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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO
COMUNICAÇÃO SOCIAL – HAB. COMUNICAÇÃO DIGITAL

MELISSA CRISTINA DEVENS

PROCESSOS DE ADOÇÃO ANIMAL PELA INTERNET:
UM ESTUDO DA PÁGINA DE FACEBOOK DA ONG ADOTE UM GATINHO

SÃO LEOPOLDO
2012
MELISSA CRISTINA DEVENS

PROCESSOS DE ADOÇÃO ANIMAL PELA INTERNET:
Um estudo da página de Facebook da Ong Adote um Gatinho

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Comunicação Social,
Habilitação em Comunicação Digital da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Orientador: Prof. Dra. Adriana da Rosa
Amaral

São Leopoldo
2012
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a minha orientadora Adriana Amaral, por todo
apoio recebido ao longo deste ano, pela disposição que teve em me
acompanhar nesta caminhada e pelas aulas de comportamento do consumidor
III que deram início e incentivaram a escrita do mesmo.

A minha família em especial aos meus pais, Márcia e Domingos Devens, que
acreditaram me apoiaram e nunca mediram esforços para que eu conseguisse
concluir esta etapa da minha vida. A meu querido parceiro Lucas pela
dedicação, compreensão, apoio e companhia na pesquisa de campo.

Agradeço as voluntárias do Movimento Gatos da Redenção por toda atenção
que recebi. Também as voluntárias da ONG Adote um Gatinho que
prontamente responderam as minhas solicitações.

Agradeço também aos meus chefes e colegas de trabalho pela compreensão e
apoio nos dias em que tive que me ausentar.

Por fim agradeço a todos os professores, colegas e amigos que me ajudaram
ao longo desta caminhada sempre com palavras incentivadoras.
RESUMO
A presente monografia aborda os processos de adoção animal por meio da
internet. Dentro desse tema, foram analisados duas entidades de proteção
animal: O Movimento Gatos da Redenção, que possui foco na divulgação de
seus animais no meio físico; e a ONG Adote um Gatinho, que realiza doações
de animais somente pela internet. O objetivo da pesquisa é gerar um panorama
de como se encontra a causa de adoção animal pelo uso de sites de redes
sociais. Para isso, foram utilizados os conceitos de redes sociais, comunidades
sociais e sites de redes sociais a partir dos estudos de Lemos (2002), Marteleto
(2001), Recuero (2009) e outros. Os conceitos ONGs foram analisados a partir
de Montenegro (1994) e outros autores. As perspectivas sobre a pesquisa
empírica e qualitativa aplicadas à internet foram pensadas com o apoio dos
estudos de Fragoso, Recuero e Amaral (2011). De maneira presencial, buscouse gerar entender as motivações que levam os simpatizantes das causas
animais a utilizarem a internet como ponto de encontro. A partir dessa reflexão,
observa-se um notável crescimento na utilização da internet como meio de
divulgação dos animais em situação de perigo.
Palavras-chave: Animais de rua. Redes sociais. ONG. Adoção animal.
ABSTRACT
This paper reports the process of animal adoption through the internet. Inside
this theme, two animal protection entities were analyzed. The Movimentos
Gatos da Redenção, mainly focused on divulging their animals using traditional
means and the NGO Adote um Gatinho, that performs adoptions using the
internet. The main focus is to create an outline of the current status regarding
animal adoption using social networking sites. This is done through concepts of
social networks, social communities and social websites using the work of
André Lemos (2002) Regina Marteleto (2001) Raquel Recuero (2009) among
others. The NGOs concepts were obtained using Thereza Montenegro (1994),
Betinho (1992) and other authors. Based on varied qualitative empirical
researches applied to internet (Fragoso, Recuero and Amaral, 2011) and
attending in person, the focus was to understand the motivations behind what
makes animal protectors use the internet as a meeting place. As of this
reflection, there is a notable growth in the usage of the internet as a mean of
dissemination regarding animals in danger.
Palavras-chave: Animais de rua. Redes sociais. ONG. Adoção animal.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Primeira parte do questionário aplicado às Instituições ............... 16
FIGURA 2 – Segunda parte do questionário aplicado às Instituições .............. 17
FIGURA 3 – Primeira parte do questionário aplicado ao Adotantes ................. 18
FIGURA 4 – Segunda parte do questionário aplicado ao Adotantes................ 19
FIGURA 5 – Página inicial do Facebook .......................................................... 32
FIGURA 6 – Página inicial do Site Adote um Gatinho ...................................... 42
FIGURA 7 – Página inicial da comunidade Adote um Gatinho ........................ 43
FIGURA 8 – Página inicial do Twitter @adoteumgatinho ................................. 43
FIGURA 9 – Página do Facebook da Adote um Gatinho ................................. 44
FIGURA 10 – perfil de participante da ONG Adote um gatinho ....................... 48
FIGURA 11 – Imagem do Gatil localizado junto a Administração do Parque
Farroupilha ...................................................................................................... 51
FIGURA 12 – Feira de adoção Movimento Gatos da Redenção 10/06/12 ....... 54
FIGURA 13 – Página inicial do site Adote um Gatinho .................................... 56
FIGURA 14 – Página de perfil do gato Nuit ...................................................... 57
FIGURA 15 – Primeira parte do formulário de adoção ..................................... 59
FIGURA 16 – Segunda parte do formulário de adoção .................................... 60
FIGURA 17 – Terceira parte do formulário de adoção ..................................... 60
FIGURA 18 – Quarta parte do site Adote um Gatinho ..................................... 61
FIGURA 19 – Ranking e informações do gato Indiana Jones .......................... 63
FIGURA 20 – Imagem do Antes/Depois do gato Farrapo ................................ 67
FIGURA 21 – Imagem do álbum com fotos dos novos gatos da ONG ............. 68
FIGURA 22 – Imagem da divulgação do boletim mensal da ONG ................... 69
FIGURA 23 – Imagem da divulgação da cartinha ............................................ 70
FIGURA 24 – Imagem da divulgação da categoria “Dicas de Gatos” .............. 70
FIGURA 25 – Imagem da divulgação de um evento ........................................ 71
FIGURA 26 – Imagem da divulgação da categoria “Gatinho da Semana” ...... 72
FIGURA 27 – Imagem da divulgação da categoria “Gatos para Adoção” ........ 73
FIGURA 28 – Imagem da divulgação da categoria “História de Gato” ............. 74
FIGURA 29 – Imagem da divulgação da categoria “História do Fundador” ..... 75
FIGURA 30 – Imagem da divulgação da categoria “Notícias de Gatinhos” ...... 75
FIGURA 31 – Imagem da divulgação da categoria “Homenagem aos
Animais” ........................................................................................................... 76
FIGURA 32 – Imagem do Fórum de discussão onde é possível observar o
usuário Rogério P. Viera como um dos clusters que mantém o espaço em
funcionamento. ................................................................................................. 77
FIGURA 33 – Imagem com exemplo de cooperação onde os usuários se
engajaram para auxiliar uma das fãs que esta tendo problemas com seu
gato. ................................................................................................................. 78
FIGURA 34 – Imagem com post no fórum, foi o único onde foi encontrado
conflito. Nele os fãs discutiam a respeito da marca de ração Whiskas.
Quem está engajado nas causas animais sabe que este é um conflito
antigo entre as pessoas que defendem que a marca pode causar algum
mal ao animal e as que dizem que ela não causa nada. .................................. 79
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Respostas dos curtidores sobre seu sexo. ...................................... 79
GRÁFICO 2 – Respostas dos curtidores sobre sua faixa etária.............................. 80
GRÁFICO 3 – Respostas dos curtidores sobre já ter adotado um animal ............. 80
GRÁFICO 4 – Respostas dos curtidores sobre onde adotou o animal .................. 81
GRÁFICO 5 – Respostas dos curtidores sobre a internet ter auxiliado nas
adoções dos animais ............................................................................................... 81
GRÁFICO 6 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais
abandonados em seus perfis de redes sociais........................................................ 82
GRÁFICO 7 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais
abandonados em seus perfis de redes sociais........................................................ 82
SÚMARIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................. 13
2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 13
2.2 PESQUISA EMPÍRICA QUALITATIVA ............................................................. 13
2.2.1 A escolha dos objetos ................................................................................. 14
2.2.2 Pesquisa com as ongs ................................................................................. 14
2.2.3 Pesquisa com adotantes e simpatizantes da causa de proteção aos
animais................................................................................................................ 17
2.2.4 Obervação ..................................................................................................... 19
2.2.5 Simulação ..................................................................................................... 19
2.2.6 Análise e categorização ............................................................................... 19
3 REDES SOCIAIS E A INTERNET ....................................................................... 21
3.1 COMUNIDADES VIRTUAIS E REDES SOCIAIS ............................................. 22
3.2.1 O Facebook ................................................................................................... 30
3.2.1.1 Funcionamento ............................................................................................ 32
3.2.1.2 Funcionalidades e recursos......................................................................... 32
3.2.1.2.1 Mural ........................................................................................................ 33
3.2.1.2.2 Botão curtir ............................................................................................... 33
3.2.1.2.3 Status ....................................................................................................... 33
3.2.1.2.4 Eventos .................................................................................................... 33
3.2.1.2.5 Aplicativos ................................................................................................ 34
3.2.1.2.6 Grupos...................................................................................................... 34
3.2.1.2.7 Linha do tempo ......................................................................................... 34
3.2.1.2.8 Páginas de fãs ou fan pages .................................................................... 34
4 ONGs ................................................................................................................... 36
4.1 DEFINIÇÃO DE ONG ........................................................................................ 36
4.2 HISTÓRIA DAS ONGS NO BRASIL ................................................................. 38
4.3 ONGS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - ADOTE UM GATINHO ..................... 40
4.4 PERFIL DOS PARTICIPANTES DE ONGS ...................................................... 43
5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS DE ATUÇÃO DAS ONGS ......................... 49
5.1 CONHECENDO AS INSTITUIÇÕES E SEUS MEIOS DE DIVULGAÇÃO ........ 49
5.1.1 Movimento gatos da Redenção ................................................................... 49
5.1.2 Ong Adote um Gatinho ................................................................................ 51
5.2 A ADOÇÃO ....................................................................................................... 52
5.2.1 Adoção física ................................................................................................ 53
5.2.2 Adoção pela internet .................................................................................... 54
5.2.3 Comparação entre os tipos de adoção....................................................... 61
6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 63
6.1 ENGAJAMENTO FORA DA INTERNET ........................................................... 63
6.2 ENGAJAMENTO ONLINE ................................................................................. 65
6.2.1 Categorização do conteúdo da página de fãs ........................................... 66
6.2.2 Pesquisa com simpatizantes e resultados ................................................. 79
6.3 PANORAMA DA ADOÇÃO UTILIZANDO FERRAMENTAS DE INTERNET .... 83
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 86
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 88
APÊNDICES............................................................................................................ 90
12
1 INTRODUÇÃO

O problema de abandono animal não é recente. Ele é herança das
antigas sociedades. Porém, atualmente, o tema ganhou maior importância
tanto nas mídias tradicionais quanto no ciberespaço. De acordo com dados da
Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), “a situação dos animais na
rua é hoje uma das questões de bem-estar animal mais visíveis em todo o
mundo. Os cães são os animais mais afetados: dos cerca de 500 milhões de
cachorros do mundo, aproximadamente 75% estão na rua”. O surgimento de
entidades protetoras de animais em situação de vulnerabilidade vem de
encontro e tenta sanar ou menos amenizar este problema enfrentado pela
sociedade civil.
Essas entidades, geralmente, sem fins lucrativos, têm como objetivo
retirar das ruas e encontrar um lar para animais abandonados. Para isto se
valem da ajuda de voluntários que dedicam seu tempo na divulgação e auxilio
destes animais. A divulgação destas organizações acompanha o surgimento
dos novos meios de comunicação e também se faz presente no ciberespaço. O
ciberespaço é o lugar onde a cibercultura se molda e se formata. A cibercultura
além ter modos próprios de existir, agrega as culturas dos demais espaços e as
transforma. As comunidades virtuais estão imersas neste ciberespaço e geram
cada uma um modelo de cibercultura. Estas comunidades virtuais são
exemplos de redes sociais. Pode-se afirmar que, mesmo mudando o meio de
interação, seja ele físico ou cibernético, a rede social se baseia na interação
entre as pessoas, tendo elas um objetivo comum. Assim como as pessoas que
defendem a causa de proteção aos animais se reúnem no mundo físico em
feiras de adoção e eventos sobre o assunto, elas se reúnem na web formando
redes sociais digitais. Estas redes sociais são facilmente percebidas na internet
em sites de relacionamento como, Facebook, Orkut, entre outros.
A presente monografia buscará entender de que maneira estas
organizações estão se apropriando deste espaço a seu favor e com isto gerar
um panorama de como acontece atualmente a adoção animal utilizando as
ferramentas dos sites de redes sociais. Para

entender

a

evolução

e

as

diferenças na disseminação de conteúdo das ONGs de proteção animal foram
observadas duas entidades protetoras. A primeira delas o Movimento Gatos da
13
Redenção que possui forte atuação no meio físico e a segunda com foco de
atuação através da web, a ONG Adote um Gatinho.
Para que esse estudo se concretizasse, foram necessárias variadas
abordagens metodológicas, demonstradas no segundo capítulo. Neste capítulo
é explicado, item por item, de todos os processos para a realização da
pesquisa, desde a revisão bibliográfica até as formas de aplicações das
pesquisas com os objetos de estudo escolhidos.
O terceiro capítulo conceitua as redes sociais, os sites de redes sociais,
comunidades virtuais e inclui um breve histórico sobre o surgimento deles.
Através de Recuero (2009) resgata-se desde a concepção, até os conceitos de
laço social e capital social. Esse capítulo também pretende traçar um
panorama do Facebook, desde sua criação e explicar o funcionamento da
plataforma.
No quarto capítulo, é apresentada a conceituação do termo ONG, ele
também traz um histórico do surgimento destas organizações no Brasil,
apresenta em um primeiro momento o principal objeto de estudo a ONG Adote
um Gatinho e busca traçar um perfil entre os participantes destas ONGs de
proteção animal.
O quinto capítulo busca fazer uma comparação entre os métodos de
adoção utilizados pelo Movimento Gatos da Redenção, através de uma feirinha
de adoção e a ONG Adote um Gatinho, através da internet.
O sexto e último capítulo relacionam os conceitos abordados no
referencial teórico com os resultados da pesquisa empírica, incluindo as
observações e simulações realizadas durante o percurso. Esta análise busca
possibilitar uma reflexão sobre como está o campo de adoção animal na
internet.
O presente trabalho tem como objetivo geral obter um panorama de
como as entidades de proteção animal tem se apropriado dos sites de redes
sociais e das ferramentas que estes apresentam em prol da adoção animal.
Além de gerar subsídios para novos trabalhos sobre o tema, tendo em mente
que pesquisas nesta área são praticamente inexistentes, sem alguma uma
base sólida para novos levantamentos.
14
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo inicial, abordaremos como se deu o processo de pesquisa
e as suas etapas, desde a pesquisa bibliográfica à pesquisa empírica.

2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Para realização desta monografia, em um primeiro momento foi
realizada uma leitura e uma revisão bibliográfica dos conceitos de
convergência, redes sociais e ONGs. Para que isto fosse possível foram
utilizadas bibliografias de diversos autores. Por meio de Hall (2002) Nóbrega
(2010) e Lemos (2002), se buscou entender o significado do conceito
identidade e utilizar ele para traçar um perfil dos integrantes das Organizações
Não Governamentais que auxiliam animais em situação de vulnerabilidade,
tanto no meio físico quando na web. Para construir o referencial teórico sobre
redes sociais foi utilizada a autora Raquel Recuero (2009), a obra da autora
auxiliou na compreensão da estrutura e história das redes. Possibilitando
assim, melhor entendimento dos sites de redes sociais.
Por meio da pesquisa bibliográfica, foi possível ampliar os conceitos,
entender as mudanças e as estruturas de uma rede social, para assim,
pavimentar caminho para os próximos processos metodológicos.
2.2 PESQUISA EMPÍRICA QUALITATIVA

Uma das ferramentas utilizadas nesta pesquisa abrange a pesquisa
empírica qualitativa. Tal pesquisa busca uma compreensão aprofundada e
holística dos fenômenos em estudo, contextualizando e reconhecendo seu
caráter dinâmico (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL 2011). Sendo assim, a
pesquisa não tem como objetivo mensurar ou quantificar o número de
interações entre os participantes dos objetos de estudo, mas sim, buscar
entender os processos comunicacionais que acontecem neles. As autoras,
Fragoso, Recuero e Amaral citam que este tipo de análise vem sendo utilizada
por diversas vezes nos estudos envolvendo abordagens online ao longo da
15
década de 90. Neste tipo de pesquisa é necessário realizar observações para
que após sejam criadas subdivisões, que possibilitem focar a análise em
amostras. Para as autoras o recorte na internet é mais difícil devido ao grande
número de usuários e o dinamismo nas redes. Sendo assim é importante
escolher uma amostra apropriada para o bom desenvolvimento da pesquisa.

2.2.1 A escolha dos objetos

Dado que este trabalho é qualitativo, a quantidade de objetos de
pesquisa a ser utilizado não é um fator relevante. Para a realização desta
foram selecionados dois grandes objetos, a ONG Adote um Gatinho e o
movimento Gatos da Redenção. A primeira por ter os meios de comunicação
como seu público-alvo voltado ao meio digital e a segunda por ainda utilizar os
meios de comunicação convencionais como principal divulgador de seus
objetivos. Ambos os objetos tem como objetivo principal auxiliar na retirada da
rua de animais em situação de vulnerabilidade, em especial com foco em
gatos, porém ambas também auxiliam outros animais em menor escala.
A partir da escolha das duas ONGs representantes, foi iniciada um
mapeamento de presença das duas nos meios digitais, com objetivo de
observar as diferenças e as semelhanças no posicionamento. Após este
mapeamento foi realizada a escolha da página de fãs da ONG Adote um
Gatinho como objeto da pesquisa para a parte on-line e pesquisa em campo
para o Movimento Gatos da Redenção, pois o mesmo não se encontra
presente de maneira efetiva na web e nos sites de redes sociais.

2.2.2 Pesquisa com as ongs

Com intuito de conhecer melhor a ONG Adote um Gatinho e o
Movimento Gatos da Redenção, uma pesquisa com pessoas da administração
das duas organizações foi realizada.
O questionário foi aplicado através da internet para a ONG Adote um
Gatinho e pessoalmente para o Movimento Gatos da Redenção.
16
A pesquisa visava conhecer melhor o funcionamento das instituições e
entender o posicionamento utilizado pelas mesmas em seus meios de
divulgação.
Segue abaixo o exemplo de pesquisa realizada com os objetos de
estudo:
FIGURA 1 – Primeira parte do questionário aplicado às Instituições

Fonte: Elaborado pela autora
17
FIGURA 2 – Segunda parte do questionário aplicado às Instituições

Fonte: Elaborado pela autora

Em ambas as abordagens, por meio da internet e também na
abordagem pessoal, se deixou claro que a tal pesquisa seria utilizada para o
trabalho de conclusão do curso de Comunicação Digital. Com isso as ONGs se
sentiram mais livres para expressar suas opiniões e explicar com mais detalhes
o funcionamento das mesmas.
A partir das respostas recebidas foi possível gerar uma comparação
entre os métodos de doação das duas e também da maneira a qual elas
18
utilizam para divulgar os animais que acolhem. Bem como observar a visão das
instituições a respeito do tema abordado.

2.2.3 Pesquisa com adotantes e simpatizantes da causa de proteção aos
animais

Para conhecer melhor o perfil das pessoas que adotam ou simpatizam
com a causa de proteção aos animais e maneira com que estas interagem com
as Instituições; foi aplicado um questionário com perguntas relacionadas ao
perfil deste participante. Houveram também perguntas acerca da organização,
a adoção animal e também sobre as novas maneiras de adoção pela internet.
Em um primeiro momento a pesquisa foi realizada com os participantes
da página do site de redes sociais Facebook da ONG Adote um Gatinho 1.
Segue abaixo imagem do questionário aplicado:
FIGURA 3 – Primeira parte do questionário aplicado ao Adotantes

Fonte: Elaborado pela autora

1

Página de Facebook da ONG Adote um Gatinho: http://facebook.com/adoteumgatinho.
19
FIGURA 4 – Segunda parte do questionário aplicado ao Adotantes

Fonte: Elaborado pela autora

O questionário esteve disponível no período de uma semana (de 21 a 27
de novembro de 2011) e foi aplicado com 47 indivíduos que não
necessariamente interagiam com a página, porém, na análise dos dados foram
excluídos estes por se entender que os mesmos não poderiam acrescentar
algo à pesquisa. O questionário foi divulgado no mural da página da ONG e
nos perfis de redes sociais da autora. No questionário também ficou claro que
os resultados da pesquisa seriam utilizados para fins de análise no trabalho de
conclusão de curso da autora.
A pesquisa realizada com abordagem pessoal aconteceu no domingo
dia 10/06/2012 no Parque Farroupilha, também conhecido como Redenção,
local de atuação do movimento Gatos da Redenção. Foram abordadas 13
pessoas que demonstravam interesse em adotar os animais presentes na
feirinha de adoção que acontecia no local. O questionário aplicado também
envolvia perguntas sobre adoção, a instituição e novos métodos de adoção
pela internet2.

2

Pesquisa e resultados disponíveis nos Apêndices – A e B
20
2.2.4 Observação
Além dos questionários realizados com os objetos de estudo, também se
realizou uma observação dos perfis dos sites de redes sociais da ONG Adote
um Gatinho. O foco da pesquisa se deu na página do Facebook da mesma,
pois foi onde ocorre o maior número de interações entre os participantes. A
observação teve como objetivo categorizar as interações dos participantes
entre eles e também com a Instituição.
A Fan Page foi observada durante uma semana, entre os dias
28/09/2011 e 04/10/2011, e contava na época com 39.802 fãs. Durante este
tempo foi observado o conteúdo postado em seu mural e também no fórum de
discussão. A maior ênfase foi dada para o Mural pois foi onde aconteceu o
maior número de interações.
Foi realizada também uma observação presencial dos simpatizantes
com o Movimento Gatos da Redenção. Durante uma tarde acompanhou-se a
rotina do Movimento. A fim de conhecer de perto como funciona o processo de
doação e divulgação da entidade.

