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Changchun,UniversidadedeLínguasEstran-
geirasJilin Huaqiao
G
entedaminhaterra,Éenormeadis-
tânciaquenossepara,mastambém
é enorme a alegria com que vos es-
crevo. Provavelmente nenhum de
vós ouviu falar de alguns nomes que vos apre-
sento agora, mas é totalmente natural, já que
nonossopequenorectânguloàbeira-marplan-
tado,rarassãoasvezesqueentramnotíciasso-
bre o extremo nordeste da China, zona à qual
chamamos de Manchúria.Em breve, ficarão a
saber mais pormenores sobre a sua história e
curiosidadesque,inevitavelmente,adistinguem
das outras regiões chinesas. Por hoje, ficamos
pelomeuparadeiro:
ChegueiàHuaqiao,emSetembrode2015,na
companhia do nosso estimado reitor da Uni-
versidade, Prof. Doutor Manuel de Assunção,
queveiocáemvisitaoficial.
Poraquifiqueinaqualidadedeleitordanossa
língua,lecionandoliteratura,audiovisual,orali-
dadeenoticiário.Osmeusaprendizestêmentre
os 17 e os 22 anos. São todos chineses, mas de
etniasdiferentes,oquetornatudomaisexótico
efascinante.Cadaumcomportaumpedaçoda
China que não conheço e é assim que todos os
diasaprendoalgodenovocomosmeusalunos,
pertencentesaumagigantescamescladeetnias,
unidas num só país que é a República Popular
daChina.
Auniversidade em que estou fica em Chang-
chun,capitaldaprovínciadeJilin,queétambém
oberçodaindústriaautomóvelnaChina,sendo
porissoapelidadade“Detroit”chinesa,umsítio
que gera milhões, à conta de muitas marcas já
conhecidaspelosnossosouvidos(Volkswagen,
Audi,Mazda)eoutrascompanhiasquetambém
nospassamaolado(FAW).
O clima daqui é meio abastardado. Estamos
muitopertodaRússia,ecomosejánãobastasse
ofrioqueaquifaznoInverno(-27ºC),aindate-
mosdeaguentarasincursõesdosventosdaSi-
bériaquenoscongelamaslágrimaseospingos
do nariz. Claro que aqui nem toda a população
é milionária e uma das formas desta gente se
aqueceréqueimarcarvão,ecomodevemima-
ginar,ossmogsaquisãoparentespróximosle-
vando a que andemos pelas ruas com as tais
máscaras. O lado hilariante da coisa é quando
começamos a ver as máscaras mais surreais e
caricatasdanossavida(bigodesdegato,narizi-
nhos de porquinho ou até de pinguins fazem
partedaostentação).Oconceitodemodadestes
chineses é formidável, uma vez que os univer-
sitáriosdaquiaindaseencontramnaquelafase
platónica do puppy love. Principalmente as ra-
parigas, que são viciadas nas bandeletes com
asorelhinhasdacoelhacor-de-rosa.
Paraasemanacáestamosparamaischinesi-
ces(nobomsentidodapalavra,élógico)! |
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omecemos pelas mais recentes no-
tícias sobre o Orçamento do Estado
para2017queseencontraparaapro-
vação na Assembleia da República.
