade indicou, portanto, um novo
patamar de preço para os papéis.
No caso da Usiminas, o direto a
tag along é apenas de acionistas
detentoresdepapéisordinários.
Losnaktambématribuiuomo-
vimentodecompradeaçõesONà
corrida para garantir uma vaga
no conselho da empresa. “Uma
vez que o bloco controlador não
está de acordo, os minoritários
vãodefiniropresidenteeLirioPa-
risotto quer ser o minoritário
maisimportante”,afirmou.
A CSN tem quase 12% de ações
com direito a voto da Usiminas,
além de 16% de preferenciais. Mas
aempresaestáimpedidapelopró-
prio Cade de exercer seus direitos
de voto por se tratar de uma con-
correntediretadaUsiminas.
Pöyryexpandeatuação
daáreamineralnoBrasil
LEONARDORODRIGUES/VALOR
MarceloXavier,diretor:mineradorasrepresaminvestimentos,masreforçamprogramasdemelhoriaeprodutividade
Metais
Olivia Alonso
De São Paulo
A Pöyry reformulou sua área de
mineração no Brasil e, apesar do
momento não ser favorável para
investimentosnosetor,aconsulto-
ria finlandesa teve um início de
ano mais agitado do que o espera-
do. Embora as mineradoras não
estejam investindo em novos pro-
jetos por causa da forte queda do
preço do minério de ferro, estão
buscando melhorias internas e ga-
nhos de produtividade, afirma
Marcelo Xavier, diretor de Minera-
ção da Pöyry. “Muitos projetos es-
tavamrepresadosdesdeoanopas-
sado, então janeiro foi muito mais
aquecidodoquecostumaser.”
A consultoria, que já atuou em
grandes empreendimentos de mi-
neração no país, está expandindo
seus serviços para projetos de me-
nor porte, estudos de viabilidade e
tambémlogística,alémdeserviços
de gerenciamento de portfólio e
buscademelhoradeeficiência.
A ampliação faz sentido em
um momento de redução da im-
plantação de novos projetos de
mineração no país. Nos últimos
doze meses, empresas de estão
adiando planos de novos empre-
endimentos por causa principal-
mente queda do preço do miné-
rio de ferro — de 48% apenas no
ano passado. Incertezas sobre o
desfechodaseleiçõesnopaíscon-
tribuíram para redução de inves-
timentos no setor após a Copa do
Mundo,naavaliaçãodeXavier.
O trabalho da Pöyry no setor
mineral é ligado principalmente a
gerenciamento de portfólio e es-
tudos para obter melhorias em
projetos em andamento, diz Xa-
vier. As empresas passam a priori-
zar estudos que indiquem como
conseguir extrair volumes maio-
res de minério de minas já exis-
tentes, por exemplo, em vez de
trabalhos para novas operações.
Também há demanda para
processos de licenciamento am-
biental e estudos para projetos de
logística. “São projetos mais rela-
cionados com processo mineral e
ganhos de produtividade. Proje-
tos para passar da fase explorató-
ria para a de investimento prati-
camentenãoexistem”.Eleexplica
que a Pöyry adotou um conceito
‘da mina ao porto’, para oferecer
serviços em diversas áreas dentro
do setor. Isso inclui ainda planos
de negócios para aprovação de fi-
nanciamentos.
A equipe liderada por Xavier
tem cerca de 170 pessoas no Bra-
sil, Peru e Chile totalmente dedi-
cadas a projetos de mineração e
áreas próximas, como siderurgia,
metalurgia, fertilizantes, cimento
e agregados, de um total de 800
pessoas na América Latina.
Com um centro de mineração
em Belo Horizonte, a área é a se-
gunda maior da consultoria no
país, com cerca de 25% das recei-
tas, atrás do setor de papel e ce-
lulose. Entre os clientes estão Va-
le, CSN, Alcoa, Ersa, Gerdau, Vale
Fertilizantes e Novelis. No país, a
Pöyry tem 650 funcionários.
