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ABRIL / 2005
Autor: Cap BM William da Silva Rosa
Ilustrações: CFO 2 BM / Asp 2006
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos militares do 12º Btl Inf Mnt pelos
ensinamentos de escalada militar em 1995; aos militares do
CEBOM, na pessoa do Sr. Ten-Cel BM Novaes e do Sr. Ten-
Cel BM Teixeira, pelas aulas transmitidas no CSAlt/97; aos
membros do Grupo UERE, na pessoa do amigo Magno, pelos
conhecimentos de Técnicas Verticais que revolucionaram
minha maneira de ver o Salvamento em Altura; a Gustavo
Rolla e Marcelo, da Academia BH Vertical e Loja Das Pedras,
respectivamente, pelo Curso de Escalada Esportiva em Rocha
e das ajudas incondicionais ao CBMMG; ao Cb BM Macena,
pelas aulas de escalada em móvel e de conquista de vias; ao
Sr. Ten-Cel BM Matuzail, então chefe do CEBOM, que não se
importou em ultrapassar barreiras para me escalar como
instrutor; aos cadetes do CFO BM, meus alunos de Salv.
Altura, a partir de 2003, com os quais mais aprendi no campo
da docência do que eles comigo; em especial à turma do CFO
2BM/2005 (Asp. 2006), pelas ilustrações desta apostila e do
Vol. 1; enfim...
...aos meus parentes, pela torcida; aos meus irmãos, Angélica
e Wallisom, por nunca duvidarem dos meus objetivos...
...a minha mãe Inez, pelo apoio nos momentos difíceis;
...a meu pai, o famoso “Cb Adão”, em quem me inspiro a todo
instante para tentar acreditar que ser honesto ainda vale a
pena;
...a minha esposa, Sgt BM Wilsa, pela paciência em me
suportar falando de Salvamento em Altura e Escalada a todo
hora e todos os dias, e pela torcida e apoio quando mais
precisei;
...a minha baixinha: Carolina Maira do Nascimento Rosa, minha
semente aqui na terra.
...finalmente, a “meu” Deus, pela força que me deu para
superar alguns obstáculos que se apresentaram em minha
frente e por me fazer acreditar sempre que: NADA É
IMPOSSÍVEL.
3
ÍNDICE
INTRODUÇÃO................................................................................................................... 04
SEGURANÇA NAS OPERAÇÕES.................................................................................. 05
ANCORAGEM..................................................................................................................... 06
Nó Fiel, a polêmica................................................................................................ 08
Estropo.................................................................................................................... 08
Mosquetão de aço.................................................................................................. 09
Placa de Multiancoragem..................................................................................... 10
EQUALIZAÇÕES.............................................................................................................. 10
PSEUDO-EQUALIZAÇÕES............................................................................................ 12
PONTOS DE ANCORAGENS EMERGENCIAIS........................................................ 14
TRACIONAMENTO DE CABOS.................................................................................... 16
RAPEL COM VÍTIMA....................................................................................................... 19
TIROLESA COM DESCIDA COMANDADA............................................................... 23
ASCENSÃO NO PLANO VERTICAL............................................................................ 24
ESCALADA EM ESTRUTURAS METÁLICAS............................................................ 26
GLOSSÁRIO...................................................................................................................... 28
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................ 37
4
INTRODUÇÃO
No Volume 1 da nossa Apostila de Salvamento em Altura fizemos uma
abordagem inicial da matéria onde focamos nossa atenção na adaptação em altura
e no primeiro contato com as técnicas utilizadas nesse tipo de salvamento.
Assim, o desenvolvimento dos aspectos psicológicos e físicos foi o
destaque. Vencer a fobia de estar fora da “Cota Zero” e demonstrar condições
de se salvar através das rotas de fuga foram o clímax da matéria.
Neste volume, o segundo, aprenderemos como tracionar e tensionar
corretamente um cabo aéreo, regras de segurança utilizadas, tipos de
ancoragens entre outros. Será abordado também o resgate de vítimas pela
técnica do Rapel e iniciaremos a escalada “guiando”.
Sobre os aspectos de segurança, importamos as regras apresentadas no
primeiro volume, uma vez que têm que ser literalmente digeridas por nossos
cérebros para tentarmos reduzir os riscos de acidentes próximo do zero.
Enfim, a missão precípua do bombeiro é salvar vidas e bens. Por isso, o
desenvolvimento diuturno de técnicas e táticas que facilitem esse árduo trabalho
deve ser nosso ideal constante. Com a nova conjuntura financeira que se nos
apresenta, fica mais fácil vencer barreiras internas que nos dificultava quebrar
paradigmas. Brevemente nossas Guarnições de Salvamento estarão equipadas
adequadamente para o a busca e resgate com técnica e qualidade dignas de um
Corpo de Bombeiros do século XXI.
Para finalizar fica o nosso lema: SEGURANÇA ACIMA DE TUDO.
O AUTOR
5
SEGURANÇA NAS OPERAÇÕES
Seguem abaixo as maneiras mais comuns de se garantir a segurança nas
operações de Salvamento em Altura, extraídas no Manual de Salvamento em
Altura do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, 1ª edição, 1991, p. 81,
in verbis:
1-Nunca se deve permitir que apenas um elemento execute a operação.
2-Os equipamentos devem ser checados e avaliados antes e depois de qualquer
tipo de trabalho.
3-Após a colocação ou vestimenta de qualquer equipamento, deve-se fazer uma
checagem dos mesmos.
4-Nunca alterar os procedimentos operacionais, sem prévio conhecimento dos
integrantes da guarnição.
5-Todas as amarrações e fixações de equipamentos devem ser muito bem
checadas e vigiadas.
6-Sempre que se estiver trabalhando em locais elevados, como por exemplo,
peitoril de janelas e parapeitos de edifícios, o homem deve estar preso a um
ponto fixo, por meio de um cabo solteiro ou fita tubular. (grifo nosso)
7-Os elementos da guarnição que estiverem empenhados no controle de
velocidade das cordas de descida ou cordas guias, sempre deverão estar usando
luvas e posicionados de maneira a dar sustentação às mesmas.
8-Nas transposições de cabos horizontais ou inclinados além do equipamento que
deslizará sobre a corda, o homem deverá estar garantido por um sistema em
separado.
9-Não deve ser permitida a ajuda ou interferência da vítima no processo de
salvamento, a não ser em situações extraordinárias.
Lembre-se: A GRAVIDADE NÃO DORME.
6
ANCORAGEM
Ancoragem é nada mais nada menos que o ponto de fixação da corda a um
objeto, ou seja, o local onde será amarrada para utilização em finalidades
diversas.
No CBMMG, até a ocorrência de um acidente fatal com um militar, na
Prontidão de Incêndios do 1º BBM, a preocupação com o uso de um segundo ponto
de ancoragem parecia não ser uma regra. A partir de então, e principalmente com
a assinatura da Instrução de Conduta Operacional (ICOp) nº 20, de 1993,
padronizou-se que a ancoragem deveria ser feita sempre em dois pontos e nunca
em um só.
Embora praticamente não exista mais a corda de emprego “multi-
operacional”, a regra dos dois pontos de ancoragem ainda continua valendo, pois
nem todos os bombeiros têm conhecimento técnico suficiente para atestar se um
só ponto de ancoragem é sólido e confiável o bastante. Afinal, é sempre melhor
“errar” para mais; a “redundância” só é perniciosa se atrapalhar o desenrolar das
operações.
Para a União Internacional de Associações de Alpinistas (UIAA), uma
ancoragem padrão deve suportar o dobro da força de choque gerada por uma
queda Fator 2. Para tanto, tal ancoragem tem que resistir a cargas de, no mínimo,
7
24 kN (2400 kgf). Uma ancoragem que atende a tais exigências é conhecida como
Ancoragem Padrão UIAA ou Ancoragem a Prova de Bombas.
Entendendo o conceito de que “uma corrente é tão forte quanto o seu elo
mais fraco”, chegaremos à conclusão de que para atender aos padrões da
National Fire Protection Association (NFPA), uma ancoragem deveria suportar,
no mínimo, 40 kN (4000 kgf). Tal conclusão resulta do fato de que a maioria dos
equipamentos para uso geral, com homologação da NFPA, suporta os pesos do
bombeiro e da vítima; isso considerando o peso do socorrista em 300 lb
(aproximadamente 136 kgf) e um Fator de Segurança (FS) “15”, ou seja,
multiplica-se a soma das duas pessoas por quinze.
A escolha de um sólido ponto de ancoragem, portanto, dependerá do
trabalho a ser realizado, do bom senso e do conhecimento teórico/prático do
bombeiro. É bom salientar apenas que em cabos aéreos os pontos de ancoragem
são muito mais solicitados que num simples Rapel.
Por fim, vale ressaltar que, em casos extremos, quando não houver nenhum
ponto de ancoragem disponível, dois ou mais bombeiros de maiores pesos na
guarnição, podem ser usados como ponto de fixação da corda para uma descida
em Rapel, nesse caso, realizado pelo bombeiro mais leve. Para tanto basta
providenciar uma equalização nas cadeirinhas dos bombeiros mais pesados e
confeccionar a ancoragem. Assim, se o rapelista pesar 90 kgf, três bombeiros
suportarão 30 kgf cada.
8
NÓ FIEL, A POLÊMICA
O nó mais confiável e adequado numa ancoragem vai depender mais do
treinamento do bombeiro em determinado nó do que propriamente do nó em si.
Isso porque as opões são muitas e, na maioria dos casos, todos são confiáveis; o
que varia geralmente é o tempo de confecção. Podemos usar, por exemplo, os
seguintes nós numa ancoragem: Fiel, Boca de Lobo com arremate, Meio Pescador
Duplo, Aselha Simples ou em Oito induzida, Nó Espião, Laçada Simples e Dupla,
UIAA com arremate, Lais de Guia Simples e Duplo pela ponta, entre outros. A
questão é: QUAL O NÓ MAIS PRÁTICO?
No CBMMG o Nó Fiel foi amplamente difundido como o padrão para
ancoragens, desde que devidamente arrematado. Bombeiros o treinam até o
ponto de conseguirem confecciona-lo nas mais inusitadas situações. Seu
inconveniente técnico, no entanto, é o fato das cordas se sobreporem, fazendo
um efeito guilhotina, e ao fato de correr com uma carga aproximada de 400 kgf,
caso não esteja arrematado. Não obstante isso, a experiência prática tem
demonstrado que é o mais adequado para o ambiente operacional devido à
facilidade de confecção e à confiabilidade. Já no ambiente de treinamento,
outras opções podem ser testadas.
ESTROPO
Trata-se de um arranjo feito com anéis de fita e mosquetão, onde fixamos
uma corda durante a ancoragem. O anel de fita é permeado uma ou mais vezes e
passado em volta do ponto de ancoragem. Normalmente é usado para proteger a
corda evitando seu contato direto com “cantos vivos” do ponto de ancoragem. A
palavra realmente significa, segundo Edil Dalbian Ferreira, em seu Dicionário
para Bombeiros, “cabo de ferro em forma de anel, o qual prende o remo à
forqueta ou tolete”. Alguns manuais usam o termo inglês “strop”, que significa, ao
pé da letra, “tira usada para afiar navalhas”.
Nó Fiel arrematado com
Pescador Duplo.
9
Com a incorporação do uso de anéis de fita e mosquetões, o Nó Fiel tende a
cair em desuso, sendo substituído pelo Nó de Aselha Dupla ou em Oito, nas
ancoragens. Com isso, a preparação de um ponto de ancoragem tende a tornar-se
mais rápida e confiável, além de dispensar o uso dos famosos pedaços de
mangueiras utilizados na proteção das cordas contra o atrito, uma vez que as
fitas são mais resistentes à abrasão.
MOSQUETÃO DE AÇO
Conectores metálicos, ou mosquetões são peças fundamentais num sistema
de Salvamento em Altura, no entanto, têm suas limitações quanto ao uso.
Os mosquetões de alumínio especial são muito leves, práticos e
extremamente confiáveis, desde que recebam esforço no sentido longitudinal e,
principalmente, não sofram torções, “trabalhem” na radial ou apoiados sobre
quinas.
Na atividade de bombeiro, pela natureza da função, os equipamentos
utilizados devem, na maioria das vezes, terem aspectos robustos, pois no resgate
de uma vítima, muitas vezes não há tempo a perder e não dá tempo de se pensar
em todas as variáveis envolvidas no sistema. Para tanto, nas ancoragens, um
mosquetão ideal é aquele de aço, no formato HMS e com uma abertura
considerável do gatilho.
A vantagem do mosquetão de aço é justamente a maior resistência a
torções, pois dobra, mas não se quebra, como ocorre com os mosquetões de
alumínio.
Ancoragem realizada com
estropo e nó Aselha Simples.
10
Um outro fator a observar é a Carga de Ruptura (CR) do equipamento,
sendo 50 kN o suficiente. Com isso, uma só peça substitui duas outras que
possuam CR de 2200 kgf.