2.2.5 Simulação

Para observar as diferenças e semelhanças entre as adoções realizadas
através de feiras de animais físicas e de páginas na web, uma simulação de
adoção em ambos os meios foi realizada.
No meio digital, a simulação foi feita por meio da página da ONG Adote
um Gatinho; e no meio físico durante a feirinha de adoção do Movimento Gatos
da Redenção. As etapas da simulação serão apresentadas no capítulo 5.

2.2.6 Análise e categorização

Foi realizada também uma análise dos resultados dos questionários, da
observação da página de Facebook e das entrevistas realizadas com as
Organizações, o que torna possível a categorização e análise de dados.
Neste capítulo, conhecemos as etapas da metodologia desenvolvida
para observar a maneira com que as ONGs interagem com seu público e
21
também os simpatizantes da causa de proteção animal interagem com as
ONGs, por meio das redes sociais e de maneira presencial. No próximo
capítulo, trataremos do conceito de Redes Sociais.
22
3 REDES SOCIAIS E A INTERNET

Na sociedade atual, a cada instante mais pessoas se conectam a web,
consomem as informações da rede e interagem com elas. Nota-se, cada vez
mais, uma necessidade crescente de estar sempre conectado. A convergência
dos conteúdos para a internet é uma das responsáveis pelo crescimento em
grande escala dos adeptos as novas tecnologias. Essa expansão das redes
transformou a maneira com que as pessoas se relacionam. Lemos (2002)
afirma que a tecnologia causa mudanças que fazem parte do processo de
evolução da humanidade e as consequências podem ter representações e
significações diversas. Assim como o fogo e a eletricidade são inovações que
definiram e se incorporaram aos processos cotidianos. Para Blattman (2009
apud LEMOS, 2002) a internet é a principal responsável pela mudança na
forma de acesso, obtenção, organização e uso de informação para produção
de conhecimento.
A nova geração não obteve mudanças apenas técnicas, mas sim na
forma com que os usuários e desenvolvedores fazem uso das novas
tecnologias. O público deixou de atuar somente como receptor de informação e
passou a fazer parte do desenvolvimento do conteúdo disponível na rede. A
conexão entre usuários e computadores resultou em um novo conceito de
atividade coletiva. Esta baseada no compartilhamento de informações e
interesses. Essa nova forma de interagir afeta a cultura comunicativa da
sociedade mudando padrões e hábitos. O motivo disto são as novas
tecnologias que permitem interação, colaboração e informação em tempo real.
Para Lévy (1999 apud LEMOS, 2002) a nova geração da internet transformouse em um meio de comunicação modelo todos - todos, onde qualquer pessoa
pode produzir e publicar conteúdo.
A convergência para a web e para as redes sociais é a principal
responsável pela consolidação desta nova geração na internet. O surgimento
de novas possibilidades técnicas na área de tecnologia da informação e
telecomunicações contribuiu de maneira muito significativa para que os
processos de disseminação de novas estruturas comunicacionais fossem
acelerados.
23
Se antes uma informação, para ser publicada, dependia dos meios de
comunicação de massa, hoje, com a tecnologia da conectividade e da
mobilidade, que traz consigo uma série de ferramentas digitais, os sujeitos
situados na esfera da recepção passam a disseminar a mensagem também.
Desta forma nossas experiências cotidianas são transformadas em produtos
midiáticos disponíveis a qualquer hora e local. Sendo assim, pode-se concluir
estar diante de uma nova dimensão na explosão informacional, não de ordem
científica e com uso das fontes tradicionais, mas de discursos que fazem
utilização de tecnologias alternativas para se disseminar. Neste capítulo
buscaremos tentar entender melhor o conceito e também o funcionamento
deste sites de redes sociais tão importantes na disseminação de conteúdos nos
dias atuais.

3.1 COMUNIDADES VIRTUAIS E REDES SOCIAIS

As redes sociais sempre existiram no meio físico, cada pessoa tem em
seu ambiente de convivência as suas próprias redes sociais, seja na faculdade
no trabalho, entre outras. MARTELETO (2001) propõe a ideia de rede como
uma estrutura não linear, que não precisa ter necessariamente um início ou um
fim, de um nodo desta estrutura podem partir vários outros nodos levando a
lugares diferentes, cada pessoa experimentará uma maneira diferente de
navegar nesta estrutura. Estas redes podem existir em um meio físico ou digital
ou ainda em ambos os meios ampliando assim

as experiências entre os

usuários das redes.
Não é possível existir um sem a presença do outro, o ser humano se
sente parte do mundo a partir de seus grupos de pertença, estes grupos podem
ser considerados suas redes. Desde criança que a rede social é montada, ao
iniciar pela família, depois os amigos, os colegas de escola. Cada vez mais, a
rede de contatos se amplia, bem como a rede social. As ONGs de proteção aos
animais já formam em seu meio natural uma rede, pois reúnem um grupo de
pessoas que se interessa em defender a causa animal.
MARTELETO (2001) ainda afirma que o conceito de rede já vem sido
utilizado há bastante tempo:
24
O trabalho pessoal em redes de conexões é tão antigo quanto
a história da humanidade, mas apenas nas última décadas as
pessoas passaram a percebê-lo como uma ferramenta
organizacional. (MARTELETO, 2001, p. 72)

A utilização da Internet facilitou a comunicação e gerou o surgimento de
um novo conceito de redes sociais. Com a web as pessoas passaram a
interagir por meio desta e das ferramentas criadas com o uso da mesma. Nela
é possível ter as mesmas ou praticamente as mesmas interações que no meio
físico, mas as experiências geradas são diferentes.
Castells (2004) afirma que a história das redes teve inicio junto com a
história da própria internet, já que as primeiras comunidades virtuais foram
criadas pelos primeiros usuários de redes de computadores. De acordo com
ele, o Institute for Global Communication (IGC) foi o precursor das primeiras
redes de computadores que se dedicavam à divulgação de causas sociais.
Recuero (2003) fala que inicialmente o termo comunidade era conhecido por
representar o conceito de comunidade rural. Um agrupamento baseado na
afinidade, porém, restrito aos locais de abrangência devido a falta de meios de
comunicação. Com o surgimento da comunicação mediada por computadores,
a busca de novas formas de estabelecer conexões transformou o termo em
“comunidades virtuais”.
Recuero (2003) define as comunidades virtuais:
A comunidade virtual é, assim, um grupo de pessoas que
estabelecem entre si relações sociais, que permaneçam um
tempo suficiente para que elas possam constituir um corpo
organizado, através da comunicação mediada por computador.
(RECUERO, 2003. p.5).

Desta forma, a comunidade que antes era conhecido como com um
grupo de pessoas que interage entre si sem objetos de mediação na internet,
passa a ser mediada por computador e de forma recíproca entre as partes.
Para Rheingold (1996), as comunidades virtuais não devem ser consideradas
apenas lugares onde as pessoas se encontram. Elas também dão suporte a
uma plataforma que dá oportunidade para que os usuários interajam com
diversos fins. Uma destas finalidades é a formação de inteligência coletiva.
Essa ideia atribui para as comunidades virtuais a capacidade de agir em
favor e até mesmo resolver problemas coletivamente em benefício do
25
indivíduo. Lévy (1992 apud RECUERO, 2003, p.5) expõe que, além de
estimular a formação da inteligência coletiva, as comunidades virtuais também
agem como um mecanismo de mediação cultural, pois uma rede de pessoas
com o mesmo gosto ou interesse produz um efeito mais eficiente que os
mecanismos de busca. Assim Lévy afirma que as comunidades virtuais
organizadas possuem um papel notável em “termos de conhecimento
distribuído, de capacidade de ação e potência cooperativa.” (COSTA, 2005)
Recuero (2009) explica que alguns autores afirmam que comunidades
virtuais devem ser estudadas como redes sociais. Para ela, as comunidades
virtuais devem ser adaptativas, auto-organizadas e cooperativas. Costa (2005),
por sua vez, relaciona as diferenças entre os laços sociais e os sistemas de
troca de informações antigos com os atuais. Para ele, novas formas mais
complexas de comunidade surgiram.
Isso nos remete a uma transmutação do conceito de
"comunidade" em "rede social". Se solidariedade, vizinhança e
parentesco eram aspectos predominantes quando se
procurava definir uma comunidade, hoje eles são apenas
alguns dentre os muitos padrões possíveis das redes sociais
(COSTA, 2005, p. 8).

Aguiar (2008, p.22) defende que:
redes sociais são, antes de tudo, relações entre pessoas,
estejam estas interagindo em casa própria, em defesa de
outrem ou em nome de uma organização, mediadas ou não por
sistemas informatizados. (AGUIAR, 2008, p.22).

Para a autora, a rede seria como um método de interação que pode ter
como objetivo algum tipo de mudança na vida das pessoas. Algumas redes
surgem de maneira informal e espontânea a partir das necessidades cotidianas
dos indivíduos com seus familiares, amigos, trabalho, etc. Outras redes são
criadas intencionalmente e chamadas de “indivíduos ou grupos com poder de
liderança, que articulam pessoas em torno de interesses, projetos e/ou
objetivos” por Aguiar (2008, p.22). É o caso das ONGs e dos grupos de
proteção aos animais que são montados em torno de um objetivo em comum.
Wasserman e Faust (1994 apud RECUERO, 2009) definem redes
sociais como um conjunto de atores, organizações ou outras entidades,
conectados por motivo de amizade, relacionamentos sociais, profissionais e
26
troca de informação. Ela é formada por atores sociais e suas conexões, onde
atores são os nós das redes (pessoas, instituições ou grupos) e as conexões
são interações ou laços sociais (WASSERMA; FAUST, DEGENNE; FORSE,
1999 apud RECUERO, 2009).
Recuero (2009) cita que a maneira com que interagimos por meio da
internet cria rastros que podem ser estudados para compreendermos melhor a
forma com que as pessoas utilizam a rede e gerar padrões. Cada rede social é
composta de atores e conexões. Os atores podem ser comparados aos nós da
rede sendo pessoas, grupos, instituições entre outros. Para Bertolini e Bravo
(2004), os atores são a peça central das redes, cada qual com seus interesses,
usando os recursos representados pelos aspectos da estrutura social para
realizá-los. As conexões são as interações e os laços criados entre os nós. A
autora cita que uma rede é uma metáfora que podemos utilizar no estudo dos
padrões de conexão de um grupo, a partir das conexões que seus atores
exercem. Cada nó representa um ator, ou seja, uma pessoa. Tais pessoas são
as responsáveis por criar/recriar/modificar a rede através da maneira com que
interagem entre si e com a própria ferramenta na construção dos laços sociais.
Com o surgimento da internet a identificação dos atores da rede não acontece
de maneira imediata, se dá por necessário a utilização de representações. Uma
página no Facebook pode ser considerada um exemplo de nó, esta página
representa um grupo de pessoas, atores, que possuem certo gosto em comum.
Como, por exemplo, a página da ONG Adote um Gatinho onde os
simpatizantes pela causa animal se reúnem para reafirmar que fazem parte
desde grupo e defendem esta causa. Esta vontade de gerar uma construção de
identidade já existe no meio físico e foi levado para o meio digital. Estas
construções de identidade acontecem por meio da criação de avatares, títulos
de blogs, escolha de ferramentas entre outros. Um perfil em uma rede social é
a representação deste ator no ciberespaço e os atores são pessoas que
utilizam ferramentas para se expressarem de alguma maneira.
As conexões são outro elemento que fazem parte das redes sociais e
podem ser definidas como as ligações entre os nós. No ciberespaço esta
interação acontece através de computadores. Recuero (2007) cita que
podemos classificar as interações como síncrona ou assíncrona. Síncrona é a
interação que acontece em tempo real, neste caso os atores interagem
27
simultaneamente como nas ferramentas de chats, como: MSN Messenger,
mIRC, entre outras. Enquanto a interação assíncrona acontece quando os
atores dividem o mesmo espaço, porém em momentos diferentes, um recado
do Orkut, uma mensagem no mural do Facebook, entre outras. Este tipo de
interação cria laços sociais que podem ser definidos como uma relação de
interação exercida entre dois ou mais atores. Estes laços podem variar de
intensidade, fortes/fracos, e de duração, curtos ou longos. Estas circunstâncias
estão diretamente relacionadas entre si e com o grau de intimidade entre os
atores. A autora ainda se baseia em alguns autores para definir o conceito de
capital social. Para Bourdieu (BORDIEU apud RECUERO, 2007) o capital
social se relaciona com a situação socioeconômica e dos interesses dos
atores, para Coleman (1988 apud RECUERO, 2009) o capital social está
relacionado com a organização que os atores possuem e para Putnan
(PUTMAN, 2000 apud RECUERO, 2007) o capital social está relacionado à
confiança entre os atores.
A partir dessas diferentes conceitos utilizados para o estudo das redes
sociais, Recuero (2009) explica:
Consideraremos o capital social como um conjunto de recursos
de um determinado grupo (recursos variados e dependentes de
sua função, como afirma Coleman), que pode ser usufruído por
todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que
está baseado na reciprocidade (de acordo com Putman). Está
embutido nas relações sociais como explica Bordieu e é
terminado pelo conteúdo delas. (RECUERO, 2009, p.50)

Desta forma, a autora explica que, para o total entendimento do capital
social das redes é tão importante estudar o conteúdo das mensagens trocadas
pelos atores quanto às relações entre os mesmos. O capital social é de suma
importância para o fortalecimento entre laços e atores de uma rede, este é
constituído através de investimento e custo para os envolvidos, dependendo de
investimentos para que possa ser acumulado (GYARMATI; KYTE, 2004 apud
RECUERO, 2007). Recuero (2007), afirma que os laços sociais sem
investimento enfraquecem com o tempo e esse enfraquecimento pode causar a
desvalorização do capital social de um grupo.
Quando uma rede social apresenta laços fortes isso frequentemente
resulta de atores com maior intimidade, interação e reciprocidade. A
28
consequência disso é um maior investimento e maior quantidade de capital
social acumulado. As relações com capital social elevado tendem a ser mais
resistentes e duradouras. Nos sites de redes sociais o capital social é
constituído por diversos fatores, como a visibilidade que proporciona que os
nós estejam visíveis dentro da rede. Esta é decorrente da própria ação do ator
e é considerada matéria-prima para outros valores; a reputação que é um dos
principais valores construídos dentro das redes sociais e para Recuero (2009)
é compreendida como a percepção de um usuário pelos demais atores. Esta é
um valor qualitativo e não está relacionada ao número de conexões, mas sim
as impressões que as atitudes podem deixar para os outros, está presente em
todos atores em diferentes graus e é definida pelo tipo de conteúdo publicado
pelo ator. A popularidade é um valor ligado à audiência, a posição do ator
dentro de uma rede. Esta é definida pela quantidade de pessoas conectadas,
no Facebook esse valor poder ser considerado pela quantidade de fãs que uma
marca carrega em sua Fan Page ou a quantidade de amigos que uma pessoa
possui.

3.2 SITES DE REDES SOCIAIS

Na definição de Boyd e Ellison (2008), redes sociais de internet são
serviços com base na web que permitem aos indivíduos criarem perfis públicos
ou semi-públicos dentro do site, articular uma lista de outros usuários com os
quais sequer interagir, visualizar e interligar sua lista de contatos com outras
dentro do mesmo sistema. Já Recuero (2009), afirma que os sites de redes
sociais

são

uma

consequência

da

apropriação

das

ferramentas

de

comunicação mediadas pelos atores sociais. Uma das características dos sites
de redes sociais é a exposição das ligações de um indivíduo, que decide tornar
público para os outros usuários do site, quem são seus amigos, quais são suas
atualizações, etc. Outro elemento defendido por ela são as construções de
representações das pessoas envolvidas.
A autora afirma existir distinção entre as redes sociais e a ferramenta
que as suporta. Recuero explica as diferenças entre os sites de redes sociais e
as outras formas de comunicação mediada pelo computador:
29
A grande diferença entre sites de redes sociais e outras formas
de comunicação mediada pelo computador é o modo como
permitem a visibilidade e a articulação das redes sociais, a
manutenção dos laços estabelecidos no espaço off-line.
(RECUERO, 2009, p. 102)

A maioria dos sites de redes sociais possui mecanismos para incentivar
os atores a mostrarem as diversas facetas do seu eu, fato que depende muito
das forças sociais e tecnológicas dentro de cada site, pois são elas que
moldam as atitudes de seus usuários (BOYD; ELLISON, 2008). Blogs, sites
como Facebook e Twitter são exemplos de sites de redes sociais, pois
possuem mecanismos de individualização, exposição das redes sociais de
cada ator e a possibilidade dos usuários constituírem interações nesse espaço
como características. A autora ainda defende que existem dois tipos de sites de
redes sociais, propriamente ditos e os sites de redes sociais apropriados. O
primeiro tem como foco expor e publicar de maneira intencional as conexões e
redes dos atores, neles se faz necessário a criação de um perfil para que se
possa interagir com outros usuários, são sites como Facebook e Orkut. No
caso dos sites apropriados não existe a intenção original de criar essas
ligações, mas a apropriação que os atores fizeram destes sites acabou por
torná-los sites de redes sociais, como é o caso do Tumblr.
A maioria dos contatos/conexões nas redes sociais de internet são os
mesmos da rede social off-line (ELLISON; STEINFIELD; LAMPE, 2007), ao
menos nas primeiras semanas de uso. Porém, a rede de um usuário pode
ampliar exponencialmente, dependendo das conexões e da interação deste
usuário com outros na rede.
Para Boyd e Ellison (2008) perfil é uma página onde o usuário escrever
a respeito de si mesmo. Ao se cadastrar em um site de rede social o usuário
deve preencher um formulário com vários campos sobre sua vida, é possível
também enviar fotos e personalizar seu perfil. Após este cadastro ele deve se
conectar com outros usuários. O SixDegrees3 foi o precursor dos sites de redes
social mediadas por computador a ter estas características. Neste site era
possível apenas se conectar com outros usuários e navegar entre os perfis.
Porém por questões financeiras o mesmo durou pouco mais de três anos. No
3

Disponível em: <http://www.sixdegrees.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
30
ano de 2002 os sites de redes sociais começaram a se popularizar com o
surgimento do Friendster4, uma rede que levou este tipo de site a cultura de
massa, mas não conseguiu suportar o grande número de usuários. Em 2003, o
Last.Fm5, MySpace6 e o Linkedin7 são criados e trazem consigo as primeiras
segmentações dentro dos sites de redes sociais. O Last.Fm tem como público
principal os

fãs de música sua principal função é o compartilhamento e a

recomendação de musicas entres os usuários. O mesmo ainda possui fóruns,
estações de rádios e um sistema de indexação com colaboração dos usuários.
O MySpace teve como principal foco reunir em um único perfil diferentes tipos
de conteúdo do usuário como fotos, vídeos, textos etc. Porém, o mesmo
acabou por se tornar “uma importante fonte de informações sobre turnês, datas
e lançamentos de álbuns para as revistas/sites/jornais especializados em
música” (AMARAL, 2007, p.96). Já o site Linkedin possui como foco principal
uma rede de contatos profissionais, sendo utilizado por empresas e
empregadores. No ano de 2010 o mesmo já contava com mais de 70 milhões
de usuários e um milhão de empresas cadastradas ao redor do mundo. Assim
como estes, vários outros sites de redes sociais surgiram e continuam a surgir
até hoje.
No Brasil, durante muito tempo o Orkut8 se manteve na liderança como a
rede social mais acessada. Criada em 2004 por um funcionário do Google, a
rede inicialmente só permitia acesso ao cadastramento caso o usuário
recebesse convite de outro usuário já cadastrado na rede.
O Orkut permite a criação de perfis com, fotos, interesses e também a criação
de comunidades que funcionam como ponto de encontro para usuários que
tem os mesmos interesses. No Brasil o site teve importante participação na
popularização dos sites de redes sociais. Uma pesquisa realizada pelo Ibope
Nielsen com 8561 entrevistados, aponta que o site foi a porta de entrada para a
internet no Brasil. Dos entrevistados que acessam sites de redes sociais, 82%
afirmam que o Orkut foi a primeira a ser utilizada. No ano de 2011, foi

4

Disponível em: <http://www.friendster.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
Disponível em: <http://www.lastfm.com.br/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
6
Disponível em: <http://www.lastfm.com.br/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
7
Disponível em: <http://www.linkedin.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
8
Disponível em: <http://www.orkut.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
5
31
divulgada pesquisa do Ibope Nielsen indicando que o Facebook9 havia
ultrapassado o Orkut em número de usuários no Brasil10.
O Facebook é atualmente o site de rede social mais acessado no
mundo. Dados apontam que 750 milhões de pessoas estavam conectadas a
rede no ano de 201111, a estimativa é que neste ano de 2012 a companhia
alcance o número de um bilhão de pessoas conectadas.
Dentre todos os sites de redes sociais disponíveis atualmente, o
Facebook será o foco neste trabalho, portanto, será descrito a seguir.

3.2.1 O Facebook

Criado em fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e
Chris Hughes, então alunos da Universidade de Harvard, o site de rede social,
desde o início, teve como objetivo configurar um espaço no qual os usuários
pudessem encontrar pessoas e compartilhar conteúdo. No início a rede era
limitada para os estudantes de Harvard, aos poucos ela foi estendida para o
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, à Universidade de Boston, ao
Boston College, incluindo também alunos de Stanford, Columbia e Yale. Nesta
época o site era conhecido como thefacebook.com.
A fama do site se espalhou por outros circuitos universitários e outros
portadores de e-mails providos por universidades em todo o mundo foram
convidados a fazer parte da rede social. Em 2005, o site já contava com cinco
milhões de membros ativos. Neste ano a rede passou a ser chamada apenas
de Facebook. Em 2006 o acesso a rede foi ampliado para alunos do nível
secundário e trabalhadores de empresas, desde este ano, somente integrantes
a partir de 13 anos podem se inscrever no Facebook. Apesar de abrir o espaço
para todos os tipos de usuários a meta desta rede social foi preservada, ela
existe em função de permitir o compartilhamento de dados e imagens entre as
pessoas da maneira mais simples possível e desta forma gerar entretenimento.

