2. Quem é a pipoca mais doce?
Ana Garcia Martins, de 30 anos
é blogger, jornalista e autora de A pipoca
mais doce desde 2003.
3. Como lhe surgiu a ideia?
O blogue nasceu em 2004, altura em que
começou a trabalhar como jornalista.
Rapidamente percebeu que com o jornalismo não
poderia escrever sobre tudo o que queria, e no registo
informal e pessoal que lhe apetecia, por isso, o
blogue pareceu-lhe uma boa plataforma para o fazer
e tornou numa espécie de diário dos tempos
modernos.
4. A chegada da publicidade ao blogue mudou
completamente a sua vida.
Pode dizer-se que o blog é o seu principal meio de
subsistência?
A par da loja, que abriu no
final de 2011, e da marca, o
blogue é a principal ocupação
e, consequentemente, a maior
fatia dos seus rendimentos.
Deixou o jornalismo para se
dedicar a 100% ao blogue e a
todos os projetos a ele
associados e, até agora, não se
arrepende da aposta. Foi uma
decisão difícil de tomar, mas
ela acredita que foi a mais
acertada.
5. O que é atualmente A Pipoca Mais
Doce?
Continua a ser um blogue pessoal, que fala de
várias coisas, mas talvez com uma maior
incidência em moda.
Continua a ser bastante transversal. No início
de 2011 o blogue transformou-se também numa
marca registada, com vários produtos
associados, como uma linha de vernizes, de
roupa, de cremes, uma agenda e uma aplicação
para iPhone.
6. Mais do que uma página onde expõe
as suas ideias, o blogue é um negócio
que se expandiu…
Quando criou o blogue, há quase nove
anos, não fazia a mínima ideia do sucesso que
viria a ter. Estava longe de imaginar que teria o
número de leitores que tem ou que poderia
fazer dinheiro através dele. Crio-o para escrever
à vontade, para se divertir, e continua a ser
assim. Pelo meio, a crescente popularidade foi-
lhe trazendo algumas oportunidades
que, obviamente, não podiam ser
desperdiçadas. Mas não olha para o blogue
como um negócio. É um projeto dela, com
muitos anos e no qual tem bastante orgulho.
7. O blogue deu origem a um livro e a um
CD com as suas preferências musicais:
como correram as vendas?
O livro correu
bastante bem, teve duas
edições e foi a
verdadeira rampa de
lançamento do blogue.
Quanto ao CD, as vendas
foram menores, mas a
ideia era assinalar a
criação da marca A
Pipoca Mais Doce. Foi o
primeiro produto
licenciado.
8. Nos dias de hoje de crise e desemprego, como
é que este tipo de blogues se encaixa nesta
realidade?
Há quem acuse os blogues de fomentarem
excessivamente o lado consumista das pessoas, mas
acho que há espaço para tudo e cada leitor tem de
saber fazer a devida triagem daquilo que lê.
Acredito que há uma vontade forte, mas
ninguém desata a comprar tudo e mais alguma coisa
só porque viu num blogue. Por outro lado, acho que
a retração total também não beneficia em nada a
economia. Acredito que a crise vai fazer com que as
pessoas se tornem mais criativas na forma como se
vestem, e mais inteligentes na forma de gastar
dinheiro. E acho que os blogues podem ter um
papel preponderante nisso.
9. Quanto tempo dedica por dia ao
blogue?
Praticamente o dia inteiro. Quando
não está ligada ao computador está
atenta ao que se passa através do
telemóvel. E está sempre a pensar em
conteúdos e em assuntos que quer
abordar no blogue. Está muito atenta ao
que se passa à volta dela, porque quase
tudo pode dar um bom post.
10. Opinião sobre blogs
Na actual conjuntura, com um
desemprego galopante, um mercado da
comunicação e da publicidade em crise, com
o fecho de publicações, despedimentos em
massa, o facto de haver pessoas a fazer pela
vida, a aplicar o seu trabalho em novas
plataformas, procurando gerar
dinheiro, fazendo mexer a economia, criando
novos mercados, sem ficar a chorar pelos
cantos e a culpar a Troika e o Governo por
tudo deveria ser algo de relevante.