PLACA DE MULTIANCORAGEM
Placa de multiancoragem é um equipamento que permite multiplicar um
único ponto de ancoragem em vários outros.
Basicamente a placa possui um ou mais pontos de fixação para a ancoragem
principal e outros tantos para a “saída” das demais ancoragens. A placa Mini Paw,
por exemplo, possui quatro furos menores, que podem ser fixados à ancoragem e,
no lado oposto, um grande olhal onde podem ser conectados tantos mosquetões
quanto possível. Vale ressaltar, obviamente, que as resistências dos mosquetões e
da ancoragem principal devem se altas, sob pena do colapso do sistema.
Como improviso, e sem desprezar a segurança, um freio em oito pode
substituir a placa de multiancoragem. Para isso basta fixarmos o olhal menor na
ancoragem e deixar o olhal maior para fixação dos mosquetões dos socorristas.
Não esquecer de levar em consideração a carga de ruptura (CR) do freio em oito
em relação ao número de ancoragens a ele conectadas.
EQUALIZAÇÕES
Nada mais são do que aparatos que dividem “igualmente” uma carga entre
dois ou mais pontos de ancoragem. Assim, dois pontos de fixação que suportem
individualmente 50 kgf, podem suportar juntos, 100 kgf, afinal, “a união faz a
força”.
Existem basicamente três tipos de equalizações, quais sejam, em “V”, “W”
e “M”. O uso de uma ou outra vai depender da situação. As mais utilizadas são as
em “V” e “W” longo.
Exemplo de Placa de Multiancoragem
11
Na confecção utilizaremos anéis de fita ou mesmo um cabo solteiro com as
pontas emendadas.
Para evitarmos o colapso do sistema, caso um dos pontos de fixação se
rompa, poderemos utilizar um “dispositivo de retardo” ou confeccionarmos um Nó
Simples em cada ponta da equalização.
Nas equalizações em “V” e em “W” longo não podemos esquecer do “Magic
X”, ou seja, da volta em um dos lados da fita.
Em falta de anéis de fita, a própria corda pode ser utilizada
confeccionando-se um “anel” em sua extremidade e passando-o nos mosquetões
de ancoragem fazendo uma equalização. O processo se resume em confeccionar
um Nó de Borboleta a mais ou menos dois metros do chicote da corda e, neste
(no chicote), confeccionar uma Aselha em Oito. Após passar a corda pelos
mosquetões da ancoragem (porção de 2m entre os nós de Aselha e de Borboleta)
unem-se as alças dos nós com um mosquetão. Após isso é só realizar o “Magic X”
equalizando o sistema.
Equalização em “V” 1 Equalização em “V” 2
“Magic X” em “V”
12
O “Magic X” faz com que, caso
uma das ancoragens se rompa,
as outras continuem
funcionando.
Equalização em “W” 1 “Magic X” em “W”
Equalização em “W” 3 Equalização em “W” 4
PSEUDO-EQUALIZAÇÕES
Nos casos em que tivermos à disposição um ponto robusto e confiável para
realizarmos uma ancoragem e, ainda assim, quisermos dividir a carga entre outros
pontos, poderemos lançar mão do recurso de uma “quase equalização”,
denominada tecnicamente de “pseudo-equalização”.
A idéia é utilizar um ou mais nós auto-blocantes, distribuindo a carga entre
os pontos de ancoragem. A vantagem é que o nó principal não fica sobrecarregado
13
e que o nó auto-blocante só aperta a corda, não a torcendo, o que não reduz sua
carga de ruptura.
Deve-se ter um cuidado especial para que a carga não tenha 100% de sua
força aplicada sobre o cordelete da pseudo-equalização, sob pena de haver o
risco de colapso do sistema.
O diâmetro do cordelete deve ser, preferencialmente, de 8mm. Em caso do
uso de cordeletes de 6mm, é recomendável a confecção do Nó “French Prusik”
(também conhecido por Blocante Clássico ou Machard pelo Seio), por aproveitar
em 100% a Carga de Ruptura (CR) do cordelete¹.
Um dado importante quanto ao uso de cordelete, com nó auto-blocante, é
que este “corre” com carga aproximada de 900kgf, dependendo do número de
voltas usadas em sua confecção. Com isso, caso o peso seja muito grande ou o
tracionamento excessivo, a corda vai “escorregar” pelos nós blocantes até que
tudo fique equalizado entre todos os pontos.
____________________________________________________________
1 – A carga de ruptura (CR) do cordim é uma, p.ex., “X”. Já o cordelete, com o nó blocante “French
Prusik”, aproveita a CR em 100%, ou seja, passa a ser “2X”. A explicação reside no fato do
cordelete “trabalhar” dobrado.
Pseudo-equalização utilizando o nó Machard como auto-blocante.
14
PONTOS DE ANCORAGENS EMERGENCIAIS
Muitas vezes a guarnição BM não tem, à disposição, sólidos e robustos
pontos de ancoragens. Nesses casos, haverá necessidade de entrar em ação a
criatividade e o improviso; tudo com o máximo de segurança possível, é claro.
Furar paredes, usar alavanca como ponto de ancoragem atravessada à
porta, ou mesmo atrás de um furo na parede, são medidas cabíveis e exeqüíveis,
dependendo da situação. No entanto, haverá casos em que só restará à guarnição
utilizar os próprios corpos dos colegas como ponto de ancoragem. Aqui entrarão
em ação as equalizações.
Ancoragem com pé de cabra Ancoragem com machado 1
Ancoragem com machado 2 Ancoragem com machado
Dois ou mais bombeiros sentar-se-ão no chão, se possível com os pés
apoiados em algum ressalto do piso, devidamente equipados com cadeirinha e
mosquetão no “loop”. Com um anel de fita passado nos mosquetões de tais
bombeiros faz-se uma equalização em “W” e ancora-se a corda do rapel. Está
pronto, assim, nosso ponto de ancoragem emergencial.
Um cuidado importante em tal situação é analisar o peso que será
pendurado à corda e quantos bombeiros são capazes de segurá-lo. Outro detalhe
15
IMPORTANTE é que o rapelista não dê “trancos” na corda e desça o mais
suavemente possível.
Em caso de necessidade, um dos bombeiros que estiver servindo de ponto
de ancoragem emergencial pode comandar a descida de outro BM ou da vítima.
Para tanto prende-se um freio em oito, preferencialmente com duas voltas no
olhal maior, quando for corda simples de 12,5mm, para o caso de vítima em maca,
ou usando um nó auto-blocante depois do freio e próximo à mão de frenagem,
para o caso de corda dupla.
Outros pontos de ancoragens emergenciais podem ser constituídos da
própria mobília do prédio. Camas, geladeiras deitadas e atravessadas atrás de
uma porta, mesas de escritório, tudo serve de ancoragem.
Outro equipamento importante e que pode servir de estropo é a própria
mangueira de incêndio, encontrada em hidrantes de parede. Basta unirmos as
pontas e arrematarmos.
Ponto de ancoragem com 02 socorristas 1 Ponto de ancoragem com 02 socorristas 2
Ponto de ancoragem com 03 socorristas 1 Ponto de ancoragem com 03 socorristas 2
16
TRACIONAMENTO DE CABOS
Em 1993 o então Comando do Corpo de Bombeiros (CCB) editou a Instrução
de Conduta Operacional (ICOp) nº 20, que tratava do uso da corda de emprego
multioperacinal de bombeiro. Em tal documento ficou padronizado, entre outras
coisas, que as ancoragens deveriam ser feitas sempre em dois pontos, nunca em
um somente. O mesmo documento cita ainda que, para tencionar cabos aéreos,
deveria-se utilizar talha Tirfor de 750kgf, para que não houvesse o risco da
corda ficar muito esticada e sobrecarregar as ancoragens.
Talha Tirfor
Quanto aos dois pontos de ancoragens, a situação permanece até hoje uma
vez que o ponto de ancoragem principal pode romper-se e haverá necessidade de
um “back up”. Já em relação à talha Tirfor, por ser muito pesada, não atende a
um dos requisitos básicos para os equipamentos de trabalho em altura que é a
leveza. Em substituição à talha existe a opção do uso de polias, formando o que
se denomina de “polipasto”, através de um sistema de redução de forças.
Utilização de polias 1 Utilização de polias 2
17
Nos casos de ancoragens em colunas, o ponto mais sólido e confiável para
fixarmos a corda é em sua porção inferior, ou seja, na base do pilar.
O estropo utilizado deve ter um comprimento tal que permita a fixação do
mosquetão com facilidade e que o ângulo formado entre as extremidades do anel
de fita não seja superior a 45º, o que sobrecarregaria a fita.
Estropo Ancoragem
Tracionamento de cabo aéreo 1 Tracionamento de cabo aéreo 2
Uma opção prática e rápida para tração de cabo aéreo é através do uso do
Nó Paulista realizado com mosquetões. Tal processo também é conhecido como
“Polipasto em Z”, o que nada mais é do que um sistema de redução de forças sem
uso de polias. No ponto de tracionamento apenas três bombeiros devem fazer
tração. Em caso de corda dupla, quatro bombeiros, no máximo, devem realizar a
tração, para não sobrecarregar a corda.
Para verificarmos se um Cabo Aéreo está muito tencionado deveríamos
utilizar um “dinamômetro”. No entanto, tal equipamento ainda não está disponível
18
em nossos quartéis, além de ser um pouco questionável seu uso em situações
práticas com vítimas reais.
Enquanto não temos o aparelho para medir força, podemos lançar mão de
duas regras básicas que, por serem teóricas, devem ser observadas nos
treinamentos para que o bombeiro possa ter, na prática, uma noção do quanto
tracionar uma corda. Estamos falando da Regra dos 10% e da Regra dos 15º.
Regra dos 10% e Regra dos 15º 1 Regra dos 10% e Regra dos 15º 2
Regra dos 10% e Regra dos 15º 3
A Regra dos 10%¹ preconiza que um cabo aéreo tencionado e com uma
carga de 90kgf nele pendurada deve ter uma catenária (deformação) de 10% da
distância entre as ancoragens. Caso a carga seja de 180kgf, ou seja, o dobro, a
catenária também deverá ser dobrada, passando a 20%.
Já a Regra dos 15º (quinze graus)² apregoa que o ângulo entre a corda
tencionada e uma linha imaginária no plano horizontal não pode ser inferior a 15º.
Tal situação se confirmaria com o uso de um transferidor, o que não teremos em
ocorrência. Por isso, nos treinamentos, sempre que possível, deveremos utilizá-lo,
para que numa situação real, só de olhar, tenhamos condições de verificar a
aplicação da citada regra. Vale lembrar que, para mensurar o ângulo citado é
preciso que uma carga de aproximadamente 90kgf esteja pendurada no meio do
cabo.
____________________________________________________________
1 e 2 – Ver DELGADO, Delfin. Rescate Urbano en Altura. Ed. Desnível. 2ª ed. 2002
19
RAPEL COM VÍTIMA1
Em ocorrências o bombeiro pode deparar-se com situações em que tenha
que resgatar vítimas que estejam presas a determinada altura, em locais onde o
acesso por helicóptero ou escadas mecânicas seja impraticável. Nesses casos o
socorrista terá que acessar a vítima utilizando a técnica do Rapel e, em seguida,
providenciar sua descida.
No caso de vítima com algum trauma relacionado, por exemplo, a fratura,
haverá necessidade de imobilização em maca antes da descida. Isso vai demandar
um treinamento mais apurado que não é assunto do presente curso e sim de
Emergência Médicas.
Já no caso de pessoas sem ferimentos graves e que estejam em situações
de risco, o bombeiro deverá aproximar-se devagar e, de imediato, providenciar
uma amarração da vítima para que não caia até que seja providenciada sua
descida ou içamento, se for o caso. Após confecção de um assento improvisado e
de uma atadura de peito, a vítima será presa ao freio em oito e descida junto
com o bombeiro. O uso do nó auto-blocante “French Prusik” após o freio é o ideal
e mais recomendado.
A vítima ficará entre as pernas do socorrista e, se possível, deverá usar
capacete. Na descida o socorrista deve, a todo o momento, proteger o corpo da
vítima.
1
Também conhecido como “Rapel Assistido”. Ver FASULO, David J. Autorrescate. Ed. Desnível.
1ª ed. 1998. p. 81.
20
Cuidados a serem observados durante um Rapel com vítima:
1)enrolar a corda pelo processo da Corrente Dupla, conduzindo-a pela mão
que não estiver realizando a frenagem ou posicionando-a numa mochila (cuidado
para a corda não ficar embolada e agarrar-se, impedindo a descida). Se for
possível, a mochila pode descer afixada numa solteira e entre as pernas do
socorrista. Tal medida visa evitar que a vítima pendure-se na corda antes da
chegada do socorrista, impedindo ou dificultando sua descida. Após posicionar-se
ao lado da vítima e ancorá-la a si, o bombeiro deve lançar a corda para que um
socorrista possa prover sua segurança de baixo, se possível. No caso da corda
não chegar ao solo, lembrar de confeccionar um nó volumoso nas pontas para
evitar passar direto e cair no vazio;
Corda sendo enrolada pelo
processo de corrente dupla.