9

Disponível em: <http://www.facebook.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5562684-EI12884,00com+crescimento+de+em+Facebook+passa+Orkut+no+Pais.html>. Acesso em: 17 jun. 2012.
11
Disponível em:
<http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/65157_VOCE+PODE+GANHAR+MUITO+DINHEIRO
+NO+FACEBOOK>. Acesso em: 17 jun. 2012.
10
32
Em 2009 uma pesquisa do Compete.com12 classificou o site de redes
sociais como o mais utilizado em todo mundo por usuários ativos mensais. De
acordo com o Social Media Today13, em abril de 2010, 41,6% da população
norte-americana já possuía uma conta no Facebook.
Foi no início de 2012 que a rede social se tornou a mais acessada no
Brasil, ultrapassando o Orkut, durante o mês de dezembro de 2011. De acordo
com dados da comScore14 rede fundada por Zuckerberg atraiu 36,1 milhões de
visitantes durante o mês de dezembro de 2011, superando assim os 34,4
milhões registrados pelo site de rede social Orkut.
FIGURA 5 – Página inicial do Facebook

Fonte: Facebook.

12

Disponível em: <http://blog.compete.com/2009/02/09/facebook-myspace-twitter-socialnetwork/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
13
Disponível em: <http://socialmediatoday.com/index.php?q=roywells1/158020/416-uspopulation-has-facebook-account>. Acesso em: 17 jun. 2012.
14
Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/01/facebook-passa-orkut-e-viramaior-rede-social-do-brasil-diz-pesquisa.html>. Acesso em: 17 jun. 2012.
33
3.2.1.1 Funcionamento

O site não apresenta nenhum tipo de custo para seus usuários, a receita
do mesmo é proveniente de publicidade e banners presentes nas páginas. Os
usuários criam perfis com fotos, informações, interesses pessoais e podem
trocar entre si mensagens de maneira privada ou pública.
A visualização dos dados de cada usuário pode ser restrita para os
amigos confirmados pelo mesmo ou público para todos da rede. Chris Hughes,
um dos fundadores e porta-voz do Facebook, afirma que as pessoas gastam
em média 19 minutos por dia interagindo na rede social.

3.2.1.2 Funcionalidades e recursos

Um dos principais motivos que acelerou o crescimento na utilização do
Facebook e fez com que o mesmo ultrapassasse o número de acessos de
redes sociais consolidadas como o Orkut no Brasil, é o grande número de
funcionalidades e recursos apresentados pelo site de rede social. As principais
serão descritas a seguir.

3.2.1.2.1 Mural

É um espaço presente na página de perfil de cada usuário que permite
aos amigos do mesmo postar mensagens para ele. Estas mensagens podem
vir em formato de texto, vídeo, imagens e até mesmo arquivos em anexo. O
mural de cada usuário pode ser definido como público ou privado apenas para
amigos. Existe ainda a função “Mensagem” que tem como funcionalidade
enviar um certo conteúdo para apenas um usuário ou um grupo selecionado de
usuários, neste caso a o conteúdo não fica disponível no mural e sim na aba
Mensagens, que tem funcionamento parecido com um e-mail.
34
3.2.1.2.2 Botão Curtir

O botão de curtir é um recurso para que os usuários sinalizem os
conteúdos que gostam dentro da rede, tais como atualizações de status,
comentários, fotos, links etc.
Ao curtir um conteúdo o mesmo é disseminado na rede de contatos do
usuário. Em função desta disseminação muitas empresas costumam utilizar
este botão para promover promoções, pratica que não é bem vista pela
organização do Facebook.
O botão curtir também está presente nas Páginas de conteúdo do site.
Desta maneira ao curtir uma página relacionada a algum assunto o usuário
passa a receber informações e conteúdos disponibilizados na mesma.

3.2.1.2.3 Status

Este recurso permite ao usuário compartilhar com seus amigos e
membros da sua comunidade conteúdos que acha relevante. É possível
compartilhar vídeos, fotos, links texto e anexos.
As atualizações de status ficam disponíveis na sessão “Atualizações
recentes” de toda sua lista de amigos. Estas atualizações também podem ser
públicas ou acessíveis para a apenas um grupo selecionado de pessoas.

3.2.1.2.4 Eventos
Os “Eventos” são uma maneira para que os usuários informem para sua
rede quais os próximos eventos que irão acontecer em sua comunidade,
organizar encontros sociais, etc. Todos os eventos divulgados por meio desta
ferramenta podem ser compartilhados com a lista de amigos do usuário.

3.2.1.2.5 Aplicativos
Lançado em 2007 o “Facebook Plataform” permitiu que usuários comuns
do da rede social tivessem acesso ao framework de desenvolvimento e
criassem assim aplicações que interajam com os recursos internos do site. No
35
final do ano de 2007 já estavam disponíveis mais de 10000 aplicações como
jogos, produtos de entretenimento, aplicativos sociais, entre outros.

3.2.1.2.6 Grupos

São círculos fechados de pessoas que compartilham um interesse em
comum e mantém contato no Facebook. Os grupos costumam ser utilizados
para compartilhar um conteúdo com círculo específico de usuários de maneira
mais rápida e efetiva. Em um grupo fechado somente quem faz parte dele
consegue acessar o conteúdo publicado.

3.2.1.2.7 Linha do tempo

A linha do tempo é a coleção de conteúdos compartilhados pelo usuário.
Nela ficam expostas fotos, histórias e experiências que contam a história do
membro da rede ou da instituição no caso de Páginas de Fãs.

3.2.1.2.8 Páginas de fãs ou fan pages

As páginas de fãs (fan pages) existem para que as organizações,
empresas, celebridades, bandas, times entre outros, transmitam informações
para o seu público que está conectado no Facebook. São semelhantes aos
perfis e podem ser aprimoradas com aplicativos que melhorem a comunicação
da entidade com seu público. Além da interação com os usuários através da
Fan Page é possível analisar os dados em forma de relatório. Você tem dados
demográficos, alcance, repercussão e muitas outras métricas para avaliar e
entender o desempenho e os fãs da sua página.
Quando um usuário curte uma Fan Page, ele passa a receber as
atualizações da página em seu mural. Caso este interaja com o conteúdo, seus
amigos também irão receber a interação em seus respectivos murais.
É por meio destas ferramentas dentro do site de redes social Facebook
que os usuários interagem entre si e com as organizações que lhes são de
interesse.
36
Neste capítulo buscamos compreender o conceito de rede social, sites
de redes sociais e o funcionamento do Facebook. É neste site de redes sociais
que se encontra a Página de Fãs da ONG Adote um Gatinho que serviu como
objeto de estudo para este trabalho. No próximo capítulo, iremos conhecer os
conceitos de ONG e o objeto principal de estudo desta monografia.
37
4 ONGs

4.1 DEFINIÇÃO DE ONG

O acrônimo ONG é utilizado para denominar as organizações não
governamentais, que não possuem fins lucrativos e atuam no terceiro setor da
sociedade civil. Porém, não há na literatura uma definição oficial sobre o
conceito de ONG, o que existem são apontamentos que definem e
caracterizam uma ONG. Não somente por sua existência, mas pela razão de
sua criação e sua maneira de trabalho.
A pesquisadora Andréa Koury Menescal define ONG como termo:
(...) provindo da denominação em inglês Non-Governmental
Organizations (NGO), o termo ONG tem sua origem nas
Nações Unidas, onde foi pela primeira vez utilizado.(...) “Na
resolução 288 (X), de 1950, do Conselho Econômico e Social,
ONG foi definida no âmbito das Nações Unidas como sendo
uma organização internacional a qual não foi estabelecida por
acordos governamentais.

A definição da autora busca diferenciar as ONGs das instituições
decorrentes de acordos entre governos e suas agências, porém, a mesma
tornou-se insuficiente para caracterizar as organizações. Para Menescal (1996)
“o aspecto típico das ONGs é justamente a sua pluralidade e heterogeneidade”
e ainda afirma que:
As ONGs são organizações formais, ou seja, não constituem
um mero agrupamento de pessoas, mas antes uma estrutura
formalmente constituída para alcançar determinados objetivos.
Mais: as ONGs são organizações sem fins lucrativos, possuem
certo grau de autonomia e realizam atividades, projetos e
programas na chamada área de ‘política de desenvolvimento’
com o objetivo de contribuir para a erradicação das condições
de vida desiguais e injustas no mundo”, sobretudo nos países
pobres do hemisfério sul. (...) ONGs são, portanto,
organizações que podem apoiar grupos e movimentos
populares de uma maneira que nem o mercado e nem Estado
são capazes.

A ABONG, Associação Brasileira de ONGs, conceituado instituto de
catalogação de organizações brasileiras, defende que uma ONG é formada a
partir da vontade autônoma de homens e mulheres que buscam se reunir com
a finalidade de alcançar objetivos em comum de uma forma não lucrativa. Por
38
não visar objetivos confessionais, no âmbito jurídico toda ONG pode ser
considerada uma associação civil ou uma fundação privada, porém nem toda
fundação ou associação civil é uma ONG.
A pesquisadora Thereza Montenegro (1994) define as Organizações não
governamentais como:
ONGs são um tipo particular de organizações que não
dependem nem econômica nem institucionalmente do Estado,
que se dedicam a tarefas de promoção social, educação,
comunicação e investigação/experimentação, sem fins de
lucro, e cujo objetivo final é a melhoria da qualidade de vida
dos setores mais oprimidos.

Para Montenegro (1994), as ONGs têm como objetivo auxiliar a
sociedade a resolver ou amenizar determinados problemas e desta forma
melhorar a qualidade de vida dos civis. Estas organizações não dependem do
Estado sendo criadas, gerenciadas e mantidas por civis.
Herbet de Souza, o Betinho, (1992), sociólogo brasileiro e ativista dos
direitos humanos, defende que:
Uma ONG se define por sua vocação política, por sua
positividade política: uma entidade sem fins de lucro cujo
objetivo fundamental é desenvolver uma sociedade
democrática, isto é, uma sociedade fundada nos valores da
democracia – liberdade, igualdade, diversidade, participação e
solidariedade. (...) As ONGs são comitês da cidadania e
surgiram para ajudar a construir a sociedade democrática com
que todos sonham.

Segundo o autor (1992):
o não-governamental não veio por acaso. De alguma forma, as
ONGs constituem a crítica moderna aos fracassos e
descaminhos do Estado e às deficiências de instituições
clássicas
como os partidos,
sindicatos,
empresas,
universidades, que se submeteram ou se acomodaram à
dinâmica do mundo oficial, entrando na órbita do capital e do
Estado.

Sendo assim as ONGs seriam organizadas por grupos de pessoas civis
e agiriam em benefício da sociedade civil. Para Souza, as organizações visam
a construção de um mundo onde haja igualdade, buscando suprir as causas
das diferenças sociais. Desta forma podemos concluir que o crescimento no
número de ONGs está diretamente ligado ao número de adversidades sociais
39
presentes no local onde a organização busca se estabelecer, ou seja, quanto
mais uma comunidade precisa de auxilio maior é a oportunidade de uma ONG
surgir nesta comunidade.
As organizações se multiplicam em uma velocidade exponencial devido
a fatores de ordem mundial, tais como, o crescimento descontrolado de
populações, a falta de recursos necessários para uma boa qualidade de vida,
regimes governamentais, entre outros fatores adversos. Esta multiplicação das
ONGs não é algo recente e parece ter surgido a partir das ações do Banco
Mundial no Terceiro Mundo as quais acoplaram a ideia de ser voluntário sem
objetivos financeiros e deu início ao processo de ações com o governo e a
sociedade civil.
Pode-se concluir então que as ONGs são entidades que são criadas
pelo próprio público alvo em benefício do mesmo. Estas podem chegar a níveis
regionais, nacionais e até mesmo mundiais dependendo do serviço que
prestam a comunidade, possuem recursos limitados e não trabalham com fins
lucrativos. O atual entendimento de ONG é de que as mesmas podem ser
consideradas um campo político de organizações com o objetivo de
transformar a sociedade onde estão inseridas. Elas têm como principais
características o voluntariado, a luta pela democracia, defesa dos direitos
humanos, animais, desenvolvimento e ampliação da democracia.

4.2 HISTÓRIA DAS ONGS NO BRASIL

Os primeiros registros de ONGs no Brasil datam a década de 1970, estas
surgiram com intuito de apoiar os movimentos populares de promoção da
cidadania e luta pela democracia política e social. No início estas instituições,
que mais tardes seriam conhecidas como ONGs, ajudaram a sociedade civil na
resistência ao regime militar que vigorava na época e auxiliaram na
consolidação da democracia.
Na época o Ato Institucional número cinco, emitido pelo Regime Militar,
vigorava. Isto trazia ao Brasil a censura de imprensa, das manifestações
culturais, da arte, literatura e da música. Tendo este quadro na história
Brasileira onde a sociedade pouco podia participar, expor suas opiniões e
necessidades as ONGs aparecem como uma alternativa, uma saída para
40
apoiar a liberdade de expressão de cada ser. Apenas em 1978 o AI-5 foi
revogado pelo presidente da época Ernesto Geisel gerando a queda da
barreira social que vigorou no Brasil em todos os anos anteriores.
Segundo a Associação Brasileira de ONGs, ABONG, “as primeiras
ONGs nasceram em sintonia com as demandas e dinâmicas dos movimentos
sociais, com ênfase nos trabalhos de educação popular e de atuação na
elaboração e controle social das políticas públicas”15.
As primeiras organizações, no entanto não se intitulavam como não
governamentais, elas eram apenas instituições que desenvolviam atividades de
assessoria para movimentos sociais. Estas organizações eram gerenciadas por
voluntários, não possuíam perspectiva de futuro e normalmente tinham foco na
área de educação popular ou de base.
Estas atividades com foco no voluntariado voltaram a ganhar forças nas
últimas décadas, principalmente nos anos 1990. Já com o nome de ONG, as
associações que lutam por uma causa comum sem ter fins lucrativos foram
popularizadas e passaram a fazer parte da sociedade Brasileira de forma mais
efetiva.
Enquanto nas décadas de 1970 e 1980 as ONGs se constituíam
basicamente em um serviço do Movimento Popular, nos anos de 1990 as
lideranças dessa área passaram a ser percebidas como atores sociais. Este
movimento compôs o Terceiro Setor desta maneira, as ONGs passaram a ser
reconhecidas e atuar como organizações autônomas. Este novo papel
assumido pelas organizações fez com que as mesmas ampliassem sua
estrutura e seu quadro de voluntários, fazendo com que as ONGs buscassem
se especializar em seu público-alvo para que houvesse uma melhor
capacitação do quadro de voluntários e desta forma fosse possível buscar
melhores resultados.

15

Disponível em: http://www.abong.org.br/ongs.php Acesso em: 20 jun 2012
41
4.3 ONGS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - ADOTE UM GATINHO
Segundo dados da WSPA16, a primeira ONG voltada para proteção
animal surgiu no mundo por volta de 1809 e é hoje conhecida como Liverpool
RSPCA Branch. Seus fundadores tinham como objetivo formar uma sociedade
que pudesse atuar na repressão e prevenção da crueldade e dos maus-tratos
aos animais, porém a RSPCA Branch só conseguiu ingressar efetivamente na
proteção animal em 1841, ou seja, mais de 30 anos após a sua fundação. Mais
de dois séculos após a criação da primeira entidade, muitas outras foram
nascendo e conquistando seu espaço e respeito nas leis mundiais e nacionais.
A WSPA já atua no mundo todo há mais de 30 anos buscando o bem
estar animal. No Brasil, ela teve sua primeira atuação em 1989 duranteuma
ação na luta contra a Farra do Boi, festa folclórica que acontece no estado de
Santa Catarina onde os integrantes buscam agredir o animal pelas ruas da
cidade até o mesmo vir a óbito17.
A ONG Adote um Gatinho, que serve de base para a pesquisa desta
monografia, situa-se na cidade de São Paulo-SP e teve seu reconhecimento
oficial como ONG em junho de 2007; - porém o Projeto Adote um Gatinho já
funciona desde janeiro de 2003.
O site18 da Adote um Gatinho está no ar desde Janeiro de 2003
nascendo da iniciativa de Susan Yamamoto e Juliana Bussab. Durante os três
primeiros anos, as duas estiveram à frente sozinhas do projeto que até então
não era reconhecido com ONG. Mesmo como Projeto elas conseguiram
encontrar uma casa para mais de 1400 gatos abandonados.

16

Tradução do inglês de World Society for the Protection of Animals.
Disponível em: <http://www.wspabrasil.org/>. Acesso em: 10 jun. 2012
18
http://www.adoteumgatinho.uol.com.br
17
42
FIGURA 6 – Página inicial do Site Adote um Gatinho

Fonte: www.adoteumgatinho.org.br

No ano de 2006, mais voluntários uniram-se as duas em 2007 o projeto
conseguiu a documentação para se transformar em uma ONG de proteção aos
animais. Atualmente, mais de 40 voluntários exercem diversas funções desde
atender a novos pedidos de recolhimento de animais em situação de
vulnerabilidade como atualizar o site e as redes sociais da ONG.
Diferente de ONGs convencionais, que possuem sede em um endereço
físico, a Adote um Gatinho já surgiu na web e até hoje não possui um endereço
físico, os animais são acomodados em casas de passagem dos voluntários da
ONG, os eventos e também algumas feirinhas pontuais de adoção acontecem
em locais cedidos pelos parceiros da ONG. Mesmo fazendo estas ações em
locais físicos a maioria das divulgações da ONG se concentra na internet.
Todos os animais disponíveis para adoção são divulgados no site e nos sites
de redes sociais que a ONG possui. É através destas ferramentas que as
pessoas que desejam adotar um animal chegam até a ONG.
A ONG está presente nos principais sites de redes sociais, Orkut 19
Twitter20 e Facebook21. Em todos os perfis a ONG divulga seus animais e
interage com o público que possui interesse nas causas de adoção animal.

7

Disponível em: <http://www.orkut.com/CommMsgs?cmm=55124>. Acesso em: dia mês ano.
Disponível em: <http://www.twitter.com/adoteumgatinho>. Acesso em: dia mês ano.
9
Disponível em: <http://www.facebook.com/adoteumgatinho>. Acesso em: dia mês ano.
8
43
FIGURA 7 – Página inicial da comunidade Adote um Gatinho

Fonte: http://www.orkut.com/CommMsgs?cmm=55124
FIGURA 8 – Página inicial do Twitter @adoteumgatinho

Fonte: http://www.twitter.com/adoteumgatinho
44
FIGURA 9 – Página do Facebook da Adote um Gatinho

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho

A partir desta descrição e do objetivo proposto pela ONG é possível
observar que a mesma nasceu de uma necessidade do próprio “público-alvo”,
ou seja, pessoas que gostam de animais e gostariam de lutar contra o
abandono dos mesmos se uniram e montaram uma ONG que tem como
principal público, outras pessoas que gostam de animais e gostariam de adotálos.

4.4 PERFIL DOS PARTICIPANTES DE ONGS

Segundo pesquisa citada no capítulo dois, é possível observar que a
maioria dos participantes das ONGs é formada por pessoas do sexo feminino e
jovens. Este perfil pode ser observado no perfil do Facebook da ONG Adote um
Gatinho onde os usuários muitas vezes são chamados por termos que
denotam o sexo feminino como “Tias”, “Madrinhas”, “Mamães” entre outros.
Isto pode ser observado também na pesquisa realizada de maneira
pessoal, citada no capítulo também no capítulo 2, que demonstrou que mesmo
nas ONGs que não tem o modo online como foco os resultados são mantidos.
Com estes dados é possível notar que a fatia de público que se identifica
com a causa é a mesma tanto nas ONGs que utilizam a internet como principal
45
meio de comunicação com seu público, como nas ONGs que ainda mantém
sua comunicação e contato com seu público através dos modos tradicionais
como as feirinhas e os canis e gatils físicos para adoção. Foi possível notar
também nestas pessoas uma grande identificação com as ONGs e a causa de
proteção animal que as leva a fazer disso um elemento identitário das mesmas.
A causa de defesa aos animais em situação de vulnerabilidade deixa de ser
apenas um hobby para elas e passa a fazer parte da vida delas como um
diferencial na sua identidade cultural.
A identidade cultural é um conceito que pode ser abordado por diversas
áreas de conhecimento e por este motivo apresenta diferentes definições. Para
Castells (2000), a identidade é a fonte de significado para os próprios atores,
originada e construída por eles através de um processo de individuação e
autoconstrução. Ele ainda classifica três formas de construção de identidade: a
legitimadora, a de resistência e a de projeto. A identidade legitimadora é aquela
que detém poder e dá origem à sociedade civil. A segunda forma de identidade
é relacionada a uma posição de desvalorização que leva os atores a formarem
as “trincheiras de resistência” conhecidas como uma forma de viver sob
princípios diferentes dos que as instituições impõem. Já a identidade de
projeto, é aquela onde seus atores estavam na resistência, após a utilização de
qualquer tipo de material que estava ao seu alcance construíram uma nova
identidade e passaram assim a assumir uma nova posição na sociedade. Para
Hall (2002) existem algumas concepções de identidade. A primeira, a
identidade do sujeito do iluminismo, é que compreende o ser humano como um
indivíduo unificado, consciente e centrado. O núcleo interior do ser o
acompanha desde seu nascimento até o final de sua existência, para o autor
essa concepção é individualista do sujeito e de sua identidade. A segunda
concepção é a identidade do sujeito sociológico, de acordo com o autor esta
reflete a complexidade do mundo moderno, neste caso o sujeito deixa de ser
autônomo e auto-suficiente. Esta forma de identidade seria constituída pela
relação do ser humano com os seres humanos importantes para ele, a
identidade é o resultado da interação entre o eu e a sociedade.
Onde apesar de existir um “eu real” este poderia ser modificado de
acordo com as relações dos mundos culturais. Para o autor a identidade não é
uma questão de ser, e sim de tornar-se, o indivíduo está exposto à sociedade e
46
a culturas que podem fazer com que sua identidade seja modificada.
Woodward (2000) defende que a identidade é algo relacional, para a autora ela
depende de algo de fora dela pra existir. Esta identidade também é produzida
por sistemas de representação e compreendida como um processo cultural que
estabelece identidade, tanto individual quanto coletiva. Woodward aponta que
“os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis respostas
às questões: Quem sou eu? O que eu poderia ser? Quem eu quero ser?”
(WOODWARD, 2000, p. 17). Bauman (2005 apud NÓBREGA, 2010) fala que
antes a identidade humana era determinada através do trabalho de uma
pessoa e do desempenho social da mesma. Hoje, porém, a identidade pode
ser definida como a consequência das escolhas de um determinado indivíduo.
Para o autor as identidades hoje se formam com base na aparência, no
consumo e na imagem com laços frágeis em sua delimitação.
Esta identidade muitas vezes transpassa o mundo físico e chega aos
perfis de redes sociais dos participantes. Quando trazemos estes conceitos de
identidade para a Internet e a Web a inconstância da mesma se torna mais
perceptível, segundo Turkle (1997). A chegada desta tecnologia proporcionou
as pessoas estarem presentes em vários lugares, em várias comunidades em
diferentes conceitos ao mesmo tempo. No ciberespaço, esta presença permite
que uma identidade seja criada de maneira flexível e em constante mutação.
Nele existe um processo permanente de construção e reconstrução das
identidades. O modo com que os sujeitos se apropriam de uma ferramenta na
web demonstra que este processo vai além das simples páginas e perfis nos
sites de redes sociais, este costuma funcionar como uma extensão do “eu”.
Régine Robin (1997 apud LEMOS, 2002), defende que a Internet é um espaço
de exploração de novas formas de identidade, que podem servir tanto como
instrumento de construção indenitária quanto como forma de socialização. Já
para Natal (2009) esta identidade não esta mais associada a um nome ou
rosto. Ao modificar algum aspecto seu na internet o usuário irá mudar mais que
uma informação, mas parte do que representa para aquele contexto.
Lemos (2002) afirma que:
47
A web e suas páginas podem ser vistas como formatos fluidos
de construção de imagens identitárias onde a rede não é
apenas um hipertexto informativo, mas um hipertexto social
complexo (LEMOS, 2002, p.10).

