SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 79
Baixar para ler offline
5. Materiais para ferramentas de corte
5.1. Introdução
A figura abaixo apresenta as conseqüências para
uma ferramenta de corte em usinagem.
A seleção criteriosa do material da ferramenta de
corte deve ser realizada ponderando os seguintes
fatores:
 Material a ser usinado;
 Processo de usinagem;
 Condições da máquina operatriz;
 Forma e dimensões da ferramenta;
 Custo do material da ferramenta;
 Condições de usinagem;
 Condições de operação.
As principais características são:
 Dureza a quente;
 Resistência a abrasão;
 Tenacidade;
 Resistência a compressão;
 Estabilidade química.
5.2. Classificação dos materiais para ferramenta
Uma classificação baseada nas características
químicas dos materiais para ferramentas de corte é
apresentada abaixo:
 Aços Ferramentas;
 Aços rápidos;
 Aços rápidos com cobertura;
 Stellite;
 Coronite (particulas finas de TiN + Matriz de Aço
temperado);
 Metal duro;
 Metal duro com cobertura;
 Cermets;
 Material Cerâmico;
 Nitreto de Boro Cúbico (CBN);
 Diamante.
5.3. Aços rápidos
Aço rápido (High Speed Steel - HSS), são aços
ferramenta de alta liga de tungstênio, molibdênio,
cromo, vanádio, cobalto e nióbio, e um apropriado
tratamento térmico.
O uso principal do aço rápido continua a ser na
fabricação de várias ferramentas de corte: brocas,
fresas, serras, bits de usinagem, discos para cortar
engrenagens, etc.
O aço rápido revolucionou a prática de
usinagem na época, com um grande aumento na
produtividade. As Vc puderam ser aumentadas em
uma ordem de grandeza: de 3 a 5 m/min - aço
carbono para 30 a 35 m/min - aços rápidos.
Exatamente por isso, eles levaram este nome.
5.3.1. Características
 Principais elementos constituintes (W, Mo, Co,
V), elementos que conferem alta tenacidade às
ferramentas.
 Dureza de 60 a 67 HRC.
 Resistem a temperatura de até aproximadamente
520 a 600°C.
 Clássico 18 (%W) - 5 (%Cr) - 1 (%V).
 Aço super rápido quando é adicionado Co.
Tratamento térmico complexo.
 Preço elevado, quando comparado aos aços de
alto carbono.
 É o mais tenaz dos materiais pra ferramenta de
corte utilizado na industria.
A estrutura metalográfica dos aços rápidos no
estado temperado é martensita básica com
carbonetos incrustados.
Essa estrutura confere aos aços rápidos a sua
dureza a quente.
O tipo e o número de carbonetos duros que se
formam são responsáveis pela resistência a
abrasão. A tenacidade do aço rápido depende dos
elementos de liga e do grau de dissolução desses.
5.3.2. Classificação dos aços rápidos
Existem duas classificações que são (AISI e
SAE):
 ao tungstênio: (grupo T);
 ao molibdênio (grupo M).
Os dois tipos possuem uma performance mais
ou menos semelhante. Os do grupo M, entretanto,
tem um custo inicial menor.
Tipo
de
aço
Classificação
SAE
C
(%)
Cr
(%)
V
(%)
W
(%)
Mo
(%)
Co
(%)
Tenacidade Resistência
ao desgaste
Dureza
a
quente
W T2 0,85 4 2 18 2 8 8
W-
Co
T5 0,8 4 2 18 8 1 7 9
Mo M2 0,85 4 2 6 5 3 7 8
Mo-
Co
M34 0,85 4 2 2 8 8 1 8 9
5.3.3. Aços rápidos com cobertura
A forma e dimensões de ferramentas como
brocas, alguns tipos de fresas, machos,
alargadores, brochas, cortadores de dentes de
engrenagens e as condições de usinagem que as
empregam, dificultam a aplicação de materiais de
ferramentas como metal duro e cerâmicas.
O principal desenvolvimento dessas ferramentas
tem caminhado no da aplicação de uma cobertura
(revestimento) de um material mais resistentes ao
desgaste como: carboneto de titânio – TiC e nitreto
de titânio – TiN.
A camada de revestimento possui características
como:
 Dureza da ordem de 2000 a 2500 HV (697 HV = 60 HRc;
940 HV = 68 HRc);
 Baixo coeficiente de atrito;
 Redução sensível do caldeamento a frio (evita a APC);
 Elevada ductilidade;
 Maior estabilidade química;
 Proteção térmica do substrato;
 Espessura da ordem de 1 a 4 m;
 Ótima aparência (dourada – TiN).
A camada de revestimento pode ser aplicada nas
ferramentas de metal duro por dois processos:
 O CVD (Chemical Vapour Deposition) – início da década
de 60 – a temperaturas da ordem de 1000 oC.
 O PVD (Phisical Vapour Deposition) – 1980 –
temperaturas da faixa de 450 a 500 oC.
Ferramenta
Tempo de corte
(min)
Comprimento usinado de vida
(mm)
Vc = 44 m/min Vc = 57 m/min Vc = 44 m/min Vc = 57 m/min
Sem
revestimento
62 32 8680 5760
TiN 136,5 83,5 19110 15030
Ti (C;N) 110,5 97 15470 17470
5.3.4. Áreas de aplicação dos aços-rápidos
 Ferramentas para todas as operações de
usinagem;
 Ferramentas para desbaste e acabamento;
 Machos e cossinetes de roscas;
 Brocas helicoidais;
 Alargadores;
 Fresas de todos os tipos;
 Ferramentas de plainar;
 Escareadores;
 Ferramentas para trabalho a frio;
 Ferramentas para trabalho em madeira;
 outras.
5.4. Metal Duro
É o mais importante material pra ferramenta de
corte utilizado na industria moderna.
Esse sucesso deve-se a combinação de dureza a
temperatura ambiente, dureza a quente, resistência
ao desgaste e tenacidade. Essa combinação é
possível de se obter pela variação da sua
composição.
Ele é um produto da metalurgia do pó. Produzido