2)utilizar corda dupla (duas cordas) uma vez que duas pessoas ficarão
penduradas às cordas e também pelo fato de uma corda servir de “back up” para
a outra, caso um arrebente-se por algum motivo. A exceção é se a corda simples
for de 12,5mm, quando então pode-se utilizar somente uma corda. Nesse caso,
porém, não haverá o “back up”. Lembre-se que quanto mais leve for o socorrista
menos peso haverá na corda;
Socorrista com a mochila presa em uma
solteira, mantendo a corda dentro da
mochila enquanto faz a descida.
21
Foto ilustrando o uso de corda dupla (Duas cordas) no Rapel com vítima.
3)se possível, utilize o “Triângulo de Resgate”, pela facilidade de se
imobilizar a vítima com rapidez e segurança. Não sendo possível, e não havendo
condições da vítima vestir uma cadeirinha (vítimas presas do lado de fora de
janelas e para-peitos estreitos, por exemplo) o melhor a fazer é confeccionar
uma Assento Austríaco ou Japonês na vítima e, posteriormente, uma Atadura de
Peito com um anel de fita, a qual será presa à solteira da vítima (a que vai presa
ao freio). Tal medida facilita o resgate no caso da vítima ficar inconsciente,
p.ex., desmaiando;
A vítima, equipada com o Baudrier, é orientada pelo socorrista antes do início da descida.
22
4)ter sempre disponível no rack da cadeirinha anéis de fita de
comprimentos variados bem como mosquetões e cordeletes, para possíveis
eventualidades. Uma polia e um cabo solteiro também ajudarão, num caso de ter
que providenciar um sistema de redução de forças, por algum motivo;
Socorrista provido de equipamentos para possível emprego durante o resgate.
5)leve um capacete de reserva para a vítima. Num caso de incêndio, onde a
vítima esteja envolvida pela fumaça, leve um aparelho autônomo de respiração
para ela. O uso do aparelho por parte do socorrista deve ser avaliado. Caso opte
por utilizá-lo, o bombeiro deve confeccionar uma atadura de peito para evitar que
vire-se de costas durante o Rapel;
6)sempre que possível mantenha um bombeiro em segurança dinâmica na
ponta da corda para servir de “back up” em caso de falha do socorrista ou dos
equipamentos;
Bombeiro fazendo a segurança dinâmica, atento à descida do socorrista com a vítima.
23
7)durante os trabalhos mantenha a vítima informada de todos os
procedimentos com vistas a transmitir-lhe segurança e confiança, além de
tranqüilizá-la. Caso algo apresente indícios de dar errado, procure manter a
calma, tente solucionar o problema e evite deixar que a vítima perceba para que
não entre em pânico e dificulte ainda mais as coisas;
8)proteja os cabelos da vítima posicionando-os sob o capacete ou
prendendo-os da forma possível. É bom ter um canivete preso ao “rack” para a
eventualidade de ter que cortar os cabelos da vítima, caso venham, por algum
motivo, prenderem-se no freio de descida. Lembrar que tal medida deve ser
utilizada somente como último recurso e em situações extremas;
9)orientar a vítima a manter as mãos longe do aparelho de frenagem;
10)procure fazer sempre o que for mais fácil. Sempre que possível
desça a vítima somente a altura suficiente para o resgate, ou seja, até o andar
seguinte (ponto de salvamento) ou até a auto-plataforma ou auto-escada. Só vá
até o chão no Rapel se for absolutamente necessário.
TIROLESA COM DESCIDA COMANDADA
Para descermos uma vítima, pela Tirolesa, devemos “comandar” sua descida
utilizando, para isso, uma corda presa à maca ou à cadeirinha da vítima, e
passando-a por um freio em oito, fixando-o a uma estropo. O nó dinâmico UIAA
pode ser utilizado com segurança.
O BM que comanda a descida deve usar luvas de vaqueta e ficar atento ao
trajeto da vítima. Se for o caso, um outro socorrista pode acompanhar a vítima
na descida. O único inconveniente é que irá sobrecarregar um pouco mais as
ancoragens.
Socorrista alcançando o andar inferior,
o qual está seguro, não sendo
necessário que ele vá além ou desça até
o chão.
24
A Tirolesa deve ser tracionada com corda dupla ou com uma segunda corda
funcionando como “Back up” (sistemas independentes).
ASCENSÃO NO PLANO VERTICAL
Nas atividades de bombeiro dificilmente o socorrista terá que utilizar
processos de ascensão para chegar ao ponto onde se encontra a vítima.
Normalmente utiliza-se de escadas ou helicópteros e o acesso passa a ser por
Rapel. A subida posterior poderá ser realizada por içamento através de sistemas
de redução de forças.
Não obstante isso, no caso de acidente em caverna, o bombeiro pode ter
que atuar junto com espeleólogos e ser obrigado a utilizar técnicas de ascensão.
Para tanto, aprender o básico já é o suficiente.
A corda é passada no freio oito
e presa junto à vítima.
O BM que comanda a descida deve
usar luvas de vaqueta e ficar atento
ao trajeto da vítima
25
Sendo possível, é ideal o uso de blocante mecânico, conhecido por “Jumar”.
A técnica de subida passa a ser então denominada de “jumarear”. Os ascensores
são presos às solteiras e um estribo é confeccionado para posicionamento dos
pés. Os movimentos de subida compreendem alternância de pés e mãos, num
estilo denominado “tipo Rã”.
Na falta dos blocantes mecânicos os nós auto-blocantes confeccionados
com cordeletes podem ser improvisados. É bom escolher um tipo de nó e treinar
com ele, para que, na hora do atendimento a ocorrência, não haja dúvida.
Um cuidado especial que se deve ter ao utilizar blocantes mecânicos é que,
por possuírem “dentes” na castanha que prende a corda, se a carga de trabalho
especificada pelo fabricante não for observada, a corda pode vir a ser
danificada. Portanto, não é recomendado tracionar cabo aéreo substituindo nós
auto-blocantes por blocantes mecânicos. Estes são só para ascensão.
Ascensão vertical com blocantes mecânicos
na posição tipo Rã, pernas flexionadas
iniciando a subida.
Ascensão vertical com blocantes mecânicos
na posição tipo Rã, pernas tencionadas
completando o movimento de subida.
26
ESCALADA EM ESTRUTURAS METÁLICAS
Para escalar estruturas metálicas o bombeiro deve utilizar solteiras com
mosquetões que envolvam parte da estrutura para que fique ancorado. Quando
isso não for possível, deve usar anéis de fita como estropos e, aí, clipar os
mosquetões.
Bombeiro equipado com duas solteiras de mesmo comprimento confeccionadas
a partir de um “cabo solteiro” e clipadas por mosquetões em suas extremidades.
Uma outra opção mais técnica é escalar a estrutura como se estivesse
“guiando” uma via na rocha. Para tanto se devem utilizar corda dinâmica, anéis de
fita e mosquetões em substituição às “costuras” pré-fabricadas. Os mosquetões
devem ser, preferencialmente, sem travas e com o gatilho curvo, para facilitar a
instalação da corda.
Em ambos os casos, porém, o risco de queda existe e, por isso, o socorrista
deve evitar a todo custo ficar exposto a Fator de Queda (FQ) próximo ou igual a
2.
Bombeiro preparado para o início da escalada com os mosquetões envolvendo
parte da estrutura metálica.
27
O Fator de Queda indica a severidade de uma queda e, na escalada, com
exceção de “Vias Ferrata”, seu valor varia de 0 a 2, dependendo da situação. A
fórmula para o cálculo de tal fator é:
FQ=DQ/CTCL, onde FQ=Fator de Queda, DQ=Distância da Queda e
CTCL=Comprimento Total de Corda Liberada.
O escalador, para evitar o Fator de Queda 2 ou outro fator significante,
mantém as solteiras presas acima da linha da cintura.
O bombeiro que estiver na segurança deve utilizar, preferencialmente,
freio em automático, ou seja, que se trava “sozinho”. Ainda assim, se a diferença
de peso entre ele e o “escalador” for de mais de 10kgf, deve ancorar-se em algo
no solo.
28
GLOSSÁRIO
Abrir a Via: iniciar a escalada de uma via; conquistar.
Acochar: apertar.
Agarra: saliência da rocha usada na escalada. Tecnicamente é onde colocamos as
mãos. Torna-se apoio quando colocamos os pés.
Air Traffic Control (ATC): “Controlador de Tráfego Aéreo”. Na verdade um
“apelido” que colocaram no “aparelho de frenagem para segurança e rapel” o qual
permite a descida em corda dupla ou simples e facilita a colocação da corda no
aparelho sem ter que desclipá-lo do mosquetão.
Ancoragem: ponto de fixação da corda.
Anel de Fita: trata-se de um pedaço de fita tubular ou plana unida através do
Nó de Fita ou previamente costurada (mais resistentes).
Apoio: saliência da rocha onde colocamos os pés para escalar. Quando colocamos
as mãos denominamos tecnicamente de agarra.
À Prova de Bombas: totalmente confiável. Usamos tal terminologia normalmente
para nos referirmos às ancoragens que suportam forças de impactos bem
grandes sem se romperem.
Arremate: arranjo feito no final de uma corda para reforçar o nó principal e
evitar que se desfaça aumentando a segurança.
Ascensão: subida.
Autoblocante: que bloqueia por si só. Termo usado para nos referirmos aos nós
que se apertam quando submetidos à tração, por exemplo, Prusik, Machard,
Backman entre outros.
29
Auto-segurança: consiste em se fazer a própria segurança durante uma
escalada (o que é menos comum, mas possível) ou num rapel (mais comum). Usa-se
geralmente um cordelete com um nó autoblocante preso à solteira acima ou
abaixo do aparelho de frenagem.
Back up: termo inglês que significa voltar atrás, ter uma segunda chance. Na
escalada e em técnicas verticais o termo é muito usado para significar
“redundância”, ou seja, sempre temos que ter pronto um segundo sistema de
segurança separado do primeiro.
Baixa: termo militar que significa não estar em condições de trabalhar por
motivos diversos (baixado: problema de saúde) ou que saiu do serviço (demissão).
Balanço: tipo de amarração feita em galhos e troncos de árvores antes de serem
cortados, para facilitar o direcionamento de queda, evitando-se acidentes.
Baudrier: mesmo que cadeirinha. Termo muito usado no militarismo.
Belay Loop: é um pequeno anel de fita existente na maioria das cadeirinhas onde
se instala o mosquetão para o rapel ou para dar segurança a quem estiver
escalando. Também chamado de anel de segurança.
Blocante: mesmo que autoblocante.
BM: Bombeiro Militar.
Cabo Aéreo: corda tracionada entre dois pontos de ancoragem e que serve para
transposição de tropa, equipamentos e/ou feridos. No Corpo de Bombeiros
Militar de Minas Gerais padronizou-se com os usos e costumes que cabo aéreo é
na horizontal. Se for na vertical torna-se Tirolesa.
Cadeirinha: conjunto de fitas costuradas nas pernas e cintura formando uma
espécie de “arreio” o qual é vestido pelo escalador. Existem modelos diversos de
acordo com as várias atividades existentes.
30
Carga de Trabalho (CT): é a carga máxima “teórica” que o equipamento pode
suportar, dentro de uma margem de segurança. É o resultado de uma fórmula na
qual dividimos a Carga de Ruptura (CR) pelo Fator de Segurança (FS).
Carga de Ruptura (CR): é a carga máxima “real” que o equipamento pode
suportar, segundo testes de laboratórios. É a carga na qual o equipamento se
romperá.
CBMMG: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.
CEBOM: Centro de Ensino de Bombeiros.
Chapeleta: é uma das partes de uma espécie de proteção fixa que é instalada na
rocha para proteção das vias. É o “olhal” por onde introduzimos o mosquetão.
Chicote: é a extremidade de uma corda (mesmo que “ponta”).
Clipar: ato de instalar o mosquetão a alguma coisa.
Cordada: conjunto de dois ou mais escaladores unidos uns aos outros através de
cordas.
Corda Dupla: técnica de escalada onde se utilizam duas cordas dinâmicas, sendo
que a cada costura uma delas é passada no mosquetão alternadamente. Dessa
forma, caso a corda venha a arrebentar-se durante uma queda, haverá a segunda
corda na proteção imediatamente abaixo servindo de “back up”. Nesse caso
usam-se cordas de 10 a 11mm.
Corda Dinâmica: corda fabricada com uma “elasticidade” natural que pode variar
de 6 a 10% do seu comprimento com vista a absorver o impacto causado pela
queda de quem estiver escalando, evitando danos à ancoragem, ao equipamento
e/ou ao corpo do escalador. Sua “alma”, ou “miolo” é constituído de fios torcidos
que funcionam como “molas” ao receber tensão.
