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1
Jossefa Fernando Macuácua
2º Ano
Sistema cardiovascular e o exercício físico
Universidade Pedagógica de Maputo
Maputo
2020
2
Jossefa Fernando Macuácua
Sistema cardiovascular e o exercício físico
Universidade Pedagógica de Maputo
Maputo
2020
Trabalho a ser apresentado na Faculdade de
Educação Física e Desporto, com vista na
avaliação, na cadeira de fisiologia I, sob
orientação do prof. Doutor Mário Thamo
3
Índice Pág.
Introdução ..................................................................................................................................4
1. Sistema cardiovascular...........................................................................................................6
1.2. Componentes do sistema cardiovascular ............................................................................6
1.2.1. O coração .........................................................................................................................6
2. Prevalência de doenças cardiovasculares no mundo .............................................................7
3. Debito cardíaco ......................................................................................................................8
3.1. Débito cardíaco em condições de repouso e durante o exercício .......................................8
3.2. Distribuição do débito cardíaco ........................................................................................11
4. Retorno venoso ....................................................................................................................12
4.1. Fatores que afetam o mecanismo de retorno venoso ........................................................13
4.2. Curvas de Retorno Venoso ...............................................................................................14
5. Sistema cardiovascular e o exercício físico .........................................................................14
5.1. Efeitos agudos do exercício físico sobre a função cardiovascular....................................15
5.2. Efeitos crónicos do exercício físico sobre frequência cardíaca ........................................17
6. Adaptações agudas do exercício físico no sistema cardiovascular......................................18
6.1. Respostas pressóricas pós-exercício .................................................................................19
6.2. Adaptações crônicas do treinamento resistido no sistema cardiovascular........................20
6.2.1. Adaptações morfológicas...............................................................................................20
6.2.2. Adaptações hemodinâmicas...........................................................................................21
7. Exercício físico no tratamento da hipertensão arterial sistemática......................................21
8. Impacto do exercício físico na função cardiovascular de idosos hipertensos......................22
9. Exercícios cardiovasculares.................................................................................................23
9.1. Tipos de exercícios cardiovasculares................................................................................24
9.2. Tempo e frequência dos exercícios cardiovasculares .......................................................24
Considerações finais ................................................................................................................25
Referências bibliográficas........................................................................................................26
4
Introdução
O sistema cardiovascular é uma conexão direta entre uma bomba, um circuito que gera
alta pressão com canais de trocas de nutrientes e um sistema de coleta e retorno que exerce
baixa pressão sobre o organismo (McARDLE; KATCH e KATCH, 2003). Esse sistema
é constituído pelo coração, vasos sanguíneos e o sangue que é bombeado por todo corpo
em um circuito fechado. Esta circulação sanguínea se divide em circulação pulmonar e
sistêmica, sendo a última responsável pelo resto do corpo (ROBERGS e ROBERTS,
2002; POWERS e HOWLEY, 2000).
Segundo a organização mundial de saúde (OMS), observa um aumento recente da carga
de doenças cardiovasculares, principalmente em países de baixa média rendas, reflexo do
aumento da expectativa de vida e, consequentemente, do maior tempo de exposição aos
fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). As doenças
cardiovasculares são atualmente a principal causa de morte em países em
desenvolvimento, espera-se que continue sendo a causa de mortalidade mais importante
no mundo durante as próximas décadas.
O sistema cardiovascular possui função fundamental na resposta do corpo ao exercício
físico. No momento em que iniciamos um exercício diversas respostas cardiovasculares
são desencadeadas permitindo que a realização do mesmo aconteça satisfatoriamente. É
de referir O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas, resultantes de
adaptações autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular.
Diversos estudos demonstraram o seu efeito benéfico sobre a pressão arterial. Sendo a
hipertensão arterial sistêmica uma entidade de alta prevalência e elevada
morbimortalidade na população, o exercício físico tem importante papel como elemento
não medicamentoso para o seu controle ou como adjuvante ao tratamento farmacológico.
Alguns estudos explicitam que o exercício físico na função cardiovascular do indivíduo
idoso, corroboram para uma melhora no quesito saúde, melhorando a qualidade de vida
e retardando e/ou prevenindo diversos tipos de patologias de caráter cardiológico e outras
do gênero. No estudo em que SCHER et. al (2009) analisaram a pressão arterial após
exercício físico em idosos, foi visto que houve uma melhora (redução da pressão arterial
diastólica) na pressão arterial dos indivíduos que realizaram a atividade. Já na pesquisa
realizada por FORJAZ et. al (2010), foi verificado alguns casos escassos e controversos,
5
porém foi sugerido de que, forma crônico, o exercício resistido (com cargas) podem ter
efeito hipotensor em idosos portadores de hipertensão arterial sistêmica.
O presente trabalho tem como foco o sistema cardiovascular e o exercício físico, onde irá
se abordar vários pontos relacionados com o tema acima citado, com o objetivo de trazer
ao leitor uma apreciação geral sobre o sistema cardiovascular no que tange a pratica de
exercícios físicos, como ele se comporta durante e pós-exercício físico, os efeitos. A
elaboração do presente trabalho conta com o seguinte objetivo geral:
➢ Descrever as ações e consequentemente os efeitos do exercício físico sobre o
sistema cardiovascular
6
1. Sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular também conhecido como sistema circulatório, é o responsável
por garantir o transporte do sangue, permitindo dessa forma, que as células recebam, por
exemplo, nutrientes e oxigénio, esse sistema é formado pelo coração e vasos
sanguíneos.
1.2. Componentes do sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular é composto pelas seguintes estruturas:
• Coração: órgão responsável por garantir o bombeamento do sangue;
• Vasos sanguíneos: são tubos por onde o sangue passa. Os três principais tipos d
e vasos sanguíneos são: artérias, veias e capilares.
1.2.1. O coração
É um órgão muscular formado por quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os
átrios são as câmaras responsáveis por garantir o recebimento do sangue no coração,
enquanto os ventrículos são as câmaras responsáveis por garantir o bombeamento do
sangue para a fora do coração.
O coração é composto por três tipos de músculos: músculo ventricular, atrial e fibras
excitatórias e condutoras. As contrações dos músculos atrial e ventricular formam o ciclo
cardíaco a partir da sístole (contração) e diástole (relaxamento) (GUYTON e HALL,
2006; POWERS e HOWLEY, 2000).
No lado esquerdo do coração, percebe-se a presença apenas de sangue rico em oxigênio,
enquanto do lado direito observa-se a presença apenas de sangue rico em gás carbônico.
No coração, há ainda a presença de quatro válvulas que impedem o refluxo do sangue,
permitindo, desse modo, um fluxo contínuo.
O coração apresenta três camadas ou túnicas: o endocárdio, o miocárdio e o epicárdio.
O endocárdio é a camada mais interna. O miocárdio é a camada média, a qual é formada
por tecido muscular estriado cardíaco, sendo ela, portanto, a responsável por assegurar
que o sangue seja bombeado adequadamente devido às contrações musculares.
O miocárdio é a camada mais espessa do coração. Por fim, temos o epicárdio, que é a
camada mais externa. É no epicárdio que se acumula a camada de tecido adiposo que
geralmente envolve o órgão.
7
1.2.2. Vasos sanguíneos
Os vasos sanguíneos são um grande sistema de tubos fechados por onde o sangue circula.
Os três principais vasos sanguíneos encontrados no corpo são as artérias, veias e os
capilares. Veja, a seguir, algumas características básicas desses três vasos:
Artérias: As artérias são vasos que levam o sangue, a partir do coração, para os órgãos
e tecidos do corpo. Nesses vasos, o sangue corre em alta pressão. As artérias ramificam-
se em arteríolas.
Capilares: São vasos sanguíneos muito delgados que garantem a troca de substâncias
entre o sangue e os tecidos do corpo.
Veias: Os capilares sanguíneos convergem para as chamadas vênulas, as quais
convergem para as veias. As veias são os vasos que garantem que o sangue retorne ao
coração. Nesses vasos, o sangue corre em baixa pressão e para evitar o refluxo do sangue
as veias são dotadas de valvas.
2. Prevalência de doenças cardiovasculares no mundo
Doenças cardiovasculares são uma classe de doenças que afetam o coração ou vasos
sanguíneos. Entre as doenças estão as doenças arteriais coronárias, como a angina de peito
e o enfarte agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais (AVC), cardiopatia
hipertensiva, febre reumática, miocardiopatia, arritmia cardíaca, aneurisma, da aorta,
doença arterial periférica e trombose venosa.
As doenças cardiovasculares (DCVs) são responsáveis pela alta taxa de morbidade e
mortalidade, na maioria de dos países, tem sido alvo de vários estudos, despertando
interesse especial dos pesquisadores, além representarem elevados custos sociais e
econômicos.
Relatório da organização mundial da saúde (OMS) do ano 1997 revelam que as doenças
cardiovasculares foram responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes que ocorrem
no mundo, representando a quase 15 milhões de óbitos por ano, sendo a maioria (9
milhões) deles em países em desenvolvimento. Estes dados reforçam a importância das
DCVs, alternando para adoção de medidas preventivas efetivas.
8
A mortalidade por doença arterial coronária (DAC) e acidente vascular cerebral (AVC),
corresponde a 80% dos óbitos por DCVs.
Do ponto de vista etiológico, a hipertensão arterial sistemática (HAS) é apontada como o
maior fator de risco mais significativo para DCVs, pois cerca 80% das mortes por AVC
e 40% dos óbitos por DIC resultam de HAS; a doença hipertensiva, por si só responde
por cerca de 5% dos óbitos dentro do grupo das DCVs.
3. Debito cardíaco
O debito cardíaco é a qualidade de sangue que sai do coração por unidade de tempo,
resultando basicamente do produto do volume sistólico pela frequência cardíaca. Sua
regulação é feita por intermédio de mecanismo intrínsecos e extrínsecos.
O debito cardíaco é o primeiro indicador da capacidade funcional da circulação para
satisfazer as demandas da atividade física. Os dois fatores que determinam a capacidade
do debito cardíaco são a frequência cardíaca e o volume sistólico. A relação é: DC=FC x
VS. Dispõe-se de vários métodos, invasivos (como o método de Fick) e não-invasivos
(como o método de reinalação), para medir o débito cardíaco. Cada um tem suas
vantagens e desvantagens, sobretudo quando utilizados durante a prática de exercícios.
A fórmula do método de Fick é esta: DC = VO2máx x 100 = mL/min / Diferença a-vO2
Em condições de repouso, o organismo dispõe de aproximadamente 250 mL de VO2máx,
os quais são utilizados durante um minuto em repouso para responder ao gasto energético,
e a diferença arteriovenosa durante esse tempo é de 5 mL de O2 por 100 mL de sangue.
Assim, conforme a fórmula de Fick, teríamos um DC de 5.000 mL/min de sangue, ou
seja, de 5 L/min.
3.1. Débito cardíaco em condições de repouso e durante o exercício
O debito cardíaco aumenta proporcionalmente à intensidade do exercício, desde 5 L em
condições de repouso a um máximo de 20 a 25 L/min em homens jovens e que realizam
atividade física; em esportistas de elite o DC é maior, sendo mais evidente nos esportistas
de resistência, que podem ter entre 35 e 40 L/min de sangue de DC. Essas diferenças
devem-se inteiramente ao grande volume sistólico de indivíduos treinados, já que o
exercício físico contínuo de características aeróbias produz hipertrofia fisiológica do
ventrículo esquerdo, com aumento do volume sistólico, gerando um batimento mais forte.
9
Em consequência disso, aqueles que realizam exercícios aeróbios possuem um debito
cardíaco de repouso mais econômico, com menor frequência cardíaca do que pessoas
sedentárias, uma vez que seu VS é maior (de 70 a 71 mL em indivíduos sedentários e de
aproximadamente 100 mL em indivíduos treinados). Os valores médios do debito
cardíaco em condições de repouso são resumidos a seguir
Repouso
✓ Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico;
✓ Indivíduos sedentários: 4.970 mL/min = 70 bpm x 71 mL/batimento;
✓ Indivíduos treinados: 5.000 mL/min = 50 bpm x 100 mL/batimento.
Durante o exercício máximo, a diferença não é só de economia, mas também de
quantidade e qualidade do DC. Ao possuir um VS maior, a pessoa treinada tem um DC
maior diante de um esforço máximo. Em homens sedentários, o VS médio fica entre 103
e 113 mL de sangue por batimento, enquanto em pessoas treinadas pode ser entre 150 e
210 mL/batimento. Como exemplo, consideremos duas pessoas que realizam um esforço
máximo de 195 bpm
Esforço máximo
✓ Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico;
✓ Indivíduos sedentários: 21.450 mL/min = 195 bpm x 110 mL/batimento;
✓ Indivíduos treinados: 34.950 mL/min = 195 bpm x 179 mL/batimento.