a partir de partículas finas (carbonetos),
sinterizados com um ou mais metais (aglomerante).
5.4.1. Características
 Desenvolvimento 1926 – Leipzig;
 Material de ferramenta mais utilizado na
indústria;
 Indústria automobilística consome cerca de 50%
das ferramentas de metal duro produzidas no
mundo;
 Resistem a temperatura de até aproximadamente
1000°C (mesma dureza que o aço rápido à
temperatura ambiente);
 Maiores Vc com relação as ligas fundidas, aços
rápidos e aços ferramenta;
 Aumento na vida útil na ordem de 200 a 400%;
Composição típica: 81% W, 6% C e 13% Co – (WC-
Co).
Algumas razões do sucesso deste material:
 Grande variedade de tipos de metal duro (adição
de elementos de liga);
 Propriedades adequadas às solicitações em
diferentes condições;
 Possibilidade de utilização de insertos
intercambiáveis;
 Estrutura homogênea (processo de fabricação);
 Dureza elevada;
 Resistência à compressão;
Resistência ao desgaste a quente;
 A princípio utilizado para a usinagem de
materiais fundidos;
 Anos 70 (século XX)- surgimento de metais duros
revestidos;
 Compromisso muito bom entre dureza a altas
temperaturas e tenacidade;
 Em ferramentas e corte são empregados na
forma de insertos intercambiáveis, que podem ser
soldados ou fixados mecanicamente.
 Coeficiente de dilatação térmica do metal duro é
a metade do aço.
6.4.2. Fabricação do Metal duro
5.4.3. Estrutura do Metal Duro
 Carbonetos - fornecem dureza a quente e
resistência ao desgaste (WC, TiC, TaC, NbC, etc.),
as particulas variam de 1 a 10 m e ocupam de 60 a
95 % do material;
 Ligante metálico - atua na ligação dos
carbonetos frágeis (Co ou Ni) e é responsável pela
tenacidade do metal duro;
 Obtido por sinterização (ligante + carbonetos).
5.4.4. Classe e seleção de metais duros
A norma ISO (International Organization for
Standardization) classifica os diversos tipos de
metais duros em 6 grandes grupos designados
pelas letras P; M; K; N; S e H. Existe ainda uma
subdivisão dentro de cada um desses grupos
usando números.
i. Grupo P – simbolizado pela cor azul
 Constituído de metais duros com elevado teor de
TiC + TaC;
 Possui elevada dureza a quente e resistência ao
desgaste;
Indicado para usinagem de aços.
ii. Grupo K – simbolizado pela cor vermelha, foi o
primeiro tipo de metal duro a ser desenvolvido
 é composto por carbonetos de tungstênio (WC)
aglomerado pelo cobalto (Co);
 Não resiste ao mecanismo que gera o desgaste
de cratera (difusão);
 Indicado para usinagem de materiais frágeis que
geram cavacos curtos como os ferros fundidos.
iii. Grupo M – simbolizado pela cor amarela
 é um grupo com propriedades intermediárias,
sendo destinado a ferramentas com aplicação
múltiplas;
 O principal material usinado por essa classe é o
aço inoxidável;
 Teores médios de WC e TiC + TaC.
iv. Classe N – simbolizado pela cor verde claro
 Derivada da classe K
 Material de referência: Ligas de alumínio
v. Classe S – simbolizado pela cor marrom claro
 Derivada da classe M
 Material de referência: Ligas resistentes ao calor
vi. Classe H – simbolizado pela cor azul aço claro
 Derivada da classe P
 Material de referência: Aços endurecidos
Características das classes de Metal Duro
P
M
K
T
E
N
A
C
I
D
A
D
E
Resistência
ao
desgaste
Características das classes de Metal Duro
Designação
ISO
WC
(%)
TiC + TaC
(%)
Co
(%)
Dureza
(HV)
Resistência a ruptura
transversal (kgf/mm2)
P01 30 64 6 1800 75
P50 70 14 16 1300 200
M10 84 10 6 1650 140
M40 78 7 15 1300 200
K10 92 2 6 1650 150
K40 89 2 9 1450 190
6.4.5. Metais duro revestidos
A operação de tornear uma barra de aço ( = 100
mm x l = 500 mm), durava em média 100 min no
início do século - material de ferramenta aço-
carbono endurecido. Quando o aço rápido foi
introduzido o tempo foi reduzido para algo em
torno de 26 min e com as primeiras ferramentas de
metal duro a mesma operação levou só 6 min.
Usando as modernas pastilhas com cobertura, a
tarefa levou menos de 1 minuto.
Características:
i. Substrato tenaz com revestimento duro (TiC, TiN,
Ti(C,N), Al2O3, etc.) - combinando-se assim uma alta
resistência a choques com alta resistência a desgaste
(maior vida de ferramenta e menores esforços de corte);
ii. É freqüente a deposição de várias camadas;
iii. Processos de revestimento - CVD (chemical vapour
deposition) e PVD (physical vapour deposition);
iv. Exigências aos revestimentos
 Espessura regular da camada sobre a face e flancos;
 Composição química definida;
 Possibilidade de fabricação em grandes lotes.
Principais tipos de revestimentos:
 Carboneto de Titânio (TiC);
 Nitreto de titânio (TiN)
 Carbonitreto de titânio (TiCN);
 Óxido de Alumínio (Al2O3).
Esses revestimentos podem ser aplicados em 1, 2
e até 3 camadas. Geralmente a primeira camada,
logo acima do núcleo, é de TiC ou TaC, que
algumas vezes é a única camada.
As principais características de cada uma dessas
camadas são:
i. Carboneto de titânio (TiC) e Carbonitreto de
titânio (TiCN)
 Excelente resistência ao desgaste por abrasão;
 Promove a adesão das camadas de cobertura
com o metal duro;
 Dureza da ordem de 3000 HV;
 Baixa adesão com o material da peça;