Corda Estática: praticamente não existem. No Manual de Salvamento em Altura
do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro encontramos
referência a uma corda “estática” que tinha inclusive alguns fios de aço na
31
constituição da “alma”. Seria uma corda “que não se estica”. Porém, é difícil
conceber tal hipótese em atividades de altura. Tal corda seria utilizada apenas
para içamento de cargas e, principalmente, para montagem de cabos aéreos e
tirolesas.
Corda Gêmea: técnica de escalada onde se utilizam duas cordas de diâmetros
menores, normalmente 9mm cada uma, sendo elas passadas ao mesmo tempo no
mosquetão da costura. Dessa forma, no caso de queda do escalador, as duas
cordas absorveram a força de impacto. A vantagem dessa técnica é que se uma
das cordas se arrebentar, a outra servirá de “back up”.
Corda Semi-estática: corda que está no meio termo entre uma corda estática e
uma dinâmica. Estica-se cerca de 1 a 2% do seu comprimento e deve suportar
queda de fator até 1 (um) para receber a certificação UIAA. É usada em
técnicas verticais para içamento de cargas, em sistemas de redução, tirolesa
entre outras.
Corda Simples: é a utilização de apenas uma corda durante a escalada.
Cordelete: é um cordim emendado, normalmente com um Nó de Pescador Duplo,
formando um anel que é usado, na maioria das vezes, para a confecção de nós
autoblocantes para tracionamento de cordas ou para autosegurança durante o
rapel.
Cordim: são “cordas” de diâmetros reduzidos, cerca de 6 a 8mm. São cortadas
em pedaços de 1,5 a 2,0m e unidas pelas pontas formando os “cordeletes”.
Correr: mesmo que escorregar.
Costura: equipamento composto por uma fita costurada tendo dois mosquetões,
geralmente sem travas, em cada extremidade. Usada para reduzir o atrito da
corda com a rocha e diminuir seu “zigue-zague” durante a subida, reduzindo o
atrito com os mosquetões.
Costurar: ato de passar a corda pelas costuras durante uma escalada.
Crux: é a parte mais difícil de uma via.
32
Cume: ponto mais alto de uma montanha.
Dar um leve: aliviar o peso.
Desclipar: ato de retirar o mosquetão de alguma coisa.
Double Back: termo inglês que significa “dupla volta”. As fivelas de
determinadas cadeirinhas possuem tal sistema o qual demonstrou ser bem
prático tanto para apertar as fitas quanto para soltá-las, evitando-se acidentes.
Foi patenteada pela empresa PETZ.
Encadenar: escalar a via até o final sem quedas.
Encordar (encordoar): fixar a corda à cadeirinha mediante uma amarração.
Enfiada: espaço compreendido entre uma parada e outra na via de escalada.
Equalização: arranjo feito com anéis de fitas ou fitas tubulares onde o peso da
carga é dividido igualmente entre as ancoragens.
Estropo: arranjo feito com anéis de fita e mosquetão onde ancoramos uma corda
durante a ancoragem. O anel de fita é permeado uma ou mais vezes e passado em
volta do ponto de ancoragem. Normalmente é usada para proteger a corda
evitando seu contato direto com o ponto de ancoragem. A palavra realmente
significa, segundo Edil Dalbian Ferreira em seu Dicionário para Bombeiros, “cabo
de ferro em forma de anel, o qual prende o remo à forqueta ou tolete”. Alguns
manuais usam o termo inglês “strop”, que significa, ao pé da letra, uma tira usada
para afiar navalhas.
Fator de Queda: é um valor expresso em números o qual representa a
severidade e o grau de perigo de uma queda durante a escalada. Em Vias
Ferratas e similares tal fator pode chegar a “10” ou mais. Na escalada tal fator
não ultrapassa o valor “2”, que é considerado o mais severo. Após uma queda de
fator 2 recomenda-se descartar os equipamentos envolvidos tamanha é a força
de impacto gerada pela queda. Tal valor é encontrado dividindo-se a altura da
queda pela quantidade total de corda liberada entre o guia e o segurança.
33
Fator de Segurança (FS): valor usado no cálculo da Carga de Trabalho (CT) para
garantir uma margem de segurança na utilização dos equipamentos (divide-se a
Carga de Ruptura (CR) pelo Fator de Segurança (FS). Segundo a National Fire
Protection Association (NFPA) 1983, para as atividades de bombeiros e
salvamentos em alturas diversas, o Fator de Segurança (FS), para carga humana,
é “15”, e para as demais cargas é “5”. No Brasil, não temos uma doutrina a
respeito. No Manual de Salvamento em Altura do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado do Rio de Janeiro, o FS é “5”, não havendo distinção entre carga humana
e/ou material. Para polias normalmente e FS gira em torno de “5”, segundo os
fabricantes.
Fazer a via: escalar a via.
Fita Expressa: mesmo que anel de fita. Termo normalmente utilizado para os
anéis de fita previamente costurados pela fábrica. A palavra “expressa” deve ter
derivado do fato das fitas estarem à mão, em condições de “pronto emprego”.
Fita Plana: fita que não é tubular, ou seja, não é “oca”. Trata-se de uma fita
única costurada.
Fita Tubular: fita “oca”. Quando apertamos suas bordas ela fica com o formato
de um “tubo”, daí o nome.
Força de Choque: mesmo que Força de Impacto. É a força gerada com a queda
do escalador. A fórmula para seu cálculo é Força (F) igual à raiz quadrada de 2
multiplicado pelo peso do escalador, constante de elasticidade da corda e Fator
de Queda (FQ).
Força de Impacto: mesmo que Força de Choque.
Gatilho: parte móvel do mosquetão por onde é clipada a corda. Também
conhecido como “portal”, “dedo”, “mola” ou “portal”.
Grampo: modelo de proteção fixa feita de aço. Normalmente em forma de “P”. É
fixada perpendicularmente à rocha por pressão e à “marreta”.
34
Guia: é aquele que vai à frente na escalada “abrindo a via” e equipando-a para a
subida dos demais escaladores. Na maioria das vezes é sempre o mais experiente
do grupo.
Guiar: ato de escalar uma via primeiro, liderando o grupo, basicamente usando
costuras, por onde será passada a corda.
HMS: modelo de mosquetão desenvolvido para se dar segurança com o nó
dinâmico “UIAA” (ou Meio-Porco). Também é o mais recomendado para se utilizar
com os freios Yoyo e SRC. A sigla é abreviatura de “Halbmasturf sicherung”
(quem souber alemão...)
Loop Belay: ver Belay Loop.
Mandar o Lance: escalar uma das partes da via.
Mosquetão: “anel de alumínio de tamanho e formato variável que permite a
conexão entre diferentes equipamentos de escalada”. (GASGUES, Marcus
Vinícius. Montanha em Fúria. Editora Globo, São Paulo, p.262).
Parada: local protegido da via onde os escaladores se ancoram para descansar ou
montar o rapel para a descida. É onde se faz a equalização com fitas para
montagem do “Top Rope”.
Passa-mão: termo empregado pelo Exército Brasileiro para referir-se a uma
corda previamente tencionada entre dois ou mais pontos por onde o escalador
clipa o mosquetão de sua solteira ou instala um nó blocante para transitar com
segurança em altura.
Passar a corda: desenrolar a corda e deslizá-la sobre as mãos inspecionando seu
estado de conservação e desfazendo possíveis cocas (torções).
Pêndulo: é realmente um “pêndulo”, ou seja, cair e, posteriormente, deslocar-se
horizontalmente, de um ponto ao outro pendurado à corda. Pode ser empregado
35
taticamente para se chegar a determinado ponto na rocha ou em prédios onde
esteja a vítima.
Prontidão de Incêndio: “PRONTIDÃO – efetivo de bombeiros que permanece
numa organização (unidade, subunidade, posto etc.), diuturnamente preparados e
equipados para o atendimento de emergências, desde que solicitada a
intervenção. Guarnições grupadas ou isoladas.” (FERREIRA, Edil Dalbian.
Dicionário para Bombeiros. São Paulo, 1985, p. 167).
Proteções: equipamentos instalados na rocha ou na edificação onde serão
clipadas as costuras e passada a corda. Normalmente são de matais, como
chapeletas, grampos etc.
Pseudo-equalização: trata-se de uma “quase” equalização, ou seja, a carga tem
seu peso sustentado por dois ou mais pontos sendo que, geralmente, o peso maior
fica na ancoragem principal. Utilizam-se nós blocantes presos à corda principal.
Rack: alças das cadeirinhas destinadas a instalação de equipamentos diversos,
principalmente as costuras. Algumas cadeirinhas têm racks que podem suportar
até 5 kgf. Tal nome também é usado numa espécie de freio para rapel constituído
de “barretes” e feito em aço.
Rapel: mesmo que “Rappel”. Termo aportuguesado.
Rappel: “termo que vem do francês, é usado mundialmente nos círculos alpinistas.
Significa descer com auxílio de uma corda fixa”. (KRAKAUER, Jon. No Ar
Rarefeito. P. 23).
Rota: mesmo que via. Termo mais usado em manuais militares.
Segundo: é o escalador que vai depois do guia.
Segurança: é aquele que faz a proteção de quem está escalando ou rapelando,
cuidando para que não caia, tencionando a corda e, conseqüentemente, travando o
equipamento de frenagem.
36
Seio: meio da corda.
Solteira: anel de fita atado à cadeirinha com um nó Boca de Lobo, tendo na outra
extremidade um mosquetão com trava. Usada para o escalador prender-se às
proteções das paradas e ficar ancorado.
String: proteção de borracha colocada na ponta da solteira visando fixar o
mosquetão na sua posição além de proteger o tecido do anel de fita do atrito com
a rocha ou superfícies ásperas.
Strop: ver “estropo”.
Teto: “trecho em que a parede de escalada se projeta para fora, formando um
teto sobre o escalador”. (KRAKAUER, Jon. Sobre Homens e Montanhas.
Companhia das Letras, 1999, p. 214).
Top Rope: técnica de segurança onde a corda é passada por cima.
Tracionamento: puxar, esticar, tencionar uma corda.
UIAA: União Internacional das Associações de Alpinistas. Órgão oficial que
realiza testes em equipamentos de escalada emitindo uma homologação que é
mundialmente conhecida com sinônimo de qualidade, confiança e segurança.
Vaca: queda. O termo foi “plagiado” dos surfistas.
Vaqueta: tipo de couro com o qual se fazem luvas utilizadas no rapel.
Via: é o caminho para se escalar a via. Quem conquista e fixa as proteções nas
vias estabelece um caminho “obrigatório” para escalá-la; desviar de tal caminho é
abrir outra via ou não fazer a via original. É o mesmo que “rota”.
Via Ferrata: “é um caminho suspenso equipado de escadas e protegido por cabos
de aço”. (Catálogo PETZ, 2001, p. 58)
37
BIBLIOGRAFIA
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__________ . Primeiros Socorros em Montanha e Trilha. 1ª ed., São Paulo: 1999.
__________ . Ratos de Caverna. 1ª ed., São Paulo: 1999.
__________ . Convite à Aventura. 1ª ed., São Paulo: 1997.
BELMIRO, Arnaldo. O Livro dos Nós de Trabalhos e Decorativos. 6ª ed., Rio de
Janeiro: Ediouro Publicações, 1987.
BROWN, Michael G. Engineering Practical Rope Rescue Systems. 1ª ed., E.U.A.,
2000.
CORPO DE BOMBEIROS/RJ. Manual de Instrução de Salvamento em Altura. 1ª
ed., Rio de Janeiro, 1991.
__________ . Manual de Montanhismo. 1ª ed., Rio de Janeiro, 1991.
DELGADO, Delfin. Rescate Urbano en Altura. 2ª ed.,Madrid: Ediciones Desnivel,
2002.
EXÉRCITO BRASILEIRO. Apostila do Estágio Básico do Combatente de
Montanha. 2ª ed., São João Del Rey, 2000.
__________. Manual de Campanha: Transposição de Obstáculos. 1ª ed., Estado-
Maior do Exército, Brasil, 1980.
FARIA, Fábio. Escalada Esportiva em Rocha. 2ª ed., Belo Horizonte: 2000.
FASULO, David J. Autorrescate. 1ª ed., Madrid: Ediciones Desnivel, 1998.
HOFFMANN, Michael. Manual de Escalada. 4ª ed., Madrid: Ediciones Desnivel,
1996.
PACI, Paolo. Curso Básico de Alpinismo. 1ª ed., Barcelona: Editorial De Vecchi.
PETZL. Catálogo de Trabalho e Resgate. França, 2002.
PETZL. PPE CD ROM Z29. 2001.
38
PMMG – CCB – 2º GI. Manual do Aluno: Curso de Salvamento em Altura.
Contagem.
________ . ICOp nº 020/93 – CCB: Corda de Emprego Multioperacinal de
Bombeiros
Belo Horizonte, 1993.
REDONDO, Jon. Manual de Seguridad en Trabajos Verticales. 1ª ed., Madrid:
Ediciones Desnivel, 2001.
REQUIÃO, Cristiano. Cordas & Nós para Montanhistas. 1ª ed., Rio de Janeiro:
2002.