Durante exercícios realizados em pé, o volume sistólico aumenta durante a transição do
repouso ao exercício leve, com valores máximos que chegam a 45% do VO2máx. Depois
desse ponto, o débito cardíaco intensifica-se conforme aumenta a frequência cardíaca. Os
aumentos no volume sistólico em exercícios realizados em pé devem-se geralmente a um
esvaziamento sistólico mais completo, em lugar de um maior enchimento dos ventrículos
durante a diástole. A ejeção sistólica aumenta por meio dos hormônios simpáticos. O
treinamento de fundo melhora a força miocárdica, que também contribui
consideravelmente para a potência do batimento durante a sístole.
A frequência cardíaca e o consumo de O2 estão relacionados de maneira linear, tanto em
indivíduos treinados como em não-treinados, durante a maior parte do exercício. Com o
treinamento de resistência, essa relação desloca-se significativamente para a direita,
devido à melhora no volume sistólico cardíaco. Por conseguinte, a frequência cardíaca
10
reduz-se consideravelmente, em nível de trabalho submáximo, nos indivíduos treinados
em exercícios de resistência aeróbia.
Após um treinamento de resistência cardiorrespiratória, o volume sistólico aumenta em
repouso, assim como ao realizar exercícios de nível submáximo ou máximo de
intensidade. Durante o treinamento aeróbio, ocorre um aumento do volume diastólico
final, causado principalmente pelo aumento do volume plasmático.
O ventrículo esquerdo é a câmara do coração mais modificada em resposta ao treinamento
de resistência. As dimensões internas do ventrículo esquerdo aumentam sobretudo como
resposta a um aumento no enchimento ventricular. Durante o treinamento de resistência
cardiorrespiratória, a espessura da parede ventricular esquerda também aumenta,
intensificando o potencial de força das contrações do ventrículo esquerdo.
A lei de Frank Starling descreve que o fator principal no controle e no desenvolvimento
do volume sistólico é o grau de estiramento dos ventrículos. Quando os ventrículos se
estiram mais, eles se contraem com mais força. Por exemplo, se um grande volume de
sangue entra na câmara quando os ventrículos se enchem durante a diástole, as paredes
dos ventrículos se distenderão mais do que quando entra um.
volume menor de sangue. Com o objetivo de expulsar essa quantidade maior de sangue,
os ventrículos devem reagir ao estiramento, contraindo-se com mais força.
O trabalho sistemático de treinamento de resistência aeróbia ou de condicionamento
cardiorrespiratório produz uma hipertrofia cardíaca esquerda com predomínio do
ventrículo esquerdo, o que garante um coração mais forte e eficiente em condições de
repouso e durante o exercício submáximo e máximo.
O volume ou débito sistólico previsto pode ser calculado (Ellestad) por meio da seguinte
fórmula indireta.
✓ Volume sistólico previsto em homens: VSp = 112 – (0,363 x idade) mL/min;
✓ Volume sistólico previsto em mulheres: VSp = 74 – (0,172 x idade) mL/min;
✓ O volume sistólico avaliado durante um teste de esforço é obtido, para ambos os
sexos: VS = 1.000 x DC / FCmáx = mL/bpm.
11
3.2. Distribuição do débito cardíaco
O sangue que flui para os diferentes tecidos do organismo é geralmente proporcional à
atividade metabólica realizada em estado de repouso ou em atividade física. Problemas
de saúde podem alterar o fluxo sanguíneo, em condições de repouso, para diferentes
órgãos. O exercício físico modifica o volume de fluxo sanguíneo no organismo,
deslocando uma quantidade significativa de sangue para os músculos que trabalham.
O fluxo sanguíneo de 5 L, em condições de repouso, distribui-se em proporções
aproximadas às ilustradas na Tabela 2.5. Cerca de um quinto do débito cardíaco dirige-se
ao tecido muscular, ao passo que a maior parte do sangue irriga o baço, o fígado, o
intestino, o trato gastrintestinal e o cérebro.
O fluxo sanguíneo durante o exercício possui uma distribuição diferente, dependendo de
o exercício ser leve, moderado, intenso ou máximo. Embora a irrigação sanguínea durante
a atividade física varie consideravelmente segundo o tipo de exercício, sua intensidade e
duração, o nível de condicionamento físico, o estado de saúde e a idade do indivíduo e as
condições ambientais, a maior parte do débito cardíaco desvia-se para os músculos ativos.
Em repouso, em torno de 4 a 7 mL de sangue são fornecidos a cada minuto para cada 100
g de músculo. Esse débito aumenta constantemente; com esforço máximo, o fluxo
sanguíneo muscular pode ser tão alto quanto 50 a 75 Ml por 100 g de tecido.
Observamos como órgãos importantes, como o coração, aumentam gradualmente a
quantidade de fluxo sanguíneo que necessitam e, ao mesmo tempo, mantêm constante o
percentual (4%) durante os diferentes níveis de intensidade de exercício. Mesmo durante
o repouso, podem aumentar de 4 a 5 vezes de condições de repouso ao exercício vigoroso.
Já o cérebro aumenta apenas 50 mL de condições de repouso ao exercício leve, mantendo-
se constante nos exercícios moderados e máximos.
O débito cardíaco, ou volume cardíaco por minuto, pode ser previsto pelas seguintes
fórmulas indiretas de Hossack:
✓ Debito cardíaco previsto (homens) = 26,5 – (0,17 × idade) L/min;
✓ Debito cardíaco previsto (mulheres) = 15 – (0,071 × idade) L/min.
O débito cardíaco durante um teste de esforço cardiorrespiratório é avaliado de forma
indireta por meio da seguinte fórmula de Hossack e colaboradores:
12
✓ Debito cardíaco previsto (homens) = (VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 5,31 =
L/min;
✓ Debito cardíaco previsto (mulheres) = (VO2máx/kg × peso kg × 0,00407) + 4,72
= L/min;
✓ Debito cardíaco cardiopatas = (VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 3,10 = L/min.
O débito cardíaco informa quanto sangue abandona o coração a cada minuto, enquanto a
diferença arteriovenosa de oxigênio (dif a-vO2) indica quanto oxigênio é extraído do
sangue pelos tecidos. O produto desses dois fatores indica o ritmo de consumo de
oxigênio (VO2), expresso na seguinte fórmula:
✓ VO2 = VS × FC × dif a-vO2
4. Retorno venoso
O retorno venoso (RV) é o fluxo de sangue de volta ao coração. Em condições de estado
estacionário, o retorno venoso deve ser igual ao débito cardíaco, quando medido ao longo
do tempo, porque o sistema cardiovascular é essencialmente um circuito fechado. Caso
contrário, o sangue se acumularia na circulação sistêmica ou pulmonar. Embora o débito
cardíaco e o retorno venoso sejam interdependentes, cada um pode ser regulado
independentemente.
O sistema circulatório é constituído por duas circulações (pulmonar e sistêmica)
localizadas em série entre o ventrículo direito (VD) e o ventrículo esquerdo (VE). O
equilíbrio é alcançado, em grande parte, pelo mecanismo de Frank-Starling. Por exemplo,
se o retorno venoso sistêmico for subitamente aumentado (por exemplo, passando da
posição vertical para supina), direito, o aumento da pré-carga ventricular leva a um
aumento no volume sistólico e no fluxo sanguíneo pulmonar. O ventrículo esquerdo
apresenta aumento do retorno venoso pulmonar, o que, por sua vez, aumenta a pré-carga
ventricular esquerda e o volume sistólico usando o mecanismo de Frank-Starling. Dessa
maneira, um aumento no retorno venoso pode levar ao aumento do débito cardíaco
emparelhado.
Hemodinamicamente, o retorno venoso (VR) ao coração dos leitos vasculares venosos é
determinado por um gradiente de pressão (pressão venosa - pressão atrial direita) e
resistência venosa (VR). Portanto, o aumento da pressão venosa ou a diminuição da
pressão atrial direita ou da resistência venosa levarão ao aumento do retorno venoso,
exceto quando alterações forem apresentadas pela postura corporal alterada. Embora a
13
relação acima seja verdadeira para os fatores hemodinâmicos que determinam o fluxo
sanguíneo das veias para o coração, é importante não perder de vista o fato de que o fluxo
sanguíneo através de toda a circulação sistêmica representa tanto a débito cardíaco e
retorno venoso, que são iguais no estado estacionário, porque o sistema circulatório está
fechado.
Muitas vezes, sugere-se que o retorno venoso dite o débito cardíaco, efetuado pelo
mecanismo de Frank Starling. No entanto, como observado acima, é claro que,
igualmente, o débito cardíaco deve ditar o retorno venoso de qualquer período de tempo,
ambos necessariamente iguais. Da mesma forma, o conceito de pressão de enchimento
sistêmica média, a pressão de condução hipotética para retorno venoso, é difícil de
localizar e impossível de medir em estado fisiológico. Além disso, a formulação ôhmica
usada para descrever o retorno venoso ignora o parâmetro venoso crítico, a capacitância.
É a confusão sobre esses termos que levou alguns fisiologistas a sugerir que a ênfase no
retorno venoso.
4.1. Fatores que afetam o mecanismo de retorno venoso
✓ Bomba muscular: A contração rítmica dos músculos dos membros que ocorre
durante a atividade normal de locomoção (caminhada, corrida, natação) promove
o retorno venoso pelo mecanismo da bomba muscular.
✓ Diminuição da capacitância venosa: ativação simpática de veias diminui a
complacência venosa, aumenta tom venomotor, aumenta a pressão venosa central,
e promove o retorno venoso indiretamente pelo aumento do débito cardíaco por
meio do mecanismo de Frank-Starling, que o que aumenta o fluxo de sangue total
através do sistema circulatório.
✓ Bomba respiratória: durante a inspiração, a pressão intratorácica é negativa
(sucção de ar para os pulmões) e a pressão abdominal é positiva (compressão dos
órgãos abdominais pelo diafragma). Isso causa um gradiente de pressão entre a
infraestrutura e as partes supra diafragmáticas do v. Cava inferior, "puxando" o
sangue para o átrio direito e aumentando o retorno venoso.
✓ Veia cava compressão: Um aumento na resistência da veia cava, tal como ocorre
quando a torácica da veia cava é comprimida durante uma manobra de valsava ou
durante a fase final da gravidez, diminui o retorno.
✓ Gravidade: Os efeitos da gravidade no retorno venoso parecem paradoxais
porque, quando uma pessoa se levanta, as forças hidrostáticas que fazem com que
14
a pressão do átrio direito diminua e a pressão venosa nos membros dependentes
aumenta. Isso aumenta o gradiente de pressão para o retorno venoso das
extremidades dependentes ao átrio direito; no entanto, o retorno venoso realmente
diminui. A razão para isso é quando uma pessoa está inicialmente produzindo e
diminuindo a pressão arterial cardíaca (devido à pressão no átrio direito caindo).
O fluxo através de toda a circulação sistêmica cai porque a pressão sanguínea cai
mais que a pressão atrial direita; portanto, o gradiente de pressão de fluxo é
reduzido em todo o sistema de condução circulatória.
✓ A ação de bombeamento do coração: durante as mudanças apropriadas no ciclo
cardíaco, a pressão atrial altera a pressão venosa central (PVC), porque não há
válvula entre o átrio do coração e as veias grandes. A PVC reflete a pressão do
átrio direito. Portanto, a pressão do átrio direito também altera o retorno venoso
4.2. Curvas de Retorno Venoso
Quando a capacidade de bombeamento do coração está diminuída, a pressão atrial direita
aumenta. Logo, aumenta-se a pressão sobre as veias que levam o sangue pro coração,
fazendo com que o sangue se acumule na circulação sistêmica, reduzindo o retorno
venoso. Como consequência da diminuição do retorno venoso, o bombeamento cardíaco
diminui ainda mais. Ou seja, quanto maior o enchimento do sistema, mais fácil é o fluxo
de sangue para o coração. Quanto menor o enchimento, mais difícil é para o fluxo de
sangue chegar no coração.
Quando a resistência nas veias aumenta, o sangue começa a se acumular principalmente
nela. Entretanto, a pressão venosa não se altera muito pois são muito distensíveis. Isso
faz com que a pressão no átrio direito diminua drasticamente.
5. Sistema cardiovascular e o exercício físico
O exercício físico proporciona uma melhora da aptidão física do ser humano
contribuindo para a melhoria da saúde e elevando a qualidade de vida, diminuindo
estresse, melhora na função cardiorrespiratória, salientando que qualquer tipo de
atividade física deve ser introduzido de uma forma gradativa na rotina e sempre
respeitando os limites do corpo humano. As respostas fisiológicas principalmente no
Sistema Cardiovascular têm como objetivo manter a homeostasia celular em face do
aumento das demandas metabólicas. Na prática, ocorrem algumas alterações fisiológicas
que vai proporcionando adaptações no sistema cardiovascular, tais como a frequência
15
cardíaca e a pressão arterial (PA), sua resposta adequada depende das características do
exercício que será executado, ou seja, do tipo, da duração, da intensidade e da massa
muscular envolvida.
