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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing
Módulo 1A
Revitalização no Barro Preto: uma questão de segurança para o
desenvolvimento local.
Estudo de caso interdisciplinar apresentado aos professores do
Módulo 1ª do Curso Superior de Tecnologia em Gestão
Comercial, Gestão Pública e Marketing para análise e avaliação.
Orientador (a): Danielle Pedretti Morais Lima
NOMES DOS ALUNOS:
BARBOSA, Juliana de Oliveira
FERREIRA, Thiago Araújo
GONÇALVES, Regiane Santos
MIRANDA, Cinara Lisboa
NOVAIS, Aline Lucindo Santos
OLIVEIRA, Débora Damasceno
SILVA, Isabela Almeida
Belo Horizonte / MG
1º semestre / 2015
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing
Módulo 1A
Revitalização no Barro Preto: uma questão de segurança para o
desenvolvimento local.
Belo Horizonte / MG
1º semestre / 2015
RESUMO
O presente projeto de pesquisa tem como objetivo, através do estudo de caso, analisar como as
políticas de revitalização no Barro Preto podem impulsionar o desenvolvimento local. Utilizando-se
para isso a metodologia de Design Thinking, por pesquisa de campo qualitativa, onde o parecer dos
atores sociais à cerca do tema-problema e da pergunta norteadora, sob o enfoque da segurança
pública, abrem precedente para a revitalização e desenvolvimento local na região.
Palavras chave: Design Thinking, Segurança; Desenvolvimento Local; Revitalização urbana;
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................................5
1.1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................6
1.2 METODOLOGIA.............................................................................................................................7
1.3 INTERDISCIPLINARIDADE..............................................................................................................9
1.4 VIVENCIA DOS ALUNOS...............................................................................................................10
2. DESENVOLVIMENTO...............................................................................................................11
2.1 PLANEJAMENTO .........................................................................................................................11
2.2 RESULTADOS ..............................................................................................................................13
2.3 UTILIZAÇÃO DOS DADOS ............................................................................................................19
3. IDEAÇÃO.....................................................................................................................................20
3.1 LISTA DE IDÉIAS .........................................................................................................................21
3.1.1 Ideias malucas.....................................................................................................................21
3.1.2 Ideias voo raso....................................................................................................................22
3.1.3 Ideias pé no chão ...............................................................................................................22
3.2 IDEIAS SELECIONADAS ...............................................................................................................23
3.2.1 Maluca: ..............................................................................................................................23
3.2.2 Voo raso: ............................................................................................................................24
3.2.3 Pé no chão: ........................................................................................................................24
4. PROTOTIPAGEM.......................................................................................................................25
4.1 PROTOTIPO .................................................................................................................................25
4.1.1 Descrição dos materiais ulizados ......................................................................................25
4.1.2 Detalhamento da proposta..................................................................................................26
4. 2 PROTOTIPO SELECIONADO..........................................................................................................29
5. IMPACTOS, EVOLUÇÃO E ANÁLISE .................................................................................. 32
5.1 AVALIAÇÃO DA SOLUÇÃO ...........................................................................................................33
5.2 RISCOS DA PROPOSTA .................................................................................................................34
5.3 DIFERENCIAL .............................................................................................................................35
5.4 PERSPECTIVAS FUTURAS ............................................................................................................36
6. CONCLUSÃO ..............................................................................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................38
APÊNDICES.....................................................................................................................................39
ANEXOS...........................................................................................................................................62
5
1. INTRODUÇÃO
O Desenvolvimento local visa promover melhorias nas condições de vida da sociedade de
um determinado lugar, tais como: a inclusão, mobilização social, diversificação da economia local,
inovação da gestão pública, uso consciente dos recursos naturais, dentre outros. Para que o mesmo
ocorra é necessário que tenha a participação da sociedade não só como beneficiário, mas também
como agente ativo em tais mudanças, ou seja, a sociedade identifica a necessidade e o Estado,
planeja e cria estratégias, estabelece as mudanças e consequentemente todos usufruem de tais
melhorias. Reforçando-se assim o conceito de desenvolvimento local amparado por três pilares:
Estado, Mercado e Participação Social, sustentando e impulsionando em sua esfera individual e
coletiva.
O presente trabalho tem como objetivo abordar o tema Desenvolvimento local, mais
precisamente desenvolver ações de revitalização que promovam o desenvolvimento social,
econômico e ambiental da região do Barro Preto, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
A escolha do Barro Preto se justifica pela importância da região para a cidade e também por
ser onde a comunidade acadêmica, e por ventura os estudantes responsáveis pelo trabalho, se
encontram. Assim sendo, leva-se em consideração o fato de que os indivíduos são, ao mesmo
tempo, agente e beneficiário, nada mais condizente que estar junto deles para compreender e propor
ações dentro do processo. Entende-se que, para promover o desenvolvimento de um determinado
local e assegurar a qualidade de vida da população é necessário buscar melhorias socioeconômicas,
incentivando a participação ativa da sociedade e valorizando os recursos locais, visando estimular o
que já existe de positivo e implantar melhorias nos pontos mais precários, mantendo uma estrutura
que sustente a economia local e supra as necessidades da mesma.
Ao voltar o olhar para a revitalização, ou como preferem propor alguns autores,
requalificação urbana, buscam-se valer de todos esses fatores que englobam o capital social do
ponto de vista sociológico, como elementos que legitimem o processo de revitalização e não apenas
pontos a serem observados sem maior importância. Portanto a revitalização remete-se à condição de
aspecto transformador e impulsionador do desenvolvimento de toda região.
No contexto desta pesquisa, a percepção à cerca do desenvolvimento local, sob a ótica da
segurança e através da abordagem e interrogação dos agentes sociais como a os comerciantes locais,
6
serão os norteadores de propostas que estabeleçam ações de promoção e mudanças na região para a
revitalização do bairro. Através do encontro com os agentes sociais, busca-se não só compreender
os recursos e as possibilidades, mas a imersão no universo vivido por eles a fim de que, com isso,
possa-se estabelecer interação, sustentando e compreendendo, como as políticas de revitalização no
Barro Preto podem ser impulsionadoras de desenvolvimento local?
1.1 Referencial Teórico
Muitos autores tratam o desenvolvimento local como uma esfera do desenvolvimento
econômico e humano, no entanto, observa-se sob esta ótica, a necessidade de entender que,
conforme diz Oliveira (2001) é a satisfação de um conjunto de requisitos de bem-estar e qualidade
de vida.
Ao abordar sobre a temática de desenvolvimento local, é preciso não só compreender seu
conceito, mas entender que é necessário planejar, criar estratégias e propor uma mudança cultural
que estabeleça conexões que possam compartilhar não só as iniciativas individuais, mas também a
inovação e o empreendedorismo comunitário. E, mais importante que compreender o conceito, é
colocá-lo em prática, isso claro, deve ter como prioridade a análise de todos os preceitos que
envolvem o homem e a sociedade em que ele está inserido, levando em consideração os fatores
históricos e culturais que compõem o chamado Capital Social (Martins, 2002, Tabosa et al; 2010).
Conforme salienta Martins (2001, p.53):
É importante visualizar a participação enquanto resultado do processo de construção social,
portanto sujeito a fatores históricos e culturais. Neste sentido, a participação parece manter
uma relação direta com a capacidade individual ou coletiva de interagir, cooperar, associar-
se e confiar, isto é, com o chamado capital social.
Abordar a questão do capital social é demasiadamente importante quando trata-se de
desenvolvimento local. No contexto que contemple a revitalização como política de impulsão deste
desenvolvimento, entende-se, conforme Priemus (2007) que, à luz da administração e da
revitalização de bairros urbanos, o capital social pode ser considerado uma noção crucial. Para
compreender a convergência do desenvolvimento local e das políticas de revitalização e como elas
compõem o capital social, é necessário compreender o conceito do ponto de vista sociológico.
7
Dizer-se de um capital que ele é social presta-se a mais do que uma acepção: de posse, ou
propriedade, da qual não apenas os indivíduos mas a sociedade é detentora; ou de autoria,
sendo ele um bem advindo da sociedade, ou ainda sendo ela quem o faz ativo e produtivo;
ou de usufruto, revertendo à sociedade e ao seu proveito os benefícios gerados por esse
capital. (SOARES, et al., 2010, p.6)
Santos (1999) diz que, o espaço se redefine a todo o momento, logo, a revitalização não é
algo que se dá de uma só vez, ou em apenas dado momento, ela acontece de forma cíclica e perene.
E, portanto, não sendo algo estático, faz-se necessário que esse dinamismo seja transportado para os
atores sociais e suas particularidades. Ainda segundo Santos (1999), o processo de revitalização
deve apresentar um enfoque que introduz como fator decisivo o reconhecimento das
particularidades de cada território, dos grupos sociais que aí vivem e trabalham das iniciativas de
negociação que, reconhecendo a pluralidade de interesses e os conflitos presentes, apontem para
novas construções do que se entende por interesse comum.
Assim, o conceito de desenvolvimento local e capital social trazem o entendimento para
contextualizar a revitalização urbana, que tem como objetivo, conforme Priemus & Kleinhans
(2007), não apenas melhorar a qualidade física das moradias e o ambiente habitacional nos bairros
urbanos, mas também melhorar a atmosfera social. Partindo desse pressuposto, estar junto aos
atores sociais, no caso dessa pesquisa, junto aos comerciantes locais, a fim de compreender de
forma individual para a concepção dentro da esfera coletiva, tendo as estratégias de revitalização
como premissa para o desenvolvimento local e humano (Martins, 2002).
1.2 Metodologia
Para elucidar esse trabalho a metodologia do Design Thinking será aplicada sob cinco fases
dentro do processo: Descoberta, investigação, ideação, prototipagem e evolução. Para isso, faz-se
necessário entender o conceito de Desing Thinking que, conforme Godinho (2010) é essencialmente
um processo de inovação centrada nos aspectos humanos, com métodos como observação, co-
criação, etnografia, prototipagem, dentre outros que buscam incitar a inovação e delinear estratégias
empresariais.
O Desing Thinking nos oferece a possibilidade, dentro da pesquisa, de estabelecer um
processo criativo e, ao mesmo tempo, intelectual, explorando as potencialidades de interação,
8
colaboração e inteligência, partindo do pressuposto que, mesmo que nem todas as pessoas possam
tomar decisões, todas têm papel contributivo para com o desenho de um novo contexto.
A partir de duas perguntas básicas – O quê? e Como? - a metodologia do Design Thinking
abre um leque de possibilidades quase que infinitas – vide figura abaixo – sendo, conforme
Caulliraux (2014), uma de suas premissas básicas: a co-criação.
Figura 1 ‘Design Thinking: O que e como?’ - Fonte: www.designculture.com.br
Sob o viés do Desing Thinking, a construção deste trabalho contará com a descoberta do
tema através do tema central e do tema problema, da definição do problema através das pesquisas
de campo, o desenvolvimento através da análise de dados, prototipagem e afins e a implementação,
ao final do processo, para torná-lo público. (Gonsales, 2014)
Dentro de cada etapa do processo haverá um detalhe em específico que norteará o estudo,
sendo na descoberta o estudo de caso, pesquisando a fundo a região do Barro Preto; para a definição
do problema será feita a pesquisa de campo com os agentes sociais, neste caso os comerciantes
locais que, dentre tantos fatores, tem sua relevância e importância por serem diretamente afetados
pela segurança que é preocupação latente de todos os agentes sociais da região, para tal será
realizada uma pesquisa tipo qualitativa e descritiva com aplicação de um questionário aberto; na
9
fase de Prototipagem a organização dos dados, das ideias e a idealização de uma solução; e, por fim,
a fase de implementação trará a público os resultados do estudo e, por conseguinte, sua proposta de
solução para o tema-problema. Desta forma, sob a perspectiva de Gonsales (2014), tem-se:
(...) O projeto tem como finalidade atuar no contexto exploratório do ambiente
institucionalizado centrado no ser humano e no entendimento das suas necessidades e
motivações reforçando o poder criativo e desafiador da temática através da utilização da
metodologia Design Thinking, na busca de soluções inovadoras e na crença fundamental de
que todos podem gerar mudanças, não importa quão grande é um problema, quão pouco
tempo temos disponível ou quão restrito é o nosso orçamento.
Assim, o importante na metodologia do Design Thinking para esta pesquisa é, sem dúvida,
mergulhar no questionamento do tema problema e, com isso, ir de encontro para soluções factíveis.
1.3 Interdisciplinaridade
Segundo o Barbosa (2009) a interdisciplinaridade é o processo de integração recíproca entre
várias disciplinas e campos de conhecimento e constitui uma associação de disciplinas, por conta de
um projeto ou de um objeto que lhes sejam comuns. Partindo deste pressuposto, a
interdisciplinaridade é, portanto, ferramenta de imensa valia nesta pesquisa, pois, conforme Cardoso
et al. (2008), propõe a partir de uma coordenação geral, a integração de objetivos, a troca, o diálogo,
o conhecimento conexo. Assim, todas as disciplinas desse módulo, contribuirão cada qual com seu
âmbito em específico, para o contexto geral.
Sendo o tema universal deste trabalho o desenvolvimento local, as disciplinas de
Administração de Marketing, Análise de Cenários Econômicos e Empreendedorismo contribuirão
de forma a entender os micro e macro ambiente, a economia local, bem como as potencialidades e
oportunidades de negócios que podem ser trabalhadas a fim de garantir que, dentro do processo de
revitalização sejam considerados todos os fatores mercadológicos, financeiros e econômicos, além
de estratégias e planos de negócio antecipando e analisando os fatores que possam impactar,
positiva e negativamente, transformando a região e seus agentes sociais.
Dentro da Análise e interpretação de dados, recolher, observar e apurar dados que
contribuam para a análise e compreensão do cenário de desenvolvimento local e revitalização da
região, pois, como explica Gil (1999), o objetivo dessa disciplina é organizar sistematicamente os
dados de forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema de investigação.
10
Por fim, sabendo que a leitura, a escrita e a oratória são mecanismos indispensáveis à
realização da pesquisa. A disciplina de Comunicação pautará não só como será o processo de
investigação, a condução das entrevistas e a produção dos textos para a pesquisa, também elucidará
de forma coerente o processo de desenvolvimento local e, por sua vez, o processo de revitalização
com os agentes sociais das diversas classes, bem como levá-los a público através da imprensa e
outras entidades.
1.4 Vivência dos alunos
Durante todo o processo do estudo de caso, o envolvimento e o engajamento dos estudantes
responsáveis pelo mesmo, permitiram que toda a experiência fosse vivida de forma a, antes de tudo,
agregar conhecimento a cerca não somente do âmbito acadêmico que englobam os cursos dos quais
os mesmos compõe o corpo discente, mas também sobre as questões sociais, econômicas e
estruturais que fazem parte do contexto do desenvolvimento local.
Ao estudar um caso e propor através dele soluções que possam promover os mais diversos
conceitos a fim de garantir, para o objeto do estudo, uma visão ampliada sobre seu universo, o
grupo pode exercitar noções humanísticas básicas como ouvir e compreender, através da pesquisa
de campo onde, ao juntar-se aos atores sociais, mergulhou-se em um mundo até então conhecido
superficialmente e, muitas vezes restrito apenas ao ambiente físico da faculdade. Ao utilizar-se dos
insights percebidos durante o dito processo, os alunos colocaram-se diante dos problemas dentro da
esfera do individual, mas que, no entanto, compõe o tema problema de forma coletiva e essa
imersão foi imprescindível para que todo o processo de brainstorm a fim de levantar as ideias que
comporiam futuramente as soluções proposta pelo grupo.
Da construção do protótipo da ideia selecionada, entrelaçando todos os grupos e
transformando-os em um grande grupo com uma ideia que visava a integração entre os vários atores
sociais e seus anseios convergidos em projetos que buscavam soluções conjuntas, a possibilidade de
trabalhar o projeto a várias mãos sem perder a identidade, muito menos o objetivo central ou se
afastar da pergunta norteadora, serviu além de tudo para compreender como as políticas de
revitalização garantem não só o desenvolvimento local, mas a convergência da comunidade em algo
vivo e altamente ativo.
11
Por fim, os alunos, ao postarem-se diante da solução do grande grupo, puderam constatar os
impactos e a evolução do mesmo, a ponto de avaliarem e analisarem como, dali pra frente, a
solução proposta, seus riscos, diferencias e as perspectivas futuras da mesma, podem responder à
pergunta norteadora de forma satisfatória e torna-se factível. Tudo isso os coloca também na
posição de agentes e beneficiários, já que a vivência dos mesmos foi fator determinante para o
prosseguimento do estudo e também de sua conclusão.
2. DESENVOLVIMENTO
Sabe-se então que, o desenvolvimento local, bem como a revitalização urbana, faz parte de
um todo e complexo contexto de capital social, e que: Mercado, Estado e Participação social são
pilares que sustentam o processo onde são, simultaneamente, agentes e beneficiários. Assim, a
busca por ouvir, contextualizar e compreender suas indagações e demandas se faz mister para que o
tema-problema seja explorado em toda a sua magnitude. Portanto, o objetivo desta pesquisa de
campo, é obter e analisar dados oriundos da comunidade, na finalidade de conhecer o que pensam
seus atores sociais sobre a segurança, a revitalização urbana e o desenvolvimento local.
A questão da segurança pública na região do Barro Preto é amplamente discutida por todas
as esferas que integram a comunidade no bairro e seu entorno. Silva (1963) conceitua como
segurança pública o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo ou de todo mal
que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade
de cada cidadão. A princípio, ouvir o setor responsável por garantir a segurança, neste caso a
PMMG, seria a proposta desta pesquisa, no entanto, em virtude de dificuldades de contato com os
responsáveis pelo efetivo policial, foi reformulado o relatório e, desde então, os comerciantes da
região são o foco do questionário qualitativo, aplicado no período entre 25 a 28 de abril de 2015.
2.1 Planejamento
O ambiente da pesquisa, a região do Barro Preto, um dos mais tradicionais bairros de Belo
Horizonte, criado por volta de 1913, é considerado o polo da moda, além disso, na região
concentram-se devido à presença do Fórum Lafayette – Tribunal de Justiça de Minas Gerais – uma
gama de escritórios de advocacia e serviços na área, ainda compõe a região consultórios médicos,
12
clínicas, laboratórios e hospitais e, como consequência, existe uma vasta variedade de lojas dos
mais diversos ramos, restaurantes, lanchonetes e serviços em geral que agregam o centro comercial
da região. Conforme dados da Associação Comercial do Barro Preto, a ASCOBAP (2011), circulam
diariamente pela região cerca de 300 mil pessoas e, de acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte
(PBH), um pouco mais de seis mil pessoas habitam o Barro Preto.
O foco dessa pesquisa são os comerciantes de forma ampla, logo, procura-se com isso o
olhar por diversas perspectivas a fim de que, os depoimentos sejam ricos em pareceres distintos
onde, para cada qual, o conceito de segurança apresenta-se de uma forma. É perceptível que, em
virtude dessa amplitude, obtém-se da fala dos atores sociais muito mais que apenas dados, e sim
anseios e propostas para melhoria da região e, por sua vez, a promoção do desenvolvimento local.
Foram entrevistados 06 comerciantes locais, entre 20 e 60 anos, de segmentos variados e de
pontos distintos da região, a principal preocupação consistiu em um aprofundamento e compreensão
das empresas que compuseram a amostra. A amostra não pretendeu ser estatisticamente
representativa por ter sido intencionalmente definida, limitando, portanto, as inferências sobre o
comportamento do universo empresarial.
Em sua maioria, os estabelecimentos encontram-se instalados em lojas comerciais nas ruas
mais movimentadas do bairro, como a Avenida Augusto de Lima e a Rua Araguari, tendo em média
mais de 3 anos de abertura do ponto, um deles, a Padaria Ki Pão, herdada do pai pelo Sr. Júlio
César, encontra-se em pleno funcionamento há mais de 40 anos, segundo o Sr. Júlio, com isso ele
pode acompanhar muitas transformações sofridas pela região ao longo dessas décadas, há também a
loja da rede de fastfoods Subway localizada próximo ao Centro Universitário UNA e a agência
bancária do Banco Bradesco, ponto de intenso movimento durante todo o dia e parte da noite, além
da Banca São Mateus, localizada quase em frente ao prédio principal do Tribunal Regional do
Trabalho (3ª Região) e também do tradicional Bar Garotinho, localizado a Rua Mato Grosso, quase
esquina com Goitacazes, ponto de encontro e happy hour.
A presente pesquisa enquadra-se também na tipologia de estudos de casos que foi um estudo
da região do Barro Preto. Conforme Gil (1994), o método do estudo de caso apresenta característica
de ser um estudo profundo e exaustivo, permitindo um conhecimento amplo e detalhado do mesmo.
Procurou-se ir de encontro aos atores sociais, logo, deu-se preferência para entrevistar não só
proprietários, mas funcionários que estejam na linha de frente dos estabelecimentos e, portanto,
podem acrescentar suas vivências e experiências pessoais na região. A coleta de dados deu-se
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através de entrevistas com base no questionário qualitativo composto de dezesseis perguntas
abertas, gravadas em áudio e documentadas através de fotos. Dos entrevistadores, ficou-se dividido
em duplas, onde um dos componentes dava prosseguimento à entrevista e o outro fazia os registros.
Pós a coleta dos dados através das entrevistas, fez-se a transcrição das mesmas a fim de organizar as
falas e, a partir delas, analisar, comparar, compreender e contextualizar as perspectivas à cerca da
segurança e da revitalização urbana na região.
2.2 Resultados
Desde seus primórdios, o Barro Preto foi considerado um bairro turbulento - embora
constituído em sua maioria por moradores de classes trabalhadoras – onde, bêbados, maus
elementos e frequentadores das zonas boêmias e dos cortiços da cidade eram frequentes, abrigou
inclusive a temível gangue chamada Moleques do Barro Preto. Talvez, por isso, a preocupação com
a segurança seja ainda nos dias de hoje, um assunto debatido com fervor e que preocupa toda a
comunidade.
Na esfera dos comerciantes, a preocupação com a segurança torna-se latente posto que, os
estabelecimentos na região são em grande parte comerciais e lidam, diariamente, com alto volume
de valores o que os torna alvo constantes de furtos e roubos. No que se refere à proteção no
Bairro percebe-se que a segurança proporcionada pela Polícia Militar de Minas Gerais vem sendo
realizada de forma efetiva, pode-se identificar isso através do comerciante 03 que reforça essa
situação:
(...) a gente não pode reclamar não, porque a polícia tem agido direitinho com a gente, sabe.