 Espessura da camada é de 4 a 8 m.
ii. Óxido de alumínio (Al2O3)
 Excelente estabilidade térmica (material
refratário);
 Excelente estabilidade química;
 Principal responsável pela baixa tendência ao
desgaste de cratera;
 Espessura da camada superior a 5 m;
 Apresenta baixa resistência ao choque térmico e
mecânico.
iii. Nitreto de titânio (TiN)
 Reduz o coeficiente de atrito entre a pastilha e o
cavaco;
 É quimicamente mais estável que o TiC, ou seja
tem menor tendência à difusão com aços;
 Espessura da camada: 5 a 7µm.
Espessuras totais das camadas: 2 a 12µm.
↑ espessura - ↑ resistência ao desgaste -
↓tenacidade (lascamento das arestas de corte)
iv. Coberturas de diamante sintético policristalino
 Altíssima dureza;
 Baixa coeficiente de atrito;
 Alta condutibilidade térmica;
 Alta estabilidade química;
 Usinagem de não ferrosos e não metálicos.
Recentes desenvolvimento na cobertura de
metais duros.
i. Coberturas de nitreto de titânio-alumínio (TiAlN)
ou nitreto de alumínio-titânio (AlTiN)
 Maior resistência a oxidação;
 Baixa condutividade térmica;
 Alta dureza a frio e a quente;
 Alta estabilidade química.
5.4.6. Áreas de aplicação dos Metais Duros
 Ferramentas para quase todas as operações de
usinagem (sob a forma de insertos);
 Brocas helicoidais;
 Brocas para furação profunda;
 Fresas de topo;
 Brochas;
 Alargadores;
5.5. Cermets
São materiais para ferramentas de corte que
contêm uma fase cerâmica e uma fase metálica.
Possuem uma estrutura semelhante ao metal
duro, pois são feitos de partículas duras (TiN; TiCN
+ Ta, W e algumas vezes Mo) ligadas por um
aglomerante (Co; Ni).
Possuem estabilidade química, tenacidade e
resistência ao desgaste intermediária entre o metal
duro e os materiais cerâmicos. Mas conseguem
manter uma tenacidade comparável aos metais
duros.
Outras propriedades dos cermets são:
 Resistência à oxidação;
 Resistência à formação da APC;
 Alta resistência a deformação plástica.
Suas principais aplicação são:
 Torneamento e fresamento leve, principalmente
sem refrigeração de aços não temperados e de
aços inoxidáveis;
 Fresamento em acabamento e semi-acabamento
de aços para moldes e matrizes com dureza de até
50 HRc.
5.6. Materiais cerâmicos
Principais propriedades das ferramentas de corte
cerâmicas.
 Alta dureza a quente e a frio;
 Alta estabilidade química (altas temperaturas);
 Alta resistência ao desgaste;
 Capacidade de usinagem em altíssimas
velocidades de corte (2000 m/min);
 Baixa condutividade térmica;
 Baixa tenacidade;
 Alto custo;
 Limitações na aplicação devido ao
comportamento frágil;
 Indispensável em áreas como fabricação de
discos de freio.
5.6.1. Classificação das ferramentas cerâmicas
Existem dois tipos de cerâmicas utilizadas em
usinagem.
i. A base de óxido de alumínio (Al2O3)
 Puras - cerâmicas constituídas somente de
óxidos. Podem ser a alumina pura, constituída de
finos grãos de Al2O3, MgO, óxidos de cromo, titânio
e níquel ou óxido de zircônia.
 Misturadas ou mistas - Cerâmicas que contém
adição de cerca de 20 a 40% de nitreto de titânio
(TiN) e carboneto de titânio (TiC);
 Reforçadas - Cerâmicas que contém inclusões
de fibras monocristalinas de SiC (chamadas de
“whiskers”) em uma matriz cerâmica (Al2O3).
ii. A base de nitreto de silício (Si3N4).
São cristais de Si3N4 com uma fase intergranular
de SiO2, que são sinterizados na presença de
alumina (SIALON) e/ou óxido de ítrio (Y2O3) e óxido
magnésio (MgO).
Material da
Ferramenta
Tenacidade
Dureza a
quente
Resistência
ao choque
térmico
Estabilidade
química (Fe)
Estabilidade
química (Ni)
Cerâmica
Pura
2 2 1 5 5
Cerâmica
Mista
1 3 2 4 4
Cerâmica
com
Whiskers
4 3 3 2 3
Sialon 3 5 4 1 2
Metal duro 5 1 5 3 1
5.6.2. Aplicações das ferramentas de corte
cerâmica
i. Usinagem de ferro fundido;
ii. Usinagem de aço endurecido;
iii. Usinagem de ligas de titânio e níquel resistente
ao calor.
5.7. Nitreto de Boro Cúbico (CBN)
Trata-se de um material sintético, obtido através
de um processo com pressões de 5000 a 9000 MPa
e temperatura de 1500°C a 1900°C, na presença de
um catalizador, em geral o lítio.
Plaquetas de CBN são produzidas de forma
análoga ao PCD, ou seja uma camada de 0,5 mm de
espessura de CBN é sinterizada com uma fase
ligante e, posteriormente, é fixada sobre um
substrato de metal duro.
O CBN é mais estável que o diamante, podendo,
portanto, usinar ligas ferrosas sem o problema do
desgaste por difusão.
5.7.1. Principais propriedades do CBN
Suas vantagens:
 Estabilidade química (maior que o diamante).
 Alta dureza (2 vezes mais dura do que a alumina,
menor que o PCD).
 Alta resistência a abrasão.
 Boa tenacidade (2 vezes maior do que a da
alumina).
Suas desvantagens:
 Estabilidade química e térmica (menor que a
cerâmica).
 Alto custo (superior ao material cerâmico,
inferior ao diamante).
 Principal Aplicação do Nitreto de Boro Cúbico
(CBN).
 Usinagens de aços endurecidos (cavaco curto),
aços rápidos e aços ferramentas.
5.7.2. Cuidados na aplicação do CBN
 Não devem ser usados em materiais fáceis de
serem usinados por outros materiais;
 O sistema máquina-peça-ferramenta-dispositivo
de fixação deve ser o mais rígido possível;