As afirmações constam do relatório de análise
ao OE2017 por parte da Unidade Técnica de
Apoio Orçamental (UTAO). Dizem os técnicos
que falta mais de mil milhões de euros de me-
didasparaquePortugalpossacumprirodéfice
acordadoecomprometido.Háduasafirmações
relevantes da UTAO que importa destacar: «as
medidas discricionárias de consolidação orça-
mental apresentadas no relatório da proposta
deOrçamentodoEstadopara2017enoProjeto
de Plano Orçamental podem vir a ser conside-
radasinsuficientes»eque«adimensãodasme-
didassubjacentesaoOrçamentodoEstadopara
2017 poderá apontar para uma degradação ou
relativamanutençãodosaldoestruturalde2016
para2017,nãorespeitandoportantoarestrição
orçamental a que as finanças públicas portu-
guesas se encontram vinculadas no âmbito do
ajustamentoestrutural».Asmedidasdeconsoli-
daçãoorçamentalinscritasnoOE2017represen-
tamapenas0,34%dovalordoPIBenquantoque
as medidas necessárias deveriam representar
cercade1%doProdutoInternoBruto.Seadife-
rençapoderánãosersuficienteparaqueBruxelas
chumbe o Orçamento português (a apreciação
deverá acontecer na próxima semana) já o
mesmo não se poderá afirmar com clareza
quanto às exigências e pressões da Comissão
Europeianosentidodeseremencontradasme-
didasqueconsolidemoOrçamentocomodéfice
proposto. E, neste âmbito, surge um outro rele-
vante contexto, desta feita marcadamente mais
políticodoquetécnico-financeiro.
A nova realidade governativa criada no final
de2015edesdeentãobaptizadade“geringonça”
tem revestido a ciência política de um enorme
embuste e uma evidente encenação demagó-
gica, concretamente por parte do Bloco de Es-
querda e do PCP. São demasiadas as incoerên-
cias políticas, o deitar ao lixo tudo o que foi o
combate político eleitoral em 2015, o meter na
gaveta a génese ideológica e programática dos
dois partidos que suportam a governação so-
cialista. Tudo em benefício de Portugal e dos
portugueses?Não.Tudocomoóbvioobjectivo
de impedir o acesso democrático e legítimo do
PSD à governação. É certo que a “geringonça”
tem, politicamente, sabido gerir este exercício
deencenardiferenciaçõespolíticasparafinalizar
comacordoscelebradoscomapertosdemãoe
sorrisos amarelos, de camuflar a austeridade
aosolhosdosportugueses,de“silenciar”asac-
ções reivindicativas e críticas tão habituais nos
sindicatos (longe vão as aparições diárias de
Mário Nogueira, das greves da função pública,
nostransportes,nasaúde,etc.),oque,entremais
oumenosabanão,vaifazendocomqueohori-
zonte do cumprimento integral da legislatura
fiquemaisperto.Masnãoseráfácil…
Os portugueses não andarão tanto tempo
adormecidos, a realidade não será abafada du-
rantemuitomaistempo.EoOrçamentodoEs-
tado para 2017 será um verdadeiro teste que
entretanto já deixou marcas e que trará even-
tuaisdificuldadesacrescidasparaoactual“arco
dagovernação”.
É uma total falácia política, uma triste dema-
gogiadiscursivaquejánãovaicolhendoosseus
frutos, os argumentos usadas pelos dois parti-
dos “mais” à esquerda sobre o Orçamento do
Estado.
Por outro lado, são questões muito claras
paraosportugueses:oquevaleaCatarinaMar-
tins, coordenadora do Bloco de Esquerda, vir
afirmarpublicamentequeoOrçamentodoEs-
tado para 2017 não é de esquerda se depois o
aprova entre sorrisos e aplausos? O que vale
aoBlocodeEsquerdaameaçaroPScomaban-
deiraanti-europasePortugalestá,defacto,ob-
rigado a um conjunto de compromissos euro-
peus que não pode, nem deve, falhar? O que
valeaJerónimodeSousacriticaroPSeafirmar
queasmedidasinscritasnoOE2017sãode“di-
reita”seoPCPjáafirmouvotarfavoravelmente
o Orçamento? Isto já para não falarmos das
taxas,dosimpostospatrimoniais,dasobretaxa
do IRS, da falta de investimento, da quebra da
economia, dos cortes orçamentais em várias
áreas, etc.