Eu vejo eles passando muito aí, eles passam toda hora, roda aquela sirene (...) eles tem
passado constantemente e, assim, em termos de policiamento, pelo menos aqui pra nós, não
tenho o que reclamar muito não, pelo menos eles têm passado (Pabliana de Souza, caixa da
lanchonete Subway, 2015).
14
Figura 02 ‘Entrevistas Subway’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
Em 83,3% dos estabelecimentos entrevistados na amostragem foi identificado algum tipo de
ocorrência, todas de natureza similar, como furto e roubo e que são recorrentes em toda a região. No
entanto, fica claro que o retorno por parte da PMMG costuma ser rápido, tão logo a mesma seja
acionada, porém, a necessidade de ter que se deslocar até o batalhão para dar prosseguimento ao
Boletim de Ocorrência (BO) torna o processo moroso, conforme afirma o comerciante 02:
(...) Quando a gente chama a polícia tem que ser feito um boletim de ocorrência, você tem
que ir à delegacia, tem que levar a pessoa que tá cometendo a infração, então o que
acontece é que você perde três, quatro horas lá, porque tem outros casos pra serem
resolvidos, então isso aí é uma demanda de tempo muito grande (Aldenir Alves, subgerente
da Fábrica de Terninhos, 2015).
15
Figura 03 ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015
Em todos os entrevistados percebe-se que, conforme já falado, a questão do policiamento
efetivo e do retorno da PMMG ocorre dentro das possibilidades da região. Ainda dentro desse
contexto, percebe-se também que o diálogo entre a polícia e os comerciantes se dá de forma
contumaz através do efetivo policial de rua, no entanto, existem reuniões realizadas na Câmara de
Dirigentes Lojistas (CDL), onde, ainda conforme o comerciante 02 nota-se:
(...) às vezes vai um coronel da polícia militar, então a gente passa pra eles os
acontecimentos novos, qual área tá boa, qual área ficou fraca em termos de segurança, e
eles logo dão resposta pra gente no dia seguinte (Aldenir Alves, subgerente da Fábrica de
Terninhos, 2015).
Situações como essa exemplificam como o diálogo entre os comerciantes e a PMMG se dá
de forma estreita e preocupada com a busca da solução, por vezes imediata, do problema. Nota-se,
porém, que mesmo com o diálogo estreito, todos os estabelecimentos contam com algum tipo de
sistema de segurança privado, como câmeras de circuito fechado, sistema de alarme e sensor de
presença, até mesmo sistema de monitoramento e segurança privados fornecidos por empresas
especializadas, no entanto, o recurso de câmeras é o mais usado e, sobre ele a comerciante Pabliana
de Souza ‘brinca’ e faz alusão ao programa televisivo ‘Big Brother’, exibido pela Rede Globo de
Televisão, (...) O trem aqui é melhor que o Big Brother, gente! (risos) Tem o recurso das câmeras e
tem o alarme que aciona direto a polícia, mas a gente não sabia até então.
16
Figura 04 ‘Entrevistas: o comércio’
Fonte: Arquivo do Grupo, 2015
Durante todo o processo de entrevistas, até mesmo durante o deslocamento dos
entrevistadores de um estabelecimento para o outro, observou-se sobre a questão dos moradores de
rua. É notório que a população de rua na região é grande e, a cada dia que passa, chegam mais e
mais moradores. Há uma concentração muito grande no entorno da Praça Raul Soares, Rua Mato
Grosso, Goitacazes e Avenida Augusto de Lima, normalmente durante o dia, eles transitam por toda
a região e, a noite, montam estruturas de papelão debaixo das marquises para passar a madrugada.
Questionados sobre os moradores de rua, os entrevistados tem opinião divergentes sobre ser um
problema de segurança ou um problema de inclusão social, fomenta essa disparidade as opiniões
dos entrevistados 01 e 05:
(...) Eu não vejo a inclusão social, porque não é inclusão social, é um problema de
segurança mesmo, porque o pessoal vem recolhe eles, leva pro abrigo, dá banho, troca de
roupa, dá comida, no outro dia tá aqui, eles voltam, então não é um problema social, eles
não querem, eles não querem é, ter um lugar pra ficar, um lugar pra dormir, porque lá tem
um regime, tem um sistema e eles na rua conseguem dinheiro aqui que tem muito
assalariado que não ganha, muitas pessoas de carteira assinada não ganha o que eles
ganham (...) (Júlio César, proprietário da Padaria Ki Pão, 2015).
17
(...) Não, isso ai é um problema social, em todos os países existe isso ai, é um problema
social. Aqui mesmo toda noite dorme oito pessoas por ai. - O levantamento da prefeitura se
não me engano, são 1800 moradores de rua, certo. Tem albergue. Até estava outro dia
olhando no jornal, uma matéria sobre isso, mas tem muitos moradores de rua que não, eles
só vão tomam banho, comem e volta pra rua de novo. Eles se sentem mais seguros na rua
do que no albergue. Então isso ai é problema social, não é só aqui no Brasil não (Sixto
Daniel, gerente da Banca São Mateus, 2015).
Figura 05 – ‘Entrevistas: Shopping Barro Preto’
Fonte: Arquivo do Grupo, 2015
Nota-se, contudo, que a concepção à cerca dos moradores de rua, embora existam abrigos
que recolham e proporcionem assistência a esses moradores, muitos deles preferem permanecer nas
ruas, até mesmo em virtude das regras e de uma suposta falta de segurança desses locais e isso é
senso comum entre os entrevistados. Ainda sobre a questão dos moradores, os comerciantes
afirmam que o problema em sua maioria é a abordagem dos clientes, pequenos furtos e a sujeira
deixada pelos mesmos.
Ao abordar a questão dos moradores de rua, abre-se precedente para falar sobre a
revitalização na região do Barro Preto e também sobre o desenvolvimento local. Pode-se observar
que, embora os comerciantes tenham consciência do projeto no plano diretor da prefeitura, muitos
deles não compreendem o conceito de revitalização urbana. Logo, fez-se necessário mencionar
outros projetos de revitalização ocorrentes na cidade e que serviram para exemplificar o conceito.
Com base nisso, foi perceptível que, à luz de projetos de revitalização feitos na região da Savassi e
do hipercentro da cidade, como das Avenidas Santos Dumont e Paraná, a grande preocupação dos
comerciantes com relação à revitalização é que se repitam os mesmos problemas ocorridos nas
18
regiões usadas como exemplo. A queda das vendas e, por consequência, o fechamento dos pontos
comerciais estão entre os mais impactantes, conforme salienta o comerciante 02:
(...) o que ela vai causar de estragos e danos vai ser uma coisa impressionante, se ela for
feita do mesmo jeito que foi feita a Savassi, a Santos Dumont, do jeito que foi feito na
Paraná, do jeito que foi feito a Pedro II, o que acontece, quando você mete um canteiro de
obra numa rua dessa direta aqui do Barro Preto você vai afastar totalmente o público (...)
eu tenho experiência, porque na Savassi nós já compramos até fundo de loja na Savassi, do
cara que quebrou e anunciou todo mobiliário de loja no jornal a gente foi lá e comprou
baratinho na mão dele, porque lá ele quebrou e desistiu de trabalhar (...) (Aldenir Alves,
subgerente da Fábrica de Terninhos, 2015).
Figura 06 ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos (B)’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015
Partindo dessa visão à cerca da revitalização na região do Barro Preto e dos impactos que a
mesma causaria sobre o comércio, questionou-se aos comerciantes quais ações poderiam ser
implementadas de forma a favorecer os comerciantes e minimizar os impactos. Fica claro que a
preocupação com as vendas é o grande fator, no entanto, a questão da infraestrutura também é
pontuada, salienta o comerciante 01:
(...) vou te dar um exemplo muito básico, no sábado, o que deveria fazer, a BH Trans tinha
que liberar a pista do meio para estacionamento, certo?! Pro pessoal que vem comprar, pra
aumentar o fluxo de gente que vem pra cá, não tem. É, eu sirvo aqui de banheiro pra muitas
senhoras, eu que atendo eles, não tem, então é assim, são coisas imediatas que poderia
tomar, por exemplo, põe uma placa ali: tá liberado o estacionamento (Júlio César,
proprietário da Padaria Ki Pão, 2015).
19
Percebe-se assim, que tanto a segurança, quanto a revitalização da região, são preocupações
dos comerciantes locais. Percebe-se também que o conceito de desenvolvimento local permeia esses
dois contextos e que, conforme se aborda neste estudo, competem ao capital social onde os fatores
históricos e culturais interferem na concepção dos atores sociais à cerca do mesmo. É importante
ressaltar que a participação social é uma constante quando se fala aos comerciantes quanto o
desenvolvimento local na região, achar uma solução eficaz que envolva os três pilares que o
sustenta se faz premissa para que o mesmo aconteça, no entanto, é fato que ele depende também de
fatores econômicos que sofrem impactos inclusive da crise que acomete o país, conforme ressalta o
comerciante 05:
(...) é um problema econômico, acho que o Barro Preto, você vê aqui o dia inteiro é gente
para aqui e para lá. Estes últimos dias estão mais, no modo de falar, mais devagar, mesmo
os comerciantes estão falando sobre isso, o movimento nas lojas está fraco, mas ai é um
momento que a crise que o Brasil está vivendo, isso ai é uma coisa normal, passageira, que
deve melhora depois (Sixto Daniel, gerente da Banca São Mateus, 2015).
Por fim, entende-se com base nas entrevistas e na observação do ambiente, que a região do
Barro Preto possui infinitas possibilidades que podem, com a revitalização urbana e a segurança
pública, promover e impulsionar o desenvolvimento local. Portanto, faz-se urgente que, embora o
estreito contato entre a PMMG e os comerciantes, medidas e ações integradoras sejam tomadas a
fim de garantir que a participação social possa servir de mecanismo e ferramenta para contribuir,
dinamizar e promover a segurança local.
2.3 Utilização dos dados
Todos os dados coletados são reflexos do sentimento dos comerciantes com relação ao tema-
problema deste estudo. A utilização dos mesmos servirá, não só como norteador na solução do
problema, mas como fator que inspira a ideação dentro da metodologia Design Thinking, posto que
a mesma parte do princípio de levantar todas as ideias sejam elas: ‘pé no chão’, ‘voo raso’ ou
‘maluca’.
É com base nos insights percebidos pelo grupo durante a pesquisa de campo que pode-se ir
em busca de propostas e da execução dos protótipos, que serão os próximos passos deste estudo de
20
caso. O parecer, as vivências e as experiências dos atores sociais com relação ao diálogo entre a
polícia e os comerciantes fomentarão o entendimento à cerca de como funciona o processo de
segurança da região e onde, hoje, pode-se agir de forma a garantir que todos tenham a mesma
impressão sobre essa questão.
A compreensão desse diálogo levará por consequência à análise em como a segurança e a
revitalização urbana na região do Barro Preto podem, com a participação social, ser fator de
promoção e impulsão do desenvolvimento local. Com o relato dos atores sociais a respeito da
segurança pode-se propor estratégias que atinjam de forma completa o comércio local e, sendo a
segurança preocupação latente de todos os atores, podem proporcionar a integração entre todas as
esferas que compõe a região. Por outro lado, a disparidade entre as opiniões quanto aos moradores
de rua sobre ser o problema uma questão de inclusão social ou de segurança pública trará o mesmo
à tona também como problema da esfera do privado, já que são notórios os impactos dos moradores
de rua para o comércio local.
Por fim, a utilidade dessa pesquisa de campo vai muito além de simplesmente analisar,
compreender e contextualizar o tema-problema junto aos atores sociais ou também de permitir o
surgimento de propostas para o prosseguimento do estudo, ela está intrínseca a partir do momento
onde possibilita sair do conhecimento teórico para o prático e, com isso, trazer não só o
questionamento, mas a reflexão em prol de todos os agentes e beneficiários.
3. IDEAÇÃO
Com base nas considerações feitas pelos comerciantes, verifica-se a real possibilidade de
discussão entre a comunidade e os agentes de segurança à cerca dos problemas locais. É uma
atividade que viabiliza a mediação de conflitos, a proposta de soluções por quem mais conhece as
dificuldades cotidianas, o monitoramento das atividades policiais, bem como a elaboração conjunta
da política de segurança e de prevenção de ocorrências.
Diante disso, e com o intuito de encontrar soluções factíveis, sob a ótica da segurança
pública e sobre os programas de policiamento no Barro Preto abordados e elucidados na pesquisa
de campo, com consciência de que não existem fórmulas milagrosas para combater os problemas
sociais, pretende-se com a ideação, contribuir para uma melhoria na segurança dos cidadãos, e
21
resgatar valores de convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas, o que, por sua vez,
contribuirá para a revitalização urbana e o desenvolvimento local da região. Partindo da conjugação
de esforços e do apoio da sociedade civil organizada, propõe-se um novo olhar em como promover
a segurança pública que conta, antes de tudo com a vontade sincera e consciente de cada indivíduo
que integra a sociedade, ou seja, de seus atores sociais representados pelo Estado, Mercado e
participação social. Sabe-se que as soluções mais eficazes são aquelas que combatem as causas dos
problemas, e não apenas seus efeitos externos. Ou seja: a solução está na adoção de medidas
preventivas, corretivas e educacionais, de resultados duradouros.
Através da pesquisa de campo percebe-se que os comerciantes anseiam por propostas para
melhoria da região, que envolvam a participação dos mesmos e a presença física do efetivo policial
de forma mais contundente, a fim de inibir as ocorrências e também promover a relação entre
PMMG e comunidade. Através da percepção desses insights apresentam-se as ideias a seguir
colocadas de forma a atender a metodologia do Design Thinking e promover, dentro desse estudo de
caso, a prototipagem, nosso próximo passo na pesquisa.
3.1 Lista de Ideias
A lista de ideias foi elaborada através da técnica de braimstorm, onde a partir dos insights
percebidos na pesquisa de campo podem-se sugerir ideias que estejam dentro dos três contextos do
Design Thinking: ‘Maluca’, ‘Voo Raso’ e ‘Pé no chão’.
3.1.1 Ideias ‘Malucas’
1) Um guarda em cada esquina com revezamento 24 horas;
2) Descentralização da força policial para controle local da segurança pública;
3) Um policial em cada loja fazendo a segurança particular de cada estabelecimento;
4) Policiamento feito pelo efetivo do exército;
5) Armamento de todos os comerciantes da região.
22
3.1.2 Ideias ‘Voo Raso’
1) Construção de um centro de cuidados aos moradores de rua, oferecendo oficinas com
cursos profissionalizantes e programas nos quais possam trabalhar e sejam atraentes
para os mesmos, diferentemente dos albergues que já existem;
2) Promover maior integração entre o poder público e as polícias civil, militar e guarda
municipal, garantindo-lhes total apoio para aprimorar o patrulhamento e a segurança
geral da população;
3) Uma guarita policial há cada 1 km, possibilitando o monitoramento das ruas e
estabelecimentos;
4) Criar um sistema de monitoramento via satélite interligado a uma rede de comando
no próprio batalhão e aumentar o contingente policial em 100%;
5) Implantação e manutenção das câmeras de segurança e sistema de monitoramento;
6) Implantação de um sistema de alarme ligado diretamente a PM em todas as lojas e
comércios da região;
7) Utilizar a rede do WhatsApp para que os comerciantes se ajudem entre si, através um
código tipo SOS um estabelecimento saberá que outro foi tomado de assalto e poderá
acionar a polícia a fim de ajudá-lo.
3.1.3 Ideias ‘Pé no chão’
1) Revitalização de espaços abandonados, transformando-os em grandes centros
culturais e espaços onde sejam reproduzidas grandes obras de artes. Além da
revitalização como um todo no sentido de reestruturar o bairro;
2) Aumento da guarda municipal, visando a presença desse seguimento nos diversos
públicos da comunidade, prestando orientação a população e protegendo o
patrimônio público.
3) Ronda de policiais igual na praça 7, porém, com um ponto fixo no Barro Preto,
tipo Fórum, Feira Shopping, além de rede comerciantes protegidos e o grupo de
comerciantes no aplicativo WhatsApp;
4) Aumentar o efetivo policial a pé nas ruas e criar sistemas de rondas onde, atuando
em setores, o policial tenha uma agenda de estabelecimentos que deve percorrer.
23
Eles terão autonomia para apreender, levar sob custódia e também registrar o BO
sem necessidade de que, para isso, o comerciante precise se deslocar até a
delegacia/cia. Esses policiais também terão uma linha direta com esses
comerciantes para que o acionamento em caso de ocorrência se dê de forma ágil;
5) Instalação de posto móvel da PM e aumento do efetivo da Guarda Municipal, a
instalação de posto móvel da PM em pontos estratégicos para atender a
comunidade;
6) Mapeamento das regiões mais críticas e com maior incidência criminal e
aumentar o policiamento ostensivo nestas regiões sem menosprezar as demais
regiões, bem como a implantação de cabines policiais, rondas com bicicletas, a pé
e com viaturas.
3.2 Ideias selecionadas
Com base no tema-problema e na pergunta norteadora propõe-se, com as ideias
selecionadas, atender às demandas dos atores sociais e, ao mesmo tempo, estar dentro das
possibilidades que possam ser garantidas pelo Estado.
Para chegar-se ao consenso das ideias selecionadas foram levados em consideração três
fatores importantes: percepção da pesquisa de campo; viabilidade do projeto e impacto sobre os
atores sociais. Notou-se, com base nesses três fatores, que as ideias abaixo poderiam ir de encontro
não são aos anseios dos comerciantes, mas também com a proposta de revitalização urbana e
desenvolvimento social, temáticas abordadas durante todo o estudo de caso.
3.2.1 Maluca: Elaborada fora da realidade, pois os recursos necessários para sua execução
são pouco viáveis.
O policiamento feito pelo efetivo do exército: parceria feita com o Exército nas ruas, além
de passar grande segurança aos comerciantes, por conta da credibilidade, também mostra que todos
os esforços têm sido feito para sanar as ocorrências. Os militares iriam trabalhar exclusivamente na
segurança de todo o bairro, dando maior ênfase aos comerciantes.
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Segundo o estatuto do Exército Brasileiro a missão Constitucional das Forças Armadas é
proteger a soberania nacional e zelar pela segurança do patrimônio e da comunidade. A partir dessa
premissa e da demanda dos comerciantes para um policiamento mais ostensivo, ocorreu à ideia do
Exército nas ruas.
3.2.2 Voo Raso: Elaborada dentro da realidade com relação à disponibilidade de maiores
recursos para concretização.
Construção de um centro de cuidados aos moradores de rua: oferecendo oficinas com
cursos profissionalizantes e programas nos quais possam trabalhar e sejam atraentes para os
mesmos, diferentemente dos albergues que já existem.
Será implantado oficialmente um projeto já existente do Ministério da Saúde, legitimando a
promoção da equidade, garantido a acesso dessa população a outras possibilidades de atendimento,
com a implantação dos Consultórios na Rua - equipe itinerante com foco no atendimento à saúde
mental – Proposta de estratégia saúde na família com equipes especificas para atenção integral a
saúde da população em situação de rua.
Os Consultórios na Rua lidam com os diferentes problemas e necessidades de saúde da
população em situação de rua, desenvolvendo ações compartilhadas e integradas também com as
equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dos serviços de Urgência e Emergência e de
outros pontos de atenção, de acordo com a necessidade do usuário.
Assim como as demais ideias, esta surgiu a partir da própria fala dos atores sociais, onde
percebe-se que o problema dos moradores de rua permeiam duas esferas: a da segurança e a da
inclusão social.
3.2.3 Pé no chão: Elaborada dentro da realidade dos recursos disponíveis.
Aumentar o efetivo policial a pé nas ruas e criar sistemas de rondas: onde atuando em
setores, o policial tenha uma agenda de estabelecimentos que deve percorrer. Eles terão autonomia
para apreender, levar sob custódia e também registrar o BO, sem necessidade de que para isso, o
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comerciante precise se deslocar até a delegacia/Cia. Esses policiais também terão uma linha direta
com esses comerciantes para que o acionamento em caso de ocorrências se dê de forma ágil
A ideia surgiu a partir da identificação dos seguintes problemas embasados na pesquisa feita
com os comerciantes locais: há problemas de agilidade do corpo policial para registro das
ocorrências, o que dificulta o trabalho de elaboração de planos de segurança mais efetivos os quais
são elaborados com base em dados estatísticos de ocorrências e também problemas na efetividade
das ações policiais que apesar de existirem não inibem os infratores.
4. PROTOTIPAGEM
Partindo do pressuposto da ideação, dá-se nesse momento a realização da prototipagem que,
a partir de todas as ideias propostas dentro do estudo, conjugou-se na construção de um modelo que
abordasse todos os contextos pesquisados e que se relacionam diretamente com os anseios dos
atores sociais.
Através das políticas de revitalização apresentadas pelos grupos para impulsionar o
desenvolvimento local no Barro Preto, foi criado um único protótipo, para consolidação das demais
ideias, com o intuito de demonstrar a dependência gerada por elas, para que não se torne uma
solução incompleta, já que todas as ideias propostas partem de um pensamento conjunto de todos os
atores sociais e das percepções dos grupos, a construção de um protótipo único facilita a
compreensão de maneira ampla de como a integração de todos os setores possibilitará a promoção
do desenvolvimento local da região.
4.1. Protótipo:
Barro Preto em três pilares
4.1.1 Descrição dos materiais utilizados
Para o protótipo apresentado foram utilizados os seguintes materiais: Base de madeira
compensada, placas de isopor, papelão, papel aveludado (camurça) nas cores pretas e brancas;
Cartolinas, sendo elas nas cores: azul, amarelo, vermelho, verde e branco. Parafusos, porcas, massa
de modelar, palitos de picolé, bolas de isopor e tinta Guache; Além de grama, flores e folhas
sintéticas, bonecos e carros de plástico, retalhos de tecido, caixas de remédio, sapato, suco e leite.
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Para a composição das guaritas foi utilizado chapa de aço inox modeladas especialmente para o
intento. Para a composição das bolsas que dão vida às lixeiras customizadas foi utilizado tecido de
estofado, além de tecidos sintéticos para dar textura a pisos e calçadas.
Para o arremate de todo o trabalho, foram utilizadas fitas adesivas (durex, crepe e dupla face),
velcro,cola branca, cola quente, cola tipo superbonder e cola isopor.
4.1.2 Detalhamento da proposta
Visto que o protótipo tem como finalidade ilustrar as ideias pé no chão apresentadas, para tornar
tangível a resolução do tema problema, todas as ideias são reflexos do desejo dos grupos em
promover o desenvolvimento local através da revitalização do Barro Preto em três principais
pilares: Segurança, Mobilidade e Limpeza.