 A geometria da ferramenta deve ser negativa ( =
-5o) para garantir a resistência ao choque,  = 5-9º e
o maior ângulo de posição possível, no mínimo 15º;
 A aresta de corte deve ser chanfrada (0,1 mm x
20 a 45o);
 Fluido de corte não deve ser usado.
5.7.3. Aplicações do CBN na industria
i. Usinagem de bloco de motor diesel -
mandrilhamento
 Material – fofo cinzento (200HB);
 Vc = 730 m/min; f = 0,2 mm/volta ; ap = 0,25mm;
 Resultado: CBN = 1475 peças por aresta
Cerâmica = 25 peças por aresta.
ii. Pinhão tratado termicamente – retificação em
acabamento
 Material – aço 5120 temperado e cementado (> 60
HRc);
 Vc = 110 - 150 m/min; f = 0,07 - 0,1 mm/volta ; ap
= 0,25mm;
 Resultado: 5 tornos foram suficientes para
substituir a produção de 10 retificadoras.
5.8. Diamante
Diamante natural (monocristalino).
Diamante artificial (policristalino) - PCD.
O diamante sintético policristalino é constituído
de partículas muito finas deste material, de
granulação definida para se obter o máximo de
homogeneidade e densidade .
A camada de PCD é produzida pela sinterização
das partículas de diamante com cobalto num
processo de alta pressão (6000 a 7000MPa) e
temperatura (1400°C a 2000°C).
A camada de, aproximadamente, 0,5 mm de
espessura é aplicada diretamente sobre uma
pastilha de metal duro ou é ligada ao metal duro
através de brasagem (plaquetas).
6.8.1. Principais propriedades do (PCD).
Suas vantagens:
 Alto valor de condutividade térmica (1 a 5 vezes a
do metal duro).
 Altíssimas dureza (3 vezes a da alumina e 4
vezes a do metal duro) e resistência a abrasão.
Tenacidade relativamente alta.
Suas desvantagens:
 Anisotropia.
 Reage com o ferro em temperaturas moderadas.
 Alto custo (20 a 30x. a do metal duro - ferramenta
simples).
 Principal Aplicação do Diamante Policristalino
(PCD).
- Usinagens de liga alumínio-silício.
5.8.2 Principal Aplicação do Diamante Policristalino
(PCD)
 Usinagens de liga alumínio-silício.
 Metais não ferrosos – ligas de cobre.
 Materiais não metálicos – plásticos abrasivos;
resinas reforçadas com fibra de carbono e de
vidro; cerãmicas, metais duros; madeira abrasiva;
pedras naturais e concreto.
5.8.3. Cuidados na aplicação do PCD
 O sistema máquina-ferramenta-peça-ferramenta-
dispositivo de fixação deve ser o mais rígido
possível;
 A geometria da ferramenta deve ser positiva;
 A aresta de corte deve ser chanfrada;
 Fluido de corte pode ser usado.
 Condições de corte em acabamento devem ser
usados.
 Evitar cortes interrompidos e choques.
5.9. Considerações gerais sobre ferramentas de
corte
5.9.1. Ferramentas inteiriças
São produzidas por fundição, forjamento, barras
laminadas ou por processos de metalurgia do pó.
Seus materiais incluem aços carbono e baixas
ligas, aços rápidos, ligas de cobalto fundidas e
metais duros.
Ferramentas de ponta arredondada permitem a
aplicação de grandes avanços, em peças de grande
diâmetro.
5.9.2. Ferramentas com insertos soldados
 Ferramentas de aresta única;
 Corpo de material de baixo custo;
 Parte cortante com material de corte de melhor
qualidade soldado ou montado sobre a base;
 Materiais cortantes usados: aços rápidos, metal
duro, cerâmica, diamante mono e policristalino e
nitreto de boro cúbico.
5.9.3. Ferramentas com insertos intercambiáveis
 Ferramentas mais largamente utilizadas em
operações de torneamento;
 Insertos de metal-duro predominam, mas
insertos de aços rápidos, cerâmicas, diamante e
CBN são também usados para muitas aplicações;
Sistema de identificação normalizado, com base
nas características mecânicas e geométricas dos
insertos.
5.9.4. Geometria dos insertos
i. Insertos com ângulo de saída negativo
 dobro de superfície de corte e maior resistência;
 avanço e profundidade de corte maiores;
 gera um aumento nas forças de corte;
 exigem maior potência e rigidez da máquina
ferramenta.
ii. Insertos com ângulo de saída positivo
 bons para trabalho em material mais dúctil,
quando baixas forças de corte são requeridas;
 usinagem de peças com paredes finas, de eixos
finos e compridos;
 torneamento interno em acabamento.
iii. Insertos positivo-negativos
 combinam a ação de corte dos positivos com a
resistência dos negativos;
 possuem gumes realçados;
 em insertos revestidos, são capazes de remover
material a altas velocidades e avanços, com
aumento do volume de cavacos;
 há diversos modelos, de diferentes fabricantes,
com diferentes formas de sulco.
5.9.5. Raio de ponta dos insertos
Determinado pela configuração da peça e pelos
requisitos de qualidade superficial.
i. Raios de ponta muito pequenos
 quinas fracas;
 quebra ou lascamento;
 melhor controle dos cavacos e menos ruídos
ii. Raios de ponta muito grandes
 ruídos ou vibrações (pequena espessura dos
cavacos e aumento Fp);
 O sistema máquina-peça-ferramenta-dispositivo
de fixação deve ter rigidez suficiente;
 Raio de ponta apropriado é um dos mais
importantes fatores relacionados ao acabamento
superficial;
De modo geral raios de ponta maiores produzem
melhores superfícies usinadas.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Cap. 5 - Usinagem.pdf

Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalicDesenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalicJho05
 
Aula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.ppt
Aula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.pptAula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.ppt
Aula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.pptOswaldo Gonzales
 
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.pptAula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.pptssuser56e4041
 
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]EngenheiroMarcio
 
Usinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdf
Usinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdfUsinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdf
Usinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdfAnna Carla Araujo
 
AÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.ppt
AÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.pptAÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.ppt
AÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.pptClayton Lima
 
Conformação mecânica - Forjamento
Conformação mecânica - ForjamentoConformação mecânica - Forjamento
Conformação mecânica - ForjamentoGabriel Sana
 
Apostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagemApostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagemMarcelo Borges
 
Apostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagemApostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagemmfojezler
 
Acesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagemAcesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagemOkutagawa
 
Materiais classificação
Materiais classificaçãoMateriais classificação
Materiais classificaçãoEdinhoguerra
 
Materiais classificação
Materiais classificaçãoMateriais classificação
Materiais classificaçãoEdinhoguerra
 
Materiais classificação
Materiais classificaçãoMateriais classificação
Materiais classificaçãoEdinhoguerra
 

Semelhante a Cap. 5 - Usinagem.pdf (20)

Classificação dos aços
Classificação dos açosClassificação dos aços
Classificação dos aços
 
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalicDesenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
 
Aula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.ppt
Aula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.pptAula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.ppt
Aula+2_MM_Aços+para+Construção+Mecânica.ppt
 
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.pptAula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
 
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
 
Usinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdf
Usinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdfUsinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdf
Usinagem_para_Engenharia_Resolucao_Exercicios - Cap05.pdf
 
AÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.ppt
AÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.pptAÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.ppt
AÇOS E SUAS LIGAS - APRESENTAÇÃO.ppt
 
Conformação mecânica - Forjamento
Conformação mecânica - ForjamentoConformação mecânica - Forjamento
Conformação mecânica - Forjamento
 
Apostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagemApostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagem
 
Apostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagemApostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagem
 
Apostila aço inox
Apostila aço inoxApostila aço inox
Apostila aço inox
 
Acesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagemAcesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagem
 
Aula6
Aula6Aula6
Aula6
 
Aços estruturais
Aços estruturaisAços estruturais
Aços estruturais
 
A c3 a7os_estruturais
A c3 a7os_estruturaisA c3 a7os_estruturais
A c3 a7os_estruturais
 
Materiais classificação
Materiais classificaçãoMateriais classificação
Materiais classificação
 
Materiais classificação
Materiais classificaçãoMateriais classificação
Materiais classificação
 
Materiais classificação
Materiais classificaçãoMateriais classificação
Materiais classificação
 
Materiais
Materiais Materiais
Materiais
 
05 eletrodo revestido
05   eletrodo revestido05   eletrodo revestido
05 eletrodo revestido
 

