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DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
Asuacidade
estáprontapara
sercriativa?
O painel Produzir debateu o conceito de cidades criativas,
com a palestra da urbanista e consultora da ONU, Ana Carla
Fonseca. Entre as conclusões apresentadas está a certeza de
que a criatividade será indispensável para a geração de riqueza.
As cidades, portanto, têm de estar preparadas
para criar o próprio desenvolvimento.
1ª Edição 2015 Compromisso com o futuro
2 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
PRODUZIR
VIVER
Como encontrarrespostas
adequadas para a falta
de leitos? E, os diversos
Gargalos do SUS? Quais são
as possíveis soluções?
Em um mundo
globalizado, a
criatividade será um
um bem imprescindível
para as cidades
OUTUBRO
16
OUTUBRO
30
Ana Carla FonsecaEconomista, urbanista e autora da primeira tese
brasileira sobre Cidades Criativas). É professora
e coordenadora de cursos de diversos cursos de
pós-graduação em economia, cultura e cidades.
O primeiro painel do
Agenda Araraquara falou
sobre a força da criativida-
de como um elemento gera-
dor de riqueza para uma ci-
dade ou região. Mais de 200
pessoas estiveram no Shop-
ping Jaraguá para assistir à
palestra da economista e ur-
banista Ana Carla Fonseca.
Durante pouco mais de
uma hora, ela falou sobre
a importância de as cida-
des se criarem um ambien-
te propício à criatividade e
diversidade.
Para ela, esses dois itens
estão entre os pré-requisitos
necessários para que uma
cidade se transforme em
um local criativo.
Com uma plateia reple-
ta de políticos, Ana Carla
destacou a importância dos
agentes públicos para a im-
plantação de projetos liga-
dos à criatividade. Essa “boa
governança”, como foi defi-
nida pela palestrante, pres-
supõe a capacidade de o Po-
der Público adotar um pro-
cedimento imprescindível
para tornar criativa uma ci-
dade: planejamento.
Afinal, segundo ela, não
basta saber o que se quer,
mas que caminhos terão de
ser percorridos para que se
alcance a meta pretendida.
E, segundo Ana Carla, se to-
da a sociedade estiver en-
volvida. melhor ainda.
Eventodiscutiupossíveis
caminhosparaacidade
Módulo Produzir discutiu a criatividade e as formas como pode se tornar
um elemento gerador de riqueza e diversidade para Araraquara
José Sebastião dos SantosProfessor doutor e livre-docente pela Universidade de
São Paulo, com passagem pelo Ministério da Saúde, em
Brasília. Também foi secretário municipal da Saúde de
Ribeirão Preto.
FOTOS MARCOS LEANDRO / TRIBUNA ARARAQUARA
3DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
Uma boa imprensa é a sociedade
conversando consigo própria e, neste
momento de crise, nada mais importante
do que debater novos caminhos
GERALDO ALCKMIN GOVERNADOR DO ESTADO
MARCELO BARBIERI
PREFEITO DE ARARAQUARA
ANDRÉ COUTINHO NOGUEIRA
DIRETOR DO GRUPO EPTV
Foi um prazer
participar deste
evento, que busca
fazer uma reflexão
sobre a nossa
cidade, a nossa
comunidade.
O nosso
objetivo, com este
evento, é contribuir
para que Araraquara
se transforme em
uma cidade cada
vez melhor.
FOTOSMARCOSLEANDRO/TRIBUNAARARAQUARA
4 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
CIDADE
CRIATIVAO que são?
Cidades criativas são capazes de encontrar dentro de si a solução
para seus problemas, diz Ana Carla Fonseca. “São cidades que
transformam o tecido socioeconômico urbano com base no que
têm de mais singular, criativo e específico e em um profundo
entendimento de sua identidade cultural”. Segundo a urbanista, uma
cidade criativa é capaz de atrair empreendedores, investimentos e
um perfil de turista que respeita e aprecia a cultura.
Como acho uma?