RESCUE TECNOLOGY. Rescue Equipament Catalog. EUA, 1999.
RIBEIRO, Alex S. Dividir e Conquistar. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2001.
SHUBERT, Pit. Seguridad y Riesgo. 2ª ed., Madrid: Ediciones Desnivel, 2001.
UNIDADE ESPECIAL DE RESGATE E EMERGÊNCIAS (UERE). Apostila de
Técnicas Verticais. 2ª ed., Belo Horizonte, 2001.
USTCH, Marcelo Henrique. Escalada Esportiva. 1ª ed., Belo Horizonte, 1999.

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  • 1. ABRIL / 2005 Autor: Cap BM William da Silva Rosa Ilustrações: CFO 2 BM / Asp 2006
  • 2. 2 AGRADECIMENTOS Agradeço aos militares do 12º Btl Inf Mnt pelos ensinamentos de escalada militar em 1995; aos militares do CEBOM, na pessoa do Sr. Ten-Cel BM Novaes e do Sr. Ten- Cel BM Teixeira, pelas aulas transmitidas no CSAlt/97; aos membros do Grupo UERE, na pessoa do amigo Magno, pelos conhecimentos de Técnicas Verticais que revolucionaram minha maneira de ver o Salvamento em Altura; a Gustavo Rolla e Marcelo, da Academia BH Vertical e Loja Das Pedras, respectivamente, pelo Curso de Escalada Esportiva em Rocha e das ajudas incondicionais ao CBMMG; ao Cb BM Macena, pelas aulas de escalada em móvel e de conquista de vias; ao Sr. Ten-Cel BM Matuzail, então chefe do CEBOM, que não se importou em ultrapassar barreiras para me escalar como instrutor; aos cadetes do CFO BM, meus alunos de Salv. Altura, a partir de 2003, com os quais mais aprendi no campo da docência do que eles comigo; em especial à turma do CFO 2BM/2005 (Asp. 2006), pelas ilustrações desta apostila e do Vol. 1; enfim... ...aos meus parentes, pela torcida; aos meus irmãos, Angélica e Wallisom, por nunca duvidarem dos meus objetivos... ...a minha mãe Inez, pelo apoio nos momentos difíceis; ...a meu pai, o famoso “Cb Adão”, em quem me inspiro a todo instante para tentar acreditar que ser honesto ainda vale a pena; ...a minha esposa, Sgt BM Wilsa, pela paciência em me suportar falando de Salvamento em Altura e Escalada a todo hora e todos os dias, e pela torcida e apoio quando mais precisei; ...a minha baixinha: Carolina Maira do Nascimento Rosa, minha semente aqui na terra. ...finalmente, a “meu” Deus, pela força que me deu para superar alguns obstáculos que se apresentaram em minha frente e por me fazer acreditar sempre que: NADA É IMPOSSÍVEL.
  • 3. 3 ÍNDICE INTRODUÇÃO................................................................................................................... 04 SEGURANÇA NAS OPERAÇÕES.................................................................................. 05 ANCORAGEM..................................................................................................................... 06 Nó Fiel, a polêmica................................................................................................ 08 Estropo.................................................................................................................... 08 Mosquetão de aço.................................................................................................. 09 Placa de Multiancoragem..................................................................................... 10 EQUALIZAÇÕES.............................................................................................................. 10 PSEUDO-EQUALIZAÇÕES............................................................................................ 12 PONTOS DE ANCORAGENS EMERGENCIAIS........................................................ 14 TRACIONAMENTO DE CABOS.................................................................................... 16 RAPEL COM VÍTIMA....................................................................................................... 19 TIROLESA COM DESCIDA COMANDADA............................................................... 23 ASCENSÃO NO PLANO VERTICAL............................................................................ 24 ESCALADA EM ESTRUTURAS METÁLICAS............................................................ 26 GLOSSÁRIO...................................................................................................................... 28 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................ 37
  • 4. 4 INTRODUÇÃO No Volume 1 da nossa Apostila de Salvamento em Altura fizemos uma abordagem inicial da matéria onde focamos nossa atenção na adaptação em altura e no primeiro contato com as técnicas utilizadas nesse tipo de salvamento. Assim, o desenvolvimento dos aspectos psicológicos e físicos foi o destaque. Vencer a fobia de estar fora da “Cota Zero” e demonstrar condições de se salvar através das rotas de fuga foram o clímax da matéria. Neste volume, o segundo, aprenderemos como tracionar e tensionar corretamente um cabo aéreo, regras de segurança utilizadas, tipos de ancoragens entre outros. Será abordado também o resgate de vítimas pela técnica do Rapel e iniciaremos a escalada “guiando”. Sobre os aspectos de segurança, importamos as regras apresentadas no primeiro volume, uma vez que têm que ser literalmente digeridas por nossos cérebros para tentarmos reduzir os riscos de acidentes próximo do zero. Enfim, a missão precípua do bombeiro é salvar vidas e bens. Por isso, o desenvolvimento diuturno de técnicas e táticas que facilitem esse árduo trabalho deve ser nosso ideal constante. Com a nova conjuntura financeira que se nos apresenta, fica mais fácil vencer barreiras internas que nos dificultava quebrar paradigmas. Brevemente nossas Guarnições de Salvamento estarão equipadas adequadamente para o a busca e resgate com técnica e qualidade dignas de um Corpo de Bombeiros do século XXI. Para finalizar fica o nosso lema: SEGURANÇA ACIMA DE TUDO. O AUTOR
  • 5. 5 SEGURANÇA NAS OPERAÇÕES Seguem abaixo as maneiras mais comuns de se garantir a segurança nas operações de Salvamento em Altura, extraídas no Manual de Salvamento em Altura do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, 1ª edição, 1991, p. 81, in verbis: 1-Nunca se deve permitir que apenas um elemento execute a operação. 2-Os equipamentos devem ser checados e avaliados antes e depois de qualquer tipo de trabalho. 3-Após a colocação ou vestimenta de qualquer equipamento, deve-se fazer uma checagem dos mesmos. 4-Nunca alterar os procedimentos operacionais, sem prévio conhecimento dos integrantes da guarnição. 5-Todas as amarrações e fixações de equipamentos devem ser muito bem checadas e vigiadas. 6-Sempre que se estiver trabalhando em locais elevados, como por exemplo, peitoril de janelas e parapeitos de edifícios, o homem deve estar preso a um ponto fixo, por meio de um cabo solteiro ou fita tubular. (grifo nosso) 7-Os elementos da guarnição que estiverem empenhados no controle de velocidade das cordas de descida ou cordas guias, sempre deverão estar usando luvas e posicionados de maneira a dar sustentação às mesmas. 8-Nas transposições de cabos horizontais ou inclinados além do equipamento que deslizará sobre a corda, o homem deverá estar garantido por um sistema em separado. 9-Não deve ser permitida a ajuda ou interferência da vítima no processo de salvamento, a não ser em situações extraordinárias. Lembre-se: A GRAVIDADE NÃO DORME.
  • 6. 6 ANCORAGEM Ancoragem é nada mais nada menos que o ponto de fixação da corda a um objeto, ou seja, o local onde será amarrada para utilização em finalidades diversas. No CBMMG, até a ocorrência de um acidente fatal com um militar, na Prontidão de Incêndios do 1º BBM, a preocupação com o uso de um segundo ponto de ancoragem parecia não ser uma regra. A partir de então, e principalmente com a assinatura da Instrução de Conduta Operacional (ICOp) nº 20, de 1993, padronizou-se que a ancoragem deveria ser feita sempre em dois pontos e nunca em um só. Embora praticamente não exista mais a corda de emprego “multi- operacional”, a regra dos dois pontos de ancoragem ainda continua valendo, pois nem todos os bombeiros têm conhecimento técnico suficiente para atestar se um só ponto de ancoragem é sólido e confiável o bastante. Afinal, é sempre melhor “errar” para mais; a “redundância” só é perniciosa se atrapalhar o desenrolar das operações. Para a União Internacional de Associações de Alpinistas (UIAA), uma ancoragem padrão deve suportar o dobro da força de choque gerada por uma queda Fator 2. Para tanto, tal ancoragem tem que resistir a cargas de, no mínimo,
  • 7. 7 24 kN (2400 kgf). Uma ancoragem que atende a tais exigências é conhecida como Ancoragem Padrão UIAA ou Ancoragem a Prova de Bombas. Entendendo o conceito de que “uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco”, chegaremos à conclusão de que para atender aos padrões da National Fire Protection Association (NFPA), uma ancoragem deveria suportar, no mínimo, 40 kN (4000 kgf). Tal conclusão resulta do fato de que a maioria dos equipamentos para uso geral, com homologação da NFPA, suporta os pesos do bombeiro e da vítima; isso considerando o peso do socorrista em 300 lb (aproximadamente 136 kgf) e um Fator de Segurança (FS) “15”, ou seja, multiplica-se a soma das duas pessoas por quinze. A escolha de um sólido ponto de ancoragem, portanto, dependerá do trabalho a ser realizado, do bom senso e do conhecimento teórico/prático do bombeiro. É bom salientar apenas que em cabos aéreos os pontos de ancoragem são muito mais solicitados que num simples Rapel. Por fim, vale ressaltar que, em casos extremos, quando não houver nenhum ponto de ancoragem disponível, dois ou mais bombeiros de maiores pesos na guarnição, podem ser usados como ponto de fixação da corda para uma descida em Rapel, nesse caso, realizado pelo bombeiro mais leve. Para tanto basta providenciar uma equalização nas cadeirinhas dos bombeiros mais pesados e confeccionar a ancoragem. Assim, se o rapelista pesar 90 kgf, três bombeiros suportarão 30 kgf cada.
  • 8. 8 NÓ FIEL, A POLÊMICA O nó mais confiável e adequado numa ancoragem vai depender mais do treinamento do bombeiro em determinado nó do que propriamente do nó em si. Isso porque as opões são muitas e, na maioria dos casos, todos são confiáveis; o que varia geralmente é o tempo de confecção. Podemos usar, por exemplo, os seguintes nós numa ancoragem: Fiel, Boca de Lobo com arremate, Meio Pescador Duplo, Aselha Simples ou em Oito induzida, Nó Espião, Laçada Simples e Dupla, UIAA com arremate, Lais de Guia Simples e Duplo pela ponta, entre outros. A questão é: QUAL O NÓ MAIS PRÁTICO? No CBMMG o Nó Fiel foi amplamente difundido como o padrão para ancoragens, desde que devidamente arrematado. Bombeiros o treinam até o ponto de conseguirem confecciona-lo nas mais inusitadas situações. Seu inconveniente técnico, no entanto, é o fato das cordas se sobreporem, fazendo um efeito guilhotina, e ao fato de correr com uma carga aproximada de 400 kgf, caso não esteja arrematado. Não obstante isso, a experiência prática tem demonstrado que é o mais adequado para o ambiente operacional devido à facilidade de confecção e à confiabilidade. Já no ambiente de treinamento, outras opções podem ser testadas. ESTROPO Trata-se de um arranjo feito com anéis de fita e mosquetão, onde fixamos uma corda durante a ancoragem. O anel de fita é permeado uma ou mais vezes e passado em volta do ponto de ancoragem. Normalmente é usado para proteger a corda evitando seu contato direto com “cantos vivos” do ponto de ancoragem. A palavra realmente significa, segundo Edil Dalbian Ferreira, em seu Dicionário para Bombeiros, “cabo de ferro em forma de anel, o qual prende o remo à forqueta ou tolete”. Alguns manuais usam o termo inglês “strop”, que significa, ao pé da letra, “tira usada para afiar navalhas”. Nó Fiel arrematado com Pescador Duplo.
  • 9. 9 Com a incorporação do uso de anéis de fita e mosquetões, o Nó Fiel tende a cair em desuso, sendo substituído pelo Nó de Aselha Dupla ou em Oito, nas ancoragens. Com isso, a preparação de um ponto de ancoragem tende a tornar-se mais rápida e confiável, além de dispensar o uso dos famosos pedaços de mangueiras utilizados na proteção das cordas contra o atrito, uma vez que as fitas são mais resistentes à abrasão. MOSQUETÃO DE AÇO Conectores metálicos, ou mosquetões são peças fundamentais num sistema de Salvamento em Altura, no entanto, têm suas limitações quanto ao uso. Os mosquetões de alumínio especial são muito leves, práticos e extremamente confiáveis, desde que recebam esforço no sentido longitudinal e, principalmente, não sofram torções, “trabalhem” na radial ou apoiados sobre quinas. Na atividade de bombeiro, pela natureza da função, os equipamentos utilizados devem, na maioria das vezes, terem aspectos robustos, pois no resgate de uma vítima, muitas vezes não há tempo a perder e não dá tempo de se pensar em todas as variáveis envolvidas no sistema. Para tanto, nas ancoragens, um mosquetão ideal é aquele de aço, no formato HMS e com uma abertura considerável do gatilho. A vantagem do mosquetão de aço é justamente a maior resistência a torções, pois dobra, mas não se quebra, como ocorre com os mosquetões de alumínio. Ancoragem realizada com estropo e nó Aselha Simples.
