A autora reflete sobre como aparenta ser mais "boazinha" do que realmente é, escondendo uma certa agressividade sob uma máscara de bondade. Ela também discute como nossas experiências de vida nos moldam e como as pessoas projetam seus próprios julgamentos sobre os outros.
1. Uma menina "boazinha" que se ama.
Agradecimentos a quem me provocou tal reflexão.
Talvez eu não seja assim tão boazinha
Quanto pareço ou desejo ser...
E quem sabe eu esconda certa agressividade
Travestida em bondade e amabilidade
Resultado talvez das vivências a que tenha sido submetida,
Mas as palavras sempre denunciaram meus pensamentos
Com elas não me escondo, não há como fazê-lo,
Pois surgem espontaneamente, perscrutadoras,
Como se outro ser em mim me (se) denunciasse.
Não sei, no fundo somos o resultado de uma vida,
De caminhos traçados por nós mesmos
Ou de fatos e acontecimentos aleatórios
Provocados tanto pela nossa própria ignorância
Como pela dos outros...
Faço sempre esta reflexão...
Há pessoas que se incomodam com o meu jeito amoroso
E se permitem fazer conjecturas ao meu respeito
Algumas bondosas, outras maldosas, cruéis, inadvertidas,
Mesmo assim, tento compreender tais atitudes bem humanas,
Afinal tanto o que cultuamos como o que desprezamos,
Reside por vezes, inconscientemente, de forma velada,
Dentro de nós mesmos, como uma resposta ao vivido.
O fato é que sou uma pessoa comum, bem simples,
Com tentativas de acerto e certas "virtudes" equivocadas,
Mas não costumo usar máscaras, não assimilei direito,
Faz parte do meu temperamento tal incompetência.
Sou, na verdade o resultado da educação provocada por duas pessoas,
Uma realista, temperamental, sofrida e outra leve, sonhadora e amável.
Ianê Lameira