O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, visitará o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que está em tratamento para câncer, para prestar solidariedade. A visita será breve, com Mujica passando apenas um dia no Brasil para este encontro. Executivos latino-americanos veem o Brasil como uma potência econômica, mas a imagem política do país é prejudicada pela percepção de alta corrupção.

1. Terça-feira, 17 de janeiro, 2012 Brasil Econômico 7
Divulgação
Presidente uruguaio fará visita hoje a Lula
O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, chega hoje a São Paulo
exclusivamente para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que faz tratamento para combater um câncer de laringe.
Mujica passará apenas a terça-feira (17) no Brasil. Esse será seu
único compromisso. O local do encontro ainda está sendo definido.
Pepe e Lula se tratam de “amigos”. A assessores, Mujica disse que
quer prestar solidariedade a Lula “neste momento difícil.” ABr
Imagem
Goh Seng Chong/Bloomberg
Alexandre Tombini, presidente
do BC, que tem como missão
manter a inflação na meta
política do
país é aquém
da econômica
Percepção de executivos latino-americanos é de
“
que corrupção e burocracia são altas no Brasil
Cláudia Bredarioli
cbredarioli@brasileconomico.com.br
Que o Brasil tem todas as condi- Economicamente,
ções econômicas para conti- o Brasil é visto
nuar crescendo e, cada vez como a locomotiva
mais, liderar o desenvolvimen-
to latino-americano parece latino-americana,
não haver dúvida. Mas a percep- tendo realizado o
ção regional sobre o país nem grande feito de criar
sempre tem sido tão positiva
quando o assunto é a política. uma classe média
Um levantamento realizado pe- forte, que sustenta
la IE Business School, de Ma- o consumo interno
dri, com 328 diretores de em-
presas de 18 países da América e abre possibilidades
Latina, aponta que a imagem às empresas
brasileira apresenta distancia-
mento quando se trata de com- Igor Galo
parar o desempenho político Diretor da IE Business School
Agência francesa prevê expansão com o econômico do país.
“O que tem prejudicado a
imagem política brasileira é
menor para o Brasil em 2012 que, tanto com Lula quanto
com Dilma, a percepção que se
tem é que o nível de corrupção
em 183 países, o Brasil ocupa a
sofrível 126ª colocação. “O am-
é muito alto”, afirma Igor Ga- biente de negócios chileno, por
Avaliação é de que a crise Embora projete mentou nos últimos anos e ex- lo, diretor da IE Business exemplo, é muito melhor que o
mundial vai encarecer o custo pôs uma parte das companhias School e responsável pelo rela- brasileiro. Precisamos urgente-
de financiamento das empresas
crescimento aos riscos cambiais. Ainda as- tório de pesquisa. “Economica- mente de uma reforma política
menor para este ano, sim, a Coface não prevê uma des- mente, porém, o Brasil é visto e do fim da sistematização da
Mónica Silvares, do Diário a Coface manteve valorização do real neste ano. como a locomotiva latino-ame- propinagem para que o país evo-
Económico, em Paris Outro fator apontado como ricana, tendo realizado o gran- lua em termos políticos e institu-
monica.silvares@economico.pt
a nota de risco preocupante pela Coface foi o de feito de criar uma classe mé- cionais”, diz Júlio Hegedus Net-
brasileira em A3 endividamento das empresas dia forte, que sustenta o consu- to, economista do Instituto Mil-
A economia brasileira vai cres- no mercado interno. A avalia- mo interno e abre possibilida- leninum. “Estamos no cami-
cer menos que o esperado tam- ção é de que essas companhias des às empresas.” nho. O atual governo mostra es-
bém em 2012 em razão da crise poderão ser afetadas caso os Os executivos entrevistados forços para tentar reverter essa
mundial que aumentará os ris- bancos locais repassem os au- para a pesquisa atribuíram mé- situação, mas não alcançamos o
cos para as empresas e elevará mentos de custos para os finan- dia 6,97 (em variação de 0 a 9) amadurecimento ainda.”
os custos de financiamento. A ciamentos, o que pode provo- ao papel econômico do Brasil re- Para Igor Galo, além do apri-
análise é da Coface, uma agên- car uma quebra na rentabilida- gionalmente, enquanto a nota moramento político, o Brasil
cia de seguros e análise de risco de das empresas. para o papel político ficou em também deve aproveitar o mo-
francesa com escritório no Bra- Além disso, Bart Pattyn consi- 5,93. Os países nos quais os de- mento para abrir ainda mais
sil, que prevê expansão de 3% dera que com a ascensão da clas- sempenhos econômico e políti- seu mercado. “Alguns direto-
para o Produto Interno Bruto destaca que existem riscos, co- se média brasileira e o aumento co apresentaram as maiores dis- res com os quais falamos se
(PIB) este ano, contra projeção mo a vulnerabilidade a choques do consumo das famílias pode paridades foram Uruguai (com queixam de que o Brasil é extre-
de 3,5% do Banco Central do externos ou o elevado custo do haver um avanço no déficit da nota 6 para a economia e 4 para mamente protecionista e isso
Brasil e estimativa entre 4% e crédito, mas ressalta que o país conta corrente do Brasil com o a política) e Chile (com 7,7 e pode desestimular os empresá-
5% do Ministério da Fazenda. tem cumprido os pagamentos exterior, devido à maior deman- 5,5, respectivamente). rios da região aos negócios, até
Embora projete crescimento de suas dívidas. “A experiência da por produtos importados. Segundo o estudo, outra ques- mesmo sugerindo que seus go-
menor para o país, a agência, de pagamentos do Brasil está Esta tendência, alerta a Cofa- tão que afeta fortemente o de- vernos taxem a entrada de pro-
que realizou ontem sua confe- melhor”, disse ao Diário Econó- ce, deverá elevar a necessidade sempenho do Brasil é a burocra- dutos brasileiros. Isso já ocorre
rência anual em Paris, manteve mico Bart Pattyn, presidente da de financiamento do país, que, cia, pois prejudica também o com a Argentina às vezes, mas
o “rating” (nota de risco) do Bra- Coface América Latina. ainda assim deverá ser coberto ambiente econômico. No relató- também poderá ocorrer com
sil em A3 — numa escala de bai- O problema, segundo a agên- pelos fluxos de capitais estrangei- rio Doing Business, do Banco outros países, na medida em
xo risco de A1, A2, A3, A4, e ris- cia, é o elevado custo de finan- ros, por meio dos investimentos Mundial, que mensura as facili- que crescer o fluxo de comér-
co elevado B, C, D. A agência ciamento das empresas, que au- estrangeiros diretos (IDE). ■ dades de realização de negócios cio regional”, sugere. ■