Para o autor as páginas de perfis pessoais podem ser consideradas
como formas de construção de uma imagem identitária, mesmo que de forma
fragmentada ou modificada. Para Nóbrega (2010) a democratização do acesso
a internet fez com que a possibilidade do individuo encontrar alguém como ele
ampliou-se. Os atores passam a se representar da maneira que desejam
encontrar outros atores para interagir. A construção identitária é expressada
através de representação, os usuários costumam utilizar os sites de redes
sociais como ferramentas na construção dessas identidades na web. Para
Nóbrega, a identidade é uma convenção socialmente necessária, que se forma
através de representação. As representações estão presentes no cotidiano das
redes sociais onde os usuários podem escolher avatares com características
semelhantes ou não as suas no mundo real. A autora defende que além de
representação, a internet reúne grupos de pessoas com características em
comum e excluem as que não possuem as características do modelo desejado.
Desta forma os indivíduos que defendem a causa animal podem se utilizar das
ferramentas de redes sociais para encontrar pessoas com os mesmos perfis
que os seus e até mesmo reafirmar a sua identidade também na internet. Randi
Zuckerberg (2010), afirma que:
Milhares de pessoas se utilizam de sites como o Facebook
diariamente para compartilharem a paixão pelas causas, que
vão de temas femininos e analfabetismo até o genocídio em
Darfur, incluindo levantar dinheiro e tomada de consciência.

Com a causa de defesa animal não é diferente, os integrantes das
ONGs também fazem uso destas ferramentas para lutar pela sua causa. É
possível observar que os integrantes de ONGs fazem questão de adicionar em
seus perfis informações sobre organizações que defendem os ideais de auxilio
aos animais em situação de vulnerabilidade, estes fazem isto através do
compartilhamento de imagens de animais para adoção, participação em
páginas de outras organizações com os mesmos fins, retweets de pedidos de
auxilio para salvar algum animal em perigo, compartilhamento de pedidos de
48
doações para ONGs, divulgação de eventos e feirinhas de adoção, entre
outros.
A imagem abaixo representa o perfil de uma das voluntárias da ONG
Adote um Gatinho, nele é possível observar os interesses da voluntária ligados
a causa animal como a página do Facebook da própria ONG, além da página
de Facebook da ONG “Resgatinhos”, um perfil da ONG “Adote um Felino” e
também a página do “Cat Lovers Day”.
FIGURA 10 – perfil de participante da ONG Adote um gatinho

Fonte: http://www.facebook.com/jubussab

Desta forma é possível afirmar que os integrantes das ONGs de
proteção aos animais fazem uso de suas redes sociais para afirmar sua
identidade presente também fora da internet.
Neste capítulo buscamos entender as definições de ONGs, o surgimento
das ONGs no Brasil, o surgimento das ONGs de proteção aos animais, tendo
como base a ONG “Adote um Gatinho” e também a identidade cultural que os
49
integrantes destas organizações carregam consigo tanto no mundo real quanto
no ciberespaço.
No próximo capítulo traçaremos um panorama comparativo entre as
ONGs que buscam utilizar a internet como principal meio de comunicação e as
que ainda utilizam a mídia tradicional.
50
5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS DE ATUÇÃO DAS ONGS

Neste capítulo, serão apresentadas duas simulações de adoção animal,
uma realizada através de feirinha de adoção e a segunda através da internet.
No final do capítulo há um comparativo que demonstra as diferenças e
semelhanças entre os dois métodos.

5.1 CONHECENDO AS INSTITUIÇÕES E SEUS MEIOS DE DIVULGAÇÃO

Para entender o funcionamento de cada Instituição realizou-se
entrevistas com os administradores da ONG Adote um Gatinho e do Movimento
Gatos da Redenção. Os próximos sub-capítulos apresentam a história de cada
uma delas e detalham a forma com que cada uma busca atuar.

5.1.1 Movimento gatos da Redenção

O grupo foi fundado em Outubro de 2001, quando pessoas que
costumavam alimentar os gatos no Parque resolveram que algo mais deveria
ser feito. Com a formação do grupo, a administração do parque passou a
apoiar o e o trabalho do grupo também passou a ser conhecido como sério e
respeitado pela comunidade.
Antes de o movimento nascer, a superpopulação de felinos atingia a
marca de 300 em todo o parque. Não havia um trabalho de esterilização em
massa e apenas um voluntário pagava as castrações de seu próprio bolso. No
início do movimento também não havia um programa de doação dos animais, o
que contribuía com o acúmulo de gatos no Parque.
Em Fevereiro de 2002, uma das voluntárias contatou uma Pet Shop de
Porto Alegre para ser firmado um convênio para adoção de gatos oriundos do
Parque. Surgia a parceria com a Águia Veterinária e Pet Shop a qual é mantida
até hoje. Nos primeiros dias eram retirados apenas filhotes para adoção. Com
o sucesso das adoções, surge o convite da Pet Shop para a realização de uma
feira de doação de cães e gatos. A princípio eram realizadas apenas duas
feiras mensais. Atualmente, elas acontecem aos domingos à tarde, próximo à
administração do parque.
51
Em entrevista com as voluntárias que administram o movimento foi
possível constatar que o mesmo baseia sua divulgação nos meios tradicionais,
não fazendo uso efetivo da internet. De acordo com uma das voluntárias, o
Movimento possui um site, porém este não é alimentado nem atualizado a
muito tempo. O perfil de voluntárias da ONG é o mesmo identificado na
pesquisa realizada pela autora: mulheres com idade entre 18 e 60 anos. Ela
conta que desde o surgimento do movimento mais de 2000 animais já foram
doados e que hoje tratam mais de 100 gatos; além de cachorros no parque
Farroupilha. O movimento diz ser muito criterioso quando o assunto é doação,
formulários e entrevistas são preenchidos antes do animal ser liberado para
morar em sua nova casa. Para adotar um gato do movimento é necessário:


ser maior de 18 anos;



apresentar carteira de identidade;



passar por uma entrevista com um dos voluntários, sendo que

algumas vezes as adoções são negadas;


assinar um termo de responsabilidade pela guarda do animal.

Atualmente, o Movimento possui um pequeno espaço cedido pela
administração do parque Farroupilha onde todos os dias as voluntárias levam
comida, água e limpam a areia dos animais mais jovens que ficam em gaiolas.
FIGURA 11 – Imagem do Gatil localizado junto a Administração do Parque Farroupilha

Fonte: Arquivo da Autora

Os gatos adultos ficam soltos pelo parque e recebem alimentação e
cuidados veterinários, também próximo à administração. Todos os domingos o
Movimento recebe a visita de parceiros que levam doações e também auxiliam
52
nas feirinhas de adoção animal. Porém o cuidado que as voluntárias têm com
os gatos é diário.
As administradoras do Movimento contam também quem gostariam de
poder acompanhar cada animal após a doação para saber como é a adaptação
dele no novo lar, porém o grande número de doações impede que isso seja
feito. “Muitas pessoas adotam e voltam para nos mostrar fotos de como o
gatinho está, gostamos muito disso.” - declarou uma das voluntárias.
5.1.2 ONG Adote um gatinho
Fundada em 2003 por Susan Yamamoto e Juliana Bussab na cidade de
São Paulo, a Adote um Gatinho surgiu de uma conversa de grupo de bate
papo. A ideia inicial foi que Susan ajudasse na castração de animais de um
parque da cidade. Foi após buscar os tais gatos que ela decidiu criar uma
página para que os animais conseguissem encontrar um lar. Foram três anos
até que outras participantes se juntassem ao grupo, nesse meio tempo apenas
Susan e Juliana já haviam ajudado mais de 1400 gatos.
Mas apenas em 2007 foi quando a Adote um gatinho foi finalmente
reconhecida como ONG, atualmente a mesma possui cerca de 50 voluntários e
já passou dos 4000 gatos salvos, sendo o ultimo dado disponibilizado pela
ONG à autora de 4750 gatos. O perfil desses voluntários é o mesmo do
movimento gatos da redenção. Sendo a idade média de 35 anos e mulheres.
Só existe um homem voluntário.
Por não possuírem um local físico, a ONG se utiliza primariamente da
internet como a ferramenta para divulgar e doar os animais. Além de seu site, a
mesma faz uso intenso de sites de relacionamento como o Facebook ou Twitter
para anunciar novos gatos, prestar contas e contar histórias dos gatos que
foram ajudados ou curados.
Em entrevista realizada com uma das voluntárias da ONG22, a mesma
afirma que todas as adoções são realizadas pelo site. Após preencher o
formulário online, a parte interessada receberá em até dois dias a resposta se
poderá adotar ou não o animal. Caso seja sim, uma voluntária irá até a casa do

22

Disponível no Apêndice C.
53
adotante com o intuito de verificar as condições de segurança da residência e
entrega o gato.
Após isto é feito contato por email com a pessoa que adotou para
monitorar a situação do gatinho nos primeiros dias. Um mês depois é enviada
uma pesquisa de satisfação em relação aos serviços prestados pela Adote um
gatinho.
Com 400 gatos aguardando um lar. A Adote um Gatinho tem prevista
para esse ano a campanha do agasalho 2012. Está estimado 30 pontos de
arrecadação para que as pessoas possam doar roupas, dinheiro ou qualquer
utensílio que ajude os animais a não passar frio. A ONG também arrecada
dinheiro com a venda de produtos oficiais em seus sites como roupas, canecas
e outros apetrechos, além da campanha de apadrinhar. Tal campanha ocorre
durante o ano todo e é destinado a pessoas que não tem a possibilidade de
levar o animal para casa. Caso tenha interesse, a pessoa pode contribuir
mensalmente com um valor para que a ONG arque com os custos de ração,
moradia e vacinas dos animais na casa dos próprios voluntários.23

5.2 A ADOÇÃO

Para entender melhor as diferenças e semelhanças entre adotar um
animal utilizando a internet e os meios físicos tradicionais uma simulação de
adoção de um gato através da ONG Adote um Gatinho e do Movimento Gatos
da Redenção foi realizada. Os métodos de adoção serão detalhados a seguir.

5.2.1 Adoção física
Para simular a adoção de um gato da maneira tradicional a autora
deslocou-se até o Parque Farroupilha onde tradicionalmente ocorrem as
feirinhas de adoção do Movimente Gatos da Redenção. A simulação da adoção
ocorreu no dia 10/06/2012.
Ao chegar a feira foi constatado que haviam cinco gatos disponíveis para
adoção, quatro fêmeas e apenas um macho. Foi possível retirar os animais da
23

Dados retirados do vídeo. Disponível em: <http://www.webfilhos.com.br/consciencia-emfoco/adote-um-gatinho>. Acesso em: 10 jun. 2012
54
gaiola e conversar com a responsável por cuidar dos animais como casa de
passagem, desta forma foi possível avaliar de maneira breve o comportamento
e o temperamento de cada um dos filhotes.
FIGURA 12 – Feira de adoção Movimento Gatos da Redenção 10/06/12

Fonte: Arquivo da autora

Após a escolha do animal que seria adotado a responsável pelo
Movimento Gatos da Redenção, realizou um questionário simples para avaliar
se a autora estava apta para adotar um novo gato. A entrevista serviu para
avaliar a experiência com animais da adotante, o local onde o novo animal se
instalaria e as condições financeiras para cuidar do novo gato.
Constatado que a autora cumpria todas as exigências requeridas pelo
Movimento para a doação do animal escolhido, foi preenchida a ficha de
adoção e o Termo de Compromisso, no qual o adotante se responsabiliza pela
guarda do animal e pela esterilização do mesmo.
Preenchido o Termo de Compromisso24 o animal foi entregue,
juntamente com um “Vale primeira consulta25” e um “Vale castração a baixo
custo”26. Além disso, o adotante é orientado que em caso de não adaptação do
novo animal, para que entre em contato com o Movimento e estes possam

24

Disponível no Apêndice D
Disponível no Apêndice E
26
Disponível no Apêndice F
25
55
recolhê-lo novamente. Evitando assim que este seja abandonado ou mal
cuidado por parte do adotante.
Após estas etapas o gato estava pronto para ser levado até seu novo lar.

5.2.2 Adoção pela internet

Para simular a adoção de um gato pela internet a autora acessou o site
da ONG Adote um Gatinho: http://adoteumgatinho.uol.com.br/. A simulação da
adoção ocorreu no dia 10/06/2012.
Na página inicial do site, é apresentado ao usuário todos os animais que
estão disponíveis para adoção. Estes estão exemplificados com seu nome,
uma pequena foto e uma breve descrição sobre sua história. Com o intuito de
ajudar na decisão, eles possuem um sistema de ranking separado por
Sociável, brincalhão e carinhoso.
56
FIGURA 13 – Página inicial do site Adote um Gatinho

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/.

Caso o adotante queira conhecer mais sobre o gato, basta clicar no link
"conheça mais sobre mim" para acessar sua página pessoal. Na imagem
abaixo, pode-se ver a pagina do gato Nuit.
57
FIGURA 14 – Página de perfil do gato Nuit

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/perfil_gatinho.asp?idGatinho=2477.

Nela, está descrito todas as características físicas do animal, como,
pelagem, estimativa da sua data de nascimento e a data o qual foi resgatado. A
ONG disponibiliza também informações acerca da saúde do gato, como por
exemplo, se o mesmo foi castrado e já tenha tomado a primeira dose da
vacina.
58
Após encontrar o animal desejado, basta clicar no botão "Quero adotar".
Nisto, é passado para a próxima pagina, onde terás de concordar com as
regras de adoção estabelecidas pela adote um gatinho.
As regras são:


apartamentos precisam ter telas em TODAS as janelas/sacadas (antes
da chegada do gatinho).



casas precisam ser seguras (com muros bem altos, telas ou alguma
barreira física que impeça a saída do gatinho para o telhado/rua)



Não basta fechar as portas ou janelas, essa barreira física a mais
precisa existir ou ser instalada.



é preciso ter condições financeiras para arcar com ração de boa
qualidade e idas ao veterinário (vacinas/tratamento de doenças que
possam surgir).



é preciso morar dentro da Cidade de São Paulo, pois as entregas são
feitas pessoalmente nas casas dos adotantes.



não é preciso pagar nada, mas você terá que assinar um termo de
responsabilidade, comprometendo-se a não repassá-lo a terceiros sem
nosso consentimento e zelar por sua saúde e segurança.

Quem não cumprir com as abaixo, não poderá receber o gato:


apartamentos sem telas de proteção em TODAS as janelas/sacadas.



casas com janelas ou muros baixos, por onde o gatinho possa sair para
passear em telhados ou na rua.



pessoas que não tenham condições financeiras mínimas de alimentar e
cuidar da saúde do gato.



quem mora fora da Cidade de São Paulo.



pessoas que não concordem com nossa entrada em suas casas para
entrega dos gatinhos e averiguação dos itens exigidos

Se o interessado cumprir com as regras citadas acima, terá de clicar no
botão "Eu me encaixo no perfil. A pessoa será levada para preencher o
formulário de adoção. Este é separado por cinco partes: Sobre você e sua
família,

sobre

sua

casa,

seus animais,

responsabilidade" e por fim as condições.

"Adoção

é

compromisso

e
59
Na primeira parte, você preencherá informações básicas como nome,
endereço, idade, se possui crianças e explicar o motivo da decisão de adotar
um gato.
FIGURA 15 – Primeira parte do formulário de adoção

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

A parte "sobre sua casa" exige o detalhamento de seu imóvel e quais
medidas de segurança o usuário implementou ou planeja implementar para
evitar a fuga do gato.
60
FIGURA 16 – Segunda parte do formulário de adoção

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

A parte que questiona sobre Seus Animais requisita detalhes se já teve
outros gatos, se possui outros animais e se o animal que será adotado será
para você ou para um amigo e um parente.
FIGURA 17 – Terceira parte do formulário de adoção

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

"Adoção é compromisso e responsabilidade" consiste de uma série de
perguntas acerca de temas mais delicados, como, por exemplo, "o que fará se
o gato arranhar o seu filho?". Tais perguntas são utilizadas como uma forma de
filtragem para a decisão de entregar ou não o animal para a sua residência,
pois, assim como está no site da adote um gatinho.
61
FIGURA 18 – Quarta parte do site Adote um Gatinho

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

Para finalizar, o adotante terá de concordar com as condições impostas
pela ONG, como avisar caso ocorra uma mudança de endereço ou não possa
ficar com o gato, além de existir uma caixa para comentários e duvidas acerca
da adoção. Com tudo isso preenchido, o interessado deve enviar formulário e
aguardar o contato da Adote um Gatinho. A ONG entregará o gato em sua
casa, verificará se ele estará em um ambiente seguro, com poucas chances de
escapar e entregará o termo de responsabilidade para que seja assinado.

5.2.3 Comparação entre os tipos de adoção

Como foi possível observar na simulação, muitos passos para que a
adoção seja concretizada são semelhantes, principalmente no que diz respeito
aos questionários de adoção, apesar da ONG Adote um Gatinho, detalhar mais
o processo, os objetivos das questões são o mesmo, garantir que o animal seja
doado a alguém responsável.
Ambas as instituições estão preocupadas com o bem estar do animal
após a doação e também zelam pela castração do animal. O Movimento Gatos
62
da Redenção proporciona ao adotante um “Vale Castração a baixo custo” mas
deixa sob a responsabilidade do mesmo que este ato seja concretizado,
enquanto a ONG Adote um Gatinho prefere que todos os seus animais já
sejam doados castrados e desvermifugados.
Um ponto a ser observado é a quantidade de animais disponíveis para
adoção. Enquanto na feirinha animal existiam apenas cinco gatos diferentes na
página da internet da ONG Adote um Gatinho existiam centenas de opções
para adoção. Neste ponto é possível notar que a não necessidade de descolar
o gato até um espaço físico para que seja exposto em uma feira, auxilia muito
na divulgação do animal.
O fato de poder adotar sem sair de casa também é uma vantagem
apresentada na adoção via internet. Enquanto em uma adoção praticada da
maneira tradicional o interessado em adotar deve se deslocar até o lugar onde
está acontecendo a feira e ainda levar em consideração os horários de
funcionamento da mesma, a adoção pela internet está disponível a qualquer
dia e horário. Porém, uma das vantagens da feira de adoção física é o primeiro
contato com o animal a ser adotado. Muitos adotantes gostam de escolher
pessoalmente o seu novo animal por este motivo, em uma feira de animais é
possível interagir com o gato escolhido e até mesmo observar alguns tipos de
comportamento do animal para basear a sua escolha nesta interação.
Para tentar suprir a ausência deste primeiro contato com o possível novo
dono, a ONG Adote um Gatinho disponibilizou em seu site o perfil de cada
animal, neste perfil é possível ver as principais características da personalidade
do gato e saber se este se encaixa no perfil buscado pelo adotante. Além do
perfil existe o sistema de rank baseado em quanto o gato é “sociável”,
“brincalhão” e “carinhoso”, como é possível observar na figura abaixo:
63
FIGURA 19 – Ranking e informações do gato Indiana Jones

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br.

No caso o gato Indiana Jones, utilizado como exemplo, recebeu 3
pontos de “sociável”, 3 pontos de “brincalhão” e apenas 1 ponto de “carinhoso”,
o que é explicado em sua descrição, “medroso, assustado, que ainda não
descobriu o lado bom das pessoas”. Este tipo de informação ajuda o adotante a
conhecer melhor o animal antes de levá-lo para casa.
Apesar da adoção por meios tradicionais ser ainda muito utilizada este
ato pela internet está crescendo muito e mostrando ser uma alternativa válida
para que busca ajudar os animais em situação de vulnerabilidade ou ainda
quer adotar um novo animal.
Neste

capítulo

vimos

as

semelhanças

e

diferenças

entre

o

posicionamento do Movimento Gatos da Redenção e da ONG Adote um
Gatinho. No próximo capítulo, será apresentado a pesquisa aprofundada
realizada na página de Facebook da ONG Adote um Gatinho.
64
6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados, apontamentos das
pesquisas e observações realizadas nos objetos escolhidos pela autora. Após
será apresentado um panorama geral da adoção utilizando as ferramentas dos
sites de redes sociais.

