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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CAMPUS SOROCABA
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO
REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR
DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.
Sorocaba
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CAMPUS SOROCABA
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO
REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR
DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em MBA de Gestão Estratégica
da Inovação Tecnológica, para obtenção do
título de especialista em Gestão Estratégica da
Inovação Tecnológica.
Orientação: Prof. Dr. André Coimbra Felix
Cardoso
Sorocaba
2015
FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO
REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR
DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO.
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em MBA de Gestão Estratégica
da Inovação Tecnológica, para obtenção do
título de especialista em Gestão Estratégica da
Inovação Tecnológica. Universidade Federal de
São Carlos. Sorocaba 05 de Novembro de 2015.
Orientador(a)
______________________________________
Dr. (a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
Examinador(a)
______________________________________
Dr. (a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
Examinador(a)
________________________________________
Dr.(a) Nome Sobrenome
Instituição a que pertence
DEDICATÓRIA
Agradeço a minha esposa Flávia por compreender a importância do tempo
empregado na elaboração desse trabalho, que envolveu várias horas
dedicadas a leitura de artigos e livros.
AGRADECIMENTO
Agradeço aos meus colegas de turma e professores que durante o período do curso
ofereceram espaço para discussões interessantes que por sua vez abriram novos
horizontes para minha vida. Estendo o agradecimento à Odail Silveira, Rodrigo Mendes,
Alexandre Alvaro e Christimara Garcia, que cederam seu tempo para conversas sobre
ecossistema de inovação, que colaboraram para a conclusão desse trabalho. Em especial
ao Prof. Dr. André Coimbra Felix Cardoso, pela colaboração e discussões sobre o tema
desse trabalho, incentivando a seguir com as pesquisas, entrevistas e leituras, que
permitiram entender diversos aspectos que devem ser considerados quando analisamos
ecossistemas de inovação.
RESUMO
SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA
REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA DO MUNDO. 2015. 060 f. Monografia (Especialização em Gestão
Estratégica da Inovação Tecnológica) – Universidade Federal de São Carlos, campus
Sorocaba, Sorocaba, 2011.
Quando analisamos as principais economias no mundo, tais como Estados Unidos da
América, Japão, Reino Unido, China, Alemanha, França, Canadá e algumas nações que
investem fortemente em tecnologia e inovação, tais como Coreia do Sul, Irlanda e Finlândia,
podemos concluir que o desafio é enorme e envolvem diversos agentes, sendo nas esferas
públicas e privadas, para que os objetivos de criar um ambiente propício para
desenvolvimento de novas tecnologias, possam resultar em aumento mensurável e expressivo
na riqueza de uma nação, com incremento no Produto Interno Bruto (PIB). O Brasil por sua
vez atua de forma assíncrona, com políticas de incentivo á inovação, mas ao mesmo tempo
mantem barreiras legais que impedem um ambiente de livre concorrência, que por si só
geraria competição e inovações. Analisando mais de perto o ecossistema de Sorocaba,
chegamos ao ponto em que grande parte dos elementos necessários para um ecossistema de
inovação funcionar estão presentes, já que existem políticas públicas de incentivo, empresas
de tecnologia, indústria consolidada, parque tecnológico, universidades de qualidade, mas
entretanto, ainda falta a cultura empreendedora, base educacional. Acredita-se que a falta de
um agente que faça a união dos elementos e incentive a colaboração em torno de um objetivo
compartilhado, de elevar o ecossistema de inovação de Sorocaba a níveis regionais, nacionais
e mundiais de inovação tecnológica, que por consequência, possa permitir um crescimento
econômico sustentável.
Palavras-chave: INOVAÇÃO. ECOSSISTEMA INOVAÇÃO EM SOROCABA.
ECONOMIA SUSTENTÁVEL
RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. SOROCABA REGION AND INNOVATION: A
CRITICAL FROM THE MAIN TECHNOLOGICAL INNOVATION ECOSYSTEM IN THE
WORLD. 2015. 060 f. Monograph (Specialization in Strategic Management Technological
Innovation) - Federal University of São Carlos, Sorocaba campus Sorocaba 2011.
When we analyze major economies in the world such as USA, Japan, UK, China, Germany,
France, Canada and some countries that heavily invest in technology and innovation, such as
South Korea, Ireland and Finland, we might conclude that challenge is enormous and involve
various players in public and private spheres. The objectives of creating a favorable
environment for development of new technologies can result in measurable and significant
increase in the wealth of a nation, an increase in Gross Domestic Product (GDP). Brazil in
turns operates asynchronously with incentive on innovation policies, but at the same time
keeps legal barriers that prevent a free competition environment, which in itself would
generate competition and innovation. Looking more closely at Sorocaba ecosystem, we come
to the point where most of the elements necessary for an innovation ecosystem function are
present, as there are public policy incentives, technology companies, consolidated industry,
Technology Park, great universities, but however, still lack entrepreneurial culture and quality
basic education. It is believed that lack of an agent that makes the union of those elements and
encourage collaboration around a shared goal of raising the Sorocaba innovation ecosystem to
regional, national and global levels of technological innovation, which therefore can provide a
sustainable economic growth.
Keywords: INNOVATION. SOROCABA INNOVATION ECOSYSTEM. SUSTAINABLE
ECONOMY
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014..............................30
Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB ..........................................................................35
Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil................................................................................43
Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB .......................................................44
Gráfico 5 - Ecossistema de Inovação em Sorocaba..................................................................57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal......................................................................37
Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior ............................................................................41
Tabela 3- Matriz Ecossistema Sorocaba - Sugerido.................................................................57
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
PIB - Produto Interno Bruto
EUA - Estados Unidos da América
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
CERTI - Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras
CIATEC - Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas
MIT - Massachusetts Institute of Technology
ARDC - American Research & Development Corporation
DEC - Digital Equipment Corporation
HP - Hewlett Packard
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação
URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
OCDE - Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico
NIS - Sistema Nacional de Inovação
IEA - Instituto de Estudos Avançados
USP - Universidade de São Paulo
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
PND - Plano Nacional de Desenvolvimento
ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................11
1.1 OBJETIVOS.................................................................................................................11
1.2 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................12
1.2.1 Geral.............................................................................................................................12
1.2.2 Específico.....................................................................................................................12
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................13
2.1. INOVAÇÃO.................................................................................................................13
2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO ..............................................................................15
2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 7 PAÍSES...............................................................16
2.3.1. Estados Unidos da América .......................................................................................16
2.3.2. Finlândia......................................................................................................................19
2.3.3. Irlanda .........................................................................................................................23
2.3.4. Canadá.........................................................................................................................27
2.3.5. Reino Unido.................................................................................................................31
2.3.6. Japão ............................................................................................................................32
2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO
INOVAÇÃO.............................................................................................................................34
2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais.................................................................34
2.4.2. Ambientes de Inovação...............................................................................................39
3. METODOLOGIA DE PESQUISA ...........................................................................45
3.1. MÉTODO DE PESQUISA...........................................................................................45
3.2. UNIVERSO DA PESQUISA .......................................................................................46
4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA....................................................46
4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA............................................................46
4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA .......................................................47
4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE
SOROCABA ............................................................................................................................47
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................51
5.1. REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO .............................................................................51
5.2. SUGESTÕES PARA APRIMORAR O POTENCIAL ECOSSISTEMA DE
SOROCABA ............................................................................................................................54
6. REFERÊNCIAS..........................................................................................................60
11
1. INTRODUÇÃO
Inovação é amplamente discutida e apresentada como um fator estratégico de
desenvolvimento para grandes empresas e países. Isso se deve ao fato de creditar à inovação o
desenvolvimento da economia quando bem sucedida, já que novos empregos são criados com
geração de riqueza dentre outros pontos. Países com alto grau de desenvolvimento industrial e
tecnológico, como EUA – Estados Unidos da América, Japão, Irlanda, Reino Unido,
Finlândia, Canadá e Coréia do Sul possuem características essenciais para justificar um
elevado grau de inovação tecnológica em suas economias.
O Brasil tem papel estratégico no contexto global de fornecimento de matéria prima,
grãos e proteína animal, entretanto, quando analisamos os dados de exportação de produtos
industrializados ou mesmo serviços tecnológicos, não temos a mesma expressão global.
Sorocaba por sua vez está muito bem localizada, possui infraestrutura moderna, universidades
renomadas, industrias bem desenvolvidas e a área de serviços em ampla expansão. Os últimos
anos foram marcados por grande desenvolvimento econômico no Brasil e em Sorocaba não
foi diferente, a gestão municipal investiu na criação de um parque tecnológico, para que a área
de Inovação fosse fomentada, com o foco em trazer e desenvolver novas tecnologias e
incrementar a economia da região.
Fala-se muito hoje em Ecossistemas de Inovação – que são regiões geograficamente
delimitadas, e dotadas de características muito especiais, de modo a facilitar e potencializar o
florescimento da inovação. Em virtude do reconhecimento de que há inúmeros benefícios
socioeconômicos trazidos por um ambiente como esse, é que um número cada vez maior de
agentes de inovação – pessoas empreendedoras, investidores, empresas, governos – procuram
criar as condições adequadas ao surgimento de um ecossistema de inovação. Porém, até onde
foi possível pesquisar, não há uma receita de bolo universalizável.
Os fatores de sucesso variam de um lugar para o outro, enquanto os desafios se
multiplicam. É o que esta pesquisa procura estudar com vistas a, posteriormente, avaliar a
região de Sorocaba segundo a perspectiva de Ecossistema de Inovação em estado latente.
1.1 OBJETIVOS
A questão que norteou este estudo foi: quais são os fatores que constituem um
Ecossistema de Inovação e quão longe Sorocaba se encontra desta situação. Assim, à luz das
principais referências sobre Ecossistemas de Inovação no mundo e no Brasil, o objetivo geral
12
do trabalho é pesquisar os principais fatores que compõem um ecossistema de inovação e
quão distante Sorocaba está dessa realidade.
1.2 JUSTIFICATIVA
Os governos das economias mais desenvolvidas têm buscado desenvolver ações de
incentivo à inovação, visando o incremento em suas economias e consequentemente no PIB
de seus países. O assunto inovação tem sido fator de frequente discussão na definição das
políticas públicas.
Com base nas principais características identificadas nos principais países estudados,
foi feita uma análise comparativa com as ações tomadas por organizações sociais, privadas e
públicas, na região de Sorocaba. Fatores como de incentivo fiscal, isenções, subsídios, cultura
inovadora, empreendedorismo e demais artefatos utilizados pelas economias mais inovadoras,
são comparados com as ações executadas na região de Sorocaba, visando observar os
resultados gerados até o final do ano de 2014. Além disso, são capturadas as percepções de
alguns agentes de inovação em Sorocaba.
Tendo como base algumas das principais referências nacionais e mundiais de
Ecossistemas de Inovação, quais fatores podem ser considerados determinantes para o
surgimento de um ambiente como esse na Região de Sorocaba? Enfim, o que Sorocaba pode
aprender com estas experiências?
1.2.1 Geral
Avaliar as ações desenvolvidas pelas grandes economias, na área de Inovação
Tecnológica e buscar identificar similaridades e padrões que podem ser replicados no
ecossistema de Inovação existente no Brasil e mais especificamente em Sorocaba.
Para tanto, foi capturado um conjunto de percepções diferentes e complementares dos
principais gestores e agentes de inovação de Sorocaba (que atualmente operam no contexto de
inovação de Sorocaba) as quais são analisadas à luz de uma fundamentação teórica a respeito
do assunto. A partir desse olhar, o autor da presente pesquisa irá construir um resumo sobre a
situação de Sorocaba, com a pretensão de gerar novas reflexões e insights sobre possíveis
caminhos para uma transformação, à guisa de considerações finais.
1.2.2 Específico
a) Desenvolver uma matriz que indique os atores existentes no potencial
ecossistema de Sorocaba;
13
b) Desenvolver um resumo do cenário Brasileiro em contraste com as economias
mais desenvolvidas e com destaque à inovação;
c) Identificar as lacunas atuais que podem estar impedindo que o ecossistema seja
executado com resultados mensuráveis.
d) Propor melhorias e contribuições.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. INOVAÇÃO
De acordo com o Manual de Oslo, uma inovação tecnológica de produto é a
implantação/comercialização de um produto com características de desempenho aprimoradas
de modo a fornecer objetivamente ao consumidor serviços novos ou aprimorados. Uma
inovação de processo tecnológico é a implantação/adoção de métodos de produção ou
comercialização novos ou significativamente aprimorados. Ela pode envolver mudanças de
equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes.
Atualmente, o termo inovação vem sendo discutido e apresentado como matéria de
ações estratégicas de várias nações desenvolvidas, sendo algumas delas listadas nesse
trabalho, como por exemplo, EUA, Irlanda, Finlândia, Canadá e Japão. O Brasil, por sua vez,
tem desenvolvido políticas para aprimorar seu desempenho nessa área tão importante para o
desenvolvimento de uma nação.
Invenção e Inovação estão ligadas diretamente, mas uma invenção usualmente é
gerada em laboratórios, universidades ou mesmo em uma garagem com dois engenheiros, mas
é importante observar que a inovação sempre será explorada por uma empresa, o que nos
remete aos empreendedores, que devem dispor de ambiente propício para criar empresas e
comercializar suas inovações. Esse elo não pode ser desconsiderado quando políticas criadas
para estimular a Inovação são discutidas.
A criatividade do ser humano está presente em diversos trabalhos realizados ao longo
da história, desde obras primas como pinturas, esculturas, equipamentos desenvolvidos para
melhorar o dia a dia das pessoas, tecnologias de uso diários e médico. Entretanto, o processo
de criatividade deve ser incentivado e mantido vivo durante a vida das pessoas, para isso,
aspectos culturais e ambientais devem ser considerados.
Um ponto citado por alguns autores, como Reinhold Steinbeck, indica que a
criatividade é perdida nas escolas, algo similar ao que autor Ken Robinson também menciona
em sua obra O Elemento-Chave, no qual discorre sobre a criatividade perdida durante a
14
infância e o poder que a escola tradicional tem em padronizar os conhecimentos e nivelar os
alunos. O processo educacional de uma nação é importantíssimo quando analisamos o aspecto
inovador de uma nação. Tomemos por exemplo a Coréia do Sul, que em termos econômicos
era muito similar ao Brasil na década de 80, entretanto, após uma reestruturação geral em sua
educação básica e fundamental, transformou o país em uma potência emergente, com alto
grau de desenvolvimento social, econômico e inovador. Podemos citar algumas empresas
como Samsung, Hyundai e LG que emergiram de empresas locais para uma posição de
competitividade global e alto desempenho tecnológico.
Outro aspecto relacionado à Inovação, é o ambiente em que as pessoas envolvidas em
processos inovadores estão inseridas. A colaboração entre as pessoas de diferentes áreas,
empresas, organizações, financiadores, culturas e segmentos, potencializa o surgimento da
inovação em algo atrativo e permeável para a criação de algo inovador. Nesse ambiente,
muitas vezes descontraído, com viés de informalidade, com troca de informações constante
sobre novos negócios, uma idéia promissora se transforma em um Startup de sucesso em
poucas semanas. Podemos ver esse processo nesse trabalho, quando discorremos sobre o
ambiente inovador existente nos Estados Unidos, mais precisamente na região da Califórnia,
San Jose, conhecida como Vale do Silício.
O processo de inovação pode utilizar ferramentas que auxiliam a descoberta e
exploração de uma idéia, visando assim a obtenção de um resultado que gere algum valor
financeiro, de acordo com o STUBER (2012), o Design Thinking pode ser utilizado com
ótimos resultados. O autor destaca também que processos inovadores sem retorno financeiro,
pode ser classificada como Inovação Social, quando a mesma está relacionada ao bem estar
das pessoas. Isso nos remete ao ponto de reflexão sobre a inovação para resolver problemas
de pessoas, nesse aspecto é possível vislumbrar oportunidades de inovação para o dia a dia de
grande parte da população de cidades contemporâneas que sofrem, por exemplo, com o
problema da mobilidade urbana.
Para entendermos como a inovação é criada, além de considerar o ambiente, cultura e
base educacional, temos que considerar que não se pode apaixonar-se por idéias, pois quanto
antes prototiparmos e avaliarmos que o resultado não foi como o esperado, temos que partir
para novas idéias. Quanto mais rápido o processo de experimentação e avaliação for
executado, mais rápido será alcançado o sucesso de um produto lançado para o mercado
consumidor. Essa é a essência da Teoria do Lean Startup (RIES, 2008).
15
2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
O termo Ecossistema de Inovação tem sido amplamente discutido por diversos países,
tal como Canadá, Irlanda, Finlândia, Japão e outros, que visam implementar e desenvolver
políticas de incentivo à inovação tecnológica, com o objetivo de desenvolver um ambiente
propício para o surgimento de novas empresas com base tecnológica, definidas usualmente
como Startups.
CARLSON (2006), ex-CEO da SRI International, ressalta a necessidade de um Cluster
para inovar em escala. Para ele deve existir um local onde empreendedores e inovadores
possam trabalhar juntos. Um cluster, na área industrial, representa um aglomerado de
empresas que possuem características semelhantes e sua localização geográfica local, permite
o trânsito de mercadorias, matéria prima, mão de obra e etc. Este conceito foi popularizado
pelo economista Michael Porter no ano de 1990, em seu livro Competitive Advantages of
Nations (“As vantagens competitivas das nações”).
Para Carlson, podemos descrever um sistema de inovação com os seguintes elementos
listados abaixo:
Talento empreendedor: Considerado como um elemento muito importante no sistema, pois
usualmente, atua como força de ruptura na economia, já que parte dele a iniciativa de abrir
novas empresas para explorar uma determinada oportunidade no mercardo.
Existência de Pesquisa Básica e Aplicada: O sistema de inovação precisa ser alimentado
com novas idéias, novos materiais, tecnologias e isso precisa ter o apoio de pesquisadores,
corpo técnico científico qualificado para desenvolver pesquisas direcionadas e amplas em
diversos assuntos.
Conjunto de Universidades: Esse elemento é essencial para fornecer o capital intelectual ao
sistema de inovação, sem ele, manter um sistema de inovação incorreria em um custo muito
elevado, já que a mão de obra qualificada seria importada de outras regiões.
Incubadora/Aceleradora: Instrumento importante para estruturar as Startups, dando
condições de existência e operacionalidade.
Venture Capital ou capital de risco direcionado para Startups: Sem dinheiro não há como
financiar novas idéias e pelo alto grau de incerteza, o risco em que os investidores usuais são
expostos, acabam por inviabilizar novos negócios, dessa forma, profissionais de Venture
Capital, possui conhecimento sobre somo estruturar a parte financeira da Startup, para que a
mesma possa se desenvolver rapidamente.
Visão Global para escala de produtos: Esse item é muito critico e pode representar o
sucesso da Startup, já que empresas focadas em mercados regionais, não vão conseguir
16
competir em preço e qualidade com o mercado global. Quando se estrutura uma startup para
atuar globalmente, usualmente, fatores como idioma, cultura, estratégia de entrada, legislação,
tributos, logística e outros itens mais são levados em conta e podem inviabilzar totalmente um
negócio.
Peter Senger, autor de A Quinta Disciplina, afirma em seu livro que, para crescer e se
manter cada vez mais eficiente, toda organização precisa incorporar cinco características:
1) Desenvolver sempre o domínio pessoal;
2) Criar modelos mentais que ajudem a enxergar onde se quer chegar;
3) Construir uma visão compartilhada, que una o grupo;
4) Aprender em equipe, com todos se ajudando;
5) Desenvolver o pensamento sistêmico, que engloba todas as outras quatro
características.
Tomemos como exemplo a estratégia do SAP Labs, localizado no Tecnosinos em São
Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre (RS), premiado em 2010 como o melhor
parque científico e tecnológico do país pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Atualmente, concentra 75 empresas de setores
como tecnologia da informação (TI), comunicação e convergência digital e energias
renováveis e tecnologias socioambientais, que somam 6.000 empregos diretos e movimentam
R$ 1 bilhão por ano. Para contornar a falta de profissionais, adotou uma estratégia de
despertar o interesse pelo universo de TI em quem ainda não tem idade para ter carteira de
trabalho. Por meio do programa Young Thinkers, a empresa estabeleceu uma parceria com o
Colégio Sinodal de São Leopoldo para capacitar professores a transmitir conteúdos didáticos
ligados ao tema a alunos do ensino médio e fundamental, entre 10 e 18 anos. “Precisamos de
mentes jovens, arejadas, pessoas tecnicamente qualificadas”, afirma Dennison John,
presidente da SAP Labs Latin America.
2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 6 PAÍSES
Os dados apresentados nas sub sessões abaixo, relacionados aos países, Estados
Unidos da América, Finlândia, Irlanda, Canadá, Reino Unido e Japão, foram extraídos do
amplo trabalho realizado pela ABDI, sob o título de: INOVAÇÃO: Estratégia de sete países,
onde teve como principal organizador, o pesquisador Glauco Arbix. O material foi publicado
no Caderno da Indústria ABDI XV em 2010.
17
2.3.1. Estados Unidos da América
A história de desenvolvimento dos EUA é marcada por grandes feitos, guerras,
imigração, cultura de livre mercado e capitalismo levado a sério por grandes grupos, que se
desenvolvem e atuam em diversos países ao redor do mundo. Para entendermos o
desenvolvimento tecnológico dos EUA, vamos abordar a virada a partir da década de 1950,
quando a cultura de empreendedorismo na indústria eletrônica começa a tomar forma. As
universidades de Harvard, Stanford e MIT tiveram papel importante no contexto pós-segunda
guerra mundial e início da guerra fria. Nesse período, o governo federal incentivou a criação
de empresas de tecnologia para atender as demandas da área Militar.
Na universidade de Stanford, Fredrick Terman começou um movimento de criação de
empresas para prototipar sistemas eletrônicos inteligentes e transmissão micro ondas,
inicialmente para área de radares, que visava a produção militar para atender o governo e as
agências de inteligência. Naquela época, não havia a possiblidade de obter empréstimos de
bancos para iniciar empresas de tecnologia, já que os bancos costumavam emprestar dinheiro
para empresas já estabelecidas, que podiam comprovar suas finanças e renda futura esperada.