A frequência cardíaca é o marcador de trabalho cardíaco (batimentos cardíacos), que
quando se encontra na prática de algum exercício físico está com um número aumentado,
devido a mobilização no sangue do corpo para os músculos, ou seja, a quantidade de
sangue colocada em circulação aumenta conforme a necessidade de fornecer oxigênio aos
músculos esqueléticos.
Na pressão arterial, que é a força com qual o coração bombeia o sangue através dos vasos,
onde sua determinação é o volume de sangue que sai do coração e a resistência no
caminho, quando o corpo está em alguma atividade física a pressão arterial sistólica tende
a aumentar proporcionalmente junto com o débito cardíaco e a pressão arterial diastólica
reflete a eficiência do mecanismo vasodilatador local dos músculos em atividade, que é
tanto maior quanto maior for a densidade capilar do local.
Hoje, vários estudos têm demonstrado que indivíduos com menor frequência cardíaca
em repouso ou menor taquicardia durante o exercício físico submáximo apresentam
menor probabilidade de desenvolverem cardiopatias. Ou seja, o Sistema Cardiovascular
irá sofrer as alterações durante o exercício físico de acordo com diversos fatores: a
atividade que será realizada, tempo, biótipo da pessoa a realizar o exercício, qualidade de
vida e possíveis interferentes. Alguns estudos concluem que o exercício físico traz muitos
benefícios para o sistema cardiovascular, fazendo com que sua prática aconteça para o
aumento da qualidade e expectativa de vida.
5.1. Efeitos agudos do exercício físico sobre a função cardiovascular
O exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua
homeostasia, pois implica no aumento instantâneo da demanda energética da musculatura
exercitada e, consequentemente, do organismo como um todo. Assim, para suprir a nova
demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, os
referentes à função cardiovascular durante o exercício físico.
O tipo e a magnitude da resposta cardiovascular dependem das características do
exercício executado, ou seja, o tipo, a intensidade, a duração e a massa muscular
envolvida. Em relação ao tipo de exercício, podemos caracterizar dois tipos principais:
exercícios dinâmicos ou isotônicos (há contração muscular, seguida de movimento
16
articular) e estáticos ou isométricos (há contração muscular, sem movimento articular),
sendo que cada um desses exercícios implica em respostas cardiovasculares distintas
(FORJAZ & TINUCCI, 2000). Nos exercícios estáticos observa-se aumento da
frequência cardíaca, com manutenção ou até redução do volume sistólico e pequeno
acréscimo do débito cardíaco. Em compensação, observa-se aumento da resistência
vascular periférica, que resulta na elevação exacerbada da pressão arterial. Esses efeitos
ocorrem porque a contração muscular mantida durante a contração isométrica promove
obstrução mecânica do fluxo sanguíneo muscular, o que faz com que os metabólitos
produzidos durante a contração se acumulem, ativando quimiorreceptores musculares,
que promovem aumento expressivo da atividade nervosa simpática.
Que a magnitude das respostas cardiovasculares durante o exercício estático é dependente
da intensidade do exercício, de sua duração e a da massa muscular exercitada, sendo
maior quanto maiores forem esses fatores (FORJAZ & TINUCCI, 2000). Por outro lado,
nos exercícios dinâmicos, como as contrações são seguidas de movimentos articulares,
não existe obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, de modo que, nesse tipo de exercício,
também se observa aumento da atividade nervosa simpática, que é desencadeado pela
ativação do comando central, mecanorreceptores musculares e, dependendo da
intensidade do exercício, metaborreceptores musculares (FORJAZ & TINUCCI, 2000).
Em resposta ao aumento da atividade simpática, observa-se aumento da frequência
cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco. Além disso, a produção de metabólitos
musculares promove vasodilatação na musculatura ativa, gerando redução da resistência
vascular periférica. Dessa forma, durante os exercícios dinâmicos observa-se aumento da
pressão arterial sistólica e manutenção ou redução da diastólica (FORJAZ,
MATSUDAIRA, RODRIGUES, NUNES & NEGRÃO, 1998). Essas respostas são tanto
maiores quanto maior for a intensidade do exercício, mas não se alteram com a duração
do exercício, caso ele seja realizado numa intensidade inferior ao limiar anaeróbio. Além
disso, quanto maior a massa muscular exercitada de forma dinâmica, maior é o aumento
da frequência cardíaca, mas menor é o aumento da pressão arterial (FORJAZ &
TINUCCI, 2000).
17
5.2. Efeitos crónicos do exercício físico sobre frequência cardíaca
Estudos epidemiológicos demonstram uma relação inversa entre a capacidade funcional,
morbidade e mortalidade cardiovasculares (LEE, HSIEH & PAFFENBARGER, 1993).
No tocante à frequência cardíaca, vários estudos têm demonstrado uma relação direta
entre a frequência cardíaca de repouso ou submáxima e risco de desenvolvimento de
doenças cardiovasculares, ou seja, indivíduos com menor frequência cardíaca em repouso
ou menor taquicardia durante o exercício físico submáximo apresentam menor
probabilidade de desenvolverem cardiopatias (SECCARECIA & MENOTTI, 1992).
Em 1992, NEGRÃO, MOREIRA, SANTOS, FARAH e KRIEGER demonstraram que o
treinamento físico aeróbio resultava em bradicardia de repouso e que o mecanismo
associado a essa resposta era uma diminuição na frequência cardíaca intrínseca.
Recentemente, observou-se que os mecanismos envolvidos na bradicardia de repouso pós
treinamento físico sofrem influência da modalidade do treino, visto que em ratos
submetidos ao treinamento físico de baixa intensidade com natação, a bradicardia está
associada ao aumento ao tônus vagal cardíaco (MEDEIROS, OLIVEIRA, GIANOLLA,
CASARINI, NEGRÃO & BRUM, 2004).
Além de sofrer influência da modalidade de treinamento, o mecanismo envolvido na
bradicardia de repouso também se modifica no processo de doenças cardiovasculares,
como, a hipertensão arterial. Assim, em ratos espontaneamente hipertensos, observamos
que bradicardia de repouso pós-treinamento está associada à diminuição do tônus
simpático cardíaco (GAVA et al., 1995).
Dentre as adaptações da frequência cardíaca ao treinamento físico também está a menor
resposta taquicardia durante a execução de exercícios físicos em mesma intensidade
absoluta. Nesse sentido, observa-se menor resposta taquicardíaca ao exercício
progressivo em ratos normotensos treinados quando comparados aos sedentários
(NEGRÃO, MOREIRA, BRUM, DENADAI & KRIEGER, 1992).
18
6. Adaptações agudas do exercício físico no sistema cardiovascular.
Durante a execução de uma série de exercícios resistidos, a pressão arterial aumenta
substancialmente, podendo alcançar cifras de 320/250 milímetros de mercúrio (mmHg)
para pressão arterial sistólica e diastólica, respetivamente, durante exercícios realizados
com ações musculares voluntárias máximas, ou seja, intensidade máxima.
A elevação da pressão arterial está provavelmente relacionada ao aumento do débito
cardíaco, aumento das pressões intra-abdominal e intratorácica e ao aumento acentuado
da pressão intramuscular que ocorre durante o esforço contrátil. Esse aumento da pressão
intramuscular promove uma diminuição acentuada ou, até mesmo, uma obstrução do
fluxo sanguíneo, em razão do bloqueio mecânico imposto pela massa muscular contraída.
No entanto, o aumento repentino da pressão arterial durante a contração muscular pode
também estar relacionado à realização da manobra de valsava que normalmente
acompanha as contrações musculares intensas.
Consequentemente, as maiores pressões arteriais são alcançadas com séries longas,
levadas até exaustão, o que permite que ocorram todos os fatores que contribuem para um
aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, ao passo que as séries realizadas em
intensidades submáximas são insuficientes em duração e intensidade para aumentar
exacerbadamente a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Em relação às respostas pressóricas imediatas, MAC DOUGALL et al. constataram que,
durante uma série de exercícios resistidos, em contração voluntária máxima até a
exaustão, ocorrem picos pressóricos durante a contração concêntrica que provocam uma
elevação extrema das pressões arteriais sistólica e diastólica. Porém, imediatamente após
a última repetição, a pressão arterial sistólica e a diastólica declinam rapidamente, abaixo
dos valores pré-exercício, retornando ao normal após ± 10 segundos do término do
exercício. A rápida queda da pressão arterial imediatamente após o exercício é causada,
provavelmente, pela súbita perfusão do fluxo sanguíneo, que permanecera previamente
ocluído.
19
6.1. Respostas pressóricas pós-exercício
As reduções na pressão arterial para valores abaixo dos níveis de controlo (pré-exercício)
após o término do exercício físico são denominadas efeito hipotensivo pós-exercício. Por
sua vez, as respostas pressóricas pós-exercício resistido apresentam resultados
conflituantes, bem como os seus mecanismos de regulação permanecem ainda pouco
estudados. Nesse contexto, os estudos que investigam as adaptações agudos pós-
exercícios resistidos sobre a pressão arterial têm constatado aumento, manutenção e até
redução da pressão arterial após a realização de uma única sessão de exercícios resistidos.
O aumento da pressão arterial sistólica é observado imediatamente após a realização de
uma seção de exercícios resistidos com intensidades elevadas. Tentando ilustrar essa
situação, O`Connor et al. compararam três sessões, realizadas a 40, 60 e 80% de dez
repetições máximas (10RM), demonstrando que a pressão arterial sistólica elevou-se logo
após as sessões realizadas a 60 e 80% de 10RM, o que perdurou por até 1 minuto (min)
após o término da sessão com carga referente a 60% de 10RM e até 15 min após o término
da sessão com carga referente a 80% de 10RM. Considerando as observações de
O`CONNOR et al. pode-se inferir que a elevação da pressão arterial sistólica
imediatamente após o término do exercício pode estar relacionada à intensidade do
exercício. Em contraposição, Brown et al. observaram que a pressão arterial sistólica
permaneceu elevada após uma sessão de exercícios resistidos realizada com carga
referente a 40 e 70% de uma repetição máxima (1RM), o que perdurou até 5 min após o
término de ambas as sessões.
Percebe-se, então, que a magnitude da elevação da pressão arterial sistólica pode estar
relacionada com a intensidade do exercício. Os maiores períodos em que a pressão arterial
sistólica permaneceu elevada foram relatados com intensidades correspondentes a 80%
de 10RM (15 minutos de elevação da pressão arterial sistólica) (32) e 80% de 1RM (20
minutos de elevação da pressão arterial sistólica).
Com relação ao efeito hipotensivo, evidenciam-se reduções significativas da pressão
arterial nos momentos subsequentes ao término de uma sessão de exercício resistido.
Quanto à pressão arterial diastólica, alguns estudos não puderam demonstrar qualquer
efeito hipotensivo após o término de uma sessão de exercícios resistidos. Contudo,
POLITO et al. observaram redução na pressão arterial diastólica durante 10 minutos após
20
uma sessão de exercícios resistidos realizados numa intensidade relativamente baixa, de
doze repetições, com carga correspondente a 50% daquela associada a 6RM.
Outros autores, como FOCHR e KOLTYN e REZEK, também constataram que a pressão
arterial diastólica diminuiu significativamente em relação ao repouso, entretanto com
uma carga relativamente baixa, entre 40% e 50% de 1RM. Nesse particular, é importante
salientar que o efeito hipotensivo na pressão arterial diastólica pode estar relacionado com
a intensidade do exercício.
6.2. Adaptações crônicas do treinamento resistido no sistema cardiovascular
6.2.1. Adaptações morfológicas
A exposição prolongada e repetida ao exercício pode causar alterações estruturais e
funcionais no sistema cardiovascular. Nesse sentido, a literatura tem demonstrado que o
coração se adapta a uma carga hemodinâmica aumentada, seja está resultante de estímulos
providos pelo treinamento físico, seja por alguma patologia. Dessa forma, tem se
verificado que o treinamento resistido pode provocar adaptações cardiovasculares que se
assemelham às adaptações provocadas pela hipertensão, isto é, aumento da espessura da
parede ventricular e do tamanho da câmara ventricular.
Caracteristicamente, o treinamento resistido induz elevações na pressão arterial. No
entanto, o aumento da espessura da parede do ventrículo esquerdo é uma adaptação
provocada pelas pressões sanguíneas intermitentemente elevadas durante o treinamento
resistido. Essa sobrecarga de pressão no coração está associada ao espessamento da
parede ventricular esquerda e à manutenção da cavidade ventricular, o que é denominado
de hipertrofia ventricular esquerda concêntrica.
