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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL
Tema:
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas
Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai
Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural
Autor:
Jobe Domingos Mavaieie
Vilankulo, Maio 2014
Jobe Domingos Mavaieie
Tema:
Análise Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas
Famílias Rurais do distrito de Xai-Xai
Relatório apresentado no Departamento
de Sociologia Rural para obtenção do grau
de Licenciatura em Comunicação
e Extensão Rural
Supervisora:
dr. Lúcio Muchanga
Co-supervisor
dr. Rosário Conhece
UEM-ESUDER
Vilankulo
2014
ÍNDICE
Conteúdos……………...…………..…………….……………….……………….páginas
Declaração de honra………………………………………….……………...……..………i
Dedicatória…………..……………………………………………………….…………....ii
Agradecimentos………………………………………………….... ………...…...……...iii
Lista de abreviaturas……………………………………………………………………...iv
Lista de figuras ……………………. ………………………..…………………....,….....vi
Lista de tabelas…………………………………………..…………….............................vi
Lista de gráficos………………………………………..……………...…………….......vii
Lista de anexos…………………………………………...…………………....……......viii
Glossário………………………………………...…...…………………........……...……ix
Resumo……………………..…………………………………………..…………………x
I. INTRODUÇÃO……….……………………………………………………..…...........1
1.1.Problema……...…………………………………………………………..…………...2
1.2.Justificativa………………………………………………………………….………...2
1.3.Objectivos…………………………………………………………………….…….....3
Geral:……...……………………………………………………………………………....3
Específico………………………………………………………………………….……...3
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………...………4
2.1. Historial do HIV/SIDA………………………………………………….…………...4
2.1.1. Vias de transmissão do HIV/SIDA…………………………………….…………..5
2.1.2. Estágios de HIV e SIDA………………………………………………….………..6
2.1.3. Principais factores impulsionadores da epidemia do HIV em África…………..….6
2.1.3.1. Analfabetismo………………………………………………………………….…6
2.1.3.2. Pobreza………………………………………………………..……………….....6
2.1.4. Impacto social do HIV/SIDA…………………………………..……………...…..7
2.5. Agricultura na África subsaariana……………………………….…………………...7
2.5.1. Implicações do HIV/SIDA na agricultura……………………………………..…..8
2.6. Segurança alimentar e nutricional…………………………………………………...10
2.6.1. Ligação entre o HIV/SIDA e a Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN)....10
2.6.2. Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional………………….....12
2.7. Estratégias de sobrevivência dos agregados familiares perante ao HIV e SIDA......13
III.METODOLOGIA…………………………………………………………………..15
3.1. Descrição da área de estudo………………………………………………………...15
3.1.1. Situação geográfica………………………………………………………………..15
1.2. Amostra…………………………………………………………………….....17
3.3. Técnicas de Recolha Dados…………………………………………………………18
3.4. Análise de dados………………………………………………….………………....19
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………………….20
4.1. Características gerais dos agregados familiares………………………………….….20
4.2. Impactos do HIV e SIDA na produção agrícola e SAN……………………….……24
4.2.1.Implicações do HIV/SIDA com a área de Produção………………………….…..24
4.2.3. Produção de milho antes e depois de ter membro doente ou morte na família.…..25
4.2.4. Meses que a família consome a sua própria produção (Reservas alimentares).…..26
4.2.5. Implicações do HIV/SIDA na Renda do Agregado Familiar………………….....27
4.2.6. Consumo alimentar (No de refeições por dia) Antes e Depois da Doença ou Morte
no AF…………………………………………………………………………………….28
4.3. Estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos agregados
familiares…………………………………………………………………………………29
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ………………………………………..30
5.1. Conclusões………………………………………………………………………......30
5.2. Recomendações…………………………………………………………………......31
5.3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA……………………………………………....33
i
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu Jobe Domingos Mavaieie, declaro por minha honra que o presente trabalho de
culminação do curso na categoria de estágio profissional é da minha autoria, e nunca foi
apresentado em nenhuma outra instituição. Declaro também por minha honra que os
dados usados correspondem a realidade.
Vilankulos________de_________________________ de 2014
___________________________________
(Jobe Domingos Mavaieie)
ii
DEDICÁTORIA
Dedico este trabalho a toda minha família, especialmente ao meu pai Domingos
Francisco Mavaieie e sua esposa Avelina Matavel.
Aos meus eternos heróis vai a minha especial dedicatória, pelos conhecimentos vitalícios
que me foram administrados. A minha mãe Lídia Francisco Matsove (Em memória).
Aos meus Irmãos, Mónica, mano Luís e sua esposa, constância, Bonita, Felismina,
Bianna, Daniel, Elisinha, Rosinha, Leonel, mano Levi, e primos.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, o meu Supremo mestre.
Agradeço a UEM-ESUDER pela formação que me concedeu e ao meu supervisor dr.
Lúcio Muchanga e co-supervisor dr. Rosário Conhece, pela paciência que sempre tiveram
comigo para a efectivação do vertente trabalho.
Agradeço a todos meus colegas de curso especialmente: Gizela Uamusse e Graciete
Novela pela inestimável ajuda que deram nos momentos de crise.
A vizinha Ornilda, aos colegas Amândio Maposse, Miller Mamuquel, Arsénio Madope,
Geraldo Sitóe, pela sua atenção nos momentos em que mais precisei deles para
assimilação dos conteúdos científicos abordados durante a longa e inesquecível jornada
académica.
Agradeço aos meus colegas do grupo (Stélio Manjate, Santana Carlos e Alda Manhique e
Dalmácia Maria) pela amizade, irmandade, camaradagem e pelos frenéticos debates que
nos caracterizou para a consolidação dos meus conhecimentos, vai ai o meu muito
obrigado.
Aos meus Irmãos da vida Jubaido Nhabique, Imercio Pelembe, Shinoka Mabote, José
Matsimbe, Edson Bie, Crescência Dava, Quitéria, Mahite, Crimildo Sambuco e Edson
Madiva. Pelas suas qualidades inestimáveis e pelo alto nível do espírito de fraternidade e
amizade que demonstraram em todas as circunstâncias do meu percurso académico vai aí
o meu muito obrigado por tudo.
A família Chirindza, a mãe da Cíntia, dona Admira, Lau e ao Milton por tudo quanto
fizeram por mim e pelo altruísmo denotado endereço a minha eterna gratidão por tudo.
Aos Serviços Distritais da Mulher e Acção Social de Xai-Xai e Serviços Distritais de
Actividades Económicas de Xai-Xai, em especial a chefe da repartição de produção
Agrícola Bele e ao técnico de extensão rural afecto em chicumbane.
iv
LISTA DE ABREVIATURAS
ASS – África Subsaariana
ESUDER – Escola Superior de Desenvolvimento Rural
INSAN – Insegurança Alimentar e Nutricional
INSIDA – Inquérito Nacional de prevalência, Risco Comportamento e Informação sobre
MINAG – Ministério da Agricultura
MONASO – Rede Moçambicana de Organizações contra SIDA
LISTA DE SIGLAS
AF’s – Agregados Familiares
CM – Circuncisão Masculina
CNCS – Conselho Nacional de Combate ao SIDA
DPSG – Direcção Provincial da Saúde de Gaza
DPA – Direcção Provincial da Agricultura
ECA – Economic Commision for Africa
EN1 – Estrada Nacional Número 1
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
GCC – Gestores de Casos comunitários
HIV – Vírus de Imunodeficiência Humana
ILO – International Labour Organization
INE – Instituto Nacional de Estatística
o HIV e SIDA em Moçambique
MAE – Ministério da Administração Estatal
NPCS – Núcleo Provincial de Combate ao Sida
v
ODI – Oversea Development Institute
ONUSIDA – Programa conjunto das Nações Unidas para HIV/SIDA
PEN – Plano Estratégico Nacional de HIV e SIDA
PMA – Programa Mundial da Alimentação
PVHS – Pessoa Vivendo Com HIV e SIDA
RSA – South Africa Republic
SAN – Segurança Alimentar e Nutricional
SDAE - Serviços Distritais das Actividades Económicas
SDMSAS – Serviços Distritais da Mulher Saúde e Acção Social
SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional
SIDA – Síndroma de Imunodeficiência Adquirida
SPSS – Statistical Package for the Social Science
UEM – Universidade Eduardo Mondlane
UNAIDS – Programa das Nações Unidas para o SIDA
UNESCO – Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciências e a Cultura
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
vi
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura no
1: Ligações cíclicas entre o HIV/SIDA, pobreza e a INSAN………………....12
Figura no
2: mapa do distrito de Xai-Xai………………………………………………...15
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela no
1: Determinação do tamanho da amostra……...………………………………18
Tabela no
2: Sexo dos afectados por HIV/SIDA ……………. ……………. …………. .20
Tabela no
3: Estado civil dos afectados por HIV/SIDA ………………….….…..............20
Tabela no
4: Tamanho do agregado Familiar e ocupação Principal……………………...23
Tabela no
5: implicações do HIV/SIDA com a área de Produção ………………….……24
Tabela No
6: comparação da produção de milho antes e depois de ter membro doente….26
vii
LISTA DE GRÁFICOS
Página
Gráfico no
1: Composição etária dos Membros do agregado familiar…………………..21
Gráfico no
2: Nível de escolaridade dos entrevistados…………………..…………….…22
Gráfico no
3: Produção de milho antes e depois de do AF estar afectado..........................25
Gráfico no
4: Meses médios que o AF possui reservas alimentares antes e depois de
afectado pelo HIV/SIDA..……………………………………………………………….26
Gráfico no
5: Dinheiro que o AF Fazia antes e depois de ter um membro doente ou
morto………………………………………………………………………..……………27
Gráfico no
6: Consumo alimentar………...………………………………………………28
Gráfico no
7: estratégias adoptadas pelas PVHS para Fazer Face a Perda de Membro…..29
viii
LISTA DE APÊNDICES
Página
Inquérito usado na pesquisa………………………………………………………….…….I
Output de teste de medias……………………………………………………………….IV
ix
GLOSSÁRIO
Agregado familiar: Uma ou mais pessoas ligadas ou não por laços de parentesco que
vivem na mesma casa, em comunhão de mesa, e partilham a maior parte das despesas da
casa. O termo família também é utilizado no sentido de «agregado familiar».
Chefe do AF: É a pessoa responsável pelo agregado
Epidemia: Uma doença, geralmente infecciosa, que se espalha em curto período de
tempo numa determinada área geográfica.
Família Afectada pelo HIV/SIDA: agregado familiar com pelo menos uma pessoa
doente ou que tenha morrido devido à SIDA.
Família infectada pelo HIV/SIDA: agregado familiar com pelo menos uma pessoa que
tem vírus de HIV.
Família rural: é uma unidade de produção que considera que o acesso a terra é
indispensável para a obtenção de um resultado agrícola em espécie e, eventualmente em
dinheiro.
HIV: O vírus da imunodeficiência humana - que enfraquece o sistema imune e conduz à
SIDA
Nutrição: refere-se a forma como o organismo transforma e utiliza os alimentos e a sua
relação com a saúde, hábitos, costumes e práticas alimentares. A alteração do estado
nutricional é geralmente conhecida por malnutrição.
Reserva alimentar: refere-se ao armazenamento de quantidades volumosas de alimentos
para a satisfação das necessidades de consumo alimentar no agregado familiar.
Segurança alimentar e nutricional: refere-se a acesso físico e económico aos alimentos
de todas as pessoas, em todos os momentos à alimentação suficiente com vista a garantir
uma vida activa e saudável.
Segurança alimentar: ocorre quando não há problemas de acesso aos alimentos em
termos qualitativos ou quantitativos e não há preocupação que os alimentos venham a
faltar.
x
RESUMO
É cada vez mais evidente que a epidemia do HIV/SIDA afecta todos sectores da
sociedade. Os seus impactos são multidimensionais e sistemáticos, o que poderá ameaçar
os esforços de redução da insegurança alimentar em Moçambique. A epidemia é
exacerbada pelas disparidades de género, bem como pelo fraco acesso aos serviços sócias
e a informação. O aumento de doenças e mortes devido ao HIV/SIDA em jovens e
adultos afecta famílias e comunidades inteiras, agrava os problemas de acesso a
alimentos. O presente trabalho analisa o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e
nutricional das famílias rurais do distrito de Xai-Xai. O presente trabalho usou método
quantitativo e qualitativo para a recolha de dados. Os dados quantitativos foram colhidos
com base no inquérito dirigido a 47 AFs com algum membro doente ou que perdeu a vida
nos últimos dois (2) anos. Os dados qualitativos foram colhidos com base na observação.
Os dados foram analisados usando o pacote estatístico SPSS que permitiu gerar
frequências e comparações com teste t. Também foi usado Excel que permitiu a geração
de gráficos e tabelas. Os resultados do estudo mostram que a maior parte dos AFs tem
agricultura como ocupação principal. Devido a doença ou morte parte considerável (59%)
de AFs reduziu as suas áreas de cultivo e outros (13%) abandonaram completamente a
actividade agrícola. A produção de milho reduziu consideravelmente, o que afectou
negativamente a renda proveniente da agricultura. A maior parte dos AFs reduziu o
número de refeições e crianças passaram a trabalhar mais. O estudo deixa como
recomendação fundamental a integração da componente de SAN em todos os projectos
que visam mitigar o impacto do HIV/SIDA, de modo a reduzir a probabilidade de
infecção pelo HIV, diminuir a progressão do HIV/SIDA e aumentar a resistência dos
infectados.
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 1
I. INTRODUÇÃO
O Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma questão fundamental para o
desenvolvimento da África Subsaariana (ASS), devido a expansão da doença e do número
de mortes na idade mais produtiva e reprodutiva (15 aos 49 anos de idade). O SIDA afecta
todos os grupos e sectores socioeconómicos, desde agricultores de subsistência e
trabalhadores de outros sectores, provocando a redução dos recursos humanos, o que causa
a redução da produção e produtividade (ONUSIDA, 2008).
Calcula-se que a ASS, tenha o mais alto nível de HIV e SIDA no mundo (2/3 da
população infectada encontra-se na ASS, onde vivem apenas 11% da população do
mundo); quer dizer que vivem na ASS, 22.5 milhões de pessoas infectadas entre adultos e
crianças. Acredita-se que 15 milhões de pessoas perderam a vida devido a doença, mais de
11 milhões perderam parentes e ocorrem mais de 7.000 infecções por dia nesta região de
África (MEGAS, 2008; UNISIDA, 2011).
A África Austral é o epicentro da epidemia global do HIV e SIDA, onde até 2005 a
seroprevalência era superior a 15% (MEGAS, 2008). A Suazilândia é o país com maiores
índices na região com uma taxa que se estima em 25.9% (UNAIDS, 2009) seguido de
Botswana, Zimbabwe, Namíbia e África do Sul (ILO, 2004; SHOBER, 2005). Apesar de
haver melhorias na redução de infecções, a situação continua bastante preocupante porque
em muitos países o número de infecções ainda não se estabilizou.
Em Moçambique a prevalência de HIV é de 11.15%, e geograficamente a província de
Gaza é a mais infectada com cerca de 23.35% e a província de Niassa a menos infectada
com cerca de 3.8% (INSIDA, 2009).
De acordo com a FAO (2013), em países muito afectados tal como Moçambique, os
programas nacionais de redução da pobreza e da insegurança alimentar e nutrição, devem
incorporar entre outros aspectos, medidas específicas de prevenção do HIV, assistência
nutricional e mitigação dos efeitos do SIDA.
Esta pesquisa procura compreender o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e
nutricional no seio das famílias cuja sua subsistência depende da actividade agrícola, tendo
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 2
um enfoque particular para a população de posto Administrativo de Chicumbane e
Chongoene, no distrito de Xai-Xai.
1.1. Problema
O HIV/SIDA tem um efeito multiplicador negativo, com consequências drásticas para a
força produtiva. Por um lado, HIV/SIDA tem efeito directo na redução da produção e da
produtividade, acabando por diminuir a oferta nacional dos alimentos, ou seja, a sua
disponibilidade e acesso. Por outro lado, reduz a capacidade produtiva dos infectados que
acabam por ter menos produção directa, menos receitas e por consequência, menor
consumo e absorção de alimentos, numa fase em que as necessidades nutricionais são
grandes.
Com a situação supracitada surgi a seguinte questão:
 Qual é o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional das famílias
rurais do distrito de Xai-Xai?
1.2. Justificativa
Dado que os AFs afectados pelo HIV/SIDA têm produções mais baixas e qualidade de
dieta mais pobre, quando comparadas com os AFs não afectados pelo HIV/SIDA, devido a
incapacidade laboral e à baixa produtividade, a realização deste trabalho ganha
importância, na medida em que, visa analisar, compreender questões inerentes ao
HIV/SIDA e SAN a nível dos AFs, contribuindo para reforçar as capacidades das famílias
de encontrar soluções locais para a sua protecção e o atendimento de pessoas tornadas
vulneráveis a insegurança alimentar e nutricional pelo HIV/SIDA. A nível académico
servirá de referência para outros estudos similares que serão desenvolvidos na mesma linha
de investigação.
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 3
1.3. Objectivos
Geral:
 Analisar o Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional nas famílias
rurais no distrito de Xai-Xai.
Específicos:
 Descrever as principais características dos agregados familiares afectados pelo HIV
e SIDA;
 Identificar os efeitos do HIV e SIDA na produção, renda e bem-estar do AF;
 Descrever as estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos
agregados familiares.
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 4
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Historial do HIV/SIDA
O SIDA (Sindroma de Imunodeficiência Adquirida) é um conjunto de infecções
devastadoras causadas pelo vírus de imunodeficiência humana (HIV). O vírus ataca e
destrói células brancas do sangue que são essenciais ao sistema imunológico do organismo
(INSIDA, 2009). Até ao momento não existe vacina e cura para a doença apesar de
pesquisas estarem a decorrer (ARAÚJO at al., 2012).
JACKSON (2004), afirma que os primeiros casos do SIDA no mundo foram detectados
nos anos de 1950 e 1960, a partir de amostras de sangue de pessoas que haviam falecido de
uma deficiência imunológica desconhecida. Primeiramente o vírus atingiu uma população
móvel e sexualmente activa que o disseminou. INSIDA (2009) afirma que a epidemia do
SIDA foi reconhecida pela primeira vez em todo mundo em 1981, sendo reconhecida como
epidemia mais destrutiva da actualidade.