Um inventor não tinha condições de obter um empréstimo para iniciar um startup, podia
entretanto vender sua invenção para uma empresa já existente que desejaria explorar sua
invenção.
O primeiro fundo de Venture Capital pode ser identificado como ARDC (American
Research & Development Corporation), que foi criado em 1946 por George Doriot, ex-reitor
da Harvard Business School. Em 1957 teve seu primeiro grande caso de sucesso, quando
investiu mais de 2 milhões de dólares na Digital Equipment Corporation (DEC), que abriu seu
capital em 1966 trazendo grandes resultados para o fundo ARDC.
Nessa época, Terman encorajava seus alunos graduados a iniciar empresas, como fez
com William Hewlett and David Packard, fundadores da HP. Havia o incentivo para que
professores fizessem consultoria nessas empresas recém criadas e a transferência de
tecnologia e propriedade intelectual desenvolvida nos laboratórios de Stanford foi facilitada.
Nesse momento podemos visualizar um pouco da cultura de colaboração descrita como
fundamental para o Vale do Silício.
William Shockley também é reconhecido como um dos pais do Vale do Silício, ele é
um dos inventores do Transistor e fundou em 1955 a primeira empresa de Semicondutores na
Califórnia. Sua atuação acabou gerando nos anos seguintes uma grande evolução tecnológica,
que em meados de 1976 a região da Califórnia já possuía mais de 40 empresas na área de
18
semicondutores, por exemplo, Fairchild Semiconductor e Intel, que apoiavam principalmente
o setor de defesa Norte Americano. O nome Vale do Silício é dado pois o material Silício é
utilizado na elaboração dos componentes eletrônicos, tal como o transistor e processadores.
Para concluir o lado histórico do Vale do Silício, vale ressaltar que por volta de 1979,
o governo norte americano reduziu os impostos sobre ganhos de capital, de 49.5% para 28% e
permitiu que fundos de pensão pudessem investir em fundos de Venture Capital. Isso gerou
um aumento expressivo em investimento em empresas de tecnologia do Vale do Silício.
A região do Vale do Silício, no estado da Califórnia, concentra uma grande variedade
de empresas de base tecnológica com forte vocação empreendedora, muitas delas baseadas em
tecnologias para redes sociais, como Facebook, LinkedIn e Google, possui também centros de
P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) renomados, como a SRI International. Aliado a esse
cenário existem diversas universidades na região, como Stanford e Caltech que intercambiam
talentos e conhecimento com essas empresas, adicionando a isso a disponibilidade de capital
de risco ou Venture Capital e empreendedores, formando o que se chama de ecossistema de
inovação. Em linhas gerais, pode-se definir o termo como um conjunto de pessoas, empresas e
organizações que se relacionando em busca de uma evolução a partir do desenvolvimento de
projetos inovadores.
Importante ressaltar que em 1984, o governo federal aprovou uma lei, conhecida como
Bayh-Dole-Act, que trata dos incentivos oferecidos pelos Governos, permitindo assim um
aumento de investimentos privados destinados para pesquisa e desenvolvimento em
Universidades Públicas e Laboratórios Federais. Antes dessa lei, as invenções decorrentes das
pesquisas que utilizavam dinheiro público, deveriam ser registradas para o governo dos EUA,
dessa forma, muitos pesquisadores não se motivavam em criar empresas para explorar as
invenções e idéias, entretanto, após a Bayh-Dole-Act os pesquisadores passaram a ter o direito
de registrar suas invenções em seu nome, o que permitiu a criação de empresas e startups para
desenvolver e aprimorar as invenções em produtos comercializáveis.
A transferência de tecnologia dos laboratórios de pesquisa existentes nas universidades
americanas, para o mercado consumidor permitiu que a cultura capitalista fosse propagada
para várias partes do mundo, influenciando a cultura e os costumes locais. Atualmente é a
cultura mais “imitada” por seus filmes, músicas e produtos. Entretanto, importante reconhecer
o valor das pesquisas universitárias como um veículo de desenvolvimento econômico, nesse
contexto, o governo federal, assim como visto em países listados nesse trabalho, como
Canadá, Japão, Reino Unido etc., possuem agências de fomento e pesquisa, dentre as de maior
destaque nos EUA, podemos citar National Institutes of Health (NIH), National Science
19
Foundation (NSF), Office of Naval Research (ONR), Defense Advanced Research Projects
Agency (DARPA) e National Aeronautics and Space Administration (NASA).
Uma característica da cultura existente no Vale do Silício, refere-se a forma como a
interação com as pessoas ocorre, de maneira pervasiva e muitas vezes direta, visando o
compartilhamento de informações sobre planos de negócios e idéias com o objetivo de obter
um parceiro de negócio. Essa relação de confiança, sem a necessidade de assinar um termo de
confidencialidade ou mesmo estar acompanhado de um advogado, acaba flexibilizando o
início de novos negócios e muitas vezes, permitindo o amadurecimento de idéias antes de
coloca-las em prática.
Resumindo o ambiente dos Estados Unidos da América, podemos elencar os seguintes
itens:
 Promulgação da Lei Bayh-Dole-Act promoveu um aumento substancial na
transferência de tecnologia das universidades para a indústria e, finalmente, para o
mercado consumidor,
 licenciamento das patentes geradas, criação de novas empresas, empregos com
poder aquisitivo acima da média nacional e a criação de novos segmentos
industriais também são resultados que o governo americano tem alcançado com as
políticas de incentivo aplicadas,
 Cultura de Colaboração altamento disseminada no Vale do Silício,
 Venture Capital muito desenvolvido, permitindo que empresas de alto risco se
desenvolvam com mais facilidade,
 Governo Federal incentiva inovação por meio de Agências do Governo, como
NASA, Departamento de Defesa (DoD) entre outras.
2.3.2. Finlândia
A Finlândia é considerada uma das nações mais competitivas do mundo. Em menos de
20 anos, passou de uma economia baseada em recursos naturais para uma economia puxada
pela inovação. Hoje possui um grande foco em tecnologias da informação e comunicação
(TIC).
O investimento em inovação, passou a fazer parte da pauta dos governantes, a partir da
crise que dissolveu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS (1991). Com isso, o
governo finlandês, que exportava grande parte de seus produtos primários para a URSS, teve
que rever sua estratégia de crescimento.
20
Com esse cenário externo conturbado, a Finlândia decidiu investir pesado em
Educação, Ciência, Tecnologia da Informação e Inovação. Os estudantes finlandeses,
possuem um sistema gratuito que vai desde o ensino básico até a universidade. Importante
citar que com o aumento de investimento público, os alunos estão com desempenho acima
dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico)
na escala Pisa de Ciências.
O financiamento público para Pesquisa e Desenvolvimento atingiu 3% do PIB em
1999, acima dos 2% da União Europeia na mesma época. Em 2007, foram 3,5% do PIB, o
que corresponde a mais ou menos 5,5 Bilhões de EUROS. A meta para 2010 foi de 4% do
PIB.
O Sistema Nacional de Inovação (NIS), foi criado pelo governo finlandês e é
composto pelas seguintes entidades:
 Sistema de Pesquisa,
 Sistema de Governo,
 Sistema Educacional,
 Organizações de Financiamento,
 Atores Locais e Regionais e previsões legais, incluindo mecanismos de proteção à
propriedade intelectual e de incentivos.
Importante citar que a Finlândia foi o primeiro país a incluir entre suas diretrizes de
governo a meta de construir um sistema nacional de inovação, o que indica um grau de
comprometimento estratégico do país nesse assunto, pois possui como foco principal o
estímulo ao crescimento sustentável da economia.
Mesmo tendo um avanço acelerado após a década de 90, a elaboração e construção das
principais instituições básicas para viabilizar o sistema de inovação finlandês, iniciou-se nas
décadas de 60-70, registrando grande esforço tecnológico na década de 80 e então na década
de 90 com a construção do Sistema Nacional de Inovação e das bases para sociedade do
conhecimento.
Na década de 80, houve uma grande aceleração do desenvolvimento tecnológico. O
maior destaque foi a criação da TEKES em 1983, nessa mesma época, houve um grande
incentivo para internacionalizar a Pesquisa e Desenvolvimento, utilizando redes
internacionais de pesquisa, alguns parques tecnológicos foram criados e em 1989 o Conselho
Nacional de Ciência e Tecnologia foi criado, consolidando assim o complexo sistema de
21
inovação finlandês, que avalia o impacto das políticas executadas pelo poder público. Com
base nesse sistema de avaliação, o governo conseguiu aprimorar a gestão, corrigir estratégias
e as políticas empregadas.
O modelo Finlandês traz à tona uma realidade muito peculiar, pois sua cultura, a longa
tradição em design, vasta utilização da internet, utilização da língua inglesa como idioma
universal, visão dos finlandeses em se tornarem cidadãos do mundo e até mesmo a tradição
descentralizadora de gestão do Estado, trazem reflexões importantes sobre esse modelo, pois
dificilmente será replicado em alguma parte do mundo.
De acordo com o Secretário Geral do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
(STPC), Esko-Olavi Seppala, a Finlândia demorou décadas para aprender a cooperar e a
formar visões comuns de seus problemas. Com isso, as políticas planejadas em outros
exercícios ou mandatos, são mantidas mesmo com a alternância de poder, permitindo assim
que as políticas de estímulo à inovação, que trazem melhorias ao cenário econômico, não
sejam interrompidas arbitrariamente.
A empresa NOKIA, é um grande exemplo do resultado das políticas criadas pela
Finlândia para incentivar a área de Pesquisa e Desenvolvimento. Fundada em 1865 como
fábrica de papel, até início do século 19, tinha suas vendas baseadas em botas e cabos de
borracha. Em 1960 foi criado um departamento de telecomunicações, em 1990 esse setor
respondia por apenas 20% do faturamento. Em 1991 a empresa estava prestes a falir, quando
decidiu focar seus esforços em Telefonia Celular, que estava em grande ascensão naquela
época. Na época do estudo realizado pela IEA-USP (2010), a NOKIA respondia por mais de
60% do investimento privado em P&D, ou seja, quase 2/3 do total investido pelo setor.
Para exemplificar alguns feitos da NOKIA, podemos citar algumas tecnologias de
rede, como por exemplo, GSM, 4G e 5G que são tecnologias desenvolvidas pela NOKIA e
licenciadas para vários países no mundo. Sua divisão de telefones celulares manteve-se em
evidência durante quase uma década e foi adquirida pela Microsoft em 2013.
A Finlândia possui uma Agência de Fomento à Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação, chamada TEKES, muito parecida com o formato da FAPESP no Estado de São
Paulo - Brasil. A TEKES, criada em 1983, é um órgão de Planejamento, Financiamento e
Fomento às atividades de P&D, à pesquisa aplicada, tecnologia e industrial. Responde
atualmente por 30% do financiamento público à inovação.
O financiamento da TEKES tem como foco os projetos inovadores e com alto grau de
risco. Pode ser disponibilizado a juros baixos ou por meio de subvenção econômica. Um fato
22
interessante é que pode ser concedido às empresas estrangeiras registradas na Finlândia, desde
que possuem P&D no país.
A TEKES investe grande parte do seu orçamento em projetos de fundo perdido, com
isso fica claro a absorção de todo o risco do projeto, assumido pelo poder público. Isso é
importante pois estimula inovações radicais, nas quais a iniciativa privada não tem interesse
em entrar pelo alto grau de risco envolvido. Mesmo com esse cenário, a taxa de fracasso gira
em torno de 20%.
Existem três programas importantes na Finlândia, que podem explicar melhor a
estratégia de expansão e internacionalização de suas empresas. Veja abaixo:
1) Programa de Centros de Experiência. Lançado em 1994, tem como objetivo o
incentivo a projetos de cooperação entre institutos de pesquisa, instituições educacionais e
empresas, visando o aumento e modernização do conhecimento de alto nível na região em
questão. Já foram criados mais de 13 clusters em 21 centros especializados, que podem ser
classificados como Cluster of Expertise ou Cluster de Experiência em tradução livre. Outro
ponto interessante é que cada centro regional possui uma especialização, tal como, tecnologia
energética, saúde e bem-estar, nanotecnologia, tecnologia limpa, máquinas inteligentes,
tecnologia marítima, futuro da indústria florestal, computação, digibusiness, negócios da vida
entre outros.
2) Programa de Centros Estratégicos para Ciência, Tecnologia e Inovação, tem como
foco coordenar recursos dispersos de pesquisa para atingir metas estratégicas da Finlândia.
Sua atuação principal é articular empresas, universidades e institutos de pesquisa, na criação
de cinco centros estratégicos, voltados para as áreas de Energia e Meio Ambiente, Metais e
Engenharia Mecânica, Saúde e Bem-Estar, Cluster Florestal e TIC. Os fundos de pesquisa são
de longo prazo e geridos pela TEKES.
3) Programa de Rede Internacional de Centros de Inovação. Tem como foco estar
presente em alguns países líderes no cenário de inovação, fazendo assim a ligação entre os
agentes locais de inovação com os institutos finlandeses. Vale ressaltar que com essa
estratégia, a Finlândia pretende acelerar a internacionalização das empresas finlandesas,
aumentar a mobilidade de pesquisadores e realizar assim pesquisas em conjunto com atores
locais, mantendo-se atualizada e no ecossistema de inovação de outros países. Já foram
criados cinco centros, destes em: Xangai, China em 2007, Vale do Silício, EUA em 2007, São
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Petersburgo, Rússia em 2008, em Tóquio, Japão em 2008 e por fim em Mumbai, Índia em
2008.
Com a execução desses três programas estratégicos para a Finlândia, é possível
identificar claramente a estratégia de fortalecer as conexões entre os setores público e privado,
juntamente com a cooperação ativa das empresas, centros de pesquisa e universidades,
gerando assim um ambiente favorável à inovação.
Seguindo a mesma dinâmica do mercado Norte Americano, a Finlândia aprovou uma
nova legislação sobre a propriedade intelectual nas universidades, facilitando assim o uso
comercial do resultado das pesquisas.
Resumindo o ambiente da Finlândia, podemos elencar os seguintes itens:
 Economia baseada no setor primário Russia como principal cliente até a Crise 1991 –
URSS,
 Modelo Finlandês, tem suas bases no consenso político quanto ao futuro do país. Isso
influenciou a continuidade das políticas de incentivo à Pesquisa e Desenvolvimento.
Todavia, esse cenário é dificilmente replicável, pois deu-se em conjunto com um
determinado período da economia mundial e aspectos culturais do país, como adoção
da língua inglesa, visão de cidadão mundial etc,
 Rede Internacional de Centros de Inovação, China, EUA, Russia, Japão e Índia,
 Possui agência TEKES para financiamento de projetos que apresntam alto risco,
 A denominação de Economia baseada em conhecimento pode ser atribuída à
Finlândia, com base em sua estratégia exitosa em promover o desenvolvimento da
nação após investimentos pesados na universalização do estudo, desde a Educação
Básica até a Universidade,
 Outro fator importante é o foco em desenvolver tecnologias e pesquisas em segmentos
que podem atuar como motores da economia, com isso, as estratégias resultam em
geração de empregos mais qualificados, melhor remunerados e aumentam a sensação
de bem-estar social.
2.3.3. Irlanda
O crescimento da Irlanda apresentou números extraordinários a partir de 1995 até
2000, houve um crescimento médio anual de 10% do PIB, na sequência, até 2004, ficou em
torno de 6,1%.
Até 1990, a Irlanda era classificada como um dos mais atrasados da Europa, o que na
época levou os governantes a traçar um plano nacional de desenvolvimento, para transformar
24
a Irlanda em uma economia competitiva, através de investimentos em Pesquisa e
Desenvolvimento.
A principal característica do momento de maior crescimento da Irlanda, foi a Abertura
da Economia, juntamente com a integração com as nações da comunidade europeia e o
investimento pesado de multinacionais, que exigiram também a atração de pessoal altamente
qualificado.
Outro ponto muito importante a ser citado, é que nos anos 1960 o governo Irlandês,
executou um forte investimento na qualidade da educação primária e secundária, o que
preparou as bases para o desenvolvimento acentuado que se deu na década de 1990.
Vale citar também a política agressiva de incentivos fiscais, que derrubou pela metade
os impostos, quando comparado a outros países da comunidade europeia, para as empresas
que se instalavam na Irlanda.
Houve também a atuação de uma agência pública nesse cenário, denominada Agência
de Desenvolvimento Industrial, que é considerada a principal plataforma das grandes
empresas de tecnologia da informação e comunicação.
Outro ponto curioso sobre o caso da Irlanda, refere-se ao Pacto Social, que foi criado
na década de 1990, isso se deu como resposta a seguidas crises, tal como Crise do Petróleo,
Descontrole dos Gastos Internos Governamentais, que acabaram gerando um movimento de
regulação e limitação de negociações salariais, tirando força dos sindicatos, formulação de
políticas orientadas para estabilidade de longo prazo, alicerçadas em austeridade fiscal e
contenção de gastos públicos.
O primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (2000 a 2006) teve um investimento
total de US$ 3 bilhões em ciência e inovação. O principal objetivo desse investimento foi
construir uma economia baseada no conhecimento. A Irlanda conseguiu alcançar um alto
nível de parcerias externas nas patentes requeridas, isso é um resultado claro do aumento de
pesquisa científicas realizadas por empresas e centros de pesquisa estrangeiros. Como reflexo
dessa política, sua economia é muito dependente de grandes grupos estrangeiros, que por sua
vez, executam o financiamento de P&D com dinheiro externo.
No ano de 2006, o governo Irlandês elaborou um novo Plano Nacional de
Desenvolvimento (2007 a 2013), no qual alocou em torno de 8,2 Bilhões de EUROS para
implementação da Estratégia para Ciência, Tecnologia e Inovação.
No que se refere às instituições públicas, orientadas para gerir, criar e monitorar as
ações do PND Irlandês, podemos citar a criação de quatro instituições com as seguintes
atribuições:
25
 IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial), criada em 1960. Focada em atrair
empresas multinacionais através de incentivos fiscais. Importante citar que a Irlanda
oferece como diferencial a mão-de-obra qualidade de imigrantes, força de trabalho
jovem, bem educada, barata e com inglês fluente. Essa agência é considerada peça
chave no sucesso da trajetória irlandesa.
 EI (Empresa da Irlanda), criada em 1960, focada em expandir as empresas Irlandesas
para todo o globo. Sua atuação no entanto é muito questionada, pois não apresentou
resultados satisfatórios em suas ações e ainda existem dúvidas sobre a necessidade da
Irlanda possuir e desenvolver empresas Globais.
 SFI (Fundação da Ciência da Irlanda), criada em 2001 pelo Plano Nacional de
Desenvolvimento. Tem como exemplo a Fundação Nacional da Ciência, criada pelo
governo Norte Americano. Essa agência atua no monitoramento e avalia a qualidade
do capital humano irlandês, através do acompanhamento das pesquisas cientificas
realizadas em cooperação com as universidades e empresas. Possui como foco,
impulsionar e financiar as áreas de ciência e engenharia. Tem como objetivo reverter a
frágil tradição de pesquisa das universidades irlandesas, que estão mais voltadas para
docência e extensão.
 Forfás (Órgão de Prospecção de tendências de ciência, tecnologia e inovação) atua no
planejamento, coordenação das políticas, das agências e dos programas de
desenvolvimento.
As quatro agências são comandadas pelo Ministério do Comércio, Empresa e
Emprego.
A Irlanda enfrenta alguns dilemas com o expressivo aumento dos salários e qualidade
de vida, pois com isso, acabou perdendo competitividade frente a economias emergentes,
como China e Índia. Por mais que as agências governamentais atuem, as empresas irlandesas
continuam pequenas, com baixa produtividade e pouco internacionalizadas, contra o oposto
das multinacionais. Apesar de ter uma mão de obra muito educada, possui pouca tradição em
pesquisa básica em ciência e tecnologia.
26
Os Centros de Pesquisas financiados e criados pelo governo irlandês ainda não deram
frutos e ainda existe uma certa distância das empresas e universidades.
O investimento em educação e qualificação das pessoas é um fator muito importante
no sistema da Irlanda, isso deve fazer com que os frutos sejam colhidos nas gerações futuras,
que devem desfrutar de uma qualidade de vida superior à atual. Outro ponto interessante é
estimular a curiosidade dos jovens pelas atividades científicas.
A estratégia de desenvolver Planos Nacionais de Desenvolvimento é muito válida,
pois traz à tona o diálogo com a sociedade, que entende e apoia em sua maioria as políticas
elaboradas pelo governo, pois entende que fazem parte de escolhas estratégicas para manter o
desenvolvimento da Irlanda.
Resumindo o ambiente da Irlanda, podemos elencar os seguintes itens:
 Governo Irlandês executou em 1960 um amplo programa de investimento em
Educação no País,
 Em 1990 era considerado um dos países mais atrasados da Europa,
 Foco em melhorar a Competitividade do País através da Abertura Economica, Zona do
EURO, Investimento de Multinacionais,
 Pacto Social em 1990 – Resposta à Crise do Petróleo, Descontrole de Gastos o que se
traduziu em Austeridade Fiscal e Planos de Longo Prazo,
 Plano Nacional de Desenvolvimento, Fortemente ligado ao investimento externo de
P&D, com 3 Bilhões Dólares (2000 à 2006), 10 Bilhões Dólares (2007 à 2013), cerca
de 2% PIB 2013
 Criou a IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial) para Atrair empresas, através
de incentivos fiscais.
 Mesmo com todos os índices de crescimento e desenvolvimento, a Irlanda foi
impactada fortemente pela crise de 2008, o que fez com que sua economia entrasse em
recessão depois de mais de uma década de crescimento. Todavia, no segundo trimestre
de 2015, sua economia já mostra sinais de recuperação, apresentando crescimento de
1,9%. A recuperação é fruto da alta dependência de investimento externo, de empresas
como Intel, Google e Pfizer, apenas para citar algumas. Sua economia continua
atraindo empresas multinacionais que oferecem altos salários nos setores de alta
tecnologia e serviços.