6.1 ENGAJAMENTO FORA DA INTERNET

Para que fosse possível compreender a forma a qual as pessoas se
engajam por meio da internet, precisamos inicialmente compreender como era
feito antes que toda essa revolução tecnológica chegasse às mãos do usuáriofinal, ou seja, buscar como funciona uma ONG que não possui a internet como
principal meio de divulgação. Para isto, a autora escolheu como objeto de
estudo o Movimento Gatos da Redenção, tendo como sua principal área de
atuação, o Parque Farroupilha.
Na tarde em que a observação foi realizada a autora se deslocou até o
gatil localizado próximo a Administração do Parque onde as protetoras
geralmente dão início aos trabalhos que precedem a feirinha de adoção. Ao
notar a presença das protetoras no local, diversas pessoas pararam para
observar os animais que ficavam próximos ao gatil. Muitas levavam consigo um
saco de ração e davam para os animais, outras paravam para fazer carinho e
outras ainda para conversar com as protetoras, demonstrando assim um
engajamento da sociedade que frequenta o parque com a causa.
Antes mesmo de a feira começar um casal se apresentou no local
demonstrando interesse em adotar um dos animais. Uma breve entrevista foi
realizada com eles para saber se estavam aptos para adotar um do gatos
disponíveis. Verificado que estavam foram convidados a entrar no gatil para
escolher o seu animal. Após a escolha eles preencheram o termo de
compromisso e saíram de lá já com o animal adotado.
A feira foi montada no local tradicional, onde acontece a mais de 12
anos, e reuniu um grande número de pessoas e parceiros. Muitas pessoas
pararam para brincar com os animais e perguntaram para as protetoras de qual
maneira elas poderiam auxiliar o Movimento.
Processos de adoção animal pela internet
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Processos de adoção animal pela internet