Em 2004, cerca de 42 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo; dos quais 37
milhões tinham idades compreendidas entre os 15 - 49 anos de idade (MÓNICA, 2007).
Actualmente, estima-se que 33.3 milhões de pessoas estejam a viver com a epidemia
(ONUSIDA, 2009).
A África Subsaariana (ASS) registou um crescimento mais explosivo da epidemia desde
a década de 1990, em 2009 a ASS tinha 22.5 milhões de pessoas vivendo com HIV e SIDA
(PVHS), o que representa 2/3 da população mundial que vive com HIV e SIDA, por outro
lado, foi a região que apresentou os primeiros casos de óbitos (UNAIDS, 2011).
Na ASS a pobreza, a desigualdade entre os sexos e a vulnerabilidade as catástrofes
naturais geram um meio ambiente que exacerba os impactos do HIV e SIDA (ONUSIDA,
1999a). Esta região conta com uma proporção maior de pessoas pobres no mundo, e onde
os padrões de vida caíram em geral nos últimos anos. De alguns anos para cá, a
preocupação com o impacto do HIV e SIDA na ASS com relação ao desenvolvimento
sustentável é crescente (ILO, 2004). Na década 1980 a Uganda foi reconhecida como a
capital mundial de SIDA (JACKSON, 2004).
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 5
Em 2007 existiam na África Austral 11.3 milhões de PVHS e a prevalência do HIV
ultrapassava 15% em países como Botswana, Suazilândia, Lesoto, Namíbia, África do Sul,
Zâmbia, Zimbabwe e Moçambique (CNCS, 2004; UNESCO, 2007; CRUSH et al., 2011)
Em Moçambique o HIV e SIDA tornou-se um problema de saúde pública grave,
estimando-se que cerca de 11.15% da população vive com HIV e SIDA, dos quais 13.1%
são mulheres e 9.2% são homens. Estima-se que em Moçambique 1,6 milhões de pessoas
vivem com HIV e SIDA e que cerca de 440 infecções pelo vírus de HIV ocorrem
diariamente e aproximadamente 510.000 crianças menores de 18 anos tornam-se órfãs de
HIV e SIDA anualmente (INSIDA, 2009; MONASO, 2010).
Na provincial de Gaza, a prevalência média de HIV e SIDA é de 25.1% (INSIDA,
2009). O número de casos de HIV/SIDA é maior nos distritos de Chibuto, Manjacaze,
cidade de Xai-Xai, Chókwè, Guijá, Bilene e no distrito de Xai-Xai (DPS-G, 2013).
As mulheres são normalmente as mais infectadas e afectadas pelo HIV e geralmente a
uma idade mais jovem em relação os homens devido o seu status social e económico
desigual aos dos homens assim como devido a sua vulnerabilidade biológica e fisiológica a
infecção pelo HIV e morrem também jovens (JACKSON, 2004; UNESCO, 2007). As
pessoas infectadas são economicamente activas nos primeiros anos de vida, sendo
responsáveis de famílias (INSIDA, 2009).
O distrito de Xai-Xai apresenta o índice de prevalência de 27%, o HIV/SIDA é a segunda
causa de consulta e primeira causa de internamento no distrito de Xai-Xai (DPS-G, 2013).
2.1.1. Vias de transmissão do HIV/SIDA
O principal modo de transmissão do HIV na África Subsaariana é através de relações
sexuais penetrativos, particularmente as relações heterossexuais não protegidas. Estima-se
que estes representam 93% dos casos entre os adultos, seguida de transmissão vertical (da
mãe para o bebé antes ou durante o nascimento e durante a fase de amamentação) e das
transfusões de sangue (ONUSIDA, 1999b). Em Moçambique, mais de 90% de casos de
transmissão do vírus de SIDA ocorre por relações sexuais (relações sexuais com múltiplos
parceiros sem protecção) (INSIDA, 2009).
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 6
2.1.2. Estágios de HIV e SIDA
O comportamento social difere entre estágios da epidemia de HIV e SIDA. Podemos
diferenciar dois estágios:
O estágio de HIV – Constitui a primeira fase após a infecção pelo vírus, durante este
período as pessoas não se apercebem da transmissão de HIV e tem poucos sintomas.
O estágio de SIDA - Um período quando muitas pessoas têm sintomas e o problema não
pode ser mais ignorado (BARNETT & WHITESIDE, 2006). É a fase final da infecção com
HIV. Nesta fase destrói-se o sistema Imunológico, reduzindo a capacidade do organismo
combater doenças e infecções. Os sintomas incluem a rápida perda de peso, tosse seca,
diarreia durando mais de uma semana, febres recorrentes, gânglios linfáticos inchados,
erupções cutâneas, perda de memória, depressão, demência e fadiga crónica, portanto, estes
sintomas podem estar associados a outras doenças (FAO, 2004).
2.1.3. Principais factores impulsionadores da epidemia do HIV em África
2.1.3.1. Analfabetismo
A alfabetização de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o
estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens
culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um factor
propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como
um todo (FAO 2000).
Segundo a UNESCO (2007), a alfabetização abre os olhos das pessoas a entender que o
HIV mata, e eles devem mudar de atitude e acreditar nisso. Muitas pessoas que vivem nas
zonas rurais não compreendem as mensagens de prevenção porque são analfabetas, sendo
este caso mais visível nas mulheres do que nos homens em todo o mundo. Em
determinados países como por exemplo Moçambique, o analfabetismo atinge duas vezes
mais as mulheres do que os homens.
2.1.3.2. Pobreza
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 7
A pobreza contribui para a vulnerabilidade face ao SIDA uma vez que um regime alimentar
pobre, más condições de habitação e higiene tornam as pessoas portadoras do HIV mais
vulneráveis às doenças relacionadas com a SIDA. A pobreza incita as mulheres a
sobreviverem e a satisfazerem as necessidades das suas famílias praticando relações
sexuais não protegidas (UNAIDS, 2006)
2.1.4. Impacto social do HIV/SIDA
Os mais afectados pelo HIV/SIDA são o grupo populacional que está na idade produtiva
(15-49 anos), o que leva a um empobrecimento dos agregados familiares e perda de
conhecimento devido a morte dos mais velhos sem deixar muitas vezes os conhecimentos
aos mais novos, conduzindo assim ao decréscimo da produtividade agrícola (BARRETO,
2000).
Dado que a deterioração do estado de saúde devido ao SIDA é bastante lenta, muitas
famílias esgotam todas as suas poupanças antes do doente morrer, perdem rendimentos,
devido aos custos da assistência médica à pessoa infectada sendo maior em famílias que
têm mais do que uma pessoa doente. Além da redução do rendimento do agregado familiar,
os sobreviventes, tratando-se da mulher e filhos, poderão perder o acesso às suas terras,
casa, machambas e outros bens, devido ao apoderamento das terras pela família do marido
falecido agravando assim a sua condição de sobrevivência, e poderá resultar no
agravamento da vulnerabilidade da mulher e das crianças (ONUSIDA, 1999).
2.5. Agricultura na África subsahariana
Na África subsahariana (ASS) a produção agrícola é principalmente de sequeiro e os
sistemas de produção são altamente dependentes das zonas agroecológicas de acordo com a
mudança na intensidade de precipitação e evapotranspiração. As principais culturas da ASS
são milho (Zea mays L.), mapira (Sorghum bicolor), arroz (Oryzae sativa L), feijão nhemba
(Vigna unguiculata L.) e amendoim (Arachis Hypogaea L.), sendo o milho a principal fonte
de carboihidractos e feijões fonte de proteína (FAO, 2007).
Na ASS a pobreza é acentuada nas zonas rurais. A principal actividade económica dos
pobres nas zonas rurais continua a ser agricultura, e fortalecer esse sector pode fazer com
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 8
que o rendimento per capita aumente de nível. A maioria dos que perdem a vida por SIDA
encontra-se na idade produtiva (UNAIDS, 2001). A FAO (2007), afirma que soluções
eficazes contra o HIV e SIDA contam com intervenção no sector agrário. Este sector apoia
tanto na prevenção assim como na diminuição de consequências do HIV e SIDA.
A agricultura nos países em desenvolvimento gera uma média de 29% do PIB e emprega
65% da força de trabalho (BANCO MUNDIAL, 2008). A maior parte dos agricultores são
de subsistência e são pessoas mais vulneráveis, tendo em vista o seu baixo nível de
educação. A crónica vulnerabilidade causada pelo HIV e SIDA agravou os impactos da
crise de alimentos em 2002 (ILO, 2004).
Para Moçambique agricultura é um pilar da economia nacional. Contribui com 25% do
PIB. Cerca de 80% da população activa do país está empregue no sector agrário. A maior
parte da população (70%) depende da agricultura como fonte de sobrevivência. O sector é
dominado pelo sector familiar com cerca de 3,7 milhões de pequenas explorações com uma
área de 1.1 ha/família. O desenvolvimento da agricultura é fundamental para reduzir a
pobreza, pois 80% do rendimento das famílias rurais provem do sector (MINAG, 2011).
Cerca de 95% do total da produção agrícola é proveniente de pequenas explorações,
enquanto os restantes 5% são atribuídos agricultores comerciais, que se concentram nas
culturas de rendimento. Os agricultores moçambicanos têm fraco conhecimento de técnicas
de produção e de práticas comerciais avançadas. Essa situação é agravada pela baixa
cobertura dos serviços de extensão. Em 2008 apenas 8.3% dos agricultores tiveram acesso
aos serviços de extensão (MINAG, 2010).
2.5.1. Implicações do HIV/SIDA na agricultura
Cerca de 80% da população de alguns países africanos depende da agricultura de
subsistência, em particular 84% das mulheres activas estão engajadas no sector agrário
(FAO, 2004). Em contra partida, o maior número de infectados e afectados são mulheres
(INSIDA, 2009). O HIV afecta negativamente a quantidade e qualidade da produção
agrícola devido ao tempo que estas gastam a cuidar de doentes e dependência da força de
trabalho (UNAIDS, 2000 & KWADWO et al., 2010).
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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 9
De acordo com Banco Mundial (2008), Cerca de 95% das pessoas que vivem e morem
infectados por HIV e SIDA estão nos países em desenvolvimento e a maioria são pobres
pertencentes ao mundo rural. Os impactos da epidemia nas populações rurais pobres são
muito inter-relacionados, podendo ser sentidos, mais dramaticamente na pobreza extrema,
insegurança alimentar, má nutrição, redução da força de trabalho e perda de conhecimento
essencial que é transmitido de geração em geração, este ciclo devastador tem de ser
quebrado porque o sector agrícola tem um papel crucial para os países em desenvolvimento
(FAO, 2007).
O SIDA afecta a agricultura, directa e indirectamente alterando o fornecimento de
trabalho, bens, padrões de agricultura e outras actividades, bem como as comunidades
como um todo e a economia em geral. O aumento da prevalência do HIV e SIDA, aumenta
a pobreza, pode paralisar a produção agrícola em diversos países, agravando o problema da
fome (UNAIDS, 2001; ODI, 2005).
As previsões sobre os impactos da doença na produção rural africana indicam uma
redução drástica da força de trabalho no campo: Estima-se que até 2020 Namíbia e
Botswana terão uma redução da força de trabalho em 26% e 23% respectivamente. O HIV
e SIDA reduzirá as economias africanas e aumentará a fragilidade das comunidades rurais
em relação a alimentação devido a queda da produção de subsistência e morte prematura da
população rural (ONUSIDA, 1999a).
Altas taxas de mortalidade associadas ao HIV e SIDA, levam a perda de transferência de
conhecimento da agricultura dos progenitores que perdem a vida antes de passar os
conhecimentos aos seus filhos e o sistema tradicional de educação da comunidade a ser
quebrado pela doença. Além disso com a morte de membro da família que trabalha, os
filhos assumem o papel de chefe de família, afectando negativamente a segurança alimentar
da família (CARTER, 2009).
Estudos feitos em famílias rurais na Tailândia e em famílias urbanas da Costa do
Marfim constataram que a produção agrícola e a renda caíram entre 52 e 67 %
respectivamente para as famílias afectadas por SIDA (ABIA, 2003). Outro estudo realizado
em Quénia concluiu que a área cultivada diminuiu em 26% com a morte do chefe do AF e
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um declínio no rendimento (ECA, 2006). Na Zâmbia a morte do pai de uma família
conduziu a redução da renda do AF em 80% (ONUSIDA, 2009).
O HIV e SIDA, compromete a inter-relação entre famílias, tais como a troca de mão-de-
obra ou a partilha de animais de carga. Os agricultores mais ricos e as propriedades
comerciais, vê frustrada a sua capacidade para contratar trabalhadores para cultivar grandes
áreas devido a escassez da mão-de-obra, sendo obrigadas a reduzir as suas áreas de trabalho
(FAO, 2007).
O HIV induziu a mudança dos sistemas agrários das famílias rurais afectadas, substituiu
as culturas de rendimento por culturas alimentares que exigem menor esforço, por exemplo
o abandono da cultura de café a favor de mandioca e banana, substituíram algodão por
amendoim e milho em Zimbabwe (KWADWO et al., 2010).
A perda da base do conhecimento da sociedade e enfraquecimento dos sectores de
produção destrói o capital social, inibe o desenvolvimento do sector público, privado e de
todos os sectores da sociedade, prejudicando o crescimento económico (TENGLER, 2007).
2.6. Segurança alimentar e nutricional
Segundo SETSAN (2006a), segurança alimentar é a possibilidade de acesso físico e
económico a todo tempo aos alimentos para que se tenha uma vida activa e saudável com a
observância dos seus três pilares da SAN que são:
Disponibilidade dos alimentos relativos a produção própria, remessas, compra e oferta;
Acesso aos alimentos concernentes a venda, reservas alimentares e poder de compra;
Utilização e uso dos alimentos respeitante a educação nutricional, saneamento do meio e
dos alimentos, doenças endémicas.
E estar-se-á em insegurança alimentar e nutricional se um dos três pilares não for
observado.
2.6.1. Ligação entre o HIV/SIDA e a Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN)
Como sintetizam GILLESPIE & HADDAD (2001), o HIV/SIDA e a pobreza, em
grande parte relacionam-se com a insegurança alimentar, e interagem num ciclo vicioso. A
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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 11
pobreza aumenta a exposição ao HIV/SIDA, bem como ao impacto do mesmo. Na vertente
inversa, o HIV/SIDA cria empobrecimento e, com o aumento da pobreza a curto e médio
prazo pode reduzir as várias formas de activos: humanos, sociais, financeiros, físicos,
naturais, informacionais e políticos.
Mas, segundo WHITESIDE (2002), a ênfase até recentemente era dada no
empobrecimento financeiro e do rendimento, pois as famílias e as nações tornavam-se mais
pobres como resultado da doença e morte de seus membros e cidadãos.
Ainda segundo WHITESIDE, a SIDA afecta rendimentos e recursos familiares e a
pessoa doente precisa de cuidados, medicamentos, tratamentos e possivelmente uma
especial dieta alimentar, aumentando despesas extras. Também quando alguém morre, o
funeral torna-se num escoamento adicional dos recursos e, um segundo impacto, é
percebido se a pessoa que morreu está na fase adulta, e sua doença e eventual morte reduz
o rendimento familiar tornando susceptível o impacto do HIV/SIDA na família, a longo
prazo.
Uma outra visão sobre a relação entre HIV/SIDA e pobreza é o facto de a SIDA
intensificar a pobreza e aumentar desigualdades a todos níveis, partindo da família até a
economia global. Esta epidemia destrói os esforços para redução da pobreza, distribuição
do rendimento e activos, produtividade e crescimento económico (SETSAN, 2006a).
WHITESIDE (2002) alerta que, como a doença reduz o rendimento e torna a
produtividade mais baixa na prática de agricultura para o auto-sustento, e surgem mudanças
que aumentam a insegurança alimentar, o consumo de alimentos em famílias afectadas
reduz entre 15% a 30%. A qualidade da dieta em PVHS é importante para melhorar a
sobrevivência, mas torna-se cada vez mais difícil de se obter por causa da doença.
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Figura no
1: Ligações Cíclicas entre o HIV/SIDA, Pobreza e a INSAN
Fonte: CASTELO, 2010
Legenda:
Primeiro ciclo:
Segundo ciclo:
Segundo CASTELO (2010), a relação entre HIV/SIDA, pobreza e INSAN obedece o
seguinte ciclo:
Primeiro Ciclo - O HIV/SIDA pode gerar pobreza e posteriormente insegurança alimentar.
Se numa família estável o chefe do AF for infectado e adoecer, considerando que este é o
membro economicamente activo da família, haverá ruptura de rendimento debilitando a
situação económica do seu lar (a curto prazo pode não se verificar caso haja poupanças),
mas a médio prazo esta família pode confrontar-se com falta de recursos para atender as
necessidades básicas (fase de pobreza).
Deste modo, posteriormente podem se enfrentar problemas de cumprimento dos pilares da
SAN que são: a disponibilidade de alimentos; o acesso aos alimentos; a utilização dos
alimentos; e a estabilidade na disponibilidade.
Segundo Ciclo – o HIV/SIDA é a causa última gerada pela pobreza aliada a insegurança
alimentar. Devido a fraca possibilidade de cumprimento de necessidades básicas incluindo
a falta de alimentos, as pessoas tornam-se mais expostas ao risco à medida que vão a
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procura de melhores condições de vida para a satisfação de seu estado actual de pobreza.
São exemplos disso, o sexo comercial, as actividades comerciais interprovinciais ou
internacionais que necessitam da deslocação das pessoas em distâncias.
2.6.2. Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional
A medida que as taxas de HIV/SIDA continuam a aumentar em todo o mundo, a doença
exerce um impacto cada vez maior na segurança alimentar e nutricional. Quando o HIV
atinge um agregado familiar e as pessoas ficam doentes, é imediatamente afectada a
capacidade da família para trabalhar, sustentar-se e obter os cuidados necessários. Com a
evolução da doença nos indivíduos, vão-se esgotando os recursos das famílias afectadas
pelo HIV/SIDA, que se vêem obrigadas a vender bens para pagar despesas médicas (FAO,
2007).
Um estudo feito no Malawi para examinar o potencial impacto do HIV/SIDA no acesso
a alimentos, reportou que em agregados familiares com um infectado ou que recentemente
observou-se a morte, aumentaram as despesas em artigos não alimentares como em
cuidados médicos, transporte e funerais (MUSUKU & SITOLE, 2009).