27
2.3.4. Canadá
Para contextualizar o Canadá, deve-se considerar que suas políticas de incentivo à
tecnologia e inovação foram iniciadas em meados da década de 1990. Nessa época o país
ainda possuía uma forte dependência de suas riquezas minerais, mas em sua história, podemos
constatar que os investimentos na área de tecnologia trouxeram ganhos consideráveis, pois
conseguiram ser reconhecidos mundialmente pela tecnologia desenvolvida pela empresa RIM,
detentora da marca de telefones celulares BlackBerry.
O Canadá é um país com vasta extensão territorial, sua colonização é em sua maioria
de Franceses e Ingleses, mas receberam fluxos contínuos de Indianos, Chineses e Asiáticos, o
que enriquece sobre maneira a cultura local.
Com essa diversidade, importante citar que pelo modelo de governo Canadense,
conhecido como Federalismo, as regiões são divididas em Províncias, que traçando um
paralelo com o Brasil, são como Estados, mas entretanto possuem uma certa autonomia, como
por exemplo, são responsáveis pela Educação.
O investimento em ciência, tecnologia e inovação se dá tanto na esfera federal, como
nas províncias e dessa forma, exige um certo grau de coordenação para evitar sobreposições
de esforços. Esse conjunto de características institucionais e culturais transformam o Canadá
em um exemplo muito interessante de ser estudado quando analisamos as políticas de
Fomento à Inovação.
O Governo Federal do Canadá possui uma rede de agências de fomento à P&D e
utiliza alguns programas de concessão de isenções fiscais ás Empresas. Entre as agências do
governo, podemos citar o Conselho Nacional de Pesquisa (National Research Council -
NRC), que executa pesquisas internamente com dinheiro público, outros atuam com mais
foco na transferência de recursos e apoio a pesquisas executadas por universidades, como por
exemplo, o Conselho de Pesquisas de Engenharia e Ciências Naturais (Natural Sciences and
Engineering Research Council - NSERC), o Conselho de Pesquisas de Ciências Sociais e
Humanas (Social Sciences and Humanities Research Council - SSHRC) e da rede de
Institutos Canadenses para Pesquisas em Saúde (Canadian Institutes for Health Research -
CIHR).
Em contraste com o apoio às agências federais, que desenvolvem pesquisas, existem
também alguns programas do Governo Federal do Canadá, que apoiam e investem recursos
diretos em pesquisa executado pelo setor privado, em programas do NRC, apoiando pequenas
empresas e usando como base a malha de centros de excelência (Networks of Centers of
Excellence - NCE).
28
No conjunto de agências federais de incentivo à pesquisa, é interessante citar a NCE
com um número 70 spin-offs entre 2003 à 2010, mesmo com um orçamento em 2007
relativamente pequeno, algo em torno de US$ 75 milhões. Outro aspecto importante nessa
agência, é que os projetos são escolhidos por comitês internacionais, cuja decisão é autônoma.
Dessa forma, o conflito de interesse entre pesquisadores é reduzido e evita-se também a
limitação do conhecimento sobre o potencial de competitividade no cenário global.
A NCE também desenvolveu atividades que estabelecesse uma massa crítica de
pesquisa no Canadá, entre 1993 a 1999, a NCE promoveu uma integração de pesquisadores
em sua rede, fomentando assim uma cultura de colaboração. Por fim, o grande desafio final
foi desenvolver projetos propostos e gerenciados por empresas privadas em conjunto com
parceiros públicos. Com esse conjunto de atividades, a NCE visa acelerar e incentivar o
ecossistema de inovação entre as Universidades, Agências Públicas e as Empresas privadas.
A criação do Genoma Canadá se deu em 2000, quando um grupo de cientistas e
Venture Capitalists constituíram uma fundação financiada pelo governo federal em conjunto
com parceiros públicos e privados. O foco dessa fundação foi financiar e executar pesquisas
na área de genômicos e proteômicos. Uma característica interessante dessa fundação, é que
ela possui um fundo de investimento com dinheiro federal e privado, mas ao invés de
funcionários públicos, o fundo possui gestores profissionais, especializados em venture
capital e aplicam todos os critérios de retorno de investimento utilizados pelo mercado, em
outras palavras, eles visam ao lucro. Outra característica importante desse fundo é que apenas
os melhores projetos são apoiados, para isso, eles precisam apresentar características que
permitam competir em nível internacional e dessa forma, possam resultar em tecnologias que
possam ir para o mercado consumidor. Por fim, os candidatos ao programa precisam
demonstrar que o produto final da pesquisa seja patenteável, tenha aderência ao mercado e
que são capazes de captar mais 50% de seu financiamento total no mercado, com outros
agentes financiadores.
A Fundação para Inovação do Canadá também foi criada em 2000, seu foco é
basicamente o financiamento de infraestrutura para instituições. Dessa forma, essa fundação
auxilia na formação de laboratórios bem equipados em Universidades, Hospitais de Pesquisa,
Colégios e Organizações Não Governamentais. Interessante citar que o foco é direcionado
para atrair e manter os melhores talentos (pesquisadores), treinar a próxima geração de
pesquisadores que irão suportar as inovações no setor privado, para criar empregos de alta
qualidade. O apoio aos projetos selecionados é de 40% do total solicitado, o restante deve vir
da iniciativa privada.
29
As origens do incentivo à inovação canadense surgiram em meados do século 19,
quando foram criados os primeiros laboratórios agrícolas e as duas universidades canadenses,
a Universidade McGill e a Universidade de Toronto. Em 1939, o Canadá investia apenas
0,1% do PIB em P&D, essa realidade só mudou a partir da Segunda Guerra Mundial, pois
nessa época o Canadá apoiava os EUA nos esforços para desenvolvimento de armas nucleares
(Projeto Manhattan) e demais tecnologias bélicas.
Na década de 1970, houve um declínio nos incentivos de P&D, já que o governo
entendia que as empresas privadas deveriam arcar com esse investimento. Apenas na década
de 1990 é que os retornos econômicos de P&D apareceram com mais força, uma vez que
inovação passou a ser considerada como estratégia central do governo Canadense.
Durante a década de 1990, o conceito de pesquisa pura ou básica, muito comum nas
universidades públicas, passou a ser questionada pois não estava direcionada para as
necessidades do mercado, o que nos remete à reflexão que as pesquisas realizadas por
entidades públicas devem ser priorizadas para atender demandas específicas de mercado, pois
com essa característica, a chance de uma organização privada entrar como parceira no
investimento da pesquisa é mais alto do que o cenário citado acima de realizar uma pesquisa
pura, baseada em um processo linear de inovação.
No Canadá, essa mudança de foco deu-se principalmente com a criação de instituições
baseadas no envolvimento direto de empresas e agências públicas de pesquisa, tais como a
NCE e o Genome Canadá.
Um dos principais motivadores para o Canadá investir em um conjunto de políticas
voltadas para P&D na década de 1990, foi melhorar a posição do País no cenário mundial,
frente aos países asiáticos que emergiam fortemente na economia global, citando como
principal agente, a China, que tem investido fortemente em desenvolvimento tecnológico e
tem peso relevante na transferência de empregos que exigem mais conhecimento técnico.
Esses empregos por sua vez, sempre foram mantidos nas economias mais desenvolvidas e
esse movimento apresenta-se como um grande motivador às economias mais desenvolvidas,
para investir em um diferencial para manter sua competitividade no mercado global.
Segundo o Industry Canada (2007a), entidade equivalente ao Ministério do
Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior no Brasil (MDIC), o Canadá procura atrair e
manter profissionais de ponta, pois com o envelhecimento da sua população, somado às
oportunidades de trabalho que os jovens canadenses encontram em outros países, como os
Estados Unidos, resultam em um grande desafio para as autoridades locais. O Ministério da
Industria (Industry Canada) possui uma série de informações úteis para as pessoas que
30
desejam entender mais sobre Propriedade Intelectual, formas de conseguir um financiamento,
como abrir uma empresa, fora um conjunto extenso de Relatórios e Guias para apoiar os
cidadãos. O que demonstra o compromisso do Governo em apoiar o desenvolvimento do país
com políticas de geração de empresas através de pesquisa e desenvolvimento.
Veja abaixo um gráfico da evolução de Venture Capital desde 2005, o fantástico valor
levantado em 2014, com US$ 2.3 Bilhões.
Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014.
Fonte: Disponível em: < http://www.ic.gc.ca/eic/site/061.nsf/eng/h_02940.html
>. Acesso em: 2 nov. 2015.
Uma característica importante a ser ressaltada por pesquisadores, é a falta de Soft
Skills, que são as habilidades para gestão de pessoas e negócios. Em um cenário de incentivo
à pesquisa, com foco em criar novos produtos, os pesquisadores precisam aperfeiçoar essa
característica, para que possam obter sucesso com os produtos desenvolvidos. Nos Estados
Unidos, ao invés do pesquisador tentar comercializar sozinho o resultado da pesquisa,
usualmente, ele se junta com um empreendedor, acostumado com o mercado, que possui o
conhecimento necessário para inserir o produto no mercado correto, aumentando assim a taxa
de sucesso. Em resumo, o Canadá possui um conjunto de políticas e iniciativas que permitem
o aumento da sua competitividade frente aos países desenvolvidos.
Resumindo o ambiente da Canadá, podemos elencar os seguintes itens:
 Primeiros laboratórios agrícolas de pesquisa nas Universidades McGill e Toronto.
Investia o,1% do PIB em 1939,
31
 Apoio ao Projeto Manhattan (EUA) – Armas Nucleares e demais tecnologias Bélicas,
 Em 1990 os investimentos em P&D tomam força quando o governo considera
Inovação como estratégia central do governo,
 NCE (Network Center of Excellence) 70 spin-offs entre 2003 à 2010, em 2007 budget
de US$ 75 milhões,
 Fundação para Inovação do Canadá (2000) com Foco em financiar Infraestrutura dos
laboratórios,
 Genoma Canadá (2000) Parceria Público vs Privado voltado para Financiar Pesquisas
sobre Genômicos e Proteômicos (50% x 50%),
 Venture Capital em desenvolvimento, com forte expansão registrada em 2014, quando
atingiu quase US$ 2.4 bilhões de dólares.
2.3.5. Reino Unido
A economia britânica é baseada em serviços, dessa forma, quando a discussão sobre
Inovação Tecnológica entra na pauta de discussão dos governantes, existe a preocupação em
definir uma nova forma de inovação, chamada por eles como Inovação Escondida, que pode
ser explicada como pequenas inovações que ocorrem em processos diários, como por
exemplo, uma técnica mais aprimorada no processo de extração de petróleo, uma nova forma
de realizar uma análise financeira em um financiamento e outras atividades tidas como
cotidianas, mas que trazem resultados positivos para as empresas.
Existe uma parte do governo que argumenta que deve-se estimular a difusão e
circulação de informações, porém na área de serviços, quando essa informação é pública, as
chances de obter um retorno financeiro maior com a inovação são drasticamente reduzidas.
Por outro lado, quanto maior a circulação de informações, maior será a colaboração entre as
empresas e tende-se a ter uma produtividade maior na economia.
Vale ressaltar que o sistema de patentes foi criado para proteger as inovações
tecnológicas, que podem ser facilmente explicadas através de desenhos e diagramas, por outro
lado, uma inovação na área de serviços é muito mais complexa de ser explicada e controlada
para evitar utilização indevida.
O Governo Britânico atua no incentivo de Inovação, junto às empresas, direcionando o
seu poder de compra estatal, estimado em 150 bilhões de libras por ano, com isso, mesmo não
gerando garantias de contrato, acaba criando demandas que envolvem alta tecnologia e assim
estimulam a aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias.
32
Como conclusão sobre o Reino Unido, podemos entender que as políticas de incentivo
devem ser dosadas para obter uma mistura que permita a geração de valor pelas empresas
inovadoras, o que será convertido em novos empregos e tecnologias competitivas, mas
também deve-se observar o excesso de regulamentações que podem desmotivar os
empreendedores a criar suas empresas e assumir uma série de encargos e empréstimos para
alavancar sua idéia ou projeto.
Resumindo o ambiente do Reino Unido, podemos elencar os seguintes itens:
 Economia baseada em Serviços, o que dificulta a classificação de inovações e acaba
trazendo à tona a questão da Inovação Escondida,
 Pequenas Inovações do Cotidiano que trazem resultado financeiro nas atividades, tais
como, novas Técnicas de Extração de Petróleo Aprimorada ou Nova lógica para
cálculo de Financiamento,
 Complexidade em controlar ou patentear algo relacionado a Serviços,
 Governo Britânico incentiva a Inovação direcionando o poder de compra do Estado
(150 Bilhões Libras por ano) para criação de novas Demandas, Desenvolvimento de
Tecnologias e Startups.
2.3.6. Japão
O Japão é um caso muito interessante de desenvolvimento tecnológico, já que iniciou
seu esforço para superar a derrota na segunda guerra mundial. Inicialmente o tipo de inovação
foi incremental, atuando fortemente em imitações e melhorias de produtos importados. Sua
qualidade também era questionável, ao ponto de ser comparada hoje como produtos Chineses,
de baixo custo e qualidade, entretanto, essa realidade foi sendo alterada durante os anos e
hoje, diferente do que acontecia na década de 80, os produtos Japoneses possuem alta
qualidade, como por exemplo, carros da TOYOTA, que são referência em qualidade e
durabilidade, SONY, referência em tecnologia de som, vídeo e por muitos anos, líder no
segmento de telefones celulares.
Uma característica interessante da estratégia Japonesa, refere-se ao fato de fazer uso
de mecanismos protencionistas, como restringir importações, subsídios públicos, atuar com o
câmbio desvalorizado, juros baixos e até controlar a atividade sindical. Essa estratégia foi
muito presente durante os anos de crescimento acelerado, mas a presença do Estado como
protagonista do desenvolvimento econômico pode gerar consequências trágicas na economia,
como podemos constatar na economia Brasileira, que padece de políticas
33
desenvolvimentistas, que baseadas em uma decisão de poucos, acaba favorecendo um grupo
em específico, em detrimento de uma grande parcela de empresas.
A relação de incentivo à pesquisa e desenvolvimento não ocorreu de forma usual,
como ocorre em alguns países estudados até o momento, já que no Japão os grandes grupos,
fortemente apoiados pelo governo, não incentivavam universidades a desenvolver pesquisa,
pois seus esforços estavam sendo direcionados para os laboratórios instalados em suas
empresas, essa é uma característica que o governo acabou contribuindo e que prejudica o
fluxo de informações que permitem um alto grau de inovação. Todavia, vale ressaltar que o
Japão consegue até hoje se manter entre as nações mais inovadoras e com altos índices de
patentes por habitantes.
A cultura Japonesa não oferece muitos incentivos para que as pessoas e principalmente
os jovens empreendam, criem empresas e aceitem correr riscos inerentes a essa atividade,
dessa forma, os fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos. Outro fator que
contribui para essa realidade é a grande rede de produção de bens industriais que é operada
por poucos grupos, isso prejudica a inserção de um novo empreendimento, já que até as trocas
entre empresas não são bem vistas, pois o foco é que as pessoas entrem em uma empresa e
permaneçam por muito tempo. Para concluir, o fator cultural Japonês, entende que o fracasso
em um empreendimento é erro muito grande e malvisto pela sociedade, dessa forma, qualquer
iniciativa de empreender e arriscar em algo novo é rapidamente desmotivado.
Para incentivar o mercado, o governo definiu um plano de longo prazo de
investimentos quinquenais (5 em 5 anos), no qual investiu entre 1995 a 2000 cerca de US$
157,3 Bilhões, com foco em criar um ambiente mais flexível e competitivo, nesse período
foram incentivadas atividades de pós-doutoramento (mais de 10 mil pesquisadores foram
beneficiados). Outro ponto de atenção foi o aprimoramento do sistema de patentes japonês,
que foi reestruturado baseado no Bay-Dole-Act, dos Estados Unidos.
O segundo plano, que compreendeu os anos de 2001 a 2005, investiu em torno de US$
188 bilhões e teve como principal foco a promoção da pesquisa básica e reforma das
instituições governamentais. O modelo de apoio à pesquisa foi alterado com base no modelo
Americano, que oferece os recursos, mas os proponentes devem disputar em editais abertos.
No terceiro plano, de 2006 a 2010, os investimentos foram na ordem de US$ 223
bilhões e mantiveram o foco em pesquisa básica em áreas prioritárias do governo, como
Tecnologia da Informação e da Comunicação, Ciências Ambientais, Nanotecnologia e
materiais.
34
No Simpósio sobre Ecossistema Global de Inovação - 2007, o primeiro ministro do
Japão, relata a estratégia de investimento do governo, para transformar a economia japonesa,
tornando-a mais integrada com as necessidades globais, mesmo ressaltando valores
expressivos de participação na indústria eletrônica, como mais de 50% dos componentes
eletrônicos fabricados no Japão.
Em resumo, o Japão cresceu praticando políticas industriais no estilo tradicional e
agora se esforça para seguir uma nova orientação baseada em inovação. O plano de Inovação
25, que compreende 25 anos de investimento, prevê um avanço considerável em vários
aspectos da economia Japonesa, visando principalmente contornar a queda no crescimento da
população, envelhecimento, investimento em educação e tecnologias para lidar com
problemas ambientais e de geração de energia, entretanto, aspectos culturais devem ser
melhor trabalhados, para que empreendimentos inovadores possam surgir.
Resumindo o ambiente do Japão, podemos elencar os seguintes itens:
 Esforço iniciado após a Segunda Guerra Mundial (1945). Focado em Inovação
Incremental, Imitações e melhorias e Baixa Qualidade até década 80,
 Contraste com Empresas Multinacionais com destaque para qualidade dos produtos,
como SONY e TOYOTA,
 Mecanismos Protencionistas, Restrição Importações, Subsídios, Câmbio
Desvalorizado e Juros Baixos,
 Pesquisa Básica Universitária versus Pesquisa Aplicada Empresas,
 Fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos,
 Governo Instituiu Plano de Longo Prazo (25 anos), sendo US$ 157 Bilhões (1995 a
2000), US$ 188 Bilhões (2001 a 2005), US$ 223 Bilhões (2006 a 2010) sendo +/- 4%
PIB.
2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO
INOVAÇÃO
2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais
A produção industrial brasileira tem caído constantemente, no acumulado de 12 meses
até Setembro de 2015, temos uma média de -5.3%, o que apresenta uma grande retração da
atividade industrial. Vale ressaltar que a indústria brasileira responde em média por 10% do
PIB, valor similar que pode ser observado em economias desenvolvidas e maduras, entretanto,
quando vemos o exemplo da Coréia do Sul, que possui uma indústria que responde por 30%
do PIB, e ainda se compararmos com o México, que possui algumas similaridades com o
35
Brasil, a área indústrial mexicana responde por 17%, segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento da Indústria e Comercio Exterior (MDIC). Por outro lado, o setor de
Serviços, que inclui Comércio, tem aumentado ano a ano sua participação, dados de 2013,
indicam a participação de 68% no PIB.
Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB
Fonte: MDIC. Disponível em:
<http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=4485>. Acesso em: 31 out.
2015.
O governo federal vem desenvolvendo ações de incentivo à inovação e
empreendedorismo, mas isso nos remete a uma reflexão, pois sempre que o governo interfere
na economia, acaba gerando dependência e direcionando dinheiro para áreas que não estão
sendo atendidas pelas leis normais do mercado (Oferta e Demanda - Sistema de Preços). Se o
mercado não está atendendo a uma necessidade, significa em suma, que não há vantagem
monetária na atividade, pois a demanda deve ser fraca.
Todavia, como a economia brasileira está direcionada em grande parte para o mercado
interno, salvo o agronegócio que tem como foco a exportação, temos um sistema tributário
que desestimula a importação e em contrapartida, o governo desenvolve programas e leis que
incentivam a produção nacional, sob o argumento de aumento de empregos, fortalecer a
indústria, incrementar o PIB e aumentar as exportações, mas essa abordagem traz benefícios a
curto prazo. Por sua vez, uma economia aberta, permitiria a livre concorrência e o
atendimento balanceado das demandas, sem esse mecanismo natural de mercado, os subsídios
gerados pelo governo acabam gerando distorções na economia, privilegiando grupos em
36
detrimento de outros, por fim, o mercado consumidor não consegue ter acesso a equipamentos
e tecnologias de última geração com preços acessíveis, ficando então com uma defasagem
tecnológica que, por fim, em alguns casos, impacta o próprio setor produtivo que não
consegue competir com o mercado externo. Tome-se por exemplo, o setor automobilístico,
que produz basicamente para o mercado interno, oferecendo veículos de baixa qualidade e
apelo tecnológico, que não conseguem competir em outros mercados.
Com altos Impostos para Importação (II), o que transforma a economia local como a
única opção para a indústria, podemos indicar que existe um reflexo dessa política, pois a
Industria Brasileira não consegue se expandir para outros mercados, que por estarem mais
abertos possuem acesso facilitado a novas tecnologias, quando no Brasil, as indústrias não
enfrentam a concorrência de empresas estrangeiras de maneira direta, ficando então na
ociosidade e impedindo um movimento de renovação tecnológica, necessária para competir
em mercados globais.
Em uma pesquisa realizada pela rede internacional de auditorias UHY (2014), no qual
foram avaliadas 18 países e suas taxas de importação de produtos, versus o tamanho de suas
economias; constatou que as economias emergentes cobram impostos de importação que
equivalem a uma média de 0,81% do seu PIB, em comparação com uma média global de
0,47%. Os países que fazem parte do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) -
EUA, Canadá e México - arrecadam, em média, um montante equivalente a 0,2% do seu PIB
em receitas aduaneiras. Dessa forma, fica claro o entendimento que as economias emergentes
precisam abrir suas fronteiras para que concorrentes globais possam competir com empresas
locais, permitindo assim a livre concorrência e como resultado esperado, um aumento na
qualidade dos serviços oferecidos e nas tecnologias empregadas na produção, permitindo
também que os mais eficientes possam oferecer seus produtos em mercados externos.