Cap. 5 - Usinagem.pdf

  • 1. 5. Materiais para ferramentas de corte 5.1. Introdução A figura abaixo apresenta as conseqüências para uma ferramenta de corte em usinagem.
  • 2. A seleção criteriosa do material da ferramenta de corte deve ser realizada ponderando os seguintes fatores:  Material a ser usinado;  Processo de usinagem;  Condições da máquina operatriz;  Forma e dimensões da ferramenta;  Custo do material da ferramenta;  Condições de usinagem;  Condições de operação.
  • 3. As principais características são:  Dureza a quente;  Resistência a abrasão;  Tenacidade;  Resistência a compressão;  Estabilidade química.
  • 4. 5.2. Classificação dos materiais para ferramenta Uma classificação baseada nas características químicas dos materiais para ferramentas de corte é apresentada abaixo:  Aços Ferramentas;  Aços rápidos;  Aços rápidos com cobertura;  Stellite;  Coronite (particulas finas de TiN + Matriz de Aço temperado);
  • 5.  Metal duro;  Metal duro com cobertura;  Cermets;  Material Cerâmico;  Nitreto de Boro Cúbico (CBN);  Diamante.
  • 6.
  • 7.
  • 8.
  • 9.
  • 10. 5.3. Aços rápidos Aço rápido (High Speed Steel - HSS), são aços ferramenta de alta liga de tungstênio, molibdênio, cromo, vanádio, cobalto e nióbio, e um apropriado tratamento térmico. O uso principal do aço rápido continua a ser na fabricação de várias ferramentas de corte: brocas, fresas, serras, bits de usinagem, discos para cortar engrenagens, etc.
  • 11. O aço rápido revolucionou a prática de usinagem na época, com um grande aumento na produtividade. As Vc puderam ser aumentadas em uma ordem de grandeza: de 3 a 5 m/min - aço carbono para 30 a 35 m/min - aços rápidos. Exatamente por isso, eles levaram este nome.
  • 12. 5.3.1. Características  Principais elementos constituintes (W, Mo, Co, V), elementos que conferem alta tenacidade às ferramentas.  Dureza de 60 a 67 HRC.  Resistem a temperatura de até aproximadamente 520 a 600°C.  Clássico 18 (%W) - 5 (%Cr) - 1 (%V).
  • 13.  Aço super rápido quando é adicionado Co. Tratamento térmico complexo.  Preço elevado, quando comparado aos aços de alto carbono.  É o mais tenaz dos materiais pra ferramenta de corte utilizado na industria.
  • 14. A estrutura metalográfica dos aços rápidos no estado temperado é martensita básica com carbonetos incrustados. Essa estrutura confere aos aços rápidos a sua dureza a quente. O tipo e o número de carbonetos duros que se formam são responsáveis pela resistência a abrasão. A tenacidade do aço rápido depende dos elementos de liga e do grau de dissolução desses.
  • 15. 5.3.2. Classificação dos aços rápidos Existem duas classificações que são (AISI e SAE):  ao tungstênio: (grupo T);  ao molibdênio (grupo M). Os dois tipos possuem uma performance mais ou menos semelhante. Os do grupo M, entretanto, tem um custo inicial menor.
  • 16. Tipo de aço Classificação SAE C (%) Cr (%) V (%) W (%) Mo (%) Co (%) Tenacidade Resistência ao desgaste Dureza a quente W T2 0,85 4 2 18 2 8 8 W- Co T5 0,8 4 2 18 8 1 7 9 Mo M2 0,85 4 2 6 5 3 7 8 Mo- Co M34 0,85 4 2 2 8 8 1 8 9
  • 17. 5.3.3. Aços rápidos com cobertura A forma e dimensões de ferramentas como brocas, alguns tipos de fresas, machos, alargadores, brochas, cortadores de dentes de engrenagens e as condições de usinagem que as empregam, dificultam a aplicação de materiais de ferramentas como metal duro e cerâmicas. O principal desenvolvimento dessas ferramentas tem caminhado no da aplicação de uma cobertura (revestimento) de um material mais resistentes ao desgaste como: carboneto de titânio – TiC e nitreto de titânio – TiN.
  • 18. A camada de revestimento possui características como:  Dureza da ordem de 2000 a 2500 HV (697 HV = 60 HRc; 940 HV = 68 HRc);  Baixo coeficiente de atrito;  Redução sensível do caldeamento a frio (evita a APC);  Elevada ductilidade;  Maior estabilidade química;  Proteção térmica do substrato;  Espessura da ordem de 1 a 4 m;  Ótima aparência (dourada – TiN).
  • 19. A camada de revestimento pode ser aplicada nas ferramentas de metal duro por dois processos:  O CVD (Chemical Vapour Deposition) – início da década de 60 – a temperaturas da ordem de 1000 oC.  O PVD (Phisical Vapour Deposition) – 1980 – temperaturas da faixa de 450 a 500 oC.
  • 20. Ferramenta Tempo de corte (min) Comprimento usinado de vida (mm) Vc = 44 m/min Vc = 57 m/min Vc = 44 m/min Vc = 57 m/min Sem revestimento 62 32 8680 5760 TiN 136,5 83,5 19110 15030 Ti (C;N) 110,5 97 15470 17470
  • 21. 5.3.4. Áreas de aplicação dos aços-rápidos  Ferramentas para todas as operações de usinagem;  Ferramentas para desbaste e acabamento;  Machos e cossinetes de roscas;  Brocas helicoidais;  Alargadores;  Fresas de todos os tipos;  Ferramentas de plainar;  Escareadores;  Ferramentas para trabalho a frio;  Ferramentas para trabalho em madeira;  outras.
  • 22. 5.4. Metal Duro É o mais importante material pra ferramenta de corte utilizado na industria moderna. Esse sucesso deve-se a combinação de dureza a temperatura ambiente, dureza a quente, resistência ao desgaste e tenacidade. Essa combinação é possível de se obter pela variação da sua composição. Ele é um produto da metalurgia do pó. Produzido a partir de partículas finas (carbonetos), sinterizados com um ou mais metais (aglomerante).
  • 23. 5.4.1. Características  Desenvolvimento 1926 – Leipzig;  Material de ferramenta mais utilizado na indústria;  Indústria automobilística consome cerca de 50% das ferramentas de metal duro produzidas no mundo;  Resistem a temperatura de até aproximadamente 1000°C (mesma dureza que o aço rápido à temperatura ambiente);
  • 24.  Maiores Vc com relação as ligas fundidas, aços rápidos e aços ferramenta;  Aumento na vida útil na ordem de 200 a 400%; Composição típica: 81% W, 6% C e 13% Co – (WC- Co).
  • 25. Algumas razões do sucesso deste material:  Grande variedade de tipos de metal duro (adição de elementos de liga);  Propriedades adequadas às solicitações em diferentes condições;  Possibilidade de utilização de insertos intercambiáveis;  Estrutura homogênea (processo de fabricação);  Dureza elevada;
  • 26.  Resistência à compressão; Resistência ao desgaste a quente;  A princípio utilizado para a usinagem de materiais fundidos;  Anos 70 (século XX)- surgimento de metais duros revestidos;  Compromisso muito bom entre dureza a altas temperaturas e tenacidade;
  • 27.  Em ferramentas e corte são empregados na forma de insertos intercambiáveis, que podem ser soldados ou fixados mecanicamente.  Coeficiente de dilatação térmica do metal duro é a metade do aço.
  • 29. 5.4.3. Estrutura do Metal Duro  Carbonetos - fornecem dureza a quente e resistência ao desgaste (WC, TiC, TaC, NbC, etc.), as particulas variam de 1 a 10 m e ocupam de 60 a 95 % do material;  Ligante metálico - atua na ligação dos carbonetos frágeis (Co ou Ni) e é responsável pela tenacidade do metal duro;  Obtido por sinterização (ligante + carbonetos).