De acordo com O’DENEL (2004), o impacto do HIV/SIDA no agregado familiar pode
resultar em doenças crónicas, ou morte de dos membros da família ou ainda ter que apoiar
os órfãos como resultado dessa morte. De acordo com a FAO (2007), para os de órfãos da
SIDA a insegurança alimentar e nutricional constitui preocupação principal porque estão
privados de uma família alargada, não são capazes de produzir alimentos para consumo
próprio ou gerar rendimentos, nem agora nem muito provavelmente, no futuro, uma vez
que lhes faltam a educação de base e as aptidões agrícolas.
Um estudo feito na Zâmbia encontrou que em agregados familiares que vivenciaram a
doença ou morte de um membro adulto devido ao HIV/SIDA reduziram as suas despesas
em bens alimentares em 67% (MUSUKU & SITOLE, 2009).
2.7. Estratégias de sobrevivência dos agregados familiares perante ao HIV e SIDA
Quando a pessoa que sustenta a família perde a vida por HIV e SIDA, os agregados
familiares confrontam-se com uma redução da quantidade de alimentos. Na Tanzânia,
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Burkina Faso, Etiópia e meio rural de Uganda certos agregados familiares reduzem o
número de refeições quando são confrontados com restrições alimentares, outros dedicam-
se a venda de produtos (lenha, bebidas caseiras e gado) para a geração de rendimentos.
Alguns agregados afectados contrataram mão-de-obra e uso da tracção animal para
satisfazer as suas necessidades, na Zâmbia os AF substituíram pratos caros por locais
(ONUSIDA, 1999a).
Alguns agregados na África oriental optaram pela diversificação dos produtos agrícolas,
uns destinados a subsistência e outros para a comercialização. Por outro lado, registou-se
uma redução de áreas de cultivo devido a carência de mão-de-obra (ONUSIDA, 1999a).
Em Malawi os AF fazem frente aos impactos do HIV através de biscatos e algumas
mulheres tiveram que se sujeitar a prostituição para atender as necessidades básicas, já em
Zimbabwe os AF optaram pela venda de produtos agrícolas. Em Burkina Faso e Tanzânia
as crianças foram retiradas da escola para compensar as perdas de rendimento do AF e da
mão-de-obra e também passaram a cuidar de doentes (UDESA, s/d)
As estratégias comuns consistem na redistribuição do trabalho no seio do AF, abandono
da escola pelas crianças, a diversificação da produção agrícola do AF e a redução das áreas
de cultivo, redução de consumo de alimentos e a venda de bens, particularmente gado,
bicicleta e rádio (CARTER, 2009).
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III.METODOLOGIA
O trabalho foi elaborado em três momentos: o primeiro compreende o período de Julho
a Agosto de 2013 que consistiu na revisão de literatura. O segundo momento, de Outubro a
Dezembro do mesmo ano, onde se realizou a recolha de dados (trabalho de campo) na
província de Gaza, distrito de Xai-Xai, Posto administrativo de Chicumbane e Chongoene,
concretamente com as PVHS das associações Tsembeka e Teba e por fim analise e
redacção de dados obtidos no campo.
3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Situação geográfica
A área de estudo localiza-se na provincial de Gaza. Esta por sua vez, situa-se na zona sul
de Moçambique e tem uma superfície de 1.908 Km2
, uma população de 116.343 habitantes
e uma densidade populacional de 106 Hab/Km2
(MAE, 2005). O distrito de Xai-Xai fica
situado no extremo sul de Moçambique e é limitado pelo oceano Indico, a norte pelos
distritos de Chibuto e Chókwè a Este pelo distrito de Bilene e a Oeste pelo distrito de
Mandlakaze.
Figura no
2: Mapa do Distrito de Xai-Xai
Fonte: MAE, (2005)
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Xai-Xai.
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3.1.2. Clima
O distrito é influenciado pelos anticiclones dos oceanos, Índico e atlântico, pela célula
continental de alta pressão durante a época fresca e, pela depressão continental de origem
térmica durante a época quente (MAE, 2005).
Ainda pela sua localização, o distrito encontra-se na zona de influência de sistemas
frontais que transporta massas de ar polar marítimo que podem originar chuvas e
aguaceiros na época fresca, aguaceiros e trovoadas na época quente (Idem).
1.1.3. Morfologia e recursos hídricos
O distrito de Xai-Xai está dividido em duas unidades morfológicas: o planalto arenoso
(serra) e o vale. A serra é caracterizada por dunas arenosas muito onduladas, de altitude
irregular, em direcção ao norte, e interrompidas por lagos fechados permanentes, 3 a 5km
em direcção ao mar. O vasto vale do Limpopo é, em geral, plano, descendo gradualmente
de 11m, no norte, para o nível do mar. A zona de transição entre a serra e o vale é baixa e
húmida (MAE, 2005).
O Limpopo é o principal rio permanente. A qualidade da água vária com a precipitação
recebida a norte da bacia hidrografia. Na estação seca a sua água é salgada devido à
intrusão salina (MAE, 2005).
1.1.4. Relevo e solos
O distrito de xai-xai estende-se por dois grandes tipos fisiográficos que são a planície
aluvionar do Limpopo vale e um planalto circundante arenoso (serra) de origem eólica
(MAE, 2005). Os solos da serra são predominantemente arenosos, grosseiros muito
profundos. As cores variam de laranja a acastanhados, de esbranquiçados a vermelhos.
1.1.5. Analfabetismo e escolarização
Com quase metade da população alfabetizada, predominantemente homens, o distrito de
Xai-Xai tem uma taxa de escolarização normal, constatando-se que dos 53% dos seus
habitantes frequentam ou já frequentaram escola primária (INE, 2007).
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1.1.6. Segurança alimentar
De acordo com SETSAN (2012), o distrito produz geralmente duas colheitas por ano. A
produção da colheita principal é insuficiente para cobrir as necessidades de alimentos
básicos, que só são satisfeitas com a segunda colheita, com rendimentos não agrícolas ou
com outros mecanismos de sobrevivência.
Nos períodos de escassez, as famílias recorrem a uma diversidade de estratégias de
sobrevivência que incluem a participação em programas de "comida pelo trabalho" a
recolha de frutos silvestres, a caça. As famílias com homens activos recorrem, ainda, ao
trabalho remunerado na RSA e na Cidade de Maputo, para além de outras fontes de
rendimento, nomeadamente, a venda de bebidas tradicionais (SETSAN, 2013).
Segundo SETSAN (2012), as reservas alimentares por agregado familiar de cereais e
mandioca são de 3 meses em média. Estima-se que 5% da sua população, sobretudo os
camponeses de menos posses, idosos e famílias chefiadas por mulheres, estão em situação
vulnerável (INE, 2008).
1.2. Amostra
De acordo com Gil (2008), as pesquisas sociais de um modo geral abrangem um
universo de elementos tão grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade.
“É por essa razão que nestas pesquisas se usam amostras, ou seja, uma pequena parte dos
elementos que compõem o universo”.
Para a efectivação do presente trabalho inquiriu se 47 agregados familiares afectados pelo
HIV/SIDA
Para a selecção dos AFs usou-se uma amostragem não probabilística ou dirigida. Segundo
MARIOTTI et al., (2008); MULENGA (2010) nesse método a escolha dos elementos para
pertencer a amostra não depende de alguma probabilidade, portanto, não se aplicam formas
estatísticas para o cálculo da amostra. Os sujeitos a fazerem parte da amostra foram
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 18
escolhidos de forma intencional1
pelo pesquisador de acordo com as características de
interesse da pesquisa que neste caso são AFs afectados pelo HIV/SIDA.
Tabela no
1: Distribuição do Tamanho da Amostra Pelos Postos Administrativos
Posto administrativo No
de AFs Amostra
Chicumbane 250 25
Chongoene 220 22
Total 470 47
3.3. Técnicas de Recolha Dados
3.3.1. Pesquisa Bibliográfica:
Consistiu na consulta de documentos oficiais (Programas das Nações Unidas e Políticas
de Legislação referentes ao HIV/SIDA e SAN) do Governo de Moçambique através do
Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA (CNCS) e do Ministério da Saúde.
Consultou-se também os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o
HIV/SIDA e foram pesquisadas obras literárias e artigos científicos sobre o assunto, para
além de uma pesquisa na Internet.
3.3.2. Entrevista semi-estruturada
Para MARCONI & LAKATOS (2009), o método de entrevista semi-estruturada permite
que o pesquisador combine perguntas fechadas e abertas. Portanto, o pesquisador segue um
conjunto de perguntas guias definidas, mas ele o faz em um contexto de uma conversa
“informal”. Esse método tem finalidade exploratória e é utilizado para a obtenção de
informação de forma mais detalhada.
1
Amostragem intencional é aquela em que os elementos do subgrupo da população devem apresentar uma
característica típica (GIL, 2008).
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 19
Consistiu em entrevistas a agregados familiares com pelo menos (1) um membro doente
ou que perdeu nos últimos dois (2) anos devido ao HIV e SIDA. Este focalizou a área de
produção, consumo alimentar, reservas alimentar e estratégia de sobrevivência.
Os pontos focais da SDMSAS, foram as personagens mais importantes; estes deram o
panorama geral da situação do HIV e SIDA no distrito de Xai-Xai, por outro lado, foi
possível identificar as associações ligadas as PVHS.
3.3.4. Observações participantes
Segundo MARTINS (2007), nessa técnica de pesquisa qualitativa, os pesquisadores
emergem no mundo dos sujeitos observados, tendendo a entender o comportamento real
dos informantes, suas próprias situações e como constroem a realidade em que actuam. É
uma estratégia que combina ao mesmo tempo a participação activa com os sujeitos.
O pesquisador durante os dias de estudo procurou compreender com detalhe o dia-a-dia
das famílias afectadas pelo HIV e SIDA, o seu estilo de vida, instrumentos de trabalho que
usam, meios de sobrevivência, relação do AF, ligação entre doentes e outros membros, sua
ocupação, Isto foi possível vivendo/convivendo com as comunidades e as famílias
afectadas durante dias de trabalho de campo.
3.4. Análise de dados
Para análise de dados do inquérito usou-se o pacote estatístico SPSS (versão 16.0). O
SPSS é um software ou pacote apropriado para a elaboração e análises estatísticas de
matrizes de dados (PESTANA & GAGEIRO, 2008). O software permitiu gerar relatórios
tabulados, gráficos e dispersões de distribuições utilizados na realização de análises
descritivas de variáveis. No presente trabalho as principais análises feitas foram:
frequências e teste student. Para além do SPSS alguns dados foram processados no
Microsoft Excel, para gerar gráficos e tabelas.
Teste student, foi aplicado para testar se existe diferenças significativas no período antes e
depois da doença ou morte no AF a um nível de significância de 5%.
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Características gerais dos agregados familiares
Os resultados dispostos nas tabelas e gráficos abaixo são referentes às características gerais
dos AFs afectados por HIV/SIDA.
4.1.1. Sexo dos membros afectados por HIV/SIDA
Tabela no
2 Sexo dos membros afectados por HIV/SIDA
Sexo Frequência Percentagem
Masculino 17 36%
Feminino 30 64%
Total 47 100%
Os resultados da tabela acima mostra claramente que a maior parte (64%) dos entrevistados
são mulheres. Estes resultados estão em consonância com a UNICEF (2007), que refere
que as mulheres são normalmente as mais infectadas e afectadas pelo HIV/SIDA e
geralmente a uma idade mais jovem em relação os homens devido o seu status social e
económico desigual aos dos homens assim como devido a sua vulnerabilidade biológica e
fisiológica a infecção pelo HIV.
4.1.2. Estado Civil dos membros afectados por HIV/SIDA
Tabela no
3 Estado Civil dos membros afectados por HIV/SIDA
Casado Solteiro Viúvo Divorciado
H M H M H M H M Total
Fr 14 11 6 4 1 8 2 1 47
% 30% 22% 11% 8% 3% 18% 5% 3% 100%
De acordo com os dados da tabela 3, cerca de 52% dos entrevistados são casados (30%
homens e 22% mulheres) e 48% dos entrevistados não são casados (21% viúvos dos quais
18% são mulheres e 3% são homens, 19% solteiros dos quais 8% são mulheres e 11%
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
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homens, 8% divorciados dos quais 5% são homens e 3% mulheres. Estes dados mostram
que 48 porcento dos entrevistados não está unido com os seus parceiros e com maior
probabilidade de praticarem o sexo ocasional sem o uso de preservativo.
4.1.3. Composição etária dos Membros do agregado Familiar
Gráfico no
1: Composição etária dos Membros do agregado Familiar
Como ilustra a gráfico no
1, a maioria dos entrevistados referiu que os seus agregados
familiares eram constituídos maioritariamente por crianças com 39%, seguidos de adultos
com 30%, e idosos que constituíam apenas 4%. Este achado corrobora com a situação da
pirâmide etária de Moçambique, onde a maior parte da população é constituída por crianças
(INE, 2003).
Neste inquérito foram consideradas crianças indivíduos com idades entre 0-15 anos, jovens
entre 16-29 anos, adultos 30-59 anos de idade e idosos 60 ou mais anos.
4.1.4. Nível de escolaridade dos membros afectados pelo HIV/SIDA
Com base nos dados do gráfico no
2, o nível de escolaridade é baixo porque a maioria dos
entrevistados tem um nível primário do primeiro grau, tendo a maioria frequentado a 1ª
39%
30%
27%
4%
Composição etária dos membros do agregado familiar
Criancas
jovens
adultos
idosos
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 22
classe e uma pessoa com este nível não sabe ler o que lhe torna difícil a mudança de
comportamento e existe uma minoria na 7ª classe.
Segundo AGUNDA & SUNDARARAJAN (2004), a alfabetização contribui para a
consciencialização das pessoas em relação ao perigo do HIV – SIDA, e a mudança de
comportamento. Sem educação as pessoas acreditam que elas não podem ou que existe
pouca probabilidade de elas contraírem a doença. Mas ainda por falta de educação faz com
que as pessoas tenham crenças místicas acerca da doença.
Gráfico no
2: Nível de escolaridade dos entrevistados
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a
Entrevistados
classe dos entrevistados
Nivel de escolaridade
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4.1.5. Tamanho do agregado familiar e ocupação principal do AF
Tabela no
4: Tamanho do agregado Familiar e ocupação Principal
Variável Categoria No
AFs Percentagem
Tamanho do
AF
1-3 Membros
4-7 Membros
8- 12 Membros
6
29
12
13%
62%
25%
Presença de
alguém doente
Sim
Não
42
5
89%
11%
Principal
ocupação
Agricultura
Comércio
Emprego formal
35
7
5
75%
14%
11%
Os resultados da tabela acima, revelam que os AFs são compostos maioritariamente (62%)
por 4 – 7 membros, com uma média de 6 membros. Estes resultados mostram uma
evolução do tamanho dos AFs comparados com os dados do INE (2007) onde o tamanho
médio de AFs no distrito de Xai-Xai era de 5 membros.
Ainda de acordo com os resultados da tabela no
4, 89% de AFs têm um membro doente e
que pelo menos 11% dos AFs perdeu um membro nos últimos dois (2) anos. A morte dos
membros do agregado familiar afecta a mão-de-obra para actividades agrícolas e o
processo de transmissão de conhecimentos de geração em geração.
Para 56% dos entrevistados a presença de um membro doente no AF influencia a vida
de pelo menos duas pessoas que tem que cuidar do doente. Esses resultados conferem com
os resultados do estudo da FAO (2007) que referem que um caso de HIV e SIDA na família
influencia na vida de até outros 4 membros. A existência de membros do AF que assiste o
doente afecta negativamente os programas da família sobretudo nas actividades agrícolas,
pois, reduz a disponibilidade da mão-de-obra familiar. Dados da tabela acima ainda
mostram que 75% dos agregados familiares tem agricultura como actividade principal.
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
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4.2. Impactos do HIV e SIDA na produção agrícola e SAN
Nesta secção estão apresentados resultados do impacto do HIV/SIDA na produção
agrária e segurança alimentar e nutricional no que tange a: áreas de produção (tabela 5),
produção milho (gráfico 3), reservas alimentar (gráfico 4) renda e consumo alimentar
(gráfico 5 e 6 respectivamente).
4.2.1.Implicações do HIV/SIDA com a área de Produção
Os resultados do estudo revelam que o HIV e SIDA têm implicações negativas com relação
a áreas agrícolas. Cerca de 59% de AFs entrevistados referiu ter reduzido a área de cultivo,
e 13% abandonou completamente a actividade agrícola. As razões referidas por aqueles que
cultivaram menos área ou abandonaram a actividade agrícola, estavam relacionadas com
doença no agregado familiar, falta ou insuficiência de mão-de-obra. Cerca de 72% dos
entrevistados referiu ter cultivado uma área menor ou abandonado actividade agrícola, o
que nos sugere que o agregado familiar provavelmente se encontre em vulnerabilidade
alimentar.
Tabela no
5: área de Produção reduzida (machamba)
Área reduzida No
AFs Percentagem
<
2
1 9 32%
2
1 8 28%
>
2
1 11 40%
Total 28 100%
A tabela no
5 acima mostra que dos AFs que reduziram as suas áreas 68% reduziu pelo
menos a metade da área inicial2
. A redução de áreas e abandonos da actividade agrícola,
tem a ver com a capacidade física de realizar actividades agrícola durante muitas horas por
parte do doente, e por outro lado, a necessidade de assistir o doente por parte dos membros
2
De acordo com o TIA (2007), as famílias rurais tem parcelas de terra que variam de 0,5 a 3 hectares.
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do AF.A questão de redução de áreas de cultivo foi encontrada também em outros estudos
em Quénia pela ECA (2006) que refere que as áreas reduziram em 26% com a morte do
chefe do AF e houve um declínio no rendimento.
4.2.3. Produção de milho antes e depois de ter membro doente ou morte na família
Tabela No
6: comparação da produção de milho antes e depois de ter membro doente
No
AFs Percentagem
Reduziu 31 78%
Aumentou 3 7%
Mantém 6 15%
Total 40 100%
O estudo mostra que os AFs foram afectados negativamente pela presença de membro
doente ou pela morte com relação a produção de milho. Cerca de 78% correspondente a 31
entrevistados referiu que a produção de cereais milho reduziu, contra 7% que referiu que
aumentou.