Quando analisamos os subsídios e renúncias federais, podemos avaliar uma gama de
programas que são lançados e renovados com frequência, entretanto, vale analisarmos
algumas leis que visam melhorar a competitividade das indústrias na área tecnológica, veja
abaixo a tabela 2 que apresenta as renúncias fiscais do Governo Federal, em especial a análise
para a Lei da Informática e Lei do Bem.
37
Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal
Fonte: Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB).
Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/9252.html> Acesso em: 31 out. 2015.
O governo federal anunciou no mês de Setembro de 2015, que os benefícios
oferecidos pela Lei do Bem estão suspensos para o exercício de 2016. De acordo com a
ANPROTEC, isso gerou um impacto direto em mais de 1.150 empresas, que utilizam o único
incentivo fiscal federal voltado a inovação de acesso auto declaratório, pouco burocrático,
multisetorial (ao contrário da Lei da Informática), de cobertura nacional e que possui um
controle eficiente de prestação de contas para o MCTI, MDIC e Receita Federal. Conforme a
ANPEI, os recursos da Lei do Bem estão vinculados em média a 50,8% dos projetos de P&D
das empresas que utilizam o benefício e suporta em média 52% dos pesquisadores das
empresas beneficiadas. Esse incentivo em especial foi um dos principais viabilizadores
econômicos para a implantação de 15 novos centros empresariais de P&D de grande porte nos
últimos 4 anos no Brasil e foi relevante para a produção de no mínimo 20.000 novos produtos
ou aperfeiçoamentos tecnológicos de processos para a sociedade e para a economia brasileira.
38
A lei de informática é um incentivo antigo, presente a mais de 30 anos, e que vem
sofrendo alterações graduais nos últimos anos. Sua elaboração inicial surgiu na década de 80,
com a reserva de mercado, instituída pela lei nº 7.232 de 1984, que proibia a produção e
importação de microcomputadores produzidos por empresas estrangeiras no Brasil, o objetivo
principal do governo era permitir uma vantagem de mercado às empresas brasileiras no
cenário tecnológico, já que empresas estrangeiras, principalmente Norte Americanas, já
estavam bem desenvolvidas nessa área. Essa estratégia mostrou-se um grande erro, pois não
houve desenvolvimento e sim um atraso de pelo menos 5 anos em qualquer item de
informática comercializado no Brasil frente aos importados, soma-se a isso o aumento do
contrabando de equipamentos de informática. Esse bloqueio só foi revogado em 1991, pelo
então presidente Fernando Collor de Melo, que instituiu a Lei nº 8.248/91 em substituição à
anterior citada acima, que tinha como foco incentivar empresas no Brasil, incluindo
multinacionais, a investir uma porcentagem de seu faturamento em pesquisa e
desenvolvimento, tendo como contrapartida, que as empresas atendessem ao PPB (Processo
Produtivo Básico), o que em outras palavras, forçava as empresas a executar parte da
produção dos bens de informática no Brasil.
A existência da Lei da Informática não se mostra eficaz no estímulo à pesquisa e
desenvolvimento nas empresas, pois não conseguiu apresentar casos de sucesso em que a
empresa utilizadora do benefício lançou ou desenvolveu um produtotecnologia e conseguiu
competir globalmente. Por outro lado, a lei do Bem apresenta resultados positivos, porém
modestos, com um impacto médio entre 7% a 11% de aumento no nível de investimento em
P&D interno às empresas, de acordo com o estudo elaborado em 2012 pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). Todavia, existe a percepção de risco em utilizar
esse benefício, que está ligada a interpretação do que a lei cobre e o que pode ser solicitado,
uma vez que a empresa pode ter uma interpretação que não siga o enquadramento legal,
mesmo a aprovação por parte do MCTI não garante que um fiscal da Receita Federal tenha
uma interpretação diferente que leve inclusive a aplicação de uma multa. Devido a essa
insegurança sobre o que pode ser entendido ou classificado como P&D, a utilização dos
benefícios não é utilizada em sua totalidade.
Para concluir, os pesquisadores da empresa UHY concluíram que políticas
protecionistas implementadas pelas economias emergentes para salvaguardar os interesses dos
seus produtores nacionais continuam a afetar negativamente os consumidores que pagam
preços artificialmente elevados sobre bens importados. "Isso também pode suprimir a
competitividade dos fabricantes nacionais isolando-os de mercados globais", comenta Diego
39
Moreira, diretor executivo da UHY Moreira. "Economias emergentes interessadas em
competir no cenário global precisam refletir se as políticas protecionistas são realmente a
melhor maneira de desenvolver o seu potencial, pois acabam sufocando a inovação e
eficiência dos setores produtivos locais", completa.
2.4.2. Ambientes de Inovação
O Brasil é um país de grandes proporções, sua base cultural é extensa e o contraste
entre regiões, como Sul e Norte, são enormes. Quando se discute Inovação, fica claro que
ainda precisamos amadurecer as políticas criadas até o momento. Todavia, o Brasil tem
trabalhado para evoluir e não está na retaguarda dos países da América Latina.
Desde a década de 90, foram criados programas e políticas que visam o
desenvolvimento industrial e tecnológico, como foi feito em 2004, juntamente com a criação
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial e com as Leis de Inovação e do Bem, esta última, sofreu um duro
golpe em Setembro de 2015, quando o governo federal suspendeu os efeitos da Lei do Bem
para o exercício 2016, gerando dúvidas sobre a continuidade do benefício e das políticas de
incentivo à inovação.
No Brasil ainda é comum a associação entre inovação e alta tecnologia, indicada por
muitas empresas, como foco de seus esforços e investimentos. Nos países estudados nesse
trabalho, fica clara a diferenciação dos assuntos e as estratégias empregadas.
Quando analisado o assunto de responsabilidades, coordenação das ações e agências
públicas, podemos verificar que existem sobreposições entre programas criados por
Ministérios, Institutos e Bancos Públicos, como o BNDES. Não existe um plano estratégico
conjunto e focado em algumas áreas de potencial no Brasil.
O Plano Brasil Maior é um programa do governo federal que estabelece a política
industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior para o período de 2011 a 2014.
Organiza-se em ações sistêmicas e setoriais. As sistêmicas são voltadas para a eliminação de
gargalos e o aumento da eficiência produtiva da economia como um todo. As ações setoriais,
definidas a partir de características, desafios e oportunidades dos principais setores
produtivos, estão organizadas em cinco blocos que ordenam a formulação e implementação de
programas e projetos, destacam-se:
• Desoneração dos investimentos e das exportações;
• Ampliação e simplificação do financiamento ao investimento e às exportações;
• Aumento de recursos para inovação;
40
• Aperfeiçoamento do marco regulatório da inovação;
• Estímulos ao crescimento de micro e pequenos negócios;
• Fortalecimento da defesa comercial;
• Criação de regimes especiais para agregação de valor e de tecnologia nas cadeias
produtivas; e
• Regulamentação da lei de compras governamentais para estimular a produção e a
inovação no país.
Fica a impressão de curto prazo empregada pelo governo federal, apesar da intenção
em avançar, falta maturidade política para projetar, coordenar e executar os esforços de longo
prazo. Nos últimos anos, houveram esforços similares, como a Política Industrial,
Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE (2003-2007) e a Política de Desenvolvimento
Produtivo - PDP (2008-2010). O Plano Brasil Maior segue a mesma receita e tem o período
de 2011 a 2014, gerido principalmente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), que possui dezenove Agendas Estratégicas Setoriais (AES), veja
abaixo a lista:
 Automotivo;
 Petróleo, Gás e Naval;
 Bens de Capital;
 TIC e Complexo Eletroeletrônico;
 Complexo da Saúde;
 Defesa, Aeronáutico e Espacial;
 Celulose e Papel;
 Energias Renováveis;
 Indústria da Mineração;
 Metalurgia;
 Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos - HPPC;
 Indústria Química;
 Construção Civil;
 Couro, Calçados, Têxtil e Confecções, Gemas e Jóias;
 Móveis;
 Agroindústria;
 Comércio;
 Serviços;
41
 Serviços Logísticos.
Ainda podemos adicionar o lançamento do Programa “Inova Empresa”, voltado ao
fomento da inovação e funding; esse programa inclui Inova Petro e Inova Energia (BNDES /
FINEP / Fundos Setoriais), que têm impacto direto em TIC: microeletrônica, fotovoltaicos,
software, automação industrial, equipamentos/ sistemas para smart-grid, etc. Estruturação dos
Fundos de Investimentos Criatec II e III para capital semente (BNDES). Houve ainda
estruturação do Fundo de Investimento de TIC (BNDES), aperfeiçoamento das linhas de
apoio à inovação do BNDES via PSI (Programa de Sustentação do Investimento).
Lançamento do edital de subvenção econômica da FINEP para TIC.
Veja abaixo a tabela com as Metas do Brasil Maior:
Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior
Descrição da Meta Posição Base Meta (2014)
1. Ampliar o investimento fixo em % do PIB 18,4% (2010) 22,4%
2. Elevar dispêndio empresarial em P&D em % do PIB
(meta compartilhada com Estratégia Nacional de Ciência
e Tecnologia e Inovação – ENCTI)
0,59% (2010) 0,90%
3. Aumentar a qualificação de RH: % dos trabalhadores
da indústria com pelo menos nível médio
53,7% (2010) 65,0%
4. Ampliar valor agregado nacional: aumentar Valor da
Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção
(VTI/VBP)
44,3% (2009) 45,3%
5. Elevar % da indústria intensiva em conhecimento:
VTI da indústria de alta e média-alta tecnologia/VTI
total da indústria
30,1% (2009) 31,5%
6. Fortalecer as MPMEs: aumentar em 50% o número de
MPMEs inovadoras
37,1 mil (2008) 58,0 mil
7. Produzir de forma mais limpa: diminuir o consumo de
energia por unidade de PIB industrial (consumo de
energia em tonelada equivalente de petróleo – tep por
unidade de PIB industrial)
150,7 tep/
R$ milhão (2010)
137,0 tep/R$ milhão
8. Diversificar as exportações brasileiras, ampliando
a participação do país no comércio internacional
1,36% (2010) 1,60%
9. Elevar participação nacional nos mercados de
tecnologias, bens e serviços para energias: aumentar
Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da
Produção (VTI/VBP) dos setores ligados à energia
64,0% (2009) 66,0%
42
10. Ampliar acesso a bens e serviços para qualidade de
vida: ampliar o número de domicílios urbanos com
acesso à banda larga (meta PNBL)
13,8 milhões
de domicílios (2010)
40,0 milhões de
domicílios
Fonte: Disponível em: < http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/conteudo/155 >. Acesso em:
2 nov. 2015.
Vale ressaltar também que o Brasil possui um emaranhado fiscal, que consome um
tempo valioso das empresas e acaba gerando uma insegurança muito grande se estão ou não
atuando dentro da Lei tributária. Os impostos tratam as empresas de forma diferenciada,
setores são priorizados em detrimentos de outros, sem uma justificativa clara, dessa forma,
podemos traçar um paralelo com a iniciativa de novos empreendedores aceitarem e se
motivarem a entrar nesse sistema cada vez mais complexo e intervencionista do governo.
Em todos os países estudados nesse trabalho, os projetos selecionados para funding
federal são avaliados e medidos por indicadores internacionais, que além de permitir uma
aplicação dos resultados dos projetos em escala global, evitam que grupos nacionais recebam
investimento sob forma de apoio político. Outro paradoxo que precisa ser mudado no
contexto brasileiro, é a relação Universidade e Empresa, ainda existe um vasto espaço para
desenvolvimento dessa área que é peça chave em uma economia baseada no conhecimento e
que deseja ser reconhecida como tal. Os pesquisadores das universidades ainda preferem atuar
em pesquisas básicas, sem foco voltado para problemas de demanda de mercados, que
resultariam em novos empreendimentos. Outro fator a ser ressaltado é o sistema de
financiamento à pesquisa por via competitiva, isso já é aplicado pela FAPESP e FINEP, e
apresenta uma evolução no cenário de investimento público. Para concluir, considera-se
importante o intercâmbio de pesquisadores e estudantes de outros países para
desenvolvimento de pesquisa no Brasil, isso enriquece os conhecimentos das universidades e
o intercâmbio abrem portas para estudantes brasileiros realizarem extensões em outros países,
que por sua vez, permite a experimentação prática de como as coisas funcionam em uma
cultura diferente, trazendo reflexões sobre a realidade do Brasil e insights sobre possibilidades
de novos empreendimentos inovadores.
Quando analisamos a quantidade de patentes depositadas no INPI (Instituto Nacional
de Propriedade Intelectual), podemos constatar um aumento considerável no depósito de
Patente de invenção. De acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual
(WIPO) em 2013 o Brasil possuía em torno de 41.453 ativas, um número ainda muito baixo
quando comparados com os EUA que possuem em torno de 2.2 milhões, veja no gráfico 3
abaixo e evolução das patentes brasileiras:
43
Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil
Fonte: Disponível em: <
http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/350944/Brasil_Pedidos_de_patentes_depo
sitados_no_Instituto_Nacional_da_Propriedade_Industrial_INPI_segundo_tipos_de_pate
ntes_2000_2013.html >. Acesso em: 2 nov. 2015.
O Governo Federal tem desenvolvido programas de apoio ao desenvolvimento
tecnológico da área de TIC, como podemos constatar no programa TI MAIOR, lançado pelo
MCTI em 2012, com um montante de investimento aproximado em 500 milhões de reais
(2012 até 2015). O TI MAIOR está estruturado em cinco pilares: desenvolvimento
econômico e social, posicionamento internacional, inovação e empreendedorismo, produção
científica, tecnológica e inovação, e competitividade.
Podemos visualizar no gráfico 4 abaixo, que o Brasil tem aumentado ano após ano o
investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, no ano de 2013, usando como referência a base
2000, chegamos a marca de 1,32% do PIB, que em valores reais, é algo em torno de R$ 63
bilhões de reais. Traçando um paralelo com a Finlândia, que colocou o investimento em
Pesquisa e Desenvolvimento como estratégia do governo, o valor em 2010 foi de 4% do PIB
finlandês.
44
Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB
Fonte: Produto Interno Bruto: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas
Nacionais
Enfim, quando pensamos nos 6 elementos listados por CARLSON (2006), pode-se
refletir que talento empreendedor para o Brasil é algo que ainda precisa ser aprimorado e mais
incentivado. Temos hoje o SEBRAE como principal agente atuando nessa frente. Os demais
itens são realidade para algumas das grandes cidades brasileiras que possuem a iniciativa de
governos federal e estaduais no sentido de criar parques tecnológicos. Fazem isso com o
objetivo explícito de auxiliar na disseminação da cultura de inovação e implementação de
incubadoras e aceleradoras.
Entretanto, dentro os itens elencados por CARLSON, fica claro que o Brasil não
possui uma cultura disseminada para Venture Capital, de acordo com Pedro Melzer,
Managing Director na eBricks Ventures, empresa que atua na área de investimentos em
empresas inovadoras e com crescimento acelerado. Concorda que lançar produtos globais é
chave e isso faz com que os produtos concorram com outros mercados mais maduros, o que
permite o desenvolvimento de algo superior e de melhor qualidade. Melzer ressalta que a
participação do governo, seja por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e do FINEP em fundos de Venture Capital, muitas vezes engessa a
gestão das empresas, já que essas instituições públicas exigem a participação no comitê de
investimento, mas não possuem condições técnicas para isso, já que os modelos de negócio
não óbvios e inovadores exigem preparo específico.
Um estudo de 2013, conduzido pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), em parceria com a Secretaria de
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação –
45
(SETEC/MCTI), identificou 94 iniciativas de parques tecnológicos no Brasil. Dentre esses,
em torno de 12 são realmente dedicadas à inovação. Para Sérgio Rezende, ex-Ministro da
Ciência, Tecnologia e Inovação (2005-2010), em um cluster, as empresas se juntam para
enfrentar e resolver problemas, por meio de pesquisa e desenvolvimento e de inovação. Ele
ressalta ainda que entre nossos parques tecnológicos, como são chamados, poucos são
clusters, a maioria é ocupada por empresas que usam tecnologia avançada, mas não inovam.
Isso talvez suscite a reflexão necessária de que o modelo de Parque Tecnológico é ainda
questionável como uma receita de sucesso para o florescimento e desenvolvimento da
inovação, a despeito do considerável investimento que vem tendo.
Como o levantamento se baseou em questionários respondidos pelos próprios gestores
dos parques, os dados obtidos pelo Ministério referem-se a 80 parques (já que não houve
sucesso no retorno de alguns desses questionários). Atualmente são 28 parques em operação,
28 em implantação e outros 24 em fase de projeto. O número de empresas instaladas chega a
939, e o de empregos gerados ultrapassa os 32 mil.
O estudo também apontou a importância do apoio financeiro governamental nas
diferentes fases de desenvolvimento deste empreendimento. Recursos federais, estaduais e
municipais são a principal fonte de financiamento de parques nas etapas de projeto e
implantação. Porém, uma vez viabilizados, eles passam a ter como fonte primária de recursos
os investimentos da iniciativa privada (cerca R$ 2,1 bilhões – 55%).
Podemos citar os principais pólos de desenvolvimento tecnológico no Brasil entre eles
o CERTI, localizado em Florianópolis (SC), CIATEC em Campinas (SP), TECNOPUC em
Porto Alegre (RS), San Pedro Valley em Belo Horizonte (MG) e o Porto Digital em Recife
(PE). Esse último, destacando-se pela sua cultura inovadora, influenciada pelo movimento
“Mangue Beat”, mostra-se tão forte que, em certos aspectos, chega a ser comparado ao Vale
do Silício.
O Porto Digital é o principal Parque Tecnológico em operação no Brasil, possuindo
em torno de 230 empresas com mais de 7 mil colaboradores, que juntas faturaram R$ 1 bilhão
em 2013. A meta para 2022 é ter em torno de 20 mil pessoas trabalhando no local.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1. MÉTODO DE PESQUISA
A pesquisa realizada neste trabalho é do tipo qualitativo, pois parte de focos de
interesse amplos, que vão se definido à medida que o estudo se desenvolve. Caracteriza-se
pela obtenção de dados descritivos sob a ótica dos sujeitos, ou seja, dos participantes da
46
situação em estudo, por meio do contato direto do pesquisador com a situação estudada
(GODOY, 1995).
O procedimento escolhido para esse trabalho foi à pesquisa aplicada. Nesta pesquisa,
assim que o problema que reproduz os questionamentos, as incertezas e as possibilidades de
um contexto empresarial que dispara a necessidade de uma tomada de decisão são adotadas
alternativas e propostas para a solução. Portanto, configura-se como estudo exploratório.
Para a obtenção de resultados satisfatórios utilizando o método exploratório,
recomenda-se o uso de ferramentas para a coleta das informações, assim, diminui-se os riscos
da obtenção de dados incompletos ou mesmo inconsistentes e possibilita melhor
entendimento do caso por parte do pesquisador.
Este trabalho teve a preocupação em coletar dados através de instrumentos variados,
fazendo uso de análise de documentos, observação direta, observação participante e
entrevista.
3.2. UNIVERSO DA PESQUISA
Com base nas características levantadas em ecônomias desenvolvidas, o cenário e
contexto brasileiro foi analisado, com o objetivo de identificar as políticas públicas
direcionadas para área de Inovação. Por fim, a região de Sorocaba, Estado de São Paulo, foi
avaliada, visando identificar as políticas implementas até o término do ano 2014, juntamente
com algumas entrevistas realizadas com agentes relacionados ao ecossistema de inovação em
Sorocaba.
4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA
4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA
A criação do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), pode ser considerada como a
principal tentativa da Prefeitura Municipal de Sorocaba (durante a gestão do então prefeito
Vitor Lippi) para posicionar Sorocaba como um polo de Inovação, a ser reconhecido como
uma cidade que hospeda empresas de tecnologia de ponta e, com isso, oferece empregos de
alta qualidade e de remuneração diferenciada. Enfim, que gera desenvolvimento. Essa
iniciativa – diga-se de passagem, que até o presente momento é consumidora de algo em torno
de 25 milhões de reais – é louvável porquanto apresenta semelhanças importantes com países
que vêm obtendo sucesso no desenvolvimento da inovação, alguns dos quais foram descritos
nesse trabalho, por exemplo, na Finlândia, onde foram criados Centros Estratégicos para
Ciência, Tecnologia e Inovação e no Reino Unido, onde se tem as Plataformas de Inovação.
47
Em Dezembro de 2013 o Parque Tecnológico de Sorocaba ganhou a primeira unidade
do Poupatempo da Inovação. O espaço está à disposição de empresas e empreendedores
interessados em agilizar o seu processo de inovação. No local são prestados serviços de
orientação para elaboração de projetos, propriedade intelectual, desenvolvimento de produtos,
apoio jurídico, captação de recursos e empreendedorismo. Essa iniciativa, que talvez seja
inédita no país, pretende alavancar o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I),
influenciando na geração de empregos e no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de
Sorocaba.
4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA
A prefeitura de Sorocaba possui entre as 10 principais diretrizes do governo, o assunto
Inovação, visando desenvolver e diversificar a economia, estimulando a inovação.
Com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), que concentra uma
população aproximada de 1,8 milhão de habitantes, com PIB de R$ 46 Bilhões (2011) e conta
com um Conselho de Desenvolvimento, composto pelos prefeitos dos municípios de
Alambari, Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Cerquilho,
Cesário Lange, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz,
Salto, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí,
Tietê e Votorantim.
