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Fibra vegetal e termoplástico vão substituir
fibra de vidro
Eduardo Geraque, Agência FAPESP 30/05/2006
A peça está pronta e o pedido de patente será formalizado nos próximos dias. Trata-se de uma
nova dobradiça para quebra-sol de veículos, desenvolvida por pesquisadores da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), que usa, além do tradicional termoplástico, fibras vegetais no
lugar da fibra de vidro que costuma reforçar o plástico.
"O material vegetal tem uma série de vantagens, até de ordem social, além de custar bem
menos", explica Marco-Aurelio De Paoli, coordenador do Laboratório de Polímeros Condutores e
Reciclagem do Instituto de Química da Unicamp, à Agência FAPESP. Ao lado do menor custo, a
fibra vegetal é produzida em comunidades tradicionais amazônicas.
A fibra natural usada no projeto, feito em parceria com a GE South America, uma das grandes
empresas no mundo na fabricação de termoplásticos, é da planta curauá (Ananas erectifolius), do
grupo das bromeliáceas. "Há produção em larga escala dessa fibra principalmente no estado do
Pará", conta De Paoli.
A nova dobradiça tem 20% de seu peso em fibras naturais, que apresenta, do ponto de vista
químico, total interação com o termoplástico. "As propriedades mecânicas obtidas com a peça são
as mesmas da fibra de vidro", diz o pesquisador paulista. O custo e o desempenho do produto
também agradaram ao setor privado.
Além do uso de matéria-prima produzida por fotossíntese para obtenção de termoplásticos
reforçados, o Laboratório de Polímeros Condutores e Reciclagem atua em outras linhas de
pesquisas que buscam promover o uso da energia solar de forma ambientalmente correta.
Um dos caminhos é desenvolver células solares sensibilizadas por corantes para gerar
eletricidade, trabalho atualmente sob responsabilidade da professora Ana Flávia Nogueira. Outro é
a degradação de lixo plástico a partir de reações fotoquímicos induzidas por óxido de titânio. "De
todos os resíduos sólidos descartados hoje nos centros urbanos brasileiros, 70% são jogados a céu
aberto", lembra De Paoli.
Unicamp desenvolve plástico de fibra vegetal
da Folha Online
Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um plástico a
partir de fibras extraídas de uma planta nativa da Amazônia.
As fibras da Ananas erectifolius, conhecida popularmente como curauá, substituem com vantagens
ambientais e econômicas a fibra de vidro tradicional e podem ser utilizadas na indústria
automobilística.
O novo produto é resultado do trabalho da aluna Karen Fermoselli, do Instituto de Química da
Unicamp. Em 2003, ela ganhou um prêmio da Universidade pelo projeto.
Além de ser obtida de fontes renováveis, a fibra de curauá tem custo inferior e densidade menor
que a fibra de vidro. Por esta razão, as peças de automóveis produzidas com a fibra vegetal tendem
a ser mais leves, reduzindo o peso total do veículo e o consumo de combustível.
A curauá é bastante conhecida na região oeste do Pará. Cada planta produz, aproximadamente, dois
quilos de fibra.
Fibra vegetal bem reforçada
Uma planta da mesma família do abacaxi, o curauá, está sendo utilizada por pesquisadores da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para substituir a fibra de vidro no reforço de
materiais poliméricos. As aplicações da fibra vegetal são variadas. Pode ser usada tanto em pára-
choques de carros como na confecção de componentes de aparelhos eletroeletrônicos.
A nova técnica, já patenteada, resulta de uma pesquisa coordenada pelo professor Marco Aurélio De
Paoli, do Instituto de Química da universidade. A compatibilidade da fibra de curauá com a matriz
polimérica foi obtida por meio do tratamento com plasma a frio, método de baixo custo e que não
gera resíduos.
Durante experimentos em laboratório, os pesquisadores constataram que a fibra vegetal apresentou
propriedades mecânicas comparáveis às de fibra de vidro. O curauá, uma planta da região
amazônica, custa bem menos que a fibra de vidro, além de ser biodegradável.