A consultoria, que teve fatura-
mento global de € 650 milhões
em 2013, também está fortale-
cendo a atuação no setor de mi-
neração na Finlândia, Suécia, In-
donésia,TailândiaeMalásia.
.
Gabriellidizestartranquilo
quantoaprocessonosEUA
Gestão
Cláudia Schüffner
De Salvador
Fora da Petrobras há quase três
anos, o ex-presidente da estatal Jo-
sé Sergio Gabrielli argumenta que
a companhia foi assessorada “pe-
los maiores bancos do mundo”
quando fez a capitalização de
R$ 120 bilhões em 2010, e por isso
prefere não comentar a ação cole-
tiva movida pela cidade de Provi-
dence,nosEstadosUnidos.
Na ação, uma das que trami-
tam atualmente na Justiça ameri-
cana, são mencionados, além da
estatal, administradores como a
presidente Graça Foster e o dire-
tor financeiro, Almir Barbassa,
entre outros, além das subsidiá-
rias Petrobras International Fi-
nance Company (PIFCo), Petro-
bras Global Finance B.V. (PGF), se-
diadas em Luxemburgo e em Ro-
terdã. Os bancos que coordena-
ram a capitalização e as emissões
noexteriortambémsãocitados.
“Não tenho a menor ideia do
que seja a ação. Imagino que seja
contra a Petrobras, e não contra as
pessoas. Nós fizemos a capitaliza-
ção de acordo com as regras da
SEC, com os maiores bancos do
mundo sendo assessores. Portan-
to, não é individual o problema. A
ação é contra a empresa. Mas não
tenho a menor ideia do que seja,
então não vou comentar sobre is-
so. Não vou comentar sobre hipó-
tese”, disse ao Valor, em entrevista
nasexta-feiraemSalvador.
Respondendo a uma observa-
ção sobre o fato de algumas ações
nosEUAsereferiremàresponsabi-
lidade dos gestores da companhia
quando atestaram a veracidade
dosnúmerosauditadosapresenta-
dos em 2010, Gabrielli observou
queaPetrobrasfoiassessoradapor
grandes instituições financeiras.
“São 30 bancos, 40 bancos, todo
mundo está envolvido, não tem
como individualizar isso. A capita-
lização de 2010 envolveu os maio-
res bancos do mundo”, afirmou o
ex-presidentedaPetrobras,quete-
ve pedido o bloqueio dos seus
bens e quebra do sigilo fiscal e
bancárionasemanapassada.
Ao comentar as dificuldades da
companhia para apresentar o ba-
lanço auditado do terceiro trimes-
tre de 2014, Gabrielli defendeu os
controles da estatal, que encon-
trou no balanço R$ 88,6 bilhões
emativoscontabilizadosacimado
valorjusto.Segundoele,apartirde
2006, a partir da Lei Sarbanes-Ox-
ley, a Petrobras investiu “alguns
milhões de dólares” para montar
umsistemadecontrole.Ereforçao
fato de que esses sistemas de ge-
renciamento, por sua vez, foram
formalmente certificados todos os
anoscombasenoCoso(sistemade
controle de gerenciamentos inter-
nos), cuja metodologia é definida
pelos órgãos reguladores de con-
tabilidadenosEstadosUnidos.
“Foi certificado em 2006,
2007, 2008, 2009, 2010 e 2011
pela KPMG. Isso é público. O que
significa certificado? Que esses
sistemas foram testados na sua
eficácia de representar os núme-
ros reais da Petrobras. Isso foi fei-
to e certificado”, afirma. “Em
2012e2013issofoifeitopelaPri-
ce, que em 2014 , em função das
denúncias de Paulo Roberto [ex-
diretor de Abastecimento que
confessou ter recebido propi-
nas], está cautelosamente não
querendo certificar”, observa.
O ponto que Gabrielli quer re-
forçar é que os números foram
certificados durante nove anos. E
não se trata de uma certificação
simples, observa. “Isso envolve 3
mil, 4 mil processos que têm 30
mil a 40 mil controles”, frisa. “A
Petrobras já fez isso várias vezes.