Geralmente, têm três características em comum:
- Inovação
Não apenas no que se refere à tecnologia, mas a
capacidade de uma cidade em resolver, de modo
inovador, criativo, os problemas que surgem;
- Conexões
A capacidade de se estabelecerem ligações
permanentes e nos dois sentidos entre as esferas
pública e privada, local e global, regional e,
também, entre as várias regiões da cidade;
- Cultura
A possibilidade de a cidade se tornar um
espaço propício à imaginação, à criatividade
e à concretização disso em forma de inovação.
(Ana Carla Fonseca)
Não apenas no que se refere à tecnologia, mas a
capacidade de uma cidade em resolver, de modo
No Brasil tem?
Tem. Um exemplo presente no livro “Cidades Criativas
- Perspectivas” é Guaramiranga, uma cidadezinha
cearense localizada a 100 km de Fortaleza. Após um
período aúreo ligado ao café, a cidade decaiu, mas a
tradição de tertúlias e serestas, vindas das famílias
abastadas, desaguou no Festival de Jazz e Blues na
cidade, que já chega ao seu 12º ano. Por causa disso, a
cidade criou uma estrutura para a recepção de turistas,
coma utilização das antigas fazendas e de músicos
locais. Hoje, a festival é um sucesso e projeta o nome
de Guaramiranga pelo Estado.
5DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
SAIBA
MAIS
5,2%
do PIB é quanto a contribuição de
atividades culturais privadas e formais
representa, em média, em 40 países
pesquisados pela Unesco.
2,7%
do PIB foi a contribuição dos segmentos
criativos no Brasil em 2011.
Ponto de partida:
http://www.criaticidades .com.br
É uma espécie de banco de dados com
algumas experiências interessantes
desenvolvidas no Brasil e no mundo
envolvendo a ideia de economia e
cidades criativas.
Em papel
• The Creative City:
a toolkit for urban
innovators (A Cidade
Criativa: um kit para
inovadores urbanos)
Charles Landry
• The Art of City Making
(A Arte de Construir
a Cidade)Charles
Landry
• All Our Futures:
Creativity, Culture
and Education (Todos
os Nossos Futuros:
criatividade, cultura e
educação)
Ken Robinson
• The Creative Economy
(A Economia Criativa)
John Howkins
• The Rise of the
Creative Class (A
Ascensão da Classe
Criativa)
Richard Florida
• Cidades Criativas –
Perspectivas, organizado
Ana Carla Fonseca
e Peter Kageyama
Em papel
• The Creative City:
a toolkit for urban
innovators (A Cidade
Criativa: um kit para
inovadores urbanos)
Charles Landry
• The Art of City Making
(A Arte de Construir
Economia
criativa
Termo criado para nomear modelos
de negócio ou gestão que se originam
em atividades, produtos ou serviços
desenvolvidos a partir do conhecimento,
criatividade ou capital intelectual de
indivíduos com vistas à geração de
trabalho e renda.
(Fonte: Sebrae)
indivíduos com vistas à geração de
trabalho e renda.
(Fonte: Sebrae)Que
áreas?
Cultura, moda, design, música,
artesanato, desenvolvimento
de softwares, jogos eletrônicos e
aparelhos de celular e atividades
como televisão, rádio, cinema
e fotografia, além, claro, de
projetos ligados
à internet.
2004ORIGEM DA ECONOMIA
CRIATIVA NO BRASIL
O embrião das discussões acerca da
economia criativa no Brasil foi gerado
com a realização, durante o encontro
quadrienal da Unctad , em São Paulo, da
sessão temática “High Level Panel on
Creative Industries and Development”.
810.000Profissionais trabalham
atualmente no Brasil em setores
ligados à economia criativa
6 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
Dentre os vários pon-
tos abordados por Ana
Carla Fonseca no debate
do dia 16, um deles cha-
mou a atenção: a neces-
sidade de se criar a marca
‘Araraquara’.
“Fiquei surpresa com
o manancial de informa-
ções, propostas e inova-
ções que já estão sendo
discutidos”, disse. “É uma
surpresa que vocês ainda
não tenham criado uma
marca que seja o reflexo
do que a cidade e, cla-
ro, o que os seus morado-
res têm de melhor”, com-
pletou.