  • 10. 10 Um outro fator a observar é a Carga de Ruptura (CR) do equipamento, sendo 50 kN o suficiente. Com isso, uma só peça substitui duas outras que possuam CR de 2200 kgf. PLACA DE MULTIANCORAGEM Placa de multiancoragem é um equipamento que permite multiplicar um único ponto de ancoragem em vários outros. Basicamente a placa possui um ou mais pontos de fixação para a ancoragem principal e outros tantos para a “saída” das demais ancoragens. A placa Mini Paw, por exemplo, possui quatro furos menores, que podem ser fixados à ancoragem e, no lado oposto, um grande olhal onde podem ser conectados tantos mosquetões quanto possível. Vale ressaltar, obviamente, que as resistências dos mosquetões e da ancoragem principal devem se altas, sob pena do colapso do sistema. Como improviso, e sem desprezar a segurança, um freio em oito pode substituir a placa de multiancoragem. Para isso basta fixarmos o olhal menor na ancoragem e deixar o olhal maior para fixação dos mosquetões dos socorristas. Não esquecer de levar em consideração a carga de ruptura (CR) do freio em oito em relação ao número de ancoragens a ele conectadas. EQUALIZAÇÕES Nada mais são do que aparatos que dividem “igualmente” uma carga entre dois ou mais pontos de ancoragem. Assim, dois pontos de fixação que suportem individualmente 50 kgf, podem suportar juntos, 100 kgf, afinal, “a união faz a força”. Existem basicamente três tipos de equalizações, quais sejam, em “V”, “W” e “M”. O uso de uma ou outra vai depender da situação. As mais utilizadas são as em “V” e “W” longo. Exemplo de Placa de Multiancoragem
  • 11. 11 Na confecção utilizaremos anéis de fita ou mesmo um cabo solteiro com as pontas emendadas. Para evitarmos o colapso do sistema, caso um dos pontos de fixação se rompa, poderemos utilizar um “dispositivo de retardo” ou confeccionarmos um Nó Simples em cada ponta da equalização. Nas equalizações em “V” e em “W” longo não podemos esquecer do “Magic X”, ou seja, da volta em um dos lados da fita. Em falta de anéis de fita, a própria corda pode ser utilizada confeccionando-se um “anel” em sua extremidade e passando-o nos mosquetões de ancoragem fazendo uma equalização. O processo se resume em confeccionar um Nó de Borboleta a mais ou menos dois metros do chicote da corda e, neste (no chicote), confeccionar uma Aselha em Oito. Após passar a corda pelos mosquetões da ancoragem (porção de 2m entre os nós de Aselha e de Borboleta) unem-se as alças dos nós com um mosquetão. Após isso é só realizar o “Magic X” equalizando o sistema. Equalização em “V” 1 Equalização em “V” 2 “Magic X” em “V”
  • 12. 12 O “Magic X” faz com que, caso uma das ancoragens se rompa, as outras continuem funcionando. Equalização em “W” 1 “Magic X” em “W” Equalização em “W” 3 Equalização em “W” 4 PSEUDO-EQUALIZAÇÕES Nos casos em que tivermos à disposição um ponto robusto e confiável para realizarmos uma ancoragem e, ainda assim, quisermos dividir a carga entre outros pontos, poderemos lançar mão do recurso de uma “quase equalização”, denominada tecnicamente de “pseudo-equalização”. A idéia é utilizar um ou mais nós auto-blocantes, distribuindo a carga entre os pontos de ancoragem. A vantagem é que o nó principal não fica sobrecarregado
  • 13. 13 e que o nó auto-blocante só aperta a corda, não a torcendo, o que não reduz sua carga de ruptura. Deve-se ter um cuidado especial para que a carga não tenha 100% de sua força aplicada sobre o cordelete da pseudo-equalização, sob pena de haver o risco de colapso do sistema. O diâmetro do cordelete deve ser, preferencialmente, de 8mm. Em caso do uso de cordeletes de 6mm, é recomendável a confecção do Nó “French Prusik” (também conhecido por Blocante Clássico ou Machard pelo Seio), por aproveitar em 100% a Carga de Ruptura (CR) do cordelete¹. Um dado importante quanto ao uso de cordelete, com nó auto-blocante, é que este “corre” com carga aproximada de 900kgf, dependendo do número de voltas usadas em sua confecção. Com isso, caso o peso seja muito grande ou o tracionamento excessivo, a corda vai “escorregar” pelos nós blocantes até que tudo fique equalizado entre todos os pontos. ____________________________________________________________ 1 – A carga de ruptura (CR) do cordim é uma, p.ex., “X”. Já o cordelete, com o nó blocante “French Prusik”, aproveita a CR em 100%, ou seja, passa a ser “2X”. A explicação reside no fato do cordelete “trabalhar” dobrado. Pseudo-equalização utilizando o nó Machard como auto-blocante.
  • 14. 14 PONTOS DE ANCORAGENS EMERGENCIAIS Muitas vezes a guarnição BM não tem, à disposição, sólidos e robustos pontos de ancoragens. Nesses casos, haverá necessidade de entrar em ação a criatividade e o improviso; tudo com o máximo de segurança possível, é claro. Furar paredes, usar alavanca como ponto de ancoragem atravessada à porta, ou mesmo atrás de um furo na parede, são medidas cabíveis e exeqüíveis, dependendo da situação. No entanto, haverá casos em que só restará à guarnição utilizar os próprios corpos dos colegas como ponto de ancoragem. Aqui entrarão em ação as equalizações. Ancoragem com pé de cabra Ancoragem com machado 1 Ancoragem com machado 2 Ancoragem com machado Dois ou mais bombeiros sentar-se-ão no chão, se possível com os pés apoiados em algum ressalto do piso, devidamente equipados com cadeirinha e mosquetão no “loop”. Com um anel de fita passado nos mosquetões de tais bombeiros faz-se uma equalização em “W” e ancora-se a corda do rapel. Está pronto, assim, nosso ponto de ancoragem emergencial. Um cuidado importante em tal situação é analisar o peso que será pendurado à corda e quantos bombeiros são capazes de segurá-lo. Outro detalhe
  • 15. 15 IMPORTANTE é que o rapelista não dê “trancos” na corda e desça o mais suavemente possível. Em caso de necessidade, um dos bombeiros que estiver servindo de ponto de ancoragem emergencial pode comandar a descida de outro BM ou da vítima. Para tanto prende-se um freio em oito, preferencialmente com duas voltas no olhal maior, quando for corda simples de 12,5mm, para o caso de vítima em maca, ou usando um nó auto-blocante depois do freio e próximo à mão de frenagem, para o caso de corda dupla. Outros pontos de ancoragens emergenciais podem ser constituídos da própria mobília do prédio. Camas, geladeiras deitadas e atravessadas atrás de uma porta, mesas de escritório, tudo serve de ancoragem. Outro equipamento importante e que pode servir de estropo é a própria mangueira de incêndio, encontrada em hidrantes de parede. Basta unirmos as pontas e arrematarmos. Ponto de ancoragem com 02 socorristas 1 Ponto de ancoragem com 02 socorristas 2 Ponto de ancoragem com 03 socorristas 1 Ponto de ancoragem com 03 socorristas 2
  • 16. 16 TRACIONAMENTO DE CABOS Em 1993 o então Comando do Corpo de Bombeiros (CCB) editou a Instrução de Conduta Operacional (ICOp) nº 20, que tratava do uso da corda de emprego multioperacinal de bombeiro. Em tal documento ficou padronizado, entre outras coisas, que as ancoragens deveriam ser feitas sempre em dois pontos, nunca em um somente. O mesmo documento cita ainda que, para tencionar cabos aéreos, deveria-se utilizar talha Tirfor de 750kgf, para que não houvesse o risco da corda ficar muito esticada e sobrecarregar as ancoragens. Talha Tirfor Quanto aos dois pontos de ancoragens, a situação permanece até hoje uma vez que o ponto de ancoragem principal pode romper-se e haverá necessidade de um “back up”. Já em relação à talha Tirfor, por ser muito pesada, não atende a um dos requisitos básicos para os equipamentos de trabalho em altura que é a leveza. Em substituição à talha existe a opção do uso de polias, formando o que se denomina de “polipasto”, através de um sistema de redução de forças. Utilização de polias 1 Utilização de polias 2
  • 17. 17 Nos casos de ancoragens em colunas, o ponto mais sólido e confiável para fixarmos a corda é em sua porção inferior, ou seja, na base do pilar. O estropo utilizado deve ter um comprimento tal que permita a fixação do mosquetão com facilidade e que o ângulo formado entre as extremidades do anel de fita não seja superior a 45º, o que sobrecarregaria a fita. Estropo Ancoragem Tracionamento de cabo aéreo 1 Tracionamento de cabo aéreo 2 Uma opção prática e rápida para tração de cabo aéreo é através do uso do Nó Paulista realizado com mosquetões. Tal processo também é conhecido como “Polipasto em Z”, o que nada mais é do que um sistema de redução de forças sem uso de polias. No ponto de tracionamento apenas três bombeiros devem fazer tração. Em caso de corda dupla, quatro bombeiros, no máximo, devem realizar a tração, para não sobrecarregar a corda. Para verificarmos se um Cabo Aéreo está muito tencionado deveríamos utilizar um “dinamômetro”. No entanto, tal equipamento ainda não está disponível
  • 18. 18 em nossos quartéis, além de ser um pouco questionável seu uso em situações práticas com vítimas reais. Enquanto não temos o aparelho para medir força, podemos lançar mão de duas regras básicas que, por serem teóricas, devem ser observadas nos treinamentos para que o bombeiro possa ter, na prática, uma noção do quanto tracionar uma corda. Estamos falando da Regra dos 10% e da Regra dos 15º. Regra dos 10% e Regra dos 15º 1 Regra dos 10% e Regra dos 15º 2 Regra dos 10% e Regra dos 15º 3 A Regra dos 10%¹ preconiza que um cabo aéreo tencionado e com uma carga de 90kgf nele pendurada deve ter uma catenária (deformação) de 10% da distância entre as ancoragens. Caso a carga seja de 180kgf, ou seja, o dobro, a catenária também deverá ser dobrada, passando a 20%. Já a Regra dos 15º (quinze graus)² apregoa que o ângulo entre a corda tencionada e uma linha imaginária no plano horizontal não pode ser inferior a 15º. Tal situação se confirmaria com o uso de um transferidor, o que não teremos em ocorrência. Por isso, nos treinamentos, sempre que possível, deveremos utilizá-lo, para que numa situação real, só de olhar, tenhamos condições de verificar a aplicação da citada regra. Vale lembrar que, para mensurar o ângulo citado é preciso que uma carga de aproximadamente 90kgf esteja pendurada no meio do cabo. ____________________________________________________________ 1 e 2 – Ver DELGADO, Delfin. Rescate Urbano en Altura. Ed. Desnível. 2ª ed. 2002
  • 19. 19 RAPEL COM VÍTIMA1 Em ocorrências o bombeiro pode deparar-se com situações em que tenha que resgatar vítimas que estejam presas a determinada altura, em locais onde o acesso por helicóptero ou escadas mecânicas seja impraticável. Nesses casos o socorrista terá que acessar a vítima utilizando a técnica do Rapel e, em seguida, providenciar sua descida. No caso de vítima com algum trauma relacionado, por exemplo, a fratura, haverá necessidade de imobilização em maca antes da descida. Isso vai demandar um treinamento mais apurado que não é assunto do presente curso e sim de Emergência Médicas. Já no caso de pessoas sem ferimentos graves e que estejam em situações de risco, o bombeiro deverá aproximar-se devagar e, de imediato, providenciar uma amarração da vítima para que não caia até que seja providenciada sua descida ou içamento, se for o caso. Após confecção de um assento improvisado e de uma atadura de peito, a vítima será presa ao freio em oito e descida junto com o bombeiro. O uso do nó auto-blocante “French Prusik” após o freio é o ideal e mais recomendado. A vítima ficará entre as pernas do socorrista e, se possível, deverá usar capacete. Na descida o socorrista deve, a todo o momento, proteger o corpo da vítima. 1 Também conhecido como “Rapel Assistido”. Ver FASULO, David J. Autorrescate. Ed. Desnível. 1ª ed. 1998. p. 81.