A região de Sorocaba possui entre suas principais atividades econômicas: indústrias de
máquinas, siderurgia e metalurgia pesada, indústria automobilística, autopeças, mecânicas,
indústrias têxteis, equipamentos agrícolas, químicas, petroquímicas farmacêuticas, papel e
celulose, produção de cimento, energia eólica, eletrônica, ferramentas, telecomunicações entre
outras, tornando-se assim uma cidade dinâmica e de boa situação econômica. É a 5ª cidade em
desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo e sua produção industrial chega a mais
de 120 países, atingindo um PIB de R$ 9,5 bilhões. As principais bases de sua economia são
os setores de indústria, comércio e serviços, com mais 22 mil empresas instaladas.
4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE
SOROCABA
Conforme explicitado na Metodologia da Pesquisa, durante a análise do ecossistema
de inovação de Sorocaba, foram escolhidas, utilizando os critérios de julgamento por acesso e
relevância do conhecimento para a presente pesquisa, 4 pessoas que participam do
ecossistema de inovação existente em Sorocaba, com papeis relevantes. Dessa forma, foram
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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CAMPUS SOROCABA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO. Sorocaba 2015
  • 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CAMPUS SOROCABA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - SOROCABA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em MBA de Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica, para obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica. Orientação: Prof. Dr. André Coimbra Felix Cardoso Sorocaba 2015
  • 3. FERNANDO ALVES DA SILVA SAMPAIO REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em MBA de Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica, para obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica. Universidade Federal de São Carlos. Sorocaba 05 de Novembro de 2015. Orientador(a) ______________________________________ Dr. (a) Nome Sobrenome Instituição a que pertence Examinador(a) ______________________________________ Dr. (a) Nome Sobrenome Instituição a que pertence Examinador(a) ________________________________________ Dr.(a) Nome Sobrenome Instituição a que pertence
  • 4. DEDICATÓRIA Agradeço a minha esposa Flávia por compreender a importância do tempo empregado na elaboração desse trabalho, que envolveu várias horas dedicadas a leitura de artigos e livros.
  • 5. AGRADECIMENTO Agradeço aos meus colegas de turma e professores que durante o período do curso ofereceram espaço para discussões interessantes que por sua vez abriram novos horizontes para minha vida. Estendo o agradecimento à Odail Silveira, Rodrigo Mendes, Alexandre Alvaro e Christimara Garcia, que cederam seu tempo para conversas sobre ecossistema de inovação, que colaboraram para a conclusão desse trabalho. Em especial ao Prof. Dr. André Coimbra Felix Cardoso, pela colaboração e discussões sobre o tema desse trabalho, incentivando a seguir com as pesquisas, entrevistas e leituras, que permitiram entender diversos aspectos que devem ser considerados quando analisamos ecossistemas de inovação.
  • 6. RESUMO SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. REGIÃO DE SOROCABA E INOVAÇÃO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA A PARTIR DOS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO MUNDO. 2015. 060 f. Monografia (Especialização em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica) – Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba, Sorocaba, 2011. Quando analisamos as principais economias no mundo, tais como Estados Unidos da América, Japão, Reino Unido, China, Alemanha, França, Canadá e algumas nações que investem fortemente em tecnologia e inovação, tais como Coreia do Sul, Irlanda e Finlândia, podemos concluir que o desafio é enorme e envolvem diversos agentes, sendo nas esferas públicas e privadas, para que os objetivos de criar um ambiente propício para desenvolvimento de novas tecnologias, possam resultar em aumento mensurável e expressivo na riqueza de uma nação, com incremento no Produto Interno Bruto (PIB). O Brasil por sua vez atua de forma assíncrona, com políticas de incentivo á inovação, mas ao mesmo tempo mantem barreiras legais que impedem um ambiente de livre concorrência, que por si só geraria competição e inovações. Analisando mais de perto o ecossistema de Sorocaba, chegamos ao ponto em que grande parte dos elementos necessários para um ecossistema de inovação funcionar estão presentes, já que existem políticas públicas de incentivo, empresas de tecnologia, indústria consolidada, parque tecnológico, universidades de qualidade, mas entretanto, ainda falta a cultura empreendedora, base educacional. Acredita-se que a falta de um agente que faça a união dos elementos e incentive a colaboração em torno de um objetivo compartilhado, de elevar o ecossistema de inovação de Sorocaba a níveis regionais, nacionais e mundiais de inovação tecnológica, que por consequência, possa permitir um crescimento econômico sustentável. Palavras-chave: INOVAÇÃO. ECOSSISTEMA INOVAÇÃO EM SOROCABA. ECONOMIA SUSTENTÁVEL
  • 7. RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA SAMPAIO, Fernando Alves da Silva. SOROCABA REGION AND INNOVATION: A CRITICAL FROM THE MAIN TECHNOLOGICAL INNOVATION ECOSYSTEM IN THE WORLD. 2015. 060 f. Monograph (Specialization in Strategic Management Technological Innovation) - Federal University of São Carlos, Sorocaba campus Sorocaba 2011. When we analyze major economies in the world such as USA, Japan, UK, China, Germany, France, Canada and some countries that heavily invest in technology and innovation, such as South Korea, Ireland and Finland, we might conclude that challenge is enormous and involve various players in public and private spheres. The objectives of creating a favorable environment for development of new technologies can result in measurable and significant increase in the wealth of a nation, an increase in Gross Domestic Product (GDP). Brazil in turns operates asynchronously with incentive on innovation policies, but at the same time keeps legal barriers that prevent a free competition environment, which in itself would generate competition and innovation. Looking more closely at Sorocaba ecosystem, we come to the point where most of the elements necessary for an innovation ecosystem function are present, as there are public policy incentives, technology companies, consolidated industry, Technology Park, great universities, but however, still lack entrepreneurial culture and quality basic education. It is believed that lack of an agent that makes the union of those elements and encourage collaboration around a shared goal of raising the Sorocaba innovation ecosystem to regional, national and global levels of technological innovation, which therefore can provide a sustainable economic growth. Keywords: INNOVATION. SOROCABA INNOVATION ECOSYSTEM. SUSTAINABLE ECONOMY
  • 8. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014..............................30 Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB ..........................................................................35 Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil................................................................................43 Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB .......................................................44 Gráfico 5 - Ecossistema de Inovação em Sorocaba..................................................................57 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal......................................................................37 Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior ............................................................................41 Tabela 3- Matriz Ecossistema Sorocaba - Sugerido.................................................................57
  • 9. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS UFSCar - Universidade Federal de São Carlos PIB - Produto Interno Bruto EUA - Estados Unidos da América BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior CERTI - Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras CIATEC - Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas MIT - Massachusetts Institute of Technology ARDC - American Research & Development Corporation DEC - Digital Equipment Corporation HP - Hewlett Packard P&D - Pesquisa e Desenvolvimento TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas OCDE - Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico NIS - Sistema Nacional de Inovação IEA - Instituto de Estudos Avançados USP - Universidade de São Paulo FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo PND - Plano Nacional de Desenvolvimento ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras
  • 10. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................11 1.1 OBJETIVOS.................................................................................................................11 1.2 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................12 1.2.1 Geral.............................................................................................................................12 1.2.2 Específico.....................................................................................................................12 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................13 2.1. INOVAÇÃO.................................................................................................................13 2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO ..............................................................................15 2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 7 PAÍSES...............................................................16 2.3.1. Estados Unidos da América .......................................................................................16 2.3.2. Finlândia......................................................................................................................19 2.3.3. Irlanda .........................................................................................................................23 2.3.4. Canadá.........................................................................................................................27 2.3.5. Reino Unido.................................................................................................................31 2.3.6. Japão ............................................................................................................................32 2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO INOVAÇÃO.............................................................................................................................34 2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais.................................................................34 2.4.2. Ambientes de Inovação...............................................................................................39 3. METODOLOGIA DE PESQUISA ...........................................................................45 3.1. MÉTODO DE PESQUISA...........................................................................................45 3.2. UNIVERSO DA PESQUISA .......................................................................................46 4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA....................................................46 4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA............................................................46 4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA .......................................................47 4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE SOROCABA ............................................................................................................................47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................51 5.1. REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO .............................................................................51 5.2. SUGESTÕES PARA APRIMORAR O POTENCIAL ECOSSISTEMA DE SOROCABA ............................................................................................................................54 6. REFERÊNCIAS..........................................................................................................60
  • 11. 11 1. INTRODUÇÃO Inovação é amplamente discutida e apresentada como um fator estratégico de desenvolvimento para grandes empresas e países. Isso se deve ao fato de creditar à inovação o desenvolvimento da economia quando bem sucedida, já que novos empregos são criados com geração de riqueza dentre outros pontos. Países com alto grau de desenvolvimento industrial e tecnológico, como EUA – Estados Unidos da América, Japão, Irlanda, Reino Unido, Finlândia, Canadá e Coréia do Sul possuem características essenciais para justificar um elevado grau de inovação tecnológica em suas economias. O Brasil tem papel estratégico no contexto global de fornecimento de matéria prima, grãos e proteína animal, entretanto, quando analisamos os dados de exportação de produtos industrializados ou mesmo serviços tecnológicos, não temos a mesma expressão global. Sorocaba por sua vez está muito bem localizada, possui infraestrutura moderna, universidades renomadas, industrias bem desenvolvidas e a área de serviços em ampla expansão. Os últimos anos foram marcados por grande desenvolvimento econômico no Brasil e em Sorocaba não foi diferente, a gestão municipal investiu na criação de um parque tecnológico, para que a área de Inovação fosse fomentada, com o foco em trazer e desenvolver novas tecnologias e incrementar a economia da região. Fala-se muito hoje em Ecossistemas de Inovação – que são regiões geograficamente delimitadas, e dotadas de características muito especiais, de modo a facilitar e potencializar o florescimento da inovação. Em virtude do reconhecimento de que há inúmeros benefícios socioeconômicos trazidos por um ambiente como esse, é que um número cada vez maior de agentes de inovação – pessoas empreendedoras, investidores, empresas, governos – procuram criar as condições adequadas ao surgimento de um ecossistema de inovação. Porém, até onde foi possível pesquisar, não há uma receita de bolo universalizável. Os fatores de sucesso variam de um lugar para o outro, enquanto os desafios se multiplicam. É o que esta pesquisa procura estudar com vistas a, posteriormente, avaliar a região de Sorocaba segundo a perspectiva de Ecossistema de Inovação em estado latente. 1.1 OBJETIVOS A questão que norteou este estudo foi: quais são os fatores que constituem um Ecossistema de Inovação e quão longe Sorocaba se encontra desta situação. Assim, à luz das principais referências sobre Ecossistemas de Inovação no mundo e no Brasil, o objetivo geral
  • 12. 12 do trabalho é pesquisar os principais fatores que compõem um ecossistema de inovação e quão distante Sorocaba está dessa realidade. 1.2 JUSTIFICATIVA Os governos das economias mais desenvolvidas têm buscado desenvolver ações de incentivo à inovação, visando o incremento em suas economias e consequentemente no PIB de seus países. O assunto inovação tem sido fator de frequente discussão na definição das políticas públicas. Com base nas principais características identificadas nos principais países estudados, foi feita uma análise comparativa com as ações tomadas por organizações sociais, privadas e públicas, na região de Sorocaba. Fatores como de incentivo fiscal, isenções, subsídios, cultura inovadora, empreendedorismo e demais artefatos utilizados pelas economias mais inovadoras, são comparados com as ações executadas na região de Sorocaba, visando observar os resultados gerados até o final do ano de 2014. Além disso, são capturadas as percepções de alguns agentes de inovação em Sorocaba. Tendo como base algumas das principais referências nacionais e mundiais de Ecossistemas de Inovação, quais fatores podem ser considerados determinantes para o surgimento de um ambiente como esse na Região de Sorocaba? Enfim, o que Sorocaba pode aprender com estas experiências? 1.2.1 Geral Avaliar as ações desenvolvidas pelas grandes economias, na área de Inovação Tecnológica e buscar identificar similaridades e padrões que podem ser replicados no ecossistema de Inovação existente no Brasil e mais especificamente em Sorocaba. Para tanto, foi capturado um conjunto de percepções diferentes e complementares dos principais gestores e agentes de inovação de Sorocaba (que atualmente operam no contexto de inovação de Sorocaba) as quais são analisadas à luz de uma fundamentação teórica a respeito do assunto. A partir desse olhar, o autor da presente pesquisa irá construir um resumo sobre a situação de Sorocaba, com a pretensão de gerar novas reflexões e insights sobre possíveis caminhos para uma transformação, à guisa de considerações finais. 1.2.2 Específico a) Desenvolver uma matriz que indique os atores existentes no potencial ecossistema de Sorocaba;
  • 13. 13 b) Desenvolver um resumo do cenário Brasileiro em contraste com as economias mais desenvolvidas e com destaque à inovação; c) Identificar as lacunas atuais que podem estar impedindo que o ecossistema seja executado com resultados mensuráveis. d) Propor melhorias e contribuições. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. INOVAÇÃO De acordo com o Manual de Oslo, uma inovação tecnológica de produto é a implantação/comercialização de um produto com características de desempenho aprimoradas de modo a fornecer objetivamente ao consumidor serviços novos ou aprimorados. Uma inovação de processo tecnológico é a implantação/adoção de métodos de produção ou comercialização novos ou significativamente aprimorados. Ela pode envolver mudanças de equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes. Atualmente, o termo inovação vem sendo discutido e apresentado como matéria de ações estratégicas de várias nações desenvolvidas, sendo algumas delas listadas nesse trabalho, como por exemplo, EUA, Irlanda, Finlândia, Canadá e Japão. O Brasil, por sua vez, tem desenvolvido políticas para aprimorar seu desempenho nessa área tão importante para o desenvolvimento de uma nação. Invenção e Inovação estão ligadas diretamente, mas uma invenção usualmente é gerada em laboratórios, universidades ou mesmo em uma garagem com dois engenheiros, mas é importante observar que a inovação sempre será explorada por uma empresa, o que nos remete aos empreendedores, que devem dispor de ambiente propício para criar empresas e comercializar suas inovações. Esse elo não pode ser desconsiderado quando políticas criadas para estimular a Inovação são discutidas. A criatividade do ser humano está presente em diversos trabalhos realizados ao longo da história, desde obras primas como pinturas, esculturas, equipamentos desenvolvidos para melhorar o dia a dia das pessoas, tecnologias de uso diários e médico. Entretanto, o processo de criatividade deve ser incentivado e mantido vivo durante a vida das pessoas, para isso, aspectos culturais e ambientais devem ser considerados. Um ponto citado por alguns autores, como Reinhold Steinbeck, indica que a criatividade é perdida nas escolas, algo similar ao que autor Ken Robinson também menciona em sua obra O Elemento-Chave, no qual discorre sobre a criatividade perdida durante a
  • 14. 14 infância e o poder que a escola tradicional tem em padronizar os conhecimentos e nivelar os alunos. O processo educacional de uma nação é importantíssimo quando analisamos o aspecto inovador de uma nação. Tomemos por exemplo a Coréia do Sul, que em termos econômicos era muito similar ao Brasil na década de 80, entretanto, após uma reestruturação geral em sua educação básica e fundamental, transformou o país em uma potência emergente, com alto grau de desenvolvimento social, econômico e inovador. Podemos citar algumas empresas como Samsung, Hyundai e LG que emergiram de empresas locais para uma posição de competitividade global e alto desempenho tecnológico. Outro aspecto relacionado à Inovação, é o ambiente em que as pessoas envolvidas em processos inovadores estão inseridas. A colaboração entre as pessoas de diferentes áreas, empresas, organizações, financiadores, culturas e segmentos, potencializa o surgimento da inovação em algo atrativo e permeável para a criação de algo inovador. Nesse ambiente, muitas vezes descontraído, com viés de informalidade, com troca de informações constante sobre novos negócios, uma idéia promissora se transforma em um Startup de sucesso em poucas semanas. Podemos ver esse processo nesse trabalho, quando discorremos sobre o ambiente inovador existente nos Estados Unidos, mais precisamente na região da Califórnia, San Jose, conhecida como Vale do Silício. O processo de inovação pode utilizar ferramentas que auxiliam a descoberta e exploração de uma idéia, visando assim a obtenção de um resultado que gere algum valor financeiro, de acordo com o STUBER (2012), o Design Thinking pode ser utilizado com ótimos resultados. O autor destaca também que processos inovadores sem retorno financeiro, pode ser classificada como Inovação Social, quando a mesma está relacionada ao bem estar das pessoas. Isso nos remete ao ponto de reflexão sobre a inovação para resolver problemas de pessoas, nesse aspecto é possível vislumbrar oportunidades de inovação para o dia a dia de grande parte da população de cidades contemporâneas que sofrem, por exemplo, com o problema da mobilidade urbana. Para entendermos como a inovação é criada, além de considerar o ambiente, cultura e base educacional, temos que considerar que não se pode apaixonar-se por idéias, pois quanto antes prototiparmos e avaliarmos que o resultado não foi como o esperado, temos que partir para novas idéias. Quanto mais rápido o processo de experimentação e avaliação for executado, mais rápido será alcançado o sucesso de um produto lançado para o mercado consumidor. Essa é a essência da Teoria do Lean Startup (RIES, 2008).
  • 15. 15 2.2. ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO O termo Ecossistema de Inovação tem sido amplamente discutido por diversos países, tal como Canadá, Irlanda, Finlândia, Japão e outros, que visam implementar e desenvolver políticas de incentivo à inovação tecnológica, com o objetivo de desenvolver um ambiente propício para o surgimento de novas empresas com base tecnológica, definidas usualmente como Startups. CARLSON (2006), ex-CEO da SRI International, ressalta a necessidade de um Cluster para inovar em escala. Para ele deve existir um local onde empreendedores e inovadores possam trabalhar juntos. Um cluster, na área industrial, representa um aglomerado de empresas que possuem características semelhantes e sua localização geográfica local, permite o trânsito de mercadorias, matéria prima, mão de obra e etc. Este conceito foi popularizado pelo economista Michael Porter no ano de 1990, em seu livro Competitive Advantages of Nations (“As vantagens competitivas das nações”). Para Carlson, podemos descrever um sistema de inovação com os seguintes elementos listados abaixo: Talento empreendedor: Considerado como um elemento muito importante no sistema, pois usualmente, atua como força de ruptura na economia, já que parte dele a iniciativa de abrir novas empresas para explorar uma determinada oportunidade no mercardo. Existência de Pesquisa Básica e Aplicada: O sistema de inovação precisa ser alimentado com novas idéias, novos materiais, tecnologias e isso precisa ter o apoio de pesquisadores, corpo técnico científico qualificado para desenvolver pesquisas direcionadas e amplas em diversos assuntos. Conjunto de Universidades: Esse elemento é essencial para fornecer o capital intelectual ao sistema de inovação, sem ele, manter um sistema de inovação incorreria em um custo muito elevado, já que a mão de obra qualificada seria importada de outras regiões. Incubadora/Aceleradora: Instrumento importante para estruturar as Startups, dando condições de existência e operacionalidade. Venture Capital ou capital de risco direcionado para Startups: Sem dinheiro não há como financiar novas idéias e pelo alto grau de incerteza, o risco em que os investidores usuais são expostos, acabam por inviabilizar novos negócios, dessa forma, profissionais de Venture Capital, possui conhecimento sobre somo estruturar a parte financeira da Startup, para que a mesma possa se desenvolver rapidamente. Visão Global para escala de produtos: Esse item é muito critico e pode representar o sucesso da Startup, já que empresas focadas em mercados regionais, não vão conseguir
  • 16. 16 competir em preço e qualidade com o mercado global. Quando se estrutura uma startup para atuar globalmente, usualmente, fatores como idioma, cultura, estratégia de entrada, legislação, tributos, logística e outros itens mais são levados em conta e podem inviabilzar totalmente um negócio. Peter Senger, autor de A Quinta Disciplina, afirma em seu livro que, para crescer e se manter cada vez mais eficiente, toda organização precisa incorporar cinco características: 1) Desenvolver sempre o domínio pessoal; 2) Criar modelos mentais que ajudem a enxergar onde se quer chegar; 3) Construir uma visão compartilhada, que una o grupo; 4) Aprender em equipe, com todos se ajudando; 5) Desenvolver o pensamento sistêmico, que engloba todas as outras quatro características. Tomemos como exemplo a estratégia do SAP Labs, localizado no Tecnosinos em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre (RS), premiado em 2010 como o melhor parque científico e tecnológico do país pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Atualmente, concentra 75 empresas de setores como tecnologia da informação (TI), comunicação e convergência digital e energias renováveis e tecnologias socioambientais, que somam 6.000 empregos diretos e movimentam R$ 1 bilhão por ano. Para contornar a falta de profissionais, adotou uma estratégia de despertar o interesse pelo universo de TI em quem ainda não tem idade para ter carteira de trabalho. Por meio do programa Young Thinkers, a empresa estabeleceu uma parceria com o Colégio Sinodal de São Leopoldo para capacitar professores a transmitir conteúdos didáticos ligados ao tema a alunos do ensino médio e fundamental, entre 10 e 18 anos. “Precisamos de mentes jovens, arejadas, pessoas tecnicamente qualificadas”, afirma Dennison John, presidente da SAP Labs Latin America. 2.3. INOVAÇÃO: ESTRATÉGIA DE 6 PAÍSES Os dados apresentados nas sub sessões abaixo, relacionados aos países, Estados Unidos da América, Finlândia, Irlanda, Canadá, Reino Unido e Japão, foram extraídos do amplo trabalho realizado pela ABDI, sob o título de: INOVAÇÃO: Estratégia de sete países, onde teve como principal organizador, o pesquisador Glauco Arbix. O material foi publicado no Caderno da Indústria ABDI XV em 2010.