Figura 07 ‘Prototipagem: O protótipo’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
27
Em Segurança, identificou-se a necessidade de suprir os anseios descritos pelos atores sociais,
através da implementação de mini postes com luz branca com finalidade de melhorar a iluminação
local, garantindo a segurança em parceria com a PBH que determinaria os locais de instalação,
levando em consideração os pontos mais críticos; Colocar guaritas em pontos estratégicos com
aumento do efetivo policial e a criação de rondas estratégicas, onde o efetivo trabalharia em duplas
e setorizados para atender a demanda comercial; Instalação de câmeras para monitoramento, o
chamado Programa “Olho Vivo”, parceria com o CDL. Essas medidas visam promover a segurança
pública e a interação dos comerciantes com a PMMG, o que auxiliara no combate efetivo da
criminalidade constante que assombra a região.
Figura 08 ‘Prototipagem: O protótipo (B)’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
Em Mobilidade, as propostas apresentadas são transporte exclusivo do Barro Preto – que
trafegaria no bairro todo – com o valor máximo cobrado de R$ 1,00 utilizado também como
marketing interativo nas principais vias de acesso; Arrumar as calçadas, pavimentação de ruas para
deficientes e cadeirantes com canteiros floridos, além de um ambiente na qual a identidade do
bairro fosse valorizada. Essas medidas visam promover a inclusão social de todas as classes,
trazendo maior prestígio, requinte e visibilidade à região, o que acarretara no aumento efetivo de
clientes e, por consequência, lucros eminentes.
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Figura 09 ‘Prototipagem: O protótipo (C)’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
Em Limpeza o foco será o design das lixeiras, com lixeiras próprias e sacolinhas com design
coerente com o Polo da Moda, além de sacos diferenciados onde o lixo poderia ser identificado para
a população de rua que realiza catação de materiais recicláveis; além da lixeira subterrânea para
descarte orgânico e reciclável. Essas medidas visam, sobretudo, o visual da região, trazendo
sofisticação através do marketing implementado nas lixeiras, fazendo referência ao polo da Moda,
além de melhor aproveitamento do lixo e dos descartes realizados na região.
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4.2 Protótipo Selecionado
Figura 10 ‘Prototipagem: O protótipo (D)’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015
O protótipo selecionado, conforme já observado, é uma conjugação de ideias. Ao retratar a
região do Barro Preto, compreende-se um trecho da Avenida Augusto de Lima, onde pretende-se
destacar o comércio local, bem como a região residencial, a questão da limpeza e da mobilidade,
além, claro, a concentração dos moradores de rua, que é grande nessa localização.
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Figura 11 ‘Prototipagem: O protótipo (E)’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
A definição por esse protótipo e a intenção da construção do mesmo, onde contenham as
soluções imprescindíveis para a solução da questão norteadora faz-se fundamental para que a
mesma se dê de forma plena. Assim, observa-se que o grande grupo, com as ideias apresentadas,
complementam-se para a resolução da questão norteadora, apesar de expostas em pilares distintos,
se apresentadas individuais, não ilustraria uma solução completa. O protótipo apresentado
exemplifica como as soluções são variáveis indispensáveis para resolução do tema problema,
trazendo melhorias aos comerciantes, clientes, moradores e cidadãos de forma geral. A inter-relação
entre os pilares de limpeza, segurança e mobilidade são as bases do processo de revitalização que,
como já abordado, não está fechado apenas a um ou outro conceito, sendo esse dinamismo a
característica proeminente e que faz com que o processo possa promover o desenvolvimento local,
já que converge esse para o bem comum de todos os atores sociais e suas esferas.
Figura 12 ‘Prototipagem: O protótipo (F)’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
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Figura 12 ‘Prototipagem: O protótipo (G)’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
Assim como na interdisciplinaridade, onde existe uma conjunção das disciplinas em prol de
uma correlação entre as áreas e também dentro da proposta co-elaboração do Design Thinking, a
proposta de construir um protótipo único, onde todos os grupos pudessem tomar decisões e
contribuísse para o desenho de um novo contexto torna-se a grande questão no protótipo
selecionado posto que, ao requerer a participação de todos os membros e do coletivo, promove-se a
integração, o trabalho em grupo, a capacidade de ouvir, compreender e pôr em prática não só as
ideias individuais, mas do outro, algumas vezes em detrimento da sua própria. Dá-se então, nesse
momento, a promoção do pensamento coletivo ‘fora da caixa’ pois amplificam os horizontes e os
olhares, além, claro, das perspectivas sobre os elementos que se compõe à cerca da revitalização e
do desenvolvimento local.
Figura 13 ‘Prototipagem: O protótipo (H)’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
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Figura 14 ‘Prototipagem: O protótipo (I)’
Fonte: Arquivo do grupo, 2015
Justifica-se nessa escolha então, primeiramente, a forma integradora como o protótipo se
apresenta aos grupos, além disso, a possibilidade de construir algo melhor elaborado, a partir das
habilidades de cada integrante dos grupos, a angariação dos materiais e também a disposição dos
integrantes em realizar o trabalho de forma conjunta, fortalecendo o diálogo e, por fim, dando-se
por entender que, assim, a visão da revitalização e do desenvolvimento local a fim de promover a
melhoria da região para todas as esferas seria o caminho mais viável e factível para dar voz à
solução do tema problema e da pergunta norteadora.
5. IMPACTO, EVOLUÇÃO E ANÁLISE
Entende-se, que uma vez realizadas todas as etapas do processo do estudo de caso sob a
ótica da metodologia do Desing Thinking, é chegado o momento de compreender os impactos e a
evolução do projeto, bem como analisar todas as suas variáveis que possibilitarão, por sua vez, a
execução do mesmo e o êxito de seu processo.
Os impactos do projeto, a sua aplicabilidade no mercado e como se dará para que esses
mesmos impactos sejam revertidos de forma positiva para o projeto são, antes de tudo, condição
básica para que as soluções propostas possam se apresentar frente aos atores sociais. O processo
evolutivo, constituído de todas as vertentes se constrói a partir do momento que todas as soluções se
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convergem num anseio único e permitem que exista, dali para frente, condições para mantê-lo e
aprimorá-lo.
Por fim, analisar de forma a garantir que, estando o projeto em plena conjunção com todos
os preceitos estabelecidos durante o estudo, faz-se necessário para que a compreensão das soluções,
bem como a resposta dos atores sociais seja interpretada a fim de que, o intento do estudo seja não
apenas propor soluções, mas entender como e para quem as mesmas se dão.
5.1 Avaliação da Solução
Sabe-se que ao propor soluções que venham de encontro com os anseios das esferas que
compõe a sociedade, com base no que foi visto, ouvido e percebido por meio da fala dos atores
sociais está-se também propondo muito mais que ideias e soluções que sejam factíveis, mas sim que
estejam conectadas e possam fazer a diferença na relação dos mesmos com o Mercado e Estado.
Quando se apresenta a proposta do Barro Preto sob três pilares, a solução do problema está
embutida neste viés, arrematada pela tênue linha da integração entre os também pilares do capital
social: Estado, Mercado e Participação Social. Ao formar-se uma base sólida sob os mesmos, o que
se vê é que, sem essa integração e sem esses pilares, as soluções seriam apenas pontos isolados e
sem grande representatividade para o todo e, por consequência, para o tema problema e a pergunta
norteadora.
Levando em consideração que o desenvolvimento local está baseado em noções de bem
estar e qualidade de vida (Oliveira, 2011). É importante ter em mente que a solução apresentada
leva, não somente à abordagem dessas noções, mas à promoção das mesmas. A partir do momento
em que elas são a expectativa de várias vozes e, ao mesmo tempo se integram e convergem em um
ponto único, porém, de grande amplitude, abraçando todos os atores que fizeram parte da
construção do projeto, mesmo que, não seja possível ver suas partes de forma isolada. Percebe-se
então que, todo o envolvimento do homem e da sociedade está pautado não em eventos pontuais,
mas em iniciativas de comoção geral que façam com que cada membro dessa mesma sociedade e a
própria sociedade como um todo sejam eles próprios a força motriz do desenvolvimento local.
Logo, verifica-se assim que, estando a solução apresentada no protótipo - e fundamentada
durante todo o desenvolvimento deste estudo - baseada e arraigada sob o contexto do bem estar e da
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qualidade de vida - que podem, e serão, promovidos através do processo de revitalização urbana - e
sustentada por políticas que garantam a participação de todos os seus agentes, ela vai não só de
encontro com uma proposta factível, mas completamente realizável sob os diversos pontos de vista
que a englobam social, econômica e mercadologicamente.
5.2 Riscos da Proposta
Ao falar-se de implementação de qualquer proposta ou solução, obviamente incorrerão
riscos que devem ser analisados e levados em consideração para dar prosseguimento ao projeto em
si. Vários fatores, internos, externos, controláveis ou não, incidem sobre a proposta e, sem eles, não
seria possível avaliar os impactos e a evolução da mesma, muito menos propor, com base no que é
observado, melhorias que culminem em maior êxito e, em contra partida, menor emprego de
recursos escassos - em sua maioria financeiros - e também força intelectual ou física, ganhando
assim em tempo e outras variantes que agregam valor ao projeto.
Dentro da solução do Barro Preto em três pilares, a constituinte da tríade de limpeza,
segurança e mobilidade perpassará principalmente sob a questão financeira, afinal, sabemos que
será necessário engajamento das iniciativas do poder público e privado a fim de viabilizar verbas
que possam colocar projetos como, por exemplo, a reestruturação da área para a construção do
depósito da lixeira subterrânea em construção e funcionamento. Portanto, é necessário que esteja
claro quanto e como serão empregados os recursos, bem como um estudo detalhado de suas
viabilidades, do contrário, esse pode ser o ponto decisivo para a implantação da mesma.
Outro risco que deve ser considerado, como também já citado ao longo do trabalho,
inclusive durante o processo da pesquisa de campo, é questão dos impactos econômicos. Ao
considerarmos os pilares de mobilidade e limpeza fazem-se necessárias obras que possibilitem que
as soluções individuais sejam promovidas. Com isso, mudanças no trânsito, fechamento de ruas,
construção de canteiros de obras, restrição de acessos de pedestres e transeuntes – situações que
foram vivenciadas em outras regiões revitalizadas – acabam por se exporem como fator dificultador
na aceitação das soluções, principalmente por parte do comércio local. Deve-se levar em
consideração também, sob o contexto da segurança, que a dificuldade enfrentada outrora em falar
com os responsáveis pela corporação policial já é, por si só, um importante indicador de todos os
obstáculos a serem enfrentados no que tange aos assuntos e soluções que cabem a esse setor.
35
Então, sob os riscos da solução não ocorrer pode-se dizer que, a falta de verbas que
viabilizem a execução da mesma; a não adesão, por temor dos impactos negativos e da falta de
estruturação, por parte da sociedade; e a dificuldade de um canal aberto de comunicação entre os
setores e os órgãos de competência do Estado, são os fatores de risco eminentes e que merecem
especial atenção ao falar-se da solução em três pilares. Assim sendo, amenizar os riscos e
compreender como contorná-los será a grande questão a ser trabalhada a fim de dar prosseguimento
ao mesmo, valorizando esse entendimento no diferencial da proposta e em suas perspectivas
futuras.
5.3 Diferencial
O diferencial deste estudo está estruturado no desenvolvimento de soluções que buscam
funcionalidades, integrando, criando novas experiências, valor e significado para o
desenvolvimento local, através de propostas de revitalização urbana em três pilares definidos:
limpeza, segurança e mobilidade. Para tanto, foi de fundamental importância que se iniciasse o
processo com foco nos atores sociais, obtendo suas impressões decifrando suas ambições e anseios
em novas soluções. Assim, o processo passa a ser uma espiral, na qual essas fases evoluem até que
o todo seja viável.
Na proposta para o desenvolvimento tem-se a introdução de novos elementos dentro dos
contextos de limpeza, segurança e mobilidade e é essa inovação que confere ao todo seu caráter
integrador, com o objetivo de dinamizar a economia urbana, atraindo não somente investimentos,
mas também, gerando melhores condições para toda a comunidade. Vale ressaltar que, uma vez
identificados os modelos ideais de desenvolvimento, estes foram relacionados com as intervenções
urbanísticas correspondentes, alinhando-se com as demandas da população, que assume seu papel,
conforme já explicitado neste estudo, de agente e beneficiário das soluções. A inovação e a
implementação das ações propostas servirá como base no processo de geração, maturação e seleção
das ideias. Assim, nasce em conjunto com os colaboradores, uma cultura de inovação centrada no
usuário e incorporada no dia a dia da sociedade.
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Enfim, pauta-se o grande diferencial deste estudo na inovação e na integração por meio da
motivação e engajamento da participação social, através de uma abordagem humanística e criativa,
aliando-se a reestruturação dos espaços urbanos em escala local a melhor utilização do seu potencial
de qualidade e suas capacidades, pois se entende que, com isso, que o desenvolvimento local parte
da premissa da participação de todos os envolvidos em seu processo.
5.4 Perspectivas futuras
Sabe-se que as soluções do processo rumo ao desenvolvimento são, em sua maioria, de
difícil execução, pois se tratam de um processo de reeducação, no sentido que, não só
individualmente, mas também toda a sociedade precisa reaprender a realizar as ações cotidianas de
forma diferente, quebrando vários paradigmas instituídos no consciente coletivo.
A perspectiva de que algumas medidas, embora reconhecidamente necessárias (como a
ampliação de recursos humanos e materiais) seriam dificilmente concretizadas não impede a
proposição de mudanças mais factíveis e que, em curto prazo, teriam impacto positivo no
desenvolvimento local.
A Secretária Municipal de Operações Urbanas pode tornar-se parceira em potencial do
projeto a fim de garantir a manutenção constante do sistema e conta com outros setores da
prefeitura para dar continuidade na busca de soluções, assim espera-se aumentar a viabilidade
econômico-financeira com recursos advindos de novos empreendedores atraídos pela melhoria das
condições de segurança, limpeza e iluminação do bairro. O serviço é considerado essencial para
atrair novos investidores e fomentar o desenvolvimento.
Este repertório tende garantir a preservação e a recuperação de todo entorno, viabilizando o
ingresso de novos elementos de infraestrutura, investidores e recursos para a manutenção do
patrimônio. Vale ainda destacar a importância de estas ações privilegiarem a questão da
sustentabilidade.
Acredita-se que, por intermédio da visão social, indicará o caminho rumo à mudança para
adquirir-se hábitos melhores, não somente no modo produtivo, mas também em nosso modo de vida
como sociedade.
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6. CONCLUSÃO
Este estudo de caso apresentou uma solução pautada na integração de três pilares: limpeza,
segurança e mobilidade com o objetivo de exemplificar como as políticas de revitalização no Barro
Preto podem ser impulsionadoras de desenvolvimento local na região, desde a fase de descoberta
até a análise dos impactos e evolução da mesma.
Nele demonstra-se que as políticas de revitalização, aplicadas de formas integradas são, de
forma convergente, o grande diferencial de promoção do desenvolvimento local. A proposta
baseada nos anseios da comunidade - legitimados pelos atores sociais – e composta de uma
percepção ampla - oriunda de diversos olhares - atesta que para haver desenvolvimento local e que
o mesmo seja aplicado em todas as esferas da comunidade, precisa haver coesão de ideias e,
sobretudo, participação social.
Embora os riscos relativos à proposta, que envolvem questões financeiras, o não
engajamento da participação social e também a falta de estruturação do projeto, o diagnóstico
inicial aponta que buscar funcionalidades integradoras, experiências inovadoras e, por sua vez,
resignificar os conceitos de revitalização e desenvolvimento local, tornando assim o processo algo
que ascenda para a motivação e participação da comunidade e faça da solução algo factível e
palpável, explorando todas as suas capacidades.
Foi percebido também que, embora a metodologia utilizada não contemple a questão
orçamentária e financeira da solução, as perspectivas futuras da mesma também baseiam-se em
firmar parcerias mantenedoras e empreendedoras e, que atraídos esses olhares, pode-se fomentar
ainda mais o desenvolvimento local.
Sabe-se que todo processo de estudo e investigação gera, por si só, não apenas retorno e
questionamento por parte do objeto estudado e sim, também, por parte daqueles que o fazem. A via
de mão dupla dentro do estudo de caso caracteriza, de forma latente, a maior premissa da
metodologia do Design Thinking: a co-criação, que durante todo o processo deste, o permeou
através de suas etapas de construção e através dela foi possível construir uma solução que viesse de
encontro não apenas com os atores sociais, mas também com a busca do grande grupo pela a
inspiração proposta do projeto aplicado acadêmico, transformando assim, sob a base do que foi
apresentado em todo estudo, todos em agentes e beneficiários do desenvolvimento local na região
do Barro Preto.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) ABREU, Aparecida Pereira de; NAVAES, Ana Maria. A relação entre o capital social e o desenvolvimento local: o
caso das comunidades rurais de baixo rendimento em Pernambuco. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 48 º, 2010, CAMPO GRANDE, MS. P.(21)
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NOBREGA, Ana Lucia. RODRIGUES, Carlos Rangel. CASTRO, Helena Carla. Intedisciplinaridade: fatos a
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3) CAULLIRAUX, Adriano Amaral. Design Thinking: criando com (e para) seus clientes. IN: Congresso Nacional de
Excelência em gestão, 2014, Rio de Janeiro, RJ. P.(10)
4) COUTINHO, André Ribeiro; BONASSI, Saulo. O ativista da estratégia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
5) GONSALES, Priscilla. Design Thinking para educadores. Instituto Educadigital. Disponível em <
HTTPS://creativecommons.org/licenses/bync.as/30> Acesso em 12/08/2014
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competitivo, monitoramento ambiental e tomada de decisão estratégica: o caso dos micro e pequenos varejos da
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8) OLIVEIRA, Francisco de. Aproximações ao enigma: o que quer dizer desenvolvimento local? São Paulo, Pólis;
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11) TABOSA, Francisco José Silva. TEIXEIRA, Keuler Hissa. SILVA, Michele Furtado da. MARDOLOZZO, Clóvis
Luis. MAYORGA, Maria Irles de Oliveira. Desenvolvimento local e capital social: uma leitura sobre os núcleos e
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RURAL, 48 º, 2010, CAMPO GRANDE, MS. P.(14)
12) Prefeitura de Belo Horizonte – PBH
<www.portalpbh.phh.gov.brhttp://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxon
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13) Associação Brasileira de Supermercados - ABRAS - www.abasnet.com.br
<http://www.abrasnet.com.br/clipping.php?area=1&clipping=21791 > Acesso em 03/05/201
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APÊNDICES
ENTREVISTA 01
Entrevistado: Sr. Júlio César
Cargo/Função: Proprietário da Padaria Ki Pão (Avenida Augusto de Lima, 1190)
Data: 25/05/2015 (Sábado)
 Pergunta 01: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?
Existe um contato, né, até estreito, mas eles estão com poucas ferramentas para tratar da
segurança do bairro como um todo porque, o que mais nos oportuna hoje são os mendigos de rua,
sabe?! São os moradores de rua, então e, é um problema que ninguém pode fazer nada, eu já chamei
o conselho tutelar, já fui na cia, já conversei com o guarda, né, com o coronel, mas não tem nada
para ser feito, então é uma coisa que a gente tem que conviver com eles.
 Pergunta 06: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de
segurança ou inclusão social?!
Eu não vejo a inclusão social, porque não é inclusão social, é um problema de segurança
mesmo, porque o pessoal vem recolhe eles, leva pro abrigo, dá banho, troca de roupa, dá comida, no
outro dia tá aqui, eles voltam, então não é um problema social, eles não querem, eles não querem é,
ter um lugar pra ficar, um lugar pra dormir, porque lá tem um regime, tem um sistema e eles na rua
conseguem dinheiro aqui que tem muito assalariado que não ganha, muitas pessoas de carteira
assinada não ganha o que eles ganham - O senhor diz através de esmola?! - É, sim, de pedinte.
 Pergunta 02: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi
acionada? Qual foi o tempo resposta?
Toda semana, brigas, eles brigam entre eles, eles abordam os clientes e se o cliente não dá eles
xingam, ficam bravo, sabe, faz tumulto, sabe, faz confusão e o grande problema também é a droga
né, quer queira quer não eles estão envolvido com droga e isso é descarado - O senhor já acionou
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já acionou a PM pra isso, eles vem? O tempo de resposta é rápido? - Já, é rápido e tal, mas não
pode fazer muita coisa, não pode... - O senhor tem contato com outros comerciantes, as queixas são
as mesmas, ou tem outras queixas a respeito - É, não, são as mesmas, é geral...
 Pergunta 05: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia
(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!
Sim, eu tenho. São 16 câmeras, isso ajuda muito pra mim agir, então por exemplo, agir no sentido
de apaziguar, você não pode reagir de forma nenhuma, você não pode brigar, você não pode bater,
você não pode fazer nada - Além do circuito, tem algum segurança ou só o circuito mesmo? – Não,
só o circuito mesmo, eu tinha um alarme, mas resolvi tirar porque não tem necessidade, por isso,
porque o botão de alarme aciona a polícia, mas a polícia vem e não pode fazer muita coisa
 Pergunta 08: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a
região do Barro Preto?
Que eu saiba não, que eu saiba tem o efetivo, tem a vigilância, mas um planejamento de estratégia
para resolver o problema eu não vejo não.
 Pergunta 10: Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes
estão inseridos neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?!
Quais os impactos positivos dessa revitalização na segurança?