  • 1. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO COMUNICAÇÃO SOCIAL – HAB. COMUNICAÇÃO DIGITAL MELISSA CRISTINA DEVENS PROCESSOS DE ADOÇÃO ANIMAL PELA INTERNET: UM ESTUDO DA PÁGINA DE FACEBOOK DA ONG ADOTE UM GATINHO SÃO LEOPOLDO 2012
  • 2. MELISSA CRISTINA DEVENS PROCESSOS DE ADOÇÃO ANIMAL PELA INTERNET: Um estudo da página de Facebook da Ong Adote um Gatinho Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Comunicação Digital da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientador: Prof. Dra. Adriana da Rosa Amaral São Leopoldo 2012
  • 3. AGRADECIMENTOS Quero agradecer primeiramente a minha orientadora Adriana Amaral, por todo apoio recebido ao longo deste ano, pela disposição que teve em me acompanhar nesta caminhada e pelas aulas de comportamento do consumidor III que deram início e incentivaram a escrita do mesmo. A minha família em especial aos meus pais, Márcia e Domingos Devens, que acreditaram me apoiaram e nunca mediram esforços para que eu conseguisse concluir esta etapa da minha vida. A meu querido parceiro Lucas pela dedicação, compreensão, apoio e companhia na pesquisa de campo. Agradeço as voluntárias do Movimento Gatos da Redenção por toda atenção que recebi. Também as voluntárias da ONG Adote um Gatinho que prontamente responderam as minhas solicitações. Agradeço também aos meus chefes e colegas de trabalho pela compreensão e apoio nos dias em que tive que me ausentar. Por fim agradeço a todos os professores, colegas e amigos que me ajudaram ao longo desta caminhada sempre com palavras incentivadoras.
  • 4. RESUMO A presente monografia aborda os processos de adoção animal por meio da internet. Dentro desse tema, foram analisados duas entidades de proteção animal: O Movimento Gatos da Redenção, que possui foco na divulgação de seus animais no meio físico; e a ONG Adote um Gatinho, que realiza doações de animais somente pela internet. O objetivo da pesquisa é gerar um panorama de como se encontra a causa de adoção animal pelo uso de sites de redes sociais. Para isso, foram utilizados os conceitos de redes sociais, comunidades sociais e sites de redes sociais a partir dos estudos de Lemos (2002), Marteleto (2001), Recuero (2009) e outros. Os conceitos ONGs foram analisados a partir de Montenegro (1994) e outros autores. As perspectivas sobre a pesquisa empírica e qualitativa aplicadas à internet foram pensadas com o apoio dos estudos de Fragoso, Recuero e Amaral (2011). De maneira presencial, buscouse gerar entender as motivações que levam os simpatizantes das causas animais a utilizarem a internet como ponto de encontro. A partir dessa reflexão, observa-se um notável crescimento na utilização da internet como meio de divulgação dos animais em situação de perigo. Palavras-chave: Animais de rua. Redes sociais. ONG. Adoção animal.
  • 5. ABSTRACT This paper reports the process of animal adoption through the internet. Inside this theme, two animal protection entities were analyzed. The Movimentos Gatos da Redenção, mainly focused on divulging their animals using traditional means and the NGO Adote um Gatinho, that performs adoptions using the internet. The main focus is to create an outline of the current status regarding animal adoption using social networking sites. This is done through concepts of social networks, social communities and social websites using the work of André Lemos (2002) Regina Marteleto (2001) Raquel Recuero (2009) among others. The NGOs concepts were obtained using Thereza Montenegro (1994), Betinho (1992) and other authors. Based on varied qualitative empirical researches applied to internet (Fragoso, Recuero and Amaral, 2011) and attending in person, the focus was to understand the motivations behind what makes animal protectors use the internet as a meeting place. As of this reflection, there is a notable growth in the usage of the internet as a mean of dissemination regarding animals in danger. Palavras-chave: Animais de rua. Redes sociais. ONG. Adoção animal.
  • 6. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Primeira parte do questionário aplicado às Instituições ............... 16 FIGURA 2 – Segunda parte do questionário aplicado às Instituições .............. 17 FIGURA 3 – Primeira parte do questionário aplicado ao Adotantes ................. 18 FIGURA 4 – Segunda parte do questionário aplicado ao Adotantes................ 19 FIGURA 5 – Página inicial do Facebook .......................................................... 32 FIGURA 6 – Página inicial do Site Adote um Gatinho ...................................... 42 FIGURA 7 – Página inicial da comunidade Adote um Gatinho ........................ 43 FIGURA 8 – Página inicial do Twitter @adoteumgatinho ................................. 43 FIGURA 9 – Página do Facebook da Adote um Gatinho ................................. 44 FIGURA 10 – perfil de participante da ONG Adote um gatinho ....................... 48 FIGURA 11 – Imagem do Gatil localizado junto a Administração do Parque Farroupilha ...................................................................................................... 51 FIGURA 12 – Feira de adoção Movimento Gatos da Redenção 10/06/12 ....... 54 FIGURA 13 – Página inicial do site Adote um Gatinho .................................... 56 FIGURA 14 – Página de perfil do gato Nuit ...................................................... 57 FIGURA 15 – Primeira parte do formulário de adoção ..................................... 59 FIGURA 16 – Segunda parte do formulário de adoção .................................... 60 FIGURA 17 – Terceira parte do formulário de adoção ..................................... 60 FIGURA 18 – Quarta parte do site Adote um Gatinho ..................................... 61 FIGURA 19 – Ranking e informações do gato Indiana Jones .......................... 63 FIGURA 20 – Imagem do Antes/Depois do gato Farrapo ................................ 67 FIGURA 21 – Imagem do álbum com fotos dos novos gatos da ONG ............. 68 FIGURA 22 – Imagem da divulgação do boletim mensal da ONG ................... 69 FIGURA 23 – Imagem da divulgação da cartinha ............................................ 70 FIGURA 24 – Imagem da divulgação da categoria “Dicas de Gatos” .............. 70 FIGURA 25 – Imagem da divulgação de um evento ........................................ 71 FIGURA 26 – Imagem da divulgação da categoria “Gatinho da Semana” ...... 72 FIGURA 27 – Imagem da divulgação da categoria “Gatos para Adoção” ........ 73 FIGURA 28 – Imagem da divulgação da categoria “História de Gato” ............. 74 FIGURA 29 – Imagem da divulgação da categoria “História do Fundador” ..... 75 FIGURA 30 – Imagem da divulgação da categoria “Notícias de Gatinhos” ...... 75
  • 7. FIGURA 31 – Imagem da divulgação da categoria “Homenagem aos Animais” ........................................................................................................... 76 FIGURA 32 – Imagem do Fórum de discussão onde é possível observar o usuário Rogério P. Viera como um dos clusters que mantém o espaço em funcionamento. ................................................................................................. 77 FIGURA 33 – Imagem com exemplo de cooperação onde os usuários se engajaram para auxiliar uma das fãs que esta tendo problemas com seu gato. ................................................................................................................. 78 FIGURA 34 – Imagem com post no fórum, foi o único onde foi encontrado conflito. Nele os fãs discutiam a respeito da marca de ração Whiskas. Quem está engajado nas causas animais sabe que este é um conflito antigo entre as pessoas que defendem que a marca pode causar algum mal ao animal e as que dizem que ela não causa nada. .................................. 79
  • 8. LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Respostas dos curtidores sobre seu sexo. ...................................... 79 GRÁFICO 2 – Respostas dos curtidores sobre sua faixa etária.............................. 80 GRÁFICO 3 – Respostas dos curtidores sobre já ter adotado um animal ............. 80 GRÁFICO 4 – Respostas dos curtidores sobre onde adotou o animal .................. 81 GRÁFICO 5 – Respostas dos curtidores sobre a internet ter auxiliado nas adoções dos animais ............................................................................................... 81 GRÁFICO 6 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais abandonados em seus perfis de redes sociais........................................................ 82 GRÁFICO 7 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais abandonados em seus perfis de redes sociais........................................................ 82
  • 9. SÚMARIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................. 13 2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 13 2.2 PESQUISA EMPÍRICA QUALITATIVA ............................................................. 13 2.2.1 A escolha dos objetos ................................................................................. 14 2.2.2 Pesquisa com as ongs ................................................................................. 14 2.2.3 Pesquisa com adotantes e simpatizantes da causa de proteção aos animais................................................................................................................ 17 2.2.4 Obervação ..................................................................................................... 19 2.2.5 Simulação ..................................................................................................... 19 2.2.6 Análise e categorização ............................................................................... 19 3 REDES SOCIAIS E A INTERNET ....................................................................... 21 3.1 COMUNIDADES VIRTUAIS E REDES SOCIAIS ............................................. 22 3.2.1 O Facebook ................................................................................................... 30 3.2.1.1 Funcionamento ............................................................................................ 32 3.2.1.2 Funcionalidades e recursos......................................................................... 32 3.2.1.2.1 Mural ........................................................................................................ 33 3.2.1.2.2 Botão curtir ............................................................................................... 33 3.2.1.2.3 Status ....................................................................................................... 33 3.2.1.2.4 Eventos .................................................................................................... 33 3.2.1.2.5 Aplicativos ................................................................................................ 34 3.2.1.2.6 Grupos...................................................................................................... 34 3.2.1.2.7 Linha do tempo ......................................................................................... 34 3.2.1.2.8 Páginas de fãs ou fan pages .................................................................... 34 4 ONGs ................................................................................................................... 36 4.1 DEFINIÇÃO DE ONG ........................................................................................ 36 4.2 HISTÓRIA DAS ONGS NO BRASIL ................................................................. 38 4.3 ONGS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - ADOTE UM GATINHO ..................... 40 4.4 PERFIL DOS PARTICIPANTES DE ONGS ...................................................... 43 5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS DE ATUÇÃO DAS ONGS ......................... 49 5.1 CONHECENDO AS INSTITUIÇÕES E SEUS MEIOS DE DIVULGAÇÃO ........ 49 5.1.1 Movimento gatos da Redenção ................................................................... 49
  • 10. 5.1.2 Ong Adote um Gatinho ................................................................................ 51 5.2 A ADOÇÃO ....................................................................................................... 52 5.2.1 Adoção física ................................................................................................ 53 5.2.2 Adoção pela internet .................................................................................... 54 5.2.3 Comparação entre os tipos de adoção....................................................... 61 6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 63 6.1 ENGAJAMENTO FORA DA INTERNET ........................................................... 63 6.2 ENGAJAMENTO ONLINE ................................................................................. 65 6.2.1 Categorização do conteúdo da página de fãs ........................................... 66 6.2.2 Pesquisa com simpatizantes e resultados ................................................. 79 6.3 PANORAMA DA ADOÇÃO UTILIZANDO FERRAMENTAS DE INTERNET .... 83 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 86 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 88 APÊNDICES............................................................................................................ 90
  • 11. 12 1 INTRODUÇÃO O problema de abandono animal não é recente. Ele é herança das antigas sociedades. Porém, atualmente, o tema ganhou maior importância tanto nas mídias tradicionais quanto no ciberespaço. De acordo com dados da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), “a situação dos animais na rua é hoje uma das questões de bem-estar animal mais visíveis em todo o mundo. Os cães são os animais mais afetados: dos cerca de 500 milhões de cachorros do mundo, aproximadamente 75% estão na rua”. O surgimento de entidades protetoras de animais em situação de vulnerabilidade vem de encontro e tenta sanar ou menos amenizar este problema enfrentado pela sociedade civil. Essas entidades, geralmente, sem fins lucrativos, têm como objetivo retirar das ruas e encontrar um lar para animais abandonados. Para isto se valem da ajuda de voluntários que dedicam seu tempo na divulgação e auxilio destes animais. A divulgação destas organizações acompanha o surgimento dos novos meios de comunicação e também se faz presente no ciberespaço. O ciberespaço é o lugar onde a cibercultura se molda e se formata. A cibercultura além ter modos próprios de existir, agrega as culturas dos demais espaços e as transforma. As comunidades virtuais estão imersas neste ciberespaço e geram cada uma um modelo de cibercultura. Estas comunidades virtuais são exemplos de redes sociais. Pode-se afirmar que, mesmo mudando o meio de interação, seja ele físico ou cibernético, a rede social se baseia na interação entre as pessoas, tendo elas um objetivo comum. Assim como as pessoas que defendem a causa de proteção aos animais se reúnem no mundo físico em feiras de adoção e eventos sobre o assunto, elas se reúnem na web formando redes sociais digitais. Estas redes sociais são facilmente percebidas na internet em sites de relacionamento como, Facebook, Orkut, entre outros. A presente monografia buscará entender de que maneira estas organizações estão se apropriando deste espaço a seu favor e com isto gerar um panorama de como acontece atualmente a adoção animal utilizando as ferramentas dos sites de redes sociais. Para entender a evolução e as diferenças na disseminação de conteúdo das ONGs de proteção animal foram observadas duas entidades protetoras. A primeira delas o Movimento Gatos da
  • 12. 13 Redenção que possui forte atuação no meio físico e a segunda com foco de atuação através da web, a ONG Adote um Gatinho. Para que esse estudo se concretizasse, foram necessárias variadas abordagens metodológicas, demonstradas no segundo capítulo. Neste capítulo é explicado, item por item, de todos os processos para a realização da pesquisa, desde a revisão bibliográfica até as formas de aplicações das pesquisas com os objetos de estudo escolhidos. O terceiro capítulo conceitua as redes sociais, os sites de redes sociais, comunidades virtuais e inclui um breve histórico sobre o surgimento deles. Através de Recuero (2009) resgata-se desde a concepção, até os conceitos de laço social e capital social. Esse capítulo também pretende traçar um panorama do Facebook, desde sua criação e explicar o funcionamento da plataforma. No quarto capítulo, é apresentada a conceituação do termo ONG, ele também traz um histórico do surgimento destas organizações no Brasil, apresenta em um primeiro momento o principal objeto de estudo a ONG Adote um Gatinho e busca traçar um perfil entre os participantes destas ONGs de proteção animal. O quinto capítulo busca fazer uma comparação entre os métodos de adoção utilizados pelo Movimento Gatos da Redenção, através de uma feirinha de adoção e a ONG Adote um Gatinho, através da internet. O sexto e último capítulo relacionam os conceitos abordados no referencial teórico com os resultados da pesquisa empírica, incluindo as observações e simulações realizadas durante o percurso. Esta análise busca possibilitar uma reflexão sobre como está o campo de adoção animal na internet. O presente trabalho tem como objetivo geral obter um panorama de como as entidades de proteção animal tem se apropriado dos sites de redes sociais e das ferramentas que estes apresentam em prol da adoção animal. Além de gerar subsídios para novos trabalhos sobre o tema, tendo em mente que pesquisas nesta área são praticamente inexistentes, sem alguma uma base sólida para novos levantamentos.
  • 13. 14 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo inicial, abordaremos como se deu o processo de pesquisa e as suas etapas, desde a pesquisa bibliográfica à pesquisa empírica. 2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Para realização desta monografia, em um primeiro momento foi realizada uma leitura e uma revisão bibliográfica dos conceitos de convergência, redes sociais e ONGs. Para que isto fosse possível foram utilizadas bibliografias de diversos autores. Por meio de Hall (2002) Nóbrega (2010) e Lemos (2002), se buscou entender o significado do conceito identidade e utilizar ele para traçar um perfil dos integrantes das Organizações Não Governamentais que auxiliam animais em situação de vulnerabilidade, tanto no meio físico quando na web. Para construir o referencial teórico sobre redes sociais foi utilizada a autora Raquel Recuero (2009), a obra da autora auxiliou na compreensão da estrutura e história das redes. Possibilitando assim, melhor entendimento dos sites de redes sociais. Por meio da pesquisa bibliográfica, foi possível ampliar os conceitos, entender as mudanças e as estruturas de uma rede social, para assim, pavimentar caminho para os próximos processos metodológicos. 2.2 PESQUISA EMPÍRICA QUALITATIVA Uma das ferramentas utilizadas nesta pesquisa abrange a pesquisa empírica qualitativa. Tal pesquisa busca uma compreensão aprofundada e holística dos fenômenos em estudo, contextualizando e reconhecendo seu caráter dinâmico (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL 2011). Sendo assim, a pesquisa não tem como objetivo mensurar ou quantificar o número de interações entre os participantes dos objetos de estudo, mas sim, buscar entender os processos comunicacionais que acontecem neles. As autoras, Fragoso, Recuero e Amaral citam que este tipo de análise vem sendo utilizada por diversas vezes nos estudos envolvendo abordagens online ao longo da
  • 14. 15 década de 90. Neste tipo de pesquisa é necessário realizar observações para que após sejam criadas subdivisões, que possibilitem focar a análise em amostras. Para as autoras o recorte na internet é mais difícil devido ao grande número de usuários e o dinamismo nas redes. Sendo assim é importante escolher uma amostra apropriada para o bom desenvolvimento da pesquisa. 2.2.1 A escolha dos objetos Dado que este trabalho é qualitativo, a quantidade de objetos de pesquisa a ser utilizado não é um fator relevante. Para a realização desta foram selecionados dois grandes objetos, a ONG Adote um Gatinho e o movimento Gatos da Redenção. A primeira por ter os meios de comunicação como seu público-alvo voltado ao meio digital e a segunda por ainda utilizar os meios de comunicação convencionais como principal divulgador de seus objetivos. Ambos os objetos tem como objetivo principal auxiliar na retirada da rua de animais em situação de vulnerabilidade, em especial com foco em gatos, porém ambas também auxiliam outros animais em menor escala. A partir da escolha das duas ONGs representantes, foi iniciada um mapeamento de presença das duas nos meios digitais, com objetivo de observar as diferenças e as semelhanças no posicionamento. Após este mapeamento foi realizada a escolha da página de fãs da ONG Adote um Gatinho como objeto da pesquisa para a parte on-line e pesquisa em campo para o Movimento Gatos da Redenção, pois o mesmo não se encontra presente de maneira efetiva na web e nos sites de redes sociais. 2.2.2 Pesquisa com as ongs Com intuito de conhecer melhor a ONG Adote um Gatinho e o Movimento Gatos da Redenção, uma pesquisa com pessoas da administração das duas organizações foi realizada. O questionário foi aplicado através da internet para a ONG Adote um Gatinho e pessoalmente para o Movimento Gatos da Redenção.
  • 15. 16 A pesquisa visava conhecer melhor o funcionamento das instituições e entender o posicionamento utilizado pelas mesmas em seus meios de divulgação. Segue abaixo o exemplo de pesquisa realizada com os objetos de estudo: FIGURA 1 – Primeira parte do questionário aplicado às Instituições Fonte: Elaborado pela autora
  • 16. 17 FIGURA 2 – Segunda parte do questionário aplicado às Instituições Fonte: Elaborado pela autora Em ambas as abordagens, por meio da internet e também na abordagem pessoal, se deixou claro que a tal pesquisa seria utilizada para o trabalho de conclusão do curso de Comunicação Digital. Com isso as ONGs se sentiram mais livres para expressar suas opiniões e explicar com mais detalhes o funcionamento das mesmas. A partir das respostas recebidas foi possível gerar uma comparação entre os métodos de doação das duas e também da maneira a qual elas
  • 17. 18 utilizam para divulgar os animais que acolhem. Bem como observar a visão das instituições a respeito do tema abordado. 2.2.3 Pesquisa com adotantes e simpatizantes da causa de proteção aos animais Para conhecer melhor o perfil das pessoas que adotam ou simpatizam com a causa de proteção aos animais e maneira com que estas interagem com as Instituições; foi aplicado um questionário com perguntas relacionadas ao perfil deste participante. Houveram também perguntas acerca da organização, a adoção animal e também sobre as novas maneiras de adoção pela internet. Em um primeiro momento a pesquisa foi realizada com os participantes da página do site de redes sociais Facebook da ONG Adote um Gatinho 1. Segue abaixo imagem do questionário aplicado: FIGURA 3 – Primeira parte do questionário aplicado ao Adotantes Fonte: Elaborado pela autora 1 Página de Facebook da ONG Adote um Gatinho: http://facebook.com/adoteumgatinho.
  • 18. 19 FIGURA 4 – Segunda parte do questionário aplicado ao Adotantes Fonte: Elaborado pela autora O questionário esteve disponível no período de uma semana (de 21 a 27 de novembro de 2011) e foi aplicado com 47 indivíduos que não necessariamente interagiam com a página, porém, na análise dos dados foram excluídos estes por se entender que os mesmos não poderiam acrescentar algo à pesquisa. O questionário foi divulgado no mural da página da ONG e nos perfis de redes sociais da autora. No questionário também ficou claro que os resultados da pesquisa seriam utilizados para fins de análise no trabalho de conclusão de curso da autora. A pesquisa realizada com abordagem pessoal aconteceu no domingo dia 10/06/2012 no Parque Farroupilha, também conhecido como Redenção, local de atuação do movimento Gatos da Redenção. Foram abordadas 13 pessoas que demonstravam interesse em adotar os animais presentes na feirinha de adoção que acontecia no local. O questionário aplicado também envolvia perguntas sobre adoção, a instituição e novos métodos de adoção pela internet2. 2 Pesquisa e resultados disponíveis nos Apêndices – A e B
  • 19. 20 2.2.4 Observação Além dos questionários realizados com os objetos de estudo, também se realizou uma observação dos perfis dos sites de redes sociais da ONG Adote um Gatinho. O foco da pesquisa se deu na página do Facebook da mesma, pois foi onde ocorre o maior número de interações entre os participantes. A observação teve como objetivo categorizar as interações dos participantes entre eles e também com a Instituição. A Fan Page foi observada durante uma semana, entre os dias 28/09/2011 e 04/10/2011, e contava na época com 39.802 fãs. Durante este tempo foi observado o conteúdo postado em seu mural e também no fórum de discussão. A maior ênfase foi dada para o Mural pois foi onde aconteceu o maior número de interações. Foi realizada também uma observação presencial dos simpatizantes com o Movimento Gatos da Redenção. Durante uma tarde acompanhou-se a rotina do Movimento. A fim de conhecer de perto como funciona o processo de doação e divulgação da entidade. 2.2.5 Simulação Para observar as diferenças e semelhanças entre as adoções realizadas através de feiras de animais físicas e de páginas na web, uma simulação de adoção em ambos os meios foi realizada. No meio digital, a simulação foi feita por meio da página da ONG Adote um Gatinho; e no meio físico durante a feirinha de adoção do Movimento Gatos da Redenção. As etapas da simulação serão apresentadas no capítulo 5. 2.2.6 Análise e categorização Foi realizada também uma análise dos resultados dos questionários, da observação da página de Facebook e das entrevistas realizadas com as Organizações, o que torna possível a categorização e análise de dados. Neste capítulo, conhecemos as etapas da metodologia desenvolvida para observar a maneira com que as ONGs interagem com seu público e
  • 20. 21 também os simpatizantes da causa de proteção animal interagem com as ONGs, por meio das redes sociais e de maneira presencial. No próximo capítulo, trataremos do conceito de Redes Sociais.
  • 21. 22 3 REDES SOCIAIS E A INTERNET Na sociedade atual, a cada instante mais pessoas se conectam a web, consomem as informações da rede e interagem com elas. Nota-se, cada vez mais, uma necessidade crescente de estar sempre conectado. A convergência dos conteúdos para a internet é uma das responsáveis pelo crescimento em grande escala dos adeptos as novas tecnologias. Essa expansão das redes transformou a maneira com que as pessoas se relacionam. Lemos (2002) afirma que a tecnologia causa mudanças que fazem parte do processo de evolução da humanidade e as consequências podem ter representações e significações diversas. Assim como o fogo e a eletricidade são inovações que definiram e se incorporaram aos processos cotidianos. Para Blattman (2009 apud LEMOS, 2002) a internet é a principal responsável pela mudança na forma de acesso, obtenção, organização e uso de informação para produção de conhecimento. A nova geração não obteve mudanças apenas técnicas, mas sim na forma com que os usuários e desenvolvedores fazem uso das novas tecnologias. O público deixou de atuar somente como receptor de informação e passou a fazer parte do desenvolvimento do conteúdo disponível na rede. A conexão entre usuários e computadores resultou em um novo conceito de atividade coletiva. Esta baseada no compartilhamento de informações e interesses. Essa nova forma de interagir afeta a cultura comunicativa da sociedade mudando padrões e hábitos. O motivo disto são as novas tecnologias que permitem interação, colaboração e informação em tempo real. Para Lévy (1999 apud LEMOS, 2002) a nova geração da internet transformouse em um meio de comunicação modelo todos - todos, onde qualquer pessoa pode produzir e publicar conteúdo. A convergência para a web e para as redes sociais é a principal responsável pela consolidação desta nova geração na internet. O surgimento de novas possibilidades técnicas na área de tecnologia da informação e telecomunicações contribuiu de maneira muito significativa para que os processos de disseminação de novas estruturas comunicacionais fossem acelerados.
  • 22. 23 Se antes uma informação, para ser publicada, dependia dos meios de comunicação de massa, hoje, com a tecnologia da conectividade e da mobilidade, que traz consigo uma série de ferramentas digitais, os sujeitos situados na esfera da recepção passam a disseminar a mensagem também. Desta forma nossas experiências cotidianas são transformadas em produtos midiáticos disponíveis a qualquer hora e local. Sendo assim, pode-se concluir estar diante de uma nova dimensão na explosão informacional, não de ordem científica e com uso das fontes tradicionais, mas de discursos que fazem utilização de tecnologias alternativas para se disseminar. Neste capítulo buscaremos tentar entender melhor o conceito e também o funcionamento deste sites de redes sociais tão importantes na disseminação de conteúdos nos dias atuais. 3.1 COMUNIDADES VIRTUAIS E REDES SOCIAIS As redes sociais sempre existiram no meio físico, cada pessoa tem em seu ambiente de convivência as suas próprias redes sociais, seja na faculdade no trabalho, entre outras. MARTELETO (2001) propõe a ideia de rede como uma estrutura não linear, que não precisa ter necessariamente um início ou um fim, de um nodo desta estrutura podem partir vários outros nodos levando a lugares diferentes, cada pessoa experimentará uma maneira diferente de navegar nesta estrutura. Estas redes podem existir em um meio físico ou digital ou ainda em ambos os meios ampliando assim as experiências entre os usuários das redes. Não é possível existir um sem a presença do outro, o ser humano se sente parte do mundo a partir de seus grupos de pertença, estes grupos podem ser considerados suas redes. Desde criança que a rede social é montada, ao iniciar pela família, depois os amigos, os colegas de escola. Cada vez mais, a rede de contatos se amplia, bem como a rede social. As ONGs de proteção aos animais já formam em seu meio natural uma rede, pois reúnem um grupo de pessoas que se interessa em defender a causa animal. MARTELETO (2001) ainda afirma que o conceito de rede já vem sido utilizado há bastante tempo:
  • 23. 24 O trabalho pessoal em redes de conexões é tão antigo quanto a história da humanidade, mas apenas nas última décadas as pessoas passaram a percebê-lo como uma ferramenta organizacional. (MARTELETO, 2001, p. 72) A utilização da Internet facilitou a comunicação e gerou o surgimento de um novo conceito de redes sociais. Com a web as pessoas passaram a interagir por meio desta e das ferramentas criadas com o uso da mesma. Nela é possível ter as mesmas ou praticamente as mesmas interações que no meio físico, mas as experiências geradas são diferentes. Castells (2004) afirma que a história das redes teve inicio junto com a história da própria internet, já que as primeiras comunidades virtuais foram criadas pelos primeiros usuários de redes de computadores. De acordo com ele, o Institute for Global Communication (IGC) foi o precursor das primeiras redes de computadores que se dedicavam à divulgação de causas sociais. Recuero (2003) fala que inicialmente o termo comunidade era conhecido por representar o conceito de comunidade rural. Um agrupamento baseado na afinidade, porém, restrito aos locais de abrangência devido a falta de meios de comunicação. Com o surgimento da comunicação mediada por computadores, a busca de novas formas de estabelecer conexões transformou o termo em “comunidades virtuais”. Recuero (2003) define as comunidades virtuais: A comunidade virtual é, assim, um grupo de pessoas que estabelecem entre si relações sociais, que permaneçam um tempo suficiente para que elas possam constituir um corpo organizado, através da comunicação mediada por computador. (RECUERO, 2003. p.5). Desta forma, a comunidade que antes era conhecido como com um grupo de pessoas que interage entre si sem objetos de mediação na internet, passa a ser mediada por computador e de forma recíproca entre as partes. Para Rheingold (1996), as comunidades virtuais não devem ser consideradas apenas lugares onde as pessoas se encontram. Elas também dão suporte a uma plataforma que dá oportunidade para que os usuários interajam com diversos fins. Uma destas finalidades é a formação de inteligência coletiva. Essa ideia atribui para as comunidades virtuais a capacidade de agir em favor e até mesmo resolver problemas coletivamente em benefício do