Então eu não posso generalizar
um comportamento, com base
uma delação premiada de um di-
retor”, afirma Gabrielli.
O executivo contou ainda que
está comprando ações da estatal
nesse período de baixa do preço.
Curtas
Pneu mais sustentável
A Pirelli comemorou no mês
passado a marca de 1 milhão de
pneus produzidos com sílica da
casca de arroz. O processo é con-
siderado mais sustentável por
substituir a fuligem de carvão
por um resíduo de menor emis-
são de dióxido de carbono e que
iria parar em aterros sanitários
se não fosse reaproveitado. Des-
de o fim de 2011, a Pirelli pro-
duz essa sílica em uma fábrica
na cidade de Meleiro, no sul de
Santa Catarina. A capacidade
instalada é de 100 toneladas por
mês de sílica extraída das cinzas
geradas pela queima das cascas
de arroz. Para cada quilo de ar-
roz, é possível obter cerca de 30
gramas de sílica.
Nota da Paranapanema
A agência de avaliação de ris-
co Moody’s rebaixou a perspec-
tiva da nota de crédito “Ba3” da
produtora de cobre refinado Pa-
ranapanema de estável para ne-
gativa. A mudança reflete a de-
terioração nos fundamentos pa-
ra consumidores de produtos de
cobre no Brasil, justifica a agên-
cia. Segundo a Moody’s, as prin-
cipais indústrias consumidoras
— energia, construção, refrigera-
ção, maquinário industrial e au-
tomotiva — devem continuar a
enfrentar desafios nos próximos
12 a 18 meses, diante da desace-
leração da economia brasileira,
o que pode eventualmente levar
a pressões de fluxo de caixa para
a Paranapanema.
Standard&Poor’s
mantémratingsapós
balançodaPetrobras
Thais Carranca
De São Paulo
A agência de avaliação de ris-
co Standard & Poor’s informou
ontem que os ratings e perspec-
tiva da Petrobras não são ime-
diatamente afetados pela publi-
cação do balanço do terceiro tri-
mestre de 2014, ainda sem audi-
toria e sem as baixas contábeis
referentes à corrupção.
A agência mantém nota “BBB-”
para a Petrobras, na margem do
grau de investimento, e uma nota
deperfildecréditoindividual(que
considera a companhia de forma
independente de seu controlador)
“bb”,comperspectivaestável.
Segundo a agência, as notas já
incorporam as incertezas ligadas
à investigação de corrupção e
seus impactos na avaliação de li-
quidez e administração e gover-
nança. “Além disso, numa pers-
pectiva de classificação de risco,
focamos na geração de fluxo de
caixa atual e futura da Petrobras
e na sua capacidade de pagar e
refinanciar dívidas”, afirmaram
os analistas, que consideram que
as baixas seriam provavelmente
ajustes contábeis não caixa, com
impacto imediato sobre a ala-
vancagem e perspectiva de divi-
dendos da companhia.
“Apesar de considerarmos
uma variedade de índices de ala-
vancagem, os mais relevantes
para nossa análise da Petrobras
são predominantemente basea-
dos em fluxo de caixa, que não
seria enfraquecidos por uma
baixa contábil de ativos”, avalia
a agência, que pondera, no en-
tanto, que uma baixa significati-
va pode dificultar ainda mais a
capacidade da companhia de
acessar certas fontes de financia-
mento externo, ao menos tem-
porariamente.
A perspectiva estável da Petro-
bras segue refletindo a do rating
soberano brasileiro. Sem novas
açõessobreanotadecréditosobe-
rana do Brasil ou mudança na
perspectiva de provável apoio adi-
cional do governo à companhia,
umrebaixamentosóocorreriaseo
perfil de crédito individual da pe-
troleiraforrebaixadopara“b”.