É, olha, na minha opinião, sinceridade, eu tenho medo dessa revitalização, porque, nós temos
exemplo da revitalização que foi feita na Savassi que quebrou muita gente, você tá sabendo? – Sim,
claro! - tem também o problema da revitalização da Avenida Paraná que fechou muita gente
também e não resolveu o problema, né, não resolveu. Então assim, eu fico preocupado porque tem
um projeto ai gigantesco, eles estão falando que vão fazer estacionamento de baixo, subterrâneo, e
na verdade eu acho que vai fechar a Rua Mato Grosso ao passo que na minha concepção teria que
abrir novos fluxos para escoar o trânsito e eles vão fechar e vão estrangular o trânsito na Augusto de
Lima, então assim, é, eu fico, vou te falar que eu não participei das reuniões, tá tendo direto, eles
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me convidaram, eu fui convidado, mas eu não fui, por causa de tempo de, ou mesmo por saber que
minha opinião não irá mudar muita coisa - O senhor acha que a prefeitura e a própria polícia está
impondo uma revitalização quando na verdade ela deveria pegando ideia da comunidade? - Claro,
por exemplo, vou te dar um exemplo muito básico, no sábado, o que deveria fazer, a BH Trans tinha
que liberar a pista do meio para estacionamento, certo?! Pro pessoal que vem comprar, pra aumentar
o fluxo de gente que vem pra cá, não tem. É, eu sirvo aqui de banheiro pra muitas senhoras, eu que
atendo eles, não tem, então é assim, são coisas imediatas que poderia tomar, por exemplo, põe uma
placa ali: tá liberado o estacionamento. Eu fui multado aqui na porta, no sábado, então assim, existe
uma indústria de multa que eles querem ganhar, ao passo que deveriam liberar o estacionamento
para as pessoas virem fazer as compras, porque, para onde eles estão indo?! Pro shoppings, onde
tem banheiro, onde tem estacionamento, onde tem segurança, você vai perguntar o pessoal das lojas
e eles vão te falar isso, a infraestrutura daqui não tem, eles podiam fazer isso, uma coisa imediata,
pode fazer a revitalização?! Pode, mas antes disso tem outras medidas a serem tomadas, muito
práticas e de pouco custo.
 Pergunta 11: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto,
passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e,
por consequência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa
situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?!
Só que isso foi no princípio, né?! Quando a guarda municipal estava lá tudo ‘bonitinho’,
‘bacaninha’, vai lá agora para você ver, com todo o respeito, passa lá agora, seis horas, você vê
cenas de sexo, seis horas da tarde, imagina isso de madrugada?! Vira cidade sem lei.
 Pergunta 12: O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela
PMMG para um projeto de revitalização da segurança na região?!
É, eu sugeriria que tivesse um efetivo 24 horas, para inibir, sabe, porque se põe dois guardas ali na
esquina, outro aqui, outro ali, inibi, pode até ficar, mas não com a mesma liberdade que está, e a
outra coisa, da revitalização, tomar medidas pequenas, de baixo custo e com solução imediata, esse
caso do estacionamento, aqui tem muita gente que vem aqui e reclama comigo, fala, Júlio, eu venho
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aqui fazer compra, mas não tem lugar de estacionar, se eu estaciono vou ser multado, ao passo que
poderia liberar as duas faixas do meio, de um lado e do outro, poderia fazer uns banheiros químicos,
que cobrasse, 0,50 centavos, 1,00 real, que fizesse essa medida, por exemplo, vem um ônibus de
turismo, onde eles vão lavar a mão, usar o banheiro, pode lavar o rosto, não têm. Muitos deles
pedem pra mim: - Senhor, eu posso ir ao banheiro, posso lavar o rosto, a mão, eu vou lanchar aqui.
Pode ué, c entendeu?! Então, são medidas baratas, práticas e eficientes, poderiam tomar, botar um
efetivo direto, eles ficam aqui até as 12h00min de sábado, depois somem.
 Pergunta 14: Recentemente ficamos sabendo que a polícia tem uma rede no aplicativo
WhatsApp, o senhor tem conhecimento dessa rede, o senhor utiliza?!
Tem, tem, você entra, você fala e tal, eles vêm, fazem o BO, mas depois vão embora – Ela é só uma
medida paliativa?! – Ela é como se fosse uma comunicação, um chamado, esse WhatsApp,
comunica que está acontecendo isso assim, ali, eles fazem o BO depois vão embora.
 Pergunta 07: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento
local?
É, eu gostaria que fosse feito, uma comissão dos comerciantes, com o pessoal da polícia, da
segurança, da prefeitura, conselho tutelar, para achar uma solução eficaz, mas é sério, né, não é uma
coisa paliativa não, então é um trabalho assim, é, de desenvolver uma ação séria com a polícia, com
os comerciantes, com o conselho tutelar, com a prefeitura, com o corpo de bombeiro que, sei lá,
envolve também a segurança e discutir esse problema, trazendo para resolver mesmo.
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ENTREVISTA 02
Entrevistado: Sr. Aldenir Alves
Cargo/Função: Subgerente da Loja Fábrica de Terninhos (Avenida Augusto de Lima, 1176)
Data: 27/05/2015 (Segunda-Feira)
 Pergunta 01: Quanto tempo o comércio existe?
Esta loja aqui tem aproximadamente 10 a 12 anos.
 Pergunta 02: Qual o motivo da escolha deste ponto?
Esta loja foi consequência do crescimento de uma loja que tinha na feira shopping, foi uma época
boa de venda, o país estava atravessando uma fase boa de venda, nos anos de 93 e 94, foi se
adquirindo outras lojas, até chegar nesta daqui, que é uma filial da principal que havia nos anos de
93 e 94.
 Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?
Sim, já vi, já participei, vou às reuniões da CDL, a polícia militar comparece nas reuniões também,
toda segurança da área é feita pela polícia militar que faz um trabalho bom na região, e o que fica a
desejar a gente cobra nas reuniões da CDL, às vezes vai um coronel da polícia militar, então a gente
passa pra eles os acontecimentos novos, qual área tá boa, qual área ficou fraca em termos de
segurança, e eles logo dão resposta pra gente no dia seguinte.
 Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi
acionada? Qual foi o tempo resposta?
Tem ocorrências simples, às vezes a pessoa chega, pega a vendedora meio distraída, pega uma
mercadoria põe dentro da bolsa, finge que vai comprar, mas não vai, e depois vai embora, quando a
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gente vê aciona a polícia, mas não é sempre não, a gente chama a pessoa pede pra devolver a
mercadoria, porque é muito mais prático e rápido. Quando a gente chama a polícia tem que ser feito
um boletim de ocorrência, você tem que ir à delegacia, tem que levar a pessoa que tá cometendo a
infração, então o que acontece é que você perde três, quatro horas lá, porque tem outros casos pra
serem resolvidos, então isso aí é uma demanda de tempo muito grande. Então a gente faz o
seguinte: chama a pessoa, fala que ela colocou uma peça dentro da bolsa, se ela não devolver a
gente vai chamar a polícia, imediatamente a pessoa tira e entrega, dá alguma desculpa e tal.
 Pergunta 05: Quais são as maiores ocorrências da região?!
São sempre dessa mesma natureza, aqui os comerciantes não acionam a PM, só se for um caso
muito grave, pra envolver a polícia, mas geralmente a gente tem polícial passando por aqui sempre,
tanto da polícia municipal, como a polícia militar ou a polícia de trânsito, sempre tem alguma
polícia.
 Pergunta 06: A seu ver, qual é a avaliação que você dá para a segurança pública na
região?
Eu diria que o Barro Preto a 20, 30 anos atrás, era um ponto assim que de 1 a 10 você poderia dar 8
ou 9, mas agora, nesse exato momento nesse último ano eu daria uma nota tipo 4 a 5, eu falo pelo
movimento, pelo tanto de loja que tá fechando no Barro Preto, então ficaria nesse nível, já foi um
nível 8 hoje ficaria num nível de 4, 5 caiu muito o movimento aqui no barro preto.
 Pergunta 07: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia
(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!
Sim, tem máquina, tem câmera de filmar, tem a segurança particular que é feita pela EMIVE, aqui
já foi arrombado umas três vezes, então na hora que o alarme soa lá na EMIVE, ela já manda a
polícia com um motoqueiro pra cá, ai já liga pra mim, eu venho aqui.
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 Pergunta 08: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de
segurança ou inclusão social?!
O morador de rua é um negócio de inclusão social, mas eu acho que falta um trabalho pra que se
convença o morador de rua que em Belo Horizonte existe um abrigo que eles podem ficar, mas por
não gostarem de conviver com esse tipo de sociedade em abrigo, ele preferem dormir aqui nas
marquises do Barro Preto, mas agora o que isso acarreta? Isso acarreta muita sujeira de manhã, eles
fazem dos passeios, nas bocas de lobo, de banheiro à noite, e agora tem uma quantidade enorme,
era menos há uns 3,4 anos atrás eram bem menos, mas agora tá muito mesmo, se você rodar aqui à
noite, debaixo da laje do JK, debaixo da marquise daquele fórum trabalhista, isso aqui fica infestado
,aqui em cima nesta rua cheio de mendigos dormindo, tem pessoas que vem com a Kombi, de
madrugada, meia noite, pra poder servir café com leite, pão, vem a Kombi com os voluntariados ,
pra servir pão, café pra eles. O problema do mendigo mais grave, não é que a gente tem medo que
eles roubem não, eles vivem na deles, eles chegam aqui à noite pra dormir, às 07h00min quando a
gente fecha a loja, eles estão abrindo as caixas de papelão pra dormir, o problema é que eles
ganham comida, comem e jogam no chão, dá muito rato, barata, e eles usam as bocas de lobo, os
pés de árvores pra fazer de mictório, aí quando você vem trabalhar de manhã, tem que jogar água,
lavar, tirar aquela “catinga”, então, o terrível é isso.
 Pergunta 09: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento
local?
O desenvolvimento lotal, eu acredito, que ele está para o Barro Preto ele não tem mídia
quase nenhuma, ele não é divulgado em nada, ele não é falado em lugar nenhum, ao passo que há
20 anos, quando eu cheguei aqui, o que acontecia aqui? Você chegava aqui de manhã pra trabalhar
tinha 10, 12, 15, 20 ônibus na rua aqui de traz, na Rua Guajajaras, de sacoleiras que vinham do
interior, de pessoas que trabalham nos bairros, então era um movimento intenso de atacado, hoje
esse pessoal fugiu não sei onde eles estão comprando, devem estar comprando em outras áreas do
país, onde se divulga mais o comercio de atacado, porque aqui tá passando tudo para varejo e não
atrai mais o atacadista.
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 Pergunta 10: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a
região do Barro Preto?
Eles tem olhado sim para o Barro Preto, eles colocam soldados para andar aqui durante o dia, eles
geralmente permanecem na Praça Raul Soares à noite com carro de polícia, às vezes é uma van
grande com 3,4,5 policiais, que é um lugar que dorme muito marginal, muitas pessoas de rua, tudo
aqui na praça Raul Soares a noite, fica sempre ali pra poder tomar conta desse pessoal.
 Pergunta 11: Como a PM atua na segurança dos ‘sacoleiros’, turistas e consumidores
na região? Há algum ‘dia de maior movimento’ em que a PM garanta segurança
reforçada?
A PM não tem plano nenhum, o plano que tá é esse ai, de vez em quando a polícia passa, de vez em
quando passa o carro da polícia, na praça às vezes depois de 6 horas da tarde mantém mais um carro
de polícia lá, mas particularmente um poder mais efetivo aqui no local, não tem não.
 Pergunta 12: Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes
estão inseridos neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?!
Quais os impactos positivos dessa revitalização na segurança?
Olha, toda reunião que tem lá no CDL a respeito da revitalização do Barro Preto, toda reunião vai
um coronel da polícia, ele faz a parte da polícia de segurança lá, então não tem assim um plano da
polícia, o plano da polícia é o que você vai na reunião e reclama ele tentam colocar em prática e
amenizar a coisa - Em relação a esse projeto de revitalização vocês tem ciência que ele existe? A
PBH já chegou a passar alguma coisa pra vocês? - Nós já fomos a mais de 10 reuniões sobre esse
projeto de revitalização - O senhor acha que vai ser benéfico esse projeto? - Eu acho que vai ser
benéfica depois dela pronta, mas o que ela vai causar de estragos e danos vai ser uma coisa
impressionante, se ela for feita do mesmo jeito que foi feita a Savassi, a Santos Dumont, do jeito
que foi feito na Paraná, do jeito que foi feito a Pedro II, o que acontece, quando você mete um
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canteiro de obra numa rua dessa direta aqui do Barro Preto você vai afastar totalmente o público,
então aqueles lojistas que estão ali, que vão ficar porque a obra segundo eles vai durar 1 ano e 8
meses, se correr tudo bem, você já pensou em ficar 1 ano e 8 meses com obras aqui na rua? Então
isso aí vai prejudicar demais, eu tenho experiência, porque na Savassi nós já compramos até fundo
de loja na Savassi, do cara que quebrou e anunciou todo mobiliário de loja no jornal a gente foi lá e
comprou baratinho na mão dele, porque lá ele quebrou e desistiu de trabalhar, aconteceu isso em
todo lugar, agora não tem ainda um plano, por isso que as pessoas quando reúne não quer que faça a
obra, porque não tem um plano concreto de como vai ser para não prejudicar as vendas das lojas,
então já demos todas as opções, se vai fazer obra à noite, se vai fazer de manhã, se vai fazer um
lado da rua depois fazer o outro se vai quebrar os dois lados, como que vai fazer pra diminuir esse
impacto nas vendas das ruas onde estiverem trabalhando.
 Pergunta 13: O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela
PMMG para um projeto de revitalização da segurança na região?!
Eu acho que devia de ter na revitalização, igual essa rua aqui, pelo desenho no computador da
prefeitura tem o desenho todo pronto, esteticamente pronto, feito em computação gráfica, aqui na
praça não vai ter nenhum tipo de policiamento, eu acho que aqui na Rua Mato Grosso entre a Rua
Augusto de Lima e Guajajaras, já que vai ser um canteiro com jardim, com banco e tudo, devia de
ter uma área fixa da polícia, direto ali, tipo um posto policial decorado bonito ali no meio, mas que
toda hora que todo mundo aqui em volta olhasse pra lá visse a segurança, isso seria a melhor coisa.
 Pergunta 14: Existem projetos ativos em que a PMMG atua para que as políticas
públicas promovam a integração da população? Há conhecimento desses projetos por
parte dos comerciantes?
Ainda não chegou aqui na minha loja não, no dia que eles implantarem, já foi dito isso em outras
reuniões da CDL, mas ainda não implantaram... Tipo assim, como eu vi em São Paulo, e outros
lugares... Suponhamos aqui dentro da loja entrou um ladrão, tá acontecendo um assalto, eu vou
numa campainha e aperto, na hora que eu aperto a campainha eu vou acionar todas as pessoas que
estão a minha volta e elas vão saber que na loja tal tá acontecendo alguma coisa diferente.
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Então isso ai é que seria uma integração, convidar o pessoal, a PM convidar os lojistas para que se
implante isso, que é uma coisa que não fica tão caro assim, e é uma coisa de ajuda benéfica
maravilhosa, porque se eu tô trabalhando aqui na loja, entrou um ladrão aqui, se alguém apertar um
botão num lugar fácil ali na porta, daí a pouco tá chegando todo mundo em volta pra saber o que
está acontecendo, isso ai é uma coisa muito inteligente.
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ENTREVISTA 03
Entrevistado: Srta. Pabliana de Souza
Cargo/Função: Caixa da FastFood Subway (Rua Araguari, 318)
Data: 27/04/2015 (Terça-Feira)
 Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto?
Tipo assim em termo disso ai a gente não pode reclamar não, porque a polícia tem agido
direitinho com a gente sabe. Eu vejo eles passando muito ai, eles passam toda hora, roda aquela
sirene, depois que aconteceu o assalto, aconteceu nessa loja aqui debaixo também, na Plus também
aconteceu um assalto um dois dias antes do nosso, acho que foi na sexta e nós fomos assaltados a
primeira vez no domingo. Mas assim eles tem passado constantemente e assim em termos de
políciamento pelo menos aqui pra nós não tenho o que reclamar muito não, pelo menos eles tem
passado.
 Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi
acionada? Qual foi o tempo resposta?
Todos os dois assaltos que sofremos, todos dois foram de mão armada, o primeiro foi um só,
um único cara que veio assaltar, mostrou a arma pra mim, perguntou quem era que tava no caixa, eu
falei que era eu e ele falou então vâmo lá que isso é um assalto. Eu tirei o dinheiro e dei pra ele mas
ele em momento nenhum fez mal pra ninguém, só pegou o dinheiro e foi embora, a pé como um
cliente normal. Aí foi lá pro lado da Goitacazes. No segundo, eu estava olhando o pão, então quem
estava no caixa não era eu, era a outra moça. Já veio dois rapazes, não era os mesmos, nenhum dos
dois. De acordo com ela que ela viu o outro assalto também. Um na porta e outro veio e assaltou,
empurrou os clientes todos pra trás. O próximo cliente que tava com R$12,00 na mão, ele veio e
falou assim: toma o meu dinheiro também ele veio e falou assim: quero nada seu não, eu quero é de
quem tem. Ai foi e pegou, pediu a menina o dinheiro, mostrou a arma pra ela, o outro lá da porta
também tava com arma, falando com nossos clientes pra todo mundo ficar de cabeça baixa, pra
ninguém ficar olhando pra eles, foi pegou o dinheiro e foi embora, saiu correndo também. Não
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roubou nenhum cliente, só pegou o dinheiro do caixa e foi embora. A eles não demoraram muito
tempo pra chegar não, uns 5 minutos, foi bem rápido. Foi só o prazo de ligar e eles já tavam na
porta ai. Todas as duas vezes.
 Pergunta 05: Quais as maiores ocorrências aqui da região?!
Mais é assalto mesmo. Já vi na feira, já vi aqui embaixo aqui. A gente ouve falar mais é de
assalto mesmo. E também esse problema dos mendigos ai né, sangue de Jesus tem poder.
 Pergunta 04: Qual é a sua avaliação sobre segurança pública aqui na região?!
É boa. Antes do assalto eu falo assim que eu via muito pouco, eles passavam menos, mas
passavam. Costumavam até vir lanchar aqui. Não de graça, costumavam lanchar, mas pagavam,
aliás sempre pagam. É mas depois o policiamento ficou melhor. Eles deram telefone até particular
pra gente.
 Pergunta 06: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia
(CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?!
Todos. O trem aqui é melhor que o Big Brother gente (risos). Tem o recurso das câmeras e
tem o alarme que aciona direto a polícia, mas a gente não sabia até então. Nunca tinha sido
assaltada, a gente não sabia nem onde era. Ninguém conhecia esses sistemas de segurança a não ser
o gerente.
 Pergunta 08: Com relação aos moradores de rua, você considera uma questão de
segurança pública ou inclusão social?!
Vixe! É os dois pra mim, porque eu acho que nossa, eles são terríveis, tem uns loucos ai na
porta que gritam, eles brigam com os clientes porque não deu nenhuma moedinha pra eles. Tem uns
que chegam, diz que vai quebrar tudo, e chega e entra e quer pegar trem do lixo. E chega e pede pro
cliente dentro da loja, com cliente comendo, eles pedem o sanduíche que o cliente está comendo.
Eles são capazes de pegar na latinha de coca que o pessoal tá bebendo. Então tipo assim, além deles
ser mal educado, porque eu acho que você ser morador de rua, não é uma coisa assim de tudo tão
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errada, não ter uma casa, não ter onde ficar ai é outra coisa, mas ser mal educado, ser grosseiro, é
complicado - Você acha que eles espantam os clientes?! Você acha que a PMMG deveria intervir de
alguma forma?! - O tempo todo. Não tipo assim eu acho que, quer dizer assim tem casos que até a
gente já chamou a PMMG pra eles, tipo assim sabe, mas só que a maioria dos casos tem um descaso
da prefeitura, porque isso aí é a prefeitura que faz né, a gente liga pra PMMG eles falam assim: a
isso ai a gente não pode mexer, porque isso ai tem que ligar pra prefeitura, isso ai a prefeitura é que
vai resolver, tem que vir recolher e levar pra um abrigo e tal, é assim que eles falam. Eles até vem
olhar porque a gente liga e pede, fala que tá agredindo, que tá xingando, que entrando e pegando as
coisas dos clientes em cima da mesa, né, mas no mais eu acho também que tem muito erro do
governo sabe, da prefeitura, dos outros órgãos, porque nem tudo é a polícia que resolve né?
 Pergunta 10: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a
região do Barro Preto?
Eles deixam o telefone deles com a gente. Tem o telefone celular de alguns deles, pessoas
que passam aqui todos os dias, eles são um auxilio muito bom pra gente porque eles passam, eles
chegam, perguntam, eles chegam ao ponto de fazer amizade com a gente sabe, amizade mesmo de
falar assim: olha qualquer coisa vocês podem ligar pra gente, qualquer hora, liga o meu celular, que
qualquer hora que você precisar, até no WhatsApp fica ligado o dia inteiro, sabe. Então tipo assim
pra nós aqui eu não tenho o que reclamar da polícia não. Algum lugar onde eles ficam fixo aqui eu
não sei por que eu não saio daqui de dentro, eu entro 10 horas da manhã, saio 10 horas da noite,
então só na hora do almoço que eu fico lá em cima tentando ‘morcegar’ um pouquinho então não
saio, não sei nem onde é o batalhão deles.
 Pergunta 13: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto,
passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e,
por consequência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa
situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?!
Ah, é um ponto de referência, mas eu não acho que é assim aquela coisa assim.
Sinceramente eu não sei dizer se houve alguma melhora porque eu não passo por lá, eu nem sei
como é que ela tá pra ser sincera, essa parte ai eu não sei não.
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 Pergunta 15: Existem projetos ativos em que a PMMG atua para que as políticas
públicas promovam a integração da população? Há conhecimento desses projetos por
parte dos comerciantes?
Que eu saiba não, nadinha, nadinha, mas assim a gente não tem tempo de conversar com
eles assim, de bater papo muito não, a gente teve muito assim, no dia do assalto, eles pararam aqui,
eles ficam igual psicólogo com a gente, eles são ótimo assim. Pelo menos os que pararam aqui com
a gente não têm o que reclamar deles não, os policiais excelentes, conhecemos eles até pelos nomes,
eles são ótimos, pessoas boas, tinha as moças, uns policiais homem também, mas todo mundo assim
gente finíssima, da primeira qualidade. Da auxilio, pelo menos pra nós aqui eu tenho do que
reclamar não. Porque assim na verdade, se você perguntasse isso pro gerente ele não ia saber te
falar nada não, porque ele não fica aqui. Quem fica aqui somos nós.
 Pergunta 11: Você tem alguma sugestão pra melhorar aqui a segurança?!
Nossa, ia ser ótimo ter policial o dia inteiro, dando umas andadas aqui, indo e rondando aqui,
policiamento andado, a pé sabe, andando, dando uma olhada, parando na porta, dando uma
olhadinha, ia ser ótimo se tivesse isso, a gente ia se sentir mais segura. Ou um posto policial mais
perto, a gente chama eles vem rapidinho porque eles ficam muito ali no fórum. A gente vê um
policiamento melhor a noite, por volta de seis horas eles passam ai na porta.