Com relação a quantidade de milho produzido antes e depois da presença de doente ou
morte de um membro do AF, os resultados do estudo apresentados no gráfico no
3 mostram
que, antes, a maior parte dos AFs (65%) produzia acima de 6 sacos de 50 kg por campanha,
enquanto que, actualmente a maioria (70%) tira abaixo desse valor (acima de 6 sacos de
50kg). O teste t mostra que existe diferença estatisticamente significativa3
quanto a
quantidade de cereais produzidas antes e depois de ter um membro doente/morto no AFs.
Gráfico no
3: Produção de milho antes e depois de ter membro doente/morte na família
3
(t=8,640; p=0,000 < 0,05)
3%
32%
35%
17%
13%
43%
27%
17%
5%
8%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
< ou = 4 Sacos 5 - 6 Sacos 7 - 12 Sacos 13 - 15 Sacos > 16 Sacos
Respondentes
Quantidade de Milho em sacos de 50kgs
Antes
Depois
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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 26
4.2.4. Meses que a família consome a sua própria produção (Reservas alimentares)
Gráfico no
4: Meses que a família consome a sua própria produção
Antes maior parte (70%) dos AFs entrevistados tinha reservas alimentares produção que
garantia consumo de 3-5 meses e depois da doença/morte apenas 23% possuem reservas
alimentares nessa escala. Com a doença/morte no agregado familiar houve um acréscimo
de 30% das famílias que estão na escala mais critica (< 1 mês) de reservas alimentares
(vide o gráfico no
4).
Estes resultados corroboram com o WHITESIDE (2002), que alerta que como a doença
reduz o rendimento e torna a produtividade mais baixa na prática de agricultura para o
auto-sustento, e surgem mudanças que aumentam a insegurança alimentar, o consumo de
alimentos em famílias afectadas reduz entre 15% a 30%. Em contrapartida, a qualidade da
dieta em PVHS é importante para melhorar a sobrevivência, mas torna-se cada vez mais
difícil de se obter por causa da doença.
2%
9%
70%
19%
32% 34%
23%
11%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
<1 mes 1-2 meses 3-5 meses >6 meses
Repondentes
Meses que o AFs possui reservas alimentares
Antes
Depois
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4.2.5. Implicações do HIV/SIDA na Renda do Agregado Familiar
Gráfico no
5: Renda do AF antes e depois da doença ou morte
O gráfico no
5 mostra que, antes dos AFs serem afectados pelo HIV e SIDA, na sua
maioria (60%) tinham rendimentos que iam acima de 1.000,00 MT por campanha. Porém,
do momento, só (30%) tem rendimento acima de 1.000,00 MT por campanha. A redução
da produção agrícola e da mão-de-obra influenciar para este acontecimento.
Os impactos ligados a redução da renda incluem, entre outros, o baixo poder de compra, a
redução do número de refeições. Cerca de 59% referiu ter reduzido a compra de produtos
básicos, e 62% dos inquiridos reduziu o número de refeições.
O teste t4
mostra que existe diferença estatisticamente significativa quanto ao dinheiro que
o AF fazia antes e que faz actualmente.
Este tipo de resultados, foram também encontrados na Tanzânia onde os AFs afectados
reduziram o número de refeições (ONUSIDA, 1999).
4
(t=9,473; p=0,000 < 0,05)
8%
32%
24%
19%
11%
5%
38%
24%
16%
14%
5%
3%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
<500 500-1000 1000-2000 2000-4000 4000-6000 >6000
Respondentes
Dinheiro que o AF fazia antes e depois da doença/morte
Antes Depois
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4.2.6. Consumo alimentar (No
de refeições por dia) Antes e Depois da Doença ou
Morte no AF
Gráfico no
6: Consumo Alimentar Antes e Depois da Doença ou Morte no AFs
Antes da doença ou morte nos AFs o consumo alimentar era aceitável para 64% dos
entrevistados, bom para 20% e pobre para 16%. Agora o consumo alimentar é pobre para
maior parte (63%) e aceitável apenas para19% (vide no gráfico no
6). Estes resultados
convergem com os resultados do estudo da FAO (2007), no Quénia que refere que quando
um membro da família adoece ou morre, o rendimento médio do agregado familiar
diminui, os custos de saúde aumentam, pois, á medida que os rendimentos caem e os e os
custos de cuidar do paciente aumentam, o consumo de alimentos sofre uma queda.
Neste trabalho foi considerado consumo alimentar: pobre ao AF com o máximo de uma
refeição por dia, aceitável AF com duas refeições por dia e bom AF com mais que duas
refeições por dia.
16%
63%64%
19%20% 18%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Antes Depois
Respondentes
Niveis de consumo alimentar
Pobre
Aceitavel
Bom
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4.3. Estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos agregados
familiares
Os resultados apresentados no gráfico abaixo, referem se as estratégias de sobrevivência
adoptadas pelos AFs face a doença o perda de um membro.
Gráfico no
7: estratégias adoptadas pelas PVHS para Fazer Face a Perda de Membro
Para fazer face às necessidades de dinheiro, a maioria (53%) AFs recorreram a venda de
bens, dos quais 27% referiu ter vendido bicicleta, 19% rádio e 13,5% criação. Os resultados
convergem com os do estudo de (CARTER, 2009) que refere que os AFs com membros
doentes venderam gado, bicicleta e rádio.
A diversificação de actividades de renda, a retirada das crianças das escolas, a redução
do número de refeições e a opção por outras actividades de renda pelos AFs podem ser
classificados como sendo estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA mais
comuns na área de estudo. Esses resultados estão em consonância com os estudos da
ONUSIDA (1999) realizados em outros país tais como: Tanzânia, Burkina Faso, Etiópia e
Uganda, que também como estratégias de mitigação os AFs reduziram o número de
refeições, outros dedicam-se a pequenas actividades de geração de renda e contratam a
mão-de-obra. Na mesma linha de pesquisa o CARTER (2009), conclui que as estratégias
comuns consistem na redistribuição de trabalho no AF, abandono da escola pelas crianças,
redução das áreas agrícolas, redução de consumo de alimentos e venda de bens.
53%
19%
11% 10%
7%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Respondentes
Estratégias
venda de bens
Reducao do numero de
refeicoes
retirada de criancas na escola
pequenas actividades de
geracao de renda
outras
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V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
Com base nos resultados do estudo pode-se concluir o seguinte:
 Os AF inquiridos são maioritariamente (64%) chefiados por mulheres, algumas
delas que perderam maridos por doenças relacionadas ao HIV, e outras foram
abandonadas pelos seus maridos.
 A taxa de analfabetismo é de 38%, sendo que a maior parte dos que não sabem ler e
escrever (88%) são mulheres.
 Os AFs são compostos maioritariamente (62%) por 4 – 7 membros, com uma média
de 6 membros.
 A principal ocupação dos AFs é agricultura de subsistência. Devido a presença de
membro doente ou morte no AF, 59% reduziu as suas áreas de cultivo e 13%
tiveram que abandonar completamente a actividade agrícola. Cerca de 82% reduziu
o tempo gasto na machamba.
 Antes da doença ou morte, maior parte (65%) produzia acima de 7 sacos de 50 kg
de milho por campanha, actualmente 70% tira abaixo desse valor.
 Cerca de 70% dos AF consumia a sua própria produção entre 3-5 meses, mas depois
da doença apenas 15% consome durante esse intervalo.
 Devido a presença de membro doente ou morte no AF, consumo alimentar baixou
consideravelmente de 20% para 63% de AFs com consumo alimentar pobre.
 Antes dos AFs serem afectados pelo HIV e SIDA, na sua maioria (56%) tinham
rendimentos que iam acima de 1.000,00 MT por campanha. Porém, do momento,
maior parte (58%) tem rendimento abaixo de 1.000,00 MT por campanha, facto que
afectou negativamente a compra de produtos básicos para a garantia da SAN.
 Para fazer face ao HIV e SIDA os agregados afectados optaram por vender bens,
diversificar actividades de renda, retirada de crianças das escolas e a redução do
número de refeições.
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5.2. Recomendações
De acordo com as conclusões recomenda-se o seguinte:
Aos agregados familiares;
Dado que a agricultura é a principal ocupação e fonte de renda para a garantia da segurança
alimentar e nutriconal dos AFs, o estudo recomenda:
Que os AF’s se organizem em associações e que elaborem pequenos projectos de geração
de renda. Exemplo: criação de frangos;
Que adoptem técnicas de menor esforço e que requer pouca mão-de-obra. Exemplo: hortas
caseiras (produção de couve e alface em vasos);
Que os AFs diversifiquem as culturas, de forma a garantir a satisfação das necessidades
nutricionais. Exemplo: hortícola, criação de animais de pequeno porte;
Que diversifiquem as actividades de renda de forma a compensar a actividade agrícola.
Exemplo combinar agricultura com comércio, pecuária, pesca;
Ao Governo;
Integração da componente de SAN em todos os projectos que visam mitigar o impacto do
HIV/SIDA, de modo a reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV, diminuir a progressão
do HIV/SIDA e aumentar a resistência dos infectados. A integração da SAN nos projectos
de HIV/SIDA não significaria apenas uma vida longa para os seropositivos, mas permitir
que muitos seropositivos continuassem com vidas activas e produtivas, contribuindo para o
rendimento familiar, prestando cuidados para as famílias e acrescentando o bem-estar geral
das suas comunidades.
Às ONGs;
O estudo mostra que as ONGs desenvolvem actividades específicas a PVHS, como criação
de galinhas, produção de plantas medicinais e ligação Hospital – doentes, que continuem a
promove-las;
Que continuem a promover o associativismo no seio desse grupo de forma a concentrar
esforços e facilitar a elaboração de projectos e o seu financiamento;
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Aos pesquisadores;
Recomenda-se que sejam feitos mais estudos que abranjam uma amostra maior e que possa
cobrir todo distrito, até mesmo província ou todo país.
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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 33
5.3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS
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Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Rio de Janeiro. Brasil.
ARAÚJO, T.M. et al (2012). Factores de risco para infecção por HIV em adolescentes.
Rio de Janeiro. Brasil.
BANCO MUNDIAL (2008). Relatório Sobre o Desenvolvimento Mundial de Agricultura
Para o Desenvolvimento. Washington, DC.
BARNETT, T. & WHITESIDE, A. (2006). AIDS in the 21st Century. 2nd Edition.
Palgrave Macmillan, New York.
BARRETO, A (2000), impacto demográfico do HIV/SIDA em Moçambique. Maputo
CARTER, C. R. (2009). Impact of HIV/AIDS on the Agricultural Sector in Northern
Namibia. Texas A & M University.
CASTELO, V.I. (2010). Análise do Custo e do Acesso da Cesta Básica para Pessoas
Vivendo com HIV/SIDA na Mitigação do Impacto Socioeconómico do HIV/SIDA.(Tese
de Licenciatura em Economia). Faculdade da economia. Maputo: Universidade Eduardo
Mondlane.47pp.
CNCS (2004). Plano Estratégico Nacional de Combate ao HIV/SIDA I. Maputo.
Moçambique.
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e quantitativa. São Paulo. Brasil.
Disponível em: <http://www.savechildren.org.uk> [Acesso em: 17/11/2013].
DPS-GAZA (2013). Relatório de Progresso de Combate ao HIV/SIDA-II Trimestre de
2013.
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
Xai-Xai.
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ECA (2006). Mitigating the Impact of HIV/AIDS on Smallholder Agriculture, Food
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FAO (2007). Prevenir e Mitigar o Impacto do HIV e SIDA o Papel da FAO.
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GILLESPIE, S. & HADDAD, L. (2001). Effective Food and Nutrition Policy Response to
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ILO (2004). O Impacto do HIV/SIDA em Recursos Humanos. Maputo. Moçambique:
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KWADWO, A.O. at al (2010). HIV and AIDS and Farm Labor Productivity: Vol.II.
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MARCONI, A. M. & LAKATOS, E. M. (2009), metodologia de trabalho científico.7
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MARTINS, G. A (2007). Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3 Edição.
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MASUKU, M. B. & SITHOLE, M.M. (2009). The impact of HIV/AIDS on food security
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MEGAS (2008). Medição de Gastos em SIDA Para o Período: 2004-2006. Nível e Fluxo
de Recursos e Despesas para a Resposta Nacional ao HIV e SIDA. Maputo.
MINAG (2010). Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário - PEDSA
2010‐2019. Maputo. Moçambique.
MONASO (2010).Plano Estratégico 2010-2014.Maputo. Moçambique.
MÓNICA, E. (2007). Problemática do HIV/SIDA no Local de Trabalho. Palestra.
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measurement and programming implications. London
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de HIV/SIDA nas zonas rurais da África Sub-sahariana.
ONUSIDA (1999b). O SIDA e a Infecção por Virus HIV. Informação para os funcionários
das Nações Unidas e Suas Famílias. Genebra.
ONUSIDA (2004). Informe sobre la epedemia mundial de sida. Genebra. Suiça.
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Moçambique.
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complementaridade com SPSS. Lisboa. Portugal.
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Moçambique
Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de
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Segurança Alimentar e Nutricional. Maputo. Moçambique.
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for National Agricultural Advisory Services Programa: A case for Kibaale District in
Uganda.
TENGLER, H. (2007), Impacto Social do HIV/SIDA. Modulo 1
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UNAIDS (2001). Nutrition and HIV/ AIDS. Nutrition Policy paper. Nairobi, Kenya.
UNAIDS (2006). AIDS epidemic update: Situación dela epidemia de SIDA
UNAIDS (2009). Global Report. UNAIDAS Report on the Global AIDS Epidemic.
Switzerland.
UNAIDS (2011). How to get to zero: Faster. Smarter.Beter.Genebra. Suíça.
UNESCO (2007). Estratégia da UNESCO em Resposta ao HIV/AIDS.
WHITESIDE, A (2002). Poverty and HIV/AIDS in Africa.
I
Apêndice 1
FICHA DE INQUÉRITO
O presente inquérito tem como objectivo a recolha de informação sobre o
impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional nível dos agregados
familiares, para a elaboração do Trabalho de Fim de Curso em Comunicação e
Extensão Rural na Universidade Eduardo Mondlane, Escola Superior de
Desenvolvimento Rural.
Toda a informação fornecida será tratada com confidencialidade
Posto administrativo __________________ Aldeia _______________
Data__________________ No
do entrevistador_________
1.DADOS GERAIS
1.1.Nome do entrevistado:_______________________________________________
1.2.Sexo [1] M___ [2] F ___
1.3.Idade: ________
1.4.Estado civil:
[1] Solteiro/a __ [2] casada/a__ [3] separado/a__ [4] viúva/o___
1.5.Sabe ler e escrever?
[1]Sim___ [2]Não___
1.5.1.classe_________
1.6.composição do agregado familiar
1.6.1.Número de membros do AF______
II
1.6.1.2. crianças_____ jovens_______ adultos______ idosos______
1.6.2.Quantos estão doentes (HIV/SIDA) _______
1.7.Principal ocupação do chefe do agregado familiar
[1] Agricultura [2] Comércio [3] Emprego formal [4] outras_________________
2.ACTIVIDADES DE RENDA DA FAMÍLIA
2.1.Quais são as actividades de renda família?
[1] Machamba____ [2] Comércio____ [3] Emprego formal___ [4]
outras___________________________________________________________________
2.1.1.Se for machamba, que culturas produzem?
[1] Mapira [2] milho [2] mandioca [3] feijão nhemba [4] amendoim [5] outras
________________________________________________________________________
3. ÁREA DE PRODUÇÃO
3.1 A área de produção quando comparada com a de há 2 anos atrás houve aumento ou
redução?
[1] aumento [2] redução [3] manteve
Se houve redução a que se deveu?
[1] construção de casas______ [2] redução de mão -de- obra____ [3] cuidar dos
doentes______
[4]outras______________________________________________________________
4.PRODUÇÃO DE MILHO E DURAÇÃO DAS RESERVAS ALIMENTARES
4.1.Qual é a quantidade (em sacos) de milho produzida antes e depois da doenca ou
morte no AF? [1]antes____________ [2]depois_______
4.2.Qual é a duracao das reservas alimentares no AF antes e depois da morte?
[1]Antes____ [2]Depois____
III
5.CONSUMO ALIMENTAR
5.1.Quantas refeições que o AF passa(va) por dia antes e depois de sér afectado?
[1].Antes___ [2]Depois___
Qual era/é a renda do AF antes depois da doenca ou morte ?
[1]Antes______ [2]Depois____
6. ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA
4.1.Quais são as estrategias de de sobrevivencia adoptadas pelos AF’s face a doenca ou
morte.
[1]venda de bens____
1.1 Qual bem?
A) Radio___ b)Biscicleta _____ c) Criação____ d) 0utros____
[2]Reducao de numero de refeicoes___
[3]retirada de criancas na escola___
[4]pequenas actividades de geracao de renda___
[6]outras___
IV
Apêndice 2.