Nesse sentido, FLECK assinala que o treinamento resistido pode causar aumento da
espessura da parede ventricular esquerda, porém isso não é uma consequência necessária
de todos os programas de treinamento resistido. Os fatores relacionados à espessura
ventricular esquerda aumentada incluem o nível de treinamento, o fato de as séries serem
máximas ou submáximas e o tamanho da massa muscular envolvida no treinamento.
Com relação ao aumento do volume ventricular esquerdo, que pode ser denominado de
hipertrofia ventricular esquerda excêntrica, normalmente é considerado um indicativo de
sobrecarga de volume que ocorre tipicamente em atletas de endurance (maratonistas,
ciclistas). Nesse contexto, a maior parte dos estudos que investigaram os exercícios
21
resistidos indica que o treinamento resistido tem pouco ou nenhum impacto nas
dimensões das câmaras cardíacas
6.2.2. Adaptações hemodinâmicas
Existe ainda a conceção de que as pressões sanguíneas intermitentemente elevadas
durante o treinamento resistido possam causar o aumento da espessura da parede do
ventrículo esquerdo, resultando num aumento crônico da pressão arterial (hipertensão).
Essa hipótese é ainda muito utilizada pelos profissionais da área da saúde quando da
prescrição ou da indicação de alguma forma de exercício para hipertensos.
Nesse sentido, os estudos longitudinais que analisaram os efeitos dos exercícios resistidos
sobre a pressão arterial são escassos e apresentam resultados conflituantes. Esses estudos
têm demonstrado que o treinamento resistido pode levar a um aumento, a um decréscimo
ou a uma manutenção da pressão arterial. De acordo com FLECK e KRAMER, a
conceção errônea comum de que o treinamento resistido resulta em hipertensão, quando
ocorre, provavelmente, está relacionada à hipertensão essencial, excesso de treinamento
crônico, uso de esteroides, grandes aumentos em massa muscular ou aumento no peso
total do corpo.
7. Exercício físico no tratamento da hipertensão arterial sistemática.
O exercício físico vem sendo usado como terapia não farmacológica de diversas doenças
crônicas, dentre elas a hipertensão. Tem sido verificada a diminuição da pressão arterial,
quando comparada ao estado pré-exercício e imediatamente após um período de exercício
físico dinâmico (FORJAZ, 1997).
Um dos primeiros fenômenos científicos relacionados com a hipertensão arterial e
exercício foi o efeito hipotensor pós-exercício. A primeira vez que esse dado ocorreu foi
verificado por WILLIAM F (1981), onde a pressão arterial encontrou-se reduzida após
uma atividade de característica aeróbia (corrida na esteira).
A hipotensão pós-exercício vem sido elucidada em vários trabalhos científicos nos
últimos anos, diversos métodos e características de diferentes tipos de atividades já foram
e ainda são testados em idosos com hipertensão arterial sistêmica. Existem algumas
divergências em quanto ao melhor método e tipagem de exercício à serem usados como
tratamento não-medicamentoso nessa população.
22
WESTHOFF et al. (2007) fizeram uma pesquisa com 52 idosos hipertensos, onde 23
usavam betabloqueadores e 29 não usavam, eles foram randomizados para grupo controle
e experimental. Praticaram exercício na esteira durante 3 meses e 3 vezes por semana,
com aumento gradativo do exercício (30 até 45 minutos) e da intensidade (até alcançar o
lactato 2,0 mmol/l). Foram verificadas as pressões arteriais sistólicas e diastólicas e a
pressão arterial durante ao esforço. Foi visto diminuição significativa nos três tipos de
avaliações de mensuração da pressão, principalmente no grupo experimental.
Já TERRA et al. (2008) trabalharam com 46 idosas hipertensas. Elas realizaram 12
semanas de treinamento de força, com a frequência de 3 vezes por semana, com
intensidade de 60-80% de 1 RM. Pós-experimento, foi visto que o grupo que treinou força
reduziu significante os valores da pressão arterial sistólica em repouso, pressão arterial
média e duplo produto. Porém não houve redução significativa na pressão arterial
diastólica e da frequência cardíaca em repouso.
FORJAZ et al. (2003) criticam o treinamento de força sendo estabelecido de forma
intensa no indivíduo idoso com hipertensão arterial sistêmica. Alega-se que a pressão
mecânica da musculatura contraída sobre os vasos sanguíneos esqueléticos e a elevação
da pressão intratorácica gerada pela manabora de vasalva (algo quase inevitável de ser
atingido em intensidades de 75-80% da capacidade voluntária máxima) pode aumentar
até 60mmHg.
8. Impacto do exercício físico na função cardiovascular de idosos hipertensos
Para KELLEY e SHARPE (2001) sabe-se que o envelhecimento está relacionado ao
aumento da pressão arterial, principalmente em relação à pressão arterial sistólica isolada,
com crescente prevalência da hipertensão arterial, sendo esta responsável por
contribuições negativas em órgãos alvo e na qualidade de vida. Concomitantemente a
esse tipo de acontecimento, há um aumento da inatividade física dos idosos, fator de risco
severo para o aumento de doenças crônicas, entre elas a hipertensão arterial sistêmica.
Sabe-se que a realização da atividade física e do exercício físico requer do funcionamento
dos sistemas corporais e dos seus mecanismos fisiológicos de acordo com determinado
tipo de estímulo aplicado, e a funcionalidade do sistema cardiovascular e suas repostas
de acordo com esses efeitos geram adaptações agudas (após uma única sessão de
atividade) e crônicas (resultado de um somatório de adaptações).
23
FORJAZ et al. (2000) verificaram que após sessão única de exercício aeróbio, observa-
se queda da pressão arterial, abaixo dos níveis encontrados em repouso, conhecida na
literatura como “hipotensão pós-exercício”. Foram encontrados os mesmos resultados em
sessões únicas e em várias sessões aplicadas em pessoas idosas. RONDON et al. (2002)
analisaram a pressão arterial 24 horas pós-exercício e 4 semanas pós-exercício
(caminhada e bicicleta ergométrica) em indivíduos idosos. Foi visto que a função
hipotensora induzida pelo exercício aeróbico pode ter ocorrido a partir da redução do
débito cardíaco em função da diminuição do volume sistólico. A redução da atividade
nervosa simpática e o aumento da sensibilidade do controle barorreflexo do sistema
cardiovascular também parecem explicar a hipotensão pós-exercício em indivíduos
hipertensos, sobretudo nos idosos. Foi observado que após uma sessão aguda de exercício
físico, e posteriormente algumas semanas depois, ocorreu diminuição da atividade
nervosa simpática muscular com diminuição concomitante da resistência vascular
periférica. Isto indica alteração no controle barorreflexo arterial, pois o fluxo simpático
está diminuído para um nível de pressão arterial idêntico. Portanto, estas modificações na
sensibilidade dos barorreceptores arteriais estão relacionados a mecanismos neurais e
cardiovasculares (HALLIWILL, 2001).
9. Exercícios cardiovasculares
Os exercícios cardiovasculares são importantes para garantir que o coração se mantenha
sempre saudável. Movimentar o corpo regularmente estimula o coração a trabalhar com
mais eficiência e sem ter que fazer tanto esforço.
Além disso, o sangue flui melhor e as artérias e os vasos ficam mais flexíveis e saudáveis.
Todos estes fatores contribuem para a prevenção de doenças cardiovasculares, como o
infarto, o colesterol alto, o derrame e a hipertensão.
Um indivíduo que não pratica exercícios tem uma média de 80 a 100 batimentos cardíacos
por minuto. Já uma pessoa que se exercita regularmente mantém uma média de 60 a 70
batimentos por minuto. A diferença pode parecer pouca, mas essa melhora na eficiência
cardíaca diminui em 40% o risco de complicações cardiovasculares.
Um bom exercício se caracteriza por favorecer o sistema cardiovascular e por elevar a
frequência cardíaca.
24
9.1. Tipos de exercícios cardiovasculares
✓ Saltar corda: Este exercício é ótimo para o sistema cardiovascular e não requer
habilidades especiais. Ele pode ser realizado em casa e possui diversas variações,
para que a atividade não se torne repetitiva.
✓ Correr no mesmo lugar: Movimentar-se em posição de corrida sem sair do lugar
é uma forma simples de trabalhar a frequência cardíaca. É, também, uma boa
maneira para se aquecer para um exercício mais intenso.
✓ Exercícios ao ar livre: Brincar, andar de bicicleta, correr e jogar bola são ótimos
exercícios ao ar livre que permitem elevar os batimentos cardíacos de forma
saudável. Além disso, estas atividades possuem variações intermináveis, podendo
ser alternadas e bem exploradas. A caminhada, por exemplo, regula a frequência
cardíaca e promove a manutenção do peso corporal, outro ponto extremamente
importante para a saúde do coração.
✓ Dançar: Esta atividade pode ser realizada todos os dias e não exige nada
específico, apenas uma música preferida. Além de estar praticando um exercício
excelente para o coração, dançar libera hormônios do prazer que auxiliam no
equilíbrio mental.
Importa salientar que é importante antes de se praticar qualquer exercício, é necessário
consultar um médico cardiologista para realizar exames de condicionamento físico, a fim
de verificar se o coração está pronto para suportar determinada carga de trabalho.
O acompanhamento médico prévio precisa ocorrer principalmente em casos de pessoas
que nunca praticaram atividades físicas. Isso pode fazer toda a diferença, pois escolher
um exercício impróprio poderá piorar a saúde do coração.
9.2. Tempo e frequência dos exercícios cardiovasculares
Não é necessário se exercitar todos os dias e durante horas para manter a saúde do
coração. Trinta minutos de caminhada em dias alternados, por exemplo, pode reduzir o
risco de diversas doenças cardíacas.
Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard (EUA), praticar em torno
de duas horas e meia de exercícios por semana diminui o risco de doenças cardíacas em
14%. Essa porcentagem aumenta de acordo com a quantidade de exercícios praticados.
Mas é preciso manter uma regularidade para que os benefícios apareçam e se mantenham
25
Considerações finais
Pois a revisão de vários artigos considerados conclui que o exercício físico está
relacionado com uma série de benefícios a saúde, sobre no que diz respeito ao sistema
cardiovascular.
O exercício físico proporciona uma melhora da aptidão física do ser humano
contribuindo para a melhoria da saúde e elevando a qualidade de vida, diminuindo
estresse, melhora na função cardiorrespiratória, salientando que qualquer tipo de
atividade física deve ser introduzido de uma forma gradativa na rotina e sempre
respeitando os limites do corpo humano cardiovascular.
26
Referências bibliográficas
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[Online] disponível na internet em: https//www.unicardio.com.br/artigo/exercícios-
cardiovasculares-coracao-saudavel, artigo publicado em 14 de novembro de 2017
FORJAZ, C.L.M.; TINUCCI, T. A medida da pressão arterial no exercício. Revista
Brasileira de Hipertensão, Ribeirão Preto, v.7, n.1, 2000 p. 79-87.
FORJAZ, C.L.M.; SANTAELLA, D.F. et all. A duração do exercício determina a
magnitude e a duração da hipotensão pós-exercício. Arquivos Brasileiros de
Cardiologia, São Paulo, v.70, n.2, 1998, p. 99-104.
FORJAZ, C.L.M; BRUM, P et all. Adaptações físicas e crônicas do exercício físico no
sistema cardiovascular, Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004
GAVA, N.S. et all. Low-intensity exercise training attenuates cardiac beta-adrenergic
tone during exercise in spontaneously hypertensive rats. Hypertension, Dallas, v.26,
p.1129-33, 1995
HALLIWILL JR. Mechanisms and clinical implications of post-exercise hypotension in
humans. Exercise Sport Science, v. 29, p. 65-70, 2001.
HENRINQUE CORREA MESSA, K, et all. Analise da prevalência de doenças
cardiovasculares e fatores associados em idosos. [online] disponível na internete em:
httsp//www.scielo.br/scielo.ph?script=sci-arttext&pid=s1413-81232019000100105.
Artigo publicado em 2010.
KELLEY GA.; SHARPE K. exercícios aeróbicos e pressão arterial em repouso em
idosos: uma revisão meta-analítica de estudos randomizados. J Gerontol A Biol Sci Med
Sci. v. 56, p. 298-303, 2001
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FILHO, T; KURA, G. Adaptações agudas e crônicas dos exercícios resistidos no sistema
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27
MEDEIROS, A.; OLIVEIRA, E.M. et all. Treinamento de natação aumenta o efeito
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MONTERO, M. Exercício físico e controle da pressão arterial. Rev Bras Med Esporte _
Vol. 10, Nº 6 – Nov/Dez, 2004.