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Revitalização no Barro Preto promove desenvolvimento local

  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing Módulo 1A Revitalização no Barro Preto: uma questão de segurança para o desenvolvimento local. Estudo de caso interdisciplinar apresentado aos professores do Módulo 1ª do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing para análise e avaliação. Orientador (a): Danielle Pedretti Morais Lima NOMES DOS ALUNOS: BARBOSA, Juliana de Oliveira FERREIRA, Thiago Araújo GONÇALVES, Regiane Santos MIRANDA, Cinara Lisboa NOVAIS, Aline Lucindo Santos OLIVEIRA, Débora Damasceno SILVA, Isabela Almeida Belo Horizonte / MG 1º semestre / 2015
  • 2. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial, Gestão Pública e Marketing Módulo 1A Revitalização no Barro Preto: uma questão de segurança para o desenvolvimento local. Belo Horizonte / MG 1º semestre / 2015
  • 3. RESUMO O presente projeto de pesquisa tem como objetivo, através do estudo de caso, analisar como as políticas de revitalização no Barro Preto podem impulsionar o desenvolvimento local. Utilizando-se para isso a metodologia de Design Thinking, por pesquisa de campo qualitativa, onde o parecer dos atores sociais à cerca do tema-problema e da pergunta norteadora, sob o enfoque da segurança pública, abrem precedente para a revitalização e desenvolvimento local na região. Palavras chave: Design Thinking, Segurança; Desenvolvimento Local; Revitalização urbana;
  • 4. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................................5 1.1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................6 1.2 METODOLOGIA.............................................................................................................................7 1.3 INTERDISCIPLINARIDADE..............................................................................................................9 1.4 VIVENCIA DOS ALUNOS...............................................................................................................10 2. DESENVOLVIMENTO...............................................................................................................11 2.1 PLANEJAMENTO .........................................................................................................................11 2.2 RESULTADOS ..............................................................................................................................13 2.3 UTILIZAÇÃO DOS DADOS ............................................................................................................19 3. IDEAÇÃO.....................................................................................................................................20 3.1 LISTA DE IDÉIAS .........................................................................................................................21 3.1.1 Ideias malucas.....................................................................................................................21 3.1.2 Ideias voo raso....................................................................................................................22 3.1.3 Ideias pé no chão ...............................................................................................................22 3.2 IDEIAS SELECIONADAS ...............................................................................................................23 3.2.1 Maluca: ..............................................................................................................................23 3.2.2 Voo raso: ............................................................................................................................24 3.2.3 Pé no chão: ........................................................................................................................24 4. PROTOTIPAGEM.......................................................................................................................25 4.1 PROTOTIPO .................................................................................................................................25 4.1.1 Descrição dos materiais ulizados ......................................................................................25 4.1.2 Detalhamento da proposta..................................................................................................26 4. 2 PROTOTIPO SELECIONADO..........................................................................................................29 5. IMPACTOS, EVOLUÇÃO E ANÁLISE .................................................................................. 32 5.1 AVALIAÇÃO DA SOLUÇÃO ...........................................................................................................33 5.2 RISCOS DA PROPOSTA .................................................................................................................34 5.3 DIFERENCIAL .............................................................................................................................35 5.4 PERSPECTIVAS FUTURAS ............................................................................................................36 6. CONCLUSÃO ..............................................................................................................................37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................38 APÊNDICES.....................................................................................................................................39 ANEXOS...........................................................................................................................................62
  • 5. 5 1. INTRODUÇÃO O Desenvolvimento local visa promover melhorias nas condições de vida da sociedade de um determinado lugar, tais como: a inclusão, mobilização social, diversificação da economia local, inovação da gestão pública, uso consciente dos recursos naturais, dentre outros. Para que o mesmo ocorra é necessário que tenha a participação da sociedade não só como beneficiário, mas também como agente ativo em tais mudanças, ou seja, a sociedade identifica a necessidade e o Estado, planeja e cria estratégias, estabelece as mudanças e consequentemente todos usufruem de tais melhorias. Reforçando-se assim o conceito de desenvolvimento local amparado por três pilares: Estado, Mercado e Participação Social, sustentando e impulsionando em sua esfera individual e coletiva. O presente trabalho tem como objetivo abordar o tema Desenvolvimento local, mais precisamente desenvolver ações de revitalização que promovam o desenvolvimento social, econômico e ambiental da região do Barro Preto, em Belo Horizonte, Minas Gerais. A escolha do Barro Preto se justifica pela importância da região para a cidade e também por ser onde a comunidade acadêmica, e por ventura os estudantes responsáveis pelo trabalho, se encontram. Assim sendo, leva-se em consideração o fato de que os indivíduos são, ao mesmo tempo, agente e beneficiário, nada mais condizente que estar junto deles para compreender e propor ações dentro do processo. Entende-se que, para promover o desenvolvimento de um determinado local e assegurar a qualidade de vida da população é necessário buscar melhorias socioeconômicas, incentivando a participação ativa da sociedade e valorizando os recursos locais, visando estimular o que já existe de positivo e implantar melhorias nos pontos mais precários, mantendo uma estrutura que sustente a economia local e supra as necessidades da mesma. Ao voltar o olhar para a revitalização, ou como preferem propor alguns autores, requalificação urbana, buscam-se valer de todos esses fatores que englobam o capital social do ponto de vista sociológico, como elementos que legitimem o processo de revitalização e não apenas pontos a serem observados sem maior importância. Portanto a revitalização remete-se à condição de aspecto transformador e impulsionador do desenvolvimento de toda região. No contexto desta pesquisa, a percepção à cerca do desenvolvimento local, sob a ótica da segurança e através da abordagem e interrogação dos agentes sociais como a os comerciantes locais,
  • 6. 6 serão os norteadores de propostas que estabeleçam ações de promoção e mudanças na região para a revitalização do bairro. Através do encontro com os agentes sociais, busca-se não só compreender os recursos e as possibilidades, mas a imersão no universo vivido por eles a fim de que, com isso, possa-se estabelecer interação, sustentando e compreendendo, como as políticas de revitalização no Barro Preto podem ser impulsionadoras de desenvolvimento local? 1.1 Referencial Teórico Muitos autores tratam o desenvolvimento local como uma esfera do desenvolvimento econômico e humano, no entanto, observa-se sob esta ótica, a necessidade de entender que, conforme diz Oliveira (2001) é a satisfação de um conjunto de requisitos de bem-estar e qualidade de vida. Ao abordar sobre a temática de desenvolvimento local, é preciso não só compreender seu conceito, mas entender que é necessário planejar, criar estratégias e propor uma mudança cultural que estabeleça conexões que possam compartilhar não só as iniciativas individuais, mas também a inovação e o empreendedorismo comunitário. E, mais importante que compreender o conceito, é colocá-lo em prática, isso claro, deve ter como prioridade a análise de todos os preceitos que envolvem o homem e a sociedade em que ele está inserido, levando em consideração os fatores históricos e culturais que compõem o chamado Capital Social (Martins, 2002, Tabosa et al; 2010). Conforme salienta Martins (2001, p.53): É importante visualizar a participação enquanto resultado do processo de construção social, portanto sujeito a fatores históricos e culturais. Neste sentido, a participação parece manter uma relação direta com a capacidade individual ou coletiva de interagir, cooperar, associar- se e confiar, isto é, com o chamado capital social. Abordar a questão do capital social é demasiadamente importante quando trata-se de desenvolvimento local. No contexto que contemple a revitalização como política de impulsão deste desenvolvimento, entende-se, conforme Priemus (2007) que, à luz da administração e da revitalização de bairros urbanos, o capital social pode ser considerado uma noção crucial. Para compreender a convergência do desenvolvimento local e das políticas de revitalização e como elas compõem o capital social, é necessário compreender o conceito do ponto de vista sociológico.
  • 7. 7 Dizer-se de um capital que ele é social presta-se a mais do que uma acepção: de posse, ou propriedade, da qual não apenas os indivíduos mas a sociedade é detentora; ou de autoria, sendo ele um bem advindo da sociedade, ou ainda sendo ela quem o faz ativo e produtivo; ou de usufruto, revertendo à sociedade e ao seu proveito os benefícios gerados por esse capital. (SOARES, et al., 2010, p.6) Santos (1999) diz que, o espaço se redefine a todo o momento, logo, a revitalização não é algo que se dá de uma só vez, ou em apenas dado momento, ela acontece de forma cíclica e perene. E, portanto, não sendo algo estático, faz-se necessário que esse dinamismo seja transportado para os atores sociais e suas particularidades. Ainda segundo Santos (1999), o processo de revitalização deve apresentar um enfoque que introduz como fator decisivo o reconhecimento das particularidades de cada território, dos grupos sociais que aí vivem e trabalham das iniciativas de negociação que, reconhecendo a pluralidade de interesses e os conflitos presentes, apontem para novas construções do que se entende por interesse comum. Assim, o conceito de desenvolvimento local e capital social trazem o entendimento para contextualizar a revitalização urbana, que tem como objetivo, conforme Priemus & Kleinhans (2007), não apenas melhorar a qualidade física das moradias e o ambiente habitacional nos bairros urbanos, mas também melhorar a atmosfera social. Partindo desse pressuposto, estar junto aos atores sociais, no caso dessa pesquisa, junto aos comerciantes locais, a fim de compreender de forma individual para a concepção dentro da esfera coletiva, tendo as estratégias de revitalização como premissa para o desenvolvimento local e humano (Martins, 2002). 1.2 Metodologia Para elucidar esse trabalho a metodologia do Design Thinking será aplicada sob cinco fases dentro do processo: Descoberta, investigação, ideação, prototipagem e evolução. Para isso, faz-se necessário entender o conceito de Desing Thinking que, conforme Godinho (2010) é essencialmente um processo de inovação centrada nos aspectos humanos, com métodos como observação, co- criação, etnografia, prototipagem, dentre outros que buscam incitar a inovação e delinear estratégias empresariais. O Desing Thinking nos oferece a possibilidade, dentro da pesquisa, de estabelecer um processo criativo e, ao mesmo tempo, intelectual, explorando as potencialidades de interação,
  • 8. 8 colaboração e inteligência, partindo do pressuposto que, mesmo que nem todas as pessoas possam tomar decisões, todas têm papel contributivo para com o desenho de um novo contexto. A partir de duas perguntas básicas – O quê? e Como? - a metodologia do Design Thinking abre um leque de possibilidades quase que infinitas – vide figura abaixo – sendo, conforme Caulliraux (2014), uma de suas premissas básicas: a co-criação. Figura 1 ‘Design Thinking: O que e como?’ - Fonte: www.designculture.com.br Sob o viés do Desing Thinking, a construção deste trabalho contará com a descoberta do tema através do tema central e do tema problema, da definição do problema através das pesquisas de campo, o desenvolvimento através da análise de dados, prototipagem e afins e a implementação, ao final do processo, para torná-lo público. (Gonsales, 2014) Dentro de cada etapa do processo haverá um detalhe em específico que norteará o estudo, sendo na descoberta o estudo de caso, pesquisando a fundo a região do Barro Preto; para a definição do problema será feita a pesquisa de campo com os agentes sociais, neste caso os comerciantes locais que, dentre tantos fatores, tem sua relevância e importância por serem diretamente afetados pela segurança que é preocupação latente de todos os agentes sociais da região, para tal será realizada uma pesquisa tipo qualitativa e descritiva com aplicação de um questionário aberto; na
  • 9. 9 fase de Prototipagem a organização dos dados, das ideias e a idealização de uma solução; e, por fim, a fase de implementação trará a público os resultados do estudo e, por conseguinte, sua proposta de solução para o tema-problema. Desta forma, sob a perspectiva de Gonsales (2014), tem-se: (...) O projeto tem como finalidade atuar no contexto exploratório do ambiente institucionalizado centrado no ser humano e no entendimento das suas necessidades e motivações reforçando o poder criativo e desafiador da temática através da utilização da metodologia Design Thinking, na busca de soluções inovadoras e na crença fundamental de que todos podem gerar mudanças, não importa quão grande é um problema, quão pouco tempo temos disponível ou quão restrito é o nosso orçamento. Assim, o importante na metodologia do Design Thinking para esta pesquisa é, sem dúvida, mergulhar no questionamento do tema problema e, com isso, ir de encontro para soluções factíveis. 1.3 Interdisciplinaridade Segundo o Barbosa (2009) a interdisciplinaridade é o processo de integração recíproca entre várias disciplinas e campos de conhecimento e constitui uma associação de disciplinas, por conta de um projeto ou de um objeto que lhes sejam comuns. Partindo deste pressuposto, a interdisciplinaridade é, portanto, ferramenta de imensa valia nesta pesquisa, pois, conforme Cardoso et al. (2008), propõe a partir de uma coordenação geral, a integração de objetivos, a troca, o diálogo, o conhecimento conexo. Assim, todas as disciplinas desse módulo, contribuirão cada qual com seu âmbito em específico, para o contexto geral. Sendo o tema universal deste trabalho o desenvolvimento local, as disciplinas de Administração de Marketing, Análise de Cenários Econômicos e Empreendedorismo contribuirão de forma a entender os micro e macro ambiente, a economia local, bem como as potencialidades e oportunidades de negócios que podem ser trabalhadas a fim de garantir que, dentro do processo de revitalização sejam considerados todos os fatores mercadológicos, financeiros e econômicos, além de estratégias e planos de negócio antecipando e analisando os fatores que possam impactar, positiva e negativamente, transformando a região e seus agentes sociais. Dentro da Análise e interpretação de dados, recolher, observar e apurar dados que contribuam para a análise e compreensão do cenário de desenvolvimento local e revitalização da região, pois, como explica Gil (1999), o objetivo dessa disciplina é organizar sistematicamente os dados de forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema de investigação.
  • 10. 10 Por fim, sabendo que a leitura, a escrita e a oratória são mecanismos indispensáveis à realização da pesquisa. A disciplina de Comunicação pautará não só como será o processo de investigação, a condução das entrevistas e a produção dos textos para a pesquisa, também elucidará de forma coerente o processo de desenvolvimento local e, por sua vez, o processo de revitalização com os agentes sociais das diversas classes, bem como levá-los a público através da imprensa e outras entidades. 1.4 Vivência dos alunos Durante todo o processo do estudo de caso, o envolvimento e o engajamento dos estudantes responsáveis pelo mesmo, permitiram que toda a experiência fosse vivida de forma a, antes de tudo, agregar conhecimento a cerca não somente do âmbito acadêmico que englobam os cursos dos quais os mesmos compõe o corpo discente, mas também sobre as questões sociais, econômicas e estruturais que fazem parte do contexto do desenvolvimento local. Ao estudar um caso e propor através dele soluções que possam promover os mais diversos conceitos a fim de garantir, para o objeto do estudo, uma visão ampliada sobre seu universo, o grupo pode exercitar noções humanísticas básicas como ouvir e compreender, através da pesquisa de campo onde, ao juntar-se aos atores sociais, mergulhou-se em um mundo até então conhecido superficialmente e, muitas vezes restrito apenas ao ambiente físico da faculdade. Ao utilizar-se dos insights percebidos durante o dito processo, os alunos colocaram-se diante dos problemas dentro da esfera do individual, mas que, no entanto, compõe o tema problema de forma coletiva e essa imersão foi imprescindível para que todo o processo de brainstorm a fim de levantar as ideias que comporiam futuramente as soluções proposta pelo grupo. Da construção do protótipo da ideia selecionada, entrelaçando todos os grupos e transformando-os em um grande grupo com uma ideia que visava a integração entre os vários atores sociais e seus anseios convergidos em projetos que buscavam soluções conjuntas, a possibilidade de trabalhar o projeto a várias mãos sem perder a identidade, muito menos o objetivo central ou se afastar da pergunta norteadora, serviu além de tudo para compreender como as políticas de revitalização garantem não só o desenvolvimento local, mas a convergência da comunidade em algo vivo e altamente ativo.
  • 11. 11 Por fim, os alunos, ao postarem-se diante da solução do grande grupo, puderam constatar os impactos e a evolução do mesmo, a ponto de avaliarem e analisarem como, dali pra frente, a solução proposta, seus riscos, diferencias e as perspectivas futuras da mesma, podem responder à pergunta norteadora de forma satisfatória e torna-se factível. Tudo isso os coloca também na posição de agentes e beneficiários, já que a vivência dos mesmos foi fator determinante para o prosseguimento do estudo e também de sua conclusão. 2. DESENVOLVIMENTO Sabe-se então que, o desenvolvimento local, bem como a revitalização urbana, faz parte de um todo e complexo contexto de capital social, e que: Mercado, Estado e Participação social são pilares que sustentam o processo onde são, simultaneamente, agentes e beneficiários. Assim, a busca por ouvir, contextualizar e compreender suas indagações e demandas se faz mister para que o tema-problema seja explorado em toda a sua magnitude. Portanto, o objetivo desta pesquisa de campo, é obter e analisar dados oriundos da comunidade, na finalidade de conhecer o que pensam seus atores sociais sobre a segurança, a revitalização urbana e o desenvolvimento local. A questão da segurança pública na região do Barro Preto é amplamente discutida por todas as esferas que integram a comunidade no bairro e seu entorno. Silva (1963) conceitua como segurança pública o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade de cada cidadão. A princípio, ouvir o setor responsável por garantir a segurança, neste caso a PMMG, seria a proposta desta pesquisa, no entanto, em virtude de dificuldades de contato com os responsáveis pelo efetivo policial, foi reformulado o relatório e, desde então, os comerciantes da região são o foco do questionário qualitativo, aplicado no período entre 25 a 28 de abril de 2015. 2.1 Planejamento O ambiente da pesquisa, a região do Barro Preto, um dos mais tradicionais bairros de Belo Horizonte, criado por volta de 1913, é considerado o polo da moda, além disso, na região concentram-se devido à presença do Fórum Lafayette – Tribunal de Justiça de Minas Gerais – uma gama de escritórios de advocacia e serviços na área, ainda compõe a região consultórios médicos,
  • 12. 12 clínicas, laboratórios e hospitais e, como consequência, existe uma vasta variedade de lojas dos mais diversos ramos, restaurantes, lanchonetes e serviços em geral que agregam o centro comercial da região. Conforme dados da Associação Comercial do Barro Preto, a ASCOBAP (2011), circulam diariamente pela região cerca de 300 mil pessoas e, de acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), um pouco mais de seis mil pessoas habitam o Barro Preto. O foco dessa pesquisa são os comerciantes de forma ampla, logo, procura-se com isso o olhar por diversas perspectivas a fim de que, os depoimentos sejam ricos em pareceres distintos onde, para cada qual, o conceito de segurança apresenta-se de uma forma. É perceptível que, em virtude dessa amplitude, obtém-se da fala dos atores sociais muito mais que apenas dados, e sim anseios e propostas para melhoria da região e, por sua vez, a promoção do desenvolvimento local. Foram entrevistados 06 comerciantes locais, entre 20 e 60 anos, de segmentos variados e de pontos distintos da região, a principal preocupação consistiu em um aprofundamento e compreensão das empresas que compuseram a amostra. A amostra não pretendeu ser estatisticamente representativa por ter sido intencionalmente definida, limitando, portanto, as inferências sobre o comportamento do universo empresarial. Em sua maioria, os estabelecimentos encontram-se instalados em lojas comerciais nas ruas mais movimentadas do bairro, como a Avenida Augusto de Lima e a Rua Araguari, tendo em média mais de 3 anos de abertura do ponto, um deles, a Padaria Ki Pão, herdada do pai pelo Sr. Júlio César, encontra-se em pleno funcionamento há mais de 40 anos, segundo o Sr. Júlio, com isso ele pode acompanhar muitas transformações sofridas pela região ao longo dessas décadas, há também a loja da rede de fastfoods Subway localizada próximo ao Centro Universitário UNA e a agência bancária do Banco Bradesco, ponto de intenso movimento durante todo o dia e parte da noite, além da Banca São Mateus, localizada quase em frente ao prédio principal do Tribunal Regional do Trabalho (3ª Região) e também do tradicional Bar Garotinho, localizado a Rua Mato Grosso, quase esquina com Goitacazes, ponto de encontro e happy hour. A presente pesquisa enquadra-se também na tipologia de estudos de casos que foi um estudo da região do Barro Preto. Conforme Gil (1994), o método do estudo de caso apresenta característica de ser um estudo profundo e exaustivo, permitindo um conhecimento amplo e detalhado do mesmo. Procurou-se ir de encontro aos atores sociais, logo, deu-se preferência para entrevistar não só proprietários, mas funcionários que estejam na linha de frente dos estabelecimentos e, portanto, podem acrescentar suas vivências e experiências pessoais na região. A coleta de dados deu-se
  • 13. 13 através de entrevistas com base no questionário qualitativo composto de dezesseis perguntas abertas, gravadas em áudio e documentadas através de fotos. Dos entrevistadores, ficou-se dividido em duplas, onde um dos componentes dava prosseguimento à entrevista e o outro fazia os registros. Pós a coleta dos dados através das entrevistas, fez-se a transcrição das mesmas a fim de organizar as falas e, a partir delas, analisar, comparar, compreender e contextualizar as perspectivas à cerca da segurança e da revitalização urbana na região. 2.2 Resultados Desde seus primórdios, o Barro Preto foi considerado um bairro turbulento - embora constituído em sua maioria por moradores de classes trabalhadoras – onde, bêbados, maus elementos e frequentadores das zonas boêmias e dos cortiços da cidade eram frequentes, abrigou inclusive a temível gangue chamada Moleques do Barro Preto. Talvez, por isso, a preocupação com a segurança seja ainda nos dias de hoje, um assunto debatido com fervor e que preocupa toda a comunidade. Na esfera dos comerciantes, a preocupação com a segurança torna-se latente posto que, os estabelecimentos na região são em grande parte comerciais e lidam, diariamente, com alto volume de valores o que os torna alvo constantes de furtos e roubos. No que se refere à proteção no Bairro percebe-se que a segurança proporcionada pela Polícia Militar de Minas Gerais vem sendo realizada de forma efetiva, pode-se identificar isso através do comerciante 03 que reforça essa situação: (...) a gente não pode reclamar não, porque a polícia tem agido direitinho com a gente, sabe. Eu vejo eles passando muito aí, eles passam toda hora, roda aquela sirene (...) eles tem passado constantemente e, assim, em termos de policiamento, pelo menos aqui pra nós, não tenho o que reclamar muito não, pelo menos eles têm passado (Pabliana de Souza, caixa da lanchonete Subway, 2015).