  • 24. 25 indivíduo. Lévy (1992 apud RECUERO, 2003, p.5) expõe que, além de estimular a formação da inteligência coletiva, as comunidades virtuais também agem como um mecanismo de mediação cultural, pois uma rede de pessoas com o mesmo gosto ou interesse produz um efeito mais eficiente que os mecanismos de busca. Assim Lévy afirma que as comunidades virtuais organizadas possuem um papel notável em “termos de conhecimento distribuído, de capacidade de ação e potência cooperativa.” (COSTA, 2005) Recuero (2009) explica que alguns autores afirmam que comunidades virtuais devem ser estudadas como redes sociais. Para ela, as comunidades virtuais devem ser adaptativas, auto-organizadas e cooperativas. Costa (2005), por sua vez, relaciona as diferenças entre os laços sociais e os sistemas de troca de informações antigos com os atuais. Para ele, novas formas mais complexas de comunidade surgiram. Isso nos remete a uma transmutação do conceito de "comunidade" em "rede social". Se solidariedade, vizinhança e parentesco eram aspectos predominantes quando se procurava definir uma comunidade, hoje eles são apenas alguns dentre os muitos padrões possíveis das redes sociais (COSTA, 2005, p. 8). Aguiar (2008, p.22) defende que: redes sociais são, antes de tudo, relações entre pessoas, estejam estas interagindo em casa própria, em defesa de outrem ou em nome de uma organização, mediadas ou não por sistemas informatizados. (AGUIAR, 2008, p.22). Para a autora, a rede seria como um método de interação que pode ter como objetivo algum tipo de mudança na vida das pessoas. Algumas redes surgem de maneira informal e espontânea a partir das necessidades cotidianas dos indivíduos com seus familiares, amigos, trabalho, etc. Outras redes são criadas intencionalmente e chamadas de “indivíduos ou grupos com poder de liderança, que articulam pessoas em torno de interesses, projetos e/ou objetivos” por Aguiar (2008, p.22). É o caso das ONGs e dos grupos de proteção aos animais que são montados em torno de um objetivo em comum. Wasserman e Faust (1994 apud RECUERO, 2009) definem redes sociais como um conjunto de atores, organizações ou outras entidades, conectados por motivo de amizade, relacionamentos sociais, profissionais e
  • 25. 26 troca de informação. Ela é formada por atores sociais e suas conexões, onde atores são os nós das redes (pessoas, instituições ou grupos) e as conexões são interações ou laços sociais (WASSERMA; FAUST, DEGENNE; FORSE, 1999 apud RECUERO, 2009). Recuero (2009) cita que a maneira com que interagimos por meio da internet cria rastros que podem ser estudados para compreendermos melhor a forma com que as pessoas utilizam a rede e gerar padrões. Cada rede social é composta de atores e conexões. Os atores podem ser comparados aos nós da rede sendo pessoas, grupos, instituições entre outros. Para Bertolini e Bravo (2004), os atores são a peça central das redes, cada qual com seus interesses, usando os recursos representados pelos aspectos da estrutura social para realizá-los. As conexões são as interações e os laços criados entre os nós. A autora cita que uma rede é uma metáfora que podemos utilizar no estudo dos padrões de conexão de um grupo, a partir das conexões que seus atores exercem. Cada nó representa um ator, ou seja, uma pessoa. Tais pessoas são as responsáveis por criar/recriar/modificar a rede através da maneira com que interagem entre si e com a própria ferramenta na construção dos laços sociais. Com o surgimento da internet a identificação dos atores da rede não acontece de maneira imediata, se dá por necessário a utilização de representações. Uma página no Facebook pode ser considerada um exemplo de nó, esta página representa um grupo de pessoas, atores, que possuem certo gosto em comum. Como, por exemplo, a página da ONG Adote um Gatinho onde os simpatizantes pela causa animal se reúnem para reafirmar que fazem parte desde grupo e defendem esta causa. Esta vontade de gerar uma construção de identidade já existe no meio físico e foi levado para o meio digital. Estas construções de identidade acontecem por meio da criação de avatares, títulos de blogs, escolha de ferramentas entre outros. Um perfil em uma rede social é a representação deste ator no ciberespaço e os atores são pessoas que utilizam ferramentas para se expressarem de alguma maneira. As conexões são outro elemento que fazem parte das redes sociais e podem ser definidas como as ligações entre os nós. No ciberespaço esta interação acontece através de computadores. Recuero (2007) cita que podemos classificar as interações como síncrona ou assíncrona. Síncrona é a interação que acontece em tempo real, neste caso os atores interagem
  • 26. 27 simultaneamente como nas ferramentas de chats, como: MSN Messenger, mIRC, entre outras. Enquanto a interação assíncrona acontece quando os atores dividem o mesmo espaço, porém em momentos diferentes, um recado do Orkut, uma mensagem no mural do Facebook, entre outras. Este tipo de interação cria laços sociais que podem ser definidos como uma relação de interação exercida entre dois ou mais atores. Estes laços podem variar de intensidade, fortes/fracos, e de duração, curtos ou longos. Estas circunstâncias estão diretamente relacionadas entre si e com o grau de intimidade entre os atores. A autora ainda se baseia em alguns autores para definir o conceito de capital social. Para Bourdieu (BORDIEU apud RECUERO, 2007) o capital social se relaciona com a situação socioeconômica e dos interesses dos atores, para Coleman (1988 apud RECUERO, 2009) o capital social está relacionado com a organização que os atores possuem e para Putnan (PUTMAN, 2000 apud RECUERO, 2007) o capital social está relacionado à confiança entre os atores. A partir dessas diferentes conceitos utilizados para o estudo das redes sociais, Recuero (2009) explica: Consideraremos o capital social como um conjunto de recursos de um determinado grupo (recursos variados e dependentes de sua função, como afirma Coleman), que pode ser usufruído por todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que está baseado na reciprocidade (de acordo com Putman). Está embutido nas relações sociais como explica Bordieu e é terminado pelo conteúdo delas. (RECUERO, 2009, p.50) Desta forma, a autora explica que, para o total entendimento do capital social das redes é tão importante estudar o conteúdo das mensagens trocadas pelos atores quanto às relações entre os mesmos. O capital social é de suma importância para o fortalecimento entre laços e atores de uma rede, este é constituído através de investimento e custo para os envolvidos, dependendo de investimentos para que possa ser acumulado (GYARMATI; KYTE, 2004 apud RECUERO, 2007). Recuero (2007), afirma que os laços sociais sem investimento enfraquecem com o tempo e esse enfraquecimento pode causar a desvalorização do capital social de um grupo. Quando uma rede social apresenta laços fortes isso frequentemente resulta de atores com maior intimidade, interação e reciprocidade. A
  • 27. 28 consequência disso é um maior investimento e maior quantidade de capital social acumulado. As relações com capital social elevado tendem a ser mais resistentes e duradouras. Nos sites de redes sociais o capital social é constituído por diversos fatores, como a visibilidade que proporciona que os nós estejam visíveis dentro da rede. Esta é decorrente da própria ação do ator e é considerada matéria-prima para outros valores; a reputação que é um dos principais valores construídos dentro das redes sociais e para Recuero (2009) é compreendida como a percepção de um usuário pelos demais atores. Esta é um valor qualitativo e não está relacionada ao número de conexões, mas sim as impressões que as atitudes podem deixar para os outros, está presente em todos atores em diferentes graus e é definida pelo tipo de conteúdo publicado pelo ator. A popularidade é um valor ligado à audiência, a posição do ator dentro de uma rede. Esta é definida pela quantidade de pessoas conectadas, no Facebook esse valor poder ser considerado pela quantidade de fãs que uma marca carrega em sua Fan Page ou a quantidade de amigos que uma pessoa possui. 3.2 SITES DE REDES SOCIAIS Na definição de Boyd e Ellison (2008), redes sociais de internet são serviços com base na web que permitem aos indivíduos criarem perfis públicos ou semi-públicos dentro do site, articular uma lista de outros usuários com os quais sequer interagir, visualizar e interligar sua lista de contatos com outras dentro do mesmo sistema. Já Recuero (2009), afirma que os sites de redes sociais são uma consequência da apropriação das ferramentas de comunicação mediadas pelos atores sociais. Uma das características dos sites de redes sociais é a exposição das ligações de um indivíduo, que decide tornar público para os outros usuários do site, quem são seus amigos, quais são suas atualizações, etc. Outro elemento defendido por ela são as construções de representações das pessoas envolvidas. A autora afirma existir distinção entre as redes sociais e a ferramenta que as suporta. Recuero explica as diferenças entre os sites de redes sociais e as outras formas de comunicação mediada pelo computador:
  • 28. 29 A grande diferença entre sites de redes sociais e outras formas de comunicação mediada pelo computador é o modo como permitem a visibilidade e a articulação das redes sociais, a manutenção dos laços estabelecidos no espaço off-line. (RECUERO, 2009, p. 102) A maioria dos sites de redes sociais possui mecanismos para incentivar os atores a mostrarem as diversas facetas do seu eu, fato que depende muito das forças sociais e tecnológicas dentro de cada site, pois são elas que moldam as atitudes de seus usuários (BOYD; ELLISON, 2008). Blogs, sites como Facebook e Twitter são exemplos de sites de redes sociais, pois possuem mecanismos de individualização, exposição das redes sociais de cada ator e a possibilidade dos usuários constituírem interações nesse espaço como características. A autora ainda defende que existem dois tipos de sites de redes sociais, propriamente ditos e os sites de redes sociais apropriados. O primeiro tem como foco expor e publicar de maneira intencional as conexões e redes dos atores, neles se faz necessário a criação de um perfil para que se possa interagir com outros usuários, são sites como Facebook e Orkut. No caso dos sites apropriados não existe a intenção original de criar essas ligações, mas a apropriação que os atores fizeram destes sites acabou por torná-los sites de redes sociais, como é o caso do Tumblr. A maioria dos contatos/conexões nas redes sociais de internet são os mesmos da rede social off-line (ELLISON; STEINFIELD; LAMPE, 2007), ao menos nas primeiras semanas de uso. Porém, a rede de um usuário pode ampliar exponencialmente, dependendo das conexões e da interação deste usuário com outros na rede. Para Boyd e Ellison (2008) perfil é uma página onde o usuário escrever a respeito de si mesmo. Ao se cadastrar em um site de rede social o usuário deve preencher um formulário com vários campos sobre sua vida, é possível também enviar fotos e personalizar seu perfil. Após este cadastro ele deve se conectar com outros usuários. O SixDegrees3 foi o precursor dos sites de redes social mediadas por computador a ter estas características. Neste site era possível apenas se conectar com outros usuários e navegar entre os perfis. Porém por questões financeiras o mesmo durou pouco mais de três anos. No 3 Disponível em: <http://www.sixdegrees.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.
  • 29. 30 ano de 2002 os sites de redes sociais começaram a se popularizar com o surgimento do Friendster4, uma rede que levou este tipo de site a cultura de massa, mas não conseguiu suportar o grande número de usuários. Em 2003, o Last.Fm5, MySpace6 e o Linkedin7 são criados e trazem consigo as primeiras segmentações dentro dos sites de redes sociais. O Last.Fm tem como público principal os fãs de música sua principal função é o compartilhamento e a recomendação de musicas entres os usuários. O mesmo ainda possui fóruns, estações de rádios e um sistema de indexação com colaboração dos usuários. O MySpace teve como principal foco reunir em um único perfil diferentes tipos de conteúdo do usuário como fotos, vídeos, textos etc. Porém, o mesmo acabou por se tornar “uma importante fonte de informações sobre turnês, datas e lançamentos de álbuns para as revistas/sites/jornais especializados em música” (AMARAL, 2007, p.96). Já o site Linkedin possui como foco principal uma rede de contatos profissionais, sendo utilizado por empresas e empregadores. No ano de 2010 o mesmo já contava com mais de 70 milhões de usuários e um milhão de empresas cadastradas ao redor do mundo. Assim como estes, vários outros sites de redes sociais surgiram e continuam a surgir até hoje. No Brasil, durante muito tempo o Orkut8 se manteve na liderança como a rede social mais acessada. Criada em 2004 por um funcionário do Google, a rede inicialmente só permitia acesso ao cadastramento caso o usuário recebesse convite de outro usuário já cadastrado na rede. O Orkut permite a criação de perfis com, fotos, interesses e também a criação de comunidades que funcionam como ponto de encontro para usuários que tem os mesmos interesses. No Brasil o site teve importante participação na popularização dos sites de redes sociais. Uma pesquisa realizada pelo Ibope Nielsen com 8561 entrevistados, aponta que o site foi a porta de entrada para a internet no Brasil. Dos entrevistados que acessam sites de redes sociais, 82% afirmam que o Orkut foi a primeira a ser utilizada. No ano de 2011, foi 4 Disponível em: <http://www.friendster.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012. Disponível em: <http://www.lastfm.com.br/>. Acesso em: 17 jun. 2012. 6 Disponível em: <http://www.lastfm.com.br/>. Acesso em: 17 jun. 2012. 7 Disponível em: <http://www.linkedin.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012. 8 Disponível em: <http://www.orkut.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012. 5
  • 30. 31 divulgada pesquisa do Ibope Nielsen indicando que o Facebook9 havia ultrapassado o Orkut em número de usuários no Brasil10. O Facebook é atualmente o site de rede social mais acessado no mundo. Dados apontam que 750 milhões de pessoas estavam conectadas a rede no ano de 201111, a estimativa é que neste ano de 2012 a companhia alcance o número de um bilhão de pessoas conectadas. Dentre todos os sites de redes sociais disponíveis atualmente, o Facebook será o foco neste trabalho, portanto, será descrito a seguir. 3.2.1 O Facebook Criado em fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, então alunos da Universidade de Harvard, o site de rede social, desde o início, teve como objetivo configurar um espaço no qual os usuários pudessem encontrar pessoas e compartilhar conteúdo. No início a rede era limitada para os estudantes de Harvard, aos poucos ela foi estendida para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, à Universidade de Boston, ao Boston College, incluindo também alunos de Stanford, Columbia e Yale. Nesta época o site era conhecido como thefacebook.com. A fama do site se espalhou por outros circuitos universitários e outros portadores de e-mails providos por universidades em todo o mundo foram convidados a fazer parte da rede social. Em 2005, o site já contava com cinco milhões de membros ativos. Neste ano a rede passou a ser chamada apenas de Facebook. Em 2006 o acesso a rede foi ampliado para alunos do nível secundário e trabalhadores de empresas, desde este ano, somente integrantes a partir de 13 anos podem se inscrever no Facebook. Apesar de abrir o espaço para todos os tipos de usuários a meta desta rede social foi preservada, ela existe em função de permitir o compartilhamento de dados e imagens entre as pessoas da maneira mais simples possível e desta forma gerar entretenimento. 9 Disponível em: <http://www.facebook.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012. Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5562684-EI12884,00com+crescimento+de+em+Facebook+passa+Orkut+no+Pais.html>. Acesso em: 17 jun. 2012. 11 Disponível em: <http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/65157_VOCE+PODE+GANHAR+MUITO+DINHEIRO +NO+FACEBOOK>. Acesso em: 17 jun. 2012. 10
  • 31. 32 Em 2009 uma pesquisa do Compete.com12 classificou o site de redes sociais como o mais utilizado em todo mundo por usuários ativos mensais. De acordo com o Social Media Today13, em abril de 2010, 41,6% da população norte-americana já possuía uma conta no Facebook. Foi no início de 2012 que a rede social se tornou a mais acessada no Brasil, ultrapassando o Orkut, durante o mês de dezembro de 2011. De acordo com dados da comScore14 rede fundada por Zuckerberg atraiu 36,1 milhões de visitantes durante o mês de dezembro de 2011, superando assim os 34,4 milhões registrados pelo site de rede social Orkut. FIGURA 5 – Página inicial do Facebook Fonte: Facebook. 12 Disponível em: <http://blog.compete.com/2009/02/09/facebook-myspace-twitter-socialnetwork/>. Acesso em: 17 jun. 2012. 13 Disponível em: <http://socialmediatoday.com/index.php?q=roywells1/158020/416-uspopulation-has-facebook-account>. Acesso em: 17 jun. 2012. 14 Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/01/facebook-passa-orkut-e-viramaior-rede-social-do-brasil-diz-pesquisa.html>. Acesso em: 17 jun. 2012.
  • 32. 33 3.2.1.1 Funcionamento O site não apresenta nenhum tipo de custo para seus usuários, a receita do mesmo é proveniente de publicidade e banners presentes nas páginas. Os usuários criam perfis com fotos, informações, interesses pessoais e podem trocar entre si mensagens de maneira privada ou pública. A visualização dos dados de cada usuário pode ser restrita para os amigos confirmados pelo mesmo ou público para todos da rede. Chris Hughes, um dos fundadores e porta-voz do Facebook, afirma que as pessoas gastam em média 19 minutos por dia interagindo na rede social. 3.2.1.2 Funcionalidades e recursos Um dos principais motivos que acelerou o crescimento na utilização do Facebook e fez com que o mesmo ultrapassasse o número de acessos de redes sociais consolidadas como o Orkut no Brasil, é o grande número de funcionalidades e recursos apresentados pelo site de rede social. As principais serão descritas a seguir. 3.2.1.2.1 Mural É um espaço presente na página de perfil de cada usuário que permite aos amigos do mesmo postar mensagens para ele. Estas mensagens podem vir em formato de texto, vídeo, imagens e até mesmo arquivos em anexo. O mural de cada usuário pode ser definido como público ou privado apenas para amigos. Existe ainda a função “Mensagem” que tem como funcionalidade enviar um certo conteúdo para apenas um usuário ou um grupo selecionado de usuários, neste caso a o conteúdo não fica disponível no mural e sim na aba Mensagens, que tem funcionamento parecido com um e-mail.
  • 33. 34 3.2.1.2.2 Botão Curtir O botão de curtir é um recurso para que os usuários sinalizem os conteúdos que gostam dentro da rede, tais como atualizações de status, comentários, fotos, links etc. Ao curtir um conteúdo o mesmo é disseminado na rede de contatos do usuário. Em função desta disseminação muitas empresas costumam utilizar este botão para promover promoções, pratica que não é bem vista pela organização do Facebook. O botão curtir também está presente nas Páginas de conteúdo do site. Desta maneira ao curtir uma página relacionada a algum assunto o usuário passa a receber informações e conteúdos disponibilizados na mesma. 3.2.1.2.3 Status Este recurso permite ao usuário compartilhar com seus amigos e membros da sua comunidade conteúdos que acha relevante. É possível compartilhar vídeos, fotos, links texto e anexos. As atualizações de status ficam disponíveis na sessão “Atualizações recentes” de toda sua lista de amigos. Estas atualizações também podem ser públicas ou acessíveis para a apenas um grupo selecionado de pessoas. 3.2.1.2.4 Eventos Os “Eventos” são uma maneira para que os usuários informem para sua rede quais os próximos eventos que irão acontecer em sua comunidade, organizar encontros sociais, etc. Todos os eventos divulgados por meio desta ferramenta podem ser compartilhados com a lista de amigos do usuário. 3.2.1.2.5 Aplicativos Lançado em 2007 o “Facebook Plataform” permitiu que usuários comuns do da rede social tivessem acesso ao framework de desenvolvimento e criassem assim aplicações que interajam com os recursos internos do site. No
  • 34. 35 final do ano de 2007 já estavam disponíveis mais de 10000 aplicações como jogos, produtos de entretenimento, aplicativos sociais, entre outros. 3.2.1.2.6 Grupos São círculos fechados de pessoas que compartilham um interesse em comum e mantém contato no Facebook. Os grupos costumam ser utilizados para compartilhar um conteúdo com círculo específico de usuários de maneira mais rápida e efetiva. Em um grupo fechado somente quem faz parte dele consegue acessar o conteúdo publicado. 3.2.1.2.7 Linha do tempo A linha do tempo é a coleção de conteúdos compartilhados pelo usuário. Nela ficam expostas fotos, histórias e experiências que contam a história do membro da rede ou da instituição no caso de Páginas de Fãs. 3.2.1.2.8 Páginas de fãs ou fan pages As páginas de fãs (fan pages) existem para que as organizações, empresas, celebridades, bandas, times entre outros, transmitam informações para o seu público que está conectado no Facebook. São semelhantes aos perfis e podem ser aprimoradas com aplicativos que melhorem a comunicação da entidade com seu público. Além da interação com os usuários através da Fan Page é possível analisar os dados em forma de relatório. Você tem dados demográficos, alcance, repercussão e muitas outras métricas para avaliar e entender o desempenho e os fãs da sua página. Quando um usuário curte uma Fan Page, ele passa a receber as atualizações da página em seu mural. Caso este interaja com o conteúdo, seus amigos também irão receber a interação em seus respectivos murais. É por meio destas ferramentas dentro do site de redes social Facebook que os usuários interagem entre si e com as organizações que lhes são de interesse.
  • 35. 36 Neste capítulo buscamos compreender o conceito de rede social, sites de redes sociais e o funcionamento do Facebook. É neste site de redes sociais que se encontra a Página de Fãs da ONG Adote um Gatinho que serviu como objeto de estudo para este trabalho. No próximo capítulo, iremos conhecer os conceitos de ONG e o objeto principal de estudo desta monografia.
  • 36. 37 4 ONGs 4.1 DEFINIÇÃO DE ONG O acrônimo ONG é utilizado para denominar as organizações não governamentais, que não possuem fins lucrativos e atuam no terceiro setor da sociedade civil. Porém, não há na literatura uma definição oficial sobre o conceito de ONG, o que existem são apontamentos que definem e caracterizam uma ONG. Não somente por sua existência, mas pela razão de sua criação e sua maneira de trabalho. A pesquisadora Andréa Koury Menescal define ONG como termo: (...) provindo da denominação em inglês Non-Governmental Organizations (NGO), o termo ONG tem sua origem nas Nações Unidas, onde foi pela primeira vez utilizado.(...) “Na resolução 288 (X), de 1950, do Conselho Econômico e Social, ONG foi definida no âmbito das Nações Unidas como sendo uma organização internacional a qual não foi estabelecida por acordos governamentais. A definição da autora busca diferenciar as ONGs das instituições decorrentes de acordos entre governos e suas agências, porém, a mesma tornou-se insuficiente para caracterizar as organizações. Para Menescal (1996) “o aspecto típico das ONGs é justamente a sua pluralidade e heterogeneidade” e ainda afirma que: As ONGs são organizações formais, ou seja, não constituem um mero agrupamento de pessoas, mas antes uma estrutura formalmente constituída para alcançar determinados objetivos. Mais: as ONGs são organizações sem fins lucrativos, possuem certo grau de autonomia e realizam atividades, projetos e programas na chamada área de ‘política de desenvolvimento’ com o objetivo de contribuir para a erradicação das condições de vida desiguais e injustas no mundo”, sobretudo nos países pobres do hemisfério sul. (...) ONGs são, portanto, organizações que podem apoiar grupos e movimentos populares de uma maneira que nem o mercado e nem Estado são capazes. A ABONG, Associação Brasileira de ONGs, conceituado instituto de catalogação de organizações brasileiras, defende que uma ONG é formada a partir da vontade autônoma de homens e mulheres que buscam se reunir com a finalidade de alcançar objetivos em comum de uma forma não lucrativa. Por
  • 37. 38 não visar objetivos confessionais, no âmbito jurídico toda ONG pode ser considerada uma associação civil ou uma fundação privada, porém nem toda fundação ou associação civil é uma ONG. A pesquisadora Thereza Montenegro (1994) define as Organizações não governamentais como: ONGs são um tipo particular de organizações que não dependem nem econômica nem institucionalmente do Estado, que se dedicam a tarefas de promoção social, educação, comunicação e investigação/experimentação, sem fins de lucro, e cujo objetivo final é a melhoria da qualidade de vida dos setores mais oprimidos. Para Montenegro (1994), as ONGs têm como objetivo auxiliar a sociedade a resolver ou amenizar determinados problemas e desta forma melhorar a qualidade de vida dos civis. Estas organizações não dependem do Estado sendo criadas, gerenciadas e mantidas por civis. Herbet de Souza, o Betinho, (1992), sociólogo brasileiro e ativista dos direitos humanos, defende que: Uma ONG se define por sua vocação política, por sua positividade política: uma entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental é desenvolver uma sociedade democrática, isto é, uma sociedade fundada nos valores da democracia – liberdade, igualdade, diversidade, participação e solidariedade. (...) As ONGs são comitês da cidadania e surgiram para ajudar a construir a sociedade democrática com que todos sonham. Segundo o autor (1992): o não-governamental não veio por acaso. De alguma forma, as ONGs constituem a crítica moderna aos fracassos e descaminhos do Estado e às deficiências de instituições clássicas como os partidos, sindicatos, empresas, universidades, que se submeteram ou se acomodaram à dinâmica do mundo oficial, entrando na órbita do capital e do Estado. Sendo assim as ONGs seriam organizadas por grupos de pessoas civis e agiriam em benefício da sociedade civil. Para Souza, as organizações visam a construção de um mundo onde haja igualdade, buscando suprir as causas das diferenças sociais. Desta forma podemos concluir que o crescimento no número de ONGs está diretamente ligado ao número de adversidades sociais
  • 38. 39 presentes no local onde a organização busca se estabelecer, ou seja, quanto mais uma comunidade precisa de auxilio maior é a oportunidade de uma ONG surgir nesta comunidade. As organizações se multiplicam em uma velocidade exponencial devido a fatores de ordem mundial, tais como, o crescimento descontrolado de populações, a falta de recursos necessários para uma boa qualidade de vida, regimes governamentais, entre outros fatores adversos. Esta multiplicação das ONGs não é algo recente e parece ter surgido a partir das ações do Banco Mundial no Terceiro Mundo as quais acoplaram a ideia de ser voluntário sem objetivos financeiros e deu início ao processo de ações com o governo e a sociedade civil. Pode-se concluir então que as ONGs são entidades que são criadas pelo próprio público alvo em benefício do mesmo. Estas podem chegar a níveis regionais, nacionais e até mesmo mundiais dependendo do serviço que prestam a comunidade, possuem recursos limitados e não trabalham com fins lucrativos. O atual entendimento de ONG é de que as mesmas podem ser consideradas um campo político de organizações com o objetivo de transformar a sociedade onde estão inseridas. Elas têm como principais características o voluntariado, a luta pela democracia, defesa dos direitos humanos, animais, desenvolvimento e ampliação da democracia. 4.2 HISTÓRIA DAS ONGS NO BRASIL Os primeiros registros de ONGs no Brasil datam a década de 1970, estas surgiram com intuito de apoiar os movimentos populares de promoção da cidadania e luta pela democracia política e social. No início estas instituições, que mais tardes seriam conhecidas como ONGs, ajudaram a sociedade civil na resistência ao regime militar que vigorava na época e auxiliaram na consolidação da democracia. Na época o Ato Institucional número cinco, emitido pelo Regime Militar, vigorava. Isto trazia ao Brasil a censura de imprensa, das manifestações culturais, da arte, literatura e da música. Tendo este quadro na história Brasileira onde a sociedade pouco podia participar, expor suas opiniões e necessidades as ONGs aparecem como uma alternativa, uma saída para
  • 39. 40 apoiar a liberdade de expressão de cada ser. Apenas em 1978 o AI-5 foi revogado pelo presidente da época Ernesto Geisel gerando a queda da barreira social que vigorou no Brasil em todos os anos anteriores. Segundo a Associação Brasileira de ONGs, ABONG, “as primeiras ONGs nasceram em sintonia com as demandas e dinâmicas dos movimentos sociais, com ênfase nos trabalhos de educação popular e de atuação na elaboração e controle social das políticas públicas”15. As primeiras organizações, no entanto não se intitulavam como não governamentais, elas eram apenas instituições que desenvolviam atividades de assessoria para movimentos sociais. Estas organizações eram gerenciadas por voluntários, não possuíam perspectiva de futuro e normalmente tinham foco na área de educação popular ou de base. Estas atividades com foco no voluntariado voltaram a ganhar forças nas últimas décadas, principalmente nos anos 1990. Já com o nome de ONG, as associações que lutam por uma causa comum sem ter fins lucrativos foram popularizadas e passaram a fazer parte da sociedade Brasileira de forma mais efetiva. Enquanto nas décadas de 1970 e 1980 as ONGs se constituíam basicamente em um serviço do Movimento Popular, nos anos de 1990 as lideranças dessa área passaram a ser percebidas como atores sociais. Este movimento compôs o Terceiro Setor desta maneira, as ONGs passaram a ser reconhecidas e atuar como organizações autônomas. Este novo papel assumido pelas organizações fez com que as mesmas ampliassem sua estrutura e seu quadro de voluntários, fazendo com que as ONGs buscassem se especializar em seu público-alvo para que houvesse uma melhor capacitação do quadro de voluntários e desta forma fosse possível buscar melhores resultados. 15 Disponível em: http://www.abong.org.br/ongs.php Acesso em: 20 jun 2012
