O documento descreve as obrigações e serviços forçados que os vilões eram obrigados a realizar para os senhores feudais ao longo do ano, incluindo ceifar e transportar feno e trigo, limpar canais, pagar impostos, realizar corveias de lavrar campos e transportar lenha e farinha, entre outros.
1. COLÉGIO MANUEL BERNARDES
Ano Lectivo de 2008/2009
História – 7.º Ano
Lisboa, Março de 2009
Professora Cristina Mariano
O TRABALHO SERVIL
O Calendário do Vilão
2. O primeiro serviço do ano,
Pelo S. João () o devem prestar,
Devem o feno ceifar,
Medir e juntar,
E no meio dos prados atar.
Quando tudo amontoado estiver,
Ao solar o devem levar,
Quando lhes fizerem saber.
Depois devem limpar o canal:
Aí vão todos, forcado ombro,
Levantar o estrume, o duro e o mole.
E vem o mês de Agosto:
Um serviço a não esquecer,
É que devem a corveia,
Que cumprida tem que ser.
O trigo devem ceifar,
Amontoar e aparelhar,
E No meio dos campos empilhar.
Devem levá-lo à granja,
Fazem este serviço desde criança.
Tudo se exige ao vilão,
E o seu trigo fica à chuva e ao vento,
E já sem alento,
Amaldiçoam esta herança
De má sorte.
Depois vem a Nossa Senhora,
Em Setembro.
Se o vilão oito porcos tiver,
Os dois mais belos levará,
E o outro a seguir é do Senhor,
Que não ficará com o pior,
E ainda é preciso pagar,
PeIa sobra deles,
Um dinheiro.
Depois vem o S. Dinis,
Os vilãos aterrados estão,
É preciso o censo pagar.
Depois devem os campos cercar
E a respectiva renda,
Ao senhor, ainda pagar
Depois vem a corveia,
Quando a terra lavrada estiver.
a trigo ao celeiro devem ir buscar,
Semear e gradar,Um acre cada um.
Depois devem as oferendas.
Toucinho pelo Santo André,
Três semanas antes do Natal.
No Natal devem as galinhas,
Que têm que entregar, boas e finas.
Depois vem a braçagem.
Vá! levem os cavalos,
As vacas, os Veados,
Empenhem a casa,
Tragam-me bastante!
Depois vem o Domingo de Ramos,
Festa por Deus estabelecida,
E o direito dos carneiros para pagar!
Na Páscoa devem a corveia:
Podem ir à forja,
E os cavalos ferrar,
Pois a lenha têm que ir buscar.
Depois vão ao moinho banal,
E o moleiro a farinha mal medirá,
E o seu quinhão tirará.
Depois vão ao forno banal.
Este direito ainda á pior!
Quando a mulher do vilão aí vai,
E mesmo que pague bem a sua fornada,
Nunca o vilão
Comerá bom pão,
Pois ela será mal preparada
E o pão, cru ficará.
in Recueils de textes d'histoire,
Le Moyen Age, dir. de Louis Gothier e Albert Troux