  • 14. 14 Figura 02 ‘Entrevistas Subway’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015 Em 83,3% dos estabelecimentos entrevistados na amostragem foi identificado algum tipo de ocorrência, todas de natureza similar, como furto e roubo e que são recorrentes em toda a região. No entanto, fica claro que o retorno por parte da PMMG costuma ser rápido, tão logo a mesma seja acionada, porém, a necessidade de ter que se deslocar até o batalhão para dar prosseguimento ao Boletim de Ocorrência (BO) torna o processo moroso, conforme afirma o comerciante 02: (...) Quando a gente chama a polícia tem que ser feito um boletim de ocorrência, você tem que ir à delegacia, tem que levar a pessoa que tá cometendo a infração, então o que acontece é que você perde três, quatro horas lá, porque tem outros casos pra serem resolvidos, então isso aí é uma demanda de tempo muito grande (Aldenir Alves, subgerente da Fábrica de Terninhos, 2015).
  • 15. 15 Figura 03 ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015 Em todos os entrevistados percebe-se que, conforme já falado, a questão do policiamento efetivo e do retorno da PMMG ocorre dentro das possibilidades da região. Ainda dentro desse contexto, percebe-se também que o diálogo entre a polícia e os comerciantes se dá de forma contumaz através do efetivo policial de rua, no entanto, existem reuniões realizadas na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), onde, ainda conforme o comerciante 02 nota-se: (...) às vezes vai um coronel da polícia militar, então a gente passa pra eles os acontecimentos novos, qual área tá boa, qual área ficou fraca em termos de segurança, e eles logo dão resposta pra gente no dia seguinte (Aldenir Alves, subgerente da Fábrica de Terninhos, 2015). Situações como essa exemplificam como o diálogo entre os comerciantes e a PMMG se dá de forma estreita e preocupada com a busca da solução, por vezes imediata, do problema. Nota-se, porém, que mesmo com o diálogo estreito, todos os estabelecimentos contam com algum tipo de sistema de segurança privado, como câmeras de circuito fechado, sistema de alarme e sensor de presença, até mesmo sistema de monitoramento e segurança privados fornecidos por empresas especializadas, no entanto, o recurso de câmeras é o mais usado e, sobre ele a comerciante Pabliana de Souza ‘brinca’ e faz alusão ao programa televisivo ‘Big Brother’, exibido pela Rede Globo de Televisão, (...) O trem aqui é melhor que o Big Brother, gente! (risos) Tem o recurso das câmeras e tem o alarme que aciona direto a polícia, mas a gente não sabia até então.
  • 16. 16 Figura 04 ‘Entrevistas: o comércio’ Fonte: Arquivo do Grupo, 2015 Durante todo o processo de entrevistas, até mesmo durante o deslocamento dos entrevistadores de um estabelecimento para o outro, observou-se sobre a questão dos moradores de rua. É notório que a população de rua na região é grande e, a cada dia que passa, chegam mais e mais moradores. Há uma concentração muito grande no entorno da Praça Raul Soares, Rua Mato Grosso, Goitacazes e Avenida Augusto de Lima, normalmente durante o dia, eles transitam por toda a região e, a noite, montam estruturas de papelão debaixo das marquises para passar a madrugada. Questionados sobre os moradores de rua, os entrevistados tem opinião divergentes sobre ser um problema de segurança ou um problema de inclusão social, fomenta essa disparidade as opiniões dos entrevistados 01 e 05: (...) Eu não vejo a inclusão social, porque não é inclusão social, é um problema de segurança mesmo, porque o pessoal vem recolhe eles, leva pro abrigo, dá banho, troca de roupa, dá comida, no outro dia tá aqui, eles voltam, então não é um problema social, eles não querem, eles não querem é, ter um lugar pra ficar, um lugar pra dormir, porque lá tem um regime, tem um sistema e eles na rua conseguem dinheiro aqui que tem muito assalariado que não ganha, muitas pessoas de carteira assinada não ganha o que eles ganham (...) (Júlio César, proprietário da Padaria Ki Pão, 2015).
  • 17. 17 (...) Não, isso ai é um problema social, em todos os países existe isso ai, é um problema social. Aqui mesmo toda noite dorme oito pessoas por ai. - O levantamento da prefeitura se não me engano, são 1800 moradores de rua, certo. Tem albergue. Até estava outro dia olhando no jornal, uma matéria sobre isso, mas tem muitos moradores de rua que não, eles só vão tomam banho, comem e volta pra rua de novo. Eles se sentem mais seguros na rua do que no albergue. Então isso ai é problema social, não é só aqui no Brasil não (Sixto Daniel, gerente da Banca São Mateus, 2015). Figura 05 – ‘Entrevistas: Shopping Barro Preto’ Fonte: Arquivo do Grupo, 2015 Nota-se, contudo, que a concepção à cerca dos moradores de rua, embora existam abrigos que recolham e proporcionem assistência a esses moradores, muitos deles preferem permanecer nas ruas, até mesmo em virtude das regras e de uma suposta falta de segurança desses locais e isso é senso comum entre os entrevistados. Ainda sobre a questão dos moradores, os comerciantes afirmam que o problema em sua maioria é a abordagem dos clientes, pequenos furtos e a sujeira deixada pelos mesmos. Ao abordar a questão dos moradores de rua, abre-se precedente para falar sobre a revitalização na região do Barro Preto e também sobre o desenvolvimento local. Pode-se observar que, embora os comerciantes tenham consciência do projeto no plano diretor da prefeitura, muitos deles não compreendem o conceito de revitalização urbana. Logo, fez-se necessário mencionar outros projetos de revitalização ocorrentes na cidade e que serviram para exemplificar o conceito. Com base nisso, foi perceptível que, à luz de projetos de revitalização feitos na região da Savassi e do hipercentro da cidade, como das Avenidas Santos Dumont e Paraná, a grande preocupação dos comerciantes com relação à revitalização é que se repitam os mesmos problemas ocorridos nas
  • 18. 18 regiões usadas como exemplo. A queda das vendas e, por consequência, o fechamento dos pontos comerciais estão entre os mais impactantes, conforme salienta o comerciante 02: (...) o que ela vai causar de estragos e danos vai ser uma coisa impressionante, se ela for feita do mesmo jeito que foi feita a Savassi, a Santos Dumont, do jeito que foi feito na Paraná, do jeito que foi feito a Pedro II, o que acontece, quando você mete um canteiro de obra numa rua dessa direta aqui do Barro Preto você vai afastar totalmente o público (...) eu tenho experiência, porque na Savassi nós já compramos até fundo de loja na Savassi, do cara que quebrou e anunciou todo mobiliário de loja no jornal a gente foi lá e comprou baratinho na mão dele, porque lá ele quebrou e desistiu de trabalhar (...) (Aldenir Alves, subgerente da Fábrica de Terninhos, 2015). Figura 06 ‘Entrevistas: A Fábrica de Terninhos (B)’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015 Partindo dessa visão à cerca da revitalização na região do Barro Preto e dos impactos que a mesma causaria sobre o comércio, questionou-se aos comerciantes quais ações poderiam ser implementadas de forma a favorecer os comerciantes e minimizar os impactos. Fica claro que a preocupação com as vendas é o grande fator, no entanto, a questão da infraestrutura também é pontuada, salienta o comerciante 01: (...) vou te dar um exemplo muito básico, no sábado, o que deveria fazer, a BH Trans tinha que liberar a pista do meio para estacionamento, certo?! Pro pessoal que vem comprar, pra aumentar o fluxo de gente que vem pra cá, não tem. É, eu sirvo aqui de banheiro pra muitas senhoras, eu que atendo eles, não tem, então é assim, são coisas imediatas que poderia tomar, por exemplo, põe uma placa ali: tá liberado o estacionamento (Júlio César, proprietário da Padaria Ki Pão, 2015).
  • 19. 19 Percebe-se assim, que tanto a segurança, quanto a revitalização da região, são preocupações dos comerciantes locais. Percebe-se também que o conceito de desenvolvimento local permeia esses dois contextos e que, conforme se aborda neste estudo, competem ao capital social onde os fatores históricos e culturais interferem na concepção dos atores sociais à cerca do mesmo. É importante ressaltar que a participação social é uma constante quando se fala aos comerciantes quanto o desenvolvimento local na região, achar uma solução eficaz que envolva os três pilares que o sustenta se faz premissa para que o mesmo aconteça, no entanto, é fato que ele depende também de fatores econômicos que sofrem impactos inclusive da crise que acomete o país, conforme ressalta o comerciante 05: (...) é um problema econômico, acho que o Barro Preto, você vê aqui o dia inteiro é gente para aqui e para lá. Estes últimos dias estão mais, no modo de falar, mais devagar, mesmo os comerciantes estão falando sobre isso, o movimento nas lojas está fraco, mas ai é um momento que a crise que o Brasil está vivendo, isso ai é uma coisa normal, passageira, que deve melhora depois (Sixto Daniel, gerente da Banca São Mateus, 2015). Por fim, entende-se com base nas entrevistas e na observação do ambiente, que a região do Barro Preto possui infinitas possibilidades que podem, com a revitalização urbana e a segurança pública, promover e impulsionar o desenvolvimento local. Portanto, faz-se urgente que, embora o estreito contato entre a PMMG e os comerciantes, medidas e ações integradoras sejam tomadas a fim de garantir que a participação social possa servir de mecanismo e ferramenta para contribuir, dinamizar e promover a segurança local. 2.3 Utilização dos dados Todos os dados coletados são reflexos do sentimento dos comerciantes com relação ao tema- problema deste estudo. A utilização dos mesmos servirá, não só como norteador na solução do problema, mas como fator que inspira a ideação dentro da metodologia Design Thinking, posto que a mesma parte do princípio de levantar todas as ideias sejam elas: ‘pé no chão’, ‘voo raso’ ou ‘maluca’. É com base nos insights percebidos pelo grupo durante a pesquisa de campo que pode-se ir em busca de propostas e da execução dos protótipos, que serão os próximos passos deste estudo de
  • 20. 20 caso. O parecer, as vivências e as experiências dos atores sociais com relação ao diálogo entre a polícia e os comerciantes fomentarão o entendimento à cerca de como funciona o processo de segurança da região e onde, hoje, pode-se agir de forma a garantir que todos tenham a mesma impressão sobre essa questão. A compreensão desse diálogo levará por consequência à análise em como a segurança e a revitalização urbana na região do Barro Preto podem, com a participação social, ser fator de promoção e impulsão do desenvolvimento local. Com o relato dos atores sociais a respeito da segurança pode-se propor estratégias que atinjam de forma completa o comércio local e, sendo a segurança preocupação latente de todos os atores, podem proporcionar a integração entre todas as esferas que compõe a região. Por outro lado, a disparidade entre as opiniões quanto aos moradores de rua sobre ser o problema uma questão de inclusão social ou de segurança pública trará o mesmo à tona também como problema da esfera do privado, já que são notórios os impactos dos moradores de rua para o comércio local. Por fim, a utilidade dessa pesquisa de campo vai muito além de simplesmente analisar, compreender e contextualizar o tema-problema junto aos atores sociais ou também de permitir o surgimento de propostas para o prosseguimento do estudo, ela está intrínseca a partir do momento onde possibilita sair do conhecimento teórico para o prático e, com isso, trazer não só o questionamento, mas a reflexão em prol de todos os agentes e beneficiários. 3. IDEAÇÃO Com base nas considerações feitas pelos comerciantes, verifica-se a real possibilidade de discussão entre a comunidade e os agentes de segurança à cerca dos problemas locais. É uma atividade que viabiliza a mediação de conflitos, a proposta de soluções por quem mais conhece as dificuldades cotidianas, o monitoramento das atividades policiais, bem como a elaboração conjunta da política de segurança e de prevenção de ocorrências. Diante disso, e com o intuito de encontrar soluções factíveis, sob a ótica da segurança pública e sobre os programas de policiamento no Barro Preto abordados e elucidados na pesquisa de campo, com consciência de que não existem fórmulas milagrosas para combater os problemas sociais, pretende-se com a ideação, contribuir para uma melhoria na segurança dos cidadãos, e
  • 21. 21 resgatar valores de convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas, o que, por sua vez, contribuirá para a revitalização urbana e o desenvolvimento local da região. Partindo da conjugação de esforços e do apoio da sociedade civil organizada, propõe-se um novo olhar em como promover a segurança pública que conta, antes de tudo com a vontade sincera e consciente de cada indivíduo que integra a sociedade, ou seja, de seus atores sociais representados pelo Estado, Mercado e participação social. Sabe-se que as soluções mais eficazes são aquelas que combatem as causas dos problemas, e não apenas seus efeitos externos. Ou seja: a solução está na adoção de medidas preventivas, corretivas e educacionais, de resultados duradouros. Através da pesquisa de campo percebe-se que os comerciantes anseiam por propostas para melhoria da região, que envolvam a participação dos mesmos e a presença física do efetivo policial de forma mais contundente, a fim de inibir as ocorrências e também promover a relação entre PMMG e comunidade. Através da percepção desses insights apresentam-se as ideias a seguir colocadas de forma a atender a metodologia do Design Thinking e promover, dentro desse estudo de caso, a prototipagem, nosso próximo passo na pesquisa. 3.1 Lista de Ideias A lista de ideias foi elaborada através da técnica de braimstorm, onde a partir dos insights percebidos na pesquisa de campo podem-se sugerir ideias que estejam dentro dos três contextos do Design Thinking: ‘Maluca’, ‘Voo Raso’ e ‘Pé no chão’. 3.1.1 Ideias ‘Malucas’ 1) Um guarda em cada esquina com revezamento 24 horas; 2) Descentralização da força policial para controle local da segurança pública; 3) Um policial em cada loja fazendo a segurança particular de cada estabelecimento; 4) Policiamento feito pelo efetivo do exército; 5) Armamento de todos os comerciantes da região.
  • 22. 22 3.1.2 Ideias ‘Voo Raso’ 1) Construção de um centro de cuidados aos moradores de rua, oferecendo oficinas com cursos profissionalizantes e programas nos quais possam trabalhar e sejam atraentes para os mesmos, diferentemente dos albergues que já existem; 2) Promover maior integração entre o poder público e as polícias civil, militar e guarda municipal, garantindo-lhes total apoio para aprimorar o patrulhamento e a segurança geral da população; 3) Uma guarita policial há cada 1 km, possibilitando o monitoramento das ruas e estabelecimentos; 4) Criar um sistema de monitoramento via satélite interligado a uma rede de comando no próprio batalhão e aumentar o contingente policial em 100%; 5) Implantação e manutenção das câmeras de segurança e sistema de monitoramento; 6) Implantação de um sistema de alarme ligado diretamente a PM em todas as lojas e comércios da região; 7) Utilizar a rede do WhatsApp para que os comerciantes se ajudem entre si, através um código tipo SOS um estabelecimento saberá que outro foi tomado de assalto e poderá acionar a polícia a fim de ajudá-lo. 3.1.3 Ideias ‘Pé no chão’ 1) Revitalização de espaços abandonados, transformando-os em grandes centros culturais e espaços onde sejam reproduzidas grandes obras de artes. Além da revitalização como um todo no sentido de reestruturar o bairro; 2) Aumento da guarda municipal, visando a presença desse seguimento nos diversos públicos da comunidade, prestando orientação a população e protegendo o patrimônio público. 3) Ronda de policiais igual na praça 7, porém, com um ponto fixo no Barro Preto, tipo Fórum, Feira Shopping, além de rede comerciantes protegidos e o grupo de comerciantes no aplicativo WhatsApp; 4) Aumentar o efetivo policial a pé nas ruas e criar sistemas de rondas onde, atuando em setores, o policial tenha uma agenda de estabelecimentos que deve percorrer.
  • 23. 23 Eles terão autonomia para apreender, levar sob custódia e também registrar o BO sem necessidade de que, para isso, o comerciante precise se deslocar até a delegacia/cia. Esses policiais também terão uma linha direta com esses comerciantes para que o acionamento em caso de ocorrência se dê de forma ágil; 5) Instalação de posto móvel da PM e aumento do efetivo da Guarda Municipal, a instalação de posto móvel da PM em pontos estratégicos para atender a comunidade; 6) Mapeamento das regiões mais críticas e com maior incidência criminal e aumentar o policiamento ostensivo nestas regiões sem menosprezar as demais regiões, bem como a implantação de cabines policiais, rondas com bicicletas, a pé e com viaturas. 3.2 Ideias selecionadas Com base no tema-problema e na pergunta norteadora propõe-se, com as ideias selecionadas, atender às demandas dos atores sociais e, ao mesmo tempo, estar dentro das possibilidades que possam ser garantidas pelo Estado. Para chegar-se ao consenso das ideias selecionadas foram levados em consideração três fatores importantes: percepção da pesquisa de campo; viabilidade do projeto e impacto sobre os atores sociais. Notou-se, com base nesses três fatores, que as ideias abaixo poderiam ir de encontro não são aos anseios dos comerciantes, mas também com a proposta de revitalização urbana e desenvolvimento social, temáticas abordadas durante todo o estudo de caso. 3.2.1 Maluca: Elaborada fora da realidade, pois os recursos necessários para sua execução são pouco viáveis. O policiamento feito pelo efetivo do exército: parceria feita com o Exército nas ruas, além de passar grande segurança aos comerciantes, por conta da credibilidade, também mostra que todos os esforços têm sido feito para sanar as ocorrências. Os militares iriam trabalhar exclusivamente na segurança de todo o bairro, dando maior ênfase aos comerciantes.
  • 24. 24 Segundo o estatuto do Exército Brasileiro a missão Constitucional das Forças Armadas é proteger a soberania nacional e zelar pela segurança do patrimônio e da comunidade. A partir dessa premissa e da demanda dos comerciantes para um policiamento mais ostensivo, ocorreu à ideia do Exército nas ruas. 3.2.2 Voo Raso: Elaborada dentro da realidade com relação à disponibilidade de maiores recursos para concretização. Construção de um centro de cuidados aos moradores de rua: oferecendo oficinas com cursos profissionalizantes e programas nos quais possam trabalhar e sejam atraentes para os mesmos, diferentemente dos albergues que já existem. Será implantado oficialmente um projeto já existente do Ministério da Saúde, legitimando a promoção da equidade, garantido a acesso dessa população a outras possibilidades de atendimento, com a implantação dos Consultórios na Rua - equipe itinerante com foco no atendimento à saúde mental – Proposta de estratégia saúde na família com equipes especificas para atenção integral a saúde da população em situação de rua. Os Consultórios na Rua lidam com os diferentes problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua, desenvolvendo ações compartilhadas e integradas também com as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dos serviços de Urgência e Emergência e de outros pontos de atenção, de acordo com a necessidade do usuário. Assim como as demais ideias, esta surgiu a partir da própria fala dos atores sociais, onde percebe-se que o problema dos moradores de rua permeiam duas esferas: a da segurança e a da inclusão social. 3.2.3 Pé no chão: Elaborada dentro da realidade dos recursos disponíveis. Aumentar o efetivo policial a pé nas ruas e criar sistemas de rondas: onde atuando em setores, o policial tenha uma agenda de estabelecimentos que deve percorrer. Eles terão autonomia para apreender, levar sob custódia e também registrar o BO, sem necessidade de que para isso, o
  • 25. 25 comerciante precise se deslocar até a delegacia/Cia. Esses policiais também terão uma linha direta com esses comerciantes para que o acionamento em caso de ocorrências se dê de forma ágil A ideia surgiu a partir da identificação dos seguintes problemas embasados na pesquisa feita com os comerciantes locais: há problemas de agilidade do corpo policial para registro das ocorrências, o que dificulta o trabalho de elaboração de planos de segurança mais efetivos os quais são elaborados com base em dados estatísticos de ocorrências e também problemas na efetividade das ações policiais que apesar de existirem não inibem os infratores. 4. PROTOTIPAGEM Partindo do pressuposto da ideação, dá-se nesse momento a realização da prototipagem que, a partir de todas as ideias propostas dentro do estudo, conjugou-se na construção de um modelo que abordasse todos os contextos pesquisados e que se relacionam diretamente com os anseios dos atores sociais. Através das políticas de revitalização apresentadas pelos grupos para impulsionar o desenvolvimento local no Barro Preto, foi criado um único protótipo, para consolidação das demais ideias, com o intuito de demonstrar a dependência gerada por elas, para que não se torne uma solução incompleta, já que todas as ideias propostas partem de um pensamento conjunto de todos os atores sociais e das percepções dos grupos, a construção de um protótipo único facilita a compreensão de maneira ampla de como a integração de todos os setores possibilitará a promoção do desenvolvimento local da região. 4.1. Protótipo: Barro Preto em três pilares 4.1.1 Descrição dos materiais utilizados Para o protótipo apresentado foram utilizados os seguintes materiais: Base de madeira compensada, placas de isopor, papelão, papel aveludado (camurça) nas cores pretas e brancas; Cartolinas, sendo elas nas cores: azul, amarelo, vermelho, verde e branco. Parafusos, porcas, massa de modelar, palitos de picolé, bolas de isopor e tinta Guache; Além de grama, flores e folhas sintéticas, bonecos e carros de plástico, retalhos de tecido, caixas de remédio, sapato, suco e leite.
  • 26. 26 Para a composição das guaritas foi utilizado chapa de aço inox modeladas especialmente para o intento. Para a composição das bolsas que dão vida às lixeiras customizadas foi utilizado tecido de estofado, além de tecidos sintéticos para dar textura a pisos e calçadas. Para o arremate de todo o trabalho, foram utilizadas fitas adesivas (durex, crepe e dupla face), velcro,cola branca, cola quente, cola tipo superbonder e cola isopor. 4.1.2 Detalhamento da proposta Visto que o protótipo tem como finalidade ilustrar as ideias pé no chão apresentadas, para tornar tangível a resolução do tema problema, todas as ideias são reflexos do desejo dos grupos em promover o desenvolvimento local através da revitalização do Barro Preto em três principais pilares: Segurança, Mobilidade e Limpeza. Figura 07 ‘Prototipagem: O protótipo’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015
  • 27. 27 Em Segurança, identificou-se a necessidade de suprir os anseios descritos pelos atores sociais, através da implementação de mini postes com luz branca com finalidade de melhorar a iluminação local, garantindo a segurança em parceria com a PBH que determinaria os locais de instalação, levando em consideração os pontos mais críticos; Colocar guaritas em pontos estratégicos com aumento do efetivo policial e a criação de rondas estratégicas, onde o efetivo trabalharia em duplas e setorizados para atender a demanda comercial; Instalação de câmeras para monitoramento, o chamado Programa “Olho Vivo”, parceria com o CDL. Essas medidas visam promover a segurança pública e a interação dos comerciantes com a PMMG, o que auxiliara no combate efetivo da criminalidade constante que assombra a região. Figura 08 ‘Prototipagem: O protótipo (B)’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015 Em Mobilidade, as propostas apresentadas são transporte exclusivo do Barro Preto – que trafegaria no bairro todo – com o valor máximo cobrado de R$ 1,00 utilizado também como marketing interativo nas principais vias de acesso; Arrumar as calçadas, pavimentação de ruas para deficientes e cadeirantes com canteiros floridos, além de um ambiente na qual a identidade do bairro fosse valorizada. Essas medidas visam promover a inclusão social de todas as classes, trazendo maior prestígio, requinte e visibilidade à região, o que acarretara no aumento efetivo de clientes e, por consequência, lucros eminentes.