Tabela no
1 área Machamba Reduzida depois da Doença ou Morte no Agregado
Familiar
Área reduzida Frequência Percentagem
<
2
1 9 32%
2
1 8 28%
>
2
1 11 40%
Total 28 100%
IV
Apêndice 2
Output de teste de médias
Tabela no
1: Output do teste de média da renda do AF antes e depois da morte/doença
Paired Samples Test
Paired Differences
t df Sig. (2-tailed)Mean Std. Deviation Std. Error Mean
95% Confidence Interval of the
Difference
Lower Upper
Pair 1 Renda antes do HIV - Renda
depois do HIV
1.286E3 826.103 135.810 1011.050 1561.923 9.473 36 .000
Tabela no
2: output do Teste de media da quantidade do milho produzido antes e depois da doença ou morte no agregado familiar
Paired Samples Test
Paired Differences
t df Sig. (2-tailed)Mean Std. Deviation Std. Error Mean
95% Confidence Interval of the
Difference
Lower Upper
Pair 1 Produção antes de HIV - Produção
depois de HIV
4.675 3.422 .541 3.580 5.770 8.640 39 .000

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  • 1. UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL Tema: Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Autor: Jobe Domingos Mavaieie Vilankulo, Maio 2014
  • 2. Jobe Domingos Mavaieie Tema: Análise Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do distrito de Xai-Xai Relatório apresentado no Departamento de Sociologia Rural para obtenção do grau de Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Supervisora: dr. Lúcio Muchanga Co-supervisor dr. Rosário Conhece UEM-ESUDER Vilankulo 2014
  • 3. ÍNDICE Conteúdos……………...…………..…………….……………….……………….páginas Declaração de honra………………………………………….……………...……..………i Dedicatória…………..……………………………………………………….…………....ii Agradecimentos………………………………………………….... ………...…...……...iii Lista de abreviaturas……………………………………………………………………...iv Lista de figuras ……………………. ………………………..…………………....,….....vi Lista de tabelas…………………………………………..…………….............................vi Lista de gráficos………………………………………..……………...…………….......vii Lista de anexos…………………………………………...…………………....……......viii Glossário………………………………………...…...…………………........……...……ix Resumo……………………..…………………………………………..…………………x I. INTRODUÇÃO……….……………………………………………………..…...........1 1.1.Problema……...…………………………………………………………..…………...2 1.2.Justificativa………………………………………………………………….………...2 1.3.Objectivos…………………………………………………………………….…….....3 Geral:……...……………………………………………………………………………....3 Específico………………………………………………………………………….……...3 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………...………4 2.1. Historial do HIV/SIDA………………………………………………….…………...4 2.1.1. Vias de transmissão do HIV/SIDA…………………………………….…………..5 2.1.2. Estágios de HIV e SIDA………………………………………………….………..6 2.1.3. Principais factores impulsionadores da epidemia do HIV em África…………..….6 2.1.3.1. Analfabetismo………………………………………………………………….…6
  • 4. 2.1.3.2. Pobreza………………………………………………………..……………….....6 2.1.4. Impacto social do HIV/SIDA…………………………………..……………...…..7 2.5. Agricultura na África subsaariana……………………………….…………………...7 2.5.1. Implicações do HIV/SIDA na agricultura……………………………………..…..8 2.6. Segurança alimentar e nutricional…………………………………………………...10 2.6.1. Ligação entre o HIV/SIDA e a Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN)....10 2.6.2. Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional………………….....12 2.7. Estratégias de sobrevivência dos agregados familiares perante ao HIV e SIDA......13 III.METODOLOGIA…………………………………………………………………..15 3.1. Descrição da área de estudo………………………………………………………...15 3.1.1. Situação geográfica………………………………………………………………..15 1.2. Amostra…………………………………………………………………….....17 3.3. Técnicas de Recolha Dados…………………………………………………………18 3.4. Análise de dados………………………………………………….………………....19 IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………………….20 4.1. Características gerais dos agregados familiares………………………………….….20 4.2. Impactos do HIV e SIDA na produção agrícola e SAN……………………….……24 4.2.1.Implicações do HIV/SIDA com a área de Produção………………………….…..24 4.2.3. Produção de milho antes e depois de ter membro doente ou morte na família.…..25 4.2.4. Meses que a família consome a sua própria produção (Reservas alimentares).…..26 4.2.5. Implicações do HIV/SIDA na Renda do Agregado Familiar………………….....27 4.2.6. Consumo alimentar (No de refeições por dia) Antes e Depois da Doença ou Morte no AF…………………………………………………………………………………….28 4.3. Estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos agregados familiares…………………………………………………………………………………29
  • 5. V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ………………………………………..30 5.1. Conclusões………………………………………………………………………......30 5.2. Recomendações…………………………………………………………………......31 5.3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA……………………………………………....33
  • 6. i DECLARAÇÃO DE HONRA Eu Jobe Domingos Mavaieie, declaro por minha honra que o presente trabalho de culminação do curso na categoria de estágio profissional é da minha autoria, e nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição. Declaro também por minha honra que os dados usados correspondem a realidade. Vilankulos________de_________________________ de 2014 ___________________________________ (Jobe Domingos Mavaieie)
  • 7. ii DEDICÁTORIA Dedico este trabalho a toda minha família, especialmente ao meu pai Domingos Francisco Mavaieie e sua esposa Avelina Matavel. Aos meus eternos heróis vai a minha especial dedicatória, pelos conhecimentos vitalícios que me foram administrados. A minha mãe Lídia Francisco Matsove (Em memória). Aos meus Irmãos, Mónica, mano Luís e sua esposa, constância, Bonita, Felismina, Bianna, Daniel, Elisinha, Rosinha, Leonel, mano Levi, e primos.
  • 8. iii AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus, o meu Supremo mestre. Agradeço a UEM-ESUDER pela formação que me concedeu e ao meu supervisor dr. Lúcio Muchanga e co-supervisor dr. Rosário Conhece, pela paciência que sempre tiveram comigo para a efectivação do vertente trabalho. Agradeço a todos meus colegas de curso especialmente: Gizela Uamusse e Graciete Novela pela inestimável ajuda que deram nos momentos de crise. A vizinha Ornilda, aos colegas Amândio Maposse, Miller Mamuquel, Arsénio Madope, Geraldo Sitóe, pela sua atenção nos momentos em que mais precisei deles para assimilação dos conteúdos científicos abordados durante a longa e inesquecível jornada académica. Agradeço aos meus colegas do grupo (Stélio Manjate, Santana Carlos e Alda Manhique e Dalmácia Maria) pela amizade, irmandade, camaradagem e pelos frenéticos debates que nos caracterizou para a consolidação dos meus conhecimentos, vai ai o meu muito obrigado. Aos meus Irmãos da vida Jubaido Nhabique, Imercio Pelembe, Shinoka Mabote, José Matsimbe, Edson Bie, Crescência Dava, Quitéria, Mahite, Crimildo Sambuco e Edson Madiva. Pelas suas qualidades inestimáveis e pelo alto nível do espírito de fraternidade e amizade que demonstraram em todas as circunstâncias do meu percurso académico vai aí o meu muito obrigado por tudo. A família Chirindza, a mãe da Cíntia, dona Admira, Lau e ao Milton por tudo quanto fizeram por mim e pelo altruísmo denotado endereço a minha eterna gratidão por tudo. Aos Serviços Distritais da Mulher e Acção Social de Xai-Xai e Serviços Distritais de Actividades Económicas de Xai-Xai, em especial a chefe da repartição de produção Agrícola Bele e ao técnico de extensão rural afecto em chicumbane.
  • 9. iv LISTA DE ABREVIATURAS ASS – África Subsaariana ESUDER – Escola Superior de Desenvolvimento Rural INSAN – Insegurança Alimentar e Nutricional INSIDA – Inquérito Nacional de prevalência, Risco Comportamento e Informação sobre MINAG – Ministério da Agricultura MONASO – Rede Moçambicana de Organizações contra SIDA LISTA DE SIGLAS AF’s – Agregados Familiares CM – Circuncisão Masculina CNCS – Conselho Nacional de Combate ao SIDA DPSG – Direcção Provincial da Saúde de Gaza DPA – Direcção Provincial da Agricultura ECA – Economic Commision for Africa EN1 – Estrada Nacional Número 1 FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação GCC – Gestores de Casos comunitários HIV – Vírus de Imunodeficiência Humana ILO – International Labour Organization INE – Instituto Nacional de Estatística o HIV e SIDA em Moçambique MAE – Ministério da Administração Estatal NPCS – Núcleo Provincial de Combate ao Sida
  • 10. v ODI – Oversea Development Institute ONUSIDA – Programa conjunto das Nações Unidas para HIV/SIDA PEN – Plano Estratégico Nacional de HIV e SIDA PMA – Programa Mundial da Alimentação PVHS – Pessoa Vivendo Com HIV e SIDA RSA – South Africa Republic SAN – Segurança Alimentar e Nutricional SDAE - Serviços Distritais das Actividades Económicas SDMSAS – Serviços Distritais da Mulher Saúde e Acção Social SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional SIDA – Síndroma de Imunodeficiência Adquirida SPSS – Statistical Package for the Social Science UEM – Universidade Eduardo Mondlane UNAIDS – Programa das Nações Unidas para o SIDA UNESCO – Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciências e a Cultura UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
  • 11. vi LISTA DE FIGURAS Página Figura no 1: Ligações cíclicas entre o HIV/SIDA, pobreza e a INSAN………………....12 Figura no 2: mapa do distrito de Xai-Xai………………………………………………...15 LISTA DE TABELAS Página Tabela no 1: Determinação do tamanho da amostra……...………………………………18 Tabela no 2: Sexo dos afectados por HIV/SIDA ……………. ……………. …………. .20 Tabela no 3: Estado civil dos afectados por HIV/SIDA ………………….….…..............20 Tabela no 4: Tamanho do agregado Familiar e ocupação Principal……………………...23 Tabela no 5: implicações do HIV/SIDA com a área de Produção ………………….……24 Tabela No 6: comparação da produção de milho antes e depois de ter membro doente….26
  • 12. vii LISTA DE GRÁFICOS Página Gráfico no 1: Composição etária dos Membros do agregado familiar…………………..21 Gráfico no 2: Nível de escolaridade dos entrevistados…………………..…………….…22 Gráfico no 3: Produção de milho antes e depois de do AF estar afectado..........................25 Gráfico no 4: Meses médios que o AF possui reservas alimentares antes e depois de afectado pelo HIV/SIDA..……………………………………………………………….26 Gráfico no 5: Dinheiro que o AF Fazia antes e depois de ter um membro doente ou morto………………………………………………………………………..……………27 Gráfico no 6: Consumo alimentar………...………………………………………………28 Gráfico no 7: estratégias adoptadas pelas PVHS para Fazer Face a Perda de Membro…..29
  • 13. viii LISTA DE APÊNDICES Página Inquérito usado na pesquisa………………………………………………………….…….I Output de teste de medias……………………………………………………………….IV
  • 14. ix GLOSSÁRIO Agregado familiar: Uma ou mais pessoas ligadas ou não por laços de parentesco que vivem na mesma casa, em comunhão de mesa, e partilham a maior parte das despesas da casa. O termo família também é utilizado no sentido de «agregado familiar». Chefe do AF: É a pessoa responsável pelo agregado Epidemia: Uma doença, geralmente infecciosa, que se espalha em curto período de tempo numa determinada área geográfica. Família Afectada pelo HIV/SIDA: agregado familiar com pelo menos uma pessoa doente ou que tenha morrido devido à SIDA. Família infectada pelo HIV/SIDA: agregado familiar com pelo menos uma pessoa que tem vírus de HIV. Família rural: é uma unidade de produção que considera que o acesso a terra é indispensável para a obtenção de um resultado agrícola em espécie e, eventualmente em dinheiro. HIV: O vírus da imunodeficiência humana - que enfraquece o sistema imune e conduz à SIDA Nutrição: refere-se a forma como o organismo transforma e utiliza os alimentos e a sua relação com a saúde, hábitos, costumes e práticas alimentares. A alteração do estado nutricional é geralmente conhecida por malnutrição. Reserva alimentar: refere-se ao armazenamento de quantidades volumosas de alimentos para a satisfação das necessidades de consumo alimentar no agregado familiar. Segurança alimentar e nutricional: refere-se a acesso físico e económico aos alimentos de todas as pessoas, em todos os momentos à alimentação suficiente com vista a garantir uma vida activa e saudável. Segurança alimentar: ocorre quando não há problemas de acesso aos alimentos em termos qualitativos ou quantitativos e não há preocupação que os alimentos venham a faltar.
  • 15. x RESUMO É cada vez mais evidente que a epidemia do HIV/SIDA afecta todos sectores da sociedade. Os seus impactos são multidimensionais e sistemáticos, o que poderá ameaçar os esforços de redução da insegurança alimentar em Moçambique. A epidemia é exacerbada pelas disparidades de género, bem como pelo fraco acesso aos serviços sócias e a informação. O aumento de doenças e mortes devido ao HIV/SIDA em jovens e adultos afecta famílias e comunidades inteiras, agrava os problemas de acesso a alimentos. O presente trabalho analisa o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional das famílias rurais do distrito de Xai-Xai. O presente trabalho usou método quantitativo e qualitativo para a recolha de dados. Os dados quantitativos foram colhidos com base no inquérito dirigido a 47 AFs com algum membro doente ou que perdeu a vida nos últimos dois (2) anos. Os dados qualitativos foram colhidos com base na observação. Os dados foram analisados usando o pacote estatístico SPSS que permitiu gerar frequências e comparações com teste t. Também foi usado Excel que permitiu a geração de gráficos e tabelas. Os resultados do estudo mostram que a maior parte dos AFs tem agricultura como ocupação principal. Devido a doença ou morte parte considerável (59%) de AFs reduziu as suas áreas de cultivo e outros (13%) abandonaram completamente a actividade agrícola. A produção de milho reduziu consideravelmente, o que afectou negativamente a renda proveniente da agricultura. A maior parte dos AFs reduziu o número de refeições e crianças passaram a trabalhar mais. O estudo deixa como recomendação fundamental a integração da componente de SAN em todos os projectos que visam mitigar o impacto do HIV/SIDA, de modo a reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV, diminuir a progressão do HIV/SIDA e aumentar a resistência dos infectados.
  • 16. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 1 I. INTRODUÇÃO O Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma questão fundamental para o desenvolvimento da África Subsaariana (ASS), devido a expansão da doença e do número de mortes na idade mais produtiva e reprodutiva (15 aos 49 anos de idade). O SIDA afecta todos os grupos e sectores socioeconómicos, desde agricultores de subsistência e trabalhadores de outros sectores, provocando a redução dos recursos humanos, o que causa a redução da produção e produtividade (ONUSIDA, 2008). Calcula-se que a ASS, tenha o mais alto nível de HIV e SIDA no mundo (2/3 da população infectada encontra-se na ASS, onde vivem apenas 11% da população do mundo); quer dizer que vivem na ASS, 22.5 milhões de pessoas infectadas entre adultos e crianças. Acredita-se que 15 milhões de pessoas perderam a vida devido a doença, mais de 11 milhões perderam parentes e ocorrem mais de 7.000 infecções por dia nesta região de África (MEGAS, 2008; UNISIDA, 2011). A África Austral é o epicentro da epidemia global do HIV e SIDA, onde até 2005 a seroprevalência era superior a 15% (MEGAS, 2008). A Suazilândia é o país com maiores índices na região com uma taxa que se estima em 25.9% (UNAIDS, 2009) seguido de Botswana, Zimbabwe, Namíbia e África do Sul (ILO, 2004; SHOBER, 2005). Apesar de haver melhorias na redução de infecções, a situação continua bastante preocupante porque em muitos países o número de infecções ainda não se estabilizou. Em Moçambique a prevalência de HIV é de 11.15%, e geograficamente a província de Gaza é a mais infectada com cerca de 23.35% e a província de Niassa a menos infectada com cerca de 3.8% (INSIDA, 2009). De acordo com a FAO (2013), em países muito afectados tal como Moçambique, os programas nacionais de redução da pobreza e da insegurança alimentar e nutrição, devem incorporar entre outros aspectos, medidas específicas de prevenção do HIV, assistência nutricional e mitigação dos efeitos do SIDA. Esta pesquisa procura compreender o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional no seio das famílias cuja sua subsistência depende da actividade agrícola, tendo
  • 17. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 2 um enfoque particular para a população de posto Administrativo de Chicumbane e Chongoene, no distrito de Xai-Xai. 1.1. Problema O HIV/SIDA tem um efeito multiplicador negativo, com consequências drásticas para a força produtiva. Por um lado, HIV/SIDA tem efeito directo na redução da produção e da produtividade, acabando por diminuir a oferta nacional dos alimentos, ou seja, a sua disponibilidade e acesso. Por outro lado, reduz a capacidade produtiva dos infectados que acabam por ter menos produção directa, menos receitas e por consequência, menor consumo e absorção de alimentos, numa fase em que as necessidades nutricionais são grandes. Com a situação supracitada surgi a seguinte questão:  Qual é o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional das famílias rurais do distrito de Xai-Xai? 1.2. Justificativa Dado que os AFs afectados pelo HIV/SIDA têm produções mais baixas e qualidade de dieta mais pobre, quando comparadas com os AFs não afectados pelo HIV/SIDA, devido a incapacidade laboral e à baixa produtividade, a realização deste trabalho ganha importância, na medida em que, visa analisar, compreender questões inerentes ao HIV/SIDA e SAN a nível dos AFs, contribuindo para reforçar as capacidades das famílias de encontrar soluções locais para a sua protecção e o atendimento de pessoas tornadas vulneráveis a insegurança alimentar e nutricional pelo HIV/SIDA. A nível académico servirá de referência para outros estudos similares que serão desenvolvidos na mesma linha de investigação.
  • 18. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 3 1.3. Objectivos Geral:  Analisar o Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional nas famílias rurais no distrito de Xai-Xai. Específicos:  Descrever as principais características dos agregados familiares afectados pelo HIV e SIDA;  Identificar os efeitos do HIV e SIDA na produção, renda e bem-estar do AF;  Descrever as estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos agregados familiares.
  • 19. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 4 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Historial do HIV/SIDA O SIDA (Sindroma de Imunodeficiência Adquirida) é um conjunto de infecções devastadoras causadas pelo vírus de imunodeficiência humana (HIV). O vírus ataca e destrói células brancas do sangue que são essenciais ao sistema imunológico do organismo (INSIDA, 2009). Até ao momento não existe vacina e cura para a doença apesar de pesquisas estarem a decorrer (ARAÚJO at al., 2012). JACKSON (2004), afirma que os primeiros casos do SIDA no mundo foram detectados nos anos de 1950 e 1960, a partir de amostras de sangue de pessoas que haviam falecido de uma deficiência imunológica desconhecida. Primeiramente o vírus atingiu uma população móvel e sexualmente activa que o disseminou. INSIDA (2009) afirma que a epidemia do SIDA foi reconhecida pela primeira vez em todo mundo em 1981, sendo reconhecida como epidemia mais destrutiva da actualidade. Em 2004, cerca de 42 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo; dos quais 37 milhões tinham idades compreendidas entre os 15 - 49 anos de idade (MÓNICA, 2007). Actualmente, estima-se que 33.3 milhões de pessoas estejam a viver com a epidemia (ONUSIDA, 2009). A África Subsaariana (ASS) registou um crescimento mais explosivo da epidemia desde a década de 1990, em 2009 a ASS tinha 22.5 milhões de pessoas vivendo com HIV e SIDA (PVHS), o que representa 2/3 da população mundial que vive com HIV e SIDA, por outro lado, foi a região que apresentou os primeiros casos de óbitos (UNAIDS, 2011). Na ASS a pobreza, a desigualdade entre os sexos e a vulnerabilidade as catástrofes naturais geram um meio ambiente que exacerba os impactos do HIV e SIDA (ONUSIDA, 1999a). Esta região conta com uma proporção maior de pessoas pobres no mundo, e onde os padrões de vida caíram em geral nos últimos anos. De alguns anos para cá, a preocupação com o impacto do HIV e SIDA na ASS com relação ao desenvolvimento sustentável é crescente (ILO, 2004). Na década 1980 a Uganda foi reconhecida como a capital mundial de SIDA (JACKSON, 2004).