  • 30.
  • 31. 5.4.4. Classe e seleção de metais duros A norma ISO (International Organization for Standardization) classifica os diversos tipos de metais duros em 6 grandes grupos designados pelas letras P; M; K; N; S e H. Existe ainda uma subdivisão dentro de cada um desses grupos usando números. i. Grupo P – simbolizado pela cor azul  Constituído de metais duros com elevado teor de TiC + TaC;
  • 32.  Possui elevada dureza a quente e resistência ao desgaste; Indicado para usinagem de aços. ii. Grupo K – simbolizado pela cor vermelha, foi o primeiro tipo de metal duro a ser desenvolvido  é composto por carbonetos de tungstênio (WC) aglomerado pelo cobalto (Co);  Não resiste ao mecanismo que gera o desgaste de cratera (difusão);  Indicado para usinagem de materiais frágeis que geram cavacos curtos como os ferros fundidos.
  • 33. iii. Grupo M – simbolizado pela cor amarela  é um grupo com propriedades intermediárias, sendo destinado a ferramentas com aplicação múltiplas;  O principal material usinado por essa classe é o aço inoxidável;  Teores médios de WC e TiC + TaC.
  • 34. iv. Classe N – simbolizado pela cor verde claro  Derivada da classe K  Material de referência: Ligas de alumínio v. Classe S – simbolizado pela cor marrom claro  Derivada da classe M  Material de referência: Ligas resistentes ao calor
  • 35. vi. Classe H – simbolizado pela cor azul aço claro  Derivada da classe P  Material de referência: Aços endurecidos
  • 36. Características das classes de Metal Duro P M K T E N A C I D A D E Resistência ao desgaste
  • 38. Designação ISO WC (%) TiC + TaC (%) Co (%) Dureza (HV) Resistência a ruptura transversal (kgf/mm2) P01 30 64 6 1800 75 P50 70 14 16 1300 200 M10 84 10 6 1650 140 M40 78 7 15 1300 200 K10 92 2 6 1650 150 K40 89 2 9 1450 190
  • 39. 6.4.5. Metais duro revestidos A operação de tornear uma barra de aço ( = 100 mm x l = 500 mm), durava em média 100 min no início do século - material de ferramenta aço- carbono endurecido. Quando o aço rápido foi introduzido o tempo foi reduzido para algo em torno de 26 min e com as primeiras ferramentas de metal duro a mesma operação levou só 6 min. Usando as modernas pastilhas com cobertura, a tarefa levou menos de 1 minuto.
  • 40. Características: i. Substrato tenaz com revestimento duro (TiC, TiN, Ti(C,N), Al2O3, etc.) - combinando-se assim uma alta resistência a choques com alta resistência a desgaste (maior vida de ferramenta e menores esforços de corte); ii. É freqüente a deposição de várias camadas; iii. Processos de revestimento - CVD (chemical vapour deposition) e PVD (physical vapour deposition); iv. Exigências aos revestimentos  Espessura regular da camada sobre a face e flancos;  Composição química definida;  Possibilidade de fabricação em grandes lotes.
  • 41. Principais tipos de revestimentos:  Carboneto de Titânio (TiC);  Nitreto de titânio (TiN)  Carbonitreto de titânio (TiCN);  Óxido de Alumínio (Al2O3). Esses revestimentos podem ser aplicados em 1, 2 e até 3 camadas. Geralmente a primeira camada, logo acima do núcleo, é de TiC ou TaC, que algumas vezes é a única camada.
  • 42. As principais características de cada uma dessas camadas são: i. Carboneto de titânio (TiC) e Carbonitreto de titânio (TiCN)  Excelente resistência ao desgaste por abrasão;  Promove a adesão das camadas de cobertura com o metal duro;  Dureza da ordem de 3000 HV;  Baixa adesão com o material da peça;  Espessura da camada é de 4 a 8 m.
  • 43. ii. Óxido de alumínio (Al2O3)  Excelente estabilidade térmica (material refratário);  Excelente estabilidade química;  Principal responsável pela baixa tendência ao desgaste de cratera;  Espessura da camada superior a 5 m;  Apresenta baixa resistência ao choque térmico e mecânico.
  • 44. iii. Nitreto de titânio (TiN)  Reduz o coeficiente de atrito entre a pastilha e o cavaco;  É quimicamente mais estável que o TiC, ou seja tem menor tendência à difusão com aços;  Espessura da camada: 5 a 7µm. Espessuras totais das camadas: 2 a 12µm. ↑ espessura - ↑ resistência ao desgaste - ↓tenacidade (lascamento das arestas de corte)
  • 45. iv. Coberturas de diamante sintético policristalino  Altíssima dureza;  Baixa coeficiente de atrito;  Alta condutibilidade térmica;  Alta estabilidade química;  Usinagem de não ferrosos e não metálicos.
  • 46. Recentes desenvolvimento na cobertura de metais duros. i. Coberturas de nitreto de titânio-alumínio (TiAlN) ou nitreto de alumínio-titânio (AlTiN)  Maior resistência a oxidação;  Baixa condutividade térmica;  Alta dureza a frio e a quente;  Alta estabilidade química.
  • 47. 5.4.6. Áreas de aplicação dos Metais Duros  Ferramentas para quase todas as operações de usinagem (sob a forma de insertos);  Brocas helicoidais;  Brocas para furação profunda;  Fresas de topo;  Brochas;  Alargadores;
  • 48. 5.5. Cermets São materiais para ferramentas de corte que contêm uma fase cerâmica e uma fase metálica. Possuem uma estrutura semelhante ao metal duro, pois são feitos de partículas duras (TiN; TiCN + Ta, W e algumas vezes Mo) ligadas por um aglomerante (Co; Ni). Possuem estabilidade química, tenacidade e resistência ao desgaste intermediária entre o metal duro e os materiais cerâmicos. Mas conseguem manter uma tenacidade comparável aos metais duros.
  • 49. Outras propriedades dos cermets são:  Resistência à oxidação;  Resistência à formação da APC;  Alta resistência a deformação plástica. Suas principais aplicação são:  Torneamento e fresamento leve, principalmente sem refrigeração de aços não temperados e de aços inoxidáveis;  Fresamento em acabamento e semi-acabamento de aços para moldes e matrizes com dureza de até 50 HRc.
  • 51. Principais propriedades das ferramentas de corte cerâmicas.  Alta dureza a quente e a frio;  Alta estabilidade química (altas temperaturas);  Alta resistência ao desgaste;  Capacidade de usinagem em altíssimas velocidades de corte (2000 m/min);  Baixa condutividade térmica;  Baixa tenacidade;  Alto custo;  Limitações na aplicação devido ao comportamento frágil;  Indispensável em áreas como fabricação de discos de freio.
  • 52. 5.6.1. Classificação das ferramentas cerâmicas Existem dois tipos de cerâmicas utilizadas em usinagem. i. A base de óxido de alumínio (Al2O3)  Puras - cerâmicas constituídas somente de óxidos. Podem ser a alumina pura, constituída de finos grãos de Al2O3, MgO, óxidos de cromo, titânio e níquel ou óxido de zircônia.
  • 53.  Misturadas ou mistas - Cerâmicas que contém adição de cerca de 20 a 40% de nitreto de titânio (TiN) e carboneto de titânio (TiC);  Reforçadas - Cerâmicas que contém inclusões de fibras monocristalinas de SiC (chamadas de “whiskers”) em uma matriz cerâmica (Al2O3). ii. A base de nitreto de silício (Si3N4). São cristais de Si3N4 com uma fase intergranular de SiO2, que são sinterizados na presença de alumina (SIALON) e/ou óxido de ítrio (Y2O3) e óxido magnésio (MgO).