  • 28. 28 Figura 09 ‘Prototipagem: O protótipo (C)’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015 Em Limpeza o foco será o design das lixeiras, com lixeiras próprias e sacolinhas com design coerente com o Polo da Moda, além de sacos diferenciados onde o lixo poderia ser identificado para a população de rua que realiza catação de materiais recicláveis; além da lixeira subterrânea para descarte orgânico e reciclável. Essas medidas visam, sobretudo, o visual da região, trazendo sofisticação através do marketing implementado nas lixeiras, fazendo referência ao polo da Moda, além de melhor aproveitamento do lixo e dos descartes realizados na região.
  • 29. 29 4.2 Protótipo Selecionado Figura 10 ‘Prototipagem: O protótipo (D)’ - Fonte: Arquivo do grupo, 2015 O protótipo selecionado, conforme já observado, é uma conjugação de ideias. Ao retratar a região do Barro Preto, compreende-se um trecho da Avenida Augusto de Lima, onde pretende-se destacar o comércio local, bem como a região residencial, a questão da limpeza e da mobilidade, além, claro, a concentração dos moradores de rua, que é grande nessa localização.
  • 30. 30 Figura 11 ‘Prototipagem: O protótipo (E)’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015 A definição por esse protótipo e a intenção da construção do mesmo, onde contenham as soluções imprescindíveis para a solução da questão norteadora faz-se fundamental para que a mesma se dê de forma plena. Assim, observa-se que o grande grupo, com as ideias apresentadas, complementam-se para a resolução da questão norteadora, apesar de expostas em pilares distintos, se apresentadas individuais, não ilustraria uma solução completa. O protótipo apresentado exemplifica como as soluções são variáveis indispensáveis para resolução do tema problema, trazendo melhorias aos comerciantes, clientes, moradores e cidadãos de forma geral. A inter-relação entre os pilares de limpeza, segurança e mobilidade são as bases do processo de revitalização que, como já abordado, não está fechado apenas a um ou outro conceito, sendo esse dinamismo a característica proeminente e que faz com que o processo possa promover o desenvolvimento local, já que converge esse para o bem comum de todos os atores sociais e suas esferas. Figura 12 ‘Prototipagem: O protótipo (F)’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015
  • 31. 31 Figura 12 ‘Prototipagem: O protótipo (G)’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015 Assim como na interdisciplinaridade, onde existe uma conjunção das disciplinas em prol de uma correlação entre as áreas e também dentro da proposta co-elaboração do Design Thinking, a proposta de construir um protótipo único, onde todos os grupos pudessem tomar decisões e contribuísse para o desenho de um novo contexto torna-se a grande questão no protótipo selecionado posto que, ao requerer a participação de todos os membros e do coletivo, promove-se a integração, o trabalho em grupo, a capacidade de ouvir, compreender e pôr em prática não só as ideias individuais, mas do outro, algumas vezes em detrimento da sua própria. Dá-se então, nesse momento, a promoção do pensamento coletivo ‘fora da caixa’ pois amplificam os horizontes e os olhares, além, claro, das perspectivas sobre os elementos que se compõe à cerca da revitalização e do desenvolvimento local. Figura 13 ‘Prototipagem: O protótipo (H)’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015
  • 32. 32 Figura 14 ‘Prototipagem: O protótipo (I)’ Fonte: Arquivo do grupo, 2015 Justifica-se nessa escolha então, primeiramente, a forma integradora como o protótipo se apresenta aos grupos, além disso, a possibilidade de construir algo melhor elaborado, a partir das habilidades de cada integrante dos grupos, a angariação dos materiais e também a disposição dos integrantes em realizar o trabalho de forma conjunta, fortalecendo o diálogo e, por fim, dando-se por entender que, assim, a visão da revitalização e do desenvolvimento local a fim de promover a melhoria da região para todas as esferas seria o caminho mais viável e factível para dar voz à solução do tema problema e da pergunta norteadora. 5. IMPACTO, EVOLUÇÃO E ANÁLISE Entende-se, que uma vez realizadas todas as etapas do processo do estudo de caso sob a ótica da metodologia do Desing Thinking, é chegado o momento de compreender os impactos e a evolução do projeto, bem como analisar todas as suas variáveis que possibilitarão, por sua vez, a execução do mesmo e o êxito de seu processo. Os impactos do projeto, a sua aplicabilidade no mercado e como se dará para que esses mesmos impactos sejam revertidos de forma positiva para o projeto são, antes de tudo, condição básica para que as soluções propostas possam se apresentar frente aos atores sociais. O processo evolutivo, constituído de todas as vertentes se constrói a partir do momento que todas as soluções se
  • 33. 33 convergem num anseio único e permitem que exista, dali para frente, condições para mantê-lo e aprimorá-lo. Por fim, analisar de forma a garantir que, estando o projeto em plena conjunção com todos os preceitos estabelecidos durante o estudo, faz-se necessário para que a compreensão das soluções, bem como a resposta dos atores sociais seja interpretada a fim de que, o intento do estudo seja não apenas propor soluções, mas entender como e para quem as mesmas se dão. 5.1 Avaliação da Solução Sabe-se que ao propor soluções que venham de encontro com os anseios das esferas que compõe a sociedade, com base no que foi visto, ouvido e percebido por meio da fala dos atores sociais está-se também propondo muito mais que ideias e soluções que sejam factíveis, mas sim que estejam conectadas e possam fazer a diferença na relação dos mesmos com o Mercado e Estado. Quando se apresenta a proposta do Barro Preto sob três pilares, a solução do problema está embutida neste viés, arrematada pela tênue linha da integração entre os também pilares do capital social: Estado, Mercado e Participação Social. Ao formar-se uma base sólida sob os mesmos, o que se vê é que, sem essa integração e sem esses pilares, as soluções seriam apenas pontos isolados e sem grande representatividade para o todo e, por consequência, para o tema problema e a pergunta norteadora. Levando em consideração que o desenvolvimento local está baseado em noções de bem estar e qualidade de vida (Oliveira, 2011). É importante ter em mente que a solução apresentada leva, não somente à abordagem dessas noções, mas à promoção das mesmas. A partir do momento em que elas são a expectativa de várias vozes e, ao mesmo tempo se integram e convergem em um ponto único, porém, de grande amplitude, abraçando todos os atores que fizeram parte da construção do projeto, mesmo que, não seja possível ver suas partes de forma isolada. Percebe-se então que, todo o envolvimento do homem e da sociedade está pautado não em eventos pontuais, mas em iniciativas de comoção geral que façam com que cada membro dessa mesma sociedade e a própria sociedade como um todo sejam eles próprios a força motriz do desenvolvimento local. Logo, verifica-se assim que, estando a solução apresentada no protótipo - e fundamentada durante todo o desenvolvimento deste estudo - baseada e arraigada sob o contexto do bem estar e da
  • 34. 34 qualidade de vida - que podem, e serão, promovidos através do processo de revitalização urbana - e sustentada por políticas que garantam a participação de todos os seus agentes, ela vai não só de encontro com uma proposta factível, mas completamente realizável sob os diversos pontos de vista que a englobam social, econômica e mercadologicamente. 5.2 Riscos da Proposta Ao falar-se de implementação de qualquer proposta ou solução, obviamente incorrerão riscos que devem ser analisados e levados em consideração para dar prosseguimento ao projeto em si. Vários fatores, internos, externos, controláveis ou não, incidem sobre a proposta e, sem eles, não seria possível avaliar os impactos e a evolução da mesma, muito menos propor, com base no que é observado, melhorias que culminem em maior êxito e, em contra partida, menor emprego de recursos escassos - em sua maioria financeiros - e também força intelectual ou física, ganhando assim em tempo e outras variantes que agregam valor ao projeto. Dentro da solução do Barro Preto em três pilares, a constituinte da tríade de limpeza, segurança e mobilidade perpassará principalmente sob a questão financeira, afinal, sabemos que será necessário engajamento das iniciativas do poder público e privado a fim de viabilizar verbas que possam colocar projetos como, por exemplo, a reestruturação da área para a construção do depósito da lixeira subterrânea em construção e funcionamento. Portanto, é necessário que esteja claro quanto e como serão empregados os recursos, bem como um estudo detalhado de suas viabilidades, do contrário, esse pode ser o ponto decisivo para a implantação da mesma. Outro risco que deve ser considerado, como também já citado ao longo do trabalho, inclusive durante o processo da pesquisa de campo, é questão dos impactos econômicos. Ao considerarmos os pilares de mobilidade e limpeza fazem-se necessárias obras que possibilitem que as soluções individuais sejam promovidas. Com isso, mudanças no trânsito, fechamento de ruas, construção de canteiros de obras, restrição de acessos de pedestres e transeuntes – situações que foram vivenciadas em outras regiões revitalizadas – acabam por se exporem como fator dificultador na aceitação das soluções, principalmente por parte do comércio local. Deve-se levar em consideração também, sob o contexto da segurança, que a dificuldade enfrentada outrora em falar com os responsáveis pela corporação policial já é, por si só, um importante indicador de todos os obstáculos a serem enfrentados no que tange aos assuntos e soluções que cabem a esse setor.
  • 35. 35 Então, sob os riscos da solução não ocorrer pode-se dizer que, a falta de verbas que viabilizem a execução da mesma; a não adesão, por temor dos impactos negativos e da falta de estruturação, por parte da sociedade; e a dificuldade de um canal aberto de comunicação entre os setores e os órgãos de competência do Estado, são os fatores de risco eminentes e que merecem especial atenção ao falar-se da solução em três pilares. Assim sendo, amenizar os riscos e compreender como contorná-los será a grande questão a ser trabalhada a fim de dar prosseguimento ao mesmo, valorizando esse entendimento no diferencial da proposta e em suas perspectivas futuras. 5.3 Diferencial O diferencial deste estudo está estruturado no desenvolvimento de soluções que buscam funcionalidades, integrando, criando novas experiências, valor e significado para o desenvolvimento local, através de propostas de revitalização urbana em três pilares definidos: limpeza, segurança e mobilidade. Para tanto, foi de fundamental importância que se iniciasse o processo com foco nos atores sociais, obtendo suas impressões decifrando suas ambições e anseios em novas soluções. Assim, o processo passa a ser uma espiral, na qual essas fases evoluem até que o todo seja viável. Na proposta para o desenvolvimento tem-se a introdução de novos elementos dentro dos contextos de limpeza, segurança e mobilidade e é essa inovação que confere ao todo seu caráter integrador, com o objetivo de dinamizar a economia urbana, atraindo não somente investimentos, mas também, gerando melhores condições para toda a comunidade. Vale ressaltar que, uma vez identificados os modelos ideais de desenvolvimento, estes foram relacionados com as intervenções urbanísticas correspondentes, alinhando-se com as demandas da população, que assume seu papel, conforme já explicitado neste estudo, de agente e beneficiário das soluções. A inovação e a implementação das ações propostas servirá como base no processo de geração, maturação e seleção das ideias. Assim, nasce em conjunto com os colaboradores, uma cultura de inovação centrada no usuário e incorporada no dia a dia da sociedade.
  • 36. 36 Enfim, pauta-se o grande diferencial deste estudo na inovação e na integração por meio da motivação e engajamento da participação social, através de uma abordagem humanística e criativa, aliando-se a reestruturação dos espaços urbanos em escala local a melhor utilização do seu potencial de qualidade e suas capacidades, pois se entende que, com isso, que o desenvolvimento local parte da premissa da participação de todos os envolvidos em seu processo. 5.4 Perspectivas futuras Sabe-se que as soluções do processo rumo ao desenvolvimento são, em sua maioria, de difícil execução, pois se tratam de um processo de reeducação, no sentido que, não só individualmente, mas também toda a sociedade precisa reaprender a realizar as ações cotidianas de forma diferente, quebrando vários paradigmas instituídos no consciente coletivo. A perspectiva de que algumas medidas, embora reconhecidamente necessárias (como a ampliação de recursos humanos e materiais) seriam dificilmente concretizadas não impede a proposição de mudanças mais factíveis e que, em curto prazo, teriam impacto positivo no desenvolvimento local. A Secretária Municipal de Operações Urbanas pode tornar-se parceira em potencial do projeto a fim de garantir a manutenção constante do sistema e conta com outros setores da prefeitura para dar continuidade na busca de soluções, assim espera-se aumentar a viabilidade econômico-financeira com recursos advindos de novos empreendedores atraídos pela melhoria das condições de segurança, limpeza e iluminação do bairro. O serviço é considerado essencial para atrair novos investidores e fomentar o desenvolvimento. Este repertório tende garantir a preservação e a recuperação de todo entorno, viabilizando o ingresso de novos elementos de infraestrutura, investidores e recursos para a manutenção do patrimônio. Vale ainda destacar a importância de estas ações privilegiarem a questão da sustentabilidade. Acredita-se que, por intermédio da visão social, indicará o caminho rumo à mudança para adquirir-se hábitos melhores, não somente no modo produtivo, mas também em nosso modo de vida como sociedade.
  • 37. 37 6. CONCLUSÃO Este estudo de caso apresentou uma solução pautada na integração de três pilares: limpeza, segurança e mobilidade com o objetivo de exemplificar como as políticas de revitalização no Barro Preto podem ser impulsionadoras de desenvolvimento local na região, desde a fase de descoberta até a análise dos impactos e evolução da mesma. Nele demonstra-se que as políticas de revitalização, aplicadas de formas integradas são, de forma convergente, o grande diferencial de promoção do desenvolvimento local. A proposta baseada nos anseios da comunidade - legitimados pelos atores sociais – e composta de uma percepção ampla - oriunda de diversos olhares - atesta que para haver desenvolvimento local e que o mesmo seja aplicado em todas as esferas da comunidade, precisa haver coesão de ideias e, sobretudo, participação social. Embora os riscos relativos à proposta, que envolvem questões financeiras, o não engajamento da participação social e também a falta de estruturação do projeto, o diagnóstico inicial aponta que buscar funcionalidades integradoras, experiências inovadoras e, por sua vez, resignificar os conceitos de revitalização e desenvolvimento local, tornando assim o processo algo que ascenda para a motivação e participação da comunidade e faça da solução algo factível e palpável, explorando todas as suas capacidades. Foi percebido também que, embora a metodologia utilizada não contemple a questão orçamentária e financeira da solução, as perspectivas futuras da mesma também baseiam-se em firmar parcerias mantenedoras e empreendedoras e, que atraídos esses olhares, pode-se fomentar ainda mais o desenvolvimento local. Sabe-se que todo processo de estudo e investigação gera, por si só, não apenas retorno e questionamento por parte do objeto estudado e sim, também, por parte daqueles que o fazem. A via de mão dupla dentro do estudo de caso caracteriza, de forma latente, a maior premissa da metodologia do Design Thinking: a co-criação, que durante todo o processo deste, o permeou através de suas etapas de construção e através dela foi possível construir uma solução que viesse de encontro não apenas com os atores sociais, mas também com a busca do grande grupo pela a inspiração proposta do projeto aplicado acadêmico, transformando assim, sob a base do que foi apresentado em todo estudo, todos em agentes e beneficiários do desenvolvimento local na região do Barro Preto.
  • 38. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) ABREU, Aparecida Pereira de; NAVAES, Ana Maria. A relação entre o capital social e o desenvolvimento local: o caso das comunidades rurais de baixo rendimento em Pernambuco. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 48 º, 2010, CAMPO GRANDE, MS. P.(21) 2) CARDOSO, Fernanda Serpa. THIENGO, Fernanda Maura de Almeida. GONCALVES, Maria Helena Dias. NOBREGA, Ana Lucia. RODRIGUES, Carlos Rangel. CASTRO, Helena Carla. Intedisciplinaridade: fatos a considerar. IN: R.E.C.T., vol 1, num 1, Jan./abr, 2008. 3) CAULLIRAUX, Adriano Amaral. Design Thinking: criando com (e para) seus clientes. IN: Congresso Nacional de Excelência em gestão, 2014, Rio de Janeiro, RJ. P.(10) 4) COUTINHO, André Ribeiro; BONASSI, Saulo. O ativista da estratégia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 5) GONSALES, Priscilla. Design Thinking para educadores. Instituto Educadigital. Disponível em < HTTPS://creativecommons.org/licenses/bync.as/30> Acesso em 12/08/2014 6) MARTINS, Sergio Ricardo Oliveira. Desenvolvimento Local: questões conceituais e metodológicas. IN: Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 3, N. 5, p. 51-59, Set. 2002 7) OLIVEIRA, Paulo Henrique; ERNESTO, Francisco da Conceita; MONDLANE, Nácer Samuel Abílio. Contexto competitivo, monitoramento ambiental e tomada de decisão estratégica: o caso dos micro e pequenos varejos da região do Barro Preto em Belo Horizonte. IN: Ci. Inf., Brasília, v. 37, n. 2, p. 110-121, maio/ago. 2008 8) OLIVEIRA, Francisco de. Aproximações ao enigma: o que quer dizer desenvolvimento local? São Paulo, Pólis; Programa Gestão Pública e Cidadania/EAESP/FGV, 2001. 40p. 9) PRIEMUS, Hugo. KLEINHANS, Reinout. Capital social, revitalização de bairros e o papel das associações habitacionais: o caso dos Países Baixos. IN: Cadernos metrópole 18 pp. 39-61 20 sem. 2007 10) SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. 11) TABOSA, Francisco José Silva. TEIXEIRA, Keuler Hissa. SILVA, Michele Furtado da. MARDOLOZZO, Clóvis Luis. MAYORGA, Maria Irles de Oliveira. Desenvolvimento local e capital social: uma leitura sobre os núcleos e arranjos produtivos do estado do Ceará. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 48 º, 2010, CAMPO GRANDE, MS. P.(14) 12) Prefeitura de Belo Horizonte – PBH <www.portalpbh.phh.gov.brhttp://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxon omiaMenuPortal&app=regionalcentrosul&lang=pt_BR&pg=5460&tax=13757 > Acesso em 03/05/2015 13) Associação Brasileira de Supermercados - ABRAS - www.abasnet.com.br <http://www.abrasnet.com.br/clipping.php?area=1&clipping=21791 > Acesso em 03/05/201
  • 39. 39 APÊNDICES ENTREVISTA 01 Entrevistado: Sr. Júlio César Cargo/Função: Proprietário da Padaria Ki Pão (Avenida Augusto de Lima, 1190) Data: 25/05/2015 (Sábado)  Pergunta 01: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto? Existe um contato, né, até estreito, mas eles estão com poucas ferramentas para tratar da segurança do bairro como um todo porque, o que mais nos oportuna hoje são os mendigos de rua, sabe?! São os moradores de rua, então e, é um problema que ninguém pode fazer nada, eu já chamei o conselho tutelar, já fui na cia, já conversei com o guarda, né, com o coronel, mas não tem nada para ser feito, então é uma coisa que a gente tem que conviver com eles.  Pergunta 06: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de segurança ou inclusão social?! Eu não vejo a inclusão social, porque não é inclusão social, é um problema de segurança mesmo, porque o pessoal vem recolhe eles, leva pro abrigo, dá banho, troca de roupa, dá comida, no outro dia tá aqui, eles voltam, então não é um problema social, eles não querem, eles não querem é, ter um lugar pra ficar, um lugar pra dormir, porque lá tem um regime, tem um sistema e eles na rua conseguem dinheiro aqui que tem muito assalariado que não ganha, muitas pessoas de carteira assinada não ganha o que eles ganham - O senhor diz através de esmola?! - É, sim, de pedinte.  Pergunta 02: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi acionada? Qual foi o tempo resposta? Toda semana, brigas, eles brigam entre eles, eles abordam os clientes e se o cliente não dá eles xingam, ficam bravo, sabe, faz tumulto, sabe, faz confusão e o grande problema também é a droga né, quer queira quer não eles estão envolvido com droga e isso é descarado - O senhor já acionou
  • 40. 40 já acionou a PM pra isso, eles vem? O tempo de resposta é rápido? - Já, é rápido e tal, mas não pode fazer muita coisa, não pode... - O senhor tem contato com outros comerciantes, as queixas são as mesmas, ou tem outras queixas a respeito - É, não, são as mesmas, é geral...  Pergunta 05: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia (CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?! Sim, eu tenho. São 16 câmeras, isso ajuda muito pra mim agir, então por exemplo, agir no sentido de apaziguar, você não pode reagir de forma nenhuma, você não pode brigar, você não pode bater, você não pode fazer nada - Além do circuito, tem algum segurança ou só o circuito mesmo? – Não, só o circuito mesmo, eu tinha um alarme, mas resolvi tirar porque não tem necessidade, por isso, porque o botão de alarme aciona a polícia, mas a polícia vem e não pode fazer muita coisa  Pergunta 08: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a região do Barro Preto? Que eu saiba não, que eu saiba tem o efetivo, tem a vigilância, mas um planejamento de estratégia para resolver o problema eu não vejo não.  Pergunta 10: Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes estão inseridos neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?! Quais os impactos positivos dessa revitalização na segurança? É, olha, na minha opinião, sinceridade, eu tenho medo dessa revitalização, porque, nós temos exemplo da revitalização que foi feita na Savassi que quebrou muita gente, você tá sabendo? – Sim, claro! - tem também o problema da revitalização da Avenida Paraná que fechou muita gente também e não resolveu o problema, né, não resolveu. Então assim, eu fico preocupado porque tem um projeto ai gigantesco, eles estão falando que vão fazer estacionamento de baixo, subterrâneo, e na verdade eu acho que vai fechar a Rua Mato Grosso ao passo que na minha concepção teria que abrir novos fluxos para escoar o trânsito e eles vão fechar e vão estrangular o trânsito na Augusto de Lima, então assim, é, eu fico, vou te falar que eu não participei das reuniões, tá tendo direto, eles
  • 41. 41 me convidaram, eu fui convidado, mas eu não fui, por causa de tempo de, ou mesmo por saber que minha opinião não irá mudar muita coisa - O senhor acha que a prefeitura e a própria polícia está impondo uma revitalização quando na verdade ela deveria pegando ideia da comunidade? - Claro, por exemplo, vou te dar um exemplo muito básico, no sábado, o que deveria fazer, a BH Trans tinha que liberar a pista do meio para estacionamento, certo?! Pro pessoal que vem comprar, pra aumentar o fluxo de gente que vem pra cá, não tem. É, eu sirvo aqui de banheiro pra muitas senhoras, eu que atendo eles, não tem, então é assim, são coisas imediatas que poderia tomar, por exemplo, põe uma placa ali: tá liberado o estacionamento. Eu fui multado aqui na porta, no sábado, então assim, existe uma indústria de multa que eles querem ganhar, ao passo que deveriam liberar o estacionamento para as pessoas virem fazer as compras, porque, para onde eles estão indo?! Pro shoppings, onde tem banheiro, onde tem estacionamento, onde tem segurança, você vai perguntar o pessoal das lojas e eles vão te falar isso, a infraestrutura daqui não tem, eles podiam fazer isso, uma coisa imediata, pode fazer a revitalização?! Pode, mas antes disso tem outras medidas a serem tomadas, muito práticas e de pouco custo.  Pergunta 11: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto, passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e, por consequência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?! Só que isso foi no princípio, né?! Quando a guarda municipal estava lá tudo ‘bonitinho’, ‘bacaninha’, vai lá agora para você ver, com todo o respeito, passa lá agora, seis horas, você vê cenas de sexo, seis horas da tarde, imagina isso de madrugada?! Vira cidade sem lei.  Pergunta 12: O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela PMMG para um projeto de revitalização da segurança na região?! É, eu sugeriria que tivesse um efetivo 24 horas, para inibir, sabe, porque se põe dois guardas ali na esquina, outro aqui, outro ali, inibi, pode até ficar, mas não com a mesma liberdade que está, e a outra coisa, da revitalização, tomar medidas pequenas, de baixo custo e com solução imediata, esse caso do estacionamento, aqui tem muita gente que vem aqui e reclama comigo, fala, Júlio, eu venho
  • 42. 42 aqui fazer compra, mas não tem lugar de estacionar, se eu estaciono vou ser multado, ao passo que poderia liberar as duas faixas do meio, de um lado e do outro, poderia fazer uns banheiros químicos, que cobrasse, 0,50 centavos, 1,00 real, que fizesse essa medida, por exemplo, vem um ônibus de turismo, onde eles vão lavar a mão, usar o banheiro, pode lavar o rosto, não têm. Muitos deles pedem pra mim: - Senhor, eu posso ir ao banheiro, posso lavar o rosto, a mão, eu vou lanchar aqui. Pode ué, c entendeu?! Então, são medidas baratas, práticas e eficientes, poderiam tomar, botar um efetivo direto, eles ficam aqui até as 12h00min de sábado, depois somem.  Pergunta 14: Recentemente ficamos sabendo que a polícia tem uma rede no aplicativo WhatsApp, o senhor tem conhecimento dessa rede, o senhor utiliza?! Tem, tem, você entra, você fala e tal, eles vêm, fazem o BO, mas depois vão embora – Ela é só uma medida paliativa?! – Ela é como se fosse uma comunicação, um chamado, esse WhatsApp, comunica que está acontecendo isso assim, ali, eles fazem o BO depois vão embora.  Pergunta 07: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento local? É, eu gostaria que fosse feito, uma comissão dos comerciantes, com o pessoal da polícia, da segurança, da prefeitura, conselho tutelar, para achar uma solução eficaz, mas é sério, né, não é uma coisa paliativa não, então é um trabalho assim, é, de desenvolver uma ação séria com a polícia, com os comerciantes, com o conselho tutelar, com a prefeitura, com o corpo de bombeiro que, sei lá, envolve também a segurança e discutir esse problema, trazendo para resolver mesmo.