  • 17. 17 2.3.1. Estados Unidos da América A história de desenvolvimento dos EUA é marcada por grandes feitos, guerras, imigração, cultura de livre mercado e capitalismo levado a sério por grandes grupos, que se desenvolvem e atuam em diversos países ao redor do mundo. Para entendermos o desenvolvimento tecnológico dos EUA, vamos abordar a virada a partir da década de 1950, quando a cultura de empreendedorismo na indústria eletrônica começa a tomar forma. As universidades de Harvard, Stanford e MIT tiveram papel importante no contexto pós-segunda guerra mundial e início da guerra fria. Nesse período, o governo federal incentivou a criação de empresas de tecnologia para atender as demandas da área Militar. Na universidade de Stanford, Fredrick Terman começou um movimento de criação de empresas para prototipar sistemas eletrônicos inteligentes e transmissão micro ondas, inicialmente para área de radares, que visava a produção militar para atender o governo e as agências de inteligência. Naquela época, não havia a possiblidade de obter empréstimos de bancos para iniciar empresas de tecnologia, já que os bancos costumavam emprestar dinheiro para empresas já estabelecidas, que podiam comprovar suas finanças e renda futura esperada. Um inventor não tinha condições de obter um empréstimo para iniciar um startup, podia entretanto vender sua invenção para uma empresa já existente que desejaria explorar sua invenção. O primeiro fundo de Venture Capital pode ser identificado como ARDC (American Research & Development Corporation), que foi criado em 1946 por George Doriot, ex-reitor da Harvard Business School. Em 1957 teve seu primeiro grande caso de sucesso, quando investiu mais de 2 milhões de dólares na Digital Equipment Corporation (DEC), que abriu seu capital em 1966 trazendo grandes resultados para o fundo ARDC. Nessa época, Terman encorajava seus alunos graduados a iniciar empresas, como fez com William Hewlett and David Packard, fundadores da HP. Havia o incentivo para que professores fizessem consultoria nessas empresas recém criadas e a transferência de tecnologia e propriedade intelectual desenvolvida nos laboratórios de Stanford foi facilitada. Nesse momento podemos visualizar um pouco da cultura de colaboração descrita como fundamental para o Vale do Silício. William Shockley também é reconhecido como um dos pais do Vale do Silício, ele é um dos inventores do Transistor e fundou em 1955 a primeira empresa de Semicondutores na Califórnia. Sua atuação acabou gerando nos anos seguintes uma grande evolução tecnológica, que em meados de 1976 a região da Califórnia já possuía mais de 40 empresas na área de
  • 18. 18 semicondutores, por exemplo, Fairchild Semiconductor e Intel, que apoiavam principalmente o setor de defesa Norte Americano. O nome Vale do Silício é dado pois o material Silício é utilizado na elaboração dos componentes eletrônicos, tal como o transistor e processadores. Para concluir o lado histórico do Vale do Silício, vale ressaltar que por volta de 1979, o governo norte americano reduziu os impostos sobre ganhos de capital, de 49.5% para 28% e permitiu que fundos de pensão pudessem investir em fundos de Venture Capital. Isso gerou um aumento expressivo em investimento em empresas de tecnologia do Vale do Silício. A região do Vale do Silício, no estado da Califórnia, concentra uma grande variedade de empresas de base tecnológica com forte vocação empreendedora, muitas delas baseadas em tecnologias para redes sociais, como Facebook, LinkedIn e Google, possui também centros de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) renomados, como a SRI International. Aliado a esse cenário existem diversas universidades na região, como Stanford e Caltech que intercambiam talentos e conhecimento com essas empresas, adicionando a isso a disponibilidade de capital de risco ou Venture Capital e empreendedores, formando o que se chama de ecossistema de inovação. Em linhas gerais, pode-se definir o termo como um conjunto de pessoas, empresas e organizações que se relacionando em busca de uma evolução a partir do desenvolvimento de projetos inovadores. Importante ressaltar que em 1984, o governo federal aprovou uma lei, conhecida como Bayh-Dole-Act, que trata dos incentivos oferecidos pelos Governos, permitindo assim um aumento de investimentos privados destinados para pesquisa e desenvolvimento em Universidades Públicas e Laboratórios Federais. Antes dessa lei, as invenções decorrentes das pesquisas que utilizavam dinheiro público, deveriam ser registradas para o governo dos EUA, dessa forma, muitos pesquisadores não se motivavam em criar empresas para explorar as invenções e idéias, entretanto, após a Bayh-Dole-Act os pesquisadores passaram a ter o direito de registrar suas invenções em seu nome, o que permitiu a criação de empresas e startups para desenvolver e aprimorar as invenções em produtos comercializáveis. A transferência de tecnologia dos laboratórios de pesquisa existentes nas universidades americanas, para o mercado consumidor permitiu que a cultura capitalista fosse propagada para várias partes do mundo, influenciando a cultura e os costumes locais. Atualmente é a cultura mais “imitada” por seus filmes, músicas e produtos. Entretanto, importante reconhecer o valor das pesquisas universitárias como um veículo de desenvolvimento econômico, nesse contexto, o governo federal, assim como visto em países listados nesse trabalho, como Canadá, Japão, Reino Unido etc., possuem agências de fomento e pesquisa, dentre as de maior destaque nos EUA, podemos citar National Institutes of Health (NIH), National Science
  • 19. 19 Foundation (NSF), Office of Naval Research (ONR), Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) e National Aeronautics and Space Administration (NASA). Uma característica da cultura existente no Vale do Silício, refere-se a forma como a interação com as pessoas ocorre, de maneira pervasiva e muitas vezes direta, visando o compartilhamento de informações sobre planos de negócios e idéias com o objetivo de obter um parceiro de negócio. Essa relação de confiança, sem a necessidade de assinar um termo de confidencialidade ou mesmo estar acompanhado de um advogado, acaba flexibilizando o início de novos negócios e muitas vezes, permitindo o amadurecimento de idéias antes de coloca-las em prática. Resumindo o ambiente dos Estados Unidos da América, podemos elencar os seguintes itens:  Promulgação da Lei Bayh-Dole-Act promoveu um aumento substancial na transferência de tecnologia das universidades para a indústria e, finalmente, para o mercado consumidor,  licenciamento das patentes geradas, criação de novas empresas, empregos com poder aquisitivo acima da média nacional e a criação de novos segmentos industriais também são resultados que o governo americano tem alcançado com as políticas de incentivo aplicadas,  Cultura de Colaboração altamento disseminada no Vale do Silício,  Venture Capital muito desenvolvido, permitindo que empresas de alto risco se desenvolvam com mais facilidade,  Governo Federal incentiva inovação por meio de Agências do Governo, como NASA, Departamento de Defesa (DoD) entre outras. 2.3.2. Finlândia A Finlândia é considerada uma das nações mais competitivas do mundo. Em menos de 20 anos, passou de uma economia baseada em recursos naturais para uma economia puxada pela inovação. Hoje possui um grande foco em tecnologias da informação e comunicação (TIC). O investimento em inovação, passou a fazer parte da pauta dos governantes, a partir da crise que dissolveu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS (1991). Com isso, o governo finlandês, que exportava grande parte de seus produtos primários para a URSS, teve que rever sua estratégia de crescimento.
  • 20. 20 Com esse cenário externo conturbado, a Finlândia decidiu investir pesado em Educação, Ciência, Tecnologia da Informação e Inovação. Os estudantes finlandeses, possuem um sistema gratuito que vai desde o ensino básico até a universidade. Importante citar que com o aumento de investimento público, os alunos estão com desempenho acima dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desempenho Econômico) na escala Pisa de Ciências. O financiamento público para Pesquisa e Desenvolvimento atingiu 3% do PIB em 1999, acima dos 2% da União Europeia na mesma época. Em 2007, foram 3,5% do PIB, o que corresponde a mais ou menos 5,5 Bilhões de EUROS. A meta para 2010 foi de 4% do PIB. O Sistema Nacional de Inovação (NIS), foi criado pelo governo finlandês e é composto pelas seguintes entidades:  Sistema de Pesquisa,  Sistema de Governo,  Sistema Educacional,  Organizações de Financiamento,  Atores Locais e Regionais e previsões legais, incluindo mecanismos de proteção à propriedade intelectual e de incentivos. Importante citar que a Finlândia foi o primeiro país a incluir entre suas diretrizes de governo a meta de construir um sistema nacional de inovação, o que indica um grau de comprometimento estratégico do país nesse assunto, pois possui como foco principal o estímulo ao crescimento sustentável da economia. Mesmo tendo um avanço acelerado após a década de 90, a elaboração e construção das principais instituições básicas para viabilizar o sistema de inovação finlandês, iniciou-se nas décadas de 60-70, registrando grande esforço tecnológico na década de 80 e então na década de 90 com a construção do Sistema Nacional de Inovação e das bases para sociedade do conhecimento. Na década de 80, houve uma grande aceleração do desenvolvimento tecnológico. O maior destaque foi a criação da TEKES em 1983, nessa mesma época, houve um grande incentivo para internacionalizar a Pesquisa e Desenvolvimento, utilizando redes internacionais de pesquisa, alguns parques tecnológicos foram criados e em 1989 o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia foi criado, consolidando assim o complexo sistema de
  • 21. 21 inovação finlandês, que avalia o impacto das políticas executadas pelo poder público. Com base nesse sistema de avaliação, o governo conseguiu aprimorar a gestão, corrigir estratégias e as políticas empregadas. O modelo Finlandês traz à tona uma realidade muito peculiar, pois sua cultura, a longa tradição em design, vasta utilização da internet, utilização da língua inglesa como idioma universal, visão dos finlandeses em se tornarem cidadãos do mundo e até mesmo a tradição descentralizadora de gestão do Estado, trazem reflexões importantes sobre esse modelo, pois dificilmente será replicado em alguma parte do mundo. De acordo com o Secretário Geral do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (STPC), Esko-Olavi Seppala, a Finlândia demorou décadas para aprender a cooperar e a formar visões comuns de seus problemas. Com isso, as políticas planejadas em outros exercícios ou mandatos, são mantidas mesmo com a alternância de poder, permitindo assim que as políticas de estímulo à inovação, que trazem melhorias ao cenário econômico, não sejam interrompidas arbitrariamente. A empresa NOKIA, é um grande exemplo do resultado das políticas criadas pela Finlândia para incentivar a área de Pesquisa e Desenvolvimento. Fundada em 1865 como fábrica de papel, até início do século 19, tinha suas vendas baseadas em botas e cabos de borracha. Em 1960 foi criado um departamento de telecomunicações, em 1990 esse setor respondia por apenas 20% do faturamento. Em 1991 a empresa estava prestes a falir, quando decidiu focar seus esforços em Telefonia Celular, que estava em grande ascensão naquela época. Na época do estudo realizado pela IEA-USP (2010), a NOKIA respondia por mais de 60% do investimento privado em P&D, ou seja, quase 2/3 do total investido pelo setor. Para exemplificar alguns feitos da NOKIA, podemos citar algumas tecnologias de rede, como por exemplo, GSM, 4G e 5G que são tecnologias desenvolvidas pela NOKIA e licenciadas para vários países no mundo. Sua divisão de telefones celulares manteve-se em evidência durante quase uma década e foi adquirida pela Microsoft em 2013. A Finlândia possui uma Agência de Fomento à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, chamada TEKES, muito parecida com o formato da FAPESP no Estado de São Paulo - Brasil. A TEKES, criada em 1983, é um órgão de Planejamento, Financiamento e Fomento às atividades de P&D, à pesquisa aplicada, tecnologia e industrial. Responde atualmente por 30% do financiamento público à inovação. O financiamento da TEKES tem como foco os projetos inovadores e com alto grau de risco. Pode ser disponibilizado a juros baixos ou por meio de subvenção econômica. Um fato
  • 22. 22 interessante é que pode ser concedido às empresas estrangeiras registradas na Finlândia, desde que possuem P&D no país. A TEKES investe grande parte do seu orçamento em projetos de fundo perdido, com isso fica claro a absorção de todo o risco do projeto, assumido pelo poder público. Isso é importante pois estimula inovações radicais, nas quais a iniciativa privada não tem interesse em entrar pelo alto grau de risco envolvido. Mesmo com esse cenário, a taxa de fracasso gira em torno de 20%. Existem três programas importantes na Finlândia, que podem explicar melhor a estratégia de expansão e internacionalização de suas empresas. Veja abaixo: 1) Programa de Centros de Experiência. Lançado em 1994, tem como objetivo o incentivo a projetos de cooperação entre institutos de pesquisa, instituições educacionais e empresas, visando o aumento e modernização do conhecimento de alto nível na região em questão. Já foram criados mais de 13 clusters em 21 centros especializados, que podem ser classificados como Cluster of Expertise ou Cluster de Experiência em tradução livre. Outro ponto interessante é que cada centro regional possui uma especialização, tal como, tecnologia energética, saúde e bem-estar, nanotecnologia, tecnologia limpa, máquinas inteligentes, tecnologia marítima, futuro da indústria florestal, computação, digibusiness, negócios da vida entre outros. 2) Programa de Centros Estratégicos para Ciência, Tecnologia e Inovação, tem como foco coordenar recursos dispersos de pesquisa para atingir metas estratégicas da Finlândia. Sua atuação principal é articular empresas, universidades e institutos de pesquisa, na criação de cinco centros estratégicos, voltados para as áreas de Energia e Meio Ambiente, Metais e Engenharia Mecânica, Saúde e Bem-Estar, Cluster Florestal e TIC. Os fundos de pesquisa são de longo prazo e geridos pela TEKES. 3) Programa de Rede Internacional de Centros de Inovação. Tem como foco estar presente em alguns países líderes no cenário de inovação, fazendo assim a ligação entre os agentes locais de inovação com os institutos finlandeses. Vale ressaltar que com essa estratégia, a Finlândia pretende acelerar a internacionalização das empresas finlandesas, aumentar a mobilidade de pesquisadores e realizar assim pesquisas em conjunto com atores locais, mantendo-se atualizada e no ecossistema de inovação de outros países. Já foram criados cinco centros, destes em: Xangai, China em 2007, Vale do Silício, EUA em 2007, São
  • 23. 23 Petersburgo, Rússia em 2008, em Tóquio, Japão em 2008 e por fim em Mumbai, Índia em 2008. Com a execução desses três programas estratégicos para a Finlândia, é possível identificar claramente a estratégia de fortalecer as conexões entre os setores público e privado, juntamente com a cooperação ativa das empresas, centros de pesquisa e universidades, gerando assim um ambiente favorável à inovação. Seguindo a mesma dinâmica do mercado Norte Americano, a Finlândia aprovou uma nova legislação sobre a propriedade intelectual nas universidades, facilitando assim o uso comercial do resultado das pesquisas. Resumindo o ambiente da Finlândia, podemos elencar os seguintes itens:  Economia baseada no setor primário Russia como principal cliente até a Crise 1991 – URSS,  Modelo Finlandês, tem suas bases no consenso político quanto ao futuro do país. Isso influenciou a continuidade das políticas de incentivo à Pesquisa e Desenvolvimento. Todavia, esse cenário é dificilmente replicável, pois deu-se em conjunto com um determinado período da economia mundial e aspectos culturais do país, como adoção da língua inglesa, visão de cidadão mundial etc,  Rede Internacional de Centros de Inovação, China, EUA, Russia, Japão e Índia,  Possui agência TEKES para financiamento de projetos que apresntam alto risco,  A denominação de Economia baseada em conhecimento pode ser atribuída à Finlândia, com base em sua estratégia exitosa em promover o desenvolvimento da nação após investimentos pesados na universalização do estudo, desde a Educação Básica até a Universidade,  Outro fator importante é o foco em desenvolver tecnologias e pesquisas em segmentos que podem atuar como motores da economia, com isso, as estratégias resultam em geração de empregos mais qualificados, melhor remunerados e aumentam a sensação de bem-estar social. 2.3.3. Irlanda O crescimento da Irlanda apresentou números extraordinários a partir de 1995 até 2000, houve um crescimento médio anual de 10% do PIB, na sequência, até 2004, ficou em torno de 6,1%. Até 1990, a Irlanda era classificada como um dos mais atrasados da Europa, o que na época levou os governantes a traçar um plano nacional de desenvolvimento, para transformar
  • 24. 24 a Irlanda em uma economia competitiva, através de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. A principal característica do momento de maior crescimento da Irlanda, foi a Abertura da Economia, juntamente com a integração com as nações da comunidade europeia e o investimento pesado de multinacionais, que exigiram também a atração de pessoal altamente qualificado. Outro ponto muito importante a ser citado, é que nos anos 1960 o governo Irlandês, executou um forte investimento na qualidade da educação primária e secundária, o que preparou as bases para o desenvolvimento acentuado que se deu na década de 1990. Vale citar também a política agressiva de incentivos fiscais, que derrubou pela metade os impostos, quando comparado a outros países da comunidade europeia, para as empresas que se instalavam na Irlanda. Houve também a atuação de uma agência pública nesse cenário, denominada Agência de Desenvolvimento Industrial, que é considerada a principal plataforma das grandes empresas de tecnologia da informação e comunicação. Outro ponto curioso sobre o caso da Irlanda, refere-se ao Pacto Social, que foi criado na década de 1990, isso se deu como resposta a seguidas crises, tal como Crise do Petróleo, Descontrole dos Gastos Internos Governamentais, que acabaram gerando um movimento de regulação e limitação de negociações salariais, tirando força dos sindicatos, formulação de políticas orientadas para estabilidade de longo prazo, alicerçadas em austeridade fiscal e contenção de gastos públicos. O primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (2000 a 2006) teve um investimento total de US$ 3 bilhões em ciência e inovação. O principal objetivo desse investimento foi construir uma economia baseada no conhecimento. A Irlanda conseguiu alcançar um alto nível de parcerias externas nas patentes requeridas, isso é um resultado claro do aumento de pesquisa científicas realizadas por empresas e centros de pesquisa estrangeiros. Como reflexo dessa política, sua economia é muito dependente de grandes grupos estrangeiros, que por sua vez, executam o financiamento de P&D com dinheiro externo. No ano de 2006, o governo Irlandês elaborou um novo Plano Nacional de Desenvolvimento (2007 a 2013), no qual alocou em torno de 8,2 Bilhões de EUROS para implementação da Estratégia para Ciência, Tecnologia e Inovação. No que se refere às instituições públicas, orientadas para gerir, criar e monitorar as ações do PND Irlandês, podemos citar a criação de quatro instituições com as seguintes atribuições:
  • 25. 25  IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial), criada em 1960. Focada em atrair empresas multinacionais através de incentivos fiscais. Importante citar que a Irlanda oferece como diferencial a mão-de-obra qualidade de imigrantes, força de trabalho jovem, bem educada, barata e com inglês fluente. Essa agência é considerada peça chave no sucesso da trajetória irlandesa.  EI (Empresa da Irlanda), criada em 1960, focada em expandir as empresas Irlandesas para todo o globo. Sua atuação no entanto é muito questionada, pois não apresentou resultados satisfatórios em suas ações e ainda existem dúvidas sobre a necessidade da Irlanda possuir e desenvolver empresas Globais.  SFI (Fundação da Ciência da Irlanda), criada em 2001 pelo Plano Nacional de Desenvolvimento. Tem como exemplo a Fundação Nacional da Ciência, criada pelo governo Norte Americano. Essa agência atua no monitoramento e avalia a qualidade do capital humano irlandês, através do acompanhamento das pesquisas cientificas realizadas em cooperação com as universidades e empresas. Possui como foco, impulsionar e financiar as áreas de ciência e engenharia. Tem como objetivo reverter a frágil tradição de pesquisa das universidades irlandesas, que estão mais voltadas para docência e extensão.  Forfás (Órgão de Prospecção de tendências de ciência, tecnologia e inovação) atua no planejamento, coordenação das políticas, das agências e dos programas de desenvolvimento. As quatro agências são comandadas pelo Ministério do Comércio, Empresa e Emprego. A Irlanda enfrenta alguns dilemas com o expressivo aumento dos salários e qualidade de vida, pois com isso, acabou perdendo competitividade frente a economias emergentes, como China e Índia. Por mais que as agências governamentais atuem, as empresas irlandesas continuam pequenas, com baixa produtividade e pouco internacionalizadas, contra o oposto das multinacionais. Apesar de ter uma mão de obra muito educada, possui pouca tradição em pesquisa básica em ciência e tecnologia.
  • 26. 26 Os Centros de Pesquisas financiados e criados pelo governo irlandês ainda não deram frutos e ainda existe uma certa distância das empresas e universidades. O investimento em educação e qualificação das pessoas é um fator muito importante no sistema da Irlanda, isso deve fazer com que os frutos sejam colhidos nas gerações futuras, que devem desfrutar de uma qualidade de vida superior à atual. Outro ponto interessante é estimular a curiosidade dos jovens pelas atividades científicas. A estratégia de desenvolver Planos Nacionais de Desenvolvimento é muito válida, pois traz à tona o diálogo com a sociedade, que entende e apoia em sua maioria as políticas elaboradas pelo governo, pois entende que fazem parte de escolhas estratégicas para manter o desenvolvimento da Irlanda. Resumindo o ambiente da Irlanda, podemos elencar os seguintes itens:  Governo Irlandês executou em 1960 um amplo programa de investimento em Educação no País,  Em 1990 era considerado um dos países mais atrasados da Europa,  Foco em melhorar a Competitividade do País através da Abertura Economica, Zona do EURO, Investimento de Multinacionais,  Pacto Social em 1990 – Resposta à Crise do Petróleo, Descontrole de Gastos o que se traduziu em Austeridade Fiscal e Planos de Longo Prazo,  Plano Nacional de Desenvolvimento, Fortemente ligado ao investimento externo de P&D, com 3 Bilhões Dólares (2000 à 2006), 10 Bilhões Dólares (2007 à 2013), cerca de 2% PIB 2013  Criou a IDA (Agência de Desenvolvimento Industrial) para Atrair empresas, através de incentivos fiscais.  Mesmo com todos os índices de crescimento e desenvolvimento, a Irlanda foi impactada fortemente pela crise de 2008, o que fez com que sua economia entrasse em recessão depois de mais de uma década de crescimento. Todavia, no segundo trimestre de 2015, sua economia já mostra sinais de recuperação, apresentando crescimento de 1,9%. A recuperação é fruto da alta dependência de investimento externo, de empresas como Intel, Google e Pfizer, apenas para citar algumas. Sua economia continua atraindo empresas multinacionais que oferecem altos salários nos setores de alta tecnologia e serviços.