Tudoistosoaafalsidadepolíticaeàobsessão
peloobjectivoprimário:manterafastadooPSD
dagovernação,aqualquercusto. |
10 | 26OUT 2016 | QUARTA-FEIRA
Opinião
A encenação orçamental
Miguel Araújo
Debaixo dos Arcos
Ano 2016
André Saraiva
Santos
Crónicas da Manchúria

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  • 1. Changchun,UniversidadedeLínguasEstran- geirasJilin Huaqiao G entedaminhaterra,Éenormeadis- tânciaquenossepara,mastambém é enorme a alegria com que vos es- crevo. Provavelmente nenhum de vós ouviu falar de alguns nomes que vos apre- sento agora, mas é totalmente natural, já que nonossopequenorectânguloàbeira-marplan- tado,rarassãoasvezesqueentramnotíciasso- bre o extremo nordeste da China, zona à qual chamamos de Manchúria.Em breve, ficarão a saber mais pormenores sobre a sua história e curiosidadesque,inevitavelmente,adistinguem das outras regiões chinesas. Por hoje, ficamos pelomeuparadeiro: ChegueiàHuaqiao,emSetembrode2015,na companhia do nosso estimado reitor da Uni- versidade, Prof. Doutor Manuel de Assunção, queveiocáemvisitaoficial. Poraquifiqueinaqualidadedeleitordanossa língua,lecionandoliteratura,audiovisual,orali- dadeenoticiário.Osmeusaprendizestêmentre os 17 e os 22 anos. São todos chineses, mas de etniasdiferentes,oquetornatudomaisexótico efascinante.Cadaumcomportaumpedaçoda China que não conheço e é assim que todos os diasaprendoalgodenovocomosmeusalunos, pertencentesaumagigantescamescladeetnias, unidas num só país que é a República Popular daChina. Auniversidade em que estou fica em Chang- chun,capitaldaprovínciadeJilin,queétambém oberçodaindústriaautomóvelnaChina,sendo porissoapelidadade“Detroit”chinesa,umsítio que gera milhões, à conta de muitas marcas já conhecidaspelosnossosouvidos(Volkswagen, Audi,Mazda)eoutrascompanhiasquetambém nospassamaolado(FAW). O clima daqui é meio abastardado. Estamos muitopertodaRússia,ecomosejánãobastasse ofrioqueaquifaznoInverno(-27ºC),aindate- mosdeaguentarasincursõesdosventosdaSi- bériaquenoscongelamaslágrimaseospingos do nariz. Claro que aqui nem toda a população é milionária e uma das formas desta gente se aqueceréqueimarcarvão,ecomodevemima- ginar,ossmogsaquisãoparentespróximosle- vando a que andemos pelas ruas com as tais máscaras. O lado hilariante da coisa é quando começamos a ver as máscaras mais surreais e caricatasdanossavida(bigodesdegato,narizi- nhos de porquinho ou até de pinguins fazem partedaostentação).Oconceitodemodadestes chineses é formidável, uma vez que os univer- sitáriosdaquiaindaseencontramnaquelafase platónica do puppy love. Principalmente as ra- parigas, que são viciadas nas bandeletes com asorelhinhasdacoelhacor-de-rosa. Paraasemanacáestamosparamaischinesi- ces(nobomsentidodapalavra,élógico)! | 再见zaijian C omecemos pelas mais recentes no- tícias sobre o Orçamento do Estado para2017queseencontraparaapro- vação na Assembleia da República. As afirmações constam do relatório de análise ao OE2017 por parte da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Dizem os técnicos que falta mais de mil milhões de euros de me- didasparaquePortugalpossacumprirodéfice acordadoecomprometido.Háduasafirmações relevantes da UTAO que importa destacar: «as medidas discricionárias de consolidação orça- mental apresentadas no relatório da proposta deOrçamentodoEstadopara2017enoProjeto de Plano Orçamental podem vir a ser conside- radasinsuficientes»eque«adimensãodasme- didassubjacentesaoOrçamentodoEstadopara 