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Fribra vegetal

  • 1. Fibra vegetal e termoplástico vão substituir fibra de vidro Eduardo Geraque, Agência FAPESP 30/05/2006 A peça está pronta e o pedido de patente será formalizado nos próximos dias. Trata-se de uma nova dobradiça para quebra-sol de veículos, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que usa, além do tradicional termoplástico, fibras vegetais no lugar da fibra de vidro que costuma reforçar o plástico. "O material vegetal tem uma série de vantagens, até de ordem social, além de custar bem menos", explica Marco-Aurelio De Paoli, coordenador do Laboratório de Polímeros Condutores e Reciclagem do Instituto de Química da Unicamp, à Agência FAPESP. Ao lado do menor custo, a fibra vegetal é produzida em comunidades tradicionais amazônicas. A fibra natural usada no projeto, feito em parceria com a GE South America, uma das grandes empresas no mundo na fabricação de termoplásticos, é da planta curauá (Ananas erectifolius), do grupo das bromeliáceas. "Há produção em larga escala dessa fibra principalmente no estado do Pará", conta De Paoli. A nova dobradiça tem 20% de seu peso em fibras naturais, que apresenta, do ponto de vista químico, total interação com o termoplástico. "As propriedades mecânicas obtidas com a peça são as mesmas da fibra de vidro", diz o pesquisador paulista. O custo e o desempenho do produto também agradaram ao setor privado. Além do uso de matéria-prima produzida por fotossíntese para obtenção de termoplásticos reforçados, o Laboratório de Polímeros Condutores e Reciclagem atua em outras linhas de pesquisas que buscam promover o uso da energia solar de forma ambientalmente correta. Um dos caminhos é desenvolver células solares sensibilizadas por corantes para gerar eletricidade, trabalho atualmente sob responsabilidade da professora Ana Flávia Nogueira. Outro é a degradação de lixo plástico a partir de reações fotoquímicos induzidas por óxido de titânio. "De todos os resíduos sólidos descartados hoje nos centros urbanos brasileiros, 70% são jogados a céu aberto", lembra De Paoli.
  • 2. Unicamp desenvolve plástico de fibra vegetal da Folha Online Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um plástico a partir de fibras extraídas de uma planta nativa da Amazônia. As fibras da Ananas erectifolius, conhecida popularmente como curauá, substituem com vantagens ambientais e econômicas a fibra de vidro tradicional e podem ser utilizadas na indústria automobilística. O novo produto é resultado do trabalho da aluna Karen Fermoselli, do Instituto de Química da Unicamp. Em 2003, ela ganhou um prêmio da Universidade pelo projeto. Além de ser obtida de fontes renováveis, a fibra de curauá tem custo inferior e densidade menor que a fibra de vidro. Por esta razão, as peças de automóveis produzidas com a fibra vegetal tendem a ser mais leves, reduzindo o peso total do veículo e o consumo de combustível. A curauá é bastante conhecida na região oeste do Pará. Cada planta produz, aproximadamente, dois quilos de fibra. Fibra vegetal bem reforçada Uma planta da mesma família do abacaxi, o curauá, está sendo utilizada por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para substituir a fibra de vidro no reforço de materiais poliméricos. As aplicações da fibra vegetal são variadas. Pode ser usada tanto em pára- choques de carros como na confecção de componentes de aparelhos eletroeletrônicos. A nova técnica, já patenteada, resulta de uma pesquisa coordenada pelo professor Marco Aurélio De Paoli, do Instituto de Química da universidade. A compatibilidade da fibra de curauá com a matriz polimérica foi obtida por meio do tratamento com plasma a frio, método de baixo custo e que não gera resíduos. Durante experimentos em laboratório, os pesquisadores constataram que a fibra vegetal apresentou propriedades mecânicas comparáveis às de fibra de vidro. O curauá, uma planta da região amazônica, custa bem menos que a fibra de vidro, além de ser biodegradável.