  • 43. 43 ENTREVISTA 02 Entrevistado: Sr. Aldenir Alves Cargo/Função: Subgerente da Loja Fábrica de Terninhos (Avenida Augusto de Lima, 1176) Data: 27/05/2015 (Segunda-Feira)  Pergunta 01: Quanto tempo o comércio existe? Esta loja aqui tem aproximadamente 10 a 12 anos.  Pergunta 02: Qual o motivo da escolha deste ponto? Esta loja foi consequência do crescimento de uma loja que tinha na feira shopping, foi uma época boa de venda, o país estava atravessando uma fase boa de venda, nos anos de 93 e 94, foi se adquirindo outras lojas, até chegar nesta daqui, que é uma filial da principal que havia nos anos de 93 e 94.  Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto? Sim, já vi, já participei, vou às reuniões da CDL, a polícia militar comparece nas reuniões também, toda segurança da área é feita pela polícia militar que faz um trabalho bom na região, e o que fica a desejar a gente cobra nas reuniões da CDL, às vezes vai um coronel da polícia militar, então a gente passa pra eles os acontecimentos novos, qual área tá boa, qual área ficou fraca em termos de segurança, e eles logo dão resposta pra gente no dia seguinte.  Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi acionada? Qual foi o tempo resposta? Tem ocorrências simples, às vezes a pessoa chega, pega a vendedora meio distraída, pega uma mercadoria põe dentro da bolsa, finge que vai comprar, mas não vai, e depois vai embora, quando a
  • 44. 44 gente vê aciona a polícia, mas não é sempre não, a gente chama a pessoa pede pra devolver a mercadoria, porque é muito mais prático e rápido. Quando a gente chama a polícia tem que ser feito um boletim de ocorrência, você tem que ir à delegacia, tem que levar a pessoa que tá cometendo a infração, então o que acontece é que você perde três, quatro horas lá, porque tem outros casos pra serem resolvidos, então isso aí é uma demanda de tempo muito grande. Então a gente faz o seguinte: chama a pessoa, fala que ela colocou uma peça dentro da bolsa, se ela não devolver a gente vai chamar a polícia, imediatamente a pessoa tira e entrega, dá alguma desculpa e tal.  Pergunta 05: Quais são as maiores ocorrências da região?! São sempre dessa mesma natureza, aqui os comerciantes não acionam a PM, só se for um caso muito grave, pra envolver a polícia, mas geralmente a gente tem polícial passando por aqui sempre, tanto da polícia municipal, como a polícia militar ou a polícia de trânsito, sempre tem alguma polícia.  Pergunta 06: A seu ver, qual é a avaliação que você dá para a segurança pública na região? Eu diria que o Barro Preto a 20, 30 anos atrás, era um ponto assim que de 1 a 10 você poderia dar 8 ou 9, mas agora, nesse exato momento nesse último ano eu daria uma nota tipo 4 a 5, eu falo pelo movimento, pelo tanto de loja que tá fechando no Barro Preto, então ficaria nesse nível, já foi um nível 8 hoje ficaria num nível de 4, 5 caiu muito o movimento aqui no barro preto.  Pergunta 07: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia (CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?! Sim, tem máquina, tem câmera de filmar, tem a segurança particular que é feita pela EMIVE, aqui já foi arrombado umas três vezes, então na hora que o alarme soa lá na EMIVE, ela já manda a polícia com um motoqueiro pra cá, ai já liga pra mim, eu venho aqui.
  • 45. 45  Pergunta 08: Em relação aos moradores de rua, você considera uma questão de segurança ou inclusão social?! O morador de rua é um negócio de inclusão social, mas eu acho que falta um trabalho pra que se convença o morador de rua que em Belo Horizonte existe um abrigo que eles podem ficar, mas por não gostarem de conviver com esse tipo de sociedade em abrigo, ele preferem dormir aqui nas marquises do Barro Preto, mas agora o que isso acarreta? Isso acarreta muita sujeira de manhã, eles fazem dos passeios, nas bocas de lobo, de banheiro à noite, e agora tem uma quantidade enorme, era menos há uns 3,4 anos atrás eram bem menos, mas agora tá muito mesmo, se você rodar aqui à noite, debaixo da laje do JK, debaixo da marquise daquele fórum trabalhista, isso aqui fica infestado ,aqui em cima nesta rua cheio de mendigos dormindo, tem pessoas que vem com a Kombi, de madrugada, meia noite, pra poder servir café com leite, pão, vem a Kombi com os voluntariados , pra servir pão, café pra eles. O problema do mendigo mais grave, não é que a gente tem medo que eles roubem não, eles vivem na deles, eles chegam aqui à noite pra dormir, às 07h00min quando a gente fecha a loja, eles estão abrindo as caixas de papelão pra dormir, o problema é que eles ganham comida, comem e jogam no chão, dá muito rato, barata, e eles usam as bocas de lobo, os pés de árvores pra fazer de mictório, aí quando você vem trabalhar de manhã, tem que jogar água, lavar, tirar aquela “catinga”, então, o terrível é isso.  Pergunta 09: Qual a visão dos comerciantes para o fortalecimento do desenvolvimento local? O desenvolvimento lotal, eu acredito, que ele está para o Barro Preto ele não tem mídia quase nenhuma, ele não é divulgado em nada, ele não é falado em lugar nenhum, ao passo que há 20 anos, quando eu cheguei aqui, o que acontecia aqui? Você chegava aqui de manhã pra trabalhar tinha 10, 12, 15, 20 ônibus na rua aqui de traz, na Rua Guajajaras, de sacoleiras que vinham do interior, de pessoas que trabalham nos bairros, então era um movimento intenso de atacado, hoje esse pessoal fugiu não sei onde eles estão comprando, devem estar comprando em outras áreas do país, onde se divulga mais o comercio de atacado, porque aqui tá passando tudo para varejo e não atrai mais o atacadista.
  • 46. 46  Pergunta 10: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a região do Barro Preto? Eles tem olhado sim para o Barro Preto, eles colocam soldados para andar aqui durante o dia, eles geralmente permanecem na Praça Raul Soares à noite com carro de polícia, às vezes é uma van grande com 3,4,5 policiais, que é um lugar que dorme muito marginal, muitas pessoas de rua, tudo aqui na praça Raul Soares a noite, fica sempre ali pra poder tomar conta desse pessoal.  Pergunta 11: Como a PM atua na segurança dos ‘sacoleiros’, turistas e consumidores na região? Há algum ‘dia de maior movimento’ em que a PM garanta segurança reforçada? A PM não tem plano nenhum, o plano que tá é esse ai, de vez em quando a polícia passa, de vez em quando passa o carro da polícia, na praça às vezes depois de 6 horas da tarde mantém mais um carro de polícia lá, mas particularmente um poder mais efetivo aqui no local, não tem não.  Pergunta 12: Com relação ao planejamento de revitalização da região, os comerciantes estão inseridos neste contexto?! Há alguma ação em execução ou em planejamento?! Quais os impactos positivos dessa revitalização na segurança? Olha, toda reunião que tem lá no CDL a respeito da revitalização do Barro Preto, toda reunião vai um coronel da polícia, ele faz a parte da polícia de segurança lá, então não tem assim um plano da polícia, o plano da polícia é o que você vai na reunião e reclama ele tentam colocar em prática e amenizar a coisa - Em relação a esse projeto de revitalização vocês tem ciência que ele existe? A PBH já chegou a passar alguma coisa pra vocês? - Nós já fomos a mais de 10 reuniões sobre esse projeto de revitalização - O senhor acha que vai ser benéfico esse projeto? - Eu acho que vai ser benéfica depois dela pronta, mas o que ela vai causar de estragos e danos vai ser uma coisa impressionante, se ela for feita do mesmo jeito que foi feita a Savassi, a Santos Dumont, do jeito que foi feito na Paraná, do jeito que foi feito a Pedro II, o que acontece, quando você mete um
  • 47. 47 canteiro de obra numa rua dessa direta aqui do Barro Preto você vai afastar totalmente o público, então aqueles lojistas que estão ali, que vão ficar porque a obra segundo eles vai durar 1 ano e 8 meses, se correr tudo bem, você já pensou em ficar 1 ano e 8 meses com obras aqui na rua? Então isso aí vai prejudicar demais, eu tenho experiência, porque na Savassi nós já compramos até fundo de loja na Savassi, do cara que quebrou e anunciou todo mobiliário de loja no jornal a gente foi lá e comprou baratinho na mão dele, porque lá ele quebrou e desistiu de trabalhar, aconteceu isso em todo lugar, agora não tem ainda um plano, por isso que as pessoas quando reúne não quer que faça a obra, porque não tem um plano concreto de como vai ser para não prejudicar as vendas das lojas, então já demos todas as opções, se vai fazer obra à noite, se vai fazer de manhã, se vai fazer um lado da rua depois fazer o outro se vai quebrar os dois lados, como que vai fazer pra diminuir esse impacto nas vendas das ruas onde estiverem trabalhando.  Pergunta 13: O que hoje os comerciantes entendem que poderia ser aplicado pela PMMG para um projeto de revitalização da segurança na região?! Eu acho que devia de ter na revitalização, igual essa rua aqui, pelo desenho no computador da prefeitura tem o desenho todo pronto, esteticamente pronto, feito em computação gráfica, aqui na praça não vai ter nenhum tipo de policiamento, eu acho que aqui na Rua Mato Grosso entre a Rua Augusto de Lima e Guajajaras, já que vai ser um canteiro com jardim, com banco e tudo, devia de ter uma área fixa da polícia, direto ali, tipo um posto policial decorado bonito ali no meio, mas que toda hora que todo mundo aqui em volta olhasse pra lá visse a segurança, isso seria a melhor coisa.  Pergunta 14: Existem projetos ativos em que a PMMG atua para que as políticas públicas promovam a integração da população? Há conhecimento desses projetos por parte dos comerciantes? Ainda não chegou aqui na minha loja não, no dia que eles implantarem, já foi dito isso em outras reuniões da CDL, mas ainda não implantaram... Tipo assim, como eu vi em São Paulo, e outros lugares... Suponhamos aqui dentro da loja entrou um ladrão, tá acontecendo um assalto, eu vou numa campainha e aperto, na hora que eu aperto a campainha eu vou acionar todas as pessoas que estão a minha volta e elas vão saber que na loja tal tá acontecendo alguma coisa diferente.
  • 48. 48 Então isso ai é que seria uma integração, convidar o pessoal, a PM convidar os lojistas para que se implante isso, que é uma coisa que não fica tão caro assim, e é uma coisa de ajuda benéfica maravilhosa, porque se eu tô trabalhando aqui na loja, entrou um ladrão aqui, se alguém apertar um botão num lugar fácil ali na porta, daí a pouco tá chegando todo mundo em volta pra saber o que está acontecendo, isso ai é uma coisa muito inteligente.
  • 49. 49 ENTREVISTA 03 Entrevistado: Srta. Pabliana de Souza Cargo/Função: Caixa da FastFood Subway (Rua Araguari, 318) Data: 27/04/2015 (Terça-Feira)  Pergunta 03: Como é o diálogo entre a PMMG e os comerciantes no Barro Preto? Tipo assim em termo disso ai a gente não pode reclamar não, porque a polícia tem agido direitinho com a gente sabe. Eu vejo eles passando muito ai, eles passam toda hora, roda aquela sirene, depois que aconteceu o assalto, aconteceu nessa loja aqui debaixo também, na Plus também aconteceu um assalto um dois dias antes do nosso, acho que foi na sexta e nós fomos assaltados a primeira vez no domingo. Mas assim eles tem passado constantemente e assim em termos de políciamento pelo menos aqui pra nós não tenho o que reclamar muito não, pelo menos eles tem passado.  Pergunta 04: Já houve alguma ocorrência em seu estabelecimento?! A PMMG foi acionada? Qual foi o tempo resposta? Todos os dois assaltos que sofremos, todos dois foram de mão armada, o primeiro foi um só, um único cara que veio assaltar, mostrou a arma pra mim, perguntou quem era que tava no caixa, eu falei que era eu e ele falou então vâmo lá que isso é um assalto. Eu tirei o dinheiro e dei pra ele mas ele em momento nenhum fez mal pra ninguém, só pegou o dinheiro e foi embora, a pé como um cliente normal. Aí foi lá pro lado da Goitacazes. No segundo, eu estava olhando o pão, então quem estava no caixa não era eu, era a outra moça. Já veio dois rapazes, não era os mesmos, nenhum dos dois. De acordo com ela que ela viu o outro assalto também. Um na porta e outro veio e assaltou, empurrou os clientes todos pra trás. O próximo cliente que tava com R$12,00 na mão, ele veio e falou assim: toma o meu dinheiro também ele veio e falou assim: quero nada seu não, eu quero é de quem tem. Ai foi e pegou, pediu a menina o dinheiro, mostrou a arma pra ela, o outro lá da porta também tava com arma, falando com nossos clientes pra todo mundo ficar de cabeça baixa, pra ninguém ficar olhando pra eles, foi pegou o dinheiro e foi embora, saiu correndo também. Não
  • 50. 50 roubou nenhum cliente, só pegou o dinheiro do caixa e foi embora. A eles não demoraram muito tempo pra chegar não, uns 5 minutos, foi bem rápido. Foi só o prazo de ligar e eles já tavam na porta ai. Todas as duas vezes.  Pergunta 05: Quais as maiores ocorrências aqui da região?! Mais é assalto mesmo. Já vi na feira, já vi aqui embaixo aqui. A gente ouve falar mais é de assalto mesmo. E também esse problema dos mendigos ai né, sangue de Jesus tem poder.  Pergunta 04: Qual é a sua avaliação sobre segurança pública aqui na região?! É boa. Antes do assalto eu falo assim que eu via muito pouco, eles passavam menos, mas passavam. Costumavam até vir lanchar aqui. Não de graça, costumavam lanchar, mas pagavam, aliás sempre pagam. É mas depois o policiamento ficou melhor. Eles deram telefone até particular pra gente.  Pergunta 06: Você utiliza algum tipo de segurança particular ou recursos de tecnologia (CFTV, Alarme, etc.) para proteger seu estabelecimento?! Todos. O trem aqui é melhor que o Big Brother gente (risos). Tem o recurso das câmeras e tem o alarme que aciona direto a polícia, mas a gente não sabia até então. Nunca tinha sido assaltada, a gente não sabia nem onde era. Ninguém conhecia esses sistemas de segurança a não ser o gerente.  Pergunta 08: Com relação aos moradores de rua, você considera uma questão de segurança pública ou inclusão social?! Vixe! É os dois pra mim, porque eu acho que nossa, eles são terríveis, tem uns loucos ai na porta que gritam, eles brigam com os clientes porque não deu nenhuma moedinha pra eles. Tem uns que chegam, diz que vai quebrar tudo, e chega e entra e quer pegar trem do lixo. E chega e pede pro cliente dentro da loja, com cliente comendo, eles pedem o sanduíche que o cliente está comendo. Eles são capazes de pegar na latinha de coca que o pessoal tá bebendo. Então tipo assim, além deles ser mal educado, porque eu acho que você ser morador de rua, não é uma coisa assim de tudo tão
  • 51. 51 errada, não ter uma casa, não ter onde ficar ai é outra coisa, mas ser mal educado, ser grosseiro, é complicado - Você acha que eles espantam os clientes?! Você acha que a PMMG deveria intervir de alguma forma?! - O tempo todo. Não tipo assim eu acho que, quer dizer assim tem casos que até a gente já chamou a PMMG pra eles, tipo assim sabe, mas só que a maioria dos casos tem um descaso da prefeitura, porque isso aí é a prefeitura que faz né, a gente liga pra PMMG eles falam assim: a isso ai a gente não pode mexer, porque isso ai tem que ligar pra prefeitura, isso ai a prefeitura é que vai resolver, tem que vir recolher e levar pra um abrigo e tal, é assim que eles falam. Eles até vem olhar porque a gente liga e pede, fala que tá agredindo, que tá xingando, que entrando e pegando as coisas dos clientes em cima da mesa, né, mas no mais eu acho também que tem muito erro do governo sabe, da prefeitura, dos outros órgãos, porque nem tudo é a polícia que resolve né?  Pergunta 10: A PMMG tem planejado e/ou executado alguma ação específica para a região do Barro Preto? Eles deixam o telefone deles com a gente. Tem o telefone celular de alguns deles, pessoas que passam aqui todos os dias, eles são um auxilio muito bom pra gente porque eles passam, eles chegam, perguntam, eles chegam ao ponto de fazer amizade com a gente sabe, amizade mesmo de falar assim: olha qualquer coisa vocês podem ligar pra gente, qualquer hora, liga o meu celular, que qualquer hora que você precisar, até no WhatsApp fica ligado o dia inteiro, sabe. Então tipo assim pra nós aqui eu não tenho o que reclamar da polícia não. Algum lugar onde eles ficam fixo aqui eu não sei por que eu não saio daqui de dentro, eu entro 10 horas da manhã, saio 10 horas da noite, então só na hora do almoço que eu fico lá em cima tentando ‘morcegar’ um pouquinho então não saio, não sei nem onde é o batalhão deles.  Pergunta 13: A Praça Raul Soares, considerada porta de entrada do Barro Preto, passou por uma revitalização em 2008 e ainda apresenta problemas de iluminação e, por consequência, de segurança. Há alguma medida tomada para reverter essa situação?! Ainda existe a preocupação de relação à praça?! Ah, é um ponto de referência, mas eu não acho que é assim aquela coisa assim. Sinceramente eu não sei dizer se houve alguma melhora porque eu não passo por lá, eu nem sei como é que ela tá pra ser sincera, essa parte ai eu não sei não.
  • 52. 52  Pergunta 15: Existem projetos ativos em que a PMMG atua para que as políticas públicas promovam a integração da população? Há conhecimento desses projetos por parte dos comerciantes? Que eu saiba não, nadinha, nadinha, mas assim a gente não tem tempo de conversar com eles assim, de bater papo muito não, a gente teve muito assim, no dia do assalto, eles pararam aqui, eles ficam igual psicólogo com a gente, eles são ótimo assim. Pelo menos os que pararam aqui com a gente não têm o que reclamar deles não, os policiais excelentes, conhecemos eles até pelos nomes, eles são ótimos, pessoas boas, tinha as moças, uns policiais homem também, mas todo mundo assim gente finíssima, da primeira qualidade. Da auxilio, pelo menos pra nós aqui eu tenho do que reclamar não. Porque assim na verdade, se você perguntasse isso pro gerente ele não ia saber te falar nada não, porque ele não fica aqui. Quem fica aqui somos nós.  Pergunta 11: Você tem alguma sugestão pra melhorar aqui a segurança?! Nossa, ia ser ótimo ter policial o dia inteiro, dando umas andadas aqui, indo e rondando aqui, policiamento andado, a pé sabe, andando, dando uma olhada, parando na porta, dando uma olhadinha, ia ser ótimo se tivesse isso, a gente ia se sentir mais segura. Ou um posto policial mais perto, a gente chama eles vem rapidinho porque eles ficam muito ali no fórum. A gente vê um policiamento melhor a noite, por volta de seis horas eles passam ai na porta.