  • 27. 27 2.3.4. Canadá Para contextualizar o Canadá, deve-se considerar que suas políticas de incentivo à tecnologia e inovação foram iniciadas em meados da década de 1990. Nessa época o país ainda possuía uma forte dependência de suas riquezas minerais, mas em sua história, podemos constatar que os investimentos na área de tecnologia trouxeram ganhos consideráveis, pois conseguiram ser reconhecidos mundialmente pela tecnologia desenvolvida pela empresa RIM, detentora da marca de telefones celulares BlackBerry. O Canadá é um país com vasta extensão territorial, sua colonização é em sua maioria de Franceses e Ingleses, mas receberam fluxos contínuos de Indianos, Chineses e Asiáticos, o que enriquece sobre maneira a cultura local. Com essa diversidade, importante citar que pelo modelo de governo Canadense, conhecido como Federalismo, as regiões são divididas em Províncias, que traçando um paralelo com o Brasil, são como Estados, mas entretanto possuem uma certa autonomia, como por exemplo, são responsáveis pela Educação. O investimento em ciência, tecnologia e inovação se dá tanto na esfera federal, como nas províncias e dessa forma, exige um certo grau de coordenação para evitar sobreposições de esforços. Esse conjunto de características institucionais e culturais transformam o Canadá em um exemplo muito interessante de ser estudado quando analisamos as políticas de Fomento à Inovação. O Governo Federal do Canadá possui uma rede de agências de fomento à P&D e utiliza alguns programas de concessão de isenções fiscais ás Empresas. Entre as agências do governo, podemos citar o Conselho Nacional de Pesquisa (National Research Council - NRC), que executa pesquisas internamente com dinheiro público, outros atuam com mais foco na transferência de recursos e apoio a pesquisas executadas por universidades, como por exemplo, o Conselho de Pesquisas de Engenharia e Ciências Naturais (Natural Sciences and Engineering Research Council - NSERC), o Conselho de Pesquisas de Ciências Sociais e Humanas (Social Sciences and Humanities Research Council - SSHRC) e da rede de Institutos Canadenses para Pesquisas em Saúde (Canadian Institutes for Health Research - CIHR). Em contraste com o apoio às agências federais, que desenvolvem pesquisas, existem também alguns programas do Governo Federal do Canadá, que apoiam e investem recursos diretos em pesquisa executado pelo setor privado, em programas do NRC, apoiando pequenas empresas e usando como base a malha de centros de excelência (Networks of Centers of Excellence - NCE).
  • 28. 28 No conjunto de agências federais de incentivo à pesquisa, é interessante citar a NCE com um número 70 spin-offs entre 2003 à 2010, mesmo com um orçamento em 2007 relativamente pequeno, algo em torno de US$ 75 milhões. Outro aspecto importante nessa agência, é que os projetos são escolhidos por comitês internacionais, cuja decisão é autônoma. Dessa forma, o conflito de interesse entre pesquisadores é reduzido e evita-se também a limitação do conhecimento sobre o potencial de competitividade no cenário global. A NCE também desenvolveu atividades que estabelecesse uma massa crítica de pesquisa no Canadá, entre 1993 a 1999, a NCE promoveu uma integração de pesquisadores em sua rede, fomentando assim uma cultura de colaboração. Por fim, o grande desafio final foi desenvolver projetos propostos e gerenciados por empresas privadas em conjunto com parceiros públicos. Com esse conjunto de atividades, a NCE visa acelerar e incentivar o ecossistema de inovação entre as Universidades, Agências Públicas e as Empresas privadas. A criação do Genoma Canadá se deu em 2000, quando um grupo de cientistas e Venture Capitalists constituíram uma fundação financiada pelo governo federal em conjunto com parceiros públicos e privados. O foco dessa fundação foi financiar e executar pesquisas na área de genômicos e proteômicos. Uma característica interessante dessa fundação, é que ela possui um fundo de investimento com dinheiro federal e privado, mas ao invés de funcionários públicos, o fundo possui gestores profissionais, especializados em venture capital e aplicam todos os critérios de retorno de investimento utilizados pelo mercado, em outras palavras, eles visam ao lucro. Outra característica importante desse fundo é que apenas os melhores projetos são apoiados, para isso, eles precisam apresentar características que permitam competir em nível internacional e dessa forma, possam resultar em tecnologias que possam ir para o mercado consumidor. Por fim, os candidatos ao programa precisam demonstrar que o produto final da pesquisa seja patenteável, tenha aderência ao mercado e que são capazes de captar mais 50% de seu financiamento total no mercado, com outros agentes financiadores. A Fundação para Inovação do Canadá também foi criada em 2000, seu foco é basicamente o financiamento de infraestrutura para instituições. Dessa forma, essa fundação auxilia na formação de laboratórios bem equipados em Universidades, Hospitais de Pesquisa, Colégios e Organizações Não Governamentais. Interessante citar que o foco é direcionado para atrair e manter os melhores talentos (pesquisadores), treinar a próxima geração de pesquisadores que irão suportar as inovações no setor privado, para criar empregos de alta qualidade. O apoio aos projetos selecionados é de 40% do total solicitado, o restante deve vir da iniciativa privada.
  • 29. 29 As origens do incentivo à inovação canadense surgiram em meados do século 19, quando foram criados os primeiros laboratórios agrícolas e as duas universidades canadenses, a Universidade McGill e a Universidade de Toronto. Em 1939, o Canadá investia apenas 0,1% do PIB em P&D, essa realidade só mudou a partir da Segunda Guerra Mundial, pois nessa época o Canadá apoiava os EUA nos esforços para desenvolvimento de armas nucleares (Projeto Manhattan) e demais tecnologias bélicas. Na década de 1970, houve um declínio nos incentivos de P&D, já que o governo entendia que as empresas privadas deveriam arcar com esse investimento. Apenas na década de 1990 é que os retornos econômicos de P&D apareceram com mais força, uma vez que inovação passou a ser considerada como estratégia central do governo Canadense. Durante a década de 1990, o conceito de pesquisa pura ou básica, muito comum nas universidades públicas, passou a ser questionada pois não estava direcionada para as necessidades do mercado, o que nos remete à reflexão que as pesquisas realizadas por entidades públicas devem ser priorizadas para atender demandas específicas de mercado, pois com essa característica, a chance de uma organização privada entrar como parceira no investimento da pesquisa é mais alto do que o cenário citado acima de realizar uma pesquisa pura, baseada em um processo linear de inovação. No Canadá, essa mudança de foco deu-se principalmente com a criação de instituições baseadas no envolvimento direto de empresas e agências públicas de pesquisa, tais como a NCE e o Genome Canadá. Um dos principais motivadores para o Canadá investir em um conjunto de políticas voltadas para P&D na década de 1990, foi melhorar a posição do País no cenário mundial, frente aos países asiáticos que emergiam fortemente na economia global, citando como principal agente, a China, que tem investido fortemente em desenvolvimento tecnológico e tem peso relevante na transferência de empregos que exigem mais conhecimento técnico. Esses empregos por sua vez, sempre foram mantidos nas economias mais desenvolvidas e esse movimento apresenta-se como um grande motivador às economias mais desenvolvidas, para investir em um diferencial para manter sua competitividade no mercado global. Segundo o Industry Canada (2007a), entidade equivalente ao Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior no Brasil (MDIC), o Canadá procura atrair e manter profissionais de ponta, pois com o envelhecimento da sua população, somado às oportunidades de trabalho que os jovens canadenses encontram em outros países, como os Estados Unidos, resultam em um grande desafio para as autoridades locais. O Ministério da Industria (Industry Canada) possui uma série de informações úteis para as pessoas que
  • 30. 30 desejam entender mais sobre Propriedade Intelectual, formas de conseguir um financiamento, como abrir uma empresa, fora um conjunto extenso de Relatórios e Guias para apoiar os cidadãos. O que demonstra o compromisso do Governo em apoiar o desenvolvimento do país com políticas de geração de empresas através de pesquisa e desenvolvimento. Veja abaixo um gráfico da evolução de Venture Capital desde 2005, o fantástico valor levantado em 2014, com US$ 2.3 Bilhões. Gráfico 1 – Evolução do Venture Capital no Canadá entre 2005 até 2014. Fonte: Disponível em: < http://www.ic.gc.ca/eic/site/061.nsf/eng/h_02940.html >. Acesso em: 2 nov. 2015. Uma característica importante a ser ressaltada por pesquisadores, é a falta de Soft Skills, que são as habilidades para gestão de pessoas e negócios. Em um cenário de incentivo à pesquisa, com foco em criar novos produtos, os pesquisadores precisam aperfeiçoar essa característica, para que possam obter sucesso com os produtos desenvolvidos. Nos Estados Unidos, ao invés do pesquisador tentar comercializar sozinho o resultado da pesquisa, usualmente, ele se junta com um empreendedor, acostumado com o mercado, que possui o conhecimento necessário para inserir o produto no mercado correto, aumentando assim a taxa de sucesso. Em resumo, o Canadá possui um conjunto de políticas e iniciativas que permitem o aumento da sua competitividade frente aos países desenvolvidos. Resumindo o ambiente da Canadá, podemos elencar os seguintes itens:  Primeiros laboratórios agrícolas de pesquisa nas Universidades McGill e Toronto. Investia o,1% do PIB em 1939,
  • 31. 31  Apoio ao Projeto Manhattan (EUA) – Armas Nucleares e demais tecnologias Bélicas,  Em 1990 os investimentos em P&D tomam força quando o governo considera Inovação como estratégia central do governo,  NCE (Network Center of Excellence) 70 spin-offs entre 2003 à 2010, em 2007 budget de US$ 75 milhões,  Fundação para Inovação do Canadá (2000) com Foco em financiar Infraestrutura dos laboratórios,  Genoma Canadá (2000) Parceria Público vs Privado voltado para Financiar Pesquisas sobre Genômicos e Proteômicos (50% x 50%),  Venture Capital em desenvolvimento, com forte expansão registrada em 2014, quando atingiu quase US$ 2.4 bilhões de dólares. 2.3.5. Reino Unido A economia britânica é baseada em serviços, dessa forma, quando a discussão sobre Inovação Tecnológica entra na pauta de discussão dos governantes, existe a preocupação em definir uma nova forma de inovação, chamada por eles como Inovação Escondida, que pode ser explicada como pequenas inovações que ocorrem em processos diários, como por exemplo, uma técnica mais aprimorada no processo de extração de petróleo, uma nova forma de realizar uma análise financeira em um financiamento e outras atividades tidas como cotidianas, mas que trazem resultados positivos para as empresas. Existe uma parte do governo que argumenta que deve-se estimular a difusão e circulação de informações, porém na área de serviços, quando essa informação é pública, as chances de obter um retorno financeiro maior com a inovação são drasticamente reduzidas. Por outro lado, quanto maior a circulação de informações, maior será a colaboração entre as empresas e tende-se a ter uma produtividade maior na economia. Vale ressaltar que o sistema de patentes foi criado para proteger as inovações tecnológicas, que podem ser facilmente explicadas através de desenhos e diagramas, por outro lado, uma inovação na área de serviços é muito mais complexa de ser explicada e controlada para evitar utilização indevida. O Governo Britânico atua no incentivo de Inovação, junto às empresas, direcionando o seu poder de compra estatal, estimado em 150 bilhões de libras por ano, com isso, mesmo não gerando garantias de contrato, acaba criando demandas que envolvem alta tecnologia e assim estimulam a aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias.
  • 32. 32 Como conclusão sobre o Reino Unido, podemos entender que as políticas de incentivo devem ser dosadas para obter uma mistura que permita a geração de valor pelas empresas inovadoras, o que será convertido em novos empregos e tecnologias competitivas, mas também deve-se observar o excesso de regulamentações que podem desmotivar os empreendedores a criar suas empresas e assumir uma série de encargos e empréstimos para alavancar sua idéia ou projeto. Resumindo o ambiente do Reino Unido, podemos elencar os seguintes itens:  Economia baseada em Serviços, o que dificulta a classificação de inovações e acaba trazendo à tona a questão da Inovação Escondida,  Pequenas Inovações do Cotidiano que trazem resultado financeiro nas atividades, tais como, novas Técnicas de Extração de Petróleo Aprimorada ou Nova lógica para cálculo de Financiamento,  Complexidade em controlar ou patentear algo relacionado a Serviços,  Governo Britânico incentiva a Inovação direcionando o poder de compra do Estado (150 Bilhões Libras por ano) para criação de novas Demandas, Desenvolvimento de Tecnologias e Startups. 2.3.6. Japão O Japão é um caso muito interessante de desenvolvimento tecnológico, já que iniciou seu esforço para superar a derrota na segunda guerra mundial. Inicialmente o tipo de inovação foi incremental, atuando fortemente em imitações e melhorias de produtos importados. Sua qualidade também era questionável, ao ponto de ser comparada hoje como produtos Chineses, de baixo custo e qualidade, entretanto, essa realidade foi sendo alterada durante os anos e hoje, diferente do que acontecia na década de 80, os produtos Japoneses possuem alta qualidade, como por exemplo, carros da TOYOTA, que são referência em qualidade e durabilidade, SONY, referência em tecnologia de som, vídeo e por muitos anos, líder no segmento de telefones celulares. Uma característica interessante da estratégia Japonesa, refere-se ao fato de fazer uso de mecanismos protencionistas, como restringir importações, subsídios públicos, atuar com o câmbio desvalorizado, juros baixos e até controlar a atividade sindical. Essa estratégia foi muito presente durante os anos de crescimento acelerado, mas a presença do Estado como protagonista do desenvolvimento econômico pode gerar consequências trágicas na economia, como podemos constatar na economia Brasileira, que padece de políticas
  • 33. 33 desenvolvimentistas, que baseadas em uma decisão de poucos, acaba favorecendo um grupo em específico, em detrimento de uma grande parcela de empresas. A relação de incentivo à pesquisa e desenvolvimento não ocorreu de forma usual, como ocorre em alguns países estudados até o momento, já que no Japão os grandes grupos, fortemente apoiados pelo governo, não incentivavam universidades a desenvolver pesquisa, pois seus esforços estavam sendo direcionados para os laboratórios instalados em suas empresas, essa é uma característica que o governo acabou contribuindo e que prejudica o fluxo de informações que permitem um alto grau de inovação. Todavia, vale ressaltar que o Japão consegue até hoje se manter entre as nações mais inovadoras e com altos índices de patentes por habitantes. A cultura Japonesa não oferece muitos incentivos para que as pessoas e principalmente os jovens empreendam, criem empresas e aceitem correr riscos inerentes a essa atividade, dessa forma, os fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos. Outro fator que contribui para essa realidade é a grande rede de produção de bens industriais que é operada por poucos grupos, isso prejudica a inserção de um novo empreendimento, já que até as trocas entre empresas não são bem vistas, pois o foco é que as pessoas entrem em uma empresa e permaneçam por muito tempo. Para concluir, o fator cultural Japonês, entende que o fracasso em um empreendimento é erro muito grande e malvisto pela sociedade, dessa forma, qualquer iniciativa de empreender e arriscar em algo novo é rapidamente desmotivado. Para incentivar o mercado, o governo definiu um plano de longo prazo de investimentos quinquenais (5 em 5 anos), no qual investiu entre 1995 a 2000 cerca de US$ 157,3 Bilhões, com foco em criar um ambiente mais flexível e competitivo, nesse período foram incentivadas atividades de pós-doutoramento (mais de 10 mil pesquisadores foram beneficiados). Outro ponto de atenção foi o aprimoramento do sistema de patentes japonês, que foi reestruturado baseado no Bay-Dole-Act, dos Estados Unidos. O segundo plano, que compreendeu os anos de 2001 a 2005, investiu em torno de US$ 188 bilhões e teve como principal foco a promoção da pesquisa básica e reforma das instituições governamentais. O modelo de apoio à pesquisa foi alterado com base no modelo Americano, que oferece os recursos, mas os proponentes devem disputar em editais abertos. No terceiro plano, de 2006 a 2010, os investimentos foram na ordem de US$ 223 bilhões e mantiveram o foco em pesquisa básica em áreas prioritárias do governo, como Tecnologia da Informação e da Comunicação, Ciências Ambientais, Nanotecnologia e materiais.
  • 34. 34 No Simpósio sobre Ecossistema Global de Inovação - 2007, o primeiro ministro do Japão, relata a estratégia de investimento do governo, para transformar a economia japonesa, tornando-a mais integrada com as necessidades globais, mesmo ressaltando valores expressivos de participação na indústria eletrônica, como mais de 50% dos componentes eletrônicos fabricados no Japão. Em resumo, o Japão cresceu praticando políticas industriais no estilo tradicional e agora se esforça para seguir uma nova orientação baseada em inovação. O plano de Inovação 25, que compreende 25 anos de investimento, prevê um avanço considerável em vários aspectos da economia Japonesa, visando principalmente contornar a queda no crescimento da população, envelhecimento, investimento em educação e tecnologias para lidar com problemas ambientais e de geração de energia, entretanto, aspectos culturais devem ser melhor trabalhados, para que empreendimentos inovadores possam surgir. Resumindo o ambiente do Japão, podemos elencar os seguintes itens:  Esforço iniciado após a Segunda Guerra Mundial (1945). Focado em Inovação Incremental, Imitações e melhorias e Baixa Qualidade até década 80,  Contraste com Empresas Multinacionais com destaque para qualidade dos produtos, como SONY e TOYOTA,  Mecanismos Protencionistas, Restrição Importações, Subsídios, Câmbio Desvalorizado e Juros Baixos,  Pesquisa Básica Universitária versus Pesquisa Aplicada Empresas,  Fundos de Venture Capital são pouco desenvolvidos,  Governo Instituiu Plano de Longo Prazo (25 anos), sendo US$ 157 Bilhões (1995 a 2000), US$ 188 Bilhões (2001 a 2005), US$ 223 Bilhões (2006 a 2010) sendo +/- 4% PIB. 2.4. CONTEXTUALIZAÇÃO E REALIDADE BRASILEIRA SOBRE O ASSUNTO INOVAÇÃO 2.4.1. Aspectos econômicos e Incentivos Fiscais A produção industrial brasileira tem caído constantemente, no acumulado de 12 meses até Setembro de 2015, temos uma média de -5.3%, o que apresenta uma grande retração da atividade industrial. Vale ressaltar que a indústria brasileira responde em média por 10% do PIB, valor similar que pode ser observado em economias desenvolvidas e maduras, entretanto, quando vemos o exemplo da Coréia do Sul, que possui uma indústria que responde por 30% do PIB, e ainda se compararmos com o México, que possui algumas similaridades com o
  • 35. 35 Brasil, a área indústrial mexicana responde por 17%, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comercio Exterior (MDIC). Por outro lado, o setor de Serviços, que inclui Comércio, tem aumentado ano a ano sua participação, dados de 2013, indicam a participação de 68% no PIB. Gráfico 2 - Participação dos Serviços no PIB Fonte: MDIC. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=4485>. Acesso em: 31 out. 2015. O governo federal vem desenvolvendo ações de incentivo à inovação e empreendedorismo, mas isso nos remete a uma reflexão, pois sempre que o governo interfere na economia, acaba gerando dependência e direcionando dinheiro para áreas que não estão sendo atendidas pelas leis normais do mercado (Oferta e Demanda - Sistema de Preços). Se o mercado não está atendendo a uma necessidade, significa em suma, que não há vantagem monetária na atividade, pois a demanda deve ser fraca. Todavia, como a economia brasileira está direcionada em grande parte para o mercado interno, salvo o agronegócio que tem como foco a exportação, temos um sistema tributário que desestimula a importação e em contrapartida, o governo desenvolve programas e leis que incentivam a produção nacional, sob o argumento de aumento de empregos, fortalecer a indústria, incrementar o PIB e aumentar as exportações, mas essa abordagem traz benefícios a curto prazo. Por sua vez, uma economia aberta, permitiria a livre concorrência e o atendimento balanceado das demandas, sem esse mecanismo natural de mercado, os subsídios gerados pelo governo acabam gerando distorções na economia, privilegiando grupos em
  • 36. 36 detrimento de outros, por fim, o mercado consumidor não consegue ter acesso a equipamentos e tecnologias de última geração com preços acessíveis, ficando então com uma defasagem tecnológica que, por fim, em alguns casos, impacta o próprio setor produtivo que não consegue competir com o mercado externo. Tome-se por exemplo, o setor automobilístico, que produz basicamente para o mercado interno, oferecendo veículos de baixa qualidade e apelo tecnológico, que não conseguem competir em outros mercados. Com altos Impostos para Importação (II), o que transforma a economia local como a única opção para a indústria, podemos indicar que existe um reflexo dessa política, pois a Industria Brasileira não consegue se expandir para outros mercados, que por estarem mais abertos possuem acesso facilitado a novas tecnologias, quando no Brasil, as indústrias não enfrentam a concorrência de empresas estrangeiras de maneira direta, ficando então na ociosidade e impedindo um movimento de renovação tecnológica, necessária para competir em mercados globais. Em uma pesquisa realizada pela rede internacional de auditorias UHY (2014), no qual foram avaliadas 18 países e suas taxas de importação de produtos, versus o tamanho de suas economias; constatou que as economias emergentes cobram impostos de importação que equivalem a uma média de 0,81% do seu PIB, em comparação com uma média global de 0,47%. Os países que fazem parte do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) - EUA, Canadá e México - arrecadam, em média, um montante equivalente a 0,2% do seu PIB em receitas aduaneiras. Dessa forma, fica claro o entendimento que as economias emergentes precisam abrir suas fronteiras para que concorrentes globais possam competir com empresas locais, permitindo assim a livre concorrência e como resultado esperado, um aumento na qualidade dos serviços oferecidos e nas tecnologias empregadas na produção, permitindo também que os mais eficientes possam oferecer seus produtos em mercados externos. Quando analisamos os subsídios e renúncias federais, podemos avaliar uma gama de programas que são lançados e renovados com frequência, entretanto, vale analisarmos algumas leis que visam melhorar a competitividade das indústrias na área tecnológica, veja abaixo a tabela 2 que apresenta as renúncias fiscais do Governo Federal, em especial a análise para a Lei da Informática e Lei do Bem.
