Este documento é uma resenha crítica de um documentário produzido pela Rede Globo em 2004 para comemorar os 35 anos do Jornal Nacional. O documentário mostra os bastidores de uma edição do telejornal, expondo a rotina exaustiva e o esforço coletivo necessários para produzir este noticiário de alta credibilidade. A resenha elogia a maneira como o documentário apresenta a perspectiva interna do JN de forma metalinguística.
1. UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE - UNIPLAC
CURSO: JORNALISMO - I FASE
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO JORNALISMO
PROFESSORA: ADRIANA PALUMBO RODRIGUES
ACADÊMICO: LUCAS MEDEIROS PAGANI
RESENHA CRÍTICA
DADOS DO OBJETO DA RESENHA CRÍTICA:
DOCUMENTÁRIO: JN 35 ANOS
EXTRA: UM DIA NO JORNAL NACIONAL
PRODUZIDO PELA REDE GLOBO EM 2004
LAGES (SC), 28 DE MARÇO DE 2012.
2. NÃO SÓ DE NOTÍCIAS VIVE O JORNAL NACIONAL
Q uem vir William Bonner e Patrícia Poeta (Fátima Bernardes, à época)
cheios de glamour por detrás da bancada do noticiário do horário nobre
da Globo, que se tornou o produto jornalístico de maior credibilidade para o
público nacional, não vislumbrará sequer mísera parcela do empenho
dispensado à realização daquela edição.
É o que se comprova na oportunamente vinda a lume versão especial do
documentário comemorativo aos 35 anos de história deste telejornal. Um dos
extras incluídos na exibição dos bastidores mostra com detalhes o dia a dia
da equipe responsável por levar o JN ao ar noite após noite.
Onipresentes na vida dos jornalistas estão a celeuma no ambiente da redação
e a pressa, o movimento, a ininterrupta roda-viva do cotidiano marcado pela
busca pela informação e por como a apresentar. Martela as têmporas das
centenas de funcionários o indefesso tiquetaquear segundo a segundo, o
ruído do precioso tempo afunilando-se, como a areia que se esvai de uma
colossal ampulheta com velocidade exponencialmente crescente, regida pelo
ritmo veloz da comunicação global contemporânea, que insta os
profissionais a que o acompanhem.
A rotina exaustiva tem início cedo, desde o contato com os enviados de todos
os cantos do mundo até as reuniões para definir a pauta da edição, que deve
levar em conta o espaço temporal disponível e a demanda por cada matéria.
Todo detalhe é pensado, revisto e discutido antes de ser autorizado e
efetuado.
Fáceis não são as etapas que precedem a conclusão do produto jornalístico
que lidera os índices de audiência e de aprovação por parte dos
telespectadores, que o apontam como assaz verossímil e crível. Exigir
esforço coletivo máximo fato é que não surpreende, se bem que passe
despercebido vez por outra ao consumidor final da informação. Visando
precisamente a acender - ou reacender - essa perspectiva do que há por trás
da imagem que se vê, tomou-se a iniciativa de produzir o documentário de
que trata esta resenha, que veio ao encontro da ocasião em que se
completavam 35 anos do programa.
3. Bastante atrativa e elaborada com rebuscado esmero, a exposição
acompanha a rotina dos colaboradores do JN durante um dia, sob o enfoque
deles próprios, ou seja, o trabalho dos jornalistas é apresentado por eles
mesmos. O resultado é uma bem-vinda utilização metalinguística da mídia,
partindo da óptica interna para, ciclicamente, proporcionar à plateia nacional
(internacional, até) a visão do panorama interior, descrito em torno de um
eixo multidimensional.
Defino-o como multidimensional por não se haver restringido ao espaço
físico, ao tempo ou aos indivíduos que apõem o modelo peculiar ao
telejornal. Ao contrário, a análise se estendeu além, detalhando a atividade
em detrimento do método, o que de forma alguma prejudicou a experiência
da apreciação, uma vez que àqueles que assistem ao JN interessa mais o que
se faz do que como se faz, dada a incipiente e inclusive rudimentar
compreensão do público acerca dos aspectos técnicos.
Meu julgamento - e decerto há quem mo contradiga - é positivo e favorável à
maneira de abordagem adotada pelos desenvolvedores do projeto; considero-
-a excelente. Baseio-me, para tal observação, no pressuposto de que não há
comunicação eficaz ou infrutífera: há a tentativa falha de estabelecer um
diálogo e há o perfil que atende o objetivo a que se propôs. Este (e somente
este) se consolida como real comunicação. E é este que permeia a obra
avaliada, cujos métodos obtiveram sucesso e sagraram o JN triunfante, seja
na primeira vez em que foi ao ar, seja ainda hoje.
Verdadeiramente comunica quem demonstra comprometimento com a
verdade e delineia formato adequado ao receptor da mensagem.
Verdadeiramente comunica, pois, o Jornal Nacional.