O DDT é o primeiro praguicida considerado moderno. Teve expressivo emprego após o fim da Segunda Guerra Mundial no combate aos mosquitos vetores da malária e do tifo.
Toxicologia: rastros de efeitos crônicos decorrentes da exposição ao DDT?
1. Toxicologia: rastros de efeitos crônicos
decorrentes da exposição ao DDT?
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Atualmente, segundo reportagem publicada no site G1 da Globo, agentes da antiga Superintendência de
Campanhas de Saúde Pública (Sucam) estão apresentando vários problemas de saúde, para os quais
procura-se estabelecer um nexo causal entre a exposição ao DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano) e os
efeitos à saúde humana de usuários e/ou aplicadores do produto. Conforme a matéria, uma longa discussão
vem se estendendo sobre a necessidade de indenização a estes trabalhadores.
A Sucam atuou na região Amazônica entre os anos de 1970 a 1990 no controle da proliferação do mosquito
que provoca a malária. Neste período, era empregado o praguicida DDT para fins de saúde pública. Diversos
agentes da Sucam manipularam o praguicida durante anos como atividade de trabalho.
2. Toxicologia: rastros de efeitos crônicos
decorrentes da exposição ao DDT?
O DDT é o primeiro praguicida considerado moderno. Teve expressivo
emprego após o fim da Segunda Guerra Mundial no combate aos mosquitos
vetores da malária e do tifo. Tal composto foi primeiramente sintetizado em
1874, suas propriedades inseticidas foram determinadas em 1929, pelo
químico suíço Paul Hermann Müller. O agente é sólido em condições de 0°C a
40°C, insolúvel em água e miscível em alguns solventes orgânicos.
O referido composto tem ampla ação inseticida, altamente eficiente e
apresenta curto período de tempo para sua ação, entretanto, pode provocar
efeitos nocivos ao ser humano, principalmente a longo prazo, e também ao
meio ambiente. A bióloga Rachel Carson relatou no livro, atualmente
considerado um grande clássico, Primavera Silenciosa (Silent Spring, em
inglês), os efeitos deste produto à saúde humana, tais como câncer, além de
relatar os efeitos nocivos aos animais, como mortalidade de pássaros.
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3. Toxicologia: rastros de efeitos crônicos
decorrentes da exposição ao DDT?
Com o conhecimento de que o composto tem altos potenciais de persistência (meia-vida no solo de 2 - 15
anos), bioconcentração e biomagnificação, e, devido ao potencial de toxicidade para a reprodução e a
carcinogenicidade, evidenciados em estudos com animais, o DDT teve seu ciclo (produção,
armazenamento, aplicação etc.) proibido em muitos países, inclusive no Brasil (aqui, pelas leis n° 329 de
1985 e n° 11.936 de 2009). Muitos países baniram o DDT na década de 70, dentre eles os EUA. O
composto tem seu uso controlado pela Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos
Persistentes.
O DDT volatiliza-se do solo e água com o aumento da temperatura, e pode ser removido da atmosfera por
deposição seca ou úmida, voltando ao solo e água. Ele e seus metabólitos
[DDE(Diclorodifenildicloroetileno) e DDD (Diclorodifenildicloroetano)] são extremamente lipossolúveis,
sendo bem absorvidos pela via oral, distribuídos e acumulados em tecidos ricos em conteúdo lipídico. A
absorção pelos pulmões e pela via dérmica parece ser de menor importância em relação à via oral, mas a
exposição pela via inalatória pode levar a uma provável absorção através da ingestão do material movido
pelo aparelho mucociliar.
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4. Toxicologia: rastros de efeitos crônicos
decorrentes da exposição ao DDT?
A principal via de eliminação do DDT em humanos parece ser a urina, mas pode ocorrer também pela via
biliar (fezes) e no leite. Dados da modelagem PBPK (Physiologically Based Pharmacokinetic) indicam que o
coeficiente de partição glândula mamária/sangue é igual a 12, o que gera preocupação quanto a exposição
de lactentes.
Tem sido discutida a permissão do DDT para utilização no combate do vetor da malária em zonas
endêmicas. Algumas agências de saúde têm considerado que o benefício da mitigação do impacto da
malária à saúde da população pode compensar os riscos da utilização dos praguicidas nas regiões
endêmicas de malária.
Esta notícia evidencia que o impacto da exposição a substâncias químicas pode se estender por anos, e
mesmo, por gerações. Recentemente diversas matérias têm discutido a questão do mercado ilegal de
praguicidas provenientes da China, como aponta um especial publicado pelo Le Monde sob o título
“Ecocide”.
Referências
http://www.lemonde.fr/planete/article/2015/02/21/ecocide-pesticides-connection_4581050_3244.html
http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/02/uso-de-inseticida-pode-ter-matado-240-no-ac-15-estao-na-
fila-da-morte.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11936.htm
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