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  • 2. 2 Jossefa Fernando Macuácua Sistema cardiovascular e o exercício físico Universidade Pedagógica de Maputo Maputo 2020 Trabalho a ser apresentado na Faculdade de Educação Física e Desporto, com vista na avaliação, na cadeira de fisiologia I, sob orientação do prof. Doutor Mário Thamo
  • 3. 3 Índice Pág. Introdução ..................................................................................................................................4 1. Sistema cardiovascular...........................................................................................................6 1.2. Componentes do sistema cardiovascular ............................................................................6 1.2.1. O coração .........................................................................................................................6 2. Prevalência de doenças cardiovasculares no mundo .............................................................7 3. Debito cardíaco ......................................................................................................................8 3.1. Débito cardíaco em condições de repouso e durante o exercício .......................................8 3.2. Distribuição do débito cardíaco ........................................................................................11 4. Retorno venoso ....................................................................................................................12 4.1. Fatores que afetam o mecanismo de retorno venoso ........................................................13 4.2. Curvas de Retorno Venoso ...............................................................................................14 5. Sistema cardiovascular e o exercício físico .........................................................................14 5.1. Efeitos agudos do exercício físico sobre a função cardiovascular....................................15 5.2. Efeitos crónicos do exercício físico sobre frequência cardíaca ........................................17 6. Adaptações agudas do exercício físico no sistema cardiovascular......................................18 6.1. Respostas pressóricas pós-exercício .................................................................................19 6.2. Adaptações crônicas do treinamento resistido no sistema cardiovascular........................20 6.2.1. Adaptações morfológicas...............................................................................................20 6.2.2. Adaptações hemodinâmicas...........................................................................................21 7. Exercício físico no tratamento da hipertensão arterial sistemática......................................21 8. Impacto do exercício físico na função cardiovascular de idosos hipertensos......................22 9. Exercícios cardiovasculares.................................................................................................23 9.1. Tipos de exercícios cardiovasculares................................................................................24 9.2. Tempo e frequência dos exercícios cardiovasculares .......................................................24 Considerações finais ................................................................................................................25 Referências bibliográficas........................................................................................................26
  • 4. 4 Introdução O sistema cardiovascular é uma conexão direta entre uma bomba, um circuito que gera alta pressão com canais de trocas de nutrientes e um sistema de coleta e retorno que exerce baixa pressão sobre o organismo (McARDLE; KATCH e KATCH, 2003). Esse sistema é constituído pelo coração, vasos sanguíneos e o sangue que é bombeado por todo corpo em um circuito fechado. Esta circulação sanguínea se divide em circulação pulmonar e sistêmica, sendo a última responsável pelo resto do corpo (ROBERGS e ROBERTS, 2002; POWERS e HOWLEY, 2000). Segundo a organização mundial de saúde (OMS), observa um aumento recente da carga de doenças cardiovasculares, principalmente em países de baixa média rendas, reflexo do aumento da expectativa de vida e, consequentemente, do maior tempo de exposição aos fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). As doenças cardiovasculares são atualmente a principal causa de morte em países em desenvolvimento, espera-se que continue sendo a causa de mortalidade mais importante no mundo durante as próximas décadas. O sistema cardiovascular possui função fundamental na resposta do corpo ao exercício físico. No momento em que iniciamos um exercício diversas respostas cardiovasculares são desencadeadas permitindo que a realização do mesmo aconteça satisfatoriamente. É de referir O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas, resultantes de adaptações autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular. Diversos estudos demonstraram o seu efeito benéfico sobre a pressão arterial. Sendo a hipertensão arterial sistêmica uma entidade de alta prevalência e elevada morbimortalidade na população, o exercício físico tem importante papel como elemento não medicamentoso para o seu controle ou como adjuvante ao tratamento farmacológico. Alguns estudos explicitam que o exercício físico na função cardiovascular do indivíduo idoso, corroboram para uma melhora no quesito saúde, melhorando a qualidade de vida e retardando e/ou prevenindo diversos tipos de patologias de caráter cardiológico e outras do gênero. No estudo em que SCHER et. al (2009) analisaram a pressão arterial após exercício físico em idosos, foi visto que houve uma melhora (redução da pressão arterial diastólica) na pressão arterial dos indivíduos que realizaram a atividade. Já na pesquisa realizada por FORJAZ et. al (2010), foi verificado alguns casos escassos e controversos,
  • 5. 5 porém foi sugerido de que, forma crônico, o exercício resistido (com cargas) podem ter efeito hipotensor em idosos portadores de hipertensão arterial sistêmica. O presente trabalho tem como foco o sistema cardiovascular e o exercício físico, onde irá se abordar vários pontos relacionados com o tema acima citado, com o objetivo de trazer ao leitor uma apreciação geral sobre o sistema cardiovascular no que tange a pratica de exercícios físicos, como ele se comporta durante e pós-exercício físico, os efeitos. A elaboração do presente trabalho conta com o seguinte objetivo geral: ➢ Descrever as ações e consequentemente os efeitos do exercício físico sobre o sistema cardiovascular
  • 6. 6 1. Sistema cardiovascular O sistema cardiovascular também conhecido como sistema circulatório, é o responsável por garantir o transporte do sangue, permitindo dessa forma, que as células recebam, por exemplo, nutrientes e oxigénio, esse sistema é formado pelo coração e vasos sanguíneos. 1.2. Componentes do sistema cardiovascular O sistema cardiovascular é composto pelas seguintes estruturas: • Coração: órgão responsável por garantir o bombeamento do sangue; • Vasos sanguíneos: são tubos por onde o sangue passa. Os três principais tipos d e vasos sanguíneos são: artérias, veias e capilares. 1.2.1. O coração É um órgão muscular formado por quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são as câmaras responsáveis por garantir o recebimento do sangue no coração, enquanto os ventrículos são as câmaras responsáveis por garantir o bombeamento do sangue para a fora do coração. O coração é composto por três tipos de músculos: músculo ventricular, atrial e fibras excitatórias e condutoras. As contrações dos músculos atrial e ventricular formam o ciclo cardíaco a partir da sístole (contração) e diástole (relaxamento) (GUYTON e HALL, 2006; POWERS e HOWLEY, 2000). No lado esquerdo do coração, percebe-se a presença apenas de sangue rico em oxigênio, enquanto do lado direito observa-se a presença apenas de sangue rico em gás carbônico. No coração, há ainda a presença de quatro válvulas que impedem o refluxo do sangue, permitindo, desse modo, um fluxo contínuo. O coração apresenta três camadas ou túnicas: o endocárdio, o miocárdio e o epicárdio. O endocárdio é a camada mais interna. O miocárdio é a camada média, a qual é formada por tecido muscular estriado cardíaco, sendo ela, portanto, a responsável por assegurar que o sangue seja bombeado adequadamente devido às contrações musculares. O miocárdio é a camada mais espessa do coração. Por fim, temos o epicárdio, que é a camada mais externa. É no epicárdio que se acumula a camada de tecido adiposo que geralmente envolve o órgão.
  • 7. 7 1.2.2. Vasos sanguíneos Os vasos sanguíneos são um grande sistema de tubos fechados por onde o sangue circula. Os três principais vasos sanguíneos encontrados no corpo são as artérias, veias e os capilares. Veja, a seguir, algumas características básicas desses três vasos: Artérias: As artérias são vasos que levam o sangue, a partir do coração, para os órgãos e tecidos do corpo. Nesses vasos, o sangue corre em alta pressão. As artérias ramificam- se em arteríolas. Capilares: São vasos sanguíneos muito delgados que garantem a troca de substâncias entre o sangue e os tecidos do corpo. Veias: Os capilares sanguíneos convergem para as chamadas vênulas, as quais convergem para as veias. As veias são os vasos que garantem que o sangue retorne ao coração. Nesses vasos, o sangue corre em baixa pressão e para evitar o refluxo do sangue as veias são dotadas de valvas. 2. Prevalência de doenças cardiovasculares no mundo Doenças cardiovasculares são uma classe de doenças que afetam o coração ou vasos sanguíneos. Entre as doenças estão as doenças arteriais coronárias, como a angina de peito e o enfarte agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais (AVC), cardiopatia hipertensiva, febre reumática, miocardiopatia, arritmia cardíaca, aneurisma, da aorta, doença arterial periférica e trombose venosa. As doenças cardiovasculares (DCVs) são responsáveis pela alta taxa de morbidade e mortalidade, na maioria de dos países, tem sido alvo de vários estudos, despertando interesse especial dos pesquisadores, além representarem elevados custos sociais e econômicos. Relatório da organização mundial da saúde (OMS) do ano 1997 revelam que as doenças cardiovasculares foram responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes que ocorrem no mundo, representando a quase 15 milhões de óbitos por ano, sendo a maioria (9 milhões) deles em países em desenvolvimento. Estes dados reforçam a importância das DCVs, alternando para adoção de medidas preventivas efetivas.
  • 8. 8 A mortalidade por doença arterial coronária (DAC) e acidente vascular cerebral (AVC), corresponde a 80% dos óbitos por DCVs. Do ponto de vista etiológico, a hipertensão arterial sistemática (HAS) é apontada como o maior fator de risco mais significativo para DCVs, pois cerca 80% das mortes por AVC e 40% dos óbitos por DIC resultam de HAS; a doença hipertensiva, por si só responde por cerca de 5% dos óbitos dentro do grupo das DCVs. 3. Debito cardíaco O debito cardíaco é a qualidade de sangue que sai do coração por unidade de tempo, resultando basicamente do produto do volume sistólico pela frequência cardíaca. Sua regulação é feita por intermédio de mecanismo intrínsecos e extrínsecos. O debito cardíaco é o primeiro indicador da capacidade funcional da circulação para satisfazer as demandas da atividade física. Os dois fatores que determinam a capacidade do debito cardíaco são a frequência cardíaca e o volume sistólico. A relação é: DC=FC x VS. Dispõe-se de vários métodos, invasivos (como o método de Fick) e não-invasivos (como o método de reinalação), para medir o débito cardíaco. Cada um tem suas vantagens e desvantagens, sobretudo quando utilizados durante a prática de exercícios. A fórmula do método de Fick é esta: DC = VO2máx x 100 = mL/min / Diferença a-vO2 Em condições de repouso, o organismo dispõe de aproximadamente 250 mL de VO2máx, os quais são utilizados durante um minuto em repouso para responder ao gasto energético, e a diferença arteriovenosa durante esse tempo é de 5 mL de O2 por 100 mL de sangue. Assim, conforme a fórmula de Fick, teríamos um DC de 5.000 mL/min de sangue, ou seja, de 5 L/min. 3.1. Débito cardíaco em condições de repouso e durante o exercício O debito cardíaco aumenta proporcionalmente à intensidade do exercício, desde 5 L em condições de repouso a um máximo de 20 a 25 L/min em homens jovens e que realizam atividade física; em esportistas de elite o DC é maior, sendo mais evidente nos esportistas de resistência, que podem ter entre 35 e 40 L/min de sangue de DC. Essas diferenças devem-se inteiramente ao grande volume sistólico de indivíduos treinados, já que o exercício físico contínuo de características aeróbias produz hipertrofia fisiológica do ventrículo esquerdo, com aumento do volume sistólico, gerando um batimento mais forte.