  • 20. 20 Cuidados a serem observados durante um Rapel com vítima: 1)enrolar a corda pelo processo da Corrente Dupla, conduzindo-a pela mão que não estiver realizando a frenagem ou posicionando-a numa mochila (cuidado para a corda não ficar embolada e agarrar-se, impedindo a descida). Se for possível, a mochila pode descer afixada numa solteira e entre as pernas do socorrista. Tal medida visa evitar que a vítima pendure-se na corda antes da chegada do socorrista, impedindo ou dificultando sua descida. Após posicionar-se ao lado da vítima e ancorá-la a si, o bombeiro deve lançar a corda para que um socorrista possa prover sua segurança de baixo, se possível. No caso da corda não chegar ao solo, lembrar de confeccionar um nó volumoso nas pontas para evitar passar direto e cair no vazio; Corda sendo enrolada pelo processo de corrente dupla. 2)utilizar corda dupla (duas cordas) uma vez que duas pessoas ficarão penduradas às cordas e também pelo fato de uma corda servir de “back up” para a outra, caso um arrebente-se por algum motivo. A exceção é se a corda simples for de 12,5mm, quando então pode-se utilizar somente uma corda. Nesse caso, porém, não haverá o “back up”. Lembre-se que quanto mais leve for o socorrista menos peso haverá na corda; Socorrista com a mochila presa em uma solteira, mantendo a corda dentro da mochila enquanto faz a descida.
  • 21. 21 Foto ilustrando o uso de corda dupla (Duas cordas) no Rapel com vítima. 3)se possível, utilize o “Triângulo de Resgate”, pela facilidade de se imobilizar a vítima com rapidez e segurança. Não sendo possível, e não havendo condições da vítima vestir uma cadeirinha (vítimas presas do lado de fora de janelas e para-peitos estreitos, por exemplo) o melhor a fazer é confeccionar uma Assento Austríaco ou Japonês na vítima e, posteriormente, uma Atadura de Peito com um anel de fita, a qual será presa à solteira da vítima (a que vai presa ao freio). Tal medida facilita o resgate no caso da vítima ficar inconsciente, p.ex., desmaiando; A vítima, equipada com o Baudrier, é orientada pelo socorrista antes do início da descida.
  • 22. 22 4)ter sempre disponível no rack da cadeirinha anéis de fita de comprimentos variados bem como mosquetões e cordeletes, para possíveis eventualidades. Uma polia e um cabo solteiro também ajudarão, num caso de ter que providenciar um sistema de redução de forças, por algum motivo; Socorrista provido de equipamentos para possível emprego durante o resgate. 5)leve um capacete de reserva para a vítima. Num caso de incêndio, onde a vítima esteja envolvida pela fumaça, leve um aparelho autônomo de respiração para ela. O uso do aparelho por parte do socorrista deve ser avaliado. Caso opte por utilizá-lo, o bombeiro deve confeccionar uma atadura de peito para evitar que vire-se de costas durante o Rapel; 6)sempre que possível mantenha um bombeiro em segurança dinâmica na ponta da corda para servir de “back up” em caso de falha do socorrista ou dos equipamentos; Bombeiro fazendo a segurança dinâmica, atento à descida do socorrista com a vítima.
  • 23. 23 7)durante os trabalhos mantenha a vítima informada de todos os procedimentos com vistas a transmitir-lhe segurança e confiança, além de tranqüilizá-la. Caso algo apresente indícios de dar errado, procure manter a calma, tente solucionar o problema e evite deixar que a vítima perceba para que não entre em pânico e dificulte ainda mais as coisas; 8)proteja os cabelos da vítima posicionando-os sob o capacete ou prendendo-os da forma possível. É bom ter um canivete preso ao “rack” para a eventualidade de ter que cortar os cabelos da vítima, caso venham, por algum motivo, prenderem-se no freio de descida. Lembrar que tal medida deve ser utilizada somente como último recurso e em situações extremas; 9)orientar a vítima a manter as mãos longe do aparelho de frenagem; 10)procure fazer sempre o que for mais fácil. Sempre que possível desça a vítima somente a altura suficiente para o resgate, ou seja, até o andar seguinte (ponto de salvamento) ou até a auto-plataforma ou auto-escada. Só vá até o chão no Rapel se for absolutamente necessário. TIROLESA COM DESCIDA COMANDADA Para descermos uma vítima, pela Tirolesa, devemos “comandar” sua descida utilizando, para isso, uma corda presa à maca ou à cadeirinha da vítima, e passando-a por um freio em oito, fixando-o a uma estropo. O nó dinâmico UIAA pode ser utilizado com segurança. O BM que comanda a descida deve usar luvas de vaqueta e ficar atento ao trajeto da vítima. Se for o caso, um outro socorrista pode acompanhar a vítima na descida. O único inconveniente é que irá sobrecarregar um pouco mais as ancoragens. Socorrista alcançando o andar inferior, o qual está seguro, não sendo necessário que ele vá além ou desça até o chão.
  • 24. 24 A Tirolesa deve ser tracionada com corda dupla ou com uma segunda corda funcionando como “Back up” (sistemas independentes). ASCENSÃO NO PLANO VERTICAL Nas atividades de bombeiro dificilmente o socorrista terá que utilizar processos de ascensão para chegar ao ponto onde se encontra a vítima. Normalmente utiliza-se de escadas ou helicópteros e o acesso passa a ser por Rapel. A subida posterior poderá ser realizada por içamento através de sistemas de redução de forças. Não obstante isso, no caso de acidente em caverna, o bombeiro pode ter que atuar junto com espeleólogos e ser obrigado a utilizar técnicas de ascensão. Para tanto, aprender o básico já é o suficiente. A corda é passada no freio oito e presa junto à vítima. O BM que comanda a descida deve usar luvas de vaqueta e ficar atento ao trajeto da vítima
  • 25. 25 Sendo possível, é ideal o uso de blocante mecânico, conhecido por “Jumar”. A técnica de subida passa a ser então denominada de “jumarear”. Os ascensores são presos às solteiras e um estribo é confeccionado para posicionamento dos pés. Os movimentos de subida compreendem alternância de pés e mãos, num estilo denominado “tipo Rã”. Na falta dos blocantes mecânicos os nós auto-blocantes confeccionados com cordeletes podem ser improvisados. É bom escolher um tipo de nó e treinar com ele, para que, na hora do atendimento a ocorrência, não haja dúvida. Um cuidado especial que se deve ter ao utilizar blocantes mecânicos é que, por possuírem “dentes” na castanha que prende a corda, se a carga de trabalho especificada pelo fabricante não for observada, a corda pode vir a ser danificada. Portanto, não é recomendado tracionar cabo aéreo substituindo nós auto-blocantes por blocantes mecânicos. Estes são só para ascensão. Ascensão vertical com blocantes mecânicos na posição tipo Rã, pernas flexionadas iniciando a subida. Ascensão vertical com blocantes mecânicos na posição tipo Rã, pernas tencionadas completando o movimento de subida.
  • 26. 26 ESCALADA EM ESTRUTURAS METÁLICAS Para escalar estruturas metálicas o bombeiro deve utilizar solteiras com mosquetões que envolvam parte da estrutura para que fique ancorado. Quando isso não for possível, deve usar anéis de fita como estropos e, aí, clipar os mosquetões. Bombeiro equipado com duas solteiras de mesmo comprimento confeccionadas a partir de um “cabo solteiro” e clipadas por mosquetões em suas extremidades. Uma outra opção mais técnica é escalar a estrutura como se estivesse “guiando” uma via na rocha. Para tanto se devem utilizar corda dinâmica, anéis de fita e mosquetões em substituição às “costuras” pré-fabricadas. Os mosquetões devem ser, preferencialmente, sem travas e com o gatilho curvo, para facilitar a instalação da corda. Em ambos os casos, porém, o risco de queda existe e, por isso, o socorrista deve evitar a todo custo ficar exposto a Fator de Queda (FQ) próximo ou igual a 2. Bombeiro preparado para o início da escalada com os mosquetões envolvendo parte da estrutura metálica.
  • 27. 27 O Fator de Queda indica a severidade de uma queda e, na escalada, com exceção de “Vias Ferrata”, seu valor varia de 0 a 2, dependendo da situação. A fórmula para o cálculo de tal fator é: FQ=DQ/CTCL, onde FQ=Fator de Queda, DQ=Distância da Queda e CTCL=Comprimento Total de Corda Liberada. O escalador, para evitar o Fator de Queda 2 ou outro fator significante, mantém as solteiras presas acima da linha da cintura. O bombeiro que estiver na segurança deve utilizar, preferencialmente, freio em automático, ou seja, que se trava “sozinho”. Ainda assim, se a diferença de peso entre ele e o “escalador” for de mais de 10kgf, deve ancorar-se em algo no solo.
  • 28. 28 GLOSSÁRIO Abrir a Via: iniciar a escalada de uma via; conquistar. Acochar: apertar. Agarra: saliência da rocha usada na escalada. Tecnicamente é onde colocamos as mãos. Torna-se apoio quando colocamos os pés. Air Traffic Control (ATC): “Controlador de Tráfego Aéreo”. Na verdade um “apelido” que colocaram no “aparelho de frenagem para segurança e rapel” o qual permite a descida em corda dupla ou simples e facilita a colocação da corda no aparelho sem ter que desclipá-lo do mosquetão. Ancoragem: ponto de fixação da corda. Anel de Fita: trata-se de um pedaço de fita tubular ou plana unida através do Nó de Fita ou previamente costurada (mais resistentes). Apoio: saliência da rocha onde colocamos os pés para escalar. Quando colocamos as mãos denominamos tecnicamente de agarra. À Prova de Bombas: totalmente confiável. Usamos tal terminologia normalmente para nos referirmos às ancoragens que suportam forças de impactos bem grandes sem se romperem. Arremate: arranjo feito no final de uma corda para reforçar o nó principal e evitar que se desfaça aumentando a segurança. Ascensão: subida. Autoblocante: que bloqueia por si só. Termo usado para nos referirmos aos nós que se apertam quando submetidos à tração, por exemplo, Prusik, Machard, Backman entre outros.
  • 29. 29 Auto-segurança: consiste em se fazer a própria segurança durante uma escalada (o que é menos comum, mas possível) ou num rapel (mais comum). Usa-se geralmente um cordelete com um nó autoblocante preso à solteira acima ou abaixo do aparelho de frenagem. Back up: termo inglês que significa voltar atrás, ter uma segunda chance. Na escalada e em técnicas verticais o termo é muito usado para significar “redundância”, ou seja, sempre temos que ter pronto um segundo sistema de segurança separado do primeiro. Baixa: termo militar que significa não estar em condições de trabalhar por motivos diversos (baixado: problema de saúde) ou que saiu do serviço (demissão). Balanço: tipo de amarração feita em galhos e troncos de árvores antes de serem cortados, para facilitar o direcionamento de queda, evitando-se acidentes. Baudrier: mesmo que cadeirinha. Termo muito usado no militarismo. Belay Loop: é um pequeno anel de fita existente na maioria das cadeirinhas onde se instala o mosquetão para o rapel ou para dar segurança a quem estiver escalando. Também chamado de anel de segurança. Blocante: mesmo que autoblocante. BM: Bombeiro Militar. Cabo Aéreo: corda tracionada entre dois pontos de ancoragem e que serve para transposição de tropa, equipamentos e/ou feridos. No Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais padronizou-se com os usos e costumes que cabo aéreo é na horizontal. Se for na vertical torna-se Tirolesa. Cadeirinha: conjunto de fitas costuradas nas pernas e cintura formando uma espécie de “arreio” o qual é vestido pelo escalador. Existem modelos diversos de acordo com as várias atividades existentes.
  • 30. 30 Carga de Trabalho (CT): é a carga máxima “teórica” que o equipamento pode suportar, dentro de uma margem de segurança. É o resultado de uma fórmula na qual dividimos a Carga de Ruptura (CR) pelo Fator de Segurança (FS). Carga de Ruptura (CR): é a carga máxima “real” que o equipamento pode suportar, segundo testes de laboratórios. É a carga na qual o equipamento se romperá. CBMMG: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. CEBOM: Centro de Ensino de Bombeiros. Chapeleta: é uma das partes de uma espécie de proteção fixa que é instalada na rocha para proteção das vias. É o “olhal” por onde introduzimos o mosquetão. Chicote: é a extremidade de uma corda (mesmo que “ponta”). Clipar: ato de instalar o mosquetão a alguma coisa. Cordada: conjunto de dois ou mais escaladores unidos uns aos outros através de cordas. Corda Dupla: técnica de escalada onde se utilizam duas cordas dinâmicas, sendo que a cada costura uma delas é passada no mosquetão alternadamente. Dessa forma, caso a corda venha a arrebentar-se durante uma queda, haverá a segunda corda na proteção imediatamente abaixo servindo de “back up”. Nesse caso usam-se cordas de 10 a 11mm. Corda Dinâmica: corda fabricada com uma “elasticidade” natural que pode variar de 6 a 10% do seu comprimento com vista a absorver o impacto causado pela queda de quem estiver escalando, evitando danos à ancoragem, ao equipamento e/ou ao corpo do escalador. Sua “alma”, ou “miolo” é constituído de fios torcidos que funcionam como “molas” ao receber tensão. Corda Estática: praticamente não existem. No Manual de Salvamento em Altura do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro encontramos referência a uma corda “estática” que tinha inclusive alguns fios de aço na
  • 31. 31 constituição da “alma”. Seria uma corda “que não se estica”. Porém, é difícil conceber tal hipótese em atividades de altura. Tal corda seria utilizada apenas para içamento de cargas e, principalmente, para montagem de cabos aéreos e tirolesas. Corda Gêmea: técnica de escalada onde se utilizam duas cordas de diâmetros menores, normalmente 9mm cada uma, sendo elas passadas ao mesmo tempo no mosquetão da costura. Dessa forma, no caso de queda do escalador, as duas cordas absorveram a força de impacto. A vantagem dessa técnica é que se uma das cordas se arrebentar, a outra servirá de “back up”. Corda Semi-estática: corda que está no meio termo entre uma corda estática e uma dinâmica. Estica-se cerca de 1 a 2% do seu comprimento e deve suportar queda de fator até 1 (um) para receber a certificação UIAA. É usada em técnicas verticais para içamento de cargas, em sistemas de redução, tirolesa entre outras. Corda Simples: é a utilização de apenas uma corda durante a escalada. Cordelete: é um cordim emendado, normalmente com um Nó de Pescador Duplo, formando um anel que é usado, na maioria das vezes, para a confecção de nós autoblocantes para tracionamento de cordas ou para autosegurança durante o rapel. Cordim: são “cordas” de diâmetros reduzidos, cerca de 6 a 8mm. São cortadas em pedaços de 1,5 a 2,0m e unidas pelas pontas formando os “cordeletes”. Correr: mesmo que escorregar. Costura: equipamento composto por uma fita costurada tendo dois mosquetões, geralmente sem travas, em cada extremidade. Usada para reduzir o atrito da corda com a rocha e diminuir seu “zigue-zague” durante a subida, reduzindo o atrito com os mosquetões. Costurar: ato de passar a corda pelas costuras durante uma escalada. Crux: é a parte mais difícil de uma via.