O caminho, segundo
Ana Carla Fonseca é a his-
tória e a cultura locais se
Anecessi d
criaramarca ‘
PRODUZIR
“Do ponto de vista
de globalização as
tecnologias digitais
catapultam uma
envergadura e uma
profundidade jamais
vistas, que seriam as
trocas de informações
entre os países
“Quando a gente
diz que a cidade
é um ambiente de
geração de criatividade
isso engendra um
olhar delicado sobre
diversidade. Como
fazer com que pessoas
se relacionem nos
espaços públicos?
Qual é o DNA de
uma cidade criativa?
Cultura (a cidade como espaço
de experimentação cultural),
inovação (capacidade de se
reinventar permanentemente
e olhar além do óbvio) e
conexões (com a sua história,
com as suas diversas regiões,
entre as esferas publica e
privada etc.)
Criatividade é a arma
para lutar contra o R$ 1,99
A alternativa a brigar em cima de preço
baixo, em cima do R$ 1,99, é brigar em
cima de algo que tenha valor agregado
e inovação, porque com a globalização
e a concorrência acirrada, produtos
e serviços tendem a ficar parecidos.
O valor está na diferença.
Criatividade é ingrediente importante
mas não é sinônimo de economia criativa
Nem tudo o que envolve criatividade é economia
criativa. Estar em casa dedilhando um violão ou
criando uma receita não é economia criativa,
embora requeira criatividade. É preciso saber tirar
valor a partir dessa criatividade.
Economia criativa retoma o uso de
recursos esquecidos há séculos
Economia criativa é uma fusão da cultura com a
economia do conhecimento, como se tentássemos
reconciliar essas duas partes do cérebro que
acabaram sendo vistos como separados ao longo
dos dois últimos séculos.
“Trabalho criativo tem
a ver, sobretudo, com
inovação, com algo
que é novo, que vai
além do mesmo mas
que, ao mesmo tempo,
tem de ser percebido
como algo que possua
um valor intrínseco.
Economista e urbanista defende ações que p
produto de alto valor agregado; saída sugeri d
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
7DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
i dadedese
a ‘Araraquara’
“Uma das metas do
nosso Plano Diretor
é a criação de mais
espaços públicos, de
modo a que a cidade
possa fomentar mais
locais de convívio entre
os moradores.
“Patrimônio histórico,
mobilidade urbana,
Araraquara tem as
suas vocações, que
têm uma relação
próxima com o futuro
da cidade, que é ser a
Capital da Cultura.
ALESSANDRA LIMA
ARQUITETA
FRANCISCO SANTORO
ARQUITETO
“O trânsito de
Araraquara passou
por uma mudança
radical. Reduzimos
em cerca de 65% o
número de feridos
graves e mortos e em
95% o número de
atropelamentos.
COCA FERRAZ
ENGENHEIRO
e permitam à cidade ser identificada como um
eri da por ela está na dupla cultura e tecnologia
tornem a base de algo pa-
ra “um olhar para o futu-
ro”. “É algo quase sines-
tésico. A gente pensa em
Araraquara e vem uma
sensação que só ela tem.
Isso caracteriza a alma e
é algo poderosíssimo pa-
ra transformar a cidade à
sua essência básica”, afir-
mou.
E por quê uma marca
é importante? De acordo
com a palestrante, pela
sua capacidade de agre-
gar valor que vem, basica-
mente, do binômio cultu-
ra/tecnologia.
Por isso, a criação des-
se ambiente criativo - que
estimule o desenvolvi-
mento de projetos nessas
áreas - é vital para se ob-
ter uma cidade criativa.
Francisco Santoro
O arquiteto falou sobre a
importância de a cidade
manter laços mais firmes com a
sua história e o seu patrimônio.
Por isso, uma de suas teses está
na definição de um conjunto de
políticas públicas que reforcem
o papel de destaque
que a cultura sempre
desempenhou na vida do
município.