  • 20. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 5 Em 2007 existiam na África Austral 11.3 milhões de PVHS e a prevalência do HIV ultrapassava 15% em países como Botswana, Suazilândia, Lesoto, Namíbia, África do Sul, Zâmbia, Zimbabwe e Moçambique (CNCS, 2004; UNESCO, 2007; CRUSH et al., 2011) Em Moçambique o HIV e SIDA tornou-se um problema de saúde pública grave, estimando-se que cerca de 11.15% da população vive com HIV e SIDA, dos quais 13.1% são mulheres e 9.2% são homens. Estima-se que em Moçambique 1,6 milhões de pessoas vivem com HIV e SIDA e que cerca de 440 infecções pelo vírus de HIV ocorrem diariamente e aproximadamente 510.000 crianças menores de 18 anos tornam-se órfãs de HIV e SIDA anualmente (INSIDA, 2009; MONASO, 2010). Na provincial de Gaza, a prevalência média de HIV e SIDA é de 25.1% (INSIDA, 2009). O número de casos de HIV/SIDA é maior nos distritos de Chibuto, Manjacaze, cidade de Xai-Xai, Chókwè, Guijá, Bilene e no distrito de Xai-Xai (DPS-G, 2013). As mulheres são normalmente as mais infectadas e afectadas pelo HIV e geralmente a uma idade mais jovem em relação os homens devido o seu status social e económico desigual aos dos homens assim como devido a sua vulnerabilidade biológica e fisiológica a infecção pelo HIV e morrem também jovens (JACKSON, 2004; UNESCO, 2007). As pessoas infectadas são economicamente activas nos primeiros anos de vida, sendo responsáveis de famílias (INSIDA, 2009). O distrito de Xai-Xai apresenta o índice de prevalência de 27%, o HIV/SIDA é a segunda causa de consulta e primeira causa de internamento no distrito de Xai-Xai (DPS-G, 2013). 2.1.1. Vias de transmissão do HIV/SIDA O principal modo de transmissão do HIV na África Subsaariana é através de relações sexuais penetrativos, particularmente as relações heterossexuais não protegidas. Estima-se que estes representam 93% dos casos entre os adultos, seguida de transmissão vertical (da mãe para o bebé antes ou durante o nascimento e durante a fase de amamentação) e das transfusões de sangue (ONUSIDA, 1999b). Em Moçambique, mais de 90% de casos de transmissão do vírus de SIDA ocorre por relações sexuais (relações sexuais com múltiplos parceiros sem protecção) (INSIDA, 2009).
  • 21. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 6 2.1.2. Estágios de HIV e SIDA O comportamento social difere entre estágios da epidemia de HIV e SIDA. Podemos diferenciar dois estágios: O estágio de HIV – Constitui a primeira fase após a infecção pelo vírus, durante este período as pessoas não se apercebem da transmissão de HIV e tem poucos sintomas. O estágio de SIDA - Um período quando muitas pessoas têm sintomas e o problema não pode ser mais ignorado (BARNETT & WHITESIDE, 2006). É a fase final da infecção com HIV. Nesta fase destrói-se o sistema Imunológico, reduzindo a capacidade do organismo combater doenças e infecções. Os sintomas incluem a rápida perda de peso, tosse seca, diarreia durando mais de uma semana, febres recorrentes, gânglios linfáticos inchados, erupções cutâneas, perda de memória, depressão, demência e fadiga crónica, portanto, estes sintomas podem estar associados a outras doenças (FAO, 2004). 2.1.3. Principais factores impulsionadores da epidemia do HIV em África 2.1.3.1. Analfabetismo A alfabetização de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um factor propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo (FAO 2000). Segundo a UNESCO (2007), a alfabetização abre os olhos das pessoas a entender que o HIV mata, e eles devem mudar de atitude e acreditar nisso. Muitas pessoas que vivem nas zonas rurais não compreendem as mensagens de prevenção porque são analfabetas, sendo este caso mais visível nas mulheres do que nos homens em todo o mundo. Em determinados países como por exemplo Moçambique, o analfabetismo atinge duas vezes mais as mulheres do que os homens. 2.1.3.2. Pobreza
  • 22. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 7 A pobreza contribui para a vulnerabilidade face ao SIDA uma vez que um regime alimentar pobre, más condições de habitação e higiene tornam as pessoas portadoras do HIV mais vulneráveis às doenças relacionadas com a SIDA. A pobreza incita as mulheres a sobreviverem e a satisfazerem as necessidades das suas famílias praticando relações sexuais não protegidas (UNAIDS, 2006) 2.1.4. Impacto social do HIV/SIDA Os mais afectados pelo HIV/SIDA são o grupo populacional que está na idade produtiva (15-49 anos), o que leva a um empobrecimento dos agregados familiares e perda de conhecimento devido a morte dos mais velhos sem deixar muitas vezes os conhecimentos aos mais novos, conduzindo assim ao decréscimo da produtividade agrícola (BARRETO, 2000). Dado que a deterioração do estado de saúde devido ao SIDA é bastante lenta, muitas famílias esgotam todas as suas poupanças antes do doente morrer, perdem rendimentos, devido aos custos da assistência médica à pessoa infectada sendo maior em famílias que têm mais do que uma pessoa doente. Além da redução do rendimento do agregado familiar, os sobreviventes, tratando-se da mulher e filhos, poderão perder o acesso às suas terras, casa, machambas e outros bens, devido ao apoderamento das terras pela família do marido falecido agravando assim a sua condição de sobrevivência, e poderá resultar no agravamento da vulnerabilidade da mulher e das crianças (ONUSIDA, 1999). 2.5. Agricultura na África subsahariana Na África subsahariana (ASS) a produção agrícola é principalmente de sequeiro e os sistemas de produção são altamente dependentes das zonas agroecológicas de acordo com a mudança na intensidade de precipitação e evapotranspiração. As principais culturas da ASS são milho (Zea mays L.), mapira (Sorghum bicolor), arroz (Oryzae sativa L), feijão nhemba (Vigna unguiculata L.) e amendoim (Arachis Hypogaea L.), sendo o milho a principal fonte de carboihidractos e feijões fonte de proteína (FAO, 2007). Na ASS a pobreza é acentuada nas zonas rurais. A principal actividade económica dos pobres nas zonas rurais continua a ser agricultura, e fortalecer esse sector pode fazer com
  • 23. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 8 que o rendimento per capita aumente de nível. A maioria dos que perdem a vida por SIDA encontra-se na idade produtiva (UNAIDS, 2001). A FAO (2007), afirma que soluções eficazes contra o HIV e SIDA contam com intervenção no sector agrário. Este sector apoia tanto na prevenção assim como na diminuição de consequências do HIV e SIDA. A agricultura nos países em desenvolvimento gera uma média de 29% do PIB e emprega 65% da força de trabalho (BANCO MUNDIAL, 2008). A maior parte dos agricultores são de subsistência e são pessoas mais vulneráveis, tendo em vista o seu baixo nível de educação. A crónica vulnerabilidade causada pelo HIV e SIDA agravou os impactos da crise de alimentos em 2002 (ILO, 2004). Para Moçambique agricultura é um pilar da economia nacional. Contribui com 25% do PIB. Cerca de 80% da população activa do país está empregue no sector agrário. A maior parte da população (70%) depende da agricultura como fonte de sobrevivência. O sector é dominado pelo sector familiar com cerca de 3,7 milhões de pequenas explorações com uma área de 1.1 ha/família. O desenvolvimento da agricultura é fundamental para reduzir a pobreza, pois 80% do rendimento das famílias rurais provem do sector (MINAG, 2011). Cerca de 95% do total da produção agrícola é proveniente de pequenas explorações, enquanto os restantes 5% são atribuídos agricultores comerciais, que se concentram nas culturas de rendimento. Os agricultores moçambicanos têm fraco conhecimento de técnicas de produção e de práticas comerciais avançadas. Essa situação é agravada pela baixa cobertura dos serviços de extensão. Em 2008 apenas 8.3% dos agricultores tiveram acesso aos serviços de extensão (MINAG, 2010). 2.5.1. Implicações do HIV/SIDA na agricultura Cerca de 80% da população de alguns países africanos depende da agricultura de subsistência, em particular 84% das mulheres activas estão engajadas no sector agrário (FAO, 2004). Em contra partida, o maior número de infectados e afectados são mulheres (INSIDA, 2009). O HIV afecta negativamente a quantidade e qualidade da produção agrícola devido ao tempo que estas gastam a cuidar de doentes e dependência da força de trabalho (UNAIDS, 2000 & KWADWO et al., 2010).
  • 24. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 9 De acordo com Banco Mundial (2008), Cerca de 95% das pessoas que vivem e morem infectados por HIV e SIDA estão nos países em desenvolvimento e a maioria são pobres pertencentes ao mundo rural. Os impactos da epidemia nas populações rurais pobres são muito inter-relacionados, podendo ser sentidos, mais dramaticamente na pobreza extrema, insegurança alimentar, má nutrição, redução da força de trabalho e perda de conhecimento essencial que é transmitido de geração em geração, este ciclo devastador tem de ser quebrado porque o sector agrícola tem um papel crucial para os países em desenvolvimento (FAO, 2007). O SIDA afecta a agricultura, directa e indirectamente alterando o fornecimento de trabalho, bens, padrões de agricultura e outras actividades, bem como as comunidades como um todo e a economia em geral. O aumento da prevalência do HIV e SIDA, aumenta a pobreza, pode paralisar a produção agrícola em diversos países, agravando o problema da fome (UNAIDS, 2001; ODI, 2005). As previsões sobre os impactos da doença na produção rural africana indicam uma redução drástica da força de trabalho no campo: Estima-se que até 2020 Namíbia e Botswana terão uma redução da força de trabalho em 26% e 23% respectivamente. O HIV e SIDA reduzirá as economias africanas e aumentará a fragilidade das comunidades rurais em relação a alimentação devido a queda da produção de subsistência e morte prematura da população rural (ONUSIDA, 1999a). Altas taxas de mortalidade associadas ao HIV e SIDA, levam a perda de transferência de conhecimento da agricultura dos progenitores que perdem a vida antes de passar os conhecimentos aos seus filhos e o sistema tradicional de educação da comunidade a ser quebrado pela doença. Além disso com a morte de membro da família que trabalha, os filhos assumem o papel de chefe de família, afectando negativamente a segurança alimentar da família (CARTER, 2009). Estudos feitos em famílias rurais na Tailândia e em famílias urbanas da Costa do Marfim constataram que a produção agrícola e a renda caíram entre 52 e 67 % respectivamente para as famílias afectadas por SIDA (ABIA, 2003). Outro estudo realizado em Quénia concluiu que a área cultivada diminuiu em 26% com a morte do chefe do AF e
  • 25. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 10 um declínio no rendimento (ECA, 2006). Na Zâmbia a morte do pai de uma família conduziu a redução da renda do AF em 80% (ONUSIDA, 2009). O HIV e SIDA, compromete a inter-relação entre famílias, tais como a troca de mão-de- obra ou a partilha de animais de carga. Os agricultores mais ricos e as propriedades comerciais, vê frustrada a sua capacidade para contratar trabalhadores para cultivar grandes áreas devido a escassez da mão-de-obra, sendo obrigadas a reduzir as suas áreas de trabalho (FAO, 2007). O HIV induziu a mudança dos sistemas agrários das famílias rurais afectadas, substituiu as culturas de rendimento por culturas alimentares que exigem menor esforço, por exemplo o abandono da cultura de café a favor de mandioca e banana, substituíram algodão por amendoim e milho em Zimbabwe (KWADWO et al., 2010). A perda da base do conhecimento da sociedade e enfraquecimento dos sectores de produção destrói o capital social, inibe o desenvolvimento do sector público, privado e de todos os sectores da sociedade, prejudicando o crescimento económico (TENGLER, 2007). 2.6. Segurança alimentar e nutricional Segundo SETSAN (2006a), segurança alimentar é a possibilidade de acesso físico e económico a todo tempo aos alimentos para que se tenha uma vida activa e saudável com a observância dos seus três pilares da SAN que são: Disponibilidade dos alimentos relativos a produção própria, remessas, compra e oferta; Acesso aos alimentos concernentes a venda, reservas alimentares e poder de compra; Utilização e uso dos alimentos respeitante a educação nutricional, saneamento do meio e dos alimentos, doenças endémicas. E estar-se-á em insegurança alimentar e nutricional se um dos três pilares não for observado. 2.6.1. Ligação entre o HIV/SIDA e a Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN) Como sintetizam GILLESPIE & HADDAD (2001), o HIV/SIDA e a pobreza, em grande parte relacionam-se com a insegurança alimentar, e interagem num ciclo vicioso. A
  • 26. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 11 pobreza aumenta a exposição ao HIV/SIDA, bem como ao impacto do mesmo. Na vertente inversa, o HIV/SIDA cria empobrecimento e, com o aumento da pobreza a curto e médio prazo pode reduzir as várias formas de activos: humanos, sociais, financeiros, físicos, naturais, informacionais e políticos. Mas, segundo WHITESIDE (2002), a ênfase até recentemente era dada no empobrecimento financeiro e do rendimento, pois as famílias e as nações tornavam-se mais pobres como resultado da doença e morte de seus membros e cidadãos. Ainda segundo WHITESIDE, a SIDA afecta rendimentos e recursos familiares e a pessoa doente precisa de cuidados, medicamentos, tratamentos e possivelmente uma especial dieta alimentar, aumentando despesas extras. Também quando alguém morre, o funeral torna-se num escoamento adicional dos recursos e, um segundo impacto, é percebido se a pessoa que morreu está na fase adulta, e sua doença e eventual morte reduz o rendimento familiar tornando susceptível o impacto do HIV/SIDA na família, a longo prazo. Uma outra visão sobre a relação entre HIV/SIDA e pobreza é o facto de a SIDA intensificar a pobreza e aumentar desigualdades a todos níveis, partindo da família até a economia global. Esta epidemia destrói os esforços para redução da pobreza, distribuição do rendimento e activos, produtividade e crescimento económico (SETSAN, 2006a). WHITESIDE (2002) alerta que, como a doença reduz o rendimento e torna a produtividade mais baixa na prática de agricultura para o auto-sustento, e surgem mudanças que aumentam a insegurança alimentar, o consumo de alimentos em famílias afectadas reduz entre 15% a 30%. A qualidade da dieta em PVHS é importante para melhorar a sobrevivência, mas torna-se cada vez mais difícil de se obter por causa da doença.
  • 27. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 12 Figura no 1: Ligações Cíclicas entre o HIV/SIDA, Pobreza e a INSAN Fonte: CASTELO, 2010 Legenda: Primeiro ciclo: Segundo ciclo: Segundo CASTELO (2010), a relação entre HIV/SIDA, pobreza e INSAN obedece o seguinte ciclo: Primeiro Ciclo - O HIV/SIDA pode gerar pobreza e posteriormente insegurança alimentar. Se numa família estável o chefe do AF for infectado e adoecer, considerando que este é o membro economicamente activo da família, haverá ruptura de rendimento debilitando a situação económica do seu lar (a curto prazo pode não se verificar caso haja poupanças), mas a médio prazo esta família pode confrontar-se com falta de recursos para atender as necessidades básicas (fase de pobreza). Deste modo, posteriormente podem se enfrentar problemas de cumprimento dos pilares da SAN que são: a disponibilidade de alimentos; o acesso aos alimentos; a utilização dos alimentos; e a estabilidade na disponibilidade. Segundo Ciclo – o HIV/SIDA é a causa última gerada pela pobreza aliada a insegurança alimentar. Devido a fraca possibilidade de cumprimento de necessidades básicas incluindo a falta de alimentos, as pessoas tornam-se mais expostas ao risco à medida que vão a
  • 28. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 13 procura de melhores condições de vida para a satisfação de seu estado actual de pobreza. São exemplos disso, o sexo comercial, as actividades comerciais interprovinciais ou internacionais que necessitam da deslocação das pessoas em distâncias. 2.6.2. Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional A medida que as taxas de HIV/SIDA continuam a aumentar em todo o mundo, a doença exerce um impacto cada vez maior na segurança alimentar e nutricional. Quando o HIV atinge um agregado familiar e as pessoas ficam doentes, é imediatamente afectada a capacidade da família para trabalhar, sustentar-se e obter os cuidados necessários. Com a evolução da doença nos indivíduos, vão-se esgotando os recursos das famílias afectadas pelo HIV/SIDA, que se vêem obrigadas a vender bens para pagar despesas médicas (FAO, 2007). Um estudo feito no Malawi para examinar o potencial impacto do HIV/SIDA no acesso a alimentos, reportou que em agregados familiares com um infectado ou que recentemente observou-se a morte, aumentaram as despesas em artigos não alimentares como em cuidados médicos, transporte e funerais (MUSUKU & SITOLE, 2009). De acordo com O’DENEL (2004), o impacto do HIV/SIDA no agregado familiar pode resultar em doenças crónicas, ou morte de dos membros da família ou ainda ter que apoiar os órfãos como resultado dessa morte. De acordo com a FAO (2007), para os de órfãos da SIDA a insegurança alimentar e nutricional constitui preocupação principal porque estão privados de uma família alargada, não são capazes de produzir alimentos para consumo próprio ou gerar rendimentos, nem agora nem muito provavelmente, no futuro, uma vez que lhes faltam a educação de base e as aptidões agrícolas. Um estudo feito na Zâmbia encontrou que em agregados familiares que vivenciaram a doença ou morte de um membro adulto devido ao HIV/SIDA reduziram as suas despesas em bens alimentares em 67% (MUSUKU & SITOLE, 2009). 2.7. Estratégias de sobrevivência dos agregados familiares perante ao HIV e SIDA Quando a pessoa que sustenta a família perde a vida por HIV e SIDA, os agregados familiares confrontam-se com uma redução da quantidade de alimentos. Na Tanzânia,
  • 29. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 14 Burkina Faso, Etiópia e meio rural de Uganda certos agregados familiares reduzem o número de refeições quando são confrontados com restrições alimentares, outros dedicam- se a venda de produtos (lenha, bebidas caseiras e gado) para a geração de rendimentos. Alguns agregados afectados contrataram mão-de-obra e uso da tracção animal para satisfazer as suas necessidades, na Zâmbia os AF substituíram pratos caros por locais (ONUSIDA, 1999a). Alguns agregados na África oriental optaram pela diversificação dos produtos agrícolas, uns destinados a subsistência e outros para a comercialização. Por outro lado, registou-se uma redução de áreas de cultivo devido a carência de mão-de-obra (ONUSIDA, 1999a). Em Malawi os AF fazem frente aos impactos do HIV através de biscatos e algumas mulheres tiveram que se sujeitar a prostituição para atender as necessidades básicas, já em Zimbabwe os AF optaram pela venda de produtos agrícolas. Em Burkina Faso e Tanzânia as crianças foram retiradas da escola para compensar as perdas de rendimento do AF e da mão-de-obra e também passaram a cuidar de doentes (UDESA, s/d) As estratégias comuns consistem na redistribuição do trabalho no seio do AF, abandono da escola pelas crianças, a diversificação da produção agrícola do AF e a redução das áreas de cultivo, redução de consumo de alimentos e a venda de bens, particularmente gado, bicicleta e rádio (CARTER, 2009).