“Continuaremos a monitorar
a habilidade da Petrobras em
administrar suas necessidades
de fluxo de caixa ao longo de
2015, incluindo o acesso a ban-
cos domésticos, administração
de capital de giro, flexibilidade
de investimentos e curva de cres-
cimento da produção para ver
como a mudança nesses fatores
afeta o perfil de crédito indivi-
dual e o apoio do governo”, des-
taca a Standard & Poor’s.
.

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  • 1. Jornal Valor --- Página 3 da edição "03/02/2015 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 02/02/2015@21:02:28 Terça-feira, 3 de fevereiro de 2015 | Valor | B3 Enxerto Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 3/2/2015 (21:2) - Página 3- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Empresas|Indústria Fonte: BM&FBovespa e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Disputa valoriza papel Cotação no fechamento, em R$/ação Usiminas PNA 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 30/Dez 2014 3,48 02/Fev 2015 5,05 Variações, em % No dia Em jan/15 Em 2014 3,88 -33,66 -64,46 Usiminas ON 10 12 14 16 18 20 30/Dez 2014 19,67 02/Fev 2015 12,30 Variações, em % No dia Em jan/15 Em 2014 15,64 38,29 -0,80 SiderurgiaCorridademinoritáriosdeONprovocoualtademaisde28% Disputapeloconselhoda Usiminasfazaçãodisparar IvoRibeiro,TalitaMoreira,Ana PaulaRagazzieVictóriaMantoan De São Paulo e do Rio A disputa acirrada entre dois grupos minoritários para assu- mir a presidência do conselho de administração da Usiminas im- pulsionou ontem os preços da ação com direito a voto da side- rúrgica mineira na BM&FBoves- pa. A cotação do papel chegou a subirmaisde28%nomeiodatar- de. Fechou o dia com alta de 15,64%,negociadaaR$19,67,de- pois de subir 38,29% em janeiro. A Usiminas é controlada pelos grupos Nippon Steel & Sumito- mo e Ternium-Techint. Mas os dois acionistas vêm se desenten- dendo sobre a gestão da siderúr- gica, que estava a cargo da Ter- niun, há mais de um ano. Desde setembro, o caso foi parar na Jus- tiça de Minas e na Comissão de ValoresMobiliários(CVM)depois quetrêsexecutivosargentinosfo- ram destituídos de seus cargos peloconselhodeadministração. Devido a esse conflito, tanto a Nippon Steel quanto a Ternium podem ficar impedidas de indi- car nomes para a nova eleição da presidência do conselho, prevista para o fim deste mês, segundo disse ao Valor uma fonte envolvi- da com o processo. Nesse caso, quem estará apto é um grupo de minoritários que detém 10% das açõesordináriasdaempresa. Nessa disputa, de uma lado está o empresário e acionista da side- rúrgica Lirio Parisotto, que pleitea avagadepresidente,hojeocupada por Paulo Penido (nome da Nip- pon Steel). De outro, os bancos BTG Pactual e Plural. Quem alcan- çar 5% mais uma ação poderá defi- nironovopresidentedoconselho. Daí a corrida desenfreada pelos papéis da empresa, levando a essa valorizaçãoinesperada. ConformeapurouoValor,BTG ePluralestãooperandoemnome da Ternium. Num primeiro mo- mento, votam em um candidato da confiança da siderúrgica ar- gentina, mas agindo como se fos- semacionistasindependentes. Procurado, o BTG Pactual não comentou o assunto. No entanto, uma fonte próxima à instituição afirmou que as compras de ações daUsiminasfeitaspelobancosão um investimento financeiro e nãotêmpropósitoestratégico. Segundo fontes, outro fator que ajudou a impulsionar a ação foi a decisão tomada pelo Conse- lho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na quinta-fei- radereversuadecisãosobreoato de concentração relativo à entra- da da Ternium no capital da Usi- minasem2011,nolugardeVoto- rantimeCamargoCorrêa. O Cade vai verificar se houve in- formações enganosas de parte da Ternium sobre a operação. A revi- são é fruto de um pedido da Com- panhia