‘Teto’ dos 200 mil
preocupa arquiteto
Para Francisco Santoro,
ultrapassar esse número de
habitantes ‘é algo perigoso’,
porque dificulta o planejamento
urbano. Mesmo assim, sugere
uma maior integração entre as
políticas municipais com as do
Estado e União.
Ferraz destaca semáforo
desenvolvido na cidade
Durante os debates, o vice-
prefeito e coordenador
de Mobilidade falou da
importância de um semáforo
com temporizador, criado na
cidade, e que já teria reduzido
em cerca de 70% o número de
acidentes na cidade.
Alessandra Lima
A arquiteta e coordenadora de Planejamento
Urbano da Prefeitura destacou a importância da
futura implantação do Parque dos Trilhos, um
projeto de R$ 200 milhões que pretende criar um
anel de 15 km de ciclovias e cerca de três milhões
de metros quadrados.
palestrante
ANA CARLA FONSECA
FOTOS MARCOS LEANDRO / TRIBUNA ARARAQUARA
MARCOS LEANDRO / TRIBUNA ARARAQUARA
8 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015
VIVER
palestrante
JOSÉ SEBASTIÃO DOS SANTOS
O Agenda Araraquara
estará de volta na próxima
sexta-feira (30), desta vez
com o painel Viver. Em de-
bate estarão a saúde públi-
ca, falta de leitos e os garga-
los encontrados atualmente
no Sistema Único de Saú-
de (SUS).
O palestrante convidado
é o médico José Sebastião
dos Santos (foto), profes-
sor da Universidade de São
Paulo, com passagem pelo
Ministério da Saúde e secre-
taria municipal de Saúde de
Ribeirão Preto.
O evento acontece no
Shopping Jaraguá, entre as
8h30 e as 12h. A participa-
ção é gratuita, mas requer a
inscrição prévia no site do
Agenda, em www.agendaa-
raraquara.com.
O Agenda Araraquara vi-
sa não só discutir os princi-
pais problemas da cidade,
como também tentar apon-
tar possível soluções. É pro-
movida pela Tribuna Ara-
raquara e rádio Jovem Pan,
com o apoio do grupo EPTV.
Além de José Sebastião
dos Santos, a mesa de deba-
tes será formada pelo secre-
tário municipal de Saúde,
Carlos Fernando Camargo,
o provedor da Santa Casa
da Misericórdia, Valter Cury
Rodrigues e o promotor de
Justiça e Cidadania, Raul de
Mello Franco Jr.
Saúdeéotemaemdebate
napróximasexta-feira
Falta de leitos será questão abordada por especialista em gestão da Saúde
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  • 1. DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 Asuacidade estáprontapara sercriativa? O painel Produzir debateu o conceito de cidades criativas, com a palestra da urbanista e consultora da ONU, Ana Carla Fonseca. Entre as conclusões apresentadas está a certeza de que a criatividade será indispensável para a geração de riqueza. As cidades, portanto, têm de estar preparadas para criar o próprio desenvolvimento. 1ª Edição 2015 Compromisso com o futuro
  • 2. 2 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 PRODUZIR VIVER Como encontrarrespostas adequadas para a falta de leitos? E, os diversos Gargalos do SUS? Quais são as possíveis soluções? Em um mundo globalizado, a criatividade será um um bem imprescindível para as cidades OUTUBRO 16 OUTUBRO 30 Ana Carla FonsecaEconomista, urbanista e autora da primeira tese brasileira sobre Cidades Criativas). É professora e coordenadora de cursos de diversos cursos de pós-graduação em economia, cultura e cidades. O primeiro painel do Agenda Araraquara falou sobre a força da criativida- de como um elemento gera- dor de riqueza para uma ci- dade ou região. Mais de 200 pessoas estiveram no Shop- ping Jaraguá para assistir à palestra da economista e ur- banista Ana Carla Fonseca. Durante pouco mais de uma hora, ela falou sobre a