  • 9. 9 Em consequência disso, aqueles que realizam exercícios aeróbios possuem um debito cardíaco de repouso mais econômico, com menor frequência cardíaca do que pessoas sedentárias, uma vez que seu VS é maior (de 70 a 71 mL em indivíduos sedentários e de aproximadamente 100 mL em indivíduos treinados). Os valores médios do debito cardíaco em condições de repouso são resumidos a seguir Repouso ✓ Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico; ✓ Indivíduos sedentários: 4.970 mL/min = 70 bpm x 71 mL/batimento; ✓ Indivíduos treinados: 5.000 mL/min = 50 bpm x 100 mL/batimento. Durante o exercício máximo, a diferença não é só de economia, mas também de quantidade e qualidade do DC. Ao possuir um VS maior, a pessoa treinada tem um DC maior diante de um esforço máximo. Em homens sedentários, o VS médio fica entre 103 e 113 mL de sangue por batimento, enquanto em pessoas treinadas pode ser entre 150 e 210 mL/batimento. Como exemplo, consideremos duas pessoas que realizam um esforço máximo de 195 bpm Esforço máximo ✓ Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico; ✓ Indivíduos sedentários: 21.450 mL/min = 195 bpm x 110 mL/batimento; ✓ Indivíduos treinados: 34.950 mL/min = 195 bpm x 179 mL/batimento. Durante exercícios realizados em pé, o volume sistólico aumenta durante a transição do repouso ao exercício leve, com valores máximos que chegam a 45% do VO2máx. Depois desse ponto, o débito cardíaco intensifica-se conforme aumenta a frequência cardíaca. Os aumentos no volume sistólico em exercícios realizados em pé devem-se geralmente a um esvaziamento sistólico mais completo, em lugar de um maior enchimento dos ventrículos durante a diástole. A ejeção sistólica aumenta por meio dos hormônios simpáticos. O treinamento de fundo melhora a força miocárdica, que também contribui consideravelmente para a potência do batimento durante a sístole. A frequência cardíaca e o consumo de O2 estão relacionados de maneira linear, tanto em indivíduos treinados como em não-treinados, durante a maior parte do exercício. Com o treinamento de resistência, essa relação desloca-se significativamente para a direita, devido à melhora no volume sistólico cardíaco. Por conseguinte, a frequência cardíaca
  • 10. 10 reduz-se consideravelmente, em nível de trabalho submáximo, nos indivíduos treinados em exercícios de resistência aeróbia. Após um treinamento de resistência cardiorrespiratória, o volume sistólico aumenta em repouso, assim como ao realizar exercícios de nível submáximo ou máximo de intensidade. Durante o treinamento aeróbio, ocorre um aumento do volume diastólico final, causado principalmente pelo aumento do volume plasmático. O ventrículo esquerdo é a câmara do coração mais modificada em resposta ao treinamento de resistência. As dimensões internas do ventrículo esquerdo aumentam sobretudo como resposta a um aumento no enchimento ventricular. Durante o treinamento de resistência cardiorrespiratória, a espessura da parede ventricular esquerda também aumenta, intensificando o potencial de força das contrações do ventrículo esquerdo. A lei de Frank Starling descreve que o fator principal no controle e no desenvolvimento do volume sistólico é o grau de estiramento dos ventrículos. Quando os ventrículos se estiram mais, eles se contraem com mais força. Por exemplo, se um grande volume de sangue entra na câmara quando os ventrículos se enchem durante a diástole, as paredes dos ventrículos se distenderão mais do que quando entra um. volume menor de sangue. Com o objetivo de expulsar essa quantidade maior de sangue, os ventrículos devem reagir ao estiramento, contraindo-se com mais força. O trabalho sistemático de treinamento de resistência aeróbia ou de condicionamento cardiorrespiratório produz uma hipertrofia cardíaca esquerda com predomínio do ventrículo esquerdo, o que garante um coração mais forte e eficiente em condições de repouso e durante o exercício submáximo e máximo. O volume ou débito sistólico previsto pode ser calculado (Ellestad) por meio da seguinte fórmula indireta. ✓ Volume sistólico previsto em homens: VSp = 112 – (0,363 x idade) mL/min; ✓ Volume sistólico previsto em mulheres: VSp = 74 – (0,172 x idade) mL/min; ✓ O volume sistólico avaliado durante um teste de esforço é obtido, para ambos os sexos: VS = 1.000 x DC / FCmáx = mL/bpm.
  • 11. 11 3.2. Distribuição do débito cardíaco O sangue que flui para os diferentes tecidos do organismo é geralmente proporcional à atividade metabólica realizada em estado de repouso ou em atividade física. Problemas de saúde podem alterar o fluxo sanguíneo, em condições de repouso, para diferentes órgãos. O exercício físico modifica o volume de fluxo sanguíneo no organismo, deslocando uma quantidade significativa de sangue para os músculos que trabalham. O fluxo sanguíneo de 5 L, em condições de repouso, distribui-se em proporções aproximadas às ilustradas na Tabela 2.5. Cerca de um quinto do débito cardíaco dirige-se ao tecido muscular, ao passo que a maior parte do sangue irriga o baço, o fígado, o intestino, o trato gastrintestinal e o cérebro. O fluxo sanguíneo durante o exercício possui uma distribuição diferente, dependendo de o exercício ser leve, moderado, intenso ou máximo. Embora a irrigação sanguínea durante a atividade física varie consideravelmente segundo o tipo de exercício, sua intensidade e duração, o nível de condicionamento físico, o estado de saúde e a idade do indivíduo e as condições ambientais, a maior parte do débito cardíaco desvia-se para os músculos ativos. Em repouso, em torno de 4 a 7 mL de sangue são fornecidos a cada minuto para cada 100 g de músculo. Esse débito aumenta constantemente; com esforço máximo, o fluxo sanguíneo muscular pode ser tão alto quanto 50 a 75 Ml por 100 g de tecido. Observamos como órgãos importantes, como o coração, aumentam gradualmente a quantidade de fluxo sanguíneo que necessitam e, ao mesmo tempo, mantêm constante o percentual (4%) durante os diferentes níveis de intensidade de exercício. Mesmo durante o repouso, podem aumentar de 4 a 5 vezes de condições de repouso ao exercício vigoroso. Já o cérebro aumenta apenas 50 mL de condições de repouso ao exercício leve, mantendo- se constante nos exercícios moderados e máximos. O débito cardíaco, ou volume cardíaco por minuto, pode ser previsto pelas seguintes fórmulas indiretas de Hossack: ✓ Debito cardíaco previsto (homens) = 26,5 – (0,17 × idade) L/min; ✓ Debito cardíaco previsto (mulheres) = 15 – (0,071 × idade) L/min. O débito cardíaco durante um teste de esforço cardiorrespiratório é avaliado de forma indireta por meio da seguinte fórmula de Hossack e colaboradores:
  • 12. 12 ✓ Debito cardíaco previsto (homens) = (VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 5,31 = L/min; ✓ Debito cardíaco previsto (mulheres) = (VO2máx/kg × peso kg × 0,00407) + 4,72 = L/min; ✓ Debito cardíaco cardiopatas = (VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 3,10 = L/min. O débito cardíaco informa quanto sangue abandona o coração a cada minuto, enquanto a diferença arteriovenosa de oxigênio (dif a-vO2) indica quanto oxigênio é extraído do sangue pelos tecidos. O produto desses dois fatores indica o ritmo de consumo de oxigênio (VO2), expresso na seguinte fórmula: ✓ VO2 = VS × FC × dif a-vO2 4. Retorno venoso O retorno venoso (RV) é o fluxo de sangue de volta ao coração. Em condições de estado estacionário, o retorno venoso deve ser igual ao débito cardíaco, quando medido ao longo do tempo, porque o sistema cardiovascular é essencialmente um circuito fechado. Caso contrário, o sangue se acumularia na circulação sistêmica ou pulmonar. Embora o débito cardíaco e o retorno venoso sejam interdependentes, cada um pode ser regulado independentemente. O sistema circulatório é constituído por duas circulações (pulmonar e sistêmica) localizadas em série entre o ventrículo direito (VD) e o ventrículo esquerdo (VE). O equilíbrio é alcançado, em grande parte, pelo mecanismo de Frank-Starling. Por exemplo, se o retorno venoso sistêmico for subitamente aumentado (por exemplo, passando da posição vertical para supina), direito, o aumento da pré-carga ventricular leva a um aumento no volume sistólico e no fluxo sanguíneo pulmonar. O ventrículo esquerdo apresenta aumento do retorno venoso pulmonar, o que, por sua vez, aumenta a pré-carga ventricular esquerda e o volume sistólico usando o mecanismo de Frank-Starling. Dessa maneira, um aumento no retorno venoso pode levar ao aumento do débito cardíaco emparelhado. Hemodinamicamente, o retorno venoso (VR) ao coração dos leitos vasculares venosos é determinado por um gradiente de pressão (pressão venosa - pressão atrial direita) e resistência venosa (VR). Portanto, o aumento da pressão venosa ou a diminuição da pressão atrial direita ou da resistência venosa levarão ao aumento do retorno venoso, exceto quando alterações forem apresentadas pela postura corporal alterada. Embora a
  • 13. 13 relação acima seja verdadeira para os fatores hemodinâmicos que determinam o fluxo sanguíneo das veias para o coração, é importante não perder de vista o fato de que o fluxo sanguíneo através de toda a circulação sistêmica representa tanto a débito cardíaco e retorno venoso, que são iguais no estado estacionário, porque o sistema circulatório está fechado. Muitas vezes, sugere-se que o retorno venoso dite o débito cardíaco, efetuado pelo mecanismo de Frank Starling. No entanto, como observado acima, é claro que, igualmente, o débito cardíaco deve ditar o retorno venoso de qualquer período de tempo, ambos necessariamente iguais. Da mesma forma, o conceito de pressão de enchimento sistêmica média, a pressão de condução hipotética para retorno venoso, é difícil de localizar e impossível de medir em estado fisiológico. Além disso, a formulação ôhmica usada para descrever o retorno venoso ignora o parâmetro venoso crítico, a capacitância. É a confusão sobre esses termos que levou alguns fisiologistas a sugerir que a ênfase no retorno venoso. 4.1. Fatores que afetam o mecanismo de retorno venoso ✓ Bomba muscular: A contração rítmica dos músculos dos membros que ocorre durante a atividade normal de locomoção (caminhada, corrida, natação) promove o retorno venoso pelo mecanismo da bomba muscular. ✓ Diminuição da capacitância venosa: ativação simpática de veias diminui a complacência venosa, aumenta tom venomotor, aumenta a pressão venosa central, e promove o retorno venoso indiretamente pelo aumento do débito cardíaco por meio do mecanismo de Frank-Starling, que o que aumenta o fluxo de sangue total através do sistema circulatório. ✓ Bomba respiratória: durante a inspiração, a pressão intratorácica é negativa (sucção de ar para os pulmões) e a pressão abdominal é positiva (compressão dos órgãos abdominais pelo diafragma). Isso causa um gradiente de pressão entre a infraestrutura e as partes supra diafragmáticas do v. Cava inferior, "puxando" o sangue para o átrio direito e aumentando o retorno venoso. ✓ Veia cava compressão: Um aumento na resistência da veia cava, tal como ocorre quando a torácica da veia cava é comprimida durante uma manobra de valsava ou durante a fase final da gravidez, diminui o retorno. ✓ Gravidade: Os efeitos da gravidade no retorno venoso parecem paradoxais porque, quando uma pessoa se levanta, as forças hidrostáticas que fazem com que
  • 14. 14 a pressão do átrio direito diminua e a pressão venosa nos membros dependentes aumenta. Isso aumenta o gradiente de pressão para o retorno venoso das extremidades dependentes ao átrio direito; no entanto, o retorno venoso realmente diminui. A razão para isso é quando uma pessoa está inicialmente produzindo e diminuindo a pressão arterial cardíaca (devido à pressão no átrio direito caindo). O fluxo através de toda a circulação sistêmica cai porque a pressão sanguínea cai mais que a pressão atrial direita; portanto, o gradiente de pressão de fluxo é reduzido em todo o sistema de condução circulatória. ✓ A ação de bombeamento do coração: durante as mudanças apropriadas no ciclo cardíaco, a pressão atrial altera a pressão venosa central (PVC), porque não há válvula entre o átrio do coração e as veias grandes. A PVC reflete a pressão do átrio direito. Portanto, a pressão do átrio direito também altera o retorno venoso 4.2. Curvas de Retorno Venoso Quando a capacidade de bombeamento do coração está diminuída, a pressão atrial direita aumenta. Logo, aumenta-se a pressão sobre as veias que levam o sangue pro coração, fazendo com que o sangue se acumule na circulação sistêmica, reduzindo o retorno venoso. Como consequência da diminuição do retorno venoso, o bombeamento cardíaco diminui ainda mais. Ou seja, quanto maior o enchimento do sistema, mais fácil é o fluxo de sangue para o coração. Quanto menor o enchimento, mais difícil é para o fluxo de sangue chegar no coração. Quando a resistência nas veias aumenta, o sangue começa a se acumular principalmente nela. Entretanto, a pressão venosa não se altera muito pois são muito distensíveis. Isso faz com que a pressão no átrio direito diminua drasticamente. 5. Sistema cardiovascular e o exercício físico O exercício físico proporciona uma melhora da aptidão física do ser humano contribuindo para a melhoria da saúde e elevando a qualidade de vida, diminuindo estresse, melhora na função cardiorrespiratória, salientando que qualquer tipo de atividade física deve ser introduzido de uma forma gradativa na rotina e sempre respeitando os limites do corpo humano. As respostas fisiológicas principalmente no Sistema Cardiovascular têm como objetivo manter a homeostasia celular em face do aumento das demandas metabólicas. Na prática, ocorrem algumas alterações fisiológicas que vai proporcionando adaptações no sistema cardiovascular, tais como a frequência