  • 40. 41 4.3 ONGS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - ADOTE UM GATINHO Segundo dados da WSPA16, a primeira ONG voltada para proteção animal surgiu no mundo por volta de 1809 e é hoje conhecida como Liverpool RSPCA Branch. Seus fundadores tinham como objetivo formar uma sociedade que pudesse atuar na repressão e prevenção da crueldade e dos maus-tratos aos animais, porém a RSPCA Branch só conseguiu ingressar efetivamente na proteção animal em 1841, ou seja, mais de 30 anos após a sua fundação. Mais de dois séculos após a criação da primeira entidade, muitas outras foram nascendo e conquistando seu espaço e respeito nas leis mundiais e nacionais. A WSPA já atua no mundo todo há mais de 30 anos buscando o bem estar animal. No Brasil, ela teve sua primeira atuação em 1989 duranteuma ação na luta contra a Farra do Boi, festa folclórica que acontece no estado de Santa Catarina onde os integrantes buscam agredir o animal pelas ruas da cidade até o mesmo vir a óbito17. A ONG Adote um Gatinho, que serve de base para a pesquisa desta monografia, situa-se na cidade de São Paulo-SP e teve seu reconhecimento oficial como ONG em junho de 2007; - porém o Projeto Adote um Gatinho já funciona desde janeiro de 2003. O site18 da Adote um Gatinho está no ar desde Janeiro de 2003 nascendo da iniciativa de Susan Yamamoto e Juliana Bussab. Durante os três primeiros anos, as duas estiveram à frente sozinhas do projeto que até então não era reconhecido com ONG. Mesmo como Projeto elas conseguiram encontrar uma casa para mais de 1400 gatos abandonados. 16 Tradução do inglês de World Society for the Protection of Animals. Disponível em: <http://www.wspabrasil.org/>. Acesso em: 10 jun. 2012 18 http://www.adoteumgatinho.uol.com.br 17
  • 41. 42 FIGURA 6 – Página inicial do Site Adote um Gatinho Fonte: www.adoteumgatinho.org.br No ano de 2006, mais voluntários uniram-se as duas em 2007 o projeto conseguiu a documentação para se transformar em uma ONG de proteção aos animais. Atualmente, mais de 40 voluntários exercem diversas funções desde atender a novos pedidos de recolhimento de animais em situação de vulnerabilidade como atualizar o site e as redes sociais da ONG. Diferente de ONGs convencionais, que possuem sede em um endereço físico, a Adote um Gatinho já surgiu na web e até hoje não possui um endereço físico, os animais são acomodados em casas de passagem dos voluntários da ONG, os eventos e também algumas feirinhas pontuais de adoção acontecem em locais cedidos pelos parceiros da ONG. Mesmo fazendo estas ações em locais físicos a maioria das divulgações da ONG se concentra na internet. Todos os animais disponíveis para adoção são divulgados no site e nos sites de redes sociais que a ONG possui. É através destas ferramentas que as pessoas que desejam adotar um animal chegam até a ONG. A ONG está presente nos principais sites de redes sociais, Orkut 19 Twitter20 e Facebook21. Em todos os perfis a ONG divulga seus animais e interage com o público que possui interesse nas causas de adoção animal. 7 Disponível em: <http://www.orkut.com/CommMsgs?cmm=55124>. Acesso em: dia mês ano. Disponível em: <http://www.twitter.com/adoteumgatinho>. Acesso em: dia mês ano. 9 Disponível em: <http://www.facebook.com/adoteumgatinho>. Acesso em: dia mês ano. 8
  • 42. 43 FIGURA 7 – Página inicial da comunidade Adote um Gatinho Fonte: http://www.orkut.com/CommMsgs?cmm=55124 FIGURA 8 – Página inicial do Twitter @adoteumgatinho Fonte: http://www.twitter.com/adoteumgatinho
  • 43. 44 FIGURA 9 – Página do Facebook da Adote um Gatinho Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho A partir desta descrição e do objetivo proposto pela ONG é possível observar que a mesma nasceu de uma necessidade do próprio “público-alvo”, ou seja, pessoas que gostam de animais e gostariam de lutar contra o abandono dos mesmos se uniram e montaram uma ONG que tem como principal público, outras pessoas que gostam de animais e gostariam de adotálos. 4.4 PERFIL DOS PARTICIPANTES DE ONGS Segundo pesquisa citada no capítulo dois, é possível observar que a maioria dos participantes das ONGs é formada por pessoas do sexo feminino e jovens. Este perfil pode ser observado no perfil do Facebook da ONG Adote um Gatinho onde os usuários muitas vezes são chamados por termos que denotam o sexo feminino como “Tias”, “Madrinhas”, “Mamães” entre outros. Isto pode ser observado também na pesquisa realizada de maneira pessoal, citada no capítulo também no capítulo 2, que demonstrou que mesmo nas ONGs que não tem o modo online como foco os resultados são mantidos. Com estes dados é possível notar que a fatia de público que se identifica com a causa é a mesma tanto nas ONGs que utilizam a internet como principal
  • 44. 45 meio de comunicação com seu público, como nas ONGs que ainda mantém sua comunicação e contato com seu público através dos modos tradicionais como as feirinhas e os canis e gatils físicos para adoção. Foi possível notar também nestas pessoas uma grande identificação com as ONGs e a causa de proteção animal que as leva a fazer disso um elemento identitário das mesmas. A causa de defesa aos animais em situação de vulnerabilidade deixa de ser apenas um hobby para elas e passa a fazer parte da vida delas como um diferencial na sua identidade cultural. A identidade cultural é um conceito que pode ser abordado por diversas áreas de conhecimento e por este motivo apresenta diferentes definições. Para Castells (2000), a identidade é a fonte de significado para os próprios atores, originada e construída por eles através de um processo de individuação e autoconstrução. Ele ainda classifica três formas de construção de identidade: a legitimadora, a de resistência e a de projeto. A identidade legitimadora é aquela que detém poder e dá origem à sociedade civil. A segunda forma de identidade é relacionada a uma posição de desvalorização que leva os atores a formarem as “trincheiras de resistência” conhecidas como uma forma de viver sob princípios diferentes dos que as instituições impõem. Já a identidade de projeto, é aquela onde seus atores estavam na resistência, após a utilização de qualquer tipo de material que estava ao seu alcance construíram uma nova identidade e passaram assim a assumir uma nova posição na sociedade. Para Hall (2002) existem algumas concepções de identidade. A primeira, a identidade do sujeito do iluminismo, é que compreende o ser humano como um indivíduo unificado, consciente e centrado. O núcleo interior do ser o acompanha desde seu nascimento até o final de sua existência, para o autor essa concepção é individualista do sujeito e de sua identidade. A segunda concepção é a identidade do sujeito sociológico, de acordo com o autor esta reflete a complexidade do mundo moderno, neste caso o sujeito deixa de ser autônomo e auto-suficiente. Esta forma de identidade seria constituída pela relação do ser humano com os seres humanos importantes para ele, a identidade é o resultado da interação entre o eu e a sociedade. Onde apesar de existir um “eu real” este poderia ser modificado de acordo com as relações dos mundos culturais. Para o autor a identidade não é uma questão de ser, e sim de tornar-se, o indivíduo está exposto à sociedade e
  • 45. 46 a culturas que podem fazer com que sua identidade seja modificada. Woodward (2000) defende que a identidade é algo relacional, para a autora ela depende de algo de fora dela pra existir. Esta identidade também é produzida por sistemas de representação e compreendida como um processo cultural que estabelece identidade, tanto individual quanto coletiva. Woodward aponta que “os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis respostas às questões: Quem sou eu? O que eu poderia ser? Quem eu quero ser?” (WOODWARD, 2000, p. 17). Bauman (2005 apud NÓBREGA, 2010) fala que antes a identidade humana era determinada através do trabalho de uma pessoa e do desempenho social da mesma. Hoje, porém, a identidade pode ser definida como a consequência das escolhas de um determinado indivíduo. Para o autor as identidades hoje se formam com base na aparência, no consumo e na imagem com laços frágeis em sua delimitação. Esta identidade muitas vezes transpassa o mundo físico e chega aos perfis de redes sociais dos participantes. Quando trazemos estes conceitos de identidade para a Internet e a Web a inconstância da mesma se torna mais perceptível, segundo Turkle (1997). A chegada desta tecnologia proporcionou as pessoas estarem presentes em vários lugares, em várias comunidades em diferentes conceitos ao mesmo tempo. No ciberespaço, esta presença permite que uma identidade seja criada de maneira flexível e em constante mutação. Nele existe um processo permanente de construção e reconstrução das identidades. O modo com que os sujeitos se apropriam de uma ferramenta na web demonstra que este processo vai além das simples páginas e perfis nos sites de redes sociais, este costuma funcionar como uma extensão do “eu”. Régine Robin (1997 apud LEMOS, 2002), defende que a Internet é um espaço de exploração de novas formas de identidade, que podem servir tanto como instrumento de construção indenitária quanto como forma de socialização. Já para Natal (2009) esta identidade não esta mais associada a um nome ou rosto. Ao modificar algum aspecto seu na internet o usuário irá mudar mais que uma informação, mas parte do que representa para aquele contexto. Lemos (2002) afirma que:
  • 46. 47 A web e suas páginas podem ser vistas como formatos fluidos de construção de imagens identitárias onde a rede não é apenas um hipertexto informativo, mas um hipertexto social complexo (LEMOS, 2002, p.10). Para o autor as páginas de perfis pessoais podem ser consideradas como formas de construção de uma imagem identitária, mesmo que de forma fragmentada ou modificada. Para Nóbrega (2010) a democratização do acesso a internet fez com que a possibilidade do individuo encontrar alguém como ele ampliou-se. Os atores passam a se representar da maneira que desejam encontrar outros atores para interagir. A construção identitária é expressada através de representação, os usuários costumam utilizar os sites de redes sociais como ferramentas na construção dessas identidades na web. Para Nóbrega, a identidade é uma convenção socialmente necessária, que se forma através de representação. As representações estão presentes no cotidiano das redes sociais onde os usuários podem escolher avatares com características semelhantes ou não as suas no mundo real. A autora defende que além de representação, a internet reúne grupos de pessoas com características em comum e excluem as que não possuem as características do modelo desejado. Desta forma os indivíduos que defendem a causa animal podem se utilizar das ferramentas de redes sociais para encontrar pessoas com os mesmos perfis que os seus e até mesmo reafirmar a sua identidade também na internet. Randi Zuckerberg (2010), afirma que: Milhares de pessoas se utilizam de sites como o Facebook diariamente para compartilharem a paixão pelas causas, que vão de temas femininos e analfabetismo até o genocídio em Darfur, incluindo levantar dinheiro e tomada de consciência. Com a causa de defesa animal não é diferente, os integrantes das ONGs também fazem uso destas ferramentas para lutar pela sua causa. É possível observar que os integrantes de ONGs fazem questão de adicionar em seus perfis informações sobre organizações que defendem os ideais de auxilio aos animais em situação de vulnerabilidade, estes fazem isto através do compartilhamento de imagens de animais para adoção, participação em páginas de outras organizações com os mesmos fins, retweets de pedidos de auxilio para salvar algum animal em perigo, compartilhamento de pedidos de
  • 47. 48 doações para ONGs, divulgação de eventos e feirinhas de adoção, entre outros. A imagem abaixo representa o perfil de uma das voluntárias da ONG Adote um Gatinho, nele é possível observar os interesses da voluntária ligados a causa animal como a página do Facebook da própria ONG, além da página de Facebook da ONG “Resgatinhos”, um perfil da ONG “Adote um Felino” e também a página do “Cat Lovers Day”. FIGURA 10 – perfil de participante da ONG Adote um gatinho Fonte: http://www.facebook.com/jubussab Desta forma é possível afirmar que os integrantes das ONGs de proteção aos animais fazem uso de suas redes sociais para afirmar sua identidade presente também fora da internet. Neste capítulo buscamos entender as definições de ONGs, o surgimento das ONGs no Brasil, o surgimento das ONGs de proteção aos animais, tendo como base a ONG “Adote um Gatinho” e também a identidade cultural que os
  • 48. 49 integrantes destas organizações carregam consigo tanto no mundo real quanto no ciberespaço. No próximo capítulo traçaremos um panorama comparativo entre as ONGs que buscam utilizar a internet como principal meio de comunicação e as que ainda utilizam a mídia tradicional.
  • 49. 50 5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS DE ATUÇÃO DAS ONGS Neste capítulo, serão apresentadas duas simulações de adoção animal, uma realizada através de feirinha de adoção e a segunda através da internet. No final do capítulo há um comparativo que demonstra as diferenças e semelhanças entre os dois métodos. 5.1 CONHECENDO AS INSTITUIÇÕES E SEUS MEIOS DE DIVULGAÇÃO Para entender o funcionamento de cada Instituição realizou-se entrevistas com os administradores da ONG Adote um Gatinho e do Movimento Gatos da Redenção. Os próximos sub-capítulos apresentam a história de cada uma delas e detalham a forma com que cada uma busca atuar. 5.1.1 Movimento gatos da Redenção O grupo foi fundado em Outubro de 2001, quando pessoas que costumavam alimentar os gatos no Parque resolveram que algo mais deveria ser feito. Com a formação do grupo, a administração do parque passou a apoiar o e o trabalho do grupo também passou a ser conhecido como sério e respeitado pela comunidade. Antes de o movimento nascer, a superpopulação de felinos atingia a marca de 300 em todo o parque. Não havia um trabalho de esterilização em massa e apenas um voluntário pagava as castrações de seu próprio bolso. No início do movimento também não havia um programa de doação dos animais, o que contribuía com o acúmulo de gatos no Parque. Em Fevereiro de 2002, uma das voluntárias contatou uma Pet Shop de Porto Alegre para ser firmado um convênio para adoção de gatos oriundos do Parque. Surgia a parceria com a Águia Veterinária e Pet Shop a qual é mantida até hoje. Nos primeiros dias eram retirados apenas filhotes para adoção. Com o sucesso das adoções, surge o convite da Pet Shop para a realização de uma feira de doação de cães e gatos. A princípio eram realizadas apenas duas feiras mensais. Atualmente, elas acontecem aos domingos à tarde, próximo à administração do parque.
  • 50. 51 Em entrevista com as voluntárias que administram o movimento foi possível constatar que o mesmo baseia sua divulgação nos meios tradicionais, não fazendo uso efetivo da internet. De acordo com uma das voluntárias, o Movimento possui um site, porém este não é alimentado nem atualizado a muito tempo. O perfil de voluntárias da ONG é o mesmo identificado na pesquisa realizada pela autora: mulheres com idade entre 18 e 60 anos. Ela conta que desde o surgimento do movimento mais de 2000 animais já foram doados e que hoje tratam mais de 100 gatos; além de cachorros no parque Farroupilha. O movimento diz ser muito criterioso quando o assunto é doação, formulários e entrevistas são preenchidos antes do animal ser liberado para morar em sua nova casa. Para adotar um gato do movimento é necessário:  ser maior de 18 anos;  apresentar carteira de identidade;  passar por uma entrevista com um dos voluntários, sendo que algumas vezes as adoções são negadas;  assinar um termo de responsabilidade pela guarda do animal. Atualmente, o Movimento possui um pequeno espaço cedido pela administração do parque Farroupilha onde todos os dias as voluntárias levam comida, água e limpam a areia dos animais mais jovens que ficam em gaiolas. FIGURA 11 – Imagem do Gatil localizado junto a Administração do Parque Farroupilha Fonte: Arquivo da Autora Os gatos adultos ficam soltos pelo parque e recebem alimentação e cuidados veterinários, também próximo à administração. Todos os domingos o Movimento recebe a visita de parceiros que levam doações e também auxiliam
  • 51. 52 nas feirinhas de adoção animal. Porém o cuidado que as voluntárias têm com os gatos é diário. As administradoras do Movimento contam também quem gostariam de poder acompanhar cada animal após a doação para saber como é a adaptação dele no novo lar, porém o grande número de doações impede que isso seja feito. “Muitas pessoas adotam e voltam para nos mostrar fotos de como o gatinho está, gostamos muito disso.” - declarou uma das voluntárias. 5.1.2 ONG Adote um gatinho Fundada em 2003 por Susan Yamamoto e Juliana Bussab na cidade de São Paulo, a Adote um Gatinho surgiu de uma conversa de grupo de bate papo. A ideia inicial foi que Susan ajudasse na castração de animais de um parque da cidade. Foi após buscar os tais gatos que ela decidiu criar uma página para que os animais conseguissem encontrar um lar. Foram três anos até que outras participantes se juntassem ao grupo, nesse meio tempo apenas Susan e Juliana já haviam ajudado mais de 1400 gatos. Mas apenas em 2007 foi quando a Adote um gatinho foi finalmente reconhecida como ONG, atualmente a mesma possui cerca de 50 voluntários e já passou dos 4000 gatos salvos, sendo o ultimo dado disponibilizado pela ONG à autora de 4750 gatos. O perfil desses voluntários é o mesmo do movimento gatos da redenção. Sendo a idade média de 35 anos e mulheres. Só existe um homem voluntário. Por não possuírem um local físico, a ONG se utiliza primariamente da internet como a ferramenta para divulgar e doar os animais. Além de seu site, a mesma faz uso intenso de sites de relacionamento como o Facebook ou Twitter para anunciar novos gatos, prestar contas e contar histórias dos gatos que foram ajudados ou curados. Em entrevista realizada com uma das voluntárias da ONG22, a mesma afirma que todas as adoções são realizadas pelo site. Após preencher o formulário online, a parte interessada receberá em até dois dias a resposta se poderá adotar ou não o animal. Caso seja sim, uma voluntária irá até a casa do 22 Disponível no Apêndice C.
  • 52. 53 adotante com o intuito de verificar as condições de segurança da residência e entrega o gato. Após isto é feito contato por email com a pessoa que adotou para monitorar a situação do gatinho nos primeiros dias. Um mês depois é enviada uma pesquisa de satisfação em relação aos serviços prestados pela Adote um gatinho. Com 400 gatos aguardando um lar. A Adote um Gatinho tem prevista para esse ano a campanha do agasalho 2012. Está estimado 30 pontos de arrecadação para que as pessoas possam doar roupas, dinheiro ou qualquer utensílio que ajude os animais a não passar frio. A ONG também arrecada dinheiro com a venda de produtos oficiais em seus sites como roupas, canecas e outros apetrechos, além da campanha de apadrinhar. Tal campanha ocorre durante o ano todo e é destinado a pessoas que não tem a possibilidade de levar o animal para casa. Caso tenha interesse, a pessoa pode contribuir mensalmente com um valor para que a ONG arque com os custos de ração, moradia e vacinas dos animais na casa dos próprios voluntários.23 5.2 A ADOÇÃO Para entender melhor as diferenças e semelhanças entre adotar um animal utilizando a internet e os meios físicos tradicionais uma simulação de adoção de um gato através da ONG Adote um Gatinho e do Movimento Gatos da Redenção foi realizada. Os métodos de adoção serão detalhados a seguir. 5.2.1 Adoção física Para simular a adoção de um gato da maneira tradicional a autora deslocou-se até o Parque Farroupilha onde tradicionalmente ocorrem as feirinhas de adoção do Movimente Gatos da Redenção. A simulação da adoção ocorreu no dia 10/06/2012. Ao chegar a feira foi constatado que haviam cinco gatos disponíveis para adoção, quatro fêmeas e apenas um macho. Foi possível retirar os animais da 23 Dados retirados do vídeo. Disponível em: <http://www.webfilhos.com.br/consciencia-emfoco/adote-um-gatinho>. Acesso em: 10 jun. 2012
  • 53. 54 gaiola e conversar com a responsável por cuidar dos animais como casa de passagem, desta forma foi possível avaliar de maneira breve o comportamento e o temperamento de cada um dos filhotes. FIGURA 12 – Feira de adoção Movimento Gatos da Redenção 10/06/12 Fonte: Arquivo da autora Após a escolha do animal que seria adotado a responsável pelo Movimento Gatos da Redenção, realizou um questionário simples para avaliar se a autora estava apta para adotar um novo gato. A entrevista serviu para avaliar a experiência com animais da adotante, o local onde o novo animal se instalaria e as condições financeiras para cuidar do novo gato. Constatado que a autora cumpria todas as exigências requeridas pelo Movimento para a doação do animal escolhido, foi preenchida a ficha de adoção e o Termo de Compromisso, no qual o adotante se responsabiliza pela guarda do animal e pela esterilização do mesmo. Preenchido o Termo de Compromisso24 o animal foi entregue, juntamente com um “Vale primeira consulta25” e um “Vale castração a baixo custo”26. Além disso, o adotante é orientado que em caso de não adaptação do novo animal, para que entre em contato com o Movimento e estes possam 24 Disponível no Apêndice D Disponível no Apêndice E 26 Disponível no Apêndice F 25
  • 54. 55 recolhê-lo novamente. Evitando assim que este seja abandonado ou mal cuidado por parte do adotante. Após estas etapas o gato estava pronto para ser levado até seu novo lar. 5.2.2 Adoção pela internet Para simular a adoção de um gato pela internet a autora acessou o site da ONG Adote um Gatinho: http://adoteumgatinho.uol.com.br/. A simulação da adoção ocorreu no dia 10/06/2012. Na página inicial do site, é apresentado ao usuário todos os animais que estão disponíveis para adoção. Estes estão exemplificados com seu nome, uma pequena foto e uma breve descrição sobre sua história. Com o intuito de ajudar na decisão, eles possuem um sistema de ranking separado por Sociável, brincalhão e carinhoso.
  • 55. 56 FIGURA 13 – Página inicial do site Adote um Gatinho Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/. Caso o adotante queira conhecer mais sobre o gato, basta clicar no link "conheça mais sobre mim" para acessar sua página pessoal. Na imagem abaixo, pode-se ver a pagina do gato Nuit.
  • 56. 57 FIGURA 14 – Página de perfil do gato Nuit Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/perfil_gatinho.asp?idGatinho=2477. Nela, está descrito todas as características físicas do animal, como, pelagem, estimativa da sua data de nascimento e a data o qual foi resgatado. A ONG disponibiliza também informações acerca da saúde do gato, como por exemplo, se o mesmo foi castrado e já tenha tomado a primeira dose da vacina.
  • 57. 58 Após encontrar o animal desejado, basta clicar no botão "Quero adotar". Nisto, é passado para a próxima pagina, onde terás de concordar com as regras de adoção estabelecidas pela adote um gatinho. As regras são:  apartamentos precisam ter telas em TODAS as janelas/sacadas (antes da chegada do gatinho).  casas precisam ser seguras (com muros bem altos, telas ou alguma barreira física que impeça a saída do gatinho para o telhado/rua)  Não basta fechar as portas ou janelas, essa barreira física a mais precisa existir ou ser instalada.  é preciso ter condições financeiras para arcar com ração de boa qualidade e idas ao veterinário (vacinas/tratamento de doenças que possam surgir).  é preciso morar dentro da Cidade de São Paulo, pois as entregas são feitas pessoalmente nas casas dos adotantes.  não é preciso pagar nada, mas você terá que assinar um termo de responsabilidade, comprometendo-se a não repassá-lo a terceiros sem nosso consentimento e zelar por sua saúde e segurança. Quem não cumprir com as abaixo, não poderá receber o gato:  apartamentos sem telas de proteção em TODAS as janelas/sacadas.  casas com janelas ou muros baixos, por onde o gatinho possa sair para passear em telhados ou na rua.  pessoas que não tenham condições financeiras mínimas de alimentar e cuidar da saúde do gato.  quem mora fora da Cidade de São Paulo.  pessoas que não concordem com nossa entrada em suas casas para entrega dos gatinhos e averiguação dos itens exigidos Se o interessado cumprir com as regras citadas acima, terá de clicar no botão "Eu me encaixo no perfil. A pessoa será levada para preencher o formulário de adoção. Este é separado por cinco partes: Sobre você e sua família, sobre sua casa, seus animais, responsabilidade" e por fim as condições. "Adoção é compromisso e
  • 58. 59 Na primeira parte, você preencherá informações básicas como nome, endereço, idade, se possui crianças e explicar o motivo da decisão de adotar um gato. FIGURA 15 – Primeira parte do formulário de adoção Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477. A parte "sobre sua casa" exige o detalhamento de seu imóvel e quais medidas de segurança o usuário implementou ou planeja implementar para evitar a fuga do gato.
  • 59. 60 FIGURA 16 – Segunda parte do formulário de adoção Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477. A parte que questiona sobre Seus Animais requisita detalhes se já teve outros gatos, se possui outros animais e se o animal que será adotado será para você ou para um amigo e um parente. FIGURA 17 – Terceira parte do formulário de adoção Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477. "Adoção é compromisso e responsabilidade" consiste de uma série de perguntas acerca de temas mais delicados, como, por exemplo, "o que fará se o gato arranhar o seu filho?". Tais perguntas são utilizadas como uma forma de filtragem para a decisão de entregar ou não o animal para a sua residência, pois, assim como está no site da adote um gatinho.
  • 60. 61 FIGURA 18 – Quarta parte do site Adote um Gatinho Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477. Para finalizar, o adotante terá de concordar com as condições impostas pela ONG, como avisar caso ocorra uma mudança de endereço ou não possa ficar com o gato, além de existir uma caixa para comentários e duvidas acerca da adoção. Com tudo isso preenchido, o interessado deve enviar formulário e aguardar o contato da Adote um Gatinho. A ONG entregará o gato em sua casa, verificará se ele estará em um ambiente seguro, com poucas chances de escapar e entregará o termo de responsabilidade para que seja assinado. 5.2.3 Comparação entre os tipos de adoção Como foi possível observar na simulação, muitos passos para que a adoção seja concretizada são semelhantes, principalmente no que diz respeito aos questionários de adoção, apesar da ONG Adote um Gatinho, detalhar mais o processo, os objetivos das questões são o mesmo, garantir que o animal seja doado a alguém responsável. Ambas as instituições estão preocupadas com o bem estar do animal após a doação e também zelam pela castração do animal. O Movimento Gatos
  • 61. 62 da Redenção proporciona ao adotante um “Vale Castração a baixo custo” mas deixa sob a responsabilidade do mesmo que este ato seja concretizado, enquanto a ONG Adote um Gatinho prefere que todos os seus animais já sejam doados castrados e desvermifugados. Um ponto a ser observado é a quantidade de animais disponíveis para adoção. Enquanto na feirinha animal existiam apenas cinco gatos diferentes na página da internet da ONG Adote um Gatinho existiam centenas de opções para adoção. Neste ponto é possível notar que a não necessidade de descolar o gato até um espaço físico para que seja exposto em uma feira, auxilia muito na divulgação do animal. O fato de poder adotar sem sair de casa também é uma vantagem apresentada na adoção via internet. Enquanto em uma adoção praticada da maneira tradicional o interessado em adotar deve se deslocar até o lugar onde está acontecendo a feira e ainda levar em consideração os horários de funcionamento da mesma, a adoção pela internet está disponível a qualquer dia e horário. Porém, uma das vantagens da feira de adoção física é o primeiro contato com o animal a ser adotado. Muitos adotantes gostam de escolher pessoalmente o seu novo animal por este motivo, em uma feira de animais é possível interagir com o gato escolhido e até mesmo observar alguns tipos de comportamento do animal para basear a sua escolha nesta interação. Para tentar suprir a ausência deste primeiro contato com o possível novo dono, a ONG Adote um Gatinho disponibilizou em seu site o perfil de cada animal, neste perfil é possível ver as principais características da personalidade do gato e saber se este se encaixa no perfil buscado pelo adotante. Além do perfil existe o sistema de rank baseado em quanto o gato é “sociável”, “brincalhão” e “carinhoso”, como é possível observar na figura abaixo:
  • 62. 63 FIGURA 19 – Ranking e informações do gato Indiana Jones Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br. No caso o gato Indiana Jones, utilizado como exemplo, recebeu 3 pontos de “sociável”, 3 pontos de “brincalhão” e apenas 1 ponto de “carinhoso”, o que é explicado em sua descrição, “medroso, assustado, que ainda não descobriu o lado bom das pessoas”. Este tipo de informação ajuda o adotante a conhecer melhor o animal antes de levá-lo para casa. Apesar da adoção por meios tradicionais ser ainda muito utilizada este ato pela internet está crescendo muito e mostrando ser uma alternativa válida para que busca ajudar os animais em situação de vulnerabilidade ou ainda quer adotar um novo animal. Neste capítulo vimos as semelhanças e diferenças entre o posicionamento do Movimento Gatos da Redenção e da ONG Adote um Gatinho. No próximo capítulo, será apresentado a pesquisa aprofundada realizada na página de Facebook da ONG Adote um Gatinho.
  • 63. 64 6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados os resultados, apontamentos das pesquisas e observações realizadas nos objetos escolhidos pela autora. Após será apresentado um panorama geral da adoção utilizando as ferramentas dos sites de redes sociais. 6.1 ENGAJAMENTO FORA DA INTERNET Para que fosse possível compreender a forma a qual as pessoas se engajam por meio da internet, precisamos inicialmente compreender como era feito antes que toda essa revolução tecnológica chegasse às mãos do usuáriofinal, ou seja, buscar como funciona uma ONG que não possui a internet como principal meio de divulgação. Para isto, a autora escolheu como objeto de estudo o Movimento Gatos da Redenção, tendo como sua principal área de atuação, o Parque Farroupilha. Na tarde em que a observação foi realizada a autora se deslocou até o gatil localizado próximo a Administração do Parque onde as protetoras geralmente dão início aos trabalhos que precedem a feirinha de adoção. Ao notar a presença das protetoras no local, diversas pessoas pararam para observar os animais que ficavam próximos ao gatil. Muitas levavam consigo um saco de ração e davam para os animais, outras paravam para fazer carinho e outras ainda para conversar com as protetoras, demonstrando assim um engajamento da sociedade que frequenta o parque com a causa. Antes mesmo de a feira começar um casal se apresentou no local demonstrando interesse em adotar um dos animais. Uma breve entrevista foi realizada com eles para saber se estavam aptos para adotar um do gatos disponíveis. Verificado que estavam foram convidados a entrar no gatil para escolher o seu animal. Após a escolha eles preencheram o termo de compromisso e saíram de lá já com o animal adotado. A feira foi montada no local tradicional, onde acontece a mais de 12 anos, e reuniu um grande número de pessoas e parceiros. Muitas pessoas pararam para brincar com os animais e perguntaram para as protetoras de qual maneira elas poderiam auxiliar o Movimento.