Siderúrgica Nacional (CSN), que considera que houve mudança de controle da Usimi- nas naquela operação e defende que haja uma oferta pública de ações (OPA) por parte do grupo argentino. Pediu ainda à CVM que ela também faça uma revisão de sua posição sobre o caso. Para Artur Losnak, analista do Banco Fator, a forte alta da ação ON da empresa se deveu à oportu- nidade de acontecer a OPA da Ter- nium, estendendo o direito de tag along aos minoritários. Dessa for- ma, teria de oferecer R$ 28,8 por ação (80% do valor pago, R$ 36,00, aCamargoCorrêaeVotorantim). A perspectiva da obrigatorie- dade indicou, portanto, um novo patamar de preço para os papéis. No caso da Usiminas, o direto a tag along é apenas de acionistas detentoresdepapéisordinários. Losnaktambématribuiuomo- vimentodecompradeaçõesONà corrida para garantir uma vaga no conselho da empresa. “Uma vez que o bloco controlador não está de acordo, os minoritários vãodefiniropresidenteeLirioPa- risotto quer ser o minoritário maisimportante”,afirmou. A CSN tem quase 12% de ações com direito a voto da Usiminas, além de 16% de preferenciais. Mas aempresaestáimpedidapelopró- prio Cade de exercer seus direitos de voto por se tratar de uma con- correntediretadaUsiminas. Pöyryexpandeatuação daáreamineralnoBrasil LEONARDORODRIGUES/VALOR MarceloXavier,diretor:mineradorasrepresaminvestimentos,masreforçamprogramasdemelhoriaeprodutividade Metais Olivia Alonso De São Paulo A Pöyry reformulou sua área de mineração no Brasil e, apesar do momento não ser favorável para investimentosnosetor,aconsulto- ria finlandesa teve um início de ano mais agitado do que o espera- do. Embora as mineradoras não estejam investindo em novos pro- jetos por causa da forte queda do preço do minério de ferro, estão buscando melhorias internas e ga- nhos de produtividade, afirma Marcelo Xavier, diretor de Minera- ção da Pöyry. “Muitos projetos es- tavamrepresadosdesdeoanopas- sado, então janeiro foi muito mais aquecidodoquecostumaser.” A consultoria, que já atuou em grandes empreendimentos de mi- neração no país, está expandindo seus serviços para projetos de me- nor porte, estudos de viabilidade e tambémlogística,alémdeserviços de gerenciamento de portfólio e buscademelhoradeeficiência. A ampliação faz sentido em um momento de redução da im- plantação de novos projetos de mineração no país. Nos últimos doze meses, empresas de estão adiando planos de novos empre- endimentos por causa principal- mente queda do preço do miné- rio de ferro — de 48% apenas no ano passado. Incertezas sobre o desfechodaseleiçõesnopaíscon- tribuíram para redução de inves- timentos no setor após a Copa do Mundo,naavaliaçãodeXavier. O trabalho da Pöyry no setor mineral é ligado principalmente a gerenciamento de portfólio e es- tudos para obter melhorias em projetos em andamento, diz Xa- vier. As empresas passam a priori- zar estudos que indiquem como conseguir extrair volumes maio- res de minério de minas já exis- tentes, por exemplo, em vez de trabalhos para novas operações. Também há demanda para processos de licenciamento am- biental e estudos para projetos de logística. “São projetos mais rela- cionados com processo mineral e ganhos de produtividade. Proje- tos para passar da fase explorató- ria para a de investimento prati- camentenãoexistem”.Eleexplica que a Pöyry adotou um conceito ‘da mina ao porto’, para oferecer serviços em diversas áreas dentro do setor. Isso inclui ainda planos de negócios para aprovação de fi- nanciamentos. A equipe liderada por Xavier tem cerca de 170 pessoas no Bra- sil, Peru e Chile totalmente dedi- cadas a projetos de mineração e áreas próximas, como siderurgia, metalurgia, fertilizantes, cimento e agregados, de um total de 800 pessoas na América Latina. Com um centro