  • 32. 32 Cume: ponto mais alto de uma montanha. Dar um leve: aliviar o peso. Desclipar: ato de retirar o mosquetão de alguma coisa. Double Back: termo inglês que significa “dupla volta”. As fivelas de determinadas cadeirinhas possuem tal sistema o qual demonstrou ser bem prático tanto para apertar as fitas quanto para soltá-las, evitando-se acidentes. Foi patenteada pela empresa PETZ. Encadenar: escalar a via até o final sem quedas. Encordar (encordoar): fixar a corda à cadeirinha mediante uma amarração. Enfiada: espaço compreendido entre uma parada e outra na via de escalada. Equalização: arranjo feito com anéis de fitas ou fitas tubulares onde o peso da carga é dividido igualmente entre as ancoragens. Estropo: arranjo feito com anéis de fita e mosquetão onde ancoramos uma corda durante a ancoragem. O anel de fita é permeado uma ou mais vezes e passado em volta do ponto de ancoragem. Normalmente é usada para proteger a corda evitando seu contato direto com o ponto de ancoragem. A palavra realmente significa, segundo Edil Dalbian Ferreira em seu Dicionário para Bombeiros, “cabo de ferro em forma de anel, o qual prende o remo à forqueta ou tolete”. Alguns manuais usam o termo inglês “strop”, que significa, ao pé da letra, uma tira usada para afiar navalhas. Fator de Queda: é um valor expresso em números o qual representa a severidade e o grau de perigo de uma queda durante a escalada. Em Vias Ferratas e similares tal fator pode chegar a “10” ou mais. Na escalada tal fator não ultrapassa o valor “2”, que é considerado o mais severo. Após uma queda de fator 2 recomenda-se descartar os equipamentos envolvidos tamanha é a força de impacto gerada pela queda. Tal valor é encontrado dividindo-se a altura da queda pela quantidade total de corda liberada entre o guia e o segurança.
  • 33. 33 Fator de Segurança (FS): valor usado no cálculo da Carga de Trabalho (CT) para garantir uma margem de segurança na utilização dos equipamentos (divide-se a Carga de Ruptura (CR) pelo Fator de Segurança (FS). Segundo a National Fire Protection Association (NFPA) 1983, para as atividades de bombeiros e salvamentos em alturas diversas, o Fator de Segurança (FS), para carga humana, é “15”, e para as demais cargas é “5”. No Brasil, não temos uma doutrina a respeito. No Manual de Salvamento em Altura do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, o FS é “5”, não havendo distinção entre carga humana e/ou material. Para polias normalmente e FS gira em torno de “5”, segundo os fabricantes. Fazer a via: escalar a via. Fita Expressa: mesmo que anel de fita. Termo normalmente utilizado para os anéis de fita previamente costurados pela fábrica. A palavra “expressa” deve ter derivado do fato das fitas estarem à mão, em condições de “pronto emprego”. Fita Plana: fita que não é tubular, ou seja, não é “oca”. Trata-se de uma fita única costurada. Fita Tubular: fita “oca”. Quando apertamos suas bordas ela fica com o formato de um “tubo”, daí o nome. Força de Choque: mesmo que Força de Impacto. É a força gerada com a queda do escalador. A fórmula para seu cálculo é Força (F) igual à raiz quadrada de 2 multiplicado pelo peso do escalador, constante de elasticidade da corda e Fator de Queda (FQ). Força de Impacto: mesmo que Força de Choque. Gatilho: parte móvel do mosquetão por onde é clipada a corda. Também conhecido como “portal”, “dedo”, “mola” ou “portal”. Grampo: modelo de proteção fixa feita de aço. Normalmente em forma de “P”. É fixada perpendicularmente à rocha por pressão e à “marreta”.
  • 34. 34 Guia: é aquele que vai à frente na escalada “abrindo a via” e equipando-a para a subida dos demais escaladores. Na maioria das vezes é sempre o mais experiente do grupo. Guiar: ato de escalar uma via primeiro, liderando o grupo, basicamente usando costuras, por onde será passada a corda. HMS: modelo de mosquetão desenvolvido para se dar segurança com o nó dinâmico “UIAA” (ou Meio-Porco). Também é o mais recomendado para se utilizar com os freios Yoyo e SRC. A sigla é abreviatura de “Halbmasturf sicherung” (quem souber alemão...) Loop Belay: ver Belay Loop. Mandar o Lance: escalar uma das partes da via. Mosquetão: “anel de alumínio de tamanho e formato variável que permite a conexão entre diferentes equipamentos de escalada”. (GASGUES, Marcus Vinícius. Montanha em Fúria. Editora Globo, São Paulo, p.262). Parada: local protegido da via onde os escaladores se ancoram para descansar ou montar o rapel para a descida. É onde se faz a equalização com fitas para montagem do “Top Rope”. Passa-mão: termo empregado pelo Exército Brasileiro para referir-se a uma corda previamente tencionada entre dois ou mais pontos por onde o escalador clipa o mosquetão de sua solteira ou instala um nó blocante para transitar com segurança em altura. Passar a corda: desenrolar a corda e deslizá-la sobre as mãos inspecionando seu estado de conservação e desfazendo possíveis cocas (torções). Pêndulo: é realmente um “pêndulo”, ou seja, cair e, posteriormente, deslocar-se horizontalmente, de um ponto ao outro pendurado à corda. Pode ser empregado
  • 35. 35 taticamente para se chegar a determinado ponto na rocha ou em prédios onde esteja a vítima. Prontidão de Incêndio: “PRONTIDÃO – efetivo de bombeiros que permanece numa organização (unidade, subunidade, posto etc.), diuturnamente preparados e equipados para o atendimento de emergências, desde que solicitada a intervenção. Guarnições grupadas ou isoladas.” (FERREIRA, Edil Dalbian. Dicionário para Bombeiros. São Paulo, 1985, p. 167). Proteções: equipamentos instalados na rocha ou na edificação onde serão clipadas as costuras e passada a corda. Normalmente são de matais, como chapeletas, grampos etc. Pseudo-equalização: trata-se de uma “quase” equalização, ou seja, a carga tem seu peso sustentado por dois ou mais pontos sendo que, geralmente, o peso maior fica na ancoragem principal. Utilizam-se nós blocantes presos à corda principal. Rack: alças das cadeirinhas destinadas a instalação de equipamentos diversos, principalmente as costuras. Algumas cadeirinhas têm racks que podem suportar até 5 kgf. Tal nome também é usado numa espécie de freio para rapel constituído de “barretes” e feito em aço. Rapel: mesmo que “Rappel”. Termo aportuguesado. Rappel: “termo que vem do francês, é usado mundialmente nos círculos alpinistas. Significa descer com auxílio de uma corda fixa”. (KRAKAUER, Jon. No Ar Rarefeito. P. 23). Rota: mesmo que via. Termo mais usado em manuais militares. Segundo: é o escalador que vai depois do guia. Segurança: é aquele que faz a proteção de quem está escalando ou rapelando, cuidando para que não caia, tencionando a corda e, conseqüentemente, travando o equipamento de frenagem.
  • 36. 36 Seio: meio da corda. Solteira: anel de fita atado à cadeirinha com um nó Boca de Lobo, tendo na outra extremidade um mosquetão com trava. Usada para o escalador prender-se às proteções das paradas e ficar ancorado. String: proteção de borracha colocada na ponta da solteira visando fixar o mosquetão na sua posição além de proteger o tecido do anel de fita do atrito com a rocha ou superfícies ásperas. Strop: ver “estropo”. Teto: “trecho em que a parede de escalada se projeta para fora, formando um teto sobre o escalador”. (KRAKAUER, Jon. Sobre Homens e Montanhas. Companhia das Letras, 1999, p. 214). Top Rope: técnica de segurança onde a corda é passada por cima. Tracionamento: puxar, esticar, tencionar uma corda. UIAA: União Internacional das Associações de Alpinistas. Órgão oficial que realiza testes em equipamentos de escalada emitindo uma homologação que é mundialmente conhecida com sinônimo de qualidade, confiança e segurança. Vaca: queda. O termo foi “plagiado” dos surfistas. Vaqueta: tipo de couro com o qual se fazem luvas utilizadas no rapel. Via: é o caminho para se escalar a via. Quem conquista e fixa as proteções nas vias estabelece um caminho “obrigatório” para escalá-la; desviar de tal caminho é abrir outra via ou não fazer a via original. É o mesmo que “rota”. Via Ferrata: “é um caminho suspenso equipado de escadas e protegido por cabos de aço”. (Catálogo PETZ, 2001, p. 58)
  • 37. 37 BIBLIOGRAFIA BECK, Sérgio. Com Unhas e Dentes. 1ª ed., São Paulo: 1995. __________ . Primeiros Socorros em Montanha e Trilha. 1ª ed., São Paulo: 1999. __________ . Ratos de Caverna. 1ª ed., São Paulo: 1999. __________ . Convite à Aventura. 1ª ed., São Paulo: 1997. BELMIRO, Arnaldo. O Livro dos Nós de Trabalhos e Decorativos. 6ª ed., Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 1987. BROWN, Michael G. Engineering Practical Rope Rescue Systems. 1ª ed., E.U.A., 2000. CORPO DE BOMBEIROS/RJ. Manual de Instrução de Salvamento em Altura. 1ª ed., Rio de Janeiro, 1991. __________ . Manual de Montanhismo. 1ª ed., Rio de Janeiro, 1991. DELGADO, Delfin. Rescate Urbano en Altura. 2ª ed.,Madrid: Ediciones Desnivel, 2002. EXÉRCITO BRASILEIRO. Apostila do Estágio Básico do Combatente de Montanha. 2ª ed., São João Del Rey, 2000. __________. Manual de Campanha: Transposição de Obstáculos. 1ª ed., Estado- Maior do Exército, Brasil, 1980. FARIA, Fábio. Escalada Esportiva em Rocha. 2ª ed., Belo Horizonte: 2000. FASULO, David J. Autorrescate. 1ª ed., Madrid: Ediciones Desnivel, 1998. HOFFMANN, Michael. Manual de Escalada. 4ª ed., Madrid: Ediciones Desnivel, 1996. PACI, Paolo. Curso Básico de Alpinismo. 1ª ed., Barcelona: Editorial De Vecchi. PETZL. Catálogo de Trabalho e Resgate. França, 2002. PETZL. PPE CD ROM Z29. 2001.
  • 38. 38 PMMG – CCB – 2º GI. Manual do Aluno: Curso de Salvamento em Altura. Contagem. ________ . ICOp nº 020/93 – CCB: Corda de Emprego Multioperacinal de Bombeiros Belo Horizonte, 1993. REDONDO, Jon. Manual de Seguridad en Trabajos Verticales. 1ª ed., Madrid: Ediciones Desnivel, 2001. REQUIÃO, Cristiano. Cordas & Nós para Montanhistas. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2002. RESCUE TECNOLOGY. Rescue Equipament Catalog. EUA, 1999. RIBEIRO, Alex S. Dividir e Conquistar. 1ª ed., Rio de Janeiro: 2001. SHUBERT, Pit. Seguridad y Riesgo. 2ª ed., Madrid: Ediciones Desnivel, 2001. UNIDADE ESPECIAL DE RESGATE E EMERGÊNCIAS (UERE). Apostila de Técnicas Verticais. 2ª ed., Belo Horizonte, 2001. USTCH, Marcelo Henrique. Escalada Esportiva. 1ª ed., Belo Horizonte, 1999.