importância de as cida- des se criarem um ambien- te propício à criatividade e diversidade. Para ela, esses dois itens estão entre os pré-requisitos necessários para que uma cidade se transforme em um local criativo. Com uma plateia reple- ta de políticos, Ana Carla destacou a importância dos agentes públicos para a im- plantação de projetos liga- dos à criatividade. Essa “boa governança”, como foi defi- nida pela palestrante, pres- supõe a capacidade de o Po- der Público adotar um pro- cedimento imprescindível para tornar criativa uma ci- dade: planejamento. Afinal, segundo ela, não basta saber o que se quer, mas que caminhos terão de ser percorridos para que se alcance a meta pretendida. E, segundo Ana Carla, se to- da a sociedade estiver en- volvida. melhor ainda. Eventodiscutiupossíveis caminhosparaacidade Módulo Produzir discutiu a criatividade e as formas como pode se tornar um elemento gerador de riqueza e diversidade para Araraquara José Sebastião dos SantosProfessor doutor e livre-docente pela Universidade de São Paulo, com passagem pelo Ministério da Saúde, em Brasília. Também foi secretário municipal da Saúde de Ribeirão Preto. FOTOS MARCOS LEANDRO / TRIBUNA ARARAQUARA
  • 3. 3DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 Uma boa imprensa é a sociedade conversando consigo própria e, neste momento de crise, nada mais importante do que debater novos caminhos GERALDO ALCKMIN GOVERNADOR DO ESTADO MARCELO BARBIERI PREFEITO DE ARARAQUARA ANDRÉ COUTINHO NOGUEIRA DIRETOR DO GRUPO EPTV Foi um prazer participar deste evento, que busca fazer uma reflexão sobre a nossa cidade, a nossa comunidade. O nosso objetivo, com este evento, é contribuir para que Araraquara se transforme em uma cidade cada vez melhor. FOTOSMARCOSLEANDRO/TRIBUNAARARAQUARA
  • 4. 4 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 CIDADE CRIATIVAO que são? Cidades criativas são capazes de encontrar dentro de si a solução para seus problemas, diz Ana Carla Fonseca. “São cidades que transformam o tecido socioeconômico urbano com base no que têm de mais singular, criativo e específico e em um profundo entendimento de sua identidade cultural”. Segundo a urbanista, uma cidade criativa é capaz de atrair empreendedores, investimentos e um perfil de turista que respeita e aprecia a cultura. Como acho uma? Geralmente, têm três características em comum: - Inovação Não apenas no que se refere à tecnologia, mas a capacidade de uma cidade em resolver, de modo inovador, criativo, os problemas que surgem; - Conexões A capacidade de se estabelecerem ligações permanentes e nos dois sentidos entre as esferas pública e privada, local e global, regional e, também, entre as várias regiões da cidade; - Cultura A possibilidade de a cidade se tornar um espaço propício à imaginação, à criatividade e à concretização disso em forma de inovação. (Ana Carla Fonseca) Não apenas no que se refere à tecnologia, mas a capacidade de uma cidade em resolver, de modo No Brasil tem? Tem. Um exemplo presente no livro “Cidades Criativas - Perspectivas” é Guaramiranga, uma cidadezinha cearense localizada a 100 km de Fortaleza. Após um período aúreo ligado ao café, a cidade decaiu, mas a tradição de tertúlias e serestas, vindas das famílias abastadas, desaguou no Festival de Jazz e Blues na cidade, que já chega ao seu 12º ano. Por causa disso, a cidade criou uma estrutura para a recepção de turistas, coma utilização das antigas fazendas e de músicos locais. Hoje, a festival é um sucesso e projeta o nome de Guaramiranga pelo Estado.