  • 54. Material da Ferramenta Tenacidade Dureza a quente Resistência ao choque térmico Estabilidade química (Fe) Estabilidade química (Ni) Cerâmica Pura 2 2 1 5 5 Cerâmica Mista 1 3 2 4 4 Cerâmica com Whiskers 4 3 3 2 3 Sialon 3 5 4 1 2 Metal duro 5 1 5 3 1
  • 55. 5.6.2. Aplicações das ferramentas de corte cerâmica i. Usinagem de ferro fundido; ii. Usinagem de aço endurecido; iii. Usinagem de ligas de titânio e níquel resistente ao calor.
  • 56. 5.7. Nitreto de Boro Cúbico (CBN)
  • 57. Trata-se de um material sintético, obtido através de um processo com pressões de 5000 a 9000 MPa e temperatura de 1500°C a 1900°C, na presença de um catalizador, em geral o lítio. Plaquetas de CBN são produzidas de forma análoga ao PCD, ou seja uma camada de 0,5 mm de espessura de CBN é sinterizada com uma fase ligante e, posteriormente, é fixada sobre um substrato de metal duro. O CBN é mais estável que o diamante, podendo, portanto, usinar ligas ferrosas sem o problema do desgaste por difusão.
  • 58. 5.7.1. Principais propriedades do CBN Suas vantagens:  Estabilidade química (maior que o diamante).  Alta dureza (2 vezes mais dura do que a alumina, menor que o PCD).  Alta resistência a abrasão.  Boa tenacidade (2 vezes maior do que a da alumina).
  • 59. Suas desvantagens:  Estabilidade química e térmica (menor que a cerâmica).  Alto custo (superior ao material cerâmico, inferior ao diamante).  Principal Aplicação do Nitreto de Boro Cúbico (CBN).  Usinagens de aços endurecidos (cavaco curto), aços rápidos e aços ferramentas.
  • 60. 5.7.2. Cuidados na aplicação do CBN  Não devem ser usados em materiais fáceis de serem usinados por outros materiais;  O sistema máquina-peça-ferramenta-dispositivo de fixação deve ser o mais rígido possível;  A geometria da ferramenta deve ser negativa ( = -5o) para garantir a resistência ao choque,  = 5-9º e o maior ângulo de posição possível, no mínimo 15º;  A aresta de corte deve ser chanfrada (0,1 mm x 20 a 45o);  Fluido de corte não deve ser usado.
  • 61. 5.7.3. Aplicações do CBN na industria i. Usinagem de bloco de motor diesel - mandrilhamento  Material – fofo cinzento (200HB);  Vc = 730 m/min; f = 0,2 mm/volta ; ap = 0,25mm;  Resultado: CBN = 1475 peças por aresta Cerâmica = 25 peças por aresta.
  • 62. ii. Pinhão tratado termicamente – retificação em acabamento  Material – aço 5120 temperado e cementado (> 60 HRc);  Vc = 110 - 150 m/min; f = 0,07 - 0,1 mm/volta ; ap = 0,25mm;  Resultado: 5 tornos foram suficientes para substituir a produção de 10 retificadoras.
  • 64. Diamante natural (monocristalino). Diamante artificial (policristalino) - PCD. O diamante sintético policristalino é constituído de partículas muito finas deste material, de granulação definida para se obter o máximo de homogeneidade e densidade . A camada de PCD é produzida pela sinterização das partículas de diamante com cobalto num processo de alta pressão (6000 a 7000MPa) e temperatura (1400°C a 2000°C).
  • 65. A camada de, aproximadamente, 0,5 mm de espessura é aplicada diretamente sobre uma pastilha de metal duro ou é ligada ao metal duro através de brasagem (plaquetas). 6.8.1. Principais propriedades do (PCD). Suas vantagens:  Alto valor de condutividade térmica (1 a 5 vezes a do metal duro).  Altíssimas dureza (3 vezes a da alumina e 4 vezes a do metal duro) e resistência a abrasão. Tenacidade relativamente alta.
  • 66. Suas desvantagens:  Anisotropia.  Reage com o ferro em temperaturas moderadas.  Alto custo (20 a 30x. a do metal duro - ferramenta simples).  Principal Aplicação do Diamante Policristalino (PCD). - Usinagens de liga alumínio-silício.
  • 67. 5.8.2 Principal Aplicação do Diamante Policristalino (PCD)  Usinagens de liga alumínio-silício.  Metais não ferrosos – ligas de cobre.  Materiais não metálicos – plásticos abrasivos; resinas reforçadas com fibra de carbono e de vidro; cerãmicas, metais duros; madeira abrasiva; pedras naturais e concreto.
  • 68. 5.8.3. Cuidados na aplicação do PCD  O sistema máquina-ferramenta-peça-ferramenta- dispositivo de fixação deve ser o mais rígido possível;  A geometria da ferramenta deve ser positiva;  A aresta de corte deve ser chanfrada;  Fluido de corte pode ser usado.  Condições de corte em acabamento devem ser usados.  Evitar cortes interrompidos e choques.
  • 69. 5.9. Considerações gerais sobre ferramentas de corte
  • 70. 5.9.1. Ferramentas inteiriças São produzidas por fundição, forjamento, barras laminadas ou por processos de metalurgia do pó. Seus materiais incluem aços carbono e baixas ligas, aços rápidos, ligas de cobalto fundidas e metais duros. Ferramentas de ponta arredondada permitem a aplicação de grandes avanços, em peças de grande diâmetro.
  • 71. 5.9.2. Ferramentas com insertos soldados  Ferramentas de aresta única;  Corpo de material de baixo custo;  Parte cortante com material de corte de melhor qualidade soldado ou montado sobre a base;  Materiais cortantes usados: aços rápidos, metal duro, cerâmica, diamante mono e policristalino e nitreto de boro cúbico.
  • 72. 5.9.3. Ferramentas com insertos intercambiáveis  Ferramentas mais largamente utilizadas em operações de torneamento;  Insertos de metal-duro predominam, mas insertos de aços rápidos, cerâmicas, diamante e CBN são também usados para muitas aplicações; Sistema de identificação normalizado, com base nas características mecânicas e geométricas dos insertos.
  • 73.
  • 74.
  • 75. 5.9.4. Geometria dos insertos i. Insertos com ângulo de saída negativo  dobro de superfície de corte e maior resistência;  avanço e profundidade de corte maiores;  gera um aumento nas forças de corte;  exigem maior potência e rigidez da máquina ferramenta.
  • 76. ii. Insertos com ângulo de saída positivo  bons para trabalho em material mais dúctil, quando baixas forças de corte são requeridas;  usinagem de peças com paredes finas, de eixos finos e compridos;  torneamento interno em acabamento.
  • 77. iii. Insertos positivo-negativos  combinam a ação de corte dos positivos com a resistência dos negativos;  possuem gumes realçados;  em insertos revestidos, são capazes de remover material a altas velocidades e avanços, com aumento do volume de cavacos;  há diversos modelos, de diferentes fabricantes, com diferentes formas de sulco.
  • 78. 5.9.5. Raio de ponta dos insertos Determinado pela configuração da peça e pelos requisitos de qualidade superficial. i. Raios de ponta muito pequenos  quinas fracas;  quebra ou lascamento;  melhor controle dos cavacos e menos ruídos
  • 79. ii. Raios de ponta muito grandes  ruídos ou vibrações (pequena espessura dos cavacos e aumento Fp);  O sistema máquina-peça-ferramenta-dispositivo de fixação deve ter rigidez suficiente;  Raio de ponta apropriado é um dos mais importantes fatores relacionados ao acabamento superficial; De modo geral raios de ponta maiores produzem melhores superfícies usinadas.