  • 15. 15 cardíaca e a pressão arterial (PA), sua resposta adequada depende das características do exercício que será executado, ou seja, do tipo, da duração, da intensidade e da massa muscular envolvida. A frequência cardíaca é o marcador de trabalho cardíaco (batimentos cardíacos), que quando se encontra na prática de algum exercício físico está com um número aumentado, devido a mobilização no sangue do corpo para os músculos, ou seja, a quantidade de sangue colocada em circulação aumenta conforme a necessidade de fornecer oxigênio aos músculos esqueléticos. Na pressão arterial, que é a força com qual o coração bombeia o sangue através dos vasos, onde sua determinação é o volume de sangue que sai do coração e a resistência no caminho, quando o corpo está em alguma atividade física a pressão arterial sistólica tende a aumentar proporcionalmente junto com o débito cardíaco e a pressão arterial diastólica reflete a eficiência do mecanismo vasodilatador local dos músculos em atividade, que é tanto maior quanto maior for a densidade capilar do local. Hoje, vários estudos têm demonstrado que indivíduos com menor frequência cardíaca em repouso ou menor taquicardia durante o exercício físico submáximo apresentam menor probabilidade de desenvolverem cardiopatias. Ou seja, o Sistema Cardiovascular irá sofrer as alterações durante o exercício físico de acordo com diversos fatores: a atividade que será realizada, tempo, biótipo da pessoa a realizar o exercício, qualidade de vida e possíveis interferentes. Alguns estudos concluem que o exercício físico traz muitos benefícios para o sistema cardiovascular, fazendo com que sua prática aconteça para o aumento da qualidade e expectativa de vida. 5.1. Efeitos agudos do exercício físico sobre a função cardiovascular O exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua homeostasia, pois implica no aumento instantâneo da demanda energética da musculatura exercitada e, consequentemente, do organismo como um todo. Assim, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, os referentes à função cardiovascular durante o exercício físico. O tipo e a magnitude da resposta cardiovascular dependem das características do exercício executado, ou seja, o tipo, a intensidade, a duração e a massa muscular envolvida. Em relação ao tipo de exercício, podemos caracterizar dois tipos principais: exercícios dinâmicos ou isotônicos (há contração muscular, seguida de movimento
  • 16. 16 articular) e estáticos ou isométricos (há contração muscular, sem movimento articular), sendo que cada um desses exercícios implica em respostas cardiovasculares distintas (FORJAZ & TINUCCI, 2000). Nos exercícios estáticos observa-se aumento da frequência cardíaca, com manutenção ou até redução do volume sistólico e pequeno acréscimo do débito cardíaco. Em compensação, observa-se aumento da resistência vascular periférica, que resulta na elevação exacerbada da pressão arterial. Esses efeitos ocorrem porque a contração muscular mantida durante a contração isométrica promove obstrução mecânica do fluxo sanguíneo muscular, o que faz com que os metabólitos produzidos durante a contração se acumulem, ativando quimiorreceptores musculares, que promovem aumento expressivo da atividade nervosa simpática. Que a magnitude das respostas cardiovasculares durante o exercício estático é dependente da intensidade do exercício, de sua duração e a da massa muscular exercitada, sendo maior quanto maiores forem esses fatores (FORJAZ & TINUCCI, 2000). Por outro lado, nos exercícios dinâmicos, como as contrações são seguidas de movimentos articulares, não existe obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, de modo que, nesse tipo de exercício, também se observa aumento da atividade nervosa simpática, que é desencadeado pela ativação do comando central, mecanorreceptores musculares e, dependendo da intensidade do exercício, metaborreceptores musculares (FORJAZ & TINUCCI, 2000). Em resposta ao aumento da atividade simpática, observa-se aumento da frequência cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco. Além disso, a produção de metabólitos musculares promove vasodilatação na musculatura ativa, gerando redução da resistência vascular periférica. Dessa forma, durante os exercícios dinâmicos observa-se aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou redução da diastólica (FORJAZ, MATSUDAIRA, RODRIGUES, NUNES & NEGRÃO, 1998). Essas respostas são tanto maiores quanto maior for a intensidade do exercício, mas não se alteram com a duração do exercício, caso ele seja realizado numa intensidade inferior ao limiar anaeróbio. Além disso, quanto maior a massa muscular exercitada de forma dinâmica, maior é o aumento da frequência cardíaca, mas menor é o aumento da pressão arterial (FORJAZ & TINUCCI, 2000).
  • 17. 17 5.2. Efeitos crónicos do exercício físico sobre frequência cardíaca Estudos epidemiológicos demonstram uma relação inversa entre a capacidade funcional, morbidade e mortalidade cardiovasculares (LEE, HSIEH & PAFFENBARGER, 1993). No tocante à frequência cardíaca, vários estudos têm demonstrado uma relação direta entre a frequência cardíaca de repouso ou submáxima e risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, ou seja, indivíduos com menor frequência cardíaca em repouso ou menor taquicardia durante o exercício físico submáximo apresentam menor probabilidade de desenvolverem cardiopatias (SECCARECIA & MENOTTI, 1992). Em 1992, NEGRÃO, MOREIRA, SANTOS, FARAH e KRIEGER demonstraram que o treinamento físico aeróbio resultava em bradicardia de repouso e que o mecanismo associado a essa resposta era uma diminuição na frequência cardíaca intrínseca. Recentemente, observou-se que os mecanismos envolvidos na bradicardia de repouso pós treinamento físico sofrem influência da modalidade do treino, visto que em ratos submetidos ao treinamento físico de baixa intensidade com natação, a bradicardia está associada ao aumento ao tônus vagal cardíaco (MEDEIROS, OLIVEIRA, GIANOLLA, CASARINI, NEGRÃO & BRUM, 2004). Além de sofrer influência da modalidade de treinamento, o mecanismo envolvido na bradicardia de repouso também se modifica no processo de doenças cardiovasculares, como, a hipertensão arterial. Assim, em ratos espontaneamente hipertensos, observamos que bradicardia de repouso pós-treinamento está associada à diminuição do tônus simpático cardíaco (GAVA et al., 1995). Dentre as adaptações da frequência cardíaca ao treinamento físico também está a menor resposta taquicardia durante a execução de exercícios físicos em mesma intensidade absoluta. Nesse sentido, observa-se menor resposta taquicardíaca ao exercício progressivo em ratos normotensos treinados quando comparados aos sedentários (NEGRÃO, MOREIRA, BRUM, DENADAI & KRIEGER, 1992).
  • 18. 18 6. Adaptações agudas do exercício físico no sistema cardiovascular. Durante a execução de uma série de exercícios resistidos, a pressão arterial aumenta substancialmente, podendo alcançar cifras de 320/250 milímetros de mercúrio (mmHg) para pressão arterial sistólica e diastólica, respetivamente, durante exercícios realizados com ações musculares voluntárias máximas, ou seja, intensidade máxima. A elevação da pressão arterial está provavelmente relacionada ao aumento do débito cardíaco, aumento das pressões intra-abdominal e intratorácica e ao aumento acentuado da pressão intramuscular que ocorre durante o esforço contrátil. Esse aumento da pressão intramuscular promove uma diminuição acentuada ou, até mesmo, uma obstrução do fluxo sanguíneo, em razão do bloqueio mecânico imposto pela massa muscular contraída. No entanto, o aumento repentino da pressão arterial durante a contração muscular pode também estar relacionado à realização da manobra de valsava que normalmente acompanha as contrações musculares intensas. Consequentemente, as maiores pressões arteriais são alcançadas com séries longas, levadas até exaustão, o que permite que ocorram todos os fatores que contribuem para um aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, ao passo que as séries realizadas em intensidades submáximas são insuficientes em duração e intensidade para aumentar exacerbadamente a pressão arterial e a frequência cardíaca. Em relação às respostas pressóricas imediatas, MAC DOUGALL et al. constataram que, durante uma série de exercícios resistidos, em contração voluntária máxima até a exaustão, ocorrem picos pressóricos durante a contração concêntrica que provocam uma elevação extrema das pressões arteriais sistólica e diastólica. Porém, imediatamente após a última repetição, a pressão arterial sistólica e a diastólica declinam rapidamente, abaixo dos valores pré-exercício, retornando ao normal após ± 10 segundos do término do exercício. A rápida queda da pressão arterial imediatamente após o exercício é causada, provavelmente, pela súbita perfusão do fluxo sanguíneo, que permanecera previamente ocluído.
  • 19. 19 6.1. Respostas pressóricas pós-exercício As reduções na pressão arterial para valores abaixo dos níveis de controlo (pré-exercício) após o término do exercício físico são denominadas efeito hipotensivo pós-exercício. Por sua vez, as respostas pressóricas pós-exercício resistido apresentam resultados conflituantes, bem como os seus mecanismos de regulação permanecem ainda pouco estudados. Nesse contexto, os estudos que investigam as adaptações agudos pós- exercícios resistidos sobre a pressão arterial têm constatado aumento, manutenção e até redução da pressão arterial após a realização de uma única sessão de exercícios resistidos. O aumento da pressão arterial sistólica é observado imediatamente após a realização de uma seção de exercícios resistidos com intensidades elevadas. Tentando ilustrar essa situação, O`Connor et al. compararam três sessões, realizadas a 40, 60 e 80% de dez repetições máximas (10RM), demonstrando que a pressão arterial sistólica elevou-se logo após as sessões realizadas a 60 e 80% de 10RM, o que perdurou por até 1 minuto (min) após o término da sessão com carga referente a 60% de 10RM e até 15 min após o término da sessão com carga referente a 80% de 10RM. Considerando as observações de O`CONNOR et al. pode-se inferir que a elevação da pressão arterial sistólica imediatamente após o término do exercício pode estar relacionada à intensidade do exercício. Em contraposição, Brown et al. observaram que a pressão arterial sistólica permaneceu elevada após uma sessão de exercícios resistidos realizada com carga referente a 40 e 70% de uma repetição máxima (1RM), o que perdurou até 5 min após o término de ambas as sessões. Percebe-se, então, que a magnitude da elevação da pressão arterial sistólica pode estar relacionada com a intensidade do exercício. Os maiores períodos em que a pressão arterial sistólica permaneceu elevada foram relatados com intensidades correspondentes a 80% de 10RM (15 minutos de elevação da pressão arterial sistólica) (32) e 80% de 1RM (20 minutos de elevação da pressão arterial sistólica). Com relação ao efeito hipotensivo, evidenciam-se reduções significativas da pressão arterial nos momentos subsequentes ao término de uma sessão de exercício resistido. Quanto à pressão arterial diastólica, alguns estudos não puderam demonstrar qualquer efeito hipotensivo após o término de uma sessão de exercícios resistidos. Contudo, POLITO et al. observaram redução na pressão arterial diastólica durante 10 minutos após
  • 20. 20 uma sessão de exercícios resistidos realizados numa intensidade relativamente baixa, de doze repetições, com carga correspondente a 50% daquela associada a 6RM. Outros autores, como FOCHR e KOLTYN e REZEK, também constataram que a pressão arterial diastólica diminuiu significativamente em relação ao repouso, entretanto com uma carga relativamente baixa, entre 40% e 50% de 1RM. Nesse particular, é importante salientar que o efeito hipotensivo na pressão arterial diastólica pode estar relacionado com a intensidade do exercício. 6.2. Adaptações crônicas do treinamento resistido no sistema cardiovascular 6.2.1. Adaptações morfológicas A exposição prolongada e repetida ao exercício pode causar alterações estruturais e funcionais no sistema cardiovascular. Nesse sentido, a literatura tem demonstrado que o coração se adapta a uma carga hemodinâmica aumentada, seja está resultante de estímulos providos pelo treinamento físico, seja por alguma patologia. Dessa forma, tem se verificado que o treinamento resistido pode provocar adaptações cardiovasculares que se assemelham às adaptações provocadas pela hipertensão, isto é, aumento da espessura da parede ventricular e do tamanho da câmara ventricular. Caracteristicamente, o treinamento resistido induz elevações na pressão arterial. No entanto, o aumento da espessura da parede do ventrículo esquerdo é uma adaptação provocada pelas pressões sanguíneas intermitentemente elevadas durante o treinamento resistido. Essa sobrecarga de pressão no coração está associada ao espessamento da parede ventricular esquerda e à manutenção da cavidade ventricular, o que é denominado de hipertrofia ventricular esquerda concêntrica. Nesse sentido, FLECK assinala que o treinamento resistido pode causar aumento da espessura da parede ventricular esquerda, porém isso não é uma consequência necessária de todos os programas de treinamento resistido. Os fatores relacionados à espessura ventricular esquerda aumentada incluem o nível de treinamento, o fato de as séries serem máximas ou submáximas e o tamanho da massa muscular envolvida no treinamento. Com relação ao aumento do volume ventricular esquerdo, que pode ser denominado de hipertrofia ventricular esquerda excêntrica, normalmente é considerado um indicativo de sobrecarga de volume que ocorre tipicamente em atletas de endurance (maratonistas, ciclistas). Nesse contexto, a maior parte dos estudos que investigaram os exercícios
  • 21. 21 resistidos indica que o treinamento resistido tem pouco ou nenhum impacto nas dimensões das câmaras cardíacas 6.2.2. Adaptações hemodinâmicas Existe ainda a conceção de que as pressões sanguíneas intermitentemente elevadas durante o treinamento resistido possam causar o aumento da espessura da parede do ventrículo esquerdo, resultando num aumento crônico da pressão arterial (hipertensão). Essa hipótese é ainda muito utilizada pelos profissionais da área da saúde quando da prescrição ou da indicação de alguma forma de exercício para hipertensos. Nesse sentido, os estudos longitudinais que analisaram os efeitos dos exercícios resistidos sobre a pressão arterial são escassos e apresentam resultados conflituantes. Esses estudos têm demonstrado que o treinamento resistido pode levar a um aumento, a um decréscimo ou a uma manutenção da pressão arterial. De acordo com FLECK e KRAMER, a conceção errônea comum de que o treinamento resistido resulta em hipertensão, quando ocorre, provavelmente, está relacionada à hipertensão essencial, excesso de treinamento crônico, uso de esteroides, grandes aumentos em massa muscular ou aumento no peso total do corpo. 7. Exercício físico no tratamento da hipertensão arterial sistemática. O exercício físico vem sendo usado como terapia não farmacológica de diversas doenças crônicas, dentre elas a hipertensão. Tem sido verificada a diminuição da pressão arterial, quando comparada ao estado pré-exercício e imediatamente após um período de exercício físico dinâmico (FORJAZ, 1997). Um dos primeiros fenômenos científicos relacionados com a hipertensão arterial e exercício foi o efeito hipotensor pós-exercício. A primeira vez que esse dado ocorreu foi verificado por WILLIAM F (1981), onde a pressão arterial encontrou-se reduzida após uma atividade de característica aeróbia (corrida na esteira). A hipotensão pós-exercício vem sido elucidada em vários trabalhos científicos nos últimos anos, diversos métodos e características de diferentes tipos de atividades já foram e ainda são testados em idosos com hipertensão arterial sistêmica. Existem algumas divergências em quanto ao melhor método e tipagem de exercício à serem usados como tratamento não-medicamentoso nessa população.
