O texto discute como usar uma máquina fotográfica de forma criativa e consciente, colocando-a atrás da cabeça ao invés de diante dos olhos, para ver e analisar antes de fotografar e evitar distrações. A técnica melhorou, mas isso não significa que a qualidade da visão tenha melhorado, sendo necessário usar a criatividade ao invés de culpar a falta de equipamento.
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Oliviero a máquina fotográfica
1. “A Máquina Fotográfica
É preciso sempre colocar a máquina fotográfica atrás da cabeça e não diante.
Frequentemente, colocá-la diante dos olhos é um ato de cegueira. Sucede com muitos
que olham através da objetiva e ficam cegos, ou distraídos, ou impotentes. Ao contrário,
é preciso ver, analisar, ter reações e em seguida, eventualmente, fotografar. Precisamos
ignorar a mecânica do clic e encontrar o prazer de fotografar. Atualmente, existem
máquinas eletrônicas sofisticadíssimas que nunca erram; basta apertar o botão e se tem a
certeza de que o filme foi impressionado sem erros de luz ou de velocidade. Mas, se a
técnica melhorou, isto não quer dizer que a qualidade da visão tenha melhorado.
Angustia-se, por exemplo, porque não se tem um determinado primeiro plano, isso é um
álibi para esconder a falta de criatividade. Meu desafio cotidiano é conseguir tirar o
melhor dos meios que tenho à minha disposição. A habilidade consiste em saber mudar
a profundidade focal do cérebro. A máquina fotográfica não é um instrumento musical
que exige anos de metodologia antes que se comece a tocá-lo. É um instrumento fácil
que solicita, de imediato, opções difíceis: o que fotografar, como, quando. Por isso não
basta simplesmente colocá-la diante dos olhos.”
Oliviero Toscani