  • 30. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 15 III.METODOLOGIA O trabalho foi elaborado em três momentos: o primeiro compreende o período de Julho a Agosto de 2013 que consistiu na revisão de literatura. O segundo momento, de Outubro a Dezembro do mesmo ano, onde se realizou a recolha de dados (trabalho de campo) na província de Gaza, distrito de Xai-Xai, Posto administrativo de Chicumbane e Chongoene, concretamente com as PVHS das associações Tsembeka e Teba e por fim analise e redacção de dados obtidos no campo. 3.1. Descrição da área de estudo 3.1.1. Situação geográfica A área de estudo localiza-se na provincial de Gaza. Esta por sua vez, situa-se na zona sul de Moçambique e tem uma superfície de 1.908 Km2 , uma população de 116.343 habitantes e uma densidade populacional de 106 Hab/Km2 (MAE, 2005). O distrito de Xai-Xai fica situado no extremo sul de Moçambique e é limitado pelo oceano Indico, a norte pelos distritos de Chibuto e Chókwè a Este pelo distrito de Bilene e a Oeste pelo distrito de Mandlakaze. Figura no 2: Mapa do Distrito de Xai-Xai Fonte: MAE, (2005)
  • 31. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 16 3.1.2. Clima O distrito é influenciado pelos anticiclones dos oceanos, Índico e atlântico, pela célula continental de alta pressão durante a época fresca e, pela depressão continental de origem térmica durante a época quente (MAE, 2005). Ainda pela sua localização, o distrito encontra-se na zona de influência de sistemas frontais que transporta massas de ar polar marítimo que podem originar chuvas e aguaceiros na época fresca, aguaceiros e trovoadas na época quente (Idem). 1.1.3. Morfologia e recursos hídricos O distrito de Xai-Xai está dividido em duas unidades morfológicas: o planalto arenoso (serra) e o vale. A serra é caracterizada por dunas arenosas muito onduladas, de altitude irregular, em direcção ao norte, e interrompidas por lagos fechados permanentes, 3 a 5km em direcção ao mar. O vasto vale do Limpopo é, em geral, plano, descendo gradualmente de 11m, no norte, para o nível do mar. A zona de transição entre a serra e o vale é baixa e húmida (MAE, 2005). O Limpopo é o principal rio permanente. A qualidade da água vária com a precipitação recebida a norte da bacia hidrografia. Na estação seca a sua água é salgada devido à intrusão salina (MAE, 2005). 1.1.4. Relevo e solos O distrito de xai-xai estende-se por dois grandes tipos fisiográficos que são a planície aluvionar do Limpopo vale e um planalto circundante arenoso (serra) de origem eólica (MAE, 2005). Os solos da serra são predominantemente arenosos, grosseiros muito profundos. As cores variam de laranja a acastanhados, de esbranquiçados a vermelhos. 1.1.5. Analfabetismo e escolarização Com quase metade da população alfabetizada, predominantemente homens, o distrito de Xai-Xai tem uma taxa de escolarização normal, constatando-se que dos 53% dos seus habitantes frequentam ou já frequentaram escola primária (INE, 2007).
  • 32. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 17 1.1.6. Segurança alimentar De acordo com SETSAN (2012), o distrito produz geralmente duas colheitas por ano. A produção da colheita principal é insuficiente para cobrir as necessidades de alimentos básicos, que só são satisfeitas com a segunda colheita, com rendimentos não agrícolas ou com outros mecanismos de sobrevivência. Nos períodos de escassez, as famílias recorrem a uma diversidade de estratégias de sobrevivência que incluem a participação em programas de "comida pelo trabalho" a recolha de frutos silvestres, a caça. As famílias com homens activos recorrem, ainda, ao trabalho remunerado na RSA e na Cidade de Maputo, para além de outras fontes de rendimento, nomeadamente, a venda de bebidas tradicionais (SETSAN, 2013). Segundo SETSAN (2012), as reservas alimentares por agregado familiar de cereais e mandioca são de 3 meses em média. Estima-se que 5% da sua população, sobretudo os camponeses de menos posses, idosos e famílias chefiadas por mulheres, estão em situação vulnerável (INE, 2008). 1.2. Amostra De acordo com Gil (2008), as pesquisas sociais de um modo geral abrangem um universo de elementos tão grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade. “É por essa razão que nestas pesquisas se usam amostras, ou seja, uma pequena parte dos elementos que compõem o universo”. Para a efectivação do presente trabalho inquiriu se 47 agregados familiares afectados pelo HIV/SIDA Para a selecção dos AFs usou-se uma amostragem não probabilística ou dirigida. Segundo MARIOTTI et al., (2008); MULENGA (2010) nesse método a escolha dos elementos para pertencer a amostra não depende de alguma probabilidade, portanto, não se aplicam formas estatísticas para o cálculo da amostra. Os sujeitos a fazerem parte da amostra foram
  • 33. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 18 escolhidos de forma intencional1 pelo pesquisador de acordo com as características de interesse da pesquisa que neste caso são AFs afectados pelo HIV/SIDA. Tabela no 1: Distribuição do Tamanho da Amostra Pelos Postos Administrativos Posto administrativo No de AFs Amostra Chicumbane 250 25 Chongoene 220 22 Total 470 47 3.3. Técnicas de Recolha Dados 3.3.1. Pesquisa Bibliográfica: Consistiu na consulta de documentos oficiais (Programas das Nações Unidas e Políticas de Legislação referentes ao HIV/SIDA e SAN) do Governo de Moçambique através do Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA (CNCS) e do Ministério da Saúde. Consultou-se também os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o HIV/SIDA e foram pesquisadas obras literárias e artigos científicos sobre o assunto, para além de uma pesquisa na Internet. 3.3.2. Entrevista semi-estruturada Para MARCONI & LAKATOS (2009), o método de entrevista semi-estruturada permite que o pesquisador combine perguntas fechadas e abertas. Portanto, o pesquisador segue um conjunto de perguntas guias definidas, mas ele o faz em um contexto de uma conversa “informal”. Esse método tem finalidade exploratória e é utilizado para a obtenção de informação de forma mais detalhada. 1 Amostragem intencional é aquela em que os elementos do subgrupo da população devem apresentar uma característica típica (GIL, 2008).
  • 34. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 19 Consistiu em entrevistas a agregados familiares com pelo menos (1) um membro doente ou que perdeu nos últimos dois (2) anos devido ao HIV e SIDA. Este focalizou a área de produção, consumo alimentar, reservas alimentar e estratégia de sobrevivência. Os pontos focais da SDMSAS, foram as personagens mais importantes; estes deram o panorama geral da situação do HIV e SIDA no distrito de Xai-Xai, por outro lado, foi possível identificar as associações ligadas as PVHS. 3.3.4. Observações participantes Segundo MARTINS (2007), nessa técnica de pesquisa qualitativa, os pesquisadores emergem no mundo dos sujeitos observados, tendendo a entender o comportamento real dos informantes, suas próprias situações e como constroem a realidade em que actuam. É uma estratégia que combina ao mesmo tempo a participação activa com os sujeitos. O pesquisador durante os dias de estudo procurou compreender com detalhe o dia-a-dia das famílias afectadas pelo HIV e SIDA, o seu estilo de vida, instrumentos de trabalho que usam, meios de sobrevivência, relação do AF, ligação entre doentes e outros membros, sua ocupação, Isto foi possível vivendo/convivendo com as comunidades e as famílias afectadas durante dias de trabalho de campo. 3.4. Análise de dados Para análise de dados do inquérito usou-se o pacote estatístico SPSS (versão 16.0). O SPSS é um software ou pacote apropriado para a elaboração e análises estatísticas de matrizes de dados (PESTANA & GAGEIRO, 2008). O software permitiu gerar relatórios tabulados, gráficos e dispersões de distribuições utilizados na realização de análises descritivas de variáveis. No presente trabalho as principais análises feitas foram: frequências e teste student. Para além do SPSS alguns dados foram processados no Microsoft Excel, para gerar gráficos e tabelas. Teste student, foi aplicado para testar se existe diferenças significativas no período antes e depois da doença ou morte no AF a um nível de significância de 5%.
  • 35. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 20 IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Características gerais dos agregados familiares Os resultados dispostos nas tabelas e gráficos abaixo são referentes às características gerais dos AFs afectados por HIV/SIDA. 4.1.1. Sexo dos membros afectados por HIV/SIDA Tabela no 2 Sexo dos membros afectados por HIV/SIDA Sexo Frequência Percentagem Masculino 17 36% Feminino 30 64% Total 47 100% Os resultados da tabela acima mostra claramente que a maior parte (64%) dos entrevistados são mulheres. Estes resultados estão em consonância com a UNICEF (2007), que refere que as mulheres são normalmente as mais infectadas e afectadas pelo HIV/SIDA e geralmente a uma idade mais jovem em relação os homens devido o seu status social e económico desigual aos dos homens assim como devido a sua vulnerabilidade biológica e fisiológica a infecção pelo HIV. 4.1.2. Estado Civil dos membros afectados por HIV/SIDA Tabela no 3 Estado Civil dos membros afectados por HIV/SIDA Casado Solteiro Viúvo Divorciado H M H M H M H M Total Fr 14 11 6 4 1 8 2 1 47 % 30% 22% 11% 8% 3% 18% 5% 3% 100% De acordo com os dados da tabela 3, cerca de 52% dos entrevistados são casados (30% homens e 22% mulheres) e 48% dos entrevistados não são casados (21% viúvos dos quais 18% são mulheres e 3% são homens, 19% solteiros dos quais 8% são mulheres e 11%
  • 36. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 21 homens, 8% divorciados dos quais 5% são homens e 3% mulheres. Estes dados mostram que 48 porcento dos entrevistados não está unido com os seus parceiros e com maior probabilidade de praticarem o sexo ocasional sem o uso de preservativo. 4.1.3. Composição etária dos Membros do agregado Familiar Gráfico no 1: Composição etária dos Membros do agregado Familiar Como ilustra a gráfico no 1, a maioria dos entrevistados referiu que os seus agregados familiares eram constituídos maioritariamente por crianças com 39%, seguidos de adultos com 30%, e idosos que constituíam apenas 4%. Este achado corrobora com a situação da pirâmide etária de Moçambique, onde a maior parte da população é constituída por crianças (INE, 2003). Neste inquérito foram consideradas crianças indivíduos com idades entre 0-15 anos, jovens entre 16-29 anos, adultos 30-59 anos de idade e idosos 60 ou mais anos. 4.1.4. Nível de escolaridade dos membros afectados pelo HIV/SIDA Com base nos dados do gráfico no 2, o nível de escolaridade é baixo porque a maioria dos entrevistados tem um nível primário do primeiro grau, tendo a maioria frequentado a 1ª 39% 30% 27% 4% Composição etária dos membros do agregado familiar Criancas jovens adultos idosos
  • 37. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 22 classe e uma pessoa com este nível não sabe ler o que lhe torna difícil a mudança de comportamento e existe uma minoria na 7ª classe. Segundo AGUNDA & SUNDARARAJAN (2004), a alfabetização contribui para a consciencialização das pessoas em relação ao perigo do HIV – SIDA, e a mudança de comportamento. Sem educação as pessoas acreditam que elas não podem ou que existe pouca probabilidade de elas contraírem a doença. Mas ainda por falta de educação faz com que as pessoas tenham crenças místicas acerca da doença. Gráfico no 2: Nível de escolaridade dos entrevistados 0 2 4 6 8 10 12 14 0 1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a Entrevistados classe dos entrevistados Nivel de escolaridade
  • 38. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 23 4.1.5. Tamanho do agregado familiar e ocupação principal do AF Tabela no 4: Tamanho do agregado Familiar e ocupação Principal Variável Categoria No AFs Percentagem Tamanho do AF 1-3 Membros 4-7 Membros 8- 12 Membros 6 29 12 13% 62% 25% Presença de alguém doente Sim Não 42 5 89% 11% Principal ocupação Agricultura Comércio Emprego formal 35 7 5 75% 14% 11% Os resultados da tabela acima, revelam que os AFs são compostos maioritariamente (62%) por 4 – 7 membros, com uma média de 6 membros. Estes resultados mostram uma evolução do tamanho dos AFs comparados com os dados do INE (2007) onde o tamanho médio de AFs no distrito de Xai-Xai era de 5 membros. Ainda de acordo com os resultados da tabela no 4, 89% de AFs têm um membro doente e que pelo menos 11% dos AFs perdeu um membro nos últimos dois (2) anos. A morte dos membros do agregado familiar afecta a mão-de-obra para actividades agrícolas e o processo de transmissão de conhecimentos de geração em geração. Para 56% dos entrevistados a presença de um membro doente no AF influencia a vida de pelo menos duas pessoas que tem que cuidar do doente. Esses resultados conferem com os resultados do estudo da FAO (2007) que referem que um caso de HIV e SIDA na família influencia na vida de até outros 4 membros. A existência de membros do AF que assiste o doente afecta negativamente os programas da família sobretudo nas actividades agrícolas, pois, reduz a disponibilidade da mão-de-obra familiar. Dados da tabela acima ainda mostram que 75% dos agregados familiares tem agricultura como actividade principal.
  • 39. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 24 4.2. Impactos do HIV e SIDA na produção agrícola e SAN Nesta secção estão apresentados resultados do impacto do HIV/SIDA na produção agrária e segurança alimentar e nutricional no que tange a: áreas de produção (tabela 5), produção milho (gráfico 3), reservas alimentar (gráfico 4) renda e consumo alimentar (gráfico 5 e 6 respectivamente). 4.2.1.Implicações do HIV/SIDA com a área de Produção Os resultados do estudo revelam que o HIV e SIDA têm implicações negativas com relação a áreas agrícolas. Cerca de 59% de AFs entrevistados referiu ter reduzido a área de cultivo, e 13% abandonou completamente a actividade agrícola. As razões referidas por aqueles que cultivaram menos área ou abandonaram a actividade agrícola, estavam relacionadas com doença no agregado familiar, falta ou insuficiência de mão-de-obra. Cerca de 72% dos entrevistados referiu ter cultivado uma área menor ou abandonado actividade agrícola, o que nos sugere que o agregado familiar provavelmente se encontre em vulnerabilidade alimentar. Tabela no 5: área de Produção reduzida (machamba) Área reduzida No AFs Percentagem < 2 1 9 32% 2 1 8 28% > 2 1 11 40% Total 28 100% A tabela no 5 acima mostra que dos AFs que reduziram as suas áreas 68% reduziu pelo menos a metade da área inicial2 . A redução de áreas e abandonos da actividade agrícola, tem a ver com a capacidade física de realizar actividades agrícola durante muitas horas por parte do doente, e por outro lado, a necessidade de assistir o doente por parte dos membros 2 De acordo com o TIA (2007), as famílias rurais tem parcelas de terra que variam de 0,5 a 3 hectares.