2017 poderá apontar para uma degradação ou relativamanutençãodosaldoestruturalde2016 para2017,nãorespeitandoportantoarestrição orçamental a que as finanças públicas portu- guesas se encontram vinculadas no âmbito do ajustamentoestrutural».Asmedidasdeconsoli- daçãoorçamentalinscritasnoOE2017represen- tamapenas0,34%dovalordoPIBenquantoque as medidas necessárias deveriam representar cercade1%doProdutoInternoBruto.Seadife- rençapoderánãosersuficienteparaqueBruxelas chumbe o Orçamento português (a apreciação deverá acontecer na próxima semana) já o mesmo não se poderá afirmar com clareza quanto às exigências e pressões da Comissão Europeianosentidodeseremencontradasme- didasqueconsolidemoOrçamentocomodéfice proposto. E, neste âmbito, surge um outro rele- vante contexto, desta feita marcadamente mais políticodoquetécnico-financeiro. A nova realidade governativa criada no final de2015edesdeentãobaptizadade“geringonça” tem revestido a ciência política de um enorme embuste e uma evidente encenação demagó- gica, concretamente por parte do Bloco de Es- querda e do PCP. São demasiadas as incoerên- cias políticas, o deitar ao lixo tudo o que foi o combate político eleitoral em 2015, o meter na gaveta a génese ideológica e programática dos dois partidos que suportam a governação so- cialista. Tudo em benefício de Portugal e dos portugueses?Não.Tudocomoóbvioobjectivo de impedir o acesso democrático e legítimo do PSD à governação. É certo que a “geringonça” tem, politicamente, sabido gerir este exercício deencenardiferenciaçõespolíticasparafinalizar comacordoscelebradoscomapertosdemãoe sorrisos amarelos, de camuflar a austeridade aosolhosdosportugueses,de“silenciar”asac- ções reivindicativas e críticas tão habituais nos sindicatos (longe vão as aparições diárias de Mário Nogueira, das greves da função pública, nostransportes,nasaúde,etc.),oque,entremais oumenosabanão,vaifazendocomqueohori- zonte do cumprimento integral da legislatura fiquemaisperto.Masnãoseráfácil… Os portugueses não andarão tanto tempo adormecidos, a realidade não será abafada du- rantemuitomaistempo.EoOrçamentodoEs- tado para 2017 será um verdadeiro teste que entretanto já deixou marcas e que trará even- tuaisdificuldadesacrescidasparaoactual“arco dagovernação”. É uma total falácia política, uma triste dema- gogiadiscursivaquejánãovaicolhendoosseus frutos, os argumentos usadas pelos dois parti- dos “mais” à esquerda sobre o Orçamento do Estado. Por outro lado, são questões muito claras paraosportugueses:oquevaleaCatarinaMar- tins, coordenadora do Bloco de Esquerda, vir afirmarpublicamentequeoOrçamentodoEs- tado para 2017 não é de esquerda se depois o aprova entre sorrisos e aplausos? O que vale aoBlocodeEsquerdaameaçaroPScomaban- deiraanti-europasePortugalestá,defacto,ob- rigado a um conjunto de compromissos euro- peus que não pode, nem deve, falhar? O que valeaJerónimodeSousacriticaroPSeafirmar queasmedidasinscritasnoOE2017sãode“di- reita”seoPCPjáafirmouvotarfavoravelmente o Orçamento? Isto já para não falarmos das taxas,dosimpostospatrimoniais,dasobretaxa do IRS, da falta de investimento, da quebra da economia, dos cortes orçamentais em várias áreas, etc. Tudoistosoaafalsidadepolíticaeàobsessão peloobjectivoprimário:manterafastadooPSD dagovernação,aqualquercusto. | 10 | 26OUT 2016 | QUARTA-FEIRA Opinião A encenação orçamental Miguel Araújo Debaixo dos Arcos Ano 2016 André Saraiva Santos Crónicas da Manchúria