  • 37. 37 Tabela 1 - Renúncias fiscais do governo federal Fonte: Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/9252.html> Acesso em: 31 out. 2015. O governo federal anunciou no mês de Setembro de 2015, que os benefícios oferecidos pela Lei do Bem estão suspensos para o exercício de 2016. De acordo com a ANPROTEC, isso gerou um impacto direto em mais de 1.150 empresas, que utilizam o único incentivo fiscal federal voltado a inovação de acesso auto declaratório, pouco burocrático, multisetorial (ao contrário da Lei da Informática), de cobertura nacional e que possui um controle eficiente de prestação de contas para o MCTI, MDIC e Receita Federal. Conforme a ANPEI, os recursos da Lei do Bem estão vinculados em média a 50,8% dos projetos de P&D das empresas que utilizam o benefício e suporta em média 52% dos pesquisadores das empresas beneficiadas. Esse incentivo em especial foi um dos principais viabilizadores econômicos para a implantação de 15 novos centros empresariais de P&D de grande porte nos últimos 4 anos no Brasil e foi relevante para a produção de no mínimo 20.000 novos produtos ou aperfeiçoamentos tecnológicos de processos para a sociedade e para a economia brasileira.
  • 38. 38 A lei de informática é um incentivo antigo, presente a mais de 30 anos, e que vem sofrendo alterações graduais nos últimos anos. Sua elaboração inicial surgiu na década de 80, com a reserva de mercado, instituída pela lei nº 7.232 de 1984, que proibia a produção e importação de microcomputadores produzidos por empresas estrangeiras no Brasil, o objetivo principal do governo era permitir uma vantagem de mercado às empresas brasileiras no cenário tecnológico, já que empresas estrangeiras, principalmente Norte Americanas, já estavam bem desenvolvidas nessa área. Essa estratégia mostrou-se um grande erro, pois não houve desenvolvimento e sim um atraso de pelo menos 5 anos em qualquer item de informática comercializado no Brasil frente aos importados, soma-se a isso o aumento do contrabando de equipamentos de informática. Esse bloqueio só foi revogado em 1991, pelo então presidente Fernando Collor de Melo, que instituiu a Lei nº 8.248/91 em substituição à anterior citada acima, que tinha como foco incentivar empresas no Brasil, incluindo multinacionais, a investir uma porcentagem de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento, tendo como contrapartida, que as empresas atendessem ao PPB (Processo Produtivo Básico), o que em outras palavras, forçava as empresas a executar parte da produção dos bens de informática no Brasil. A existência da Lei da Informática não se mostra eficaz no estímulo à pesquisa e desenvolvimento nas empresas, pois não conseguiu apresentar casos de sucesso em que a empresa utilizadora do benefício lançou ou desenvolveu um produtotecnologia e conseguiu competir globalmente. Por outro lado, a lei do Bem apresenta resultados positivos, porém modestos, com um impacto médio entre 7% a 11% de aumento no nível de investimento em P&D interno às empresas, de acordo com o estudo elaborado em 2012 pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Todavia, existe a percepção de risco em utilizar esse benefício, que está ligada a interpretação do que a lei cobre e o que pode ser solicitado, uma vez que a empresa pode ter uma interpretação que não siga o enquadramento legal, mesmo a aprovação por parte do MCTI não garante que um fiscal da Receita Federal tenha uma interpretação diferente que leve inclusive a aplicação de uma multa. Devido a essa insegurança sobre o que pode ser entendido ou classificado como P&D, a utilização dos benefícios não é utilizada em sua totalidade. Para concluir, os pesquisadores da empresa UHY concluíram que políticas protecionistas implementadas pelas economias emergentes para salvaguardar os interesses dos seus produtores nacionais continuam a afetar negativamente os consumidores que pagam preços artificialmente elevados sobre bens importados. "Isso também pode suprimir a competitividade dos fabricantes nacionais isolando-os de mercados globais", comenta Diego
  • 39. 39 Moreira, diretor executivo da UHY Moreira. "Economias emergentes interessadas em competir no cenário global precisam refletir se as políticas protecionistas são realmente a melhor maneira de desenvolver o seu potencial, pois acabam sufocando a inovação e eficiência dos setores produtivos locais", completa. 2.4.2. Ambientes de Inovação O Brasil é um país de grandes proporções, sua base cultural é extensa e o contraste entre regiões, como Sul e Norte, são enormes. Quando se discute Inovação, fica claro que ainda precisamos amadurecer as políticas criadas até o momento. Todavia, o Brasil tem trabalhado para evoluir e não está na retaguarda dos países da América Latina. Desde a década de 90, foram criados programas e políticas que visam o desenvolvimento industrial e tecnológico, como foi feito em 2004, juntamente com a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e com as Leis de Inovação e do Bem, esta última, sofreu um duro golpe em Setembro de 2015, quando o governo federal suspendeu os efeitos da Lei do Bem para o exercício 2016, gerando dúvidas sobre a continuidade do benefício e das políticas de incentivo à inovação. No Brasil ainda é comum a associação entre inovação e alta tecnologia, indicada por muitas empresas, como foco de seus esforços e investimentos. Nos países estudados nesse trabalho, fica clara a diferenciação dos assuntos e as estratégias empregadas. Quando analisado o assunto de responsabilidades, coordenação das ações e agências públicas, podemos verificar que existem sobreposições entre programas criados por Ministérios, Institutos e Bancos Públicos, como o BNDES. Não existe um plano estratégico conjunto e focado em algumas áreas de potencial no Brasil. O Plano Brasil Maior é um programa do governo federal que estabelece a política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior para o período de 2011 a 2014. Organiza-se em ações sistêmicas e setoriais. As sistêmicas são voltadas para a eliminação de gargalos e o aumento da eficiência produtiva da economia como um todo. As ações setoriais, definidas a partir de características, desafios e oportunidades dos principais setores produtivos, estão organizadas em cinco blocos que ordenam a formulação e implementação de programas e projetos, destacam-se: • Desoneração dos investimentos e das exportações; • Ampliação e simplificação do financiamento ao investimento e às exportações; • Aumento de recursos para inovação;
  • 40. 40 • Aperfeiçoamento do marco regulatório da inovação; • Estímulos ao crescimento de micro e pequenos negócios; • Fortalecimento da defesa comercial; • Criação de regimes especiais para agregação de valor e de tecnologia nas cadeias produtivas; e • Regulamentação da lei de compras governamentais para estimular a produção e a inovação no país. Fica a impressão de curto prazo empregada pelo governo federal, apesar da intenção em avançar, falta maturidade política para projetar, coordenar e executar os esforços de longo prazo. Nos últimos anos, houveram esforços similares, como a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE (2003-2007) e a Política de Desenvolvimento Produtivo - PDP (2008-2010). O Plano Brasil Maior segue a mesma receita e tem o período de 2011 a 2014, gerido principalmente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que possui dezenove Agendas Estratégicas Setoriais (AES), veja abaixo a lista:  Automotivo;  Petróleo, Gás e Naval;  Bens de Capital;  TIC e Complexo Eletroeletrônico;  Complexo da Saúde;  Defesa, Aeronáutico e Espacial;  Celulose e Papel;  Energias Renováveis;  Indústria da Mineração;  Metalurgia;  Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos - HPPC;  Indústria Química;  Construção Civil;  Couro, Calçados, Têxtil e Confecções, Gemas e Jóias;  Móveis;  Agroindústria;  Comércio;  Serviços;
  • 41. 41  Serviços Logísticos. Ainda podemos adicionar o lançamento do Programa “Inova Empresa”, voltado ao fomento da inovação e funding; esse programa inclui Inova Petro e Inova Energia (BNDES / FINEP / Fundos Setoriais), que têm impacto direto em TIC: microeletrônica, fotovoltaicos, software, automação industrial, equipamentos/ sistemas para smart-grid, etc. Estruturação dos Fundos de Investimentos Criatec II e III para capital semente (BNDES). Houve ainda estruturação do Fundo de Investimento de TIC (BNDES), aperfeiçoamento das linhas de apoio à inovação do BNDES via PSI (Programa de Sustentação do Investimento). Lançamento do edital de subvenção econômica da FINEP para TIC. Veja abaixo a tabela com as Metas do Brasil Maior: Tabela 2 - Metas do Programa Brasil Maior Descrição da Meta Posição Base Meta (2014) 1. Ampliar o investimento fixo em % do PIB 18,4% (2010) 22,4% 2. Elevar dispêndio empresarial em P&D em % do PIB (meta compartilhada com Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação – ENCTI) 0,59% (2010) 0,90% 3. Aumentar a qualificação de RH: % dos trabalhadores da indústria com pelo menos nível médio 53,7% (2010) 65,0% 4. Ampliar valor agregado nacional: aumentar Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) 44,3% (2009) 45,3% 5. Elevar % da indústria intensiva em conhecimento: VTI da indústria de alta e média-alta tecnologia/VTI total da indústria 30,1% (2009) 31,5% 6. Fortalecer as MPMEs: aumentar em 50% o número de MPMEs inovadoras 37,1 mil (2008) 58,0 mil 7. Produzir de forma mais limpa: diminuir o consumo de energia por unidade de PIB industrial (consumo de energia em tonelada equivalente de petróleo – tep por unidade de PIB industrial) 150,7 tep/ R$ milhão (2010) 137,0 tep/R$ milhão 8. Diversificar as exportações brasileiras, ampliando a participação do país no comércio internacional 1,36% (2010) 1,60% 9. Elevar participação nacional nos mercados de tecnologias, bens e serviços para energias: aumentar Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) dos setores ligados à energia 64,0% (2009) 66,0%
  • 42. 42 10. Ampliar acesso a bens e serviços para qualidade de vida: ampliar o número de domicílios urbanos com acesso à banda larga (meta PNBL) 13,8 milhões de domicílios (2010) 40,0 milhões de domicílios Fonte: Disponível em: < http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/conteudo/155 >. Acesso em: 2 nov. 2015. Vale ressaltar também que o Brasil possui um emaranhado fiscal, que consome um tempo valioso das empresas e acaba gerando uma insegurança muito grande se estão ou não atuando dentro da Lei tributária. Os impostos tratam as empresas de forma diferenciada, setores são priorizados em detrimentos de outros, sem uma justificativa clara, dessa forma, podemos traçar um paralelo com a iniciativa de novos empreendedores aceitarem e se motivarem a entrar nesse sistema cada vez mais complexo e intervencionista do governo. Em todos os países estudados nesse trabalho, os projetos selecionados para funding federal são avaliados e medidos por indicadores internacionais, que além de permitir uma aplicação dos resultados dos projetos em escala global, evitam que grupos nacionais recebam investimento sob forma de apoio político. Outro paradoxo que precisa ser mudado no contexto brasileiro, é a relação Universidade e Empresa, ainda existe um vasto espaço para desenvolvimento dessa área que é peça chave em uma economia baseada no conhecimento e que deseja ser reconhecida como tal. Os pesquisadores das universidades ainda preferem atuar em pesquisas básicas, sem foco voltado para problemas de demanda de mercados, que resultariam em novos empreendimentos. Outro fator a ser ressaltado é o sistema de financiamento à pesquisa por via competitiva, isso já é aplicado pela FAPESP e FINEP, e apresenta uma evolução no cenário de investimento público. Para concluir, considera-se importante o intercâmbio de pesquisadores e estudantes de outros países para desenvolvimento de pesquisa no Brasil, isso enriquece os conhecimentos das universidades e o intercâmbio abrem portas para estudantes brasileiros realizarem extensões em outros países, que por sua vez, permite a experimentação prática de como as coisas funcionam em uma cultura diferente, trazendo reflexões sobre a realidade do Brasil e insights sobre possibilidades de novos empreendimentos inovadores. Quando analisamos a quantidade de patentes depositadas no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), podemos constatar um aumento considerável no depósito de Patente de invenção. De acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO) em 2013 o Brasil possuía em torno de 41.453 ativas, um número ainda muito baixo quando comparados com os EUA que possuem em torno de 2.2 milhões, veja no gráfico 3 abaixo e evolução das patentes brasileiras:
  • 43. 43 Gráfico 3 - Volume de Patentes no Brasil Fonte: Disponível em: < http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/350944/Brasil_Pedidos_de_patentes_depo sitados_no_Instituto_Nacional_da_Propriedade_Industrial_INPI_segundo_tipos_de_pate ntes_2000_2013.html >. Acesso em: 2 nov. 2015. O Governo Federal tem desenvolvido programas de apoio ao desenvolvimento tecnológico da área de TIC, como podemos constatar no programa TI MAIOR, lançado pelo MCTI em 2012, com um montante de investimento aproximado em 500 milhões de reais (2012 até 2015). O TI MAIOR está estruturado em cinco pilares: desenvolvimento econômico e social, posicionamento internacional, inovação e empreendedorismo, produção científica, tecnológica e inovação, e competitividade. Podemos visualizar no gráfico 4 abaixo, que o Brasil tem aumentado ano após ano o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, no ano de 2013, usando como referência a base 2000, chegamos a marca de 1,32% do PIB, que em valores reais, é algo em torno de R$ 63 bilhões de reais. Traçando um paralelo com a Finlândia, que colocou o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento como estratégia do governo, o valor em 2010 foi de 4% do PIB finlandês.
  • 44. 44 Gráfico 4 - Evolução do investimento em relação ao PIB Fonte: Produto Interno Bruto: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais Enfim, quando pensamos nos 6 elementos listados por CARLSON (2006), pode-se refletir que talento empreendedor para o Brasil é algo que ainda precisa ser aprimorado e mais incentivado. Temos hoje o SEBRAE como principal agente atuando nessa frente. Os demais itens são realidade para algumas das grandes cidades brasileiras que possuem a iniciativa de governos federal e estaduais no sentido de criar parques tecnológicos. Fazem isso com o objetivo explícito de auxiliar na disseminação da cultura de inovação e implementação de incubadoras e aceleradoras. Entretanto, dentro os itens elencados por CARLSON, fica claro que o Brasil não possui uma cultura disseminada para Venture Capital, de acordo com Pedro Melzer, Managing Director na eBricks Ventures, empresa que atua na área de investimentos em empresas inovadoras e com crescimento acelerado. Concorda que lançar produtos globais é chave e isso faz com que os produtos concorram com outros mercados mais maduros, o que permite o desenvolvimento de algo superior e de melhor qualidade. Melzer ressalta que a participação do governo, seja por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do FINEP em fundos de Venture Capital, muitas vezes engessa a gestão das empresas, já que essas instituições públicas exigem a participação no comitê de investimento, mas não possuem condições técnicas para isso, já que os modelos de negócio não óbvios e inovadores exigem preparo específico. Um estudo de 2013, conduzido pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação –
  • 45. 45 (SETEC/MCTI), identificou 94 iniciativas de parques tecnológicos no Brasil. Dentre esses, em torno de 12 são realmente dedicadas à inovação. Para Sérgio Rezende, ex-Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (2005-2010), em um cluster, as empresas se juntam para enfrentar e resolver problemas, por meio de pesquisa e desenvolvimento e de inovação. Ele ressalta ainda que entre nossos parques tecnológicos, como são chamados, poucos são clusters, a maioria é ocupada por empresas que usam tecnologia avançada, mas não inovam. Isso talvez suscite a reflexão necessária de que o modelo de Parque Tecnológico é ainda questionável como uma receita de sucesso para o florescimento e desenvolvimento da inovação, a despeito do considerável investimento que vem tendo. Como o levantamento se baseou em questionários respondidos pelos próprios gestores dos parques, os dados obtidos pelo Ministério referem-se a 80 parques (já que não houve sucesso no retorno de alguns desses questionários). Atualmente são 28 parques em operação, 28 em implantação e outros 24 em fase de projeto. O número de empresas instaladas chega a 939, e o de empregos gerados ultrapassa os 32 mil. O estudo também apontou a importância do apoio financeiro governamental nas diferentes fases de desenvolvimento deste empreendimento. Recursos federais, estaduais e municipais são a principal fonte de financiamento de parques nas etapas de projeto e implantação. Porém, uma vez viabilizados, eles passam a ter como fonte primária de recursos os investimentos da iniciativa privada (cerca R$ 2,1 bilhões – 55%). Podemos citar os principais pólos de desenvolvimento tecnológico no Brasil entre eles o CERTI, localizado em Florianópolis (SC), CIATEC em Campinas (SP), TECNOPUC em Porto Alegre (RS), San Pedro Valley em Belo Horizonte (MG) e o Porto Digital em Recife (PE). Esse último, destacando-se pela sua cultura inovadora, influenciada pelo movimento “Mangue Beat”, mostra-se tão forte que, em certos aspectos, chega a ser comparado ao Vale do Silício. O Porto Digital é o principal Parque Tecnológico em operação no Brasil, possuindo em torno de 230 empresas com mais de 7 mil colaboradores, que juntas faturaram R$ 1 bilhão em 2013. A meta para 2022 é ter em torno de 20 mil pessoas trabalhando no local. 3. METODOLOGIA DE PESQUISA 3.1. MÉTODO DE PESQUISA A pesquisa realizada neste trabalho é do tipo qualitativo, pois parte de focos de interesse amplos, que vão se definido à medida que o estudo se desenvolve. Caracteriza-se pela obtenção de dados descritivos sob a ótica dos sujeitos, ou seja, dos participantes da
  • 46. 46 situação em estudo, por meio do contato direto do pesquisador com a situação estudada (GODOY, 1995). O procedimento escolhido para esse trabalho foi à pesquisa aplicada. Nesta pesquisa, assim que o problema que reproduz os questionamentos, as incertezas e as possibilidades de um contexto empresarial que dispara a necessidade de uma tomada de decisão são adotadas alternativas e propostas para a solução. Portanto, configura-se como estudo exploratório. Para a obtenção de resultados satisfatórios utilizando o método exploratório, recomenda-se o uso de ferramentas para a coleta das informações, assim, diminui-se os riscos da obtenção de dados incompletos ou mesmo inconsistentes e possibilita melhor entendimento do caso por parte do pesquisador. Este trabalho teve a preocupação em coletar dados através de instrumentos variados, fazendo uso de análise de documentos, observação direta, observação participante e entrevista. 3.2. UNIVERSO DA PESQUISA Com base nas características levantadas em ecônomias desenvolvidas, o cenário e contexto brasileiro foi analisado, com o objetivo de identificar as políticas públicas direcionadas para área de Inovação. Por fim, a região de Sorocaba, Estado de São Paulo, foi avaliada, visando identificar as políticas implementas até o término do ano 2014, juntamente com algumas entrevistas realizadas com agentes relacionados ao ecossistema de inovação em Sorocaba. 4. AMBIENTE DE INOVAÇÃO EM SOROCABA 4.1 PARQUE TECNOLÓGICO DE SOROCABA A criação do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), pode ser considerada como a principal tentativa da Prefeitura Municipal de Sorocaba (durante a gestão do então prefeito Vitor Lippi) para posicionar Sorocaba como um polo de Inovação, a ser reconhecido como uma cidade que hospeda empresas de tecnologia de ponta e, com isso, oferece empregos de alta qualidade e de remuneração diferenciada. Enfim, que gera desenvolvimento. Essa iniciativa – diga-se de passagem, que até o presente momento é consumidora de algo em torno de 25 milhões de reais – é louvável porquanto apresenta semelhanças importantes com países que vêm obtendo sucesso no desenvolvimento da inovação, alguns dos quais foram descritos nesse trabalho, por exemplo, na Finlândia, onde foram criados Centros Estratégicos para Ciência, Tecnologia e Inovação e no Reino Unido, onde se tem as Plataformas de Inovação.
  • 47. 47 Em Dezembro de 2013 o Parque Tecnológico de Sorocaba ganhou a primeira unidade do Poupatempo da Inovação. O espaço está à disposição de empresas e empreendedores interessados em agilizar o seu processo de inovação. No local são prestados serviços de orientação para elaboração de projetos, propriedade intelectual, desenvolvimento de produtos, apoio jurídico, captação de recursos e empreendedorismo. Essa iniciativa, que talvez seja inédita no país, pretende alavancar o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), influenciando na geração de empregos e no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de Sorocaba. 4.2 REGIÃO METROPOLITANA DE SOROCABA A prefeitura de Sorocaba possui entre as 10 principais diretrizes do governo, o assunto Inovação, visando desenvolver e diversificar a economia, estimulando a inovação. Com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), que concentra uma população aproximada de 1,8 milhão de habitantes, com PIB de R$ 46 Bilhões (2011) e conta com um Conselho de Desenvolvimento, composto pelos prefeitos dos municípios de Alambari, Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí, Tietê e Votorantim. A região de Sorocaba possui entre suas principais atividades econômicas: indústrias de máquinas, siderurgia e metalurgia pesada, indústria automobilística, autopeças, mecânicas, indústrias têxteis, equipamentos agrícolas, químicas, petroquímicas farmacêuticas, papel e celulose, produção de cimento, energia eólica, eletrônica, ferramentas, telecomunicações entre outras, tornando-se assim uma cidade dinâmica e de boa situação econômica. É a 5ª cidade em desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo e sua produção industrial chega a mais de 120 países, atingindo um PIB de R$ 9,5 bilhões. As principais bases de sua economia são os setores de indústria, comércio e serviços, com mais 22 mil empresas instaladas. 4.3 VISÃO DE AGENTES ENVOLVIDOS NO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DE SOROCABA Conforme explicitado na Metodologia da Pesquisa, durante a análise do ecossistema de inovação de Sorocaba, foram escolhidas, utilizando os critérios de julgamento por acesso e relevância do conhecimento para a presente pesquisa, 4 pessoas que participam do ecossistema de inovação existente em Sorocaba, com papeis relevantes. Dessa forma, foram