  • 5. 5DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 SAIBA MAIS 5,2% do PIB é quanto a contribuição de atividades culturais privadas e formais representa, em média, em 40 países pesquisados pela Unesco. 2,7% do PIB foi a contribuição dos segmentos criativos no Brasil em 2011. Ponto de partida: http://www.criaticidades .com.br É uma espécie de banco de dados com algumas experiências interessantes desenvolvidas no Brasil e no mundo envolvendo a ideia de economia e cidades criativas. Em papel • The Creative City: a toolkit for urban innovators (A Cidade Criativa: um kit para inovadores urbanos) Charles Landry • The Art of City Making (A Arte de Construir a Cidade)Charles Landry • All Our Futures: Creativity, Culture and Education (Todos os Nossos Futuros: criatividade, cultura e educação) Ken Robinson • The Creative Economy (A Economia Criativa) John Howkins • The Rise of the Creative Class (A Ascensão da Classe Criativa) Richard Florida • Cidades Criativas – Perspectivas, organizado Ana Carla Fonseca e Peter Kageyama Em papel • The Creative City: a toolkit for urban innovators (A Cidade Criativa: um kit para inovadores urbanos) Charles Landry • The Art of City Making (A Arte de Construir Economia criativa Termo criado para nomear modelos de negócio ou gestão que se originam em atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento, criatividade ou capital intelectual de indivíduos com vistas à geração de trabalho e renda. (Fonte: Sebrae) indivíduos com vistas à geração de trabalho e renda. (Fonte: Sebrae)Que áreas? Cultura, moda, design, música, artesanato, desenvolvimento de softwares, jogos eletrônicos e aparelhos de celular e atividades como televisão, rádio, cinema e fotografia, além, claro, de projetos ligados à internet. 2004ORIGEM DA ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL O embrião das discussões acerca da economia criativa no Brasil foi gerado com a realização, durante o encontro quadrienal da Unctad , em São Paulo, da sessão temática “High Level Panel on Creative Industries and Development”. 810.000Profissionais trabalham atualmente no Brasil em setores ligados à economia criativa
  • 6. 6 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 Dentre os vários pon- tos abordados por Ana Carla Fonseca no debate do dia 16, um deles cha- mou a atenção: a neces- sidade de se criar a marca ‘Araraquara’. “Fiquei surpresa com o manancial de informa- ções, propostas e inova- ções que já estão sendo discutidos”, disse. “É uma surpresa que vocês ainda não tenham criado uma marca que seja o reflexo do que a cidade e, cla- ro, o que os seus morado- res têm de melhor”, com- pletou. O caminho, segundo Ana Carla Fonseca é a his- tória e a cultura locais se Anecessi d criaramarca ‘ PRODUZIR “Do ponto de vista de globalização as tecnologias digitais catapultam uma envergadura e uma profundidade jamais vistas, que seriam as trocas de informações entre os países “Quando a gente diz que a cidade é um ambiente de geração de criatividade isso engendra um olhar delicado sobre diversidade. Como fazer com que pessoas se relacionem nos espaços públicos? Qual é o DNA de uma cidade criativa? Cultura (a cidade como espaço de experimentação cultural), inovação (capacidade de se reinventar permanentemente e olhar além do óbvio) e conexões (com a sua história, com as suas diversas regiões, entre as esferas publica e privada etc.) Criatividade é a arma para lutar contra o R$ 1,99 A alternativa a brigar em cima de preço baixo, em cima do R$ 1,99, é brigar em cima de algo que tenha valor agregado e inovação, porque com a globalização e a concorrência acirrada, produtos e serviços tendem a ficar parecidos. O valor está na diferença. Criatividade é ingrediente importante mas não é sinônimo de economia criativa Nem tudo o que envolve criatividade é economia criativa. Estar em casa dedilhando um violão ou criando uma receita não é economia criativa, embora requeira criatividade. É preciso saber tirar valor a partir dessa criatividade. Economia criativa retoma o uso de recursos esquecidos há séculos Economia criativa é uma fusão da cultura com a economia do conhecimento, como se tentássemos reconciliar essas duas partes do cérebro que acabaram sendo vistos como separados ao longo dos dois últimos séculos. “Trabalho criativo tem a ver, sobretudo, com inovação, com algo que é novo, que vai além do mesmo mas que, ao mesmo tempo, tem de ser percebido como algo que possua um valor intrínseco. Economista e urbanista defende ações que p produto de alto valor agregado; saída sugeri d DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO
  • 7. 7DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 i dadedese a ‘Araraquara’ “Uma das metas do nosso Plano Diretor é a criação de mais espaços públicos, de modo a que a cidade possa fomentar mais locais de convívio entre os moradores. “Patrimônio histórico, mobilidade urbana, Araraquara tem as suas vocações, que têm uma relação próxima com o futuro da cidade, que é ser a Capital da Cultura. ALESSANDRA LIMA ARQUITETA FRANCISCO SANTORO ARQUITETO “O trânsito de Araraquara passou por uma mudança radical. Reduzimos em cerca de 65% o número de feridos graves e mortos e em 95% o número de atropelamentos. COCA FERRAZ ENGENHEIRO e permitam à cidade ser identificada como um eri da por ela está na dupla cultura e tecnologia tornem a base de algo pa- ra “um olhar para o futu- ro”. “É algo quase sines- tésico. A gente pensa em Araraquara e vem uma sensação que só ela tem. Isso caracteriza a alma e é algo poderosíssimo pa- ra transformar a cidade à sua essência básica”, afir- mou. E por quê uma marca é importante? De acordo com a palestrante, pela sua capacidade de agre- gar valor que vem, basica- mente, do binômio cultu- ra/tecnologia. Por isso, a criação des- se ambiente criativo - que estimule o desenvolvi- mento de projetos nessas áreas - é vital para se ob- ter uma cidade criativa. Francisco Santoro O arquiteto falou sobre a importância de a cidade manter laços mais firmes com a sua história e o seu patrimônio. Por isso, uma de suas teses está na definição de um conjunto de políticas públicas que reforcem o papel de destaque que a cultura sempre desempenhou na vida do município. ‘Teto’ dos 200 mil preocupa arquiteto Para Francisco Santoro, ultrapassar esse número de habitantes ‘é algo perigoso’, porque dificulta o planejamento urbano. Mesmo assim, sugere uma maior integração entre as políticas municipais com as do Estado e União. Ferraz destaca semáforo desenvolvido na cidade Durante os debates, o vice- prefeito e coordenador de Mobilidade falou da importância de um semáforo com temporizador, criado na cidade, e que já teria reduzido em cerca de 70% o número de acidentes na cidade. Alessandra Lima A arquiteta e coordenadora de Planejamento Urbano da Prefeitura destacou a importância da futura implantação do Parque dos Trilhos, um projeto de R$ 200 milhões que pretende criar um anel de 15 km de ciclovias e cerca de três milhões de metros quadrados. palestrante ANA CARLA FONSECA FOTOS MARCOS LEANDRO / TRIBUNA ARARAQUARA MARCOS LEANDRO / TRIBUNA ARARAQUARA
  • 8. 8 DOMINGO, 25 DE OUTUBRO DE 2015 VIVER palestrante JOSÉ SEBASTIÃO DOS SANTOS O Agenda Araraquara estará de volta na próxima sexta-feira (30), desta vez com o painel Viver. Em de- bate estarão a saúde públi- ca, falta de leitos e os garga- los encontrados atualmente no Sistema Único de Saú- de (SUS). O palestrante convidado é o médico José Sebastião dos Santos (foto), profes- sor da Universidade de São Paulo, com passagem pelo Ministério da Saúde e secre- taria municipal de Saúde de Ribeirão Preto. O evento acontece no Shopping Jaraguá, entre as 8h30 e as 12h. A participa- ção é gratuita, mas requer a inscrição prévia no site do Agenda, em www.agendaa- raraquara.com. O Agenda Araraquara vi- sa não só discutir os princi- pais problemas da cidade, como também tentar apon- tar possível soluções. É pro- movida pela Tribuna Ara- raquara e rádio Jovem Pan, com o apoio do grupo EPTV. Além de José Sebastião dos Santos, a mesa de deba- tes será formada pelo secre- tário municipal de Saúde, Carlos Fernando Camargo, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Valter Cury Rodrigues e o promotor de Justiça e Cidadania, Raul de Mello Franco Jr. Saúdeéotemaemdebate napróximasexta-feira Falta de leitos será questão abordada por especialista em gestão da Saúde WEBERSIAN/ACIDADE