  • 40. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 25 do AF.A questão de redução de áreas de cultivo foi encontrada também em outros estudos em Quénia pela ECA (2006) que refere que as áreas reduziram em 26% com a morte do chefe do AF e houve um declínio no rendimento. 4.2.3. Produção de milho antes e depois de ter membro doente ou morte na família Tabela No 6: comparação da produção de milho antes e depois de ter membro doente No AFs Percentagem Reduziu 31 78% Aumentou 3 7% Mantém 6 15% Total 40 100% O estudo mostra que os AFs foram afectados negativamente pela presença de membro doente ou pela morte com relação a produção de milho. Cerca de 78% correspondente a 31 entrevistados referiu que a produção de cereais milho reduziu, contra 7% que referiu que aumentou. Com relação a quantidade de milho produzido antes e depois da presença de doente ou morte de um membro do AF, os resultados do estudo apresentados no gráfico no 3 mostram que, antes, a maior parte dos AFs (65%) produzia acima de 6 sacos de 50 kg por campanha, enquanto que, actualmente a maioria (70%) tira abaixo desse valor (acima de 6 sacos de 50kg). O teste t mostra que existe diferença estatisticamente significativa3 quanto a quantidade de cereais produzidas antes e depois de ter um membro doente/morto no AFs. Gráfico no 3: Produção de milho antes e depois de ter membro doente/morte na família 3 (t=8,640; p=0,000 < 0,05) 3% 32% 35% 17% 13% 43% 27% 17% 5% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% < ou = 4 Sacos 5 - 6 Sacos 7 - 12 Sacos 13 - 15 Sacos > 16 Sacos Respondentes Quantidade de Milho em sacos de 50kgs Antes Depois
  • 41. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 26 4.2.4. Meses que a família consome a sua própria produção (Reservas alimentares) Gráfico no 4: Meses que a família consome a sua própria produção Antes maior parte (70%) dos AFs entrevistados tinha reservas alimentares produção que garantia consumo de 3-5 meses e depois da doença/morte apenas 23% possuem reservas alimentares nessa escala. Com a doença/morte no agregado familiar houve um acréscimo de 30% das famílias que estão na escala mais critica (< 1 mês) de reservas alimentares (vide o gráfico no 4). Estes resultados corroboram com o WHITESIDE (2002), que alerta que como a doença reduz o rendimento e torna a produtividade mais baixa na prática de agricultura para o auto-sustento, e surgem mudanças que aumentam a insegurança alimentar, o consumo de alimentos em famílias afectadas reduz entre 15% a 30%. Em contrapartida, a qualidade da dieta em PVHS é importante para melhorar a sobrevivência, mas torna-se cada vez mais difícil de se obter por causa da doença. 2% 9% 70% 19% 32% 34% 23% 11% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% <1 mes 1-2 meses 3-5 meses >6 meses Repondentes Meses que o AFs possui reservas alimentares Antes Depois
  • 42. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 27 4.2.5. Implicações do HIV/SIDA na Renda do Agregado Familiar Gráfico no 5: Renda do AF antes e depois da doença ou morte O gráfico no 5 mostra que, antes dos AFs serem afectados pelo HIV e SIDA, na sua maioria (60%) tinham rendimentos que iam acima de 1.000,00 MT por campanha. Porém, do momento, só (30%) tem rendimento acima de 1.000,00 MT por campanha. A redução da produção agrícola e da mão-de-obra influenciar para este acontecimento. Os impactos ligados a redução da renda incluem, entre outros, o baixo poder de compra, a redução do número de refeições. Cerca de 59% referiu ter reduzido a compra de produtos básicos, e 62% dos inquiridos reduziu o número de refeições. O teste t4 mostra que existe diferença estatisticamente significativa quanto ao dinheiro que o AF fazia antes e que faz actualmente. Este tipo de resultados, foram também encontrados na Tanzânia onde os AFs afectados reduziram o número de refeições (ONUSIDA, 1999). 4 (t=9,473; p=0,000 < 0,05) 8% 32% 24% 19% 11% 5% 38% 24% 16% 14% 5% 3% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% <500 500-1000 1000-2000 2000-4000 4000-6000 >6000 Respondentes Dinheiro que o AF fazia antes e depois da doença/morte Antes Depois
  • 43. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 28 4.2.6. Consumo alimentar (No de refeições por dia) Antes e Depois da Doença ou Morte no AF Gráfico no 6: Consumo Alimentar Antes e Depois da Doença ou Morte no AFs Antes da doença ou morte nos AFs o consumo alimentar era aceitável para 64% dos entrevistados, bom para 20% e pobre para 16%. Agora o consumo alimentar é pobre para maior parte (63%) e aceitável apenas para19% (vide no gráfico no 6). Estes resultados convergem com os resultados do estudo da FAO (2007), no Quénia que refere que quando um membro da família adoece ou morre, o rendimento médio do agregado familiar diminui, os custos de saúde aumentam, pois, á medida que os rendimentos caem e os e os custos de cuidar do paciente aumentam, o consumo de alimentos sofre uma queda. Neste trabalho foi considerado consumo alimentar: pobre ao AF com o máximo de uma refeição por dia, aceitável AF com duas refeições por dia e bom AF com mais que duas refeições por dia. 16% 63%64% 19%20% 18% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Antes Depois Respondentes Niveis de consumo alimentar Pobre Aceitavel Bom
  • 44. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 29 4.3. Estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos agregados familiares Os resultados apresentados no gráfico abaixo, referem se as estratégias de sobrevivência adoptadas pelos AFs face a doença o perda de um membro. Gráfico no 7: estratégias adoptadas pelas PVHS para Fazer Face a Perda de Membro Para fazer face às necessidades de dinheiro, a maioria (53%) AFs recorreram a venda de bens, dos quais 27% referiu ter vendido bicicleta, 19% rádio e 13,5% criação. Os resultados convergem com os do estudo de (CARTER, 2009) que refere que os AFs com membros doentes venderam gado, bicicleta e rádio. A diversificação de actividades de renda, a retirada das crianças das escolas, a redução do número de refeições e a opção por outras actividades de renda pelos AFs podem ser classificados como sendo estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA mais comuns na área de estudo. Esses resultados estão em consonância com os estudos da ONUSIDA (1999) realizados em outros país tais como: Tanzânia, Burkina Faso, Etiópia e Uganda, que também como estratégias de mitigação os AFs reduziram o número de refeições, outros dedicam-se a pequenas actividades de geração de renda e contratam a mão-de-obra. Na mesma linha de pesquisa o CARTER (2009), conclui que as estratégias comuns consistem na redistribuição de trabalho no AF, abandono da escola pelas crianças, redução das áreas agrícolas, redução de consumo de alimentos e venda de bens. 53% 19% 11% 10% 7% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Respondentes Estratégias venda de bens Reducao do numero de refeicoes retirada de criancas na escola pequenas actividades de geracao de renda outras
  • 45. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 30 V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1. Conclusões Com base nos resultados do estudo pode-se concluir o seguinte:  Os AF inquiridos são maioritariamente (64%) chefiados por mulheres, algumas delas que perderam maridos por doenças relacionadas ao HIV, e outras foram abandonadas pelos seus maridos.  A taxa de analfabetismo é de 38%, sendo que a maior parte dos que não sabem ler e escrever (88%) são mulheres.  Os AFs são compostos maioritariamente (62%) por 4 – 7 membros, com uma média de 6 membros.  A principal ocupação dos AFs é agricultura de subsistência. Devido a presença de membro doente ou morte no AF, 59% reduziu as suas áreas de cultivo e 13% tiveram que abandonar completamente a actividade agrícola. Cerca de 82% reduziu o tempo gasto na machamba.  Antes da doença ou morte, maior parte (65%) produzia acima de 7 sacos de 50 kg de milho por campanha, actualmente 70% tira abaixo desse valor.  Cerca de 70% dos AF consumia a sua própria produção entre 3-5 meses, mas depois da doença apenas 15% consome durante esse intervalo.  Devido a presença de membro doente ou morte no AF, consumo alimentar baixou consideravelmente de 20% para 63% de AFs com consumo alimentar pobre.  Antes dos AFs serem afectados pelo HIV e SIDA, na sua maioria (56%) tinham rendimentos que iam acima de 1.000,00 MT por campanha. Porém, do momento, maior parte (58%) tem rendimento abaixo de 1.000,00 MT por campanha, facto que afectou negativamente a compra de produtos básicos para a garantia da SAN.  Para fazer face ao HIV e SIDA os agregados afectados optaram por vender bens, diversificar actividades de renda, retirada de crianças das escolas e a redução do número de refeições.
  • 46. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 31 5.2. Recomendações De acordo com as conclusões recomenda-se o seguinte: Aos agregados familiares; Dado que a agricultura é a principal ocupação e fonte de renda para a garantia da segurança alimentar e nutriconal dos AFs, o estudo recomenda: Que os AF’s se organizem em associações e que elaborem pequenos projectos de geração de renda. Exemplo: criação de frangos; Que adoptem técnicas de menor esforço e que requer pouca mão-de-obra. Exemplo: hortas caseiras (produção de couve e alface em vasos); Que os AFs diversifiquem as culturas, de forma a garantir a satisfação das necessidades nutricionais. Exemplo: hortícola, criação de animais de pequeno porte; Que diversifiquem as actividades de renda de forma a compensar a actividade agrícola. Exemplo combinar agricultura com comércio, pecuária, pesca; Ao Governo; Integração da componente de SAN em todos os projectos que visam mitigar o impacto do HIV/SIDA, de modo a reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV, diminuir a progressão do HIV/SIDA e aumentar a resistência dos infectados. A integração da SAN nos projectos de HIV/SIDA não significaria apenas uma vida longa para os seropositivos, mas permitir que muitos seropositivos continuassem com vidas activas e produtivas, contribuindo para o rendimento familiar, prestando cuidados para as famílias e acrescentando o bem-estar geral das suas comunidades. Às ONGs; O estudo mostra que as ONGs desenvolvem actividades específicas a PVHS, como criação de galinhas, produção de plantas medicinais e ligação Hospital – doentes, que continuem a promove-las; Que continuem a promover o associativismo no seio desse grupo de forma a concentrar esforços e facilitar a elaboração de projectos e o seu financiamento;
  • 47. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 32 Aos pesquisadores; Recomenda-se que sejam feitos mais estudos que abranjam uma amostra maior e que possa cobrir todo distrito, até mesmo província ou todo país.
  • 48. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 33 5.3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS ABIA (2003). AIDS and Development: Interconnections and Public Policies. Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Rio de Janeiro. Brasil. ARAÚJO, T.M. et al (2012). Factores de risco para infecção por HIV em adolescentes. Rio de Janeiro. Brasil. BANCO MUNDIAL (2008). Relatório Sobre o Desenvolvimento Mundial de Agricultura Para o Desenvolvimento. Washington, DC. BARNETT, T. & WHITESIDE, A. (2006). AIDS in the 21st Century. 2nd Edition. Palgrave Macmillan, New York. BARRETO, A (2000), impacto demográfico do HIV/SIDA em Moçambique. Maputo CARTER, C. R. (2009). Impact of HIV/AIDS on the Agricultural Sector in Northern Namibia. Texas A & M University. CASTELO, V.I. (2010). Análise do Custo e do Acesso da Cesta Básica para Pessoas Vivendo com HIV/SIDA na Mitigação do Impacto Socioeconómico do HIV/SIDA.(Tese de Licenciatura em Economia). Faculdade da economia. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.47pp. CNCS (2004). Plano Estratégico Nacional de Combate ao HIV/SIDA I. Maputo. Moçambique. CNCS (2010). Plano Estratégico Nacional de Resposta ao HIV e SIDA III. Maputo CRUSH, J. FRAYNE, B. DRIME S. & CAESAR, M. (2011), The HIV and Urban Food Security Nexus. Cape Town. South Africa. Da SILVA, G. C. R. F. (2010). O Método Cientifico na Psicologia: Abordagem qualitativa e quantitativa. São Paulo. Brasil. Disponível em: <http://www.savechildren.org.uk> [Acesso em: 17/11/2013]. DPS-GAZA (2013). Relatório de Progresso de Combate ao HIV/SIDA-II Trimestre de 2013.
  • 49. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 34 ECA (2006). Mitigating the Impact of HIV/AIDS on Smallholder Agriculture, Food Security and Rural Livelihoods in Southern Africa: Challenges and action plan. FAO (2000). statistical database on agriculture. Cereals include maize, rice, millet, sorghum, and wheat. FAO (2004). Addressing HIV/AIDS Through Agriculture and Natural Resources Sector: A Guide for Extension Woekers. FAO (2007). Prevenir e Mitigar o Impacto do HIV e SIDA o Papel da FAO. FAO (2013). Estado da segurança alimentar no mundo. Roma. Itália. GIL, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Edição. Editora atlas S.A. São Paulo. Brasil. GILLESPIE, S. & HADDAD, L. (2001). Effective Food and Nutrition Policy Response to HIV/AIDS. Washington. ILO (2004). O Impacto do HIV/SIDA em Recursos Humanos. Maputo. Moçambique: INE (2003). Inquérito Demográfico e de Saúde. Maputo. Moçambique. INE (2007). III Recenseamento geral da população e habitação. Maputo. Moçambique. INE (2008). Impacto Demográfico do HIV/SIDA em Moçambique INSIDA (2009). Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação Sobre o HIV e SIDA em Moçambique. Maputo. Moçambique. JACKSON, H. (2004). Sida em África. Continente em Crise. Harare. Zimbabwe. KWADWO, A.O. at al (2010). HIV and AIDS and Farm Labor Productivity: Vol.II. MAE (2005). Perfil do distrito de Xai-Xai. Maputo. Moçambique. MARCONI, A. M. & LAKATOS, E. M. (2009), metodologia de trabalho científico.7 edição. São Paulo. Brasil. MARTINS, G. A (2007). Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3 Edição. São Paulo. Brasil.
  • 50. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 35 MASUKU, M. B. & SITHOLE, M.M. (2009). The impact of HIV/AIDS on food security and household vulnerability in Swaziland. Mazini. Swaziland. MATHUNJWA, T. R, & GARY, F. A. (2006). Women and HIV/AIDS in the kingdom of Swaziland.Swaziland. MEGAS (2008). Medição de Gastos em SIDA Para o Período: 2004-2006. Nível e Fluxo de Recursos e Despesas para a Resposta Nacional ao HIV e SIDA. Maputo. MINAG (2010). Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário - PEDSA 2010‐2019. Maputo. Moçambique. MONASO (2010).Plano Estratégico 2010-2014.Maputo. Moçambique. MÓNICA, E. (2007). Problemática do HIV/SIDA no Local de Trabalho. Palestra. O’Donnell M (2004). Food security, livelihoods and HIV/AIDS: a guide to the linkage, measurement and programming implications. London ODI (2005).Responding to HIV/AIDS in Agriculture and Related Activities. ONUSIDA (1999a). A resposta dos Agregados Familiares e das Comunidades á Epidemia de HIV/SIDA nas zonas rurais da África Sub-sahariana. ONUSIDA (1999b). O SIDA e a Infecção por Virus HIV. Informação para os funcionários das Nações Unidas e Suas Famílias. Genebra. ONUSIDA (2004). Informe sobre la epedemia mundial de sida. Genebra. Suiça. ONUSIDA (2008). Mozambique National AIDS Spending Assessment. Maputo. Moçambique. PESTANA, M. H. & GAGEIRO, J.N. (2008). Análise de dados para ciências sócias complementaridade com SPSS. Lisboa. Portugal. SETSAN (2006a). Relatório do Estudo de Base de Segurança Alimentar em Moçambique. Maputo. Moçambique. SETSAN (2006b). Manual de Procedimentos: InSAN e HIV/SIDA. Maputo. Moçambique. SETSAN (2012). Relatório da Monitoria da situação da Segurança Alimentar, Maputo. Moçambique
  • 51. Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai. Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 36 SETSAN (2013). Informação sobre a Implementação da Estratégia Plano de Acção de Segurança Alimentar e Nutricional. Maputo. Moçambique. SHOBER, G. (2009). HIV/AIDS Impacts on Household Livelihood Security: Implication for National Agricultural Advisory Services Programa: A case for Kibaale District in Uganda. TENGLER, H. (2007), Impacto Social do HIV/SIDA. Modulo 1 UNAIDS (2000). Guidelines for Studies of Social and Economic Impact of HIV/AIDS. UNAIDS (2001). Nutrition and HIV/ AIDS. Nutrition Policy paper. Nairobi, Kenya. UNAIDS (2006). AIDS epidemic update: Situación dela epidemia de SIDA UNAIDS (2009). Global Report. UNAIDAS Report on the Global AIDS Epidemic. Switzerland. UNAIDS (2011). How to get to zero: Faster. Smarter.Beter.Genebra. Suíça. UNESCO (2007). Estratégia da UNESCO em Resposta ao HIV/AIDS. WHITESIDE, A (2002). Poverty and HIV/AIDS in Africa.
  • 52. I Apêndice 1 FICHA DE INQUÉRITO O presente inquérito tem como objectivo a recolha de informação sobre o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional nível dos agregados familiares, para a elaboração do Trabalho de Fim de Curso em Comunicação e Extensão Rural na Universidade Eduardo Mondlane, Escola Superior de Desenvolvimento Rural. Toda a informação fornecida será tratada com confidencialidade Posto administrativo __________________ Aldeia _______________ Data__________________ No do entrevistador_________ 1.DADOS GERAIS 1.1.Nome do entrevistado:_______________________________________________ 1.2.Sexo [1] M___ [2] F ___ 1.3.Idade: ________ 1.4.Estado civil: [1] Solteiro/a __ [2] casada/a__ [3] separado/a__ [4] viúva/o___ 1.5.Sabe ler e escrever? [1]Sim___ [2]Não___ 1.5.1.classe_________ 1.6.composição do agregado familiar 1.6.1.Número de membros do AF______
  • 53. II 1.6.1.2. crianças_____ jovens_______ adultos______ idosos______ 1.6.2.Quantos estão doentes (HIV/SIDA) _______ 1.7.Principal ocupação do chefe do agregado familiar [1] Agricultura [2] Comércio [3] Emprego formal [4] outras_________________ 2.ACTIVIDADES DE RENDA DA FAMÍLIA 2.1.Quais são as actividades de renda família? [1] Machamba____ [2] Comércio____ [3] Emprego formal___ [4] outras___________________________________________________________________ 2.1.1.Se for machamba, que culturas produzem? [1] Mapira [2] milho [2] mandioca [3] feijão nhemba [4] amendoim [5] outras ________________________________________________________________________ 3. ÁREA DE PRODUÇÃO 3.1 A área de produção quando comparada com a de há 2 anos atrás houve aumento ou redução? [1] aumento [2] redução [3] manteve Se houve redução a que se deveu? [1] construção de casas______ [2] redução de mão -de- obra____ [3] cuidar dos doentes______ [4]outras______________________________________________________________ 4.PRODUÇÃO DE MILHO E DURAÇÃO DAS RESERVAS ALIMENTARES 4.1.Qual é a quantidade (em sacos) de milho produzida antes e depois da doenca ou morte no AF? [1]antes____________ [2]depois_______ 4.2.Qual é a duracao das reservas alimentares no AF antes e depois da morte? [1]Antes____ [2]Depois____
  • 54. III 5.CONSUMO ALIMENTAR 5.1.Quantas refeições que o AF passa(va) por dia antes e depois de sér afectado? [1].Antes___ [2]Depois___ Qual era/é a renda do AF antes depois da doenca ou morte ? [1]Antes______ [2]Depois____ 6. ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA 4.1.Quais são as estrategias de de sobrevivencia adoptadas pelos AF’s face a doenca ou morte. [1]venda de bens____ 1.1 Qual bem? A) Radio___ b)Biscicleta _____ c) Criação____ d) 0utros____ [2]Reducao de numero de refeicoes___ [3]retirada de criancas na escola___ [4]pequenas actividades de geracao de renda___ [6]outras___
  • 55. IV Apêndice 2. Tabela no 1 área Machamba Reduzida depois da Doença ou Morte no Agregado Familiar Área reduzida Frequência Percentagem < 2 1 9 32% 2 1 8 28% > 2 1 11 40% Total 28 100%
  • 56. IV Apêndice 2 Output de teste de médias Tabela no 1: Output do teste de média da renda do AF antes e depois da morte/doença Paired Samples Test Paired Differences t df Sig. (2-tailed)Mean Std. Deviation Std. Error Mean 95% Confidence Interval of the Difference Lower Upper Pair 1 Renda antes do HIV - Renda depois do HIV 1.286E3 826.103 135.810 1011.050 1561.923 9.473 36 .000 Tabela no 2: output do Teste de media da quantidade do milho produzido antes e depois da doença ou morte no agregado familiar Paired Samples Test Paired Differences t df Sig. (2-tailed)Mean Std. Deviation Std. Error Mean 95% Confidence Interval of the Difference Lower Upper Pair 1 Produção antes de HIV - Produção depois de HIV 4.675 3.422 .541 3.580 5.770 8.640 39 .000