de mineração em Belo Horizonte, a área é a se- gunda maior da consultoria no país, com cerca de 25% das recei- tas, atrás do setor de papel e ce- lulose. Entre os clientes estão Va- le, CSN, Alcoa, Ersa, Gerdau, Vale Fertilizantes e Novelis. No país, a Pöyry tem 650 funcionários. A consultoria, que teve fatura- mento global de € 650 milhões em 2013, também está fortale- cendo a atuação no setor de mi- neração na Finlândia, Suécia, In- donésia,TailândiaeMalásia. . Gabriellidizestartranquilo quantoaprocessonosEUA Gestão Cláudia Schüffner De Salvador Fora da Petrobras há quase três anos, o ex-presidente da estatal Jo- sé Sergio Gabrielli argumenta que a companhia foi assessorada “pe- los maiores bancos do mundo” quando fez a capitalização de R$ 120 bilhões em 2010, e por isso prefere não comentar a ação cole- tiva movida pela cidade de Provi- dence,nosEstadosUnidos. Na ação, uma das que trami- tam atualmente na Justiça ameri- cana, são mencionados, além da estatal, administradores como a presidente Graça Foster e o dire- tor financeiro, Almir Barbassa, entre outros, além das subsidiá- rias Petrobras International Fi- nance Company (PIFCo), Petro- bras Global Finance B.V. (PGF), se- diadas em Luxemburgo e em Ro- terdã. Os bancos que coordena- ram a capitalização e as emissões noexteriortambémsãocitados. “Não tenho a menor ideia do que seja a ação. Imagino que seja contra a Petrobras, e não contra as pessoas. Nós fizemos a capitaliza- ção de acordo com as regras da SEC, com os maiores bancos do mundo sendo assessores. Portan- to, não é individual o problema. A ação é contra a empresa. Mas não tenho a menor ideia do que seja, então não vou comentar sobre is- so. Não vou comentar sobre hipó- tese”, disse ao Valor, em entrevista nasexta-feiraemSalvador. Respondendo a uma observa- ção sobre o fato de algumas ações nosEUAsereferiremàresponsabi- lidade dos gestores da companhia quando atestaram a veracidade dosnúmerosauditadosapresenta- dos em 2010, Gabrielli observou queaPetrobrasfoiassessoradapor grandes instituições financeiras. “São 30 bancos, 40 bancos, todo mundo está envolvido, não tem como individualizar isso. A capita- lização de 2010 envolveu os maio- res bancos do mundo”, afirmou o ex-presidentedaPetrobras,quete- ve pedido o bloqueio dos seus bens e quebra do sigilo fiscal e bancárionasemanapassada. Ao comentar as dificuldades da companhia para apresentar o ba- lanço auditado do terceiro trimes- tre de 2014, Gabrielli defendeu os controles da estatal, que encon- trou no balanço R$ 88,6 bilhões emativoscontabilizadosacimado valorjusto.Segundoele,apartirde 2006, a partir da Lei Sarbanes-Ox- ley, a Petrobras investiu “alguns milhões de dólares” para montar umsistemadecontrole.Ereforçao fato de que esses sistemas de ge- renciamento, por sua vez, foram formalmente certificados todos os anoscombasenoCoso(sistemade controle de gerenciamentos inter- nos), cuja metodologia é definida pelos órgãos reguladores de con- tabilidadenosEstadosUnidos. “Foi certificado em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 pela KPMG. Isso é público. O que significa certificado? Que esses sistemas foram testados na sua eficácia de representar os núme- ros reais da Petrobras. Isso foi fei- to e certificado”, afirma. “Em 2012e2013issofoifeitopelaPri- ce, que em 2014 , em função das denúncias de Paulo Roberto [ex- diretor de Abastecimento que confessou ter recebido propi- nas], está cautelosamente não querendo certificar”, observa. O ponto que Gabrielli quer re- forçar é que os números foram certificados durante nove anos. E não se trata de uma certificação simples, observa. “Isso envolve 3 mil, 4 mil processos que têm 30 mil a 40 mil controles”, frisa. “A Petrobras já fez isso várias vezes. Então eu não posso