  • 22. 22 WESTHOFF et al. (2007) fizeram uma pesquisa com 52 idosos hipertensos, onde 23 usavam betabloqueadores e 29 não usavam, eles foram randomizados para grupo controle e experimental. Praticaram exercício na esteira durante 3 meses e 3 vezes por semana, com aumento gradativo do exercício (30 até 45 minutos) e da intensidade (até alcançar o lactato 2,0 mmol/l). Foram verificadas as pressões arteriais sistólicas e diastólicas e a pressão arterial durante ao esforço. Foi visto diminuição significativa nos três tipos de avaliações de mensuração da pressão, principalmente no grupo experimental. Já TERRA et al. (2008) trabalharam com 46 idosas hipertensas. Elas realizaram 12 semanas de treinamento de força, com a frequência de 3 vezes por semana, com intensidade de 60-80% de 1 RM. Pós-experimento, foi visto que o grupo que treinou força reduziu significante os valores da pressão arterial sistólica em repouso, pressão arterial média e duplo produto. Porém não houve redução significativa na pressão arterial diastólica e da frequência cardíaca em repouso. FORJAZ et al. (2003) criticam o treinamento de força sendo estabelecido de forma intensa no indivíduo idoso com hipertensão arterial sistêmica. Alega-se que a pressão mecânica da musculatura contraída sobre os vasos sanguíneos esqueléticos e a elevação da pressão intratorácica gerada pela manabora de vasalva (algo quase inevitável de ser atingido em intensidades de 75-80% da capacidade voluntária máxima) pode aumentar até 60mmHg. 8. Impacto do exercício físico na função cardiovascular de idosos hipertensos Para KELLEY e SHARPE (2001) sabe-se que o envelhecimento está relacionado ao aumento da pressão arterial, principalmente em relação à pressão arterial sistólica isolada, com crescente prevalência da hipertensão arterial, sendo esta responsável por contribuições negativas em órgãos alvo e na qualidade de vida. Concomitantemente a esse tipo de acontecimento, há um aumento da inatividade física dos idosos, fator de risco severo para o aumento de doenças crônicas, entre elas a hipertensão arterial sistêmica. Sabe-se que a realização da atividade física e do exercício físico requer do funcionamento dos sistemas corporais e dos seus mecanismos fisiológicos de acordo com determinado tipo de estímulo aplicado, e a funcionalidade do sistema cardiovascular e suas repostas de acordo com esses efeitos geram adaptações agudas (após uma única sessão de atividade) e crônicas (resultado de um somatório de adaptações).
  • 23. 23 FORJAZ et al. (2000) verificaram que após sessão única de exercício aeróbio, observa- se queda da pressão arterial, abaixo dos níveis encontrados em repouso, conhecida na literatura como “hipotensão pós-exercício”. Foram encontrados os mesmos resultados em sessões únicas e em várias sessões aplicadas em pessoas idosas. RONDON et al. (2002) analisaram a pressão arterial 24 horas pós-exercício e 4 semanas pós-exercício (caminhada e bicicleta ergométrica) em indivíduos idosos. Foi visto que a função hipotensora induzida pelo exercício aeróbico pode ter ocorrido a partir da redução do débito cardíaco em função da diminuição do volume sistólico. A redução da atividade nervosa simpática e o aumento da sensibilidade do controle barorreflexo do sistema cardiovascular também parecem explicar a hipotensão pós-exercício em indivíduos hipertensos, sobretudo nos idosos. Foi observado que após uma sessão aguda de exercício físico, e posteriormente algumas semanas depois, ocorreu diminuição da atividade nervosa simpática muscular com diminuição concomitante da resistência vascular periférica. Isto indica alteração no controle barorreflexo arterial, pois o fluxo simpático está diminuído para um nível de pressão arterial idêntico. Portanto, estas modificações na sensibilidade dos barorreceptores arteriais estão relacionados a mecanismos neurais e cardiovasculares (HALLIWILL, 2001). 9. Exercícios cardiovasculares Os exercícios cardiovasculares são importantes para garantir que o coração se mantenha sempre saudável. Movimentar o corpo regularmente estimula o coração a trabalhar com mais eficiência e sem ter que fazer tanto esforço. Além disso, o sangue flui melhor e as artérias e os vasos ficam mais flexíveis e saudáveis. Todos estes fatores contribuem para a prevenção de doenças cardiovasculares, como o infarto, o colesterol alto, o derrame e a hipertensão. Um indivíduo que não pratica exercícios tem uma média de 80 a 100 batimentos cardíacos por minuto. Já uma pessoa que se exercita regularmente mantém uma média de 60 a 70 batimentos por minuto. A diferença pode parecer pouca, mas essa melhora na eficiência cardíaca diminui em 40% o risco de complicações cardiovasculares. Um bom exercício se caracteriza por favorecer o sistema cardiovascular e por elevar a frequência cardíaca.
  • 24. 24 9.1. Tipos de exercícios cardiovasculares ✓ Saltar corda: Este exercício é ótimo para o sistema cardiovascular e não requer habilidades especiais. Ele pode ser realizado em casa e possui diversas variações, para que a atividade não se torne repetitiva. ✓ Correr no mesmo lugar: Movimentar-se em posição de corrida sem sair do lugar é uma forma simples de trabalhar a frequência cardíaca. É, também, uma boa maneira para se aquecer para um exercício mais intenso. ✓ Exercícios ao ar livre: Brincar, andar de bicicleta, correr e jogar bola são ótimos exercícios ao ar livre que permitem elevar os batimentos cardíacos de forma saudável. Além disso, estas atividades possuem variações intermináveis, podendo ser alternadas e bem exploradas. A caminhada, por exemplo, regula a frequência cardíaca e promove a manutenção do peso corporal, outro ponto extremamente importante para a saúde do coração. ✓ Dançar: Esta atividade pode ser realizada todos os dias e não exige nada específico, apenas uma música preferida. Além de estar praticando um exercício excelente para o coração, dançar libera hormônios do prazer que auxiliam no equilíbrio mental. Importa salientar que é importante antes de se praticar qualquer exercício, é necessário consultar um médico cardiologista para realizar exames de condicionamento físico, a fim de verificar se o coração está pronto para suportar determinada carga de trabalho. O acompanhamento médico prévio precisa ocorrer principalmente em casos de pessoas que nunca praticaram atividades físicas. Isso pode fazer toda a diferença, pois escolher um exercício impróprio poderá piorar a saúde do coração. 9.2. Tempo e frequência dos exercícios cardiovasculares Não é necessário se exercitar todos os dias e durante horas para manter a saúde do coração. Trinta minutos de caminhada em dias alternados, por exemplo, pode reduzir o risco de diversas doenças cardíacas. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard (EUA), praticar em torno de duas horas e meia de exercícios por semana diminui o risco de doenças cardíacas em 14%. Essa porcentagem aumenta de acordo com a quantidade de exercícios praticados. Mas é preciso manter uma regularidade para que os benefícios apareçam e se mantenham
  • 25. 25 Considerações finais Pois a revisão de vários artigos considerados conclui que o exercício físico está relacionado com uma série de benefícios a saúde, sobre no que diz respeito ao sistema cardiovascular. O exercício físico proporciona uma melhora da aptidão física do ser humano contribuindo para a melhoria da saúde e elevando a qualidade de vida, diminuindo estresse, melhora na função cardiorrespiratória, salientando que qualquer tipo de atividade física deve ser introduzido de uma forma gradativa na rotina e sempre respeitando os limites do corpo humano cardiovascular.
  • 26. 26 Referências bibliográficas CORREIA FILHO, H. Exercícios cardiovasculares para deixar o coração saudável, [Online] disponível na internet em: https//www.unicardio.com.br/artigo/exercícios- cardiovasculares-coracao-saudavel, artigo publicado em 14 de novembro de 2017 FORJAZ, C.L.M.; TINUCCI, T. A medida da pressão arterial no exercício. Revista Brasileira de Hipertensão, Ribeirão Preto, v.7, n.1, 2000 p. 79-87. FORJAZ, C.L.M.; SANTAELLA, D.F. et all. A duração do exercício determina a magnitude e a duração da hipotensão pós-exercício. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v.70, n.2, 1998, p. 99-104. FORJAZ, C.L.M; BRUM, P et all. Adaptações físicas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular, Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004 GAVA, N.S. et all. Low-intensity exercise training attenuates cardiac beta-adrenergic tone during exercise in spontaneously hypertensive rats. Hypertension, Dallas, v.26, p.1129-33, 1995 HALLIWILL JR. Mechanisms and clinical implications of post-exercise hypotension in humans. Exercise Sport Science, v. 29, p. 65-70, 2001. HENRINQUE CORREA MESSA, K, et all. Analise da prevalência de doenças cardiovasculares e fatores associados em idosos. [online] disponível na internete em: httsp//www.scielo.br/scielo.ph?script=sci-arttext&pid=s1413-81232019000100105. Artigo publicado em 2010. KELLEY GA.; SHARPE K. exercícios aeróbicos e pressão arterial em repouso em idosos: uma revisão meta-analítica de estudos randomizados. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. v. 56, p. 298-303, 2001 LEE, I.M.; HSIEH, C.C.; PAFFENBARGER, R.S.J.R. intensidade e longentividade do exercício em homens: o estudo de saúde dos alunos de Havard. Journal da associação médica americana, Chicago, v.273, n.15, 1993, p. 1179-84. FILHO, T; KURA, G. Adaptações agudas e crônicas dos exercícios resistidos no sistema cardiovascular, EFDeportes.com, Revista Digital, 2011.
  • 27. 27 MEDEIROS, A.; OLIVEIRA, E.M. et all. Treinamento de natação aumenta o efeito vagal cardíaco e induz hipertrofia cardíaca. Revista brasileira de pesquisas medicas e biológicas, Ribeirão Preto, 2004. MONTERO, M. Exercício físico e controle da pressão arterial. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 6 – Nov/Dez, 2004. OLIVEIRA, L; SOARES, W. Et all. Sistema cardiovascular e suas respostas ao exercício físico, EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 19, Nº 195, agosto de 2014. NEGRÃO, C.E.; MOREIRA, E.D. et all. Vagal function impairment after exercise training. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v.72, n.5, p.1749-53, 1992b. RONDON UM.; et al. Post exercise blood pressure reduction in elderly hypertensive patients. J Am Coll Cardiol, v. 39, p. 676–682, 2002. SECCARECCIA, F.; MENOTTI, A. Physical activity, physical fitness and mortality in a sample of middle-aged men followed-up 25 years. Journal of Sports Medicine Physical Fitness, Turin, v.32, n.2, 1992, p. 206-13. TEODORO, C. Aspeto do exercício físico no sistema cardiovascular de idosos com hipertensão arterial sistemática. Instituto brasileiro de gestão e marquet,2010.