generalizar um comportamento, com base uma delação premiada de um di- retor”, afirma Gabrielli. O executivo contou ainda que está comprando ações da estatal nesse período de baixa do preço. Curtas Pneu mais sustentável A Pirelli comemorou no mês passado a marca de 1 milhão de pneus produzidos com sílica da casca de arroz. O processo é con- siderado mais sustentável por substituir a fuligem de carvão por um resíduo de menor emis- são de dióxido de carbono e que iria parar em aterros sanitários se não fosse reaproveitado. Des- de o fim de 2011, a Pirelli pro- duz essa sílica em uma fábrica na cidade de Meleiro, no sul de Santa Catarina. A capacidade instalada é de 100 toneladas por mês de sílica extraída das cinzas geradas pela queima das cascas de arroz. Para cada quilo de ar- roz, é possível obter cerca de 30 gramas de sílica. Nota da Paranapanema A agência de avaliação de ris- co Moody’s rebaixou a perspec- tiva da nota de crédito “Ba3” da produtora de cobre refinado Pa- ranapanema de estável para ne- gativa. A mudança reflete a de- terioração nos fundamentos pa- ra consumidores de produtos de cobre no Brasil, justifica a agên- cia. Segundo a Moody’s, as prin- cipais indústrias consumidoras — energia, construção, refrigera- ção, maquinário industrial e au- tomotiva — devem continuar a enfrentar desafios nos próximos 12 a 18 meses, diante da desace- leração da economia brasileira, o que pode eventualmente levar a pressões de fluxo de caixa para a Paranapanema. Standard&Poor’s mantémratingsapós balançodaPetrobras Thais Carranca De São Paulo A agência de avaliação de ris- co Standard & Poor’s informou ontem que os ratings e perspec- tiva da Petrobras não são ime- diatamente afetados pela publi- cação do balanço do terceiro tri- mestre de 2014, ainda sem audi- toria e sem as baixas contábeis referentes à corrupção. A agência mantém nota “BBB-” para a Petrobras, na margem do grau de investimento, e uma nota deperfildecréditoindividual(que considera a companhia de forma independente de seu controlador) “bb”,comperspectivaestável. Segundo a agência, as notas já incorporam as incertezas ligadas à investigação de corrupção e seus impactos na avaliação de li- quidez e administração e gover- nança. “Além disso, numa pers- pectiva de classificação de risco, focamos na geração de fluxo de caixa atual e futura da Petrobras e na sua capacidade de pagar e refinanciar dívidas”, afirmaram os analistas, que consideram que as baixas seriam provavelmente ajustes contábeis não caixa, com impacto imediato sobre a ala- vancagem e perspectiva de divi- dendos da companhia. “Apesar de considerarmos uma variedade de índices de ala- vancagem, os mais relevantes para nossa análise da Petrobras são predominantemente basea- dos em fluxo de caixa, que não seria enfraquecidos por uma baixa contábil de ativos”, avalia a agência, que pondera, no en- tanto, que uma baixa significati- va pode dificultar ainda mais a capacidade da companhia de acessar certas fontes de financia- mento externo, ao menos tem- porariamente. A perspectiva estável da Petro- bras segue refletindo a do rating soberano brasileiro. Sem novas açõessobreanotadecréditosobe- rana do Brasil ou mudança na perspectiva de provável apoio adi- cional do governo à companhia, umrebaixamentosóocorreriaseo perfil de crédito individual da pe- troleiraforrebaixadopara“b”. “Continuaremos a monitorar a habilidade da Petrobras em administrar suas necessidades de fluxo de caixa ao longo de 2015, incluindo o acesso a ban- cos domésticos, administração de capital de giro, flexibilidade de investimentos e curva de cres- cimento da produção para ver como a mudança nesses fatores afeta o perfil de crédito indivi- dual e o apoio do